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MÉDICOS NO BRASIL: NÚMEROS
E EVOLUÇÃO EM UM SÉCULO
1
Em novembro de 2020, o Brasil passou a contar com 500 mil médicos,
uma marca histórica. Com isso, o país passa a ter a razão de 2,38 médicos
por 1.000 habitantes. Trata-se do maior quantitativo e da maior densida-
de de médicos já registrados. Apenas na última década, de 2010 a 2019,
179.838 novos médicos entraram no mercado de trabalho no Brasil. O cres-
cimento inédito da força de trabalho médica foi impulsionado pela aber-
tura de novas escolas e pela expansão de vagas em cursos de Medicina já
existentes.
Também em novembro de 2020 o número de registros de médicos
junto aos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) chegava a 547.344. A
diferença entre o número de indivíduos e o número de registros refere-se
aos médicos que têm inscrições secundárias, ou seja, 47.344 médicos são
registrados em mais de um CRM, em mais de um estado da Federação.
Previsto em lei, o duplo registro geralmente refere-se a médicos que tra-
balham em cidades de diferentes estados ou que se deslocam temporari-
amente a outro estado.
No presente estudo são utilizados: 1) o número de médicos (indivídu-
os), sempre que há necessidade de destacar a dimensão nacional (médicos
por mil habitantes no Brasil, por exemplo) e as informações individuais
(sexo, idade etc.); 2) o número de registros de médicos, quando são ressal-
tados os dados subnacionais e a localização geográfica.
Embora o número total de médicos já tenha chegado a 500 mil, a
maior parte dos números, informações e tabelas deste estudo, refere-se a
dados extraídos em fevereiro de 2020, quando existiam 473.875 médicos
(indivíduos) e 523.528 registros nos CRMs.
Nos últimos 100 anos, o número de médicos no Brasil aumentou pro-
porcionalmente cinco vezes mais que o número de habitantes. Em 1920,
ponto de referência do estudo Demografia Médica no Brasil, existiam 14.031
médicos no país (Tabela 6). Um século depois, o número de médicos é 35,5
vezes maior. No mesmo período, a população do país aumentou 6,8 vezes,
passando de 30.635.605 para 210.147.125 habitantes, um aumento de 685,9%.
O aumento do número de médicos sofreu forte aceleração nos últi-
mos 50 anos. De 1970 a 2020, cresceu 11,7 vezes (1.170,4%), passando de
42.718 para 500 mil médicos. Já a população brasileira, no mesmo período,
foi de 94.508.583 para mais de 210 milhões, um aumento de 2,2 vezes (ou
222,3%). Apesar de a população em geral ter aumentado a partir da década
de 1950, o crescimento da população de médicos intensificou-se somente
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PopulaçãoMédicos
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150.000.000
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300.000
400.000
500.000
600.000
100.000
1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
35.935.960
41.236.315
51.944.397
70.992.343
94.508.583
121.150.573
169.590.693
146.917.459
190.755.799
210.147.125
500.000
182.033
239.110
320.477
15.899 20.745 22.730
25.841
42.718
113.495
14.031
30.635.605
Tabela 6
Evolução do número de médicos (indivíduos), de registros de médicos e da
população entre 1920 e 2020 – Brasil, 2020
Nota: nesta análise foram usados o número de médicos (indivíduos) e o número de registros de médicos
(inscrições nos CRMs). Os dados de “registros” estão disponíveis a partir de 1951, ano de criação dos Conselhos
de Medicina. Contudo, só foi possível analisar consistentemente essa informação a partir de 1980. Nas
publicações anteriores da Demografia Médica no Brasil, a contagem de registros de médicos foi utilizada
como uma aproximação da contagem de indivíduos. População: estimativas de população do IBGE.
Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2020.
Ano Médicos (indivíduos) Médicos (registros) População
1920 14.031 – 30.635.605
1930 15.899 – 35.935.960
1940 20.745 – 41.236.315
1950 22.730 – 51.944.397
1960 25.841 – 70.992.343
1970 42.718 – 94.508.583
1980 113.495 137.347 121.150.573
1990 182.033 219.084 146.917.459
2000 239.110 291.926 169.590.693
2010 320.477 364.757 190.755.799
2020 500.000 547.344 210.147.125
Figura 2
Evolução do número de médicos e da população entre 1920 e 2020 – Brasil, 2020
Nota: nesta análise foi usado o número de médicos (indivíduos). Nas publicações anteriores da Demografia Médica no Brasil, a contagem
de registros de médicos foi utilizada como uma aproximação da contagem de indivíduos. População: estimativas de população do IBGE.
Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2020.
depois da década de 1970. Nos últimos 50 anos, o número de médicos cres-
ceu quase quatro vezes mais que o da população. Apenas nos últimos 20
anos, de 2000 a 2020, foram acrescidos 260.890 médicos. A Figura 2 mostra
o crescimento da população e do número de médicos ao longo do tempo.
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1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Taxa de crescimento (população geral)Taxa de crescimento (médicos)
Razão médico/habitante (1.000 hab.)
10,6
9,6
7,7
7,2
6,2 5,9 5,1 4,8
0,94
1,10
1,24
1,33
1,41
1,54
1,68
2,00
30,2
23,3
15,7
13,6
16,3 15,2
25,1 24,7
Crescimento do número
de médicos e de habitantes
A Figura 3 compara a evolução de três indicadores, entre os anos
1980 e 2020, com intervalos de cinco anos: a taxa de crescimento de mé-
dicos; a taxa de crescimento da população brasileira; e a razão de médi-
cos por mil habitantes ao longo do tempo.
As linhas expressam a porcentagem de crescimento sobre o quinquê-
nio anterior. Por exemplo, em 2010, o crescimento do número de médicos
em relação ao quinquênio 2005-2010 foi de 15%. Já o aumento da popula-
ção neste mesmo período foi de 6%. Embora a curva referente aos médicos
seja sempre mais alta que a da população, ambas partem de um patamar
elevado e caem igualmente até 2010. A partir daí, a curva que representa o
número de médicos sobe abruptamente enquanto a da população cai.
O ritmo mais lento de crescimento da população está relacionado a alte-
rações significativas nos níveis e padrões dos eventos demográficos de fecun-
didade e mortalidade. Já o ritmo mais acelerado do aumento da população de
médicos ocorre em períodos subsequentes à intensa abertura de novas esco-
las médicas e autorização de mais vagas de graduação em Medicina.
Figura 3
Evolução da população, do número de médicos e da razão médico por mil habitantes entre 1980 e
2020 – Brasil, 2020
Nota: nesta análise foi usado o número de médicos (indivíduos). As taxas de crescimento foram calculadas em quinquênios. A taxa de
crescimento da população brasileira foi ajustada, considerando variações metodológicas das estimativas entre os censos. Nas publicações
anteriores da Demografia Médica no Brasil, a contagem de registros de médicos foi utilizada como uma aproximação da contagem de indivíduos.
O quantitativo para o ano de 2020 foi fechado em 20 de setembro, não considerando, portanto, os concluintes do final do ano de 2020.
Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2020.
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Em todos os quinquênios, a taxa de crescimento do número de médi-
cos é, no mínimo, duas vezes maior que a da população, com exceção do
período 2005-2010. Em 2015, por exemplo, em relação a 2010, a taxa de
crescimento de médicos foi de 25% e a da população, de 5%. Em 2020, a taxa
de crescimento dos médicos no quinquênio anterior foi de 24%, e a da po-
pulação de apenas 5%.
Essa diferença leva a um aumento constante na razão médico/habi-
tante. Em 1980, havia 0,94 médico para cada grupo de mil habitantes. Em
2015, já eram2 profissionais por mil habitantes; e em 2020, a razão atinge
2,37 médicos para cada mil habitantes.
Entrada e saída de médicos
O contingente de médicos em atividade reflete a diferença entre a
quantidade de médicos que entra no mercado de trabalho a cada ano e o
número de médicos que deixa a atuação profissional. Como na maioria das
profissões, também na Medicina há mais profissionais entrando (recém-
Tabela 7
Evolução das entradas e saídas de médicos entre 2000 e 2019 – Brasil, 2020
Notas: 1 – Entrada refere-se à inscrição primária nos CRMs, realizada por recém-graduados em Medicina.
Não há, portanto, sobreposição de novos registros, por exemplo, de um mesmo médico registrado em
mais de um CRM. Saída refere-se a óbito, aposentadoria, cassação ou cancelamento de registro. 2 –
Dados foram ajustados em relação a relatórios anteriores da pesquisa Demografia Médica no Brasil
(2011, 2013, 2015 e 2018) que consideravam a “entrada” e “saída” de novos registros, mesmo tratando-
se da transferência de médicos de um estado a outro. A correção de pequenas inconsistências em variáveis
analisadas pode explicar pequenas diferenças numéricas em relação à Demografia Médica 2018.
Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2020.
Ano Entrada Saída Saldo Acumulado
2000 8.166 1.188 6.978 239.110
2001 8.514 1.978 6.536 245.646
2002 8.536 1.270 7.266 252.912
2003 9.253 1.291 7.962 260.874
2004 9.299 1.306 7.993 268.867
2005 10.575 1.370 9.205 278.072
2006 10.525 1.331 9.194 287.266
2007 11.298 1.424 9.874 297.140
2008 12.205 1.515 10.690 298.209
2009 12.738 1.614 11.124 309.333
2010 12.705 1.561 11.144 320.477
2011 16.508 1.747 14.761 335.238
2012 16.425 1.652 14.773 350.011
2013 18.611 1.495 17.116 367.127
2014 18.801 1.501 17.300 384.427
2015 18.081 1.628 16.453 400.880
2016 18.753 1.609 17.144 418.024
2017 18.649 1.319 17.330 435.354
2018 19.365 1.513 17.852 453.206
2019 21.941 1.272 20.669 473.875
Total 280.948 29.584 251.364 –
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Figura 4
Evolução das entradas e saídas de médicos entre 2000 e 2019 – Brasil, 2020
0
2000
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 2019
SaídaEntrada
Notas: 1 – Entrada refere-se à inscrição primária nos CRMs, realizada por recém-graduados em Medicina. Não há, portanto, sobreposição
de novos registros, por exemplo, de um mesmo médico registrado em mais de um CRM. Saída refere-se a óbito, aposentadoria,
cassação ou cancelamento de registro. 2 – Dados foram ajustados em relação a relatórios anteriores da pesquisa Demografia Médica no
Brasil (2011, 2013, 2015 e 2018) que consideravam a “entrada” e “saída” de novos registros, mesmo tratando-se da transferência de
médicos de um estado a outro. A correção de pequenas inconsistências em variáveis analisadas pode explicar pequenas diferenças numéricas
em relação à Demografia Médica 2018. Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2020.
graduados) do que saindo (em função de aposentadoria, morte ou cancela-
mento de registro). O aumento do número de vagas e de escolas médicas –
sobretudo a partir da década de 1960 – representou um aumento expressi-
vo de profissionais na ativa. A diferença entre os que entram e os que saem
forma o que a literatura estrangeira chama de “saldo de força de trabalho”
ou “estoque profissional”, embora tais expressões possam soar inadequa-
das para designar recursos humanos. Trata-se do número de médicos ati-
vos e potencialmente aptos a atuar na profissão ou no sistema de saúde.
A Tabela 7 mostra entradas, saídas e o saldo anual entre 2000 e 2019.
Enquanto as saídas nesse período têm média de 1.479 por ano, as entra-
das têm média de 14.047. Em 2019, por exemplo, as entradas somaram
21.941 e as saídas, 1.272; uma diferença de 20.669 médicos. Nos 20 anos
avaliados, as entradas somam 280.948, e as saídas, 29.584, com saldo de
251.364. Isso significa que, dos 500 mil médicos em atividade em 2020,
mais da metade entrou no mercado de trabalho depois do ano 2000.
A Figura 4 ilustra a diferença entre entradas e saídas de médicos
entre os anos de 2000 e 2019. Enquanto a linha de saída (eixo horizontal)
permanece quase inalterada (cerca de 1.550 por ano), a de entrada cresce
progressivamente, partindo de 8.166 no ano 2000 e chegando a 21.941 em
2019. Seguindo essa tendência, a diferença entre o número de entradas e
o de saídas será sempre crescente.
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Projeção de novos médicos
É possível prever o crescimento das entradas de médicos no merca-
do de trabalho para os próximos anos (Figura 5). De 2001 a 2019, os núme-
ros equivalem aos registros efetivados nos Conselhos Regionais de Medi-
cina. De 2020 a 2024, os números correspondem às vagas potencialmente
ofertadas nos cursos de graduação das escolas médicas. Considera-se que
cada vaga aberta em determinado ano corresponderá, provavelmente, a
um novo registro médico seis anos depois, tempo de duração do curso.
Sabe-se que é insignificante o percentual de evasão ou retenção nos cur-
sos de Medicina. Assim, estima-se que em 2024 estarão formados 31.849
novos médicos, o que corresponde ao número de vagas de graduação ofe-
recidas no país em 2017. Esse contingente previsto é mais que o dobro do
número de médicos que se registraram nos CRMs em 2012.
Cabe uma ressalva. Trata-se, aqui, de um exercício exploratório e
conservador, pois é baseado nos dados de novos cursos e vagas já autori-
zadas e ativas no momento usado pelo presente levantamento (final do
ano de 2019). A projeção deve, portanto, ser atualizada à medida que fo-
rem autorizados novos cursos de Medicina ou ativadas novas vagas.
Figura 5
Evolução do número de novos médicos, entre 2001 e 2019, segundo registros em CRMs; e projeção
até 2024 segundo vagas de graduação ofertadas – Brasil, 2020
Nota: nesta análise foi usado o número de novos registros de médicos e número de vagas de Medicina ofertadas (para cálculo futuro de médicos).
Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2020.
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5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
2001 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 2024
8.514 9.253
10.575 11.298
12.738
16.508
18.611 18.081 18.649
21.941
26.467
29.822
8.536
9.299
10.525
12.205
12.705
16.425
18.801 18.753 19.365
24.587
26.959
31.849
Novas vagasNovos registros

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