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Hipoglicemia neonatal É o distúrbio metabólico mais comum na neonatologia. A preocupação é com as sequelas neurológicas, pois o cérebro é muito sensível as alterações de glicemia (o cérebro tem grande necessidade e não estoca ou armazena glicemia, por isso a importância da manutenção de seus valores dentro da normalidade). Hormônios: ● Existem os que quebram glicogênio (glucagon) ● Existem os neo glicogênicos Valores de referência: diferentes para cada idade. São controversos na neonatologia (difícil identificar um único valor de glicose plasmática abaixo do qual surgem os sintomas). Isso é importante porque o diagnóstico de hipoglicemia abre um leque de tratamentos. Manifestações clínicas: Na maioria dos casos são assintomáticos. Quando há sinais: ● As manifestações são tão inespecíficas que podem ser as mesmas que aparecem em outras situações clínicas (sepse, anemia, acidose, cardiopatias, distúrbios hidroeletrolíticos), por isso são inespecíficas. ● Graves: Letargia, insuficiência respiratória, apneia, convulsões, instabilidade hemodinâmica, parada cardíaca ● Leves: Choro anormal, agitação, tremores, irritabilidade, palidez, cianose, hipotermia, diaforese Como aferir a glicemia: A glicemia capilar na criança é feita no calcanhar (porque o dedo é muito pequeno), sendo essa 10 a 15% mais baixa que a plasmática, então, toda vez que há possibilidade de hipoglicemia, orienta-se fazer avaliação de glicemia plasmática (é o certo, porém não é feito na prática). Podem haver alterações: ● Atraso entre a coleta do sangue e processamento no laboratório: pode resultar em concentração baixa ● Falsa hipoglicemia: glicemia capilar feita de extremidades frias, cianóticas ou excesso de álcool na limpeza do local Quando fazer a triagem para hipoglicemia: Apenas nas crianças que tenham manifestações clínicas ou que estejam sob risco conhecido de apresentar hipoglicemia. OBS: Os fetos recebem glicose continuamente pela placenta (difusão facilitada), então todo tempo recebe glicose da mãe. Durante o trabalho de parto a glicemia do bebe aumenta (liberação de hormônios do estresse). Durante as primeiras 48 horas de vida, RNs saudáveis podem ter glicemia baixa pela adaptação à vida extra-uterina. Fisiopatologia: abaixo estão as principais. Devemos lembrar que as hipoglicemias neonatais podem ser transitórias (< 3 dias) e persistentes (> 3 dias). ● Hiperinsulinismo congênito → causa hereditária predominante no período neonatal. É grave pois as crianças podem convulsionar muito em função da hipoglicemia. A hipoglicemia pode começar no período neonatal ou mais para frente. ○ OBS: Necessidade de altas taxas de infusão de glicose devem levantar nossas suspeitas por hiperinsulinismo congênito. ● Erros inatos do metabolismo → principais causas depois do 1º mês de vida ● Deficiências hormonais → Deficiência de GH (contrarregulador da insulina); deficiência de ACTH, entre outros. ● Existem situações (RN PIG, cardiopatas, RN de mãe diabética...) em que a hipoglicemia, apesar de durar mais de 3 dias (portanto persisnte pela classificação) é transitória, pois dura algumas semanas e após estabilização da criança ela não voltará a fazer hipoglicemia. Abordagem diagnóstica: Anamnese ● História gestacional detalhada (p. ex., DG, medicamentos). ● Sofrimento fetal. ● Idade gestacional. ● Gemelaridade, gêmeo discordante (10% menor). ● P, C, PC ao nascimento. ● Tipo de parto e condição do parto (tocotrauma). ● Idade de início dos sintomas. ● Sintomatologia. ● Hipoglicemia aleatória (jejum ou após a alimentação?). ● Determinar tipo de leite e volume da ingestão diária ● Se paciente em venóclise, calcular a TIG (taxa de infusão de glicose). ● Histórico de doenças que aumentam as necessidades de glicose (p. ex. choque, sepse, cardiopatia). ● Icterícia prolongada, doenças hepáticas. ● Consanguinidade entre os pais ou história familiar de hipoglicemia. ● Evolução (histórico) das glicemias. ● Registros de outras alterações laboratoriais (p. ex. hipoNa e hiperK na insuficiência adrenal primária). ● Procedimentos diagnósticos anteriores (quando e quais resultados). ● Tratamentos anteriores (tipo e duração). Exame físico ● Peso ● Comprimento ● PC ● Sinais vitais ● Sinais clínicos de hipoglicemia ● Alguns achados específicos no exame físico: ○ Disfunção endócrina ○ Doença metabólica hereditária ○ Características dismórficas Impacto a longo prazo: É uma fator de risco facilmente tratável na neonatologia, evitando comprometimento neurológico em crianças (até 50% das crianças com distúrbios de hipoglicemia congênita persistente sofrem de deficiência de desenvolvimento neurológico a longo prazo). As associações entre hipoglicemia neonatal sintomática prolongada e lesão cerebral estão bem estabelecidas (porém, o efeito da hipoglicemia mais branda no desenvolvimento neurológico é incerto).