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Indaial – 2022 AmbientAl Prof.ª Luciana Valgas de Souza 1a Edição Análises Físico- químicAs em sAneAmento Elaboração: Prof. Luciana Valgas de Souza Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: S729a Souza, Luciana Valgas de Análises físico-químicas em saneamento ambiental. / Luciana Valgas de Souza – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 230 p.; il. ISBN 978-85-515-0504-5 ISBN Digital 978-85-515-0500-7 1. Saneamento básico. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 333.72 Olá, acadêmico. Seja bem-vindo ao Livro Didático da disciplina de Análises Físico-Químicas em Saneamento Ambiental. Até o presente momento já é de seu conhecimento que o saneamento básico é composto pelo abastecimento de água potável, esgoto sanitário, e ainda inclui limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, além da drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, sendo essencial para promover a melhora da saúde pública. Entretanto, o conceito de saneamento ambiental é mais abrangente, pois envolve as ações que visam a melhoria do saneamento básico. Atualmente, existem legislações que garantem os padrões de qualidade para as quatro esferas que compõem o saneamento básico. Nesse sentido, a fim de verificar os padrões estabelecidos pela legislação, as análises físico-químicas são de grande importância. São empregadas para estudar os constituintes de determinadas substâncias e estabelecer parâmetros de identificação, associando conhecimentos das propriedades físicas e químicas dos átomos e moléculas e suas interações, permitindo, assim, responder às perguntas, como: quais níveis são prejudiciais ao ecossistema e à saúde humana. Acadêmico, na Unidade 1, abordaremos o contexto histórico do saneamento ao longo da história e a evolução da legislação. Em seguida, falaremos sobre a importância das análises físico-químicas, conhecendo as técnicas de amostragem para as esferas que constituem o saneamento básico (água, ar e solo), finalizando com abordagens da química atmosférica e seus poluentes. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as análises físico-químicas realizadas em águas de consumo, abordando inicialmente os padrões de qualidade estabelecidos pela legislação para as águas de consumo, águas subterrâneas e efluentes. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre as análises físico-químicas em solos, abordando os resíduos sólidos com sua classificação perante a legislação. Em seguida, abordaremos as análises físicas e químicas realizadas em solos. Prof. Luciana Valgas de Souza APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Você lembra dos UNIs? Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. 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Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. 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SUMÁRIO UNIDADE 1 - SANEAMENTO AMBIENTAL ............................................................................. 1 TÓPICO 1 - CONCEITOS INTRODUTÓRIOS............................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DO SANEAMENTO BÁSICO .............................................4 3 SANEAMENTO BÁSICO E SUA LEGISLAÇÃO ...................................................................10 3.1 LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................................... 11 4 SANEAMENTO AMBIENTAL .............................................................................................. 16 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 19 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 20 TÓPICO 2 - INTRODUÇÃO À ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS .............................................. 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 23 2 CONCEITO DE ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA...................................................................... 23 2.1 CONCEITOS BÁSICOS DE MEDIÇÃO ................................................................................................24 3 AMOSTRAGEM E COLETA .................................................................................................27 4 AMOSTRAGEM DE ÁGUAS ............................................................................................... 28 4.1 DEFINIÇÃO DO PROGRAMADE AMOSTRAGEM............................................................................30 4.1.1 Utilização do Corpo d’Água ......................................................................................................30 4.1.2. Natureza do corpo de água ....................................................................................................31 4.1.3 Área de estudo ............................................................................................................................31 4.1.4 Informações sobre a área de influência. .............................................................................32 4.1.5 Local e pontos de coleta .........................................................................................................33 4.2 COLETA DE AMOSTRAS.....................................................................................................................36 4.2.1 Coletores para análise de água ............................................................................................. 37 5 AMOSTRAGEM DE SOLOS................................................................................................ 42 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 45 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 46 TÓPICO 3 - POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA .............................................................................. 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 49 2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A PREOCUPAÇÃO COM A QUALIDADE DO AR 3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................................... 55 3.1 TRANSPORTE E DIFUSÃO DA POLUIÇÃO ...................................................................................... 57 3.2 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL A EMISSÕES ATMOSFÉRICAS...........................................................58 4 PRINCIPAIS POLUENTES ................................................................................................ 60 4.1 MONÓXIDO DE CARBONO (CO) .........................................................................................................60 4.2 ÓXIDOS DE NITROGÊNIO (NOx) .......................................................................................................60 4.3 OZÔNIO (O3) ..........................................................................................................................................60 4.4 DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2)..............................................................................................................61 4.5 MATERIAL PARTICULADO (MP) ........................................................................................................61 5 AMOSTRAGEM DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS .......................................................... 63 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................67 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 69 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................70 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................72 UNIDADE 2 — ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE ÁGUAS ...................................................79 TÓPICO 1 — LEGISLAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS ...............................................81 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................81 2 BREVE REVISÃO DA LEGISLAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS .....................................81 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS ...........................................................................................................85 3 IMPUREZAS ENCONTRADAS NA ÁGUA .......................................................................... 89 3.1 SÓLIDOS PRESENTES NA ÁGUA ......................................................................................................89 3.2 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ÁGUA ......................................................................................90 4 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA ........................................................................ 91 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 92 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 93 TÓPICO 2 - ÁGUAS DE CONSUMO .......................................................................................95 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................95 2 PADRÕES DE QUALIDADE PARA ÁGUAS DE CONSUMO.................................................95 3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS PARA ÁGUA DE CONSUMO ...........................................100 3.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS: PARÂMETROS ORGÂNICOS E INORGÂNICOS .................................................................................................................................106 3.1.1 Potencial Hidrogeniônico (pH) ..............................................................................................106 3.1.2 Turbidez ...................................................................................................................................... 107 3.1.3 Cor aparente .............................................................................................................................108 3.1.4 Demanda Química de Oxigênio (DQO).................................................................................110 3.1.5 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) ...........................................................................110 3.1.6 Oxigênio Dissolvido (OD) ..........................................................................................................111 3.1.7 Fósforo Total ...............................................................................................................................112 3.1.8 Nitrogênio Amoniacal Total ....................................................................................................113 3.1.9 Alcalinidade Total ......................................................................................................................115 3.1.10 Dureza Total ..............................................................................................................................116 3.1.11 Condutividade Elétrica (CE) ..................................................................................................116 3.1.12 Cloretos .....................................................................................................................................116 3.1.13 Ferro e manganês ................................................................................................................... 117 3.1.14 Micropoluentes inorgânicos ................................................................................................. 117 3.1.15 Micropoluentes orgânicos ....................................................................................................118 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 119 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................120 TÓPICO 3 - EFLUENTES E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS .......................................................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................1232 EFLUENTES INDUSTRIAIS E DOMÉSTICOS ..................................................................124 2.1 DEFINIÇÕES DE EFLUENTES PELA LEGISLAÇÃO ..................................................................... 126 3 PADRÃO DE POTABILIDADE DE EFLUENTES ................................................................128 4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ........................................................................................ 131 4.1 TEMPERATURA ................................................................................................................................... 132 4.2 pH. ........................................................................................................................................................ 132 4.3 DEMANDA BIOLÓGICA DE OXIGÊNIO (DBO) ............................................................................... 132 4.4 MATERIAIS SEDIMENTÁVEIS .......................................................................................................... 133 4.5 ÓLEOS E GRAXAS ............................................................................................................................. 134 5 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ................................................................................................135 6 PADRÕES DE QUALIDADE PARA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ......................................... 137 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................142 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................150 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 151 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................153 UNIDADE 3 — ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA EM SOLOS/RESÍDUOS ..................................159 TÓPICO 1 — RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................................................... 161 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 161 2 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .......................................... 161 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS E SUA CLASSIFICAÇÃO ............................................................................. 165 3 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................... 167 3.1 COMPOSTAGEM .................................................................................................................................168 3.2 LIXÕES A CÉU ABERTO OU VAZADOUROS ................................................................................. 169 3.3 ATERROS CONTROLADOS .............................................................................................................. 169 3.4 ATERRO SANITÁRIO.......................................................................................................................... 170 3.5 INCINERAÇÃO ..................................................................................................................................... 171 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 174 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 176 TÓPICO 2 - ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS EM RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ............. 179 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 179 2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS PELA ABNT .............................................................. 179 2.1 LAUDO DE CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................180 2.2 RESÍDUOS DE CLASSE I – PERIGOSOS .......................................................................................180 2.2.1 Inflamabilidade .........................................................................................................................180 2.2.2 Corrosividade ............................................................................................................................181 2.2.3 Reatividade ...............................................................................................................................181 2.2.4 Toxicidade ..................................................................................................................................181 2.3 RESÍDUOS CLASSE II – NÃO PERIGOSOS ...................................................................................184 2.3.1 Resíduos de Classe II A – Não inertes ................................................................................184 2.3.2 Resíduos de Classe II B – Inertes .......................................................................................184 3 AMOSTRAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .....................................................................184 4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .............................................186 5 ANÁLISE FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS .................................................187 5.1 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA ....................................................................................................... 187 5.2 DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS .....................................................................188 5.3 TEOR DE UMIDADE ...........................................................................................................................189 5.4 TEMPERATURA ..................................................................................................................................190 5.5 PESO ESPECÍFICO IN SITU .............................................................................................................190 5.6 PERMEABILIDADE DOSS RESÍDUO SÓLIDOS URBANOS .........................................................191 6 ANÁLISES QUÍMICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ........................................ 191 6.1 PH DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS .........................................................................................191 6.2 TEOR DE CARBONO, SÓLIDOS VOLÁTEIS E SÓLIDOS FIXOS ................................................. 192 6.3 PODER CALORÍFICO ......................................................................................................................... 192 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................193 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................194 TÓPICO 3 - ANÁLISE DO SOLO CONTAMINADO POR RESÍDUOS SÓLIDOS .................... 197 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 197 2 BREVE REVISÃO DO SOLO E SUAS CARACTERÍSTICAS .............................................. 197 3 ASPECTOS DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO ....................................................................201 3.1 CHORUME E SEUS CONSTITUINTES............................................................................................ 202 3.2 LEGISLAÇÃO DO SOLO E CONTAMINANTES ............................................................................. 203 3.2.1 Parâmetros e amostragem para analisar o solo contaminado ................................... 205 4 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO ............................................................................ 206 4.1 CARBONO ORGÂNICO ...................................................................................................................... 206 4.2 PH EM ÁGUA ......................................................................................................................................2074.3 CAPACIDADE DE TROCA IÔNICA (CTC) ......................................................................................207 4.4 TEOR DE ARGILA, SILTE E AREIA .................................................................................................208 4.5 DETERMINAÇÃO DE ÓXIDO DE FERRO ...................................................................................... 209 4.6 DETERMINAÇÃO DE ÓXIDO DE ALUMÍNIO E MANGANÊS ...................................................... 209 4.7 SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS ........................................................................................................210 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................213 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 220 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 223 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 225 1 UNIDADE 1 - SANEAMENTO AMBIENTAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o contexto histórico do saneamento básico no Brasil; • diferenciar os conceitos entre saneamento básico e saneamento ambiental; • interpretar a legislação do saneamento básico; • relacionar as ações que envolvem o saneamento ambiental; • conhecer as técnicas de amostragem para análises físico-químicas de águas e solos; • compreender os conceitos de poluição ambiental e a legislação vigente; • relacionar os poluentes atmosféricos a partir de sua origem; • compreender os processos de amostragem de gases. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS INTRODUTÓRIOS TÓPICO 2 – INTRODUÇÃO À ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS TÓPICO 3 – POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 1 INTRODUÇÃO Nos dias atuais, a higiene básica se tornou tão comum que muitas pessoas não têm o mínimo conhecimento sobre a sua importância para a qualidade de vida da comunidade. Ao falar em saneamento básico, o que vem a sua mente? A primeira definição que muitas pessoas pensam é "água potável e esgoto". Isso não deixa de estar errado. No entanto, o saneamento básico engloba a limpeza urbana, a gestão de resíduos sólidos, a drenagem e gestão de águas pluviais urbanas, além dos serviços destinados ao tratamento de água e esgoto (DIAZ; NUNES, 2020). Ao longo da história, pode-se afirmar que o desenvolvimento do saneamento básico ocorreu de maneira lenta e gradual. No século XIX, o conhecimento científico sobre a saúde das comunidades humanas se reflete na pesquisa em saúde, disciplina que se formou sob a influência do intenso processo de transformação que a sociedade europeia vivenciou com o advento da industrialização e da urbanização. No entanto, o desenvolvimento social, a urbanização e o adensamento populacional têm trazido fatores como o aumento da geração de resíduos líquidos e sólidos e a impermeabilidade do solo, o que impõe novas ameaças à saúde humana. Estas novas formas representativas prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente são assimiladas em componentes dos serviços de promoção da saúde, nomeadamente limpeza pública, descarga de águas pluviais e controlo de vetores de doenças, o que pode ser atribuído à interpretação de um conjunto de benefícios relacionados com estes domínios (FINKELMAN, 2002). Falar em saneamento básico é falar em desenvolvido econômico. Nos dias de hoje, para dizer que um país é desenvolvido precisamos falar sobre saneamento ambiental, passando a ser um fator político. O problema básico de saúde do país é uma questão importante que afeta o desenvolvimento do Brasil em áreas como a saúde, a economia, a educação e a infraestrutura. Nas áreas rurais, a situação é mais grave e são necessárias medidas sanitárias eficazes. Para tanto, a Lei Básica de Saúde nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, conforme alterada pela Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020, estabelece as Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico para a prestação de serviços nas áreas urbana e rural. Além da gestão de resíduos sólidos, também fornece a essas pessoas abastecimento de água, saneamento doméstico melhorado e esgoto doméstico. Vale ressaltar que, antes de atingir as metas previsíveis, as instalações de saneamento básico nas áreas rurais vêm e estão aplicando soluções alternativas (SARAMENTO, 2021). TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 Acadêmico, ainda no Tópico 1, abordaremos alguns conceitos básicos da área do saneamento ambiental, um breve contexto histórico do saneamento básico e um panorama geral dele, incluindo a legislação e aspectos do Saneamento Ambiental. 2 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DO SANEAMENTO BÁSICO Na antiguidade, povos devolveram tecnologias complexas para capturar, transportar, armazenar e usar água. A civilização egípcia desenvolveu métodos para armazenar a água, pois sofriam pela influência do Rio Nilo. Eles armazenavam a água por longos períodos, com intuito de limpá-la e, assim, a sujeira se depositava ao fundo. Embora não se acreditasse que muitas doenças fossem disseminadas por microrganismos patogênicos, o processo de filtração e armazenamento removeu a maioria desses patógenos. Portanto, as pessoas que bebem "água suja" ou não tratada têm maior probabilidade de adoecer. De acordo com Cavinatto (1992), as investigações arqueológicas descobriram esse processo de purificação da água por meio de inscrições e entalhes em lápides. De acordo com o processo capilar utilizado por egípcios, japoneses e chineses, a água é transferida de um recipiente para outro por meio de uma tira de tecido para remover as impurezas (CAVINATTO, 1992). FIGURA 1 – EGÍPCIOS APRIMORANDO A TÉCNICA DA IRRIGAÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3uxve6Z>. Acesso em: 3 jan. 2022 No Brasil, as tribos indígenas são consideradas os primeiros habitantes do País; assim, há registros que os índios faziam uso de água pura e a usavam para banhar-se, pois esse era um dos hábitos saudáveis que eles possuíam. Outro aspecto salutar é que os indígenas escolhiam os lugares para depositar suas necessidades fisiológicas, e tinham hábito de recolher e separar o lixo, mesmo sem conhecimento algum. A preocupação que tinham era apenas de sobrevivência, buscando suprir suas necessidades básicas no vasto território brasileiro (RESENDE; HELLER, 2002). 5 No período da colonização portuguesa, no século XVI, juntamente com os colonizadores, chegaram também os escravos negros, e com eles doenças se espalharam entre os nossos nativos, pois eles não tinham defesa em seu organismo (DIAZ; NUNES, 2020). De acordo com Miranzi et al. (2010, p. 2), “a imagem do Brasil na Europa se tornou diferente dos tempos de Pedro Álvares Cabral, e os europeus passaram a temer os ares e o clima da Colônia”. Doenças epidêmicas como tuberculose, varíola e sarampo levaram à morte diversas pessoas e, além de doenças, os colonizadores trouxeram alguns hábitos sanitários, como a limpeza das ruas, e implantaram chafarizes para realizar a distribuição de água à população (RIBEIRO; ROOKE, 2010). Miranzi et al. (2010, p. 2) ainda destacam sobre a dificuldade da vinda de médicos ao Brasil: A guerra, o isolamento e a doença colocavam em perigo o projeto de colonização e exploração econômica das terras brasileiras. Eram raros os médicos que aceitavam transferir-se para o Brasil, desestimulados pelos baixos salários e amedrontados com os perigos que enfrentariam. Dados mostram que em 1561 o fundadorEstácio de Sá foi o responsável por mandar criar o primeiro poço para abastecer a cidade do Rio de Janeiro. E, no ano de 1744, há registros do primeiro chafariz construído (BARROS, 2014). Dessa forma, o abastecimento de água era feito principalmente por meio de chafarizes próprios e mananciais, cabendo à aldeia a coleta e distribuição de água durante o qual o processo de coleta de lixo é realizado pela família. No período de governo de Gomes Freire de Andrade, em 1750, foram construídos os famosos “Arcos da Lapa” existente no Rio de Janeiro. Em 1750, durante o governo de Gomes Freire de Andrade, ficaram prontos os Arcos de pedra e cal que hoje chamamos de Arcos da Lapa. Com o crescimento da cidade ao longo do século XIX, outros rios são canalizados e, aos poucos, o sistema do Carioca passa a não ter mais importância. No final do século, o velho aqueduto, obsoleto, deixa de funcionar e é transformado em 1896 em viaduto para o bonde de Santa Teresa (HERMAN, 2012, p.111). Segundo Ribeiro e Rooke (2010), o crescimento industrial fez com que os camponeses migrassem para os centros urbanos, tornando as cidades mais populosas. Os hábitos higiênicos eram precários, o que causou um aumento de problemas ligados à saúde pública e ao meio ambiente. As ruas das cidades do século XVIII, época do iluminismo e da Revolução Industrial (1750-1850), eram sujas e cobertas de águas de esgoto e dejetos, tornando assim um ambiente insalubre e fétido. A população tinha o mau hábito de jogar através da janela de suas residências o lixo que gerava, não havendo a menor preocupação com higiene; os animais eram abatidos em locais impróprios e sem qualquer cuidado. 6 Miranzi et al. (2010) atribuíram à sujeira a causa das doenças e foco de infecção da população. Doenças como Cólera e Febre Tifoide eram transmitidas pela água contaminada, causando a morte de milhares de pessoas, assim como a Peste Negra, doença que é transmitida pela pulga de ratos que se acumulavam junto com a sujeira das ruas (CAVINATTO, 1992). No Brasil do século XIX, as pessoas com maior poder aquisitivo tinham casas mais sofisticadas e, ainda assim, não possuíam sanitários. Os colonos faziam uso da mão de obra dos escravos em larga escala, e muitos deles eram usados para carregar fezes e urina em potes e barricas até os rios, sendo ali despejados e lavados. Esses escravos eram chamados de “Tigres”, conforme a figura a seguir. Não é de se espantar que a saúde pública estava piorando e doenças epidêmicas como a cólera e a Tifo retornaram. Com a abolição da escravatura os colonos precisavam encontrar outras maneiras para solucionar o saneamento no país (RIBEIRO; ROOKE, 2010). FIGURA 2 – ESCRAVOS CHAMADOS DE TIGRE, CARREGANDO URINA E FEZES ATÉ O DESPEJO NO RIO FONTE: Adaptada pelo autor O principal modelo da saúde pública na segunda metade do século XVIII era uma política voltada para os problemas de saúde. A aplicação deste modelo nas questões de saúde é amplamente utilizada pelos Estados alemães, que destacavam que a principal fonte de infecção era causada pela sujeira. Dessa forma, ambientes limpos eram considerados seguros e a melhor forma para prevenir doenças. As fracas medidas de higiene levaram o povo a combater as doenças por conta própria, evitando, assim, a internação de seus familiares em hospitais públicos. Em casos mais sérios, pacientes ricos procuravam aconselhamento médico na Europa ou em clínicas privadas (MIRANZI et al., 2010). 7 Na Inglaterra, já nos anos finais do século XVIII, aumentava entre os trabalhadores das fábricas o número de doentes, e epidemias emergiam devido às consequências da Revolução Industrial, causando, assim um agravo ao bem-estar dos trabalhadores (MIRANZI et al., 2010). Por um lado, as indústrias estavam em desenvolvimento, por outro, no quesito saúde, a qualidade de vida da população estava caótica. No que se refere à higiene e a saúde pública, Miranzi et al. (2010, p. 3) destacam: A concepção de higiene que surge na França no final do século XVIII norteia a medicina socioambiental e focaliza a doença enquanto patologia social. Com o advento da urbanização e industrialização, surge um cenário social baseado na ideia Maquiana, na qual o meio ambiente influenciava os seres vivos. A concepção vigente era influenciada pelo meio ambiente da Europa e o surgimento de uma nova classe social: o proletariado. Tanto o ambiente social “moradia – saneamento”, como o cultural e o natural “clima, solo, atmosfera” interessavam ao higienista que era capaz de recolher e cruzar as variáveis ambientais tentando esclarecer as causas das doenças coletivas. Em meados do século XIX, o Estado passou a intervir na saúde, mas o objetivo era reter mão de obra responsável pelo desenvolvimento e o crescimento do país (MIRANZI, 2010). A prática médica enfrentará um conflito entre o conceito tradicional de atribuir epidemias ao ar corrupto e as teorias médicas modernas - essas teorias são baseadas nos conceitos de bacteriologia e fisiologia desenvolvidos na Europa, sendo Louis Pasteur e Claude Bernard os principais comunicadores. No final da década de 1860 e início da de 1870, Pasteur propôs o conceito de que as doenças são infecciosas e causadas por bactérias. Dessa forma, tornou-se possível elucidar e compreender como ocorre a transmissão de doenças. Além da revolução de Pasteur, também se iniciou o campo da medicina tropical, que estudou a patogênese das doenças tropicais e introduziu o conceito de vetores. No Brasil, uma área do conhecimento passou a ter como foco a pesquisa e prevenção de doenças, além do desenvolvimento de ações em surtos epidêmicos (MIRAZI, 2010; CAVINATTO, 1992). De acordo com Cavinatto (1992 apud RIBEIRO; ROOKE, 2010), foi o Reino Unido e outros países europeus que iniciaram as principais reformas sanitárias, exigindo que a população removesse fezes e entulhos acumulados nos prédios. Foram utilizados sistemas de descargas líquidas semelhantes às utilizadas hoje, tinham o objetivo de realizar o transporte dos entulhos para os encanamentos de águas pluviais. No entanto, a poluição que era para ser contida tomou outras proporções, pois a grande quantidade de esgoto descartado foi aliada aos resíduos de efluentes industriais, ambos descartados nos rios, espalhando-se, assim, odores fétidos e doenças por toda a cidade. 8 Segundo Cavinatto (1992 apud RIBEIRO; ROOKE, 2010), o famoso higienista Osvaldo Cruz, diretor-geral de Saúde Pública do Governo Federal, no início do século XX, lutou fortemente para erradicar a epidemia da cidade do Rio de Janeiro. Com intuito de evitar a proliferação de roedores e insetos, causadores de doenças, utilizou toda equipe disponível para promover a limpeza das casas, ruas, terrenos etc. De acordo com Ribeiro e Rooke (2010), o Patrono da Engenharia Sanitária e Ambiental, Engenheiro Saturnino de Brito, tem um grande papel na história do nosso país, por ser o responsável por implantar obras de distribuição de águas e coleta de esgoto. Em destaque, os canais de drenagem da cidade de Santos, inaugurados em 1907, que tinham o objetivo de afastar os roedores e insetos das regiões alagadas, os quais funcionam até os dias de hoje e, principalmente, a função de drenar o solo encharcado. FIGURA 3 – A FILA DE POPULARES PARA EMBARCAR EM BARCO DE PASSEIO NO CANAL 1, EM 1907 FONTE: <https://bit.ly/3xrMVqN>. Acesso em: 4 jan. 2022 As condições de saneamento foram fortalecidas e os empreendimentos de saúde pública se desenvolveram cientificamente. A gestão da saúde pública na cidade durante o Renascimento era semelhante à gestão das cidades medievais. Moradores eram responsáveis por limpar ruas e aqueles que poluíam as águas para abastecimento eram punidos (LAMB; SCAPIN, 2015). Durante a Revolução Industrial, o trabalho remunerado tornou-se um elemento básico de uma geração de riqueza nacional e aumentou a procura de mecanismos para tentar reduzir os problemas relacionados à saúde dos trabalhadores.De acordo com Lamb e Scapin (2015, p. 6), “a evolução tecnológica e a industrialização nos países capitalistas possibilitaram a execução em larga escala de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário”. Para compreender melhor os fatos que ocorreram no século XX, até os dias de hoje, é apresentada uma linha do tempo (FIGURA 4) com as ações mais relevantes voltadas ao saneamento básico. 9 QUADRO 1 – LINHA DO TEMPO DOS FATOS RELEVANTES DAS AÇÕES VOLTADAS AO SANEAMENTO FONTE: Saramento (2021) Acadêmico, agora que já compreendemos a história do saneamento desde os primórdios, vamos conhecer sua legislação que faz referência ao saneamento 10 3 SANEAMENTO BÁSICO E SUA LEGISLAÇÃO No capítulo anterior, acompanhamos os principais fatos históricos voltados para a área do saneamento. Vimos que o saneamento se consolidou no século XIX, sendo compreendido como o fator causador de doenças na população. Assim como a comprovação de que lixos acumulados nas ruas, esgotos despejados em águas de abastecimento e o lixo a céu aberto eram os vilões e responsáveis pelas doenças que surgiram e tornaram-se epidemias nesta época. Quando se analisa a Constituição da República, notamos que a saúde é citada no Capítulo II, que trata dos Direitos Sociais em seu Art. 6º, preconizando: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL, 1988). Assim, a Constituição dispõe na Seção II que se refere à Saúde em seu Art. 196: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988). O texto constitucional que garante o direito à saúde afirma que o direito à saúde deve ser assegurado por meio de políticas sociais e econômicas que visem reduzir o risco de doenças e agravamento por carências sociais. Por outro lado, a Constituição estipula que o acesso à saúde deve ser universal, ou seja, todas as pessoas são iguais, sejam ações e serviços voltados para a promoção, proteção ou restauração. Conclui-se, portanto, que a saúde não se opõe à doença, tampouco se relaciona apenas à medicação e à hospitalização. Qualquer ação que vise prevenir os desequilíbrios socioambientais dos indivíduos e promover sua inserção no meio social em que vive, o gozo da liberdade pessoal e a utilização dos recursos disponíveis, é também uma preocupação com a saúde. Segundo a Organização das Nações Unidas, a saúde é o estado perfeito de bem-estar físico, mental e social de uma pessoa. O termo “saneamento básico” é estipulado em três parágrafos na Constituição. O primeiro encontra-se no Art. 21, XX, que designa à União “estabelecer diretrizes para o desenvolvimento urbano, incluindo habitação, saneamento básico e transporte urbano” (BRASIL, 1988). A segunda referência está em 23, IX. Este prevê competência comum da União, do Estado, do Distrito Federal e do Município para promover “planos de construção de moradias e melhoria das condições de habitação e saneamento básico” (BRASIL, 1988). Finalmente, o Art. 200, IV, estipula que, de acordo com a lei, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem a responsabilidade de “participar da formulação das políticas e da implementação das ações básicas de saúde” (BRASIL, 1988). 11 Conforme o supracitado, podemos perceber que a definição de saneamento básico não foi incluída na Constituição do Brasil e, dessa forma, é necessário ampliar a compreensão sobre o significado de saneamento. Portanto, podemos dizer que o saneamento básico é resultante de uma série de serviços que promovem a saúde pública, a sustentabilidade ambiental, a proteção dos recursos hídricos, a qualidade de vida e o desenvolvimento social e econômico sustentável. O saneamento está consubstanciado na infraestrutura que leva ao domicílio, por meio da rede pública de abastecimento, processando água em quantidade e qualidade suficientes para o consumo humano, captando e processando o esgoto gerado após o uso da água pela família. O saneamento básico é também a coleta e destinação adequada e segura dos resíduos sólidos (lixo) gerados na família e no meio ambiente área urbana. A drenagem planejada e gestão das águas pluviais é para prevenir e minimizar o impacto dos eventos hidrológicos (escoamento e inundações) no ambiente urbano. Nesse momento, conseguimos chegar no ponto em que definimos o saneamento, de acordo com o Instituto Trata Brasil (2012, p. 9): Saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. IMPORTANTE O Brasil teve mais de 273 internações por doenças de veiculação hídrica em 2019 (Painel Saneamento Brasil, 2019). Quase 100 milhões de brasileiros (46%) não tem acesso à coleta de esgoto (SNIS, 2019). FONTE: https://bit.ly/368TwuU Acesso em: 4 jan. 2022. Acadêmico, em seguida discutiremos em específico o marco regulatório do Saneamento Básico no Brasil. 3.1 LEGISLAÇÃO Em relação ao marco legal, embora haja dispositivos na Constituição em 1988, a União só promulgou uma lei contendo diretrizes para instalações de saneamento básico em 2007 (Lei nº 11.445/2007). O país viveu em um vácuo jurídico há quase duas décadas, o que impactou negativamente a prestação de serviços e investimento. Segundo Brasil (2007), o saneamento básico: 12 É o conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Percebe-se que o saneamento básico engloba ações ligadas à aspectos da saúde e sustentabilidade. Portanto, a lei do saneamento básico é assegurada pela legislação federal, de acordo com a Lei nº. 11.445/2007 que visa estabelecer diretrizes nacionais. De acordo com a Lei em seu Art. 2o, que preconiza os princípios fundamentais de como será realizado a prestação de serviços públicos de saneamento: I - universalização do acesso e efetiva prestação do serviço; II - integralidade, compreendida como o conjunto de atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento que propicie à população o acesso a eles em conformidade com suas necessidades e maximize a eficácia das ações e dos resultados; III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de forma adequada à saúde pública, à conservação dos recursos naturais e à proteção do meio ambiente; IV - disponibilidade, nas áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das águas pluviais, tratamento, limpeza e fiscalização preventiva das redes, adequados à saúde pública, à proteção do meio ambiente e à segurança da vida e do patrimônio público e privado; V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais; VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde, de recursos hídricos e outras de interesse social relevante, destinadas à melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante [...]; VII - eficiência e sustentabilidade econômica; VIII - estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento e à utilização de tecnologias apropriadas, consideradas a capacidade de alagamento dos usuários, a adoção de soluções graduais e progressivas e a melhoria da qualidade com ganhos de eficiência e redução dos custos para os usuários¹; IX - transparência das ações, baseada em sistemasde informações e processos decisórios institucionalizados; X - controle social; XI - segurança, qualidade, regularidade e continuidade¹; XII - integração das infraestruturas e dos serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos¹; XIII - redução e controle das perdas de água, inclusive na distribuição de água tratada, estímulo à racionalização de seu consumo pelos usuários e fomento à eficiência energética, ao reúso de efluentes sanitários e ao aproveitamento de águas de chuva¹; XIV - prestação regionalizada dos serviços, com vistas à geração de ganhos de escala e à garantia da universalização e da viabilidade técnica e econômico-financeira dos serviços²; XV - seleção competitiva do prestador dos serviços²; e XVI - prestação concomitante dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário² (BRASIL, 2007). 13 Conforme o exposto, percebemos que a lei tem como princípio a universalização dos serviços de saneamento básico, garantido que toda a população tenha acesso ao abastecimento de água com padrões de qualidade e o suficiente para atender suas demandas. O documento inclui também serviços de coleta e tratamento de esgoto e lixo, além do manejo de águas da chuva (BRASIL, 2007). De acordo com a lei do Saneamento Básico, podemos destacar, conforme a figura a seguir, os quatro componentes que compõe a Lei nº. 11.445/2007. FIGURA 4 – OS QUATRO COMPONENTES DO SANEAMENTO BÁSICO FONTE: <https://bit.ly/368TwuU>. Acesso em: 4 jan. 2022 De acordo com as pesquisas realizadas e publicadas sobre o painel de abastecimento de água no Brasil, pelo Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento em 2019, 83,7 % dos brasileiros possuem abastecimento de água tratada. Entretanto, 35 milhões de brasileiros não têm acesso a esse serviço básico. Na figura a seguir, podemos observar o índice de atendimento total de água por região. 14 FIGURA 5 – ÍNDICE DE ATENDIMENTO TOTAL DE ÁGUA FONTE: <https://bit.ly/3rjQyLx>. Acesso em: 4 jan. 2021. Um novo marco legal para o saneamento básico foi consolidado em 2020. O objetivo dessas alterações na lei é garantir que diferentes setores da sociedade implementem políticas públicas, formulem soluções e disponibilizem um pacote de recursos para oferecer saneamento básico de qualidade, especialmente para os grupos mais vulneráveis. Diante de tantos problemas, a promulgação da nova lei "Estrutura de Gestão do Saneamento Básico" mudou muitos aspectos da legislação existente, para promover a melhoria da distribuição de água potável e dos serviços de tratamento de esgoto. Para tal, o novo quadro assenta em novas possibilidades de aplicação de recursos financeiros nesta área. Otimizar e, primeiro, popularizar serviços básicos de saúde de alta qualidade é o objetivo central da nova lei. Dessa forma, o novo marco regulatório atualizou a Lei nº 11.445/2007, ocorrendo em julho de 2020 e, assim, foi promulgada a Lei nº 14.026/2020. Este marco foi instituído para orientar o desenvolvimento de projetos, planos e ações para os quatro componentes do saneamento básico de forma abrangente. Devem também ser consistentes com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, destinadas a melhorar a qualidade de vida, habitação, erradicação e erradicação da pobreza, proteção ambiental, promoção da saúde, recursos hídricos e outros interesses sociais relacionados (SNIS, 2019). A nova legislação em seu artigo 1º criou a ANA (Agência Nacional de águas e Saneamento Básico). Esta Lei cria a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) e responsável pela instituição de normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico. Ela estabelece regras para sua atuação, sua estrutura administrativa e suas fontes de recursos. 15 Dessa forma o novo marco regulatório visa universalizar o atendimento para a população com ações direcionadas e responsáveis pelo saneamento básico. O governo federal espera aumentar o índice de saneamento básico em um prazo de 13 anos. Portanto, a partir da data de promulgação da nova lei, cabe à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) definir normas de referência para titulares e entidades reguladoras e fiscalizadoras da prestação dos serviços públicos. As normas de referência estão incluídas no Art. 4º § 1º da supracitada lei. Portanto, caberá à ANA estabelecer normas de referência sobre: • I - padrões de qualidade e eficiência na prestação, na manutenção e na operação dos sistemas de saneamento básico; • II - regulação tarifária dos serviços públicos de saneamento básico, com vistas a promover a prestação adequada, o uso racional de recursos naturais, o equilíbrio econômico-financeiro e a universalização do acesso ao saneamento básico; • III - padronização dos instrumentos negociais de prestação de serviços públicos de saneamento básico firmados entre o titular do serviço público e o delegatário, os quais contemplarão metas de qualidade, eficiência e ampliação da cobertura dos serviços, bem como especificação da matriz de riscos e dos mecanismos de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro das atividades; • IV - metas de universalização dos serviços públicos de saneamento básico para concessões que considerem, entre outras condições, o nível de cobertura de serviço existente, a viabilidade econômico-financeira da expansão da prestação do serviço e o número de Municípios atendidos; • V - critérios para a contabilidade regulatória; • VI - redução progressiva e controle da perda de água; • VII - metodologia de cálculo de indenizações devidas em razão dos investimentos realizados e ainda não amortizados ou depreciados; • VIII - governança das entidades reguladoras, conforme princípios estabelecidos no art. 21 da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007; • IX - reúso dos efluentes sanitários tratados, em conformidade com as normas ambientais e de saúde pública; • X - parâmetros para determinação de caducidade na prestação dos serviços públicos de saneamento básico; • XI - normas e metas de substituição do sistema unitário pelo sistema separador absoluto de tratamento de efluentes; • XII - sistema de avaliação do cumprimento de metas de ampliação e universalização da cobertura dos serviços públicos de saneamento básico; • XIII - conteúdo mínimo para a prestação universalizada e para a sustentabilidade econômico-financeira dos serviços públicos de saneamento básico (BRASIL, 2020). 16 IMPORTANTE A lei n°11.445/2007 prevê a responsabilidade do poder público na definição da política de saneamento básico e o papel dos Planos Municipais de Saneamento Básico, do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) e a participação e o controle social por meio de audiências e consultas públicas, bem como via conselhos, especialmente pelo Conselho das Cidades (BRASIL, 2007). Acadêmico, agora que compreendemos a legislação do marco histórico do saneamento básico, temos subsídios para analisar e entender o conceito de saneamento ambiental. 4 SANEAMENTO AMBIENTAL Até o presente momento, compreendemos o significado de saneamento básico, assim como sua legislação. A partir de agora, ampliaremos nosso conhecimento e compreenderemos o significado de saneamento ambiental. Como qualquer outro conceito, o conceito de saneamento foi socialmente construído ao longo da história humana, dependendo das condições materiais e sociais em diferentes épocas. O conceito de saneamento ambiental possui conteúdos diferenciados em cada cultura, pois a relação entre homem-natureza era distinta, variando conforme o avanço científico de cada época. Com o avanço social, intelectual e de acordo com as situações que a população enfrentava na época, veio a consciência que os problemas de saúde estavam diretamente relacionados com o contato com ambientes poluídos. Portanto, as águas contaminadas,o lixo acumulado, o despejo de esgoto nos rios, as chuvas manejadas de forma incorreta, o alto ruído das fábricas e o ar impuro eram atribuídos como os vilões que prejudicavam a saúde da população (SOUZA; FREITAS; MORAES, 2007). Desta forma, nasceu a ideia de saneamento, ou seja, sanear ou limpar o ambiente, tornando-o um espaço salubre, saudável e higiênico. Antes da promulgação da Lei 11.445/2007, havia uma distinção entre os conceitos de "saneamento ambiental" e "saneamento básico". Na versão de 1999, do Manual de Saneamento da FUNASA, até a promulgação da Lei nº 11.445/2007, o conceito de saneamento ambiental surge, sendo definido como: O conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar a Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural (FUNASA, 2018, p. 21). 17 De acordo com Brasil (2006, p.31) sobre a ação do saneamento ambiental: [...] o saneamento ambiental possui uma abrangência que historicamente foi construída com o objetivo de alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, compreendendo o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de resíduos sólidos urbanos, o manejo de águas pluviais urbanas, o controle de vetores de doenças, a disciplina de ocupação e uso do solo, a fim de promover a melhoria das condições de vida urbana e rural. Dentro desse conceito mais amplo, um recorte cada vez mais utilizado para uma parte do saneamento ambiental é a classificação de Saneamento Básico, que envolve os sistemas e serviços para o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a limpeza pública ou manejo dos resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais. A fraca infraestrutura de saúde está claramente relacionada às condições de saúde e de vida da população dos países em desenvolvimento, assim como as doenças infecciosas, que ainda são importantes causadoras morbidade e mortalidade. A prevalência dessas doenças indica fortemente a fragilidade do sistema público de saúde. Dessa forma, é necessária uma reorganização dos indicadores para avaliar as condições ambientais em que vivem a população, utilizando instrumentos que possam ser utilizados para acompanhar a execução e avaliação das ações públicas. No campo do saneamento ambiental, é urgente a estruturação de um sistema de indicadores para avaliar as condições ambientais, principalmente pela necessidade de se dispor de instrumentos confiáveis que respaldem o planejamento, a execução e a avaliação da ação pública, e não apenas pela fragilidade dos indicadores existentes (CALIJURI et al., 2009). O Saneamento básico adequado representa, por exemplo, melhoria da saúde pública, com eliminação e redução de ambientes de proliferação de doenças, em especial as de origem hídricas. Também significa proteção e preservação de ambientes naturais, com a eliminação e redução de vetores de poluição hídrica, como esgotos sem tratamento, lixo não coletado e impactos de chuvas em ambientes urbanos. Portanto, o conceito de saneamento ambiental está ligado com as ações para melhorias do saneamento básico. Acadêmico, nesse momento, encerramos nosso Tópico 1, concluindo que o conceito de saneamento ambiental é historicamente baseado em alcançar a meta de melhorar a saúde ambiental, incluindo abastecimento de água, esgoto doméstico, gestão de resíduos sólidos municipais, gestão de águas pluviais urbanas, controle de vetores de doenças, ocupação e aproveitamento do solo para promover a melhoria das condições de vida urbana e interior. 18 INTERESSANTE Acadêmico, a seguir sugerimos a leitura do texto “Quem eram os escravos 'tigres', marcantes na história do saneamento básico no Brasil “, do autor Vinicius Pereira, que traz informações importantes para o seu conhecimento. Acesse em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50526902. 19 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Na antiguidade, povos da época devolveram tecnologias complexas na época para capturar, transportar, armazenar e usar água. • A civilização egípcia desenvolveu métodos para armazenar a água, pois sofria pela influência do Rio Nilo. A população armazenava a água por longos períodos, com intuito de limpá-la, assim a sujeira se depositava ao fundo. • As cidades tornaram-se populosas com o adensamento urbano, causando problemas ligados à saúde. • Teorias baseadas em conceitos de bacteriologia e fisiologia foram desenvolvidos na Europa, e os principais comunicadores foram Louis Pasteur e Claude Bernard. • O Engenheiro Saturnino de Brito tem um grande papel na história do nosso país, por ser o responsável por implantar obras de distribuição de águas e coleta de esgoto. • O saneamento básico é atribuído como o conjunto de serviços públicos, instalações e infraestrutura para abastecimento de água potável, limpeza urbana, disposição de resíduos sólidos, drenagem e despejo de esgoto sanitário. • A Lei n° 11.455, de 5 de janeiro de 2007, alterada pela Lei n° 14.026, de 15 de julho de 2020, conhecida como a lei do saneamento ou como o marco regulatório do saneamento básico, estabeleceu as diretrizes nacionais para a organização dos serviços de saneamento básico. • O saneamento ambiental é definido como um conjunto de ações que visam alcançar o saneamento por meio dos quatro componentes que englobam o saneamento básico. RESUMO DO TÓPICO 1 20 1 O Saneamento Básico em centros urbanos é um tema que vem sendo discutido com mais detalhes. Recentemente, apesar do aumento, nos últimos anos, nos investimentos e programas, o problema ainda não foi resolvido em níveis aceitáveis. Uma das formas nas quais podemos identificar problemas de saneamento urbano é quando se multiplica o número de doenças causadas pelo ambiente. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As doenças podem ser veiculadas pela água e pelo esgoto quando há tratamento adequado. b) ( ) A poluição atmosférica das grandes cidades afeta principalmente a população de baixa renda. c) ( ) O mau cheiro e impactos visuais na água apontam riscos de disseminação de doenças. d) ( ) As faixas sociais de menores rendas normalmente estão mais expostas à água contaminada e resíduos sólidos urbanos. 2 A Lei 11.445/2007 fala que o saneamento básico é composto por um conjunto de infraestruturas. Sobre esse conjunto, analise as sentenças a seguir: I- Abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição. II- Esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequadas dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. III- Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. IV- Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) Somente a sentença IV está correta. c) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença II está correta. AUTOATIVIDADE 21 3 O termo saneamento ambiental foi construídoao longo da história, pois era alterado conforme as condições materiais e sociais em diferentes épocas. Possui um conteúdo diferenciado em cada cultura, analisando as relações do homem-natureza, e dependia do avanço científico e tecnológico da época. Sobre o saneamento ambiental, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Saneamento ambiental tem como objetivo aumentar os níveis de salubridade ambiental, através da melhoria no abastecimento de água, no esgotamento sanitário apenas. ( ) Ações socioeconômicas que possam ser desenvolvidas com intuito de atingir níveis mais altos de salubridade ambiental. ( ) Os conceitos de saneamento básico e ambiental são distintos e não possuem relação. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F. b) ( ) F - V - F. c) ( ) F - V - V. d) ( ) V - F - V. 4 A Revolução Industrial é um conjunto de transformações técnicas e econômicas iniciadas na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e que se espalharam pelo resto do continente europeu e América do Norte, ao longo do século XIX. A Revolução Industrial provocou mudanças nas questões de saneamento nas cidades. Disserte, em forma de uma comparação detalhada, sobre os seguintes aspectos do saneamento ambiental: água potável, esgoto sanitário e resíduos sólidos, antes e depois da Revolução Industrial. 5 Antes da promulgação da legislação do saneamento básico no Brasil, os conceitos de saneamento básico e saneamento ambiental eram diferenciados e, muitas vezes, levavam à confusão. Disserte sobre os conceitos de saneamento ambiental e saneamento básico. 22 23 INTRODUÇÃO À ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, como vimos até agora, o saneamento básico é composto por: a) abastecimento de água potável; b) esgotamento sanitário, c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e d) drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Este se constitui de um dos serviços de grande relevância para promover a melhora da saúde pública. Já o conceito de saneamento ambiental está ligado a ações de melhorias do saneamento básico e, portanto, foram desenvolvidas ao longo da história e legislações, visando definir características e padrões de qualidade para as quatro esferas que compõe o saneamento básico. Nesse sentido, a fim de verificar os padrões estabelecidos pela legislação, as análises físico-químicas são de grande importância. Elas são empregadas para estudar os constituintes de determinadas substâncias e estabelecer parâmetros de identificação, associando conhecimentos das propriedades físicas e químicas dos átomos e moléculas e suas interações, permitindo, assim, responder a perguntas como quais os níveis são prejudiciais ao ecossistema e à saúde humana (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011). Acadêmico, nesse tópico, abordaremos os conceitos básicos em análises físico-químicas, além do procedimento de coleta de líquidos (águas) e sólidos (solo) para realização de análises físico-químicas. 2 CONCEITO DE ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA Os elementos químicos são responsáveis por sustentar a vida que conhecemos na terra. Dentre os principais elementos estão o carbono, o hidrogênio, o oxigênio, o nitrogênio e o enxofre (C, H, O, N, S), além de outros. A interação desses elementos ocorre de diferentes formas, dependendo exclusivamente do movimento desses elementos em formas orgânicas ou inorgânicas na natureza. Muitas dessas interações têm impacto sobre os processos básicos do ecossistema, como a produção de matéria orgânica pelas plantas ou ainda a decomposição da matéria orgânica por microrganismos. As atividades humanas como agricultura, urbanização, industrialização e mineração mudaram a interação entre os elementos (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011). A compreensão dessas interações envolve componentes biológicos (plantas, animais e decompositores) e não biológicos (rochas, solos minerais, água e atmosfera), o que torna esses estudos UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 24 interdisciplinares, reunindo principalmente áreas como a biologia, a química, a geologia, a engenharia, o planejamento e a saúde pública. Dessa forma, a pesquisa conjunta ajuda a compreender as funções dos ecossistemas, seus problemas ambientais e propostas de soluções viáveis para esses problemas (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011). Nesse contexto, as análises físico-químicas surgem como técnica de caracterização de soluções aquosas, por exemplo análise de água, objetivando qualificar ou quantificar substâncias, elementos ou espécies iônicas presentes em compostos, estabelecendo assim, relações entre suas propriedades e o meio ambiente. Portanto, nos permite compreender como ocorrem os fenômenos naturais e suas alterações no ambiente (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011). Amplamente empregadas em diversos segmentos, como alimentos, água, carnes, peixes, cerveja, solo etc., as análises físico-químicas utilizam metodologias variadas. Assim, possuem a finalidade de quantificar, determinar ou ainda qualificar substâncias específicas em um determinado produto (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011). Nesse sentido, há laboratórios certificados que prestam serviços de análises físico- químicas; portanto, quando obtidos, os resultados dessas análises, que são realizadas conforme o supracitado, são obtidos valores que são comparados aos padrões pré- estabelecidos em resoluções legais, leis e portarias. Dessa forma, os laboratórios que executam essas análises possuem respaldo para emitir seus laudos com base legal (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011). Acadêmico, agora que já introduzimos o conceito de análise físico-química, é crucial compreendermos os conceitos básicos para realização da medida, ou seja, da análise química. 2.1 CONCEITOS BÁSICOS DE MEDIÇÃO Para se obter bons resultados de uma análise química é necessário garantir alguns fatores determinantes para o sucesso da análise, como a aplicação correta da metodologia utilizada. Dessa forma, descuidos mínimos podem causar grandes erros, especialmente ao determinar os parâmetros da amostra que levam em conta a determinação de valores que fazem uso de unidades de concentração da ordem miligrama por litro (mg/L) (GARCEZ, 2004). Quando executamos uma medida experimental é necessário estabelecer o nível de confiança representado pelo valor encontrado na medida. Toda medida está associada a certa incerteza, a que denominamos de erro experimental. A medição é um tipo de comparação, que envolve erros tanto do operador como do instrumento utilizado no momento da medição. O procedimento de medição geralmente leva a dois tipos de erros: a) erros sistemáticos: que ocorrem devido à falha do método utilizado, defeito do instrumento etc.; e b) erros acidentais: causados pelo operador devido à operação inadequada, como o erro de leitura nas escalas de vidrarias etc. (GARCEZ, 2004) 25 IMPORTANTE Acadêmico, lembre-se que o volume de uma amostra pode ser medido através do auxílio confiável de pipetas, que permitem transferir volumes conhecidos de um recipiente para outro; buretas, que possuem maior precisão do que as pipetas, tornando possível escoar líquidos até sua capacidade máxima; e frascos volumétricos, que variam sua capacidade de 5mL a 5L, calibrados para conter um determinado volume quando preenchidos até uma linha gravada no frasco, FIGURA 6 – VIDRARIAS VOLUMÉTRICAS A) PIPETA VOLUMÉTRICA, B) PIPETA GRADUADA, C) BURETA E D) BALÃO VOLUMÉTRICO (FRASCO VOLUMÉTRICO) FONTE: Adaptada de SKOOG et al. (2008, p. 37). Portanto, a preparação técnica é necessária para a realização de uma análise, assim como fazer uso dos equipamentos adequados e vidrarias em boas condições. Uma das fontes mais comuns de erros encontrados durante a preparação ou processamento de uma análise química está na manipulação experimental, que faz uso de vidrarias volumétricas. Esses erros são considerados primários e, uma vez evitados, podem significar aumentar o grau de confiabilidade do resultado (GARCEZ, 2004).Entre os procedimentos que auxiliam a evitar esses tipos de erros, temos: • Temperatura: as vidrarias volumétricas (pipetas, provetas etc.), que sofrem variação com a temperatura, e não devem ser submetidas à secagem em altas temperaturas. Deve-se utilizar as vidrarias volumétricas em temperaturas próximas à aferição. Assim como os líquidos, sofrem dilatação térmica com o aumento da temperatura; utilizá-las somente em temperatura ambiente. (SKOOG et al., 2008). 26 • Limpeza da vidraria: a presença de sujeiras, como a gordura nas vidrarias volumétricas, pode alterar a leitura do volume final (leitura do menisco) e, além disso, essas sujeiras presentes podem alterar o valor do resultado da análise, pois podem atuar como interferentes durante a análise. Para limpeza das vidrarias recomenda- se fazer uso de água morna com uso de detergentes para remoção de sujeiras e impurezas. Após a limpeza, a vidraria precisa passar por enxague com água de torneira e, então, com três ou quatro porções de água destilada. Raramente é necessário secar um material volumétrico (SKOOG et al., 2008). • Ajuste do menisco: um líquido que está inserido em um tubo estreito apresenta uma curvatura característica, ou menisco. É comum durante a prática experimental tomar como base o menisco como ponto de referência para calibração e medição de volume. Deve-se tomar muito cuidado com o erro de paralaxe, assim o menisco deve estar posicionado na parte inferior da marcação do volume. O observador deve posicionar-se de modo que seus olhos fiquem na linha de visão do menisco, para que seja possível efetuar a leitura do volume medido (SKOOG et al., 2008). FIGURA 7 – LEITURA DO MENISCO DURANTE UMA MEDIÇÃO DE VOLUME FONTE: Adaptada de SKOOG et al. (2008, p. 40). • Pipetas volumétricas e graduadas: para transferir líquidos utilizando pipetas é utilizada a pera, também chamada de pipetadores de sucção, feitas em borracha, e possuindo três válvulas de entrada de ar, saída de ar e abertura para inserir no topo da pipeta, para realizar a sucção do líquido. Para que a transferência do líquido seja realizada de maneira correta, recomenda-se, no momento da sucção do líquido, passar alguns milímetros acima da linha de graduação final, secando em seguida a ponta da pipeta com papel absorvente e, então, ajustar o menisco. Após esta operação, o líquido já pode ser transferido. • Detergentes: recomenda-se que seja utilizado um detergente para limpeza das vidrarias da marca EXTRAN; pode-se optar por outras marcas, entretanto, é necessário cuidado na escolha, devido aos grupos fosfatos, precisando atender aos quesitos da biodegradabilidade. Após a lavagem das vidrarias com o detergente, é recomendado que seja realizado o enxágue com água para remoção completa do detergente, e finalizar com enxague com água destilada (SKOOG et al., 2008). 27 • Solução sulfocrômica: constituída por ácido sulfúrico concentrado e dicromato de potássio, possui caráter ácido. Essa solução é eficiente para remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos, e seu uso é na forma diluída, deixando a vidraria de molho por algumas horas. Após este passo, deve-se proceder a lavagem da vidraria com água em abundância e finaliza-se com a lavagem de água destilada (SKOOG et al., 2008). Em seguida, abordaremos como é realizada a amostragem e coleta para realização da análise-físico-química. 3 AMOSTRAGEM E COLETA A análise química é geralmente realizada em apenas uma pequena parte do material de interesse. Claro, se quisermos que o resultado tenha algum valor, a composição desta parte precisa refletir a composição total do material tanto quanto possível. O processo de coleta de uma amostra representativa é denominado amostragem. A amostragem é geralmente a etapa mais difícil em todo o processo de análise e é uma etapa que limita a precisão do procedimento. Essa afirmação é especialmente verdadeira quando o material a ser analisado consiste em uma grande quantidade de líquido heterogêneo (como um lago) ou sólido heterogêneo (como minério, solo ou um pedaço de tecido animal). A amostragem para análise química envolve necessariamente dados estatísticos, porque serão obtidos resultados de uma fração de uma amostra que representa uma quantidade maior do material. Dessa forma, uma análise envolvendo um pequeno número de amostras de laboratório tirará conclusões sobre muitos materiais (SKOOG et al., 2008). A amostragem precisa assegurar que a fração retirada represente o todo do material ou população a ser analisado, ou seja, deverá ser representativa. Nesse contexto estatístico, uma amostra deve ser retirada de diferentes partes do material, os químicos comumente as chamam de coleção de unidades de amostragem ou ainda de amostra bruta (SKOOG et al., 2008). Nesse contexto, antes de realizar uma análise em laboratório, deve-se reduzir o tamanho da amostra bruta para um material homogêneo com intuito de se tornar uma amostra de laboratório. Em alguns casos, como amostras de pós, líquidos e gases, não temos itens discretos. Esses materiais podem não ser homogêneos, podem consistir em partículas microscópicas de diferentes composições ou, no caso de líquidos, consistir em áreas de diferentes concentrações. Com esses materiais, podemos garantir a representatividade da amostra, obtendo nossos incrementos de diferentes áreas de todo o material. As etapas envolvidas na obtenção de uma amostra de laboratório estão descritas na figura a seguir. 28 FIGURA 8 – ETAPAS ENVOLVIDAS NA OBTENÇÃO DE UMA AMOSTRA DE LABORATÓRIO FONTE: SKOOG et al. (2008, p.167). A Figura 8 ilustra um diagrama de três etapas, normalmente envolvidas na obtenção de uma amostra de laboratório. Idealmente, a amostra bruta é uma réplica em miniatura da massa inteira do material a ser analisado. Deve corresponder ao todo do material em sua composição química e, se composto por partículas, na distribuição do tamanho das partículas (SKOOG et al., 2008). Sabido da importância do procedimento de amostragem e coleta, agora partiremos para compreender como é realizado a amostragem de líquidos, mais especificamente de águas. 4 AMOSTRAGEM DE ÁGUAS Acadêmico, uma das ideias que nos pode vir a mente quando falamos em coleta de amostra líquida é a análise de água. Muitos imaginam que esta análise é muito simples. Podem imaginar, por exemplo, alguém segurando uma garrafa (ou frasco) de vidro e mergulhando-a em um rio, lago, lagoa, tanque etc. e levando-a ao laboratório para realizar a análise. Entretanto, o procedimento de coleta da amostra é muito mais do que isto, é um ato a ser planejado se desejamos garantir resultados confiáveis ao final da análise laboratorial (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011). Antes de realizar qualquer análise, inicialmente é preciso ter claramente definido o plano de trabalho, que deve ser elaborado a partir dos objetivos da análise, considerando o corpo de água a ser analisado. Dessa forma, na execução do planejamento, cada coleta realizada deverá levar em conta as condições ambientais no momento da coleta, portanto, não existem amostras iguais. As concentrações e proporções relativas de todos os constituintes das amostras devem corresponder ao todo, ou seja, ser representativas, além de que o manuseio da amostra deve ser adequado para garantir 29 que não ocorra nenhuma alteração na composição até a realização das análises (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011). Em trabalhos de análise ambiental é necessário realizar o estudo das condições do ambiente, como a topografia da região; devem ser observadas e acompanhadas as precipitações atmosféricas; a coleta das amostras, que deve ser realizada em um maior intervalo de tempo; e devem, obrigatoriamente, ser representativas do objeto de estudo (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011). Dessa forma, estabelecer critérios para o planejamento da coleta deve ser levado em conta, assim será coletada a quantidade de amostras suficiente para a realização de todos os testes requeridos.
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