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SISTEMAS DE TRATAMENTO E ABASTECIMENTO

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E-BOOK
SISTEMAS DE TRATAMENTO 
E ABASTECIMENTO
Saneamento Ambiental e sua 
importância socioambiental
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, serão estudados o saneamento ambiental e a sua importância 
socioambiental. As ações de saneamento são de fundamental importância para o 
desenvolvimento da saúde e da qualidade de vida da população, bem como para a proteção do 
meio ambiente. Por este motivo, tal conhecimento torna-se fundamental para os futuros gestores 
ambientais, assim como para o desenvolvimento mais sustentável dos centros urbanos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar o que é saneamento ambiental.•
Reconhecer a importância do saneamento básico para a população.•
Relacionar o desenvolvimento social com ações de saneamento ambiental.•
DESAFIO
O saneamento ambiental compreende um processo fundamental para a manutenção da qualidade 
de vida. Ao saber disso o prefeito solicita para você, gestor ambiental da prefeitura, o 
detalhamento de todos os passos que serão necessários para que o município construa o seu 
Plano Municipal de Saneamento.
- Capa 
- Sumário 
- Introdução(breve contextualização do seu município) 
- Plano de mobilização social (descrever a metodologia) 
- Diagnóstico técnico-participativo (descrever a metodologia)
INFOGRÁFICO
O infográfico a seguir contempla os objetivos e os principais problemas com respeito ao 
saneamento ambiental.
CONTEÚDO DO LIVRO
O livro Saneamento Ambiental e sua Importância Socioambiental é a base teórica para esta 
Unidade de Aprendizagem e proporciona melhor compreensão dos conteúdos apresentados aqui.
SANEAMENTO
Eliane Conterato
Saneamento ambiental 
e sua importância 
socioambiental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar o que é saneamento ambiental.
 � Reconhecer a importância do saneamento básico para a população.
 � Relacionar o desenvolvimento social com as ações de saneamento 
ambiental.
Introdução
Você já parou para pensar o quanto o saneamento interfere no desen-
volvimento social e ambiental da sociedade? O quanto a falta desse 
serviço interfere na qualidade de vida da população? Conforme Ataide 
e Borja (2017), pensar em justiça social é pensar no impacto socioam-
biental que representa o acesso a bens e serviços de um cidadão. A 
falta de saneamento, que é um serviço básico que deve ser oferecido a 
um cidadão, pode trazer diversos impactos como poluição dos recursos 
hídricos, transmissão de doenças, aumento da mortalidade infantil, baixa 
do rendimento escolar, entre outros. 
As ações de saneamento são de fundamental importância para o de-
senvolvimento e bem-estar da sociedade, bem como para a proteção do 
meio ambiente. Neste texto, você vai estudar o conceito de saneamento 
ambiental e sua importância socioambiental.
Saneamento ambiental
Segundo Rosen (2006), o saneamento — considerado, em seu aspecto físico, 
uma luta do homem em relação ao ambiente — existe desde o início da huma-
nidade, ora se desenvolvendo ora retrocedendo, de acordo com o surgimento, 
evolução, queda e renascimento das civilizações.
Jordão e Pessoa (2014) enfatizam que o instinto e a necessidade levaram 
o homem a se fixar próximo às fontes de energia, mas não de medir a ne-
cessidade de afastar ou condicionar os resíduos refugados por ele. Com isso, 
historicamente, verifica-se a poluição das fontes de energia pelo homem até 
se tornarem, nos piores casos, inadequadas à vida.
Figura 1. Energia – Homem – Resíduos.
Fonte: Adaptada de Jordão e Pessoa (2014, p. 02).
LIXO
ESGOTO
AL
IM
EN
TO
ÁG
UA
AR
HOMEM
Em resumo, desde que o ser humano passou a viver por longos períodos 
em um mesmo espaço, passou também a conviver com a poluição causada 
por seus rejeitos e as consequências disso para a saúde e o meio ambiente. A 
Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei Federal nº. 6.938, 
de 31 de agosto de 1981, define poluição como a degradação da qualidade 
ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente:
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental2
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado 
de completo bem-estar físico, social e mental, e não apenas a ausência de do-
enças. A organização define ainda o saneamento ambiental como o controle 
de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer 
efeitos nocivos sobre a saúde.
O Ministério das Cidades define saneamento ambiental como o con-
junto de ações técnicas e socioeconômicas que, quando aplicadas, resultam 
em maiores níveis de salubridade ambiental. Essas ações compreendem o 
abastecimento de água em quantidade e em qualidade adequada; a coleta, o 
tratamento e a disposição adequada dos resíduos sólidos, efluentes líquidos e 
emissões atmosféricas; o manejo de águas pluviais; o controle ambiental de 
vetores e reservatórios de doenças; a promoção sanitária e o controle ambiental 
do uso e ocupação do solo; e a prevenção e controle do excesso de ruídos.
Para o desenvolvimento dessas ações, são necessárias diversas obras e 
serviços: 
 � O abastecimento de água compreende a escolha de um manancial 
que tenha qualidade e volume suficiente, a construção de adutoras e 
estações de tratamento de água e a construção de reservatórios e redes 
que levem a água potável até as residências. 
 � Para a coleta de esgoto, são necessárias construções de redes de coleta e 
acessórios, interceptores, emissários e estações de tratamento de esgoto. 
 � Para a destinação adequada de resíduos sólidos, é necessário um 
sistema de coleta adequado e a construção e aterros sanitários. 
 � Para a drenagem urbana, é necessária a construção de redes de coleta 
pluviais e obras para amenizar o efeito de chuvas intensas e inundações. 
Além dessas obras, também é necessária a gestão adequada de todos esses 
serviços, seja pelo poder público, seja por concessionária. Como você pode 
observar nessas definições, o saneamento ambiental compreende uma gama 
de ações visando desde a conscientização da população até a elaboração e 
execução de políticas públicas. 
3Saneamento ambiental e sua importância socioambiental
Saneamento e desenvolvimento
A existência de saneamento adequado é uma condição primordial para o 
desenvolvimento de uma nação, sendo um fator essencial para o país ser cha-
mado de “desenvolvido”. A falta de saneamento afeta as áreas de preservação, 
turismo, trabalho, saúde, educação e cidadania.
Segundo o Instituto Trata Brasil, em estudo realizado em 2015, as perdas de 
água devido a condições insatisfatórias de funcionamento de redes e desvios 
de água atingem 38,1% no Brasil, ou seja, de toda a água tratada para a distri-
buição, quase 40% se perdem antes de chegar ao consumidor (INSTITUTO 
TRATA BRASIL, 2015). Essa perda demonstra um descaso com o meio am-
biente, uma vez que a água é retirada dos mananciais, tratada e desperdiçada 
antes mesmo de ser utilizada. No setor de turismo, o instituto indica que, em 
2015, deixaram de ser gerados R$ 5,8 bilhões de renda do trabalho por conta 
da degradação ambiental de áreas por falta de saneamento básico.
Em relação ao trabalho, o investimento no setor de saneamento gera renda 
que movimenta diversos setores, como construção civil e comércio. Em re-
lação à saúde, o investimento gera economia, já que diminui as internações 
causadas, principalmente, por doenças de origem ou transmissão hídrica. 
Segundo informações do Trata Brasil, a cada R$ 1 investido em saneamento 
é gerada uma economia de R$ 4 em saúde. Existem estatísticas que mostram 
também que doenças vinculadascom a falta de saneamento geram prejuízos por 
afastamentos das atividades diárias de trabalhadores no mercado de trabalho. 
Outro índice importante que cabe apresentar é a mortalidade infantil. O gráfico 
da Figura 2 mostra uma relação entre a população com acesso ao esgotamento 
sanitário e a taxa de mortalidade infantil (dados da UNICEF e OMS).
A educação é outra área afetada diretamente pela falta de saneamento. 
Conforme o Instituto Trata Brasil (2017), moradores de áreas sem acesso 
à rede de distribuição de água e de coleta de esgotos têm um aumento do 
atraso escolar Uma menor escolaridade implica em perda de produtividade e 
de remuneração das gerações futuras. Somente o custo desse atraso escolar 
devido à falta de saneamento alcançou R$ 16,6 bilhões em 2015. 
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental4
Figura 2. Relação entre saneamento e mortalidade infantil (dados de 2015).
Fonte: Instituto Trata Brasil (2017).
180
150
120
90
60
30
0
0 20 40 60 80 100
População com acesso ao esgotamento sanitário (%)
Ta
xa
 d
e 
m
or
ta
lid
ad
e 
in
fa
nt
il 
* 
(%
)
Brasil
Outro dado importante disponibilizado é a falta de saneamento básico 
nas escolas: na zona rural, 14,7% das escolas de ensino fundamental não têm 
esgoto sanitário e 11,3% não têm abastecimento de água. Na zona urbana, 
esses percentuais são 0,3% e 0,2%, respectivamente. Esse dado é preocupante 
considerando-se que a escola deveria ser exemplo para o aluno, o que, mais 
uma vez, demostra a importância do saneamento.
Em relação à cidadania e à informação da população, os dados são preo-
cupantes no Brasil. Pesquisas mostram que parcela significativa da população 
desconhece o que é saneamento e não sabe o destino do esgoto que produz; 75% 
das pessoas entrevistadas disseram nunca ter cobrado do órgão responsável 
uma providência em relação à falta de saneamento.
5Saneamento ambiental e sua importância socioambiental
Pelo link e código a seguir, você pode acessar o site do 
Instituto Trata Brasil e conhecer mais sobre as principais 
áreas afetadas pela falta de saneamento e as estatísticas 
sobre elas.
https://goo.gl/EpMq9k
Ações voltadas para o saneamento
Para falarmos de ações voltadas para o saneamento, é necessário primeiro 
entendermos como são avaliadas as condições do município pelo gestor mu-
nicipal para verificar quais ações devem ser realizadas. Para uma correta 
análise dessa situação, o gestor precisa ter indicadores reais. O estudo que 
embasou a proposta do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), 
cuja elaboração é prevista na Lei do Saneamento Básico (Lei nº. 11.445, de 5 
de janeiro de 2007), considera, além da infraestrutura implantada, aspectos 
socioeconômicos e culturais e a qualidade dos serviços prestados. 
A população que conta com oferta de serviço coletivo nem sempre recebe 
esse serviço em condições adequadas. Por exemplo, a oferta de água tratada 
deve ser feita dentro dos padrões e de forma ininterrupta; contudo, existem 
casos de cidades que passam por frequentes interrupções, seja por problemas 
no sistema ou por racionamento. Nessa parcela da população, ainda existe 
quem não utiliza o serviço público, mesmo o tendo disponível, como no caso 
de faltas de ligações prediais na rede coletora de esgoto.
A parcela de população sem oferta de serviço, ou ainda que não usa o 
serviço público disponível, em parte tem solução individual. Esse tipo de 
solução conta, por exemplo, com coleta de água em poços (dentro dos padrões 
de potabilidade) e descarte de esgoto após tratamento em sistema individual 
adequado, como fossa e filtro.
A pior das situações é a que não utiliza situação sanitária alguma, ou seja, 
que não tem garantia de qualidade da água que ingere, não possui descarte 
adequado dos resíduos e, muitas vezes convive com a própria poluição. 
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental6
Conhecer a parcela da população que se encontra em cada um dos casos 
citados acima é o primeiro passo para propor ações visando a regulação dos 
serviços de saneamento. A Lei nº. 11.445/2007 coloca o município como 
competente por legislar sob o amparo da Constituição Federal. A lei define 
quatro funções básicas para a gestão (BRASIL, 2007): 
 � planejamento;
 � prestação de serviços;
 � regulação;
 � fiscalização.
A função planejamento é de responsabilidade do município. Ele que formu-
lará a política municipal de saneamento básico e elaborará o plano municipal 
de saneamento básico, fundamental para contratar ou conceder os serviços. 
As demais funções de regulação, fiscalização e prestação de serviços são de 
responsabilidade do titular do serviço de saneamento, com o município atuando 
de forma direta (concessão ou permissão) ou indireta (cooperação e contrato).
A Figura 3 mostra os principais princípios da Lei do Saneamento Básico, 
que devem ser abordados na política municipal.
Figura 3. Principais princípios da Lei do Saneamento Básico.
Universalização
Integralidade
Equidade
Participação e
controle social
Titularidade
municipal
Intersetorialidade
Gestão pública
7Saneamento ambiental e sua importância socioambiental
Perceba que a universalização pressupõe que toda a população tenha acesso 
de forma igual aos serviços de saneamento. A integralidade requer interseto-
rialidade, ou seja, diferentes setores dentro do município atuando em conjunto. 
A equidade possibilita igualdade e justiça, alcançadas com a prestação de 
serviços. A participação e o controle social devem estar presentes em todo o 
processo, a fim de democratizá-lo. A titularidade municipal estabelece que o 
município tem autonomia e competência para organizar, regular, controlar e 
promover a realização dos serviços dentro de seu território. A intersetorialidade 
permite compatibilizar e racionalizar diversas ações, aumentando a eficácia. 
Em relação à gestão pública, entende-se que os serviços de saneamento são 
essenciais para a elevação da qualidade de vida e da salubridade ambiental, 
por isso as ações e serviços de saúde pública são considerados de obrigação 
do estado.
Veja o texto completo da Lei do Saneamento Básico, Lei nº. 
11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o 
saneamento básico acessando o link ou o código a seguir. 
https://goo.gl/Bt55F
O plano municipal, que é elaborado pelo município, deve englobar os 4 
eixos descritos a seguir: 
 � abastecimento de água;
 � esgotamento sanitário;
 � drenagem urbana;
 � limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos.
O planejamento deve ser integrado com todas as políticas e planos do 
município, e deve ser feito para um período de 20 anos, considerando revisão a 
cada 4 anos. O plano municipal deve assegurar a correta aplicação dos recursos 
e usar indicadores de saneamento para a elaboração e o acompanhamento do 
processo de implantação.
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental8
Um plano municipal de saneamento básico deve conter pelo menos o 
diagnóstico da situação do município, os objetivos e metas, os programas, as 
projeções e ações para o alcance dos objetivos e o mecanismo para avaliação 
sistemática e eficácia das ações.
A situação do saneamento no Brasil ainda é preocupante, mas existem municípios 
que vêm se destacando como exemplos positivos. Um deles é o município de Jundiaí, 
no interior de São Paulo. Conforme indicadores do Instituto Trata Brasil, o município 
vem mostrando, ano a ano, evolução nos índices de coleta e tratamento de esgotos. 
Atualmente, a cidade é referência no tratamento de esgotos, com 100% do esgoto 
coletado tratado e com abastecimento de mais de 97% da população com água 
tratada. Veja a seguir os índices apresentados pela cidade no período de 2008 a 2015.
Indicador de 
atendimento 
total de água (%)
Indicador de 
atendimento total 
de esgoto (%)
Indicador de esgoto 
tratado por água 
consumida (%)
2008 95 91 95
2009 97 98 91
2010 100 100 88,94
2011 98,28 98,30 91,38
2012 98 97,71 97,71
2013 98,28 98,30 98,28
2014 97,80 97,8091,94
2015 97,80 97,80 100
A boa classificação de Jundiaí é resultado de investimentos realizados ao longo dos 
anos. É um exemplo de cidades de aderiram a um planejamento para o desenvolvi-
mento de saneamento e assim melhoraram o abastecimento de água, a coleta e o 
tratamento dos esgotos e, principalmente, a qualidade de vida da população.
9Saneamento ambiental e sua importância socioambiental
1. Sobre saneamento ambiental, 
assinale a alternativa correta. 
a) É um conjunto de ações 
realizadas individualmente, 
apenas pelo poder público.
b) É um conjunto de ações 
realizadas de forma coletiva, pelo 
poder público e por técnicos.
c) É um conjunto de ações 
realizadas de forma coletiva, pelo 
poder público, com participação 
popular e de técnicos.
d) É um conjunto de ações 
realizadas de forma coletiva, 
pelo poder público e com 
participação popular.
e) É um conjunto de ações realizadas 
individualmente, apenas por 
técnicos especializados.
2. Marque a alternativa INCORRETA 
quanto às causas da degradação 
ambiental das águas superficiais, 
imprescindível para o adequado 
saneamento básico.
a) O crescimento populacional 
e o aumento da pobreza.
b) O uso de fertilizantes 
na agricultura.
c) Lançamento de 
efluentes industriais.
d) A retirada da mata ciliar.
e) Lançamento de resíduos sólidos.
3. Marque a alternativa INCORRETA 
quanto à destinação de resíduos:
a) O lixão é a técnica adequada 
de disposição de resíduos 
sólidos urbanos.
b) A queima de resíduos a 
céu aberto é proibida.
c) Uma das principais ações de 
saneamento ambiental é a 
limpeza urbana e o manejo 
adequado de resíduos sólidos.
d) Uma das principais dificuldades 
para a construção de uma 
política de saneamento 
ambiental sustentável é 
a baixa conscientização 
ambiental da população.
e) O despejo irregular de efluentes 
industriais provoca a poluição e 
a contaminação das águas e é 
considerado crime ambiental.
4. São exemplos de obras com 
a finalidade de melhorar o 
saneamento básico:
a) sistema de gestão ambiental, 
sistema de abastecimento de 
água e sistema de esgoto.
b) recomposição da mata 
ciliar e aterros sanitários.
c) sistema de esgoto, sanitários 
públicos e lixão.
d) pavimentação pública e 
sanitários públicos.
e) sistema de esgoto, sanitários 
públicos e aterros sanitários.
5. A eutrofização é um processo 
acelerado pela poluição hídrica. A 
esse respeito, qual das alternativas 
a seguir é consequência desse 
processo e contribui para a 
diminuição da qualidade da água 
disponível para consumo?
a) O despejo de efluentes industriais.
b) A proliferação de zooplâncton.
c) A proliferação de algas 
unicelulares e cianobactérias.
d) O despejo de efluentes 
domésticos.
e) O despejo de fertilizantes 
oriundos da agricultura.
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental10
ATAIDE, G. V. de T. L.; BORJA, P. C. Justiça social e ambiental em saneamento básico: 
um olhar sobre experiências de planejamento municipais. Ambiente & Sociedade, v. 
20, n. 3, p. 61-78, set. 2017. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/asoc/v20n3/
pt_1809-4422-asoc-20-03-00061.pdf>. Acesso em: 21 maio 2018.
BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o 
saneamento básico. Lex: Legislação federal, Brasília, DF, p. 1-2, 5 jan. 2007. 
JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 7. ed. Rio de Janeiro: 
ABES, 2014.
INSTITUTO TRATA BRASIL. Casos de sucesso: Jundiaí é referência no tratamento de 
esgotos. 2017. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/blog/2017/07/27/casos- 
de-sucesso-jundiai/>. Acesso em: 10 jun. 2018.
INSTITUTO TRATA BRASIL; REINFRA CONSULTORIA. Ociosidade das redes de esgotamento 
sanitário no Brasil. 2015. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estu-
dos/ociosidade/relatorio-completo.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
ROSEN, G. Uma história da saúde pública. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.
Leituras recomendadas
BORJA, P. C. Procedimentos metodológicos para elaboração de planos municipais 
de saneamento básico. In: BRASIL. Ministério das Cidades. Peças técnicas relativas a 
planos municipais de saneamento básico. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2011. p. 
53-85. Disponível em:<http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/
Arquivos_PDF/Pe%C3%A7as_Tecnicas_WEB.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
NUVOLARI, A. (Coord.). Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reúso agrícola. 
2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.
PROJETO Acertar Manual de Melhores Práticas de Gestão da Informação sobre Sa-
neamento. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2017. Disponível em: <http://www.
snis.gov.br/downloads/arquivos/Manual-de-Melhores-Praticas-dos-Prestadores-de- 
Servicos-Agua-e-Esgoto-MARCO2018.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
UNITED NATIONS CHILDREN’S FUND; WORLD HEALTH ORGANIZATION. 25 years: Pro-
gresso n Sanitation and Drinkig Water. Geneva, Suíça, 2015. Disponível em: <http://files.
unicef.org/publications/files/Progress_on_Sanitation_and_Drinking_Water_2015_
Update_.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
11Saneamento ambiental e sua importância socioambiental
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
O vídeo a seguir apresenta uma contextualização relacionada ao saneamento ambiental e a 
sua importância socioambiental.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Sobre saneamento ambiental, assinale a alternativa correta.
A) É um conjunto de ações realizadas individualmente, apenas pelo poder público.
B) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público e por técnicos.
C) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público, com participação 
popular e de técnicos.
D) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público e com 
participação popular.
E) É um conjunto de ações realizadas individualmente, apenas por técnicos especializados.
2) Marque a alternativa INCORRETA quanto às causas da degradação ambiental das 
águas superficiais, imprescindível para o adequado saneamento básico.
A) O crescimento populacional e o aumento da pobreza.
B) O uso de fertilizantes na agricultura.
C) Lançamento de efluentes industriais.
D) A retirada da mata ciliar.
E) Lançamento de resíduos sólidos.
3) Marque a alternativa INCORRETA quanto à destinação de resíduos:
A) O lixão é a técnica adequada de disposição de resíduos sólidos urbanos.
B) A queima de resíduos a céu aberto é proibida.
C) Uma das principais ações de saneamento ambiental é a limpeza urbana e o manejo 
adequado de resíduos sólidos.
D) Uma das principais dificuldades para construção de uma política de saneamento ambiental 
sustentável é a baixa conscientização ambiental da população.
E) O despejo irregular de efluentes industriais provoca a poluição e a contaminação das águas 
e é considerado crime ambiental.
4) São exemplos de obras com a finalidade de melhorar o saneamento básico:
A) sistema de gestão ambiental, sistema de abastecimento de água e sistema de esgoto.
B) recomposição da mata ciliar e aterros sanitários.
C) sistema de esgoto, sanitários públicos e lixão.
D) pavimentação pública e sanitários públicos.
E) sistema de esgoto, sanitários públicos e aterros sanitários.
5) A eutrofização é um processo acelerado pela poluição hídrica. A esse respeito, qual 
das alternativas a seguir é consequência desse processo e contribui para a diminuição 
da qualidade da água disponível para consumo?
A) O despejo de efluentes industriais.
B) A proliferação de zooplâncton.
C) A proliferação de algas unicelulares e cianobactérias.
D) O despejo de efluentes domésticos.
E) O despejo de fertilizantes oriundos da agricultura.
NA PRÁTICA
Locais sem saneamento básico transformam a população dos arredores em uma população 
condenada à contaminação de todo e qualquer tipo. Observe o ciclo básico que ocorre nesses 
lugares.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
LEONETI, A. B.;PRADO, E. L.; OLIVEIRA, S. V. W.B. Saneamento Básico no Brasil: 
Considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século XXI. Revista de 
Administração Pública, Rio de Janeiro, 45(2): 331-348, 2011:
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Relações entre saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de 
um modelo de planejamento em saneamento:
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Prevenção e ações da vigilância sanitária
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordados o conceito de vigilância em saúde ambiental, 
as formas de prevenção e as ações referentes aos controles e fatores de riscos ambientais 
associados a doenças e a outros agravos à saúde que se relacionam com a vigilância em saúde 
ambiental. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir vigilância em saúde ambiental.•
Identificar as formas de prevenção em vigilância em saúde ambiental.•
Reconhecer as ações associadas a controles e fatores de riscos ambientais relacionados 
com a vigilância em saúde ambiental.
•
DESAFIO
Seu município foi atingido por uma forte enchente, e o supermercado de um bairro foi reaberto 
logo após o nível da água ter baixado. Na mesma semana, foram feitas várias ocorrências de 
intoxicação alimentar por diversos moradores do bairro em que o supermercado atingido pela 
enchente está situado. A vigilância sanitária do município foi acionada por meio de denúncia 
anônima. Você é o fiscal que deverá ir ao supermercado realizar a fiscalização.
Como fiscal, você deverá observar quais questões? O que o gestor do supermercado deveria ter 
providenciado antes de o estabelecimento ser reaberto? 
INFOGRÁFICO
Vigilância ambiental em saúde, ações que visam ao controle de impactos ambientais negativos 
que afetam a saúde da população e formas de prevenção a fatores de risco são os tópicos centrais 
abordados nesta Unidade de Aprendizagem e estão sintetizados no infográfico a seguir.
CONTEÚDO DO LIVRO
O trecho selecionado a seguir integra o livro Meio ambiente e sustentabilidade, e faz parte do 
Capítulo 7, "Saúde e meio ambiente". Inicie sua leitura a partir do tópico "Evolução da 
percepção da problemática ambiental" e leia até o final do tópico "Mudança de paradigma na 
área de saúde e meio ambiente". 
Boa leitura!
André Henrique Rosa
Leonardo Fernandes Fraceto
Viviane Moschini-Carlos
Organizadores
M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] / 
 Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes 
 Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. – 
 Porto Alegre : Bookman, 2012. 
 Editado também como livro impresso em 2012. 
 ISBN 978-85-407-0197-7
 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André 
 Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini- 
 Carlos, Viviane. 
CDU 502-022.316
Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150
160 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO 
DA PROBLEMÁTICA 
AMBIENTAL
Alguns eventos internacionais geraram do-
cumentos norteadores que podem ser 
apontados como marcos políticos. A partir 
desses eventos, a sociedade iniciou uma 
mudança de paradigmas, apontando para a 
necessidade de desregulamentar a ação dos 
agentes econômicos sobre o meio ambiente. 
Durante muitos anos, o desenvolvimento 
econômico decorrente da Revolução Indus-
trial impediu que os problemas ambientais 
fossem considerados com a devida impor-
tância. Embora a poluição e os impactos 
ambientais do desenvolvimento desordena-
do fossem visíveis, os benefícios proporcio-
nados pelo progresso sempre foram usados 
como justificativa para manutenção desse 
modelo em detrimento da atenção às ques-
tões ambientais. O relatório do Clube de 
Roma, “Limites ao crescimento”, já aponta-
va para restrições à forma de crescimento 
decorrente do esgotamento de certos recur-
sos naturais e da contaminação ambiental 
associada aos processos produtivos e forma 
de ocupação do ambiente.
A Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente Humano em 1972 
(Estocolmo – Suécia) já reforçava a necessi-
dade de medidas que coibissem a acelerada 
degradação do meio ambiente e suas possí-
veis consequências sobre a saúde humana. 
Foi prevista a intensificação e ampliação 
das ações do Estado na conservação e prote-
ção do meio ambiente, e esse é visto não só 
em relação às questões associadas à gestão 
da vida selvagem, conservação do solo e am-
biente aquático, mas contemplando tam bém 
as questões relativas à inserção social e inse-
rindo as questões ambientais na agenda da 
política nacional e internacional. Fica explí-
cita a íntima relação entre as questões am-
bientais e a pobreza, que coloca os menos 
favorecidos economicamente e a saúde des-
tes como principais vítimas das consequên-
cias do desequilíbrio ambiental. Os riscos 
associados aos processos de produção e de 
consumo da sociedade e a consequente de-
gradação ambiental e agravos à saúde são 
distribuídos espacial e socialmente de for-
ma desigual.
Em 1987, a publicação do documento 
“Nosso Futuro Comum”, Relatório da reu-
nião da Comissão das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento Sustentável, ocorrida em 
Oslo, na Noruega, apontou para o modelo 
de Desenvolvimento que contemplasse o 
princípio de solidariedade entre as gera-
ções, visando ao compromisso com esta e as 
futuras gerações, ou seja, um desenvolvi-
mento solidário e sustentável.
Os documentos gerados na Conferên-
cia das Nações Unidas para o Meio Am-
biente e o Desenvolvimento (Rio-92), pre-
conizam o direito a um ambiente sadio, que 
proteja a saúde, o bem-estar e os valores 
culturais. A Agenda 21, programa de ações 
para o século XXI, em seu Capítulo 6 – 
seção I – já reconhecia a saúde ambiental 
como prioridade social para a promoção da 
saúde.
O CONCEITO DE SAÚDE 
AMBIENTAL E SUA INSERÇÂO 
NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
A Organização Mundial da Saúde (OMS), 
em 1946, definiu saúde como um completo 
estado de bem-estar físico, mental e social e 
não meramente a ausência de doença, pas-
sando oficialmente do modelo biológico de 
ser humano para o modelo biopsicossocial. 
Esse conceito vem sofrendo inúmeras críti-
cas e evoluindo continuamente.
A interferência dos aspectos ambien-
tais nos padrões de saúde das populações 
deixa evidente a percepção dessa relação já 
Meio ambiente e sustentabilidade 161
em trabalhos muito antigos, como os de Hi-
pócrates, considerado o pai da Medicina. 
Mesmo não contando com o repertório 
científico atual, esses trabalhos delinearam 
a compreensão de epidemias e endemias, a 
partir da compreensão das características 
do ambiente e da valorização de aspectos 
geográficos e sua influência na distribuição 
das doenças. Essa influência grega somada à 
contribuição romana na área da engenharia 
e da administração propiciaram à popula-
ção obras de saneamento, como sistemas de 
esgoto, sanitários públicos, aquedutos, dre-
nagem de pântanos para controle de vetores 
de malária e disposição organizada de lixo. 
Posteriormente, a influência espiritualista e 
sobrenatural se impôs na compreensão dos 
processos infecciosos e, favorecida pela de-
sintegração do império greco-romano, pro-
vocou um retrocesso do ponto de vista da 
higiene e da saúde pública.
Muito tempo depois, a partir de mea-
dos do século XIX, com os trabalhos de 
Louis Pasteur, Robert Koch e outros, o esta-
belecimento da Teoria Microbiana das Do-
enças Infecciosas pode auxiliar na compre-
ensão gradativa da origem, ocorrência e 
evolução dessas doenças. Essa contribuição 
permitiu a elaboração de medidas sanitá-
rias de controle mais específicas e menos 
empíricas.
A compreensão dos processos infec-
ciosos somados ao avanço da tecnologia, 
tanto da área sanitária como da área de 
diagnóstico e terapêutica, contribuiu enor-
memente para redução dos níveis de inú-
meras doenças e, de certa forma, provocou 
um distanciamentodo entendimento des-
ses processos como resultado das alterações 
do meio ambiente e das condições sociais e 
econômicas das populações.
No entanto, à medida que se verificou 
a consolidação da polarização da divisão 
geopolítica, em países ricos e países pobres, 
consolida-se também um cenário de distri-
buição de doenças distinto. Os países menos 
privilegiados economicamente, carentes de 
recursos sanitários e de planejamento de 
ocupação de território, em sua maioria, 
ainda apresentam altos níveis de morbi-
mortalidade relacionados a causas infeccio-
sas. Estima-se que 4% de todas as mortes e 
5,7% das doenças que ocorrem no mundo 
estejam associadas a condições precárias ou 
inexistentes de saneamento.
Os registros de morbimortalidade 
em países que usufruem de recursos tec-
nológicos mostram que a detenção do 
poder econômico não isenta a população 
dos agravos de saúde por influência dos fa-
tores ambientais. A saúde da população 
desses países, economicamente privilegia-
dos, também sucumbe aos efeitos do seu 
padrão de vida, cada vez mais urbano, con-
sumista, exposto a um contexto de elevado 
adensamento populacional, confinado em 
ambientes com alta concentração de po-
luentes atmosféricos e consumindo alimen-
tos provenientes de cadeias cada vez mais 
complexas e artificiais.
Nesse contexto, emergem padrões ele-
vados de doenças cardiovasculares e degene-
rativas. Portanto, mesmo que apontando 
para prioridades e medidas distintas para o 
enfrentamento das questões relativas à saúde 
da população local, a importância dos fato-
res ambientais fica cada vez mais evidente. 
Esse fato reforça a necessidade de valorização 
da Saúde Ambiental como norteadora de 
políticas públicas de promoção de saúde da 
população.
No Brasil, o conceito de vigilância em 
saúde vem se consolidando nas últimas dé-
cadas. Essa vigilância tem caráter sistêmico, 
buscando ser um elo que reoriente o plane-
jamento e a gestão das diversas vigilâncias 
que vem sendo implementada no Sistema 
Único de Saúde, como a vigilância epide-
miológica, a sanitária, a de saúde do traba-
lhador e mais recentemente a ambiental. 
Esta última pode ser considerada o braço 
operacional da Política Nacional de Saúde 
162 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
Ambiental, pois consiste em um conjunto 
de ações que proporcionam o conhecimen-
to e a detecção de mudanças nos fatores de-
terminantes e condicionantes do meio am-
biente que interferem na saúde humana, 
com a finalidade de identificar as medidas 
de prevenção e controle de fatores de risco 
ambientais relacionados às doenças e a ou-
tros agravos à saúde. Essa estrutura privile-
gia o conceito de geração da informação 
para a ação, viabilizando essas ações no sen-
tido de promover a saúde, superando a esfe-
ra da mera intervenção sobre a doença para 
se voltar à esfera da prevenção desses agra-
vos. Nesse sentido, as principais tarefas da 
Vigilância em Saúde Ambiental se referem 
aos processos de produção, integração, pro-
cessamento e interpretação de informações 
visando ao conhecimento dos problemas de 
saúde relacionados aos fatores ambientais, 
além da execução de ações relativas às ativi-
dades de promoção da saúde, prevenção e 
controle de doenças. A Figura 7.4 mostra a 
ocorrência da meningite durante o período 
de 2004 a 2008 no estado de São Paulo co mo 
forma de ajudar a promover a execução de 
ações de promoção à saúde.
A Epidemiologia é uma das ciências 
fundamentais para a construção e condu-
ção desses estudos e cada vez mais exige a 
participação de uma rede multiprofissional 
bem formada, integrada, para a abordagem 
de um cenário no qual lidera a multifatoria-
lidade.
No que tange aos aspectos preventi-
vos, a epidemiologia avalia riscos, validan-
do estatisticamente a relação de eventos 
ocorridos em grupos populacionais expos-
tos e não expostos ou então entre doentes e 
não doentes.
A Epidemiologia também contribui 
para o monitoramento da situação de saúde 
Figura 7.4
Distribuição espacial dos registros de meningites por município no estado de São Paulo no 
período de 2004 a 2008 (Lourenço e Vedovato, 2010).
53º W
 20º S
25º S
 44º W
0
1 – 30
31 – 60
61 – 90
91 – 104
172
Meio ambiente e sustentabilidade 163
de determinadas populações, na realização 
de avaliações do impacto de mudanças am-
bientais produzidas por projetos econômi-
cos e sociais, no próprio ecossistema local e 
na saúde das populações humanas para a 
tomada de decisão sobre o desenvolvimen-
to de projetos. Essas avaliações têm como fi-
nalidade oferecer informações sobre os pro-
váveis impactos e as possíveis medidas para 
reduzir e ou prevenir essas situações de 
risco.
MUDANÇA DE PARADIGMA 
NA ÁREA DE SAÚDE E 
MEIO AMBIENTE
As últimas décadas registraram vários even-
tos na área tanto de meio ambiente como 
da saúde, documentando a mudança de 
uma série de paradigmas nessas áreas. A 
mudança de valores se reflete na atualização 
do conceito de saúde que reconhece que, 
para enfatizar o viés profilático, deve ser re-
conhecida a relevância da interferência di-
reta ou indireta dos fatores ambientais na 
prevenção de doenças e agravos à saúde hu-
mana.
A Declaração da Conferência sobre 
cuidados Primários de Saúde da OMS-
-UNICEF, que ocorreu em 1978 em Alma-
-Ata, no Cazaquistão, enfatiza a saúde como 
um direito humano fundamental. Permitiu 
que a saúde, como um bem público, se in-
corporasse à legislação nacional e interna-
cional como instrumento de ações que ob-
jetivassem a redução das desigualdades do 
estado de saúde dos povos, principalmente 
entre os de países desenvolvidos e em de-
senvolvimento.
Portanto, a saúde não mais se explica 
exclusivamente pela ausência de doença, 
apoiada principalmente em intervenções 
clínico-cirúrgicas ou em medidas preventi-
vas tradicionais, mas sim como resultado de 
ações de caráter intersetorial, que a conside-
rem um produto e, ao mesmo tempo, um 
insumo do desenvolvimento. Em 1986, 
ocorreu no Canadá a Primeira Conferência 
Internacional sobre a Promoção da Saúde, 
na qual foi promulgada, pela Organização 
Mundial da Saúde, a “Carta de Ottawa para 
promoção da Saúde” atendendo à demanda 
de uma nova concepção de saúde pública. 
Nesse contexto, delineou-se um cenário no 
qual a importância da qualidade do meio 
ambiente era redimensionada para um espa-
ço ecossocial. Definiram-se linhas de ação 
no sentido de se criarem ambientes favorá-
veis à saúde, os chamados ambientes saudá-
veis. Inúmeras conferências internacionais 
sobre o tema se sucederam e vêm influen-
ciando políticas de saúde coletiva dos mais 
diversos países.
O texto da Constituição Federal Brasi-
leira, promulgada em 1988, já reflete essa 
concepção de relação intrínseca entre meio 
ambiente e saúde. Em seu Artigo 196, a 
saúde é definida como direito de todos e 
dever do Estado, garantido mediante políti-
cas sociais e econômicas que visem à redu-
ção do risco de doença e de outros agravos e 
ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e re-
cuperação.
Já em seu Art. 225, prevê que todos 
têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo, preservá-lo 
para as presentes e futuras gerações.
Em 1990 a Organização Mundial da 
Saúde cria uma Comissão de Saúde e Meio 
Ambiente. Durante essa mesma década, o 
Brasil deu início à elaboração da Política 
Nacional de Saúde Ambiental, possibilitan-
do posteriormente a implantação do Siste-
ma de Vigilância em Saúde Ambiental com 
o objetivo de compreender as relações entre 
os elementos ambientais e de saúde sobre os 
quais cabe à saúde pública intervir.
164 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
De acordo com o documento “Subsí-
dios para construção da Política Nacional de 
Saúde Ambiental”, divulgado em 2007 pelo 
Ministério da Saúde, o campo da Saúde Am-
biental compreendea área da saúde pública 
afeita ao conhecimento científico e à for-
mulação de políticas públicas e as corres-
pondentes intervenções (ação) relacionadas 
à interação entre a saúde humana e os fato-
res do meio ambiente natural e antrópico 
que a determinam, condicionam e influen-
ciam, com vistas a melhorar a qualidade de 
vida do ser humano sob o ponto de vista da 
sustentabilidade.
Nesse sentido, a articulação e a visão 
de indissociabilidade entre as áreas de meio 
ambiente e saúde aponta para a necessidade 
de ações preventivas, tanto relacionadas à 
proteção do meio ambiente como à promo-
ção de saúde. No caso particular da vigilân-
cia em saúde, a Fundação Nacional de 
Saúde (FUNASA) estruturou o Sistema Na-
cional de Vigilância Ambiental em Saúde 
(SINVAS). Sua regulamentação através da 
Instrução Normativa No 1 do Ministério da 
Saúde, de 25 de setembro de 2001, definiu 
competências no âmbito federal dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios e, 
para esses fins, apontou também como 
prioridades para intervenção os fatores bio-
lógicos representados pelos vetores, hospe-
deiros, reservatórios e animais peçonhen-
tos; e os fatores não biológicos, que incluem 
a qualidade da água para consumo huma-
no, ar, solo, contaminantes ambientais, de-
sastres naturais e acidentes com produtos 
perigosos.
A Vigilância Ambiental em Saúde é 
definida pela Fundação Nacional da Saúde 
como um conjunto de ações que proporciona 
o conhecimento e a detecção de qualquer mu-
dança nos fatores determinantes e condicio-
nantes do meio ambiente que interferem na 
saúde humana, com a finalidade de identifi-
car as medidas de prevenção e controle dos fa-
tores de risco ambientais relacionados às do-
enças ou outros agravos à saúde. Compete ao 
sistema produzir, integrar, processar e in-
terpretar informações que sirvam de ins-
trumentos para que o Sistema Unificado de 
Saúde possa planejar e executar ações relati-
vas à promoção de saúde e de prevenção e 
controle de doenças relacionadas ao am-
biente.
A Vigilância em Saúde Ambiental foi 
estruturada por meio do Subsistema Nacio-
nal de Vigilância em Saúde Ambiental, re-
gulamentado pela Instrução Normativa 
MS/SVS Nº 1, de 7 de março de 2005. O 
Subsistema Nacional de Vigilância em 
Saúde Ambiental – SINVSA compreende o 
conjunto de ações e serviços prestados por 
órgãos e entidades públicas e privadas, rela-
tivos à vigilância em saúde ambiental, vi-
sando ao conhecimento e à detecção ou pre-
venção de qualquer mudança nos fatores 
determinantes e condicionantes do meio 
ambiente que interferem na saúde humana, 
com a finalidade de recomendar e adotar 
medidas de promoção da saúde ambiental, 
prevenção e controle dos fatores de risco re-
lacionados às doenças e outros agravos à 
saúde, em especial:
I. água para consumo humano;
II. ar;
III. solo;
IV. contaminantes ambientais e substân-
cias químicas;
V. desastres naturais;
VI. acidentes com produtos perigosos;
VII. fatores físicos; e
VIII. ambiente de trabalho.
Parágrafo Único – Os procedimentos de vi-
gilância epidemiológica das doenças e agra-
vos à saúde humana associados a contami-
nantes ambientais, especialmente os rela-
cionados com a exposição a agrotóxicos, 
amianto, mercúrio, benzeno e chumbo serão 
de responsabilidade da Coordenação Geral de 
Vigilância Ambiental em Saúde – CGVAM.
O conceito ampliado de exposição, 
tratado não como um atributo da pessoa, 
Meio ambiente e sustentabilidade 165
mas como conjunto de relações complexas 
entre a sociedade e o ambiente, é central 
para a definição de indicadores e para a 
orientação da prática de vigilância ambien-
tal. Entre as dificuldades encontradas para 
sua efetivação no Sistema Único de Saúde 
no Brasil, estão a necessidade de reestrutu-
ração das ações de vigilância em saúde e a 
formação de equipes multidisciplinares, 
com capacidade de diálogo com outros se-
tores, além da construção de sistemas de in-
formação capazes de auxiliar a análise de si-
tuações de saúde e a tomada de decisões. 
Por exemplo, a Figura 7.5 mostra o poten-
Figura 7.5
Mapa da distribuição espacial do Risco Relativo da incidência de tuberculose em Rio Claro, 
São Paulo, Brasil.
166 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
cial do uso de indicadores de risco para ges-
tão e planejamento em vigilância ambiental 
que, muitas vezes, não são incorporados aos 
métodos de análise.
Como tentativa de articular as 
esferas governamentais e demais atores 
envolvidos nesse processo e consolidar a 
Política Na-cional de Saúde Ambiental, o 
Ministério de Meio Ambiente programou 
para dezembro de 2009, em Brasília, a I 
Conferência Nacio-nal de Saúde 
Ambiental.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
DICA DO PROFESSOR
O vídeo a seguir contém uma contextualização relacionada com as prevenções e com as ações 
de vigilância ambiental.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) O que compreende o Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental 
(SINVSA)? 
A) Compreende a programação pactuada integrada da área de vigilância em saúde.
B) É o estado de bem-estar físico, mental e social,e não meramente a ausência de doença, 
passando do modelo biológico de ser humano para o modelo biopsicossocial.
C) Conjunto de ações e serviços prestados por órgãos e por entidades públicas e privadas 
referentes à vigilância em saúde ambiental.
D) Processos infecciosos somados ao avanço da tecnologia, tanto da área sanitária como da 
área de diagnóstico e terapêutica.
E) Ciência para a construção e condução de estudos com participação de uma rede 
multiprofissional bem formada e integrada.
2) Segundo a regulamentação da Instrução Normativa MS/SVS No 1, de 7 de março de 
2005, a vigilância em saúde ambiental tem a finalidade de recomendar e de adotar 
medidas de promoção da saúde ambiental, de prevenção e controle dos fatores de 
risco relacionados com as doenças e outros agravos à saúde, em especial, os itens das 
alternativas a seguir, EXCETO: 
A) Água para consumo humano, ar.
B) Solo e contaminantes ambientais, substâncias químicas.
C) Desastres naturais e acidentes com produtos perigosos.
D) Fatores biológicos e patogênicos.
E) Fatores físicos e ambiente de trabalho.
3) Que palavra definiria vigilância em saúde ambiental? 
A) Esgoto.
B) Saúde.
C) Sustentabilidade.
D) Legislação.
E) Resíduos.
4) No Brasil, o conceito de vigilância em saúde tem um elo que reorienta o planejamento 
e a gestão das diversas vigilâncias. Onde estas vêm sendo implementadas? 
A) No Sistema Único de Saúde (SUS).
B) Na vigilância epidemiológica.
C) Na vigilância do trabalhador.
D) Na vigilância sanitária.
E) Conforme Norma ISO 14.001.
5) Qual imagem resume, conforme o estudado, as ações e a prevenção da vigilância em 
saúde ambiental? 
A) 
 
B) 
 
C) 
 
D) 
 
E) 
 
NA PRÁTICA
Imagine que você deverá realizar um plano de saneamento básico em seu munícipio, 
englobando também as questões de vigilância em saúde ambiental. São feitas várias reuniões 
para discussão do assunto, e verifica-se cada tópico a ser englobado no plano. 
Nesse sentido, resolve-se inserir um cronograma para as obras que serão incorporadas ao plano 
de saneamento do município, indicando os locais que são foco de contaminação como 
prioritários para o início do projeto. Além disso, você sugere, e é apoiado por todos, a realização 
de programas de prevenção junto a esses locais focos de contaminação e que abrigam, na grande 
maioria, comunidades de baixa renda.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Meio Ambiente e Sustentabilidade
ROSA, André Henrique; FRACETO, Leonardo Fernandes; CARLOS, Viviane Moschini. Meio 
Ambiente e Sustentabilidade. Editora: Bookman. Capítulo 7, páginas 155 a 176.
Vigilância ambiental em saúdee sua implantação no Sistema Único de Saúde
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Gestão da vigilância à saúde
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Fontes de água: características físicas, 
químicas e biológicas 
APRESENTAÇÃO
A água sempre foi essencial desde o começo da história da Terra e em todo seu processo de 
desenvolvimento e evolução. O motivo pelo qual esse recurso natural é tão importante para a 
manutenção da vida no planeta reside em suas características. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, serão estudadas as principais fontes de água e suas 
características físicas, químicas e biológicas. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar as principais características físicas, químicas e biológicas da água.•
Reconhecer as variáveis que determinam as condições de qualidade da água.•
Relacionar as características dessa substância com a sua potabilidade.•
DESAFIO
As algas são uma designação abrangente de plantas simples, as quais obtêm a sua fonte de 
energia primária por meio do processo de fotossíntese. Em algumas situações, pode-se perceber 
a reprodução excessiva dessas algas, promovendo um processo conhecido como eutrofização. 
Esse processo pode ter causas naturais e antrópicas.
A partir dessa contextualização inicial, você deverá pesquisar e analisar um caso real em que a 
ocorrência de algas interferiu de alguma forma na rotina da cidade e, em seguida, elaborar um 
texto com as seguintes informações:
- Resumo do caso com as principais informações. 
- Identificação da alga. 
- Se a ocorrência interferiu na qualidade e na potabilidade da água. 
- Qual foi o posicionamento da empresa (autoridades do governo) de abastecimento e tratamento 
de água da localidade diante da população a respeito da ocorrência da alga e qual foi a sua 
interferência no consumo de água. Na sua opinião, a postura foi adequada?
INFOGRÁFICO
Para que se possa avaliar a qualidade da água para o consumo, é fundamental saber identificar e 
conceituar as características da natureza da água. No infográfico a seguir, há um esquema que 
apresenta essa relação.
 
CONTEÚDO DO LIVRO
Para melhor compreensão dos temas abordados nesta Unidade de Aprendizagem, acompanhe 
um trecho do livro Elementos da natureza e propriedades dos solos.
Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150
B812e Brady, Nyle C. 
 Elementos da natureza e propriedades dos solos [recurso 
 eletrônico ] / Nyle C. Brady, Ray R. Weil ; tradução técnica: 
 Igo Fernando Lepsch. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto 
 Alegre : Bookman, 2013.
 Editado também como livro impresso em 2013.
 ISBN 978-85-65837-79-8
 1. Ciência do solo. 2. Pedologia. I. Weil, Ray R. 
 II. Título.
CDU 613.4
Quando a terra conseguirá...
absorver a água da chuva com
a mesma rapidez com que ela cai?
— H. D. Thoreau, THE JOURNAL Le
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5
A Água do Solo: 
Características e 
Comportamento
A água, um dos mais simples compostos químicos da natureza, é um componente vital de to-
das as células vivas. Suas propriedades exclusivas propiciam uma grande variedade de proces-
sos físicos, químicos e biológicos. Esses processos têm grande influência sobre quase todos os 
aspectos da formação e do comportamento do solo, da intemperização de minerais à decom-
posição da matéria orgânica, do crescimento das plantas à poluição das águas subterrâneas.
Todos nós estamos acostumados com a água. Dela bebemos, com ela nos lavamos e nela 
nadamos. Mas a água no solo é muito diferente daquela contida em um copo. No solo, a 
associação íntima entre a água e as suas partículas altera o comportamento de ambos. A água 
faz com que as partículas do solo se expandam e se contraiam para unirem-se umas às outras 
e formarem os agregados estruturais. Além disso, ela participa de inúmeras reações químicas 
que liberam ou imobilizam nutrientes, geram acidez e desgastam os minerais, de modo que 
os elementos que os constituem possam, enfim, contribuir para a salinidade dos 
oceanos.
Certos fenômenos que ocorrem com a água do solo parecem contradizer o 
nosso entendimento sobre como a água deve se comportar. Parte da circu-
lação livre das moléculas de água é restringida pelas superfícies sólidas 
que as atraem, fazendo com que se comportem de uma forma menos 
líquida e mais sólida. No solo, a água pode fluir tanto para cima como 
para baixo. As plantas podem murchar e morrer em um solo cujo perfil 
contém um milhão de quilos de água por hectare. Uma camada de areia 
ou cascalho em um perfil de solo pode, de fato, inibir a drenagem, ao invés 
de melhorá-la.
As interações solo-água determinam suas taxas de perda por lixiviação, 
escoamento superficial e evapotranspiração, bem como o equilíbrio entre o ar 
e a água nos poros do solo, a taxa de mudança na temperatura do solo, a taxa 
(e tipo de metabolismo) dos organismos do solo, além de capacitar os solos a 
armazenarem (e fornecerem) água para o crescimento das plantas.
As características e o comportamento da água no solo abrangem um assun-
to que inter-relaciona quase todos os capítulos deste livro. Os princípios desen-
volvidos neste capítulo irão nos ajudar a entender por que os deslizamentos de 
Capítulo 5 A Água do Solo: Características e Comportamento 147
terra ocorrem em solos saturados com água (Capítulo 4); por que as minhocas podem melho-
rar a qualidade do solo (Capítulo 10), por que as terras úmidas contribuem para a destruição 
da camada global de ozônio (Capítulo 12) e por que a fome persegue a humanidade em certas 
regiões do mundo. Compreender os princípios apresentados neste capítulo é fundamental 
para se trabalhar com o sistema solo.
5.1 ESTRUTURA E PROPRIEDADES ASSOCIADAS À ÁGUA1
A capacidade da água de influenciar tantos processos do sistema solo é determinada 
de forma fundamental pelo tipo de estrutura da molécula de água. Essa estrutura 
também é responsável pelo fato de a água estar presente na Terra mais na forma líqui-
da, não na de um gás. Com exceção do mercúrio, a água é o único líquido inorgânico 
(sem ser à base de carbono) encontrado na Terra em condições normais de temperatura e 
pressão. A água é um composto simples: suas moléculas individuais contêm um átomo de oxi-
gênio e dois átomos, muito menores, de hidrogênio. Esses dois elementos estão ligados por co-
valência, ou seja, cada átomo de hidrogênio compartilha seu único elétron com o de oxigênio.
Polaridade
Os átomos de hidrogênio, em vez de se alinharem simetricamente em cada lado do átomo de 
oxigênio (H-O-H), estão ligados ao oxigênio em um arranjo em forma de V, com um ângulo 
de apenas 105°. Por isso, a água é uma molécula assimétrica, com seus elétrons orbitando 
mais tempo quando estão mais próximos do oxigênio do que do hidrogênio. Consequente-
mente, as moléculas de água apresentam polaridade, isto é, suas cargas não estão distribuídas 
uniformemente; pelo contrário, o lado em que os átomos de hidrogênio se situam tende a ser 
eletropositivo, e o lado oposto, eletronegativo.
A polaridade explica por que as moléculas de água são atraídas tanto por íons eletrostati-
camente carregados como por superfícies coloidais. Cátions, como H+, Na+, K+ e Ca2+, se hi-
dratam por meio de sua atração pelo lado (negativo) onde se situa o oxigênio das moléculas de 
água. Da mesma forma, as superfícies de argila carregadas negativamente atraem água, desta 
vez através do lado (positivo) do hidrogênio da molécula. A polaridade das moléculas de água 
também provoca a dissolução dos sais na água, já que os seus componentes iônicos têm uma 
maior atração pelas moléculas de água do que uns pelos outros.
Ligações de hidrogênio
Por meio de um fenômeno chamado de ligação de hidrogênio (ou “ponte de hidrogênio”), 
um dos átomos de hidrogênio de uma molécula de água é atraído pelo oxigênio de uma molé-
cula de água vizinha,formando assim uma ligação de baixa energia entre essas duas moléculas. 
Esse tipo de ligação é responsável pela polimerização da água.
Coesão, adesão e tensão superficial
O fenômeno da ligação de hidrogênio explica as duas forças básicas responsáveis pela retenção 
e movimento da água nos solos: a atração das moléculas de água umas pelas outras (coesão) e 
a atração das moléculas de água por superfícies sólidas (adesão). Algumas moléculas de água 
são retidas rigidamente nas superfícies dos sólidos do solo por adesão (também chamada de 
adsorção). Por sua vez, essas moléculas de água fortemente ligadas se unem, por coesão, a ou-
tras moléculas de água mais distantes das superfícies sólidas (Figura 5.1). As forças de adesão e 
de coesão tornam possível para os sólidos do solo reter água e controlar o seu uso e movimen-
1 Para informações mais detalhadas sobre as interações água-solo, consulte Hillel (1998) e Warrick (2001).
Propriedades da água:
www.biologylessons.sdsu.
edu/classes/lab1/semnet/
water.htm
148 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos
to. A adesão e a coesão também tornam possível a plasticidade, que é uma das características 
das argilas (Seção 4.9).
A tensão superficial é outra propriedade importante da água que influencia significati-
vamente seu comportamento no solo. Nas interfaces líquido-ar, a tensão superficial decorre 
do fato de as moléculas de água terem uma maior atração entre si (coesão) do que pelo ar. O 
efeito disso é uma força dirigida da superfície da água para o seu interior, o que faz com que 
ela se comporte como se a superfície fosse coberta com uma membrana elástica esticada (Fi-
gura 5.2). Devido à elevada atração relativa das moléculas de água umas pelas outras, a água 
passa a ter uma elevada tensão superficial (72,8 N/mm a 20°C), se comparada à maioria dos 
outros líquidos (por exemplo, 22,4 N/mm para o etanol, que é outro composto de baixo peso 
molecular). Como veremos, a tensão superficial é um fator importante para o fenômeno da 
capilaridade, que determina como a água é retida no solo.
Figura 5.1 Ilustração das forças de coesão (entre as 
moléculas de água) e adesão (entre a água e uma su-
perfície sólida) em um sistema solo-água. Essas forças 
são em grande parte resultado das ligações de hi-
drogênio, mostradas na forma de linhas tracejadas. A 
força de adesão, ou adsorção, decresce rapidamente 
com a diminuição da distância em relação à superfície 
sólida. A coesão de uma molécula de água com outra 
forma aglomerados temporários que estão em cons-
tante mudança no tamanho e na forma, à medida que 
as moléculas individuais se libertam ou se juntam com 
outras. A coesão entre as moléculas de água também 
faz com que os sólidos limitem a liberdade dessas 
moléculas até a interface sólido-líquido.
H
H
O
H
H
O
H
H
OH
H
H
H
O
H
H
O
H
H
O
H
O
H
H
O
H
H
O
O H
H
O
H
O
H
H
H
H
O
H
H
O
H
O
H
H
H
O
H
O
H
H
H
O
Superfície
da
partícula
de solo
AdesãoCoesão
Ligações de
hidrogênio
 
Figura 5.2 Evidências da tensão superficial da água em nosso dia a dia. À esquerda: insetos pousando na água sem 
se afundarem. À direita: exemplo de forças de coesão e adesão fazendo com que uma gota d’água seja mantida entre 
os dedos que se separam. (Fotos: cortesia de R. Weil)
Capítulo 5 A Água do Solo: Características e Comportamento 149
5.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CAPILARIDADE E ÁGUA 
DO SOLO
O movimento da água subindo em um pavio é um bom exemplo do fenômeno da 
capilaridade. Duas são as forças responsáveis pela capilaridade: (1) a atração da água 
em direção a um sólido (adesão ou adsorção) e (2) a tensão superficial da água, que 
em grande parte se deve à atração das moléculas de água entre si (coesão).
Mecanismos da capilaridade
A capilaridade pode ser demonstrada colocando-se a extremidade de um tubo fino de 
vidro dentro d’água. A água se eleva no interior do tubo e, quanto menor o seu raio 
interno, mais a água subirá. As moléculas de água são atraídas para os lados do tubo (adesão) 
e começam a se espalhar ao longo do vidro, em resposta a essa atração. Ao mesmo tempo, as 
forças coesivas unem as moléculas de água entre si, criando tensão superficial e provocando 
a formação de uma superfície curva (chamada de menisco) na interface entre a água e o ar do 
tubo. A pressão menor sob o menisco no tubo de vidro permite que a maior pressão sobre o 
líquido, que não está em contato direto com as paredes laterais, empurre a água para cima. O 
processo continua até que a água tenha atingido altura suficiente no tubo para que seu peso 
equilibre a pressão diferencial na largura do menisco.
A altura de elevação em um tubo capilar é inversamente proporcional ao raio interno do 
tubo r. A ascensão capilar é também inversamente proporcional à densidade do líquido e di-
retamente proporcional à sua tensão superficial, bem como ao grau de sua atração adesiva ao 
tubo (ou superfície do solo). Se limitarmos nossa consideração para a água a uma dada tempe-
ratura (por exemplo, 20°C), então esses fatores podem ser combinados em uma única constan-
te, e podemos usar uma equação simples da capilaridade para calcular a altura da ascensão h:
 (5.1)
onde h e r são expressos em centímetros. Esta equação nos diz que, quanto mais fino for o 
tubo, maior será a força capilar e maior a ascensão da água no tubo (Figura 5.3a).
Altura da ascensão nos solos
As forças capilares atuam em todos os solos úmidos. No entanto, a altura da ascensão e a taxa 
do movimento capilar são menores do que o previsível, se com base apenas no tamanho dos 
poros do solo. Uma das razões é que esses poros não são aberturas retilíneas e uniformes como 
os tubos de vidro. Além do mais, alguns poros do solo estão cheios de ar, o que pode estar 
dificultando, ou mesmo impedindo, o movimento da água por capilaridade (Figura 5.3b).
Sendo o movimento capilar condicionado pelo tamanho dos poros, é a distribuição desses 
poros, conforme abordado no Capítulo 4, que determina em grande parte a magnitude e a 
velocidade do movimento da água capilar no solo. Em solos arenosos, a abundância de poros 
capilares de tamanho médio a grande permite um rápido aumento inicial da ascensão capilar, 
mas limita a sua altura final2 (Figura 5.3c). As argilas têm uma elevada proporção de poros 
capilares muito finos; contudo, as forças de atrito diminuem a taxa com que a água se move 
através deles. Consequentemente, nos solos argilosos a ascensão capilar é lenta, mas, com o 
tempo, geralmente excede a de solos arenosos. Os solos de textura franca apresentam proprie-
dades capilares intermediárias entre os arenosos e os argilosos.
2 Note que, se a água sobe por capilaridade a uma altura de 37 cm acima da superfície livre da água, em um solo de 
textura arenosa (como mostrado no exemplo da Figura 5.3c), então será possível estimar (reorganizando a equação 
capilar para r � 0,15/h) que os menores poros contínuos devem ter um raio de cerca de 0,004 cm (0,15/37 � 
0,004). Esse cálculo dá uma ideia aproximada do raio efetivo mínimo dos poros capilares em um solo.
Mude o raio capilar 
(Kappilarradius) para ver a 
subida da água. Universität 
Heidelberg:
http://www.ito.ethz.
ch:16080/filep/inhalt/
seiten/exp1200/
animation_1200.htm
150 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos
A capilaridade é tradicionalmente ilustrada como uma acomodação para cima. Mas o mo-
vimento ocorre em todas as direções, já que as atrações entre os poros do solo e a água são 
igualmente eficazes na formação de um menisco de água, tanto nos poros horizontais como nos 
verticais (Figura 5.4). A importância da capilaridade no controle do movimento da água em po-
ros pequenos ficará mais evidente quando abordarmos os conceitos de energia da água do solo.
Movimento da água por capilaridade
(c)
(a) (b)
Areia
grossa
Raio do tubo
h
h
h
Areia
finah (cm) = 
0,15 (cm2)
r (cm)
Tex
tura
 fra
nco
-aren
osa
Tex
tura
 fra
nco
-arg
ilos
a
Textura
areia
10 2 3
80
100
60
40
200
Tempo (dias)
A
sc
en
sã
o
 c
ap
ila
r 
(c
m
)
4 5 6
Figura 5.3 Movimento capilar ascendente da água através de tubos com raios internos diferentes e em solos com dife-
rentes tamanhos de poros. (a) A equação capilar pode ser representada graficamente para mostrar que a altura de ascen-
são h dobra quando o raio interno do tubo é reduzido pela metade. Essa relação pode ser demonstrada usando-se tubos 
de vidro de diferentes raios. (b) O mesmo princípio também correlaciona tamanhos de poros em um solo com a altura 
da ascensão capilar, mas a elevação da água no solo é bastante desordenada e irregular por causa da forma tortuosa e 
variável do tamanho dos poros do solo (bem como a ocorrência de bolsões de ar aprisionado). (c) Quanto mais fina for a 
textura do solo, maior será a proporção de poros de pequeno porte e, portanto, maior será também a elevação total da 
água acima de um lençol freático livre. No entanto, por causa das forças de atrito muito maiores nos poros menores, a as-
censão capilar é muito mais lenta nos solos de textura mais fina do que nos de textura arenosa. (Diagramas: cortesia de R. Weil)
 
Figura 5.4 Neste campo irrigado no Estado do Arizona (EUA), a água subiu por capilaridade, distanciando-se do sul-
co de irrigação em direção ao topo do camalhão (foto à esquerda), bem como horizontalmente para ambos os lados 
(foto à direita). (Fotos: cortesia de N. C. Brady)
Capítulo 5 A Água do Solo: Características e Comportamento 151
5.3 CONCEITOS DE ENERGIA DA ÁGUA DO SOLO
Todos os dias podemos perceber que as coisas tendem para um estado de energia 
mais baixo (e que é preciso fornecer energia e trabalho para impedir que isso acon-
teça). Ao usar um telefone celular, a bateria irá descarregar, passando de um estado 
de carga total e de energia potencial elevada para um estado descarregado, de baixa 
energia. Se você largar esse telefone, ele cairá de seu estado de energia potencial, rela-
tivamente alta, em sua mão, para um estado de menor energia potencial, no chão (onde estará 
mais perto da fonte de força gravitacional). A diferença nos níveis de energia (a altura acima 
do chão na qual você está segurando o telefone) determina quão fortemente a transição irá 
ocorrer. A água do solo não é diferente – ela tende a passar de um estado de alta energia para 
um de baixa energia. Assim como no caso do celular, a diferença nos níveis de energia da água 
nos pontos afastados no perfil do solo é o que faz com que ela se movimente.
Forças que afetam a energia potencial
Na seção anterior, a discussão sobre a estrutura e as propriedades da água mostrou a existência 
de três forças importantes que afetam o nível de energia da água do solo. A primeira, a adesão, 
ou atração da água para os sólidos do solo (matriz), fornece uma força matricial (responsável 
pela adsortividade e capilaridade) que produz uma acentuada redução no estado de energia da 
água perto da superfície das partículas. A segunda, a atração de íons e outros solutos pela água, 
resulta em forças osmóticas, as quais exercem a tendência para reduzir o estado energético da 
água na solução do solo. A movimentação osmótica da água pura, através de uma membrana 
semipermeável para o interior de uma solução, é uma prova do estado de energia livre mais re-
duzido da solução. A terceira grande força em ação na água do solo é a gravidade, que sempre 
tende a puxar o líquido para baixo. O nível de energia da água no solo em uma determinada 
altura no perfil é, portanto, maior que o da água a uma altura mais baixa. É essa diferença no 
nível de energia que faz com que o fluxo de água se direcione para baixo.
Potencial da água do solo
A diferença no nível de energia da água de uma posição ou de uma condição para outra (p. ex., 
entre um solo saturado com água e um solo seco) determina a direção e a velocidade do movi-
mento da água nos solos e nas plantas. Em um solo saturado com água, a maior parte dela é re-
tida em poros grandes na forma de espessas películas em torno de partículas; portanto, a maioria 
das moléculas de água em um solo nessas condições não está muito próxima de uma superfície 
de partícula e, por isso, não são retidas com muita força pelos sólidos (ou matriz) do solo. Dessa 
forma, as moléculas de água têm uma considerável liberdade de movimento, sendo que seu nível 
de energia permanece próximo ao das moléculas de água pura, como em uma poça d’água sobre 
o solo. No entanto, em um solo mais seco, a água residual está localizada em pequenos poros 
dentro dos quais ela está na forma de delgadas películas – permanecendo, assim, firmemente 
retida pelos sólidos do solo. Por isso, as moléculas de água em um solo não saturado têm pouca 
liberdade de movimento, e seu nível de energia é muito menor do que o das moléculas de água 
no solo saturado. Se as amostras de solo saturado e seco são postas em contato umas com as ou-
tras, a água vai passar do solo saturado (estado de alta energia) para o solo seco (baixa energia).
Para avaliar o estado da energia da água do solo em uma determinada posição do seu per-
fil, seu nível de energia é comparado com o da água pura em temperatura e pressão normais, 
não afetada pelo solo e localizada a certa altura de referência. A diferença de níveis de energia 
entre esta água livre, no estado de referência, e o da água do solo é denominado potencial 
da água do solo (Figura 5.5). Os termos potencial e pressão implicam em uma diferença no 
estado de energia. A água irá passar de uma zona do solo com alto potencial para outra com 
Energia da água do solo e 
sua dinâmica:
http://faculty.washington.
edu/slb/esc210/soils15.pdf
152 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos
um menor potencial de água do solo. Esse fato deve ser sempre considerado quando estamos 
cogitando sobre o comportamento da água nos solos.
Diversas forças estão envolvidas no potencial da água do solo, sendo cada uma delas um 
componente do potencial total da água do solo, �t. Esses componentes decorrem de dife-
renças nos níveis de energia, os quais são o resultado das forças gravitacional, matricial, hi-
drostática submersa e osmótica – chamados, respectivamente, de potencial gravitacional, �g, 
potencial matricial, �m, potencial hidrostático, �h, e potencial osmótico, �o. Todos esses 
componentes atuam simultaneamente, influenciando o comportamento da água nos solos. 
A relação geral do potencial da água do solo com os níveis de energia potencial é ilustrada na 
Figura 5.5 e pode ser expressa como:
 �t � �g + �m + �o + �h + ... (5.2)
onde as reticências (...) indicam a possível contribuição de potenciais adicionais ainda não 
mencionados.
Potencial gravitacional A força da gravidade atrai a água do solo em direção ao cen-
tro da Terra. O potencial gravitacional, �g, da água do solo é o produto da aceleração 
decorrente da gravidade e da altura da água no solo acima de um plano de referência. 
A altura do plano de referência é geralmente escolhida dentro do perfil do solo, ou no 
seu limite inferior, para garantir que o potencial gravitacional da água do solo acima 
do plano de referência seja sempre positivo.
Potencial gravitacional:
http://zonalandeducation.
com/mstm/physics/
mechanics/energy/
gravitational 
PotentialEnergy/
gravitationalPotential 
Energy.html
0
+
–
–
Energia potencial da água do
solo em uma altura maior que a
do estado de referência padrão
O nível de energia potencial
da água livre em estado
de referência padrão é
dado como zero
Potencial
gravitacional
Nível da energia potencial
da água contendo sais
e outros solutos
O
 n
ív
el
 d
e 
en
er
g
ia
 é
 m
ai
o
r
d
o
 q
ue
 n
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O
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a 
e 
liv
re
no
 p
la
no
 d
e 
re
fe
rê
nc
ia
N
eg
at
iv
o
Nível da energia potencial da água
atraída pelos sólidos (matriz) do solo
Potencial
osmótico
Potencial
matricial
Figura 5.5 Relação entre a energia potencial da águalivre em um estado de referência padrão (pressão, temperatura 
e altura) e a da água do solo. Se a água do solo contém sais e outros solutos, a atração mútua entre as moléculas de 
água e estes compostos químicos reduz a energia potencial da água, sendo o grau de redução denominado potencial 
osmótico. Da mesma forma, a atração mútua entre os sólidos (ou matriz) do solo e as moléculas da água do solo tam-
bém reduzem a energia potencial da água. Neste caso, a redução é chamada de potencial matricial. Uma vez que am-
bas as interações reduzem o nível da energia potencial da água quando comparado com o da água livre, as mudanças 
no nível de energia (potencial osmótico e matricial) são todas consideradas negativas. Em contraste, as diferenças de 
energia devidas à gravidade (potencial gravitacional) são sempre positivas, porque a altura de referência da água livre 
é propositadamente indicada em um ponto no perfil do solo, inferior ao da água do solo. A raiz de uma planta, quando 
tenta remover água de um solo úmido, tem que superar todas essas três forças simultaneamente.
Capítulo 5 A Água do Solo: Características e Comportamento 153
Após fortes chuvas, derretimento de neve ou irrigação, a força da gravidade desempenha 
um importante papel na remoção do excesso de água dos horizontes superiores, bem como na 
recarga das águas subterrâneas situadas abaixo do perfil do solo (Seção 5.5).
Potencial de pressão O componente de pressão potencial é responsável por todos os outros 
efeitos do potencial da água do solo, além da gravidade e dos níveis de solutos. O potencial de 
pressão, na maioria das vezes, inclui (1) a pressão hidrostática positiva decorrente do peso da 
água em solos saturados e aquíferos e (2) a pressão negativa decorrente das forças de atração 
entre a água e os sólidos ou a matriz do solo.
O potencial hidrostático, �h, é um componente que é operacional apenas para água em 
zonas saturadas abaixo do lençol freático. Qualquer pessoa que tenha mergulhado para o fun-
do de uma piscina já sentiu a pressão hidrostática nos seus tímpanos.
A atração da água para as superfícies sólidas dá origem ao potencial matricial, �m, que é 
sempre negativo porque a água atraída pela matriz do solo tem um estado de energia menor 
do que o da água livre. (Essas pressões negativas são muitas vezes referidas como sucção ou 
tensão, significando que os seus valores são positivos.) O potencial matricial opera em um solo 
não saturado situado acima de um lençol freático (Figura 5.6).
O potencial matricial, �m, que resulta de forças adesivas e capilares, influencia tanto a re-
tenção como o movimento da água do solo. Diferenças entre os dois �m de duas zonas adja-
centes do solo promovem o movimento da água de áreas mais úmidas (estado de alta energia) 
para áreas mais secas (estado de baixa energia) ou de poros grandes para poros pequenos. 
Embora esse movimento possa ser lento, ele é extremamente importante para o fornecimento 
de água às raízes das plantas e para aplicações em obras de engenharia.
Potencial osmótico O potencial osmótico, �o, é atribuído tanto à presença de 
solutos inorgânicos como orgânicos na solução do solo. Como as moléculas de 
água se aglomeram em torno dos íons ou de moléculas de solutos, a facilidade de 
circulação (e, portanto, a energia potencial) da água é reduzida. Quanto maior a 
Animação sobre osmose:
http://www.stolaf.
edu/people/giannini/
flashanimat/transport/
osmosis.swf
0
Potencial de pressão
Potencial
hidrostático,
valores
positivos
–
+
+
Nível freático
Profundidade
no perfil
do solo
–
PotencialPotencial
matricial,matricial,
valores negativosvalores negativos
–
Potencial
matricial,
valores negativos
Figura 5.6 Tanto o potencial matricial como o hidrostático são potenciais de pressão que podem contribuir para 
o potencial total da água. O potencial matricial é sempre negativo, e o hidrostático é positivo. Quando a água está 
em um solo não saturado acima do lençol freático (acima da zona saturada), ela está sujeita à influência de potenciais 
matriciais. Por outro lado, a água situada em um solo saturado abaixo do nível freático está sujeita a potenciais hidros-
táticos. No exemplo mostrado aqui, o potencial matricial diminui linearmente à medida que a altura acima do lençol 
freático aumenta, o que significa que a água que se eleva acima do lençol freático, por atração capilar, é a única fonte 
de água neste perfil. A chuva ou a irrigação (ver linha pontilhada) iria alterar (ou curvar) a linha reta, mas não alteraria 
as relações fundamentais aqui ilustradas.
154 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos
concentração de solutos, mais reduzido será o potencial osmótico. Como sempre, a água 
tenderá a se mover em direção a um ponto onde seu nível de energia é menor; neste caso, 
para a zona de maior concentração de soluto. No entanto, a água em estado líquido somente 
se moverá em resposta a diferenças de potencial osmótico (o processo denominado osmose) 
se existir uma membrana semipermeável entre as zonas de alto e baixo potencial osmótico, 
permitindo que somente a água passe e impedindo o movimento do soluto. Se nenhuma mem-
brana estiver presente, o movimento do soluto, em vez do da água, iguala em grande parte 
as concentrações.
Por as diferentes zonas do solo normalmente não estarem separadas por membranas, o 
potencial osmótico, �o, tem pouco efeito sobre o movimento da massa de água dos solos. 
Seu efeito principal é constatado pela absorção de água pelas células das raízes das plantas 
que estão isoladas da solução do solo pelas suas membranas celulares semipermeáveis. Em 
solos ricos em sais solúveis, �o pode ser menor (ter um valor negativo maior) na solução 
do solo do que nas células da raiz da planta; isso leva a restrições na absorção de água pelas 
raízes das plantas. Em um solo muito salino, o potencial osmótico da água do solo pode 
ser suficientemente baixo para fazer com que plântulas novas entrem em colapso (ou se 
plasmolisem) à medida que a água caminha das células para a zona de menor potencial 
osmótico do solo.
Métodos de expressão dos níveis de energia
Várias unidades podem ser usadas para expressar as diferenças nos níveis de energia da água 
do solo. Um deles é a altura de uma coluna de água (geralmente em centímetros), cujo peso se 
iguala ao potencial considerado. Já vimos esse meio de expressão quando definimos o signi-
ficado do h na equação da capilaridade (Seção 5.2), a qual nos fornece o potencial matricial 
da água em um poro capilar. Uma segunda unidade é a pressão atmosférica padrão ao nível do 
mar, que é de 760 mm Hg ou 1020 cm de água. Outra unidade denominada bar tem valores 
aproximadamente iguais aos da pressão de uma atmosfera padrão. A energia pode ser expressa 
por unidade de massa (joules/kg) ou por unidade de volume (newtons/m2). No Sistema 
Internacional de Unidades (SI), 1 pascal (Pa) é igual a 1 newton (N) atuando sobre uma área 
de 1 m2. Neste livro, usamos Pa ou quilopascal (kPa) para expressar o potencial de água no 
solo. Considerando que outras publicações podem usar outras unidades, a Tabela 5.1 mostra a 
equivalência entre os meios mais comuns de expressar os potenciais da água do solo.
Tabela 5.1 Equivalentes aproximados entre expressões de potencial da água do solo e o 
diâmetro equivalente de poros esvaziados de água
Altura da coluna 
unitária de água, cm
Potencial da água
do solo, bars
Potencial da água
do solo, kPaa
Diâmetro 
equivalente de poros 
esvaziados, �mb
0 0 0 –
10,2 –0,01 –1 300
102 –0,1 –10 30
306 –0,3 –30 10
1.020 –1,0 –100 3
15.300 –15 –1.500 0,2
31.700 –31 –3.100 0,97
102.000 –100 –10.000 0,03
a A unidade SI quilopascal (kPa) é equivalente a 0,01 bars.
b Menor poro passível de ser esvaziado pela tensão equivalente, como calculada usando-se a Eq. 5.1.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
DICA DO PROFESSOR
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