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Olá! Seja bem-vindo(a) à nossa disciplina de Propostas Técnicas e Orçamentos. Este roteiro tem como objetivo identi�car os fatores que in�uenciam na elaboração de propostas técnicas e de orçamentos. A compreensão das etapas que compõem um orçamento é essencial para garantir a precisão de todas as etapas necessárias para a obra, facilitando a gestão e garantindo a rentabilidade de cada empreendimento. Caro(a) estudante, ao ler este roteiro, você vai: entender como se estrutura uma proposta técnica; conhecer os tipos de orçamento; compreender como elaborar uma composição de custo unitário; entender a composição dos custos de mão de obra, de materiais e dos equipamentos; conhecer a composição dos custos indiretos e do BDI. Introdução A elaboração de um orçamento, na construção civil, não é apenas um documento que estabelece o valor de um empreendimento, o orçamento, além de fornecer as informações da obra, também é um facilitador para os que estão envolvidos com outras áreas da obra possam entender o projeto, já que conta com os detalhes de todas as atividades necessárias para a execução do empreendimento. Do mesmo modo que o orçamento serve como balizador para o controle da obra, a proposta técnica serve como comunicação da empresa com o cliente e como fonte de informação para o orçamento. Ambos têm um papel importante na busca por novos contratos com as licitações, como também na conclusão com qualidade e na redução dos riscos de prejuízos na obra. Proposta Técnica A proposta técnica funciona como um meio de comunicação da empresa, explicando a sua capacidade para a realização do trabalho estabelecido, como se compõe o orçamento, as sugestões de resolução das problemáticas e as soluções alternativas para um determinado caso. Propostas Técnicas e Orçamentos Roteiro de Roteiro de EstudosEstudos Autora: Ma. Karen Cristina Oliveira Arantes Revisor: Me. Camilo Gustavo Araújo Alves A proposta técnica para a construção civil é uma das documentações que fazem parte dos processos de concorrência ou mesmo dos contratos de preparação da execução de obras, nos quais a construtora auxilia o contratante com o planejamento inicial da obra, com a orçamentação e com a compatibilização dos projetos (MELHADO, 2005 apud PINTO, 2016, p. 23). Seu objetivo é esclarecer como será a prestação de serviço da obra em todas as suas etapas, estabelecendo um plano de ação das atividades, detalhando o escopo dos serviços, a logística na obra, como se compõe a equipe que estará envolvida na obra, direta e indiretamente, como será o processo de execução, o cronograma de obra, como a obra obedecerá aos requisitos ambientais, de saúde, de segurança do trabalho e como a empresa garantirá a qualidade dando exemplos de outros serviços executados, no caso de uma proposta de licitação. A proposta técnica está diretamente relacionada com o orçamento, pois descreve os processos construtivos que serão utilizados e que in�uenciam no custo dos materiais e da mão de obra. A falta de detalhamento ou de especi�cações na etapa do orçamento representa o aumento de custo e do prazo que, consequentemente, alteram o conteúdo da proposta. Em uma licitação, a proposta técnica pode ser utilizada como balizadora de um contrato de projeto ou obra. Dentre os papéis que a Proposta Técnica tem ao longo do ciclo de uma obra, está o papel comercial, pelo qual a empresa tem a capacidade de vender e convencer o cliente, de forma técnica, especí�ca para cada caso, clara para o entendimento de todos, que contratar o seu serviço é a melhor opção para cumprir as expectativas do cliente sobre determinado projeto ou obra. A proposta com o papel comercial re�ete os valores e a metodologia de trabalho da companhia, os processos da empresa em relação ao controle de qualidade, saúde e segurança do trabalho, coordenação de projetos, gestão de conhecimento, de custos etc. A parte técnica da proposta deve ser extensa e detalhada, deve apresentar o escopo do projeto, que contempla todos os dados obtidos durante as visitas técnicas e de informações recebidas utilizadas para a elaboração do plano de execução da obra, os impactos do contexto no qual a obra está inserida, incluindo informação fotográ�ca do entorno e as condições existentes com a vizinhança, o terreno, o tráfego etc. O cronograma de obra e a sequência de execução poderá seguir a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), de�nindo as frentes de trabalho, as durações e as relações entre as atividades, a metodologia que será utilizada, qual equipe estará envolvida, os subcontratos e as consultorias. Além disso, a proposta também deve conter os requisitos que não foram atendidos pela falta de compatibilização dos projetos ou por algum outro estudo que não foi feito, contendo, ainda, uma justi�cativa para explicar o motivo das pendências; caso não haja pendências, a proposta tem como objetivo descrever ao cliente, de forma clara, quais as ações a serem desenvolvidas e a solução para o projeto ou obra. O papel contratual da proposta técnica é o de descrever os detalhes da contratação, como o prazo da execução das etapas e a forma de pagamento, as condições imprevisíveis no momento da contratação e qual era o estado inicial do projeto ou da obra no momento do orçamento. Gomes Neto (2007) aborda os ciclos de um projeto: fase de identi�cação, fase de elaboração, fase de implementação e fase de avaliação. Há, também, os elementos básicos para a concepção dos projetos: diagnóstico do problema; de�nição de objetivos, metas e atividades; plano de trabalho; cronograma de execução; determinação dos custos do projeto. Os Tipos de Orçamentos O orçamento é a previsão dos serviços, dos materiais e da equipe necessária para executar a obra ou o projeto; é a determinação de gastos necessários para a realização de uma obra de acordo com o plano de execução e as quantidades. Segundo Mattos (2006), os tipos de orçamentos dependem do seu grau de detalhamento, podendo ser uma estimativa de custo, um orçamento preliminar ou um orçamento analítico. A estimativa de custo é feita com a comparação de projetos similares, com a utilização de indicadores genéricos, sendo o Custo Unitário Básico (CUB) o mais utilizado, pois ele é atualizado mensalmente pelos Sindicatos da Indústria da Construção estaduais, de acordo a Lei nº 4.591/1964, e representa o custo parcial da construção por m² de uma habitação com padrões construtivos que se diferem pelo tipo de acabamento, qualidade do material empregado e equipamentos existentes. O orçamento preliminar é um pouco mais detalhado que o CUB, pois ele presume o levantamento de algumas quantidades, a de�nição do custo de alguns serviços e o aprimoramento da estimativa inicial com uma quantidade maior de indicadores. Com base em Mattos (2006), os indicadores servem para gerar pacotes de trabalhos menores, auxiliando, assim, a orçamentação e a análise de preços. O orçamento analítico ou detalhado é a forma mais precisa de prever o custo de uma obra. Esse tipo de orçamento é efetuado com a conclusão de todos os projetos que envolvem a obra, já que a precisão do orçamento depende do grau de detalhamento e das informações disponíveis, pois o orçamento analítico é feito a partir de uma composição de custos para cada serviço (custo direto) elaborado na obra, levando em consideração a mão de obra, o material e o equipamento que serão gastos para a execução; como também os custos indiretos com o Benefício de Despesas Indiretas (BDI), como a manutenção do canteiro de obras, a equipe técnica, administrativa etc. Esse orçamento é apresentado em planilhas compostas pela descrição de todos os itens e subitens dos serviços, das unidades de serviços, das quantidades, dos preços unitários das atividades, do subtotal de cada item, do preço total da obra, representado em custo direto, e do preço total com o BDI. LEITURA Planejamento e Custos de Obras Autores : Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro e Marcos Crivelaro. Editora : Saraiva Ano: 2016 Comentário : Os autores explicam, por meio de esquemas, pontos importantes do planejamento na construção de edi�cações, como o diagrama de controle, ciclo de vida de um projeto, assim como �uxograma de processos, fatores relevantes que devem ser entendidos no projeto para a elaboração mais completa de uma Proposta Técnica. Leia atentamente o Capítulo 1, Planejamento na construção de edi�cações , antes de fazer sua análise. Esse título está disponível na Minha Biblioteca Ânima. Outros pontos que podem ser utilizados para a composição dos orçamentos são as Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos (TCPO). Elas apontam a quantidade de insumos necessários para executar uma unidade de cada serviço que compõe a obra. A Tabela Sinapi consiste em um balizador de custos de obras, que utiliza como fonte de recurso o Orçamento Geral da União. Outro ponto é a produtividade variável, que representa o quão variável pode ser a produtividade na execução de um serviço. O Orçamento e seus Atributos Para se obter um orçamento correto, deverá haver o conhecimento detalhado e a interpretação aprofundada do projeto e das especi�cações técnicas da obra, estabelecendo a melhor maneira de executar cada tarefa, as condições para elaborar cada etapa e a disponibilidade dos materiais determinados na obra, identi�cando as di�culdades e, assim, estabelecendo um orçamento mais preciso. A utilidade do orçamento não é apenas a de�nição do custo da obra, ele também serve: como base para o levantamento de materiais e dos serviços executados para o controle de compras e a metodologia de execução; para a obtenção dos índices de acompanhamento do que foi orçado ao que está sendo executado em obra e o número de trabalhadores para cada serviço. Além disso, o orçamento também pode auxiliar no cronograma físico e �nanceiro e no balanço da situação �nanceira da obra ao longo dos meses. Segundo Mattos (2006), os principais atributos do orçamento são a aproximação, a especi�cidade e a temporalidade. Todo orçamento trata-se de uma previsão do valor correspondente ao serviço, a previsão será sempre aproximada, porém, quanto mais criteriosa a orçamentação, menor será a margem de erro e menor será o desvio do valor real da obra ao valor estipulado no orçamento. Dentre os fatores que afetam a composição do custo, estão a produtividade da mão de obra, o preço dos insumos que variam, posteriormente, na orçamentação e na obra, a perda e o desperdício durante a execução, o reaproveitamento dos materiais, o custo horário dos equipamentos e os custos imprevistos, que podem ser causados por fenômenos naturais, por terceiros etc. A especi�cidade é outro atributo, já que o orçamento de uma casa em uma cidade é diferente de uma casa igual em outra cidade; não existe um orçamento padronizado, ele sempre deverá seguir as condicionantes da obra em questão (MATTOS, 2006). Todo orçamento está ligado à estrutura da empresa (aos engenheiros, ao padrão do canteiro de obras, aos custos do escritório, aos veículos etc.) e às condições locais, como o clima, tipo de solo, qualidade da mão de obra, oferta de equipamento, dentre outros fatores. Outro tributo é a temporalidade, já que um orçamento realizado em outros anos não é válido atualmente, tendo em vista a variação dos custos dos insumos, a alteração dos impostos e encargos, a evolução dos métodos construtivos e dos cenários �nanceiros e gerenciais (MATTOS, 2006). As etapas de trabalho de um orçamento são os estudos das condicionantes com a análise da documentação, as especi�cações e o levantamento do que foi encontrado na visita técnica, a composição dos custos com a identi�cação dos serviços, a quanti�cação, a descrição dos custos diretos e dos indiretos, bem como a determinação do preço com a de�nição da lucratividade da obra com o cálculo de BDI. Para realizar orçamentos e�cientes, é importante seguir os seguintes passos: análise dos projetos, documentações e condições de contorno; identi�cação e listagem de todos os serviços; cálculo dos quantitativos, em função das unidades de medição; cálculo dos custos unitários de cada serviço; cotação de preços, equipamentos e encargos sociais e complementares; cálculo do BDI; preço de venda; elaboração de relatórios. Composição de Custos Unitários Os custos unitários multiplicados pelas quantidades que correspondem a cada serviço constituem os custos de cada componente da obra. Se somados com o BDI, transformam-se em preços unitários. A composição do custo unitário baseia-se na decomposição do produto, ou seja, do projeto a ser executado em conjuntos ou em partes, de acordo com a Estrutura Analítica de Partição (EAP) do projeto em questão. A quantidade de material, de horas de equipamento e o número de horas de pessoal gastos para a execução de cada unidade desses serviços, multiplicados respectivamente pelo custo dos materiais, do aluguel horário dos equipamentos e pelo salário-hora dos trabalhadores, devidamente acrescidos dos encargos sociais, são chamados de composição dos custos unitários (TISAKA, 2006, p. 39). Os materiais utilizados na composição dos custos unitários podem ser naturais, como a areia a granel, semiprocessados, como a brita e a madeira, industrializados, como o cimento, os �os elétricos, os produtos de instalação hidráulica etc. (TISAKA, 2006). Esses materiais podem estar representados por unidades de medida, por volume, por sacos e devem ser considerados com o preço do frete e com todos os impostos e taxas que incidiram no produto. Os equipamentos dentro da obra, como elevadores, gruas, caminhões, escavadeiras, tratores, podem ser de propriedade da empresa ou alugados e deverão apresentar um custo horário. Se o equipamento for da empresa, deverão ser considerados, também, a depreciação, os juros de capital investido na compra, o óleo, o combustível, os custos de manutenção, a reposição de peças etc. (TISAKA, 2006). LEITURA Conhecendo o orçamento de obras: como tornar seu orçamento mais real Autores : Michele Tereza Marques Carvalho e Fernanda Fernandes Marchiori Editora : Elsevier Ano : 2019 Comentário : As atividades e os procedimentos a serem executados na obra fazem parte do controle do projeto, da precisão do que será executado e do custo que essa obra terá. O Capítulo 4, desse livro, faz uma análise dos tópicos que devem ser seguidos para estruturar um bom orçamento, explicando como cada etapa exige atenção. Outro tópico importante é o cálculo dos quantitativos, os quais correspondem à quantidade de cada um dos serviços de um projeto em função das unidades de medição, e como se forma uma composição unitária. Leia atentamente o Capítulo 4, Operacionalizando um orçamento , antes de fazer sua análise. Esse título está disponível na Minha Biblioteca Ânima. O custo da mão de obra é representado pelo salário dos trabalhadores que participam da execução dos serviços com determinados materiais, acrescidos dos encargos sociais, despesas de alimentação, transporte, ferramentas de uso pessoal e Equipamento de Proteção Individual (EPI). O cálculo da mão de obra é determinado pelo número de horas que foi gasto para a execução de determinado serviço, que deverá ser medido pela produção dos funcionários para aquele serviço. Um ponto importante é a organização adequada da planilha orçamentária. Para saber os custos de cada componente da obra, multiplica-se o custo unitário de cada serviço pela quantidade unitária. De modo que haja um fácil entendimento desse processo, os itens na planilha devem estar na sequência insumo, unidade, coe�ciente, custo unitário e custo total. É bom explicar que o coe�ciente pode representar a produtividade dos equipamentos, bem como o consumo dos materiais. Composição de Custo da Mão de Obra, do Material e dos Equipamentos A produtividade da mão de obra pode ser obtida consultando os índices de produtividade descritos em livros e tabelas ou a partir de observações feitas em obra. Já as variáveis da produtividade devem levar em consideraçãoos deslocamentos entre uma frente de serviço e outra, os intervalos para descanso, a espera dos equipamentos etc. O tempo sem atividades dependerá também da supervisão e das condições climáticas, da complexidade dos serviços e da urgência da obra. Conforme Goldman (2004), o item de mão de obra tem um peso de custo considerável em uma obra, que, se não for otimizado e controlado, pode comprometer a viabilidade econômica do empreendimento. LEITURA Conhecendo o orçamento de obras: como tornar seu orçamento mais real. Autores : Michele Tereza Marques Carvalho e Fernanda Fernandes Marchiori Editora : Elsevier Ano : 2019 Comentário : Atualmente, existem muitos manuais orçamentários que já contam com a quantidade de material e mão de obra para executar cada atividade; dois deles devem ser seguidos para o caso de utilizarem recursos da União. O texto faz uma análise dos manuais e explica como cada empresa pode elaborar a sua própria composição, adequando-a à realidade da produtividade, do consumo de materiais e da e�ciência dos equipamentos. Leia atentamente o Capítulo 5, Os manuais orçamentários , antes de fazer sua análise. Esse título está disponível na Minha Biblioteca Ânima. Enquanto o consumo de material necessário para um serviço pode ser matematicamente levantado a partir de desenhos, pois tem dimensões exatas, o estabelecimento da produtividade da mão de obra é um processo empírico e depende de uma série de fatores, tais como experiência, grau de conhecimento do serviço, supervisão, motivação etc. (MATTOS, 2006, p. 71). O custo de mão de obra pode ser estimado a partir do seu custo por unidade de tempo, que varia em função do tipo, do grau de especialização da mão de obra, acrescido dos encargos sociais (previdência social, FGTS etc.), encargos complementares (vale-transporte, vale-refeição, EPIs e ferramentas manuais) e trabalhistas, que dependem do tipo de contrato do funcionário, podendo ser horista ou mensalista. Os pedreiros, carpinteiros e serventes normalmente são horistas, e os que participam indiretamente das atividades, como os mestres de obras, encarregados e vigias, são mensalistas (LIMMER, 1997). No cálculo de encargos, é importante determinar os dias trabalháveis no ano, descontando os 30 dias de férias, todos os domingos do ano, 5 faltas justi�cadas, os feriados de cada região e os sábados, que deverão ser considerados como metade das horas de trabalho, pois a Constituição Federal de 1988 determina que a jornada de trabalho é de 44 horas. E como calcular o tempo necessário para encerrar uma tarefa? Tomemos como exemplo a construção de um piso de 105 m², cuja execução se dará por dois serventes de pedreiro, um com produtividade média de 1,68 h/m² e o outro com produtividade média de 1,74 h/m², que trabalham 8 horas por dia. Para descobrir, é necessário somar a produtividade dos dois serventes e multiplicar pelo tamanho do piso a ser executado. O resultado deve ser dividido pelo resultado da multiplicação da mão de obra disponível (dois serventes) pela jornada diária. Assim, para concluir essa empreitada, os dois serventes precisaram de 22,44 dias. Composição dos Materiais O custo dos materiais na obra representa cerca de 60% do valor do empreendimento, e o consumo depende do gerenciamento do projeto, da administração dos materiais, do manuseio deles, das técnicas construtivas empregadas e da qualidade da mão de obra que utiliza esse material, que também pode determinar a margem de perda e desperdício (LIMMER, 1997). É importante para o cálculo de consumo dos materiais a inclusão de uma porcentagem de perda e/ou desperdício. Por exemplo, para produzir 1 m³ de argamassa 1:2:8, são necessários 1,26 m³ de areia, 181,07 kg de cimento e 188,94 kg de cal hidratada, então, considera-se uma porcentagem de perdas. Outro ponto é que, em produções manuais (como nesse caso), não se consideram horas de equipamento no custo. A análise do custo de material também dependerá da variável, se o material será para retirada na loja ou entregue em obra, se o material será entregue pintado ou se necessitará da pintura na obra, além das despesas complementares, como os impostos, frete etc. Composição dos Equipamentos No custo da utilização de equipamentos, deve ser considerado o custo da aquisição, contemplando a depreciação do equipamento, já que ele tem um período de vida útil que varia de acordo com o tipo de equipamento e as condições de uso. Outros custos que são considerados na utilização dos equipamentos são os custos �xos do seguro, os juros e os gastos de armazenagem, além dos custos variáveis, como a manutenção (de peças de reposição, acessórios, custo de mão de obra para os serviços de manutenção etc.), consumo de energia (custos horários com o combustível, lubri�cantes, �ltros de ar etc.) e de operação (como os pneus, que devem ter seu custo calculado de depreciação separadamente do equipamento) (LIMMER, 1997). Segundo Limmer (1997), os métodos de cálculo de depreciação de um equipamento podem ser de dois tipos: métodos lineares, que se baseiam na variação da depreciação ao longo da vida do equipamento, tendo uma variação baixa nos primeiros anos e muito alta nos últimos anos; ou um método de fundo de reserva, que consiste em acumular anualmente uma quantia que, somada com juros ao término da vida útil do equipamento, resultará no valor para a compra de um equipamento novo. Quando o equipamento é caro e a sua utilidade na obra é por pouco tempo, ou o volume e serviço são menores, o equipamento pode ser alugado de terceiros, com uma tarifa em que o preço é �xo por unidade de tempo e pode ser variável no preço se incluir o operador ou se incluir apenas o combustível (MATTOS, 2006). O equipamento também pode ser arrendado, de modo que o construtor paga uma taxa �xa pelo aluguel, por tempo determinado, e pode existir uma opção de compra ou por empreitada em que o construtor paga pelo trabalho realizado ao locador. O custo da mão de obra de operador deve ser considerado com os encargos sociais e trabalhistas, assim como os demais trabalhadores. Custo Indireto, a Curva ABC e o Preço de Venda Segundo Mattos (2006), o custo indireto é todo custo que não apareceu como mão de obra, material ou equipamento na composição de custos unitários, ou seja, é todo custo que não entrou no custo direto. As despesas indiretas estão associadas com a manutenção do canteiro de obras, os salários, as despesas administrativas, as taxas, os seguros, as viagens, os imprevistos e todos os demais aspectos que não foram orçados no custo direto. Os fatores que in�uenciam o custo indireto são a localização geográ�ca da obra, já que o deslocamento a um lugar gera despesas com viagens, o aluguel de casas, o transporte de equipamentos etc.; a política da empresa com a quantidade de funcionários, a faixa salarial, a quantidade de veículos, os computadores etc. As despesas administrativas, por sua vez, são proporcionais à duração da obra e à complexidade dela, já que, quanto maior a di�culdade, mais consultoria e supervisão de campo a obra exigirá (MATTOS, 2006). LEITURA Planejamento e custos de obras Autores : Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro e Marcos Crivelaro Editora : Saraiva Ano : 2016 Comentário : Os autores explicam, por meio de planilhas orçamentárias, a importância dos custos unitários e como in�uem os encargos sociais e o BDI. O capítulo também descreve os serviços por etapas em uma obra de edi�cação, os encargos sociais que incidem na mão de obra horista e mensalista e as fórmulas de cálculo para determinar o custo unitário de forma clara e simpli�cada. Leia atentamente o Capítulo 3, Planilhas orçamentárias de obras de edi�cações , antes de fazer sua análise. Esse título está disponível na Minha Biblioteca Ânima. Outros custos indiretos que complementam os orçamentos são o rateio dos gastos da administração central, que incluem as áreas administrativa, �nanceira, contábil, técnica, o aluguel das instalações, as despesas de luz,água, internet, telefone, material de escritório, limpeza, computadores, veículos, assessorias, anuidades etc. Os imprevistos também devem ser considerados e cobertos com uma apólice de seguro. Por último, como custo indireto, também há o custo �nanceiro, que é o dinheiro empregado pelo construtor para �nanciar a obra e que, se estivesse em um fundo de aplicação, estaria rendendo, porém, como há a defasagem entre o tempo de desembolso do valor e o momento de ser reembolsado com a medição da obra, o construtor deve considerar quanto representaria esse valor se estivesse em uma aplicação bancária e, assim, contabilizá-lo no custo indireto. De acordo com Mattos (2006), para avaliar a taxa de administração que deve ser praticada, o orçamentista deve elaborar o orçamento anual da administração e estimar percentualmente a representatividade desse custo em função das obras durante o ano, pois, geralmente, a taxa administração central �ca entre 2% e 5% do custo. Conforme Limmer (1997), dependendo da estrutura do tipo de custo adotada, podem ser considerados como indiretos os custos de: vistorias; planejamento, programação e controle; projetos de fundações, estruturas, paisagismo, geotecnia etc.; despesas legais com o licenciamento das obras; máquinas e ferramentas para manutenção; equipamentos de segurança; limpeza permanente de obra; retirada de entulho; ligações de água, luz etc. Curva ABC De acordo com Mattos (2006), a Curva ABC é uma ferramenta que o orçamentista não pode deixar de gerar ao �nal do processo de orçamentação, pois o grá�co aponta os itens (insumos ou serviços) que mais pesam na obra e que são os itens em que o gerente de obra deve se concentrar para melhorar o resultado da sua obra. Figura 1 - Curva ABC Fonte: Mattos (2006, p. 175). A utilidade da curva é a facilidade para entender a hierarquia dos insumos e identi�car os economicamente importantes; dessa forma, deve-se priorizar a negociação dos insumos da faixa A, que podem representar muito mais ganho do que a negociação de melhoria na faixa C; a compra dos insumos da faixa A deve ser atribuída ao gerente de obra, pois representa um grande potencial de melhoria do resultado da obra; e é por meio da curva que a construtora pode avaliar o impacto que o aumento ou a diminuição de um insumo pode representar na obra. Os insumos da faixa A englobam todos os insumos que somam 50% do custo total; os insumos da faixa B englobam todos os insumos entre os percentuais de 50% a 80% do custo total; por �m, a faixa C engloba todos os insumos restantes. BDI O Benefício de Despesas Indiretas (BDI) é a parcela de custo indireto que incide sobre os custos diretos. Segundo Dias (2000), cada empresa deve ter um custo diferente das demais empresas, em função da sua estrutura administrativa e do planejamento do projeto. A constituição do custo indireto varia de acordo com o local de execução de serviços, do tipo de obra, dos impostos incidentes e das exigências do edital ou do contrato; dessa forma, cada obra terá seu BDI. O BDI, portanto, é o quociente da divisão do custo indireto, acrescido do lucro pelo custo direto da obra. Assim, esse benefício inclui: as despesas indiretas de funcionamento da obra, o custo da administração local, os custos �nanceiros, os fatores imprevistos, os impostos e o lucro. Ou seja, o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o custo direto dos itens da planilha para se chegar ao preço de venda (MATTOS, 2006). Lucro e Preço de Venda Para �nalizar o orçamento e gerar o preço de venda da obra, é necessário considerar os impostos que incidem sobre o faturamento do contrato, ou seja, o imposto sobre o preço de venda da construção, já que os impostos que incidem sobre materiais e mão de obra já foram contemplados nos custos. Para Mattos (2006, p. 218), “Lucro é a diferença entre receitas e despesas, é o que entra menos o que sai. Lucro, portanto, é um valor absoluto, expresso em unidades monetárias (reais)”. A margem de lucro varia entre 5% e 12% do valor da obra e pode variar, também, dependendo do tipo de obra. De acordo com Mattos (2006), como toda atividade produtiva, sobre a construção incidem impostos federais, estaduais e municipais. Tais impostos devem ser incluídos ao �nal, depois de calculados os preços diretos e indiretos, pois são os tributos que incidem sobre o faturamento, ou seja, o preço de venda. Ademais, esses impostos são: ISS – Imposto Sobre Serviço; COFINS – Contribuição Financeira e Social; PIS – Programa de Integração Social; IRPJ – Imposto de Renda Sobre Pessoa Jurídica e CSLL – Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido. Ainda segundo Mattos (2006), depois de orçados todos os custos da obra e de�nido o percentual de lucro que se quer obter e os impostos com suas respectivas alíquotas, o orçamentista pode, então, calcular o preço de venda da obra, que corresponde ao valor que engloba todos os custos (diretos, indiretos, administração central, custo �nanceiro e imprevistos), o lucro e os impostos. O preço de venda pode ser calculado utilizando a fórmula PV = CUSTO / 1 – i%, em que: PV = preço de venda (R$); CUSTO = custo total (diretos, indiretos, administração central, custo �nanceiro e imprevistos); i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (percentual). Dessa forma, estariam contemplados todos os custos do empreendimento e a porcentagem de lucro que se deseja obter. Nesse sentido, podemos introduzir o BIM aqui, mas na leitura indicada a seguir, você terá mais detalhes. Essa ferramenta permite que sejam determinados os custos de objetos especí�cos com rapidez e precisão, sendo válido ressaltar que, na orçamentação, o BIM deve ser utilizado de maneira que o usuário não realize o levantamento de quantitativos, mas apenas revise os dados extraídos do software. E, por �m, é válido ressaltar que a conectividade do BIM com outros softwares de orçamentação facilita futuras atualizações no projeto. Conclusão A importância do orçamento de obra é um documento que estabelece um marco econômico para a execução da obra e, muitas vezes, para a competição em uma licitação. A falta de rigor da análise do que e como se deve executar, somada à falta de levantamento de dados para o orçamento, resulta em problemas durante a obra, em erros de medição e em preços inadequados. O orçamento, junto com os planos, as especi�cações e a proposta técnica, é um documento que deve apresentar uma informação precisa e aprofundada para garantir a execução da obra e o controle e o cronograma dessa execução, de forma a otimizar o resultado da obra e tornar o empreendimento viável economicamente. Referências BRASIL. Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964 . Dispõe sobre o condomínio em edi�cações e as incorporações imobiliárias. Brasília, DF: Presidência da República, [2014]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4591.htm . Acesso em: 20 out. 2020. CARVALHO, M. T. M.; MARCHIORI, F. F. Conhecendo o orçamento de obras : como tornar seu orçamento mais real. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. DIAS, P. R. V. Engenharia de custos : uma metodologia de orçamentação para obras civis. 2. ed. Curitiba: Copiare, 2000. LEITURA Conhecendo o orçamento de obras: como tornar seu orçamento mais real Autores : Michele Tereza Marques Carvalho e Fernanda Fernandes Marchiori Editora : Elsevier Ano : 2019 Comentário : A utilização da tecnologia BIM dá suporte ao projeto em diversas etapas da obra, compatibilizando as etapas e aumentando a gestão dos projetos. A utilização da tecnologia BIM auxilia com precisão as informações necessárias para o orçamento. O texto sugerido para leitura trata das características e das facilidades que essa ferramenta pode oferecer para elaborar um orçamento. Leia atentamente o Capítulo 10, Orçamento e o BIM , antes de fazer sua análise. Esse título está disponível na Minha Biblioteca Ânima. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4591.htm GOLDMAN, P. Introdução ao planejamento e controle de custosna construção civil brasileira : orçamento. 4. ed. São Paulo: Pini, 2004. GOMES NETO, O. da C. Diretrizes para elaboração de propostas de projetos . Rio de Janeiro: IBAM, 2007. Disponível em: http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/05-projeto_mdl_2.pdf . Acesso em: 20 out. 2020. LIMMER, C. V. Planejamento, orçamentação e controle de projetos e obras . Rio de Janeiro: LTC, 1997. MATTOS, A. D. Como preparar orçamentos de obras . São Paulo: Pini, 2006. MELHADO, S. B. C. Coordenação de projetos e edi�cações . São Paulo: Nome da Rosa, 2005. PINHEIRO, A. C. da F.; CRIVELARO, M. Planejamento e custos de obras . São Paulo: Saraiva, 2016. PINTO, A. C. B. C. Propostas técnicas para obras de edi�cações : estudos de caso. 2016. 124 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-02052016- 162209/publico/Ana_Carolina_Bonaldi_Cayres_PPGEC_Corrigida_2015.pdf . Acesso em: 20 out. 2020. TISAKA, M. Orçamento na construção – consultoria, projeto e execução. São Paulo: Pini, 2006. http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/05-projeto_mdl_2.pdf https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-02052016-162209/publico/Ana_Carolina_Bonaldi_Cayres_PPGEC_Corrigida_2015.pdf
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