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Priscila Maria Santiago Pereira Hudson Goto Rafaela Franqueto Ana Paula de Sá Gonçalves Eduarda Pereira Barbosa Organizadora: Emmanuelle Maria Gonçalves Lorena ADMINISTRAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO DE OBRAS Administração e orçamentação de obras © by Ser Educacional Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepik, ©Unsplash, ©Wikimedia Commons. Diretor de EAD: Enzo Moreira. Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato. Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa. Equipe de Designers Instrucionais: Carlos Mello; Gabriela Falcão; Isis Oliveira; José Felipe Soares; Márcia Gouveia; Mariana Fernandes; Mônica Oliveira; Nomager Sousa. Equipe de Revisores: Emily Pacífico; Everton Tenório; Lillyte Berenguer; Nathalia Araujo. Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida; Jonas Fragoso; Lucas Amaral; Sabrina Guimarães; Sérgio Ramos e Rafael Carvalho. Ilustrador: João Henrique Martins. Pereira, Priscila Maria Santiago; Goto, Hudson; Franqueto, Rafaela; Gonçalves, Ana Paula de Sá. Organizador(a): Lorena, Emmanuelle Maria Gonçalves. Administração e orçamentação de obras: Recife: Grupo Ser Educacional e Digital Pages- 2023. 148 p.: pdf ISBN: 1. Gestão 2. Orçamentação 3. Obras. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com Iconografia Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura: ACESSE Links que complementam o contéudo. OBJETIVO Descrição do conteúdo abordado. IMPORTANTE Informações importantes que merecem atenção. OBSERVAÇÃO Nota sobre uma informação. PALAVRAS DO PROFESSOR/AUTOR Nota pessoal e particular do autor. PODCAST Recomendação de podcasts. REFLITA Convite a reflexão sobre um determinado texto. RESUMINDO Um resumo sobre o que foi visto no conteúdo. SAIBA MAIS Informações extras sobre o conteúdo. SINTETIZANDO Uma síntese sobre o conteúdo estudado. VOCÊ SABIA? Informações complementares. ASSISTA Recomendação de vídeos e videoaulas. ATENÇÃO Informações importantes que merecem maior atenção. CURIOSIDADES Informações interessantes e relevantes. CONTEXTUALIZANDO Contextualização sobre o tema abordado. DEFINIÇÃO Definição sobre o tema abordado. DICA Dicas interessantes sobre o tema abordado. EXEMPLIFICANDO Exemplos e explicações para melhor absorção do tema. EXEMPLO Exemplos sobre o tema abordado. FIQUE DE OLHO Informações que merecem relevância. SUMÁRIO UNIDADE 1 Planejamento de obras � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13 Planejamento físico � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13 EAP � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �15 Método do Caminho Crítico (Critical Path Method – CPM) � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �18 Cronograma � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �21 Histograma de recursos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 23 Curva S (para estimativa do progresso) � � � � � � � � � � � � � � 26 Planejamento financeiro de execução de obras � � � � � � � 29 Cronograma financeiro � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 30 Curva S: estimativa de custo � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 34 Curva ABC � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 35 UNIDADE 2 Gestão de custos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 43 Composição de custos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 43 Composição de custos unitários � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 45 Orçamento � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �48 Planejamento financeiro de execução de obras � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 49 Orçamento da obra � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �51 Bases orçamentárias � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 57 Cronograma físico-financeiro de construção � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 61 Cronograma físico-financeiro � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 62 Matriz de controles financeiros � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 70 UNIDADE 3 Gerenciamento das construções � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 77 A importância de gerenciar na construção civil � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 77 Gerenciamento de obras baseada em projetos � � � � � � � � � � � � � � � � � �82 Ferramenta de apoio a gestão � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 85 Produtividade na construção civil � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 90 Fatores que influenciam a produtividade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 92 Indicadores de produtividade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 95 Gestão das perdas construtivas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 96 Tipos de perdas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 97 Perdas segundo o tipo de recurso consumido � � � � � � � � � 97 Perdas segundo a unidade para a sua medição � � � � � � � � 99 Perdas segundo o momento de incidência na produção � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 99 Perdas segundo a natureza � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 99 Perdas segundo a sua origem � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 100 Cálculo de indicadores de perdas construtivas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 103 Indicadores de mensuração � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 103 Indicadores explicadores � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 105 UNIDADE 4 Análise técnica construtiva � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 111 Construtibilidade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �116 Racionalização da construção � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 123 Canteiro de obras � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 125 Planejamento do canteiro de obras � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 127 Arranjos e elementos do canteiro de obras � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 130 Referências � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 140 Apresentação Olá, alunos(as)! Sejam todos(as) bem-vindos(as) ao componente curricular Administração e Orçamentação de Obras. Nesta disciplina, você terá a oportunidade de obter uma visão geral de uma área que é de extrema importância na construção civil. Isso posto, pela visão da administração, orçamentação e planejamento de obras, conhecerá o passo a passo para que uma construção seja bem-sucedida. Os projetos e obras, muitas vezes com um grau elevado de complexidade, exigem profissionais preparados para tomar ações preventivas e corretivas, de maneira consciente e embasados em conhecimentos técnicos consistentes. O material elaborado aborda, de maneira práticae clara, os principais conceitos e as ferramentas necessárias para planejar, programar, controlar e, se necessário, reprogramar, além de outros tópicos interligados ao tema e relevantes para sua formação. Você está preparado(a) para iniciarmos a nossa disciplina? Vamos lá! Autoria Priscila Maria Santiago Pereira Mestra em Engenharia de Construção Civil e Urbana pela Escola Po- litécnica da USP (2001) e especialista em Gerenciamento de Ope- rações em Construção Civil e em Gerenciamento da Empresa de Construção Civil pela FDTE/USP (1994). Graduada em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia Civil de Itajubá (FECI, 1985), atua nos seguintes temas: gerenciamento de empreendimentos ha- bitacionais, verticalização de favelas, planejamento urbano, melho- ramento em hidrovias, gestão de resíduos e infraestrutura urbana. Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/6303712299147774 Hudson Goto Mestre pelo programa de pós-graduação em Engenharia de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) (2017), especialista em Patologia das Construções pela Universidade Tecnológica Federal do Pa- raná (UTFPR) (2014) e possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) (2012). Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) (2005). Atua como enge- nheiro civil de manutenção de usinas hidrelétricas, com enfoque em se- gurança, manutenção e inspeções de barragens. Possui experiência em elaboração de orçamentos e acompanhamento de obras de pequeno e médio porte, com gerenciamento de mão de obra própria e terceirizada, elaboração de cronogramas físicos e negociação com fornecedores. Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/6402604111910324 Rafaela Franqueto Doutora em Engenharia Ambiental (2020) pela Universidade Re- gional de Blumenau, mestra em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2016) e graduada em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2014). É técnica em Análises Clínicas pelo Senac (2010). Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/7039997629117176 Ana Paula de Sá Gonçalves Especialista em Segurança do Trabalho (2008) e Engenharia Sa- nitária e Ambiental (2004) pela Universidade Vale do Aço – UNI- LESTE. É graduada em Engenharia Civil pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE (1997). Atua no setor de construção civil com demandas em engenharia e segurança do trabalho há mais de 20 anos. Trabalhou com atividades operacionais, tendo sido responsável pelos processos administrativos, logísticos e opera- cionais envolvidos em projetos, com foco principal no escopo e cronograma do cliente. Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/3246405049348754 Eduarda Pereira Barbosa Mestra em Engenharia Civil com ênfase em Materiais Regionais e Não Convencionais Aplicados a Estruturas e Pavimentos pela Uni- versidade Federal do Amazonas (UFAM, 2019) e graduada em En- genharia Civil pelo Centro Universitário do Norte (UniNorte, 2017). Tem experiência como professora conteudista para instituições de ensino superior e é professora de cursos técnicos nas disciplinas de Materiais de Construção; Mecânica dos Solos e Pavimentação; To- pografia; Estruturas de Concreto; Instalações Elétricas; Instalações Hidrossanitárias; Tecnologia da Construção; e Segurança do Traba- lho, entre outras. Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/0366793836548985 Emmanuelle Maria Gonçalves Lorena Graduada (2003) em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (Poli/UPE) e mestre (2016) em Enge- nharia Ambiental pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Atua, desde 2003, em projetos, execução e fiscalização em sistemas de transportes, como também em obras de edificações. Além disso, possui experiência em docência voltada para o ensino à distância (EaD) e presencial em níveis de formação técnica, de graduação e pós-graduação desde 2006. Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/8185271548700097 Organizadora UN ID AD E 1 Objetivos 1. Identificar a importância do planejamento físico e financeiro para a gestão de obras; 2. Reconhecer as ferramentas e técnicas utilizadas no planeja- mento de obras; 3. Descrever a programação física e financeira de obras; 4. Elaborar e interpretar elementos como gráfico de Gantt, rede COM, as curvas S e ABC. 12 Introdução Caro(a) aluno(a), para iniciar os estudos de Administração e Or- çamentação de Obras iremos abordar tópicos conceituais rela- cionados a importância do planejamento e gestão de obras, assim como os avanços em técnicas e ferramentas para a programação física e financeira. Bons estudos! 13 Planejamento de obras O planejamento de obras é um processo fundamental para o suces- so de projetos de construção. Ele envolve a organização e a definição das etapas fundamentais para a execução de uma obra, levando em consideração diversos fatores para o planejamento físico e financei- ro, estabelecendo os recursos disponíveis, as restrições, objetivos e os controles necessários. Planejamento físico Fazemos uso de planejamento em muitas atividades diárias e, mui- tas vezes, nem nos damos conta disso. A decisão sobre qual caminho escolhemos para chegar ao trabalho ou à faculdade ou, ainda, como nos organizamos no final de semana são fatores que nos levam a planejar nossas atividades. Assim, planejar significa escolher a forma como iremos atingir de- terminado objetivo, ou seja, de que maneira chegaremos a ele, em quanto tempo, quais recursos serão utilizados e quanto isso nos cus- tará. Para que esse planejamento seja eficiente, é fundamental a ob- tenção do maior número possível de informações – e que o planejado seja controlado, a fim de que qualquer falha ou problema que venha a ocorrer sejam identificados o mais breve possível e corrigidos. Planejamento, segundo o professor Carlos Torres Formoso (1991), pode ser definido como “o processo de tomada de decisão que envolve o estabelecimento de metas e dos procedimentos ne- cessários para atingi-las, sendo efetivo quando seguido de um con- trole” (FORMOSO, 1991 apud BERNARDES, 2001, p. 17). Na gestão de obras, o planejamento tem função extremamente im- portante. Um bom planejamento e controle podem ser a diferença entre o sucesso ou o fracasso do empreendimento. Gerenciar uma obra é fazer com que as coisas aconteçam por meio de terceiros, e IMPORTANTE 14 DEFINIÇÃO implica acompanhar a execução técnica, controlar o cumprimento do cronograma, o planejamento financeiro e todas as pessoas en- volvidas direta e indiretamente. Durante a execução da obra, é muito comum que alguns im- previstos ocorram – e certamente eles irão! É preciso, no entanto, estar atento para agir rapidamente e fazer as alterações necessárias, razão pela qual o controle na obra é tão necessário. É importante des- tacar que o planejamento de uma obra ou de qualquer outro projeto envolve a participação de diversas áreas da empresa, como projetos, obras, orçamento, suprimentos, meio ambiente, financeiro e jurídico. Se essa participação não ocorrer desde o início, o planeja- mento será ineficiente e, certamente, vários problemas que pode- riam ter sido previstos poderão ocorrer durante a obra, acarretando atraso e desperdício de recursos, isso se não resultarem em algo ainda mais grave. Imagine que as obras estão prestes a serem ini- ciadas e, somente nesse momento, você é informado da necessidade de uma licença ambiental que não foi providenciada, porque a área ambiental não participou da elaboração do planejamento? Como, assim, realizar um bom planejamento de obra? A de- finição detalhada, clara e objetiva do escopo da obra pode ser con- siderada o primeiro passo para um bom planejamento. Definido o objetivo a ser atingido, inicia-se a definição de “como” a obra será feita. Nessa fase, já com o conhecimento das características da obra, estabelece-se a estratégia a ser implementada para sua execução. O escopo pode ser entendido como “o que”vai ser feito. Há, em ges- tão de projetos, várias definições para esse termo. Segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2011), “escopo, na verdade, refere-se ao trabalho a ser realizado no âmbito do projeto” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2011, [n. p.]). Pode haver necessidade de alteração do escopo durante o andamento da obra; por exemplo, na implantação de um projeto de urbanização, verifica-se que há uma adutora no local que interferirá 15 no andamento da obra. Nesse caso, o planejamento precisa ser alte- rado (reprogramado), considerando as alterações necessárias. A definição e o detalhamento das estratégias que serão adota- das na obra, como tecnologias que serão utilizadas, os materiais, os equipamentos, entre outros, possibilitam um maior conhecimento de todo o processo, tornando-o mais eficiente. Nessa etapa de ela- boração do planejamento físico de uma obra, é necessário o uso de algumas técnicas que auxiliarão tanto no planejamento quanto no controle do que será realizado. Algumas delas são: • EAP; • Método do Caminho Crítico (Critical Path Method – CPM); • Cronograma; • Histograma de recursos; • Curva S. EAP Segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2011), a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), ou Work Breakdown Structure (WBS), “é a represen- tação do processo de desagregação (para baixo) e integração (para cima) do trabalho do projeto que vai ajudar o gerente de projetos na execução e no controle das atividades do projeto” (Ibidem, p. 89). Esclarecendo: projeto, aqui, deve ser entendido como o empreen- dimento, a obra. Afinal, toda obra é um projeto único e com data de início e término definidas, o que se configura como as principais características de um projeto. A identificação das atividades necessárias para a execução e conclusão da obra é um trabalho muito importante e é a primeira etapa para a elaboração do planejamento de obra. Não é, porém, uma prática simples, até mesmo gerentes com grande experiência, dependendo do tipo de projeto ou obra, encontram dificuldades em sua elaboração. Informações de campo, opiniões de profissionais especializados, conhecimentos técnicos e obras similares podem contribuir para definição dessas atividades e elaboração da EAP. 16 Dessa maneira, a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) con- siste em uma listagem de todas as atividades a serem executadas em ordem hierárquica e auxilia na montagem dos cronogramas e no controle das atividades de obra. As atividades são decompostas em componentes menores até chegarem em pacotes de trabalho, nos quais é possível fazer uma previsão de data e custo mais confiável. Uma das vantagens da EAP é possibilitar uma melhor estimativa da duração, dos recursos e do custo da obra. Ademais, ela deve detalhar todo o trabalho necessário para execução do escopo e, dependendo da complexidade da obra, poderá ter diversos níveis. A figura 1 representa uma EAP para a construção de uma casa, observe: Figura 1 - EAP de uma casa Fonte: Elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Veja que haveria possibilidade de colocar níveis mais baixos em alguns serviços dessa EAP, como no caso do revestimento. Esse serviço poderia ser “revestimento interno” e “revestimento exter- no”, por exemplo. O mais importante a ser considerado na elabo- ração da EAP é que seu uso possibilita a visão de todo o escopo da obra e, dessa maneira, torna-se fácil identificar quais os responsá- veis por cada etapa. CASA Serviços preliminares Limpeza do terreno Instalação do canteiro de obras Locação da obra Sapata Fundação Alvenaria Revestimento Esquadrias Vedações e divisórias Água Esgoto Elétrica Instalações Telefonia Estrutura do telhado Telhado Cobertura Limpeza Serviços comple- mentares 17 A EAP pode também ser representada por meio de tabelas. O quadro 1 a seguir mostra uma EAP em forma de tabela: Quadro 1 - EAP em forma de tabela Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr. (2011, [n. p.]). 01. Serviços Preliminares 01.01. Limpeza 01.02. Água/Luz 01.03. Canteiro 02. Projeto 02.01. Planta 02.01.01. Arquitetura 02.01.02. Elétrica 02.01.03. Hidráulica 02.01.04. Estrutural 02.02. Aprovações 02.02.01. Plantas 02.02.02. Alvarás 03. Construção 03.01. Fundação 03.02. Estrutura 03.03. Telhado 03.04. Esquadrias 03.05. Alvenaria 04. Sistemas 06. Serviços Complementares 07. Gerência 04.01. Água 04.02. Elétrica 06.01. Limpeza 06.02. Jardinagem 07.01. Plano 07.02. Acompanhamento 07.03. Entrega/Encerramento 05. Acabamento 05.01. Pintura 05.02. Revestimentos 05.03. Vidros 05.04. Armários 05.01.01. Interna 05.01.02. Externa 05.02.01. Banheiros 05.02.02. Cozinha 05.02.03. Quartos 05.02.04. Outros CASA 18 Método do Caminho Crítico (Critical Path Method – CPM) Diagrama de rede, ou Critical Path Method (CPM), é a representação gráfica de um programa/projeto ou, no caso em estudo, uma obra. É uma ferramenta muito utilizada no setor de construção e apresenta a sequência lógica de um planejamento com as interdependências das atividades. Aqui, faz-se a representação da rede conectando-se a todas as atividades. Para isso, é necessário caracterizar as interligações entre as atividades, ou seja, as relações de dependência entre elas e a sequência de execução, definindo qual atividade será executa- da primeiro (predecessora). As atividades podem ser representadas por círculos que simbolizam a transição entre as atividades e por setas, que são as atividades a serem executadas. Outra forma é representar as atividades em nós. Nesse caso, os nós são caixas e as flechas são as relações de precedência, sendo essa a maneira mais usual de apresentação do CPM. Imagine, por exemplo, que, na obra de uma casa, você tenha a ativi- dade “revestimento” e “pintura da parede interna da parede” para ser executada. A sequência das atividades seria: Execução do chapisco Emboço Reboco Pintura As relações de precedência podem ser de vários tipos, confor- me afirma Carvalho e Rabechini Jr. (2011): • Término/início O início do trabalho da atividade sucessora depende do tér- mino da predecessora. EXEMPLO 19 • Término/término O término do trabalho da atividade sucessora depende do término do trabalho da predecessora. • Início/início O início do trabalho da atividade sucessora depende do início da predecessora. • Início/término O término do trabalho da atividade sucessora depende do iní- cio do trabalho da predecessora. Para a elaboração da rede, é necessário conhecer bem as du- rações das atividades e atribuir estimativas de tempo e recursos para cada uma delas. A duração das atividades, que pode ser em horas, dias, semanas, meses, entre outros, está diretamente liga- da à quantidade de recursos disponíveis, à quantidade de serviços que serão realizados e à produtividade (ADOMA; MAZUTTI, 2019). Lembre-se também de que a definição do processo construtivo ou do material escolhido para a realização das atividades terá impacto direto na duração. A escolha do material a ser utilizado na estrutura (concreto usinado ou concreto produzido na obra com betoneira) vai alterar a duração da atividade “concretagem da estrutura”. No caso de obras de manutenção em pontes e viadutos, a interferência do trânsito local também vai ter impacto na duração das atividades. Assim, a definição de como serão feitas as intervenções deve ocorrer na fase do planejamento. Além disso, a estimativa de duração das atividades deve levar em conta a região na qual a obra será executada e a época do ano. Obras similares já executadas anteriormente pela empresa podem servir de parâmetro para estabelecer as durações; porém, como o período de chuvas, a mão de obra e mesmo o clima têm implicações no andamento da obra, logo, ao fazer-se a estimativa da duração, tudo isso deve ser considerado. 20 EXEMPLO CURIOSIDADE No exemplo “revestimento e pintura da parede interna da parede”, imagine que a duração de cada uma das atividades seja de 1 (um) dia. A representação gráficada rede seria: Figura 2 - Rede de precedência Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Utilizamos o CPM (Critical Path Method, ou Método do Cami- nho Crítico) para identificar as atividades que não podem atrasar, sob pena de prejudicar a duração do projeto. Essas atividades são chamadas de atividades críticas e são aquelas que não têm folga alguma. As demais atividades, não críticas, e, portanto, com folga, podem atrasar um pouco para começar ou para terminar (até o limi- te da folga especificada) sem que o projeto seja prejudicado. Você vai ouvir falar sobre Program Evaluation and Review Techni- que – PERT, ou PERT/CPM. Na verdade, PERT e CPM são técnicas de programação distintas. Embora ambos tenham sido desenvolvi- dos no mesmo ano, de 1958, o PERT, desenvolvido para a Equipe de Projetos Espaciais da Marinha Norte-Americana, teve aplicação no Sistemas de Mísseis Polaris e tem aspectos probabilísticos. Já o CPM Chapisco 1 Emboço 1 Reboco 1 Pintura 1 21 foi desenvolvido para a empresa DuPont para projetos de produtos químicos, com abordagem determinística para estimativas de du- ração das atividades. O método do caminho crítico (PERT/CPM) é, dessa maneira, a sequência de atividades que representa o caminho mais longo do projeto ou obra. É importante ressaltar que em uma obra pode haver mais de um caminho crítico. Já a folga, segundo Pinheiro e Crivelaro (2014), “é a diferença entre o intervalo de tempo existente para o início e o término de uma atividade e a sua duração prevista” (PI- NHEIRO; CRIVELARO, 2014, p. 97). Cronograma A representação do cronograma físico é frequentemente realizada pelo Gráfico de Gantt, ou Diagrama de Gantt, ou gráfico de barras. O gráfico de Gantt é talvez uma das técnicas mais utilizadas para representar um cronograma de obra. A facilidade de elaboração, compreensão e alteração são as principais vantagens desse gráfico. Ele é bastante utilizado nos re- latórios e apresentações para os clientes na exibição do progresso da obra. Você sabia que o gráfico de Gantt foi inicialmente elaborado pelo engenheiro mecânico Henry Gantt para controle diário da produ- ção? Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, esse gráfico foi utilizado para a construção de navios de guerra, segundo Pinheiro e Crivelaro em seu livro Planejamento e custos de obras, de 2014. Nele, as atividades que serão desenvolvidas são representadas em forma de barras horizontais com a identificação de início e fim da atividade. Para controle, podem ser criadas barras paralelas com as VOCÊ SABIA? 22 atividades já realizadas. Como desvantagem, podemos citar o fato de não ser possível identificar as interdependências das atividades. Depois de definida a sequência das atividades e sua duração, pode-se dar início à elaboração do cronograma de obra, estabele- cendo a data de início e de término de cada uma dessas atividades. Recomenda-se começar pelas atividades críticas, que têm folga zero. Na sequência, as demais são programadas, que podem come- çar um pouco mais tarde do que a data mais cedo possível. No qua- dro 2, temos a representação de cronograma físico. Quadro 2 - Representação de um cronograma físico Fonte: elaborado pelo Grupo Ser Educacional (2021). Pode-se optar por iniciar uma atividade não crítica mais tarde do que foi planejado, em função da disponibilidade de recursos, por exem- plo. Dessa forma, seria possível usar os recursos disponíveis – pessoas, materiais e equipamentos – da maneira mais eficiente possível, com pouca ou nenhuma ociosidade. Por isso, às vezes, é interessante pos- tergar o início de uma atividade para aguardar a liberação de um recurso que ainda está sendo utilizado em uma ação em vias de ser concluída. Nesse momento, os histogramas de recurso são particular- mente úteis, uma vez que eles mostram o consumo dos recursos- -chave durante a execução do projeto. Isso nos permite identificar, a priori, quando um recurso estará escasso (consumo acima da dis- ponibilidade) e/ou sua ociosidade ao longo do tempo. Isso posto, é muito comum em relatórios gerenciais a apre- sentação do Cronograma ou do Diagrama de marcos. Este é bem semelhante ao Cronograma de Gantt, mas é focado nos marcos da obra, ou seja, nas etapas importantes a serem atingidas. Atividades Atividade A 1 Atividade C 1 Atividade B 1 Duração (semanas) 1 2 3 Duração (semanas) 23 Figura 3 - Diagrama de marcos Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Há, no mercado, vários aplicativos específicos para o geren- ciamento de obras, e muitos fazem uso dessas mesmas ferramentas. É importante, no entanto, que o profissional conheça os conceitos e as técnicas nas quais o software se baseia, para que possa utilizá-lo com conhecimento, discernimento e segurança. Histograma de recursos Histograma é uma ferramenta muito útil na obra, seja o histogra- ma de pessoal, seja o de material ou o de equipamento. Assim, “o histograma de recursos é um gráfico de colunas que representa a quantidade requerida do recurso por unidade de tempo” (MATOS, 2010 apud ADOMA; MAZUTTI, 2019, [n. p.]). O histograma de pes- soal permite o dimensionamento da mão de obra necessária para execução de cada atividade, facilitando prever com antecedência a necessidade ou o excesso de trabalhadores. Com o cronograma elaborado, as atividades a serem execu- tadas estão distribuídas ao longo do tempo. Assim, em um deter- minado período, é possível visualizar as atividades que estão sendo executadas em paralelo e estimar a equipe que será necessária para a sua execução no período específico. 0 10 A A ti vi da de s Tempo B C D E F G H 20 30 40 50 24 Ademais, o histograma de materiais ajuda no planejamento dos materiais que serão essenciais no canteiro de obras para a rea- lização dos serviços. A instalação do canteiro de obras prevê local para armazenamento de materiais que serão utilizados, e os mate- riais serão entregues conforme a etapa em que a obra se encontra. Dessa maneira, o histograma de materiais pode ajudar no planeja- mento das compras e entregas desses instrumentos. No quadro 3, é possível visualizar uma planilha com a relação de atividades, de precedências, de duração e de recursos por ativida- de. Em seguida, são apresentados o cronograma físico correspondente e os histogramas de pessoal. Para facilitar o entendimento, observe o período do cronograma entre 0 e 10, momento em que está sendo exe- cutada somente a Atividade A. Para a realização dessa, a quantidade de mão de obra necessária é: 3 de X, 2 de Y e 1 de Z. Nos histogramas apresentados na sequência, é fácil visualizar esses recursos, observe: Quadro 3 - Tabela de atividades, precedências, duração e recursos Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Atividade A - 10 3 2 1 C D E F G H A C C B,D D,E F,G 5 4 6 12 5 16 2 1 3 4 0 1 1 2 3 2 2 2 2 1 2 2 1 3 B A 12 2 1 3 Duração (semanas) (dias) Recurso X Recurso Y Recurso Z Atividade Precedente 25 Figura 4 - Gráfico de Gantt Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Figura 5 - Histograma de pessoal – recurso X (cinza escuro), recurso Y (cinza claro) e recurso Z (preto) 26 Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Curva S (para estimativa do progresso) O desenvolvimento de um projeto não acontece de forma linear e constante. Ele começa mais devagar, seu ritmo acelera e, ao apro- ximar-se do final, volta a cair. Por esse motivo, ao fazer um gráfico de realização acumulada do projeto ao longo do tempo, temos uma curva que se assemelha a uma letra “S”. A curva S, criada duran- te o planejamento, é depois utilizada no monitoramento do projeto durante sua execução. Com ela, é possível ter uma visão mais clara da evolução física da obra e comparar o planejado e o realizado. Por essa razão, ela é bastante utilizada em relatórios gerenciais. 27 O eixo horizontal representa o tempo e o vertical a quantida- de executada acumulada,geralmente apresentada em porcentagem. Isso posto, analise a figura 6 a seguir, que representa uma Curva S: Figura 6 - Curva S Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Para melhor assimilação do conteúdo, observe o exercício a se- guir, extraído e adaptado de Pinheiro e Crivelaro (2014). Consideremos a execução de uma obra residencial, conforme a tabela retratada no qua- dro 4, na qual estão identificadas atividades, durações e precedências: Quadro 4 - Atividades, duração e precedências Fonte: adaptado de Pinheiro; Crivelaro (2014) pelo Grupo Ser Educacional (2021). Curva S Período Pr ev is to a cu m ul ad o 1 Locação da Obra 6 - 3 Cobertura 8 2 5 Limpeza 6 3; 4 2 Alvenaria 30 1 4 Piso 10 2 (II - 25) Numeração Atividades Duração Precedência 28 Elaborando a Rede CPM para determinação do caminho crí- tico da obra: Figura 7 - Rede CPM Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Determinando a folga e o caminho crítico: Quadro 5 - Cálculo das folgas e caminho crítico Fonte: elaborado pelo Grupo Ser Educacional (2021). Podemos, agora, elaborar o gráfico de Gantt, já com o cami- nho crítico evidenciado. Ou seja, a sequência de atividades que não têm folga: Locação da obra Início-início Atraso 25 Alvenaria 6 30 Limpeza 6 Cobertura 8 Piso 10 Início 1 7 37 33 45 Início 6 7 37 35 45 Término 6 36 44 42 50 Término 6 36 44 44 50 0 0 0 2 0 Data mais cedo Data mais tarde Folga Total 29 Figura 8 - Gráfico de Gantt – caminho crítico Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Considerando uma distribuição linear de execução para as atividades, e que todas tenham o mesmo peso no projeto (o que não é condizente com a realidade), é possível elaborar a curva S da obra: Figura 9 - Curva S – percentual previsto Fonte: elaborada pelo Grupo Ser Educacional (2021). Planejamento financeiro de execução de obras O planejamento e o controle financeiro da obra é, também, muito importante para o bom desempenho e sucesso do empreendimento. 0 10 20 30 40 50 60 Locação da obra Alvenaria Cobertura Piso Limpeza Dias 0 10 100% 80% 60% 40% 20% 0% Pe rc en tu al p re vi st o Dias 20 30 40 50 60 30 O aumento dos custos da obra implica em redução dos lucros da empresa; contudo, com um planejamento financeiro adequado, é possível prever a movimentação financeira que ocorrerá durante a obra e, dessa maneira, realizar o gerenciamento de recursos fi- nanceiros (ADOMA; MAZUTTI, 2019), adotando inclusive medidas corretivas, caso necessárias. Ademais, Adoma e Mazutti (2019) explicam que o plane- jamento financeiro de obras consiste na adoção de medidas que possibilitem gerenciar os custos decorrentes das diversas fases de implantação do empreendimento, de maneira que todas as empre- sas envolvidas tenham segurança financeira. Cronograma financeiro Utiliza-se, para elaboração do planejamento financeiro, o crono- grama financeiro de obra (que é baseado no orçamento) e o fluxo de caixa. A tabela 1 mostra um cronograma financeiro de uma obra hi- potética, com o custo das atividades distribuídas ao longo do tempo. Na parte inferior, há o custo total da obra ao longo do tempo. Tabela 1 - Exemplo de cronograma financeiro Fonte: elaborada pelo Editorial do Grupo Ser Educacional (2021). 12,5 12,5 199 10 Locação da obra Alvenaria Cobertura Piso Limpeza Total (R$ x 10³) Acumulado (R$ x 10³) 10 10 10 20 20 88 2 16 18 28 20 20 108 20 20 48 20 10,8 30,8 139 8 7,2 2,5 17,7 187 20 20 68 4 8 18 30 169 Atividades 1 52 63 7 94 8 Semanas 31 Já o fluxo de caixa é um instrumento que permite a projeção das entradas e saídas de recursos financeiros em um determinado período. Segundo Araújo, Teixeira e Licório (2015): Sendo o fluxo de caixa uma ferramenta simples no controle gerencial, é de suma importância para a análise de controle, isso porque, com essa ferramenta, é possível não somente projetar as receitas financeiras da empresa, mas também utilizá-la para decisões de investimentos futu- ros (ARAÚJO; TEIXEIRA; LICÓRIO, 2015, p. 16). A seguir, um modelo de fluxo de caixa: Tabela 2 - Modelo de fluxo de caixa. Empresa: Período: Receita de prestação de serviços Outras receitas TOTAL DAS ENTRADAS Folha de pagamento Outras receitas Fornecedores Recebimento sobre vendas SAÍDAS 0 1 0 5 0 3 0 7 0 9 DIAS 0 2 0 6 0 4 0 8 0 10 Fluxo de caixa 32 INSS a recolher Impostos sem receitas Retiradas sócios Aluguéis Energia elétrica Telefone Despesas diversas Financiamentos de equipamentos Combustíveis 13º salário Outros pagamentos Serviços contabilidade Férias Despesas financeiras Manutenção de veículos Empréstimos bancários FGTS 33 Fonte: adaptada de Sienge (2020) pelo Editorial do Grupo Ser Educacional (2021). Conforme destacam Adoma e Mazutti (2019), na construção civil, o fluxo de caixa tem uma grande importância, uma vez que as construtoras precisam ter capital disponível para bancar a execução das obras. Empresas que não têm recursos financeiros suficientes para executar inicialmente os serviços correm o risco de atrasar e, muitas vezes, não conseguir concluir a obra, havendo necessidade de rescisão contratual, o que é ruim tanto para a contratada, quanto para o contratante. Em obras públicas, esse cuidado precisa ser ainda maior, pois não é incomum que ocorram atrasos nos pagamentos para as cons- trutoras – por uma série de motivos -, e a construtora precisa estar preparada para algum imprevisto que venha a ocorrer. O controle financeiro visa a acompanhar se as atividades rea- lizadas na obra estão compatíveis com os gastos projetados e, caso sejam identificadas diferenças, devem ser determinados os motivos e ser feita a intervenção necessária. Dessa forma, o controle finan- ceiro é realizado paralelamente ao controle físico da obra. Como, no entanto, relacionar as contas da obra com as contas gerais da empresa? Halpin e Woodhead (2017) destacam que, para se estabelecer um sistema de controle de custos para uma constru- ção, é necessária a definição de centros de custos de níveis de em- preendimento. É preciso dividir toda a obra em unidades de controle TOTAL DAS SAÍDAS SALDO ENTRADAS - SAÍDAS SALDO ACUMULADO 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 SALDO ANTERIOR 100,00 100,00100,00 100,00 100,00100,00 100,00100,00 100,00 100,00 34 significativas, a partir da EAP, de tal forma que o trabalho possa ser medido no campo. Ainda conforme os autores (2017): Uma vez estabelecidas as contas de custos de trabalhos, é atribuído a cada conta um código identificador, que é chamado de código de cus- to. Ao serem separados por centros de custos associados, todos os elementos de despesas (mão de obra direta, mão de obra indireta, ma- teriais, suprimentos, custos de equipamentos etc.) que constituem unidades de trabalho po- dem ser apropriadamente registrados pelo có- digo de custos (Ibidem, [n. p.]). A figura 10 apresenta uma estrutura de custos: Figura 10 - Estrutura de custos Fonte: Halpin e Woodhead (2017, [n. p.]). Curva S: estimativa de custo A curva S pode ser utilizada também no planejamento financeiro, com a finalidade de acompanhamento dos gastos acumulados na obra ao longo do tempo. 35 Sua representação gráfica é a somatória dos custos atribuídos às atividades do cronograma de barras, apresentando, dessa forma, uma previsão de gasto acumulado, que pode ser comparado ao gasto previsto. O eixo horizontal representa o tempo, ao passo que o eixo vertical os gastos acumulados, geralmente simbolizados em unida- de monetária. Figura 11 - Curva S Fonte: elaborada pelo Editorial do Grupo Ser Educacional (2021). Curva ABC A curva ABC permite identificar os itens de maior importância na obra (aqueles de maiorvalor), ordenando-os de forma decrescente. Essa ferramenta é muito útil, posto que a identificação dos insumos de maior valor ou mais utilizados na obra devem merecer uma aten- ção especial, visando assim um maior controle dos custos. Esse tipo de curva pode ser utilizado também para identificar as atividades mais caras na obra. V al or es a cu m ul ad os Período Curva S 36 Segundo Pinheiro e Crivelaro (2014): A ideia dessa curva surgiu na Itália em 1800, com Wilfredo Paretto, que a denominou lei 20 x 80. Ele mediu a distribuição de renda da população e constatou que poucos indivíduos da sociedade concentravam a maior parte das riquezas existentes, isto é, 20% da população absorvia 80% de renda. Os fundamentos do método Paretto foram colocados em prática na Segunda Guerra Mundial pela General Electric (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014, p. 67). Os itens da curva ABC são separados em três classes, confor- me o valor que representam no gasto total da obra. Segundo a espe- cificação do Sienge (2017): • Classe A São aqueles que têm um valor de demanda ou consumo alto; 20% dos itens são considerados Classe A e representam 80% do valor da demanda ou consumo. • Classe B São aqueles que têm um valor de demanda ou consumo inter- mediário; 30% dos itens são considerados Classe B, represen- tando 15% do valor da demanda ou consumo. • Classe C São aqueles que têm um valor de demanda ou consumo baixo; 50% dos itens são considerados Classe C e correspondem a 5% da demanda ou consumo. No dia a dia, a divisão entre as classes A, B e C é baseada no bom senso do gestor da obra. No caso de atividades de obra de cons- trução, os percentuais adotados para cada região em relação ao cus- to total da obra são: VOCÊ SABIA? 37 • Região A – 53% do custo total; • Região B – 32% do custo total; • Região C – 15% do custo total. Para a redução de custos, é interessante priorizar os insumos da Classe A, seja para negociação com seus fornecedores ou, se pos- sível/viável, a substituição de algum deles. Figura 12 - Representação da Curva ABC de insumos Fonte: adaptada de Sienge (2017). A curva ABC pode ser feita de forma muito simples a partir de uma planilha em que constem todos os itens do orçamento. Há também aplicativos de gestão para um controle mais elaborado. Para uma melhor compreensão, considere a planilha orça- mentária apresentada no quadro 6, com macro atividades de uma 20 50 80 95 100 100 Cu st o Itens A B C DICA 38 obra de construção de conjuntos habitacionais que já foram orde- nadas de forma decrescente com base nos custos das atividades. A distinção entre as classes A, B e C foi feita em cores diferentes. Quadro 6 - Ordenação financeira das atividades CÓDIGO 00-00-02 00-00-09 00-00-08 00-00-10 00-00-03 00-00-07 00-00-01 00-00-14 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS UNIDADES HABITACIONAIS ESTRUTURA INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E APARELHOS SANITÁRIOS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS REVESTIMENTOS ALVENARIA ESQUADRIAS METÁLICAS FUNDAÇÕES PINTURA TIPOLOGIA A: 6 BLOCOS COM 6 PAVIMENTOS + 5 BLOCOS COM 7 PAVIMENTOS = 142 UHs 00-00-00 TOTAL C/ BDI 1.844.956,34 831.502,77 1.049.939,32 606.275,06 1.168.303,22 774.661,66 965.602,06 428.188,02 % em relação ao custo total 21,42% 9,65% 12,19% 7,04% 13,56% 8,99% 11,21% 4,97% % acumulado 21,42% 68,03% 47,17% 84,07% 34,98% 77,03% 58,38% 89,04% Classe A B 39 00-00-05 00-00-06 00-00-13 00-00-12 00-00-04 00-00-15 00-00-11 COBERTURAS ESQUADRIAS DE MADEIRA E FERRAGENS VIDROS PISOS IMPERMEABILI- ZAÇÕES COMPLEMENTA- ÇÃO DA OBRA FORROS TOTAL 285.560,08 154.822,00 60.814,74 213.944,83 101.004,71 114.471,32 13.756,01 8.613.802,14 3,32% 1,80% 0,71% 2,48% 1,17% 1,33% 0,16% 92,35% 96,63% 99,84% 94,84% 99,13% 97,96% 100,00% C Fonte: elaborado pelo Editorial do Grupo Ser Educacional (2021). As atividades “estrutura”, “alvenaria”, “instalações elétricas” e “fundações” são as que deveriam receber mais atenção, por serem as mais caras nessa obra. Assim, a curva ABC resultante é apresentada a seguir: Figura 13 - Curva ABC de atividades Fonte: elaborada pelo Editorial do Grupo Ser Educacional (2021). 100,00% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 00,00% Es tr ut ur a A lv en ar ia In st al aç õe s el ét ri ca s Co m pl em en ta çã o da o br a Im pe rm ea bi li za çõ es V id ro s Fo rr os Es qu ad ri as m et ál ic as R ev es ti m en to s Pi n tu ra Co be rt ur as Pi so s Es qu ad ri as d e m ad ei ra e fe rr ag en s Fu n da çõ es In sa ta la çõ es h id ra ul ic as e ap ar el ho s sa n it ár io s A B C 40 Caro(a) aluno(a), estamos concluindo a primeira parte da disciplina Administração e Orçamentação de Obras. Você está satisfeito(a)? Nessa unidade, destacou-se a importância do planejamento físico e financeiro para uma boa gestão de obras. Em relação ao planeja- mento físico, foi discutido o que é escopo e apresentadas algumas das ferramentas mais utilizadas no planejamento físico, como a Es- trutura Analítica do Projeto (EAP); e na programação, como o cro- nograma físico, com destaque para o gráfico de Gantt, o Critical Path Method (CPM), o histograma de recursos e a curva S. Em relação ao planejamento financeiro, foram apresentadas as fer- ramentas utilizadas, como o cronograma financeiro (cuja base para elaboração é o orçamento de obras e o fluxo de caixa), a curva S e a curva ABC. Ainda no planejamento financeiro, analisou-se a definição de fluxo de caixa em conjunto com uma planilha-modelo, além de destacar a importância de uma estrutura de custos, com a codificação, para o controle financeiro de obras. Por fim, através de um exercício, realizou-se o acompanhamento, passo a passo, de uma Rede CPM para determinação do caminho críti- co, elaboração de um Gráfico de Gantt e de sua curva S correspondente. SINTETIZANDO UN ID AD E 2 Objetivos 1. Aprender sobre as composições de custos; 2. Conhecer o planejamento financeiro para a execução de obras na construção civil; 3. Aprender o que é um orçamento; 4. Diferenciar os tipos de orçamento existentes; 5. Fornecer subsídios para identificar as bases orçamentárias; 6. Aprender sobre o cronograma físico-financeiro; 7. Diferenciar os tipos de cronograma; 8. Compreender a matriz de controle financeiro. 42 Introdução Olá, pessoal, tudo bem? Estamos na segunda etapa de estudos da nossa disciplina Administração e Orçamentação de Obras. Nesta unidade abordaremos itens voltados ao planejamen- to financeiro de uma obra, através do gerenciamento dos custos. Trataremos da definição de custos e das parcelas que os compõem, trazendo mecanismos para a estimativa dos custos como primeiro passo para definir os valores financeiros para uma obra. Além disso, iremos conhecer os tipos de orçamento, como eles podem ser elaborados, suas parcelas essenciais como custos diretos, indiretos e taxas, utilizando ainda as bases orçamentárias de apoio. Ainda neste material, faremos um alinhamento do plane- jamento físico e do financeiro de forma a garantir o controle para tomada de decisões quanto a prazos e custos. Você está entusiasmado(a) com esses novos conteúdos? Vamos lá! 43 Gestão de custos Definir o custo de um projeto/obra/serviço deve ser uma etapa priori- tária para o seu sucesso e finalização. Administrar os gastos deve en- volver toda a equipe, lógico, dentro do que cabe as responsabilidades. A maior preocupação de todo engenheiro é conseguir manter o custo da obra conforme o orçamento realizado. Assim, é importante realizar um levantamento dos custos envolvidos, buscando aproxi- mar-se ao máximo da realidade, uma vez que a falta de controle pode produzir grandes prejuízos e desembolsos além do previsto em uma obra (SANTOS, 2015). Dessa forma, para compreender como é o pro- cesso de formação de preço dos materiais e serviços utilizados em uma obra, da composição unitária depreços e de sua aplicação nos orça- mentos é necessário dominar a diferença entre custo, despesa e preço. O custo é relacionado ao gasto para a produção de um bem ou serviço. Isso posto, o custo pode ser conceituado como todo o valor in- vestido diretamente na obra. Em relação às despesas, estas são con- ceituadas como os gastos que transcorrem da atividade, podendo ser fixas ou variáveis em função do volume de produção. Na construção ci- vil, podemos exemplificar como uma despesa fixa as manutenções da construtora (remuneração da equipe administrativa) e como despesa variável a tributação sobre o faturamento da construtora (CEF, 2020). Por fim, o preço refere-se à quantia financeira paga pelo comprador por um bem e/ou serviço. Na construção civil, é refe- rente ao valor contratual acordado para a obra, incluindo todos os custos da própria obra, as despesas e o lucro da construtora (CEF, 2020). Sendo assim, para definir a formação do preço, é necessário estimar os custos, assim como as despesas, da forma mais adequada possível e definir o lucro que se espera alcançar ao final da obra. Composição de custos A composição dos custos refere-se à especificação dos custos inerentes à efetivação de um serviço ou atividade da obra (MATTOS, 2014). Ainda, segundo o autor, a composição busca listar os insumos que pertencem ao serviço, enumerando suas quantidades e custos unitários e totais. 44 Insumos são relacionados aos elementos básicos da construção ci- vil, tais quais materiais, como cimento, blocos, telhas, tábuas, aço, entre outros; equipamentos, como betoneiras, caminhões, equipa- mentos de terraplenagem, entre outros; e a mão de obra (PINHEI- RO; CRIVELARO, 2014). A composição de custos pode ser dividida em categorias e, segundo Mattos (2014), as categorias de custo compreendidas em uma atividade ou serviço podem ser: mão de obra, material e equi- pamento. Nesse sentido, as categorias mão de obra e consumo de materiais são consideradas os indicadores mais importantes na construção civil, sendo medidos com auxílio de cálculos de Razão Unitária de Produção (RUP) e Consumo Diário de Materiais (CDM) (SOUZA; MORASCO; RIBEIRO, 2017). A RUP apresenta quantas horas de trabalho são necessárias para executar um metro quadrado de alvenaria ou um metro cúbico de escavação, por exemplo (SOUZA; MORASCO; RIBEIRO, 2017). Isso posto, segundo os autores, a equação (1) representa a RUP: Em que: Hh = homens-hora; Qs = quantidade de serviço executado. Já o CUM representa a parcela de material necessária para realizar o que foi projetado. Com esses indicadores, pode-se quan- tificar a mão de obra e material adequados para as etapas da obra (SOUZA; MORASCO; RIBEIRO, 2017). DEFINIÇÃO RUP = Hh Qs (1) CUM = Qmat Qserviço (2) 45 Em que: Qmat = parcela de material; Qserviço = quantidade de serviço. Composição de custos unitários A composição do custo unitário está relacionada com o preço de uma unidade do serviço a ser realizado, por exemplo, a execução de 1m² de pintura. Assim, “elaborada em forma de tabela, a composi- ção deve apresentar todos os insumos necessários para a realização daquele serviço, o que geralmente envolve materiais, equipamentos e mão de obra” (CONSTRUCT; SIENGE, 2017, p. 8). Como relatado, a composição de custos unitários é repre- sentada em forma de tabela, a qual é comumente apresentada com cinco colunas. Assim sendo, observe o quadro 1, que evidencia as composições de custos unitários e suas respectivas descrições: Quadro 1 - Descrição da composição de custos unitários Fonte: adaptado de Mattos (2014, p. 63-70). Insumo Refere-se aos materiais, mão de obra e equipamentos utilizados na execução do serviço. Incidência do insumo na execução de uma de serviço. Custo de aquisição de uma unidade de insumo. Refere-se ao custo total do insumo na composição de custos unitários. R$ total = índice x R$ unitário. Referente à unidade de medida de insumo. Quando se remete a determinado material pode ser em kg, m³, m², m, um, entre outras unidades. Para mão de obra, a unidade é sempre hora (homem-hora). Para equipamento, é hora (de máquina). Índice R$ unitário R$ total Unidade Composição Descrição 46 Com base nos índices dos materiais, é possível calcular a pro- dutividade da mão de obra e o rendimento dos materiais, conforme as equações a seguir: A produtividade dá-se em m²/hora. O rendimento é relacionado a m²/gl, ou m²/un, ou seja, rela- ciona o m² pela unidade gasta do material (podendo ser gl, un, m³). É muito importante que o profissional não confunda termos como produtividade e produção. Segundo Mattos (2019): [...] Define-se produtividade como a taxa de produção de uma pessoa ou equipe ou equi- pamento, isto é, a quantidade de unidades de produto produzida em um intervalo de tempo especificado, normalmente hora. [...] Produção representa a quantidade de unidades feitas em um certo período, e a produtividade é a rapidez com que essa produção foi atingida (MATTOS, 2019, p. 79). Para mais, é necessário conhecer e dominar os índices em- pregados na composição de custos, pois, segundo Mattos (2019), esses demarcam a mão de obra e equipamentos, além do consumo dos materiais que foram adotados na elaboração do orçamento, for- necendo bases com o objetivo de comparação do serviço orçado com o realizado. A seguir, observe um exemplo: A tabela 1 mostra um exemplo de composição de custo para o prepa- ro de 1 m³ de concreto. Produtividade = 1 Índice Rendimento = 1 Índice (3) (4) EXEMPLO 47 Tabela 1 - Composição de custo unitário para 1m³ de concreto Fonte: adaptada de Mattos (2014 p. 64). Com base na tabela 1, verifica-se com clareza todas as cate- gorias de custos envolvidas para 1m³ de concreto, isto é, mão de obra (pedreiro e servente), materiais (areia, britas e cimento) e equipamento (betoneira). Interpretando a mesma tabela, verifica- -se que para o preparo de 1m³ de concreto são necessários: 0,901 m³ de areia; 0,209 m³ de brita 1; 0,627 m³ de brita 2; 0,35 h de be- toneira; 306 kg de cimento; 1 hora de pedreiro e 8 horas de servente. Quando se verifica o custo orçado para o preparo, transpor- te, lançamento e adensamento no preparo de 1 m³ de concreto, o valor é de R$ 237,87. Na sequência, o insumo que mais incide no preparo é o cimento (R$ 110,16/m³), representando 48,88% do custo do concreto. Em relação ao custo de material, este é de R$ 195,59 (exe- cutado pelo somatório de todos os materiais, ou seja: areia, brita 1, brita 2 e cimento), representando 82,23% do custo total. Em rela- ção ao custo de mão de obra, este é de R$ 41,40 (executado pelo so- matório das horas de pedreiro e servente), representando 17,40% Areia Brita 2 Betoneira Cimento Brita 1 Pedreiro Servente 0,901 0,627 0,350 306,000 0,209 1,000 8,000 m³ m³ h kg m³ h h 37,000 55,000 2,500 0,380 55,000 7,000 4,300 33,337 34,485 0,875 116,28 11,495 7,000 34,400 Insumo Total 237,872 ÍndiceUnidade R$ unitário R$ total 48 do custo total. Por fim, em relação ao custo de equipamento, este representa 0,37% do custo total e há uma proporcionalidade de 8 serventes para 1 pedreiro para a execução do serviço. Se o orçamentista desejar calcular a produtividade da mão de obra, basta aplicar a equação (3), obtendo 1 m²/hora do pedreiro e 0,125 m²/hora do servente. Para o uso da betoneira, essa apresenta uma produtividade de 2,86 m²/hora. Em relação ao rendimento dos materiais é preciso aplicar a equação (4), e dessa forma temos que: a areia apresenta um rendimento de 1,11 m²/m³; a brita 1 tem ren- dimento de 4,78 m²/m³; e a brita 2 1,59m²/m³. Por fim, o cimento apresenta um rendimento de 0,0033 m²/kg. Orçamento O setor da construção civil moderna atua com conceitos de susten- tabilidade e gestão econômica. Atualmente, as obras são projetadas de modo a evitar o desperdício de recursos naturais, enquanto, pa- ralelamente, são executadas com a maior agilidade possível. Sendo assim, todaobra é projetada com base em uma estimativa de quanto se deseja gastar. Isso posto, pode-se afirmar que o orçamento da obra é um elemento vital, uma vez que impacta diretamente no lu- cro do investimento. De acordo com o Sienge (2017), as causas mais comuns de es- touro no orçamento de obras são: atrasos parciais de entrega de uma obra; baixa produtividade da mão de obra; falha nas contrata- ções de serviço; falta de integração entre as informações; e falta de organização do estoque e de planejamento sobre fatores externos, por exemplo, as chuvas. Dessarte, orçamento, segundo Pinheiro e Crivelaro (2014), é referente ao instrumento utilizado na previsão de custos de uma obra. Logo, é muito importante que o responsável técnico da obra elabore um orçamento preciso. Já segundo a CEF (2020), orçamento pode ser definido pela: [...] identificação, descrição, quantifica- ção, análise e valoração de mão de obra, 49 equipamentos, materiais, custos financeiros, custos administrativos, impostos, riscos e margem de lucro desejada para adequada pre- visão do preço final de um empreendimento (CEF, 2020, p.16). Planejamento financeiro de execução de obras O planejamento na construção civil conta com instrumen- tos de gerenciamento que buscam obter o máximo desempenho das obras dos pontos de vista de execução, ambiental e financeiro. O planejamento e controle na construção civil são fundamentais para garantir a saúde financeira e a segurança institucional das cons- trutoras, e sua ausência gera impactos econômicos significativos. Situações decorrentes da falta de planejamento criam grande ins- tabilidade nos setores da construção civil e imobiliário, podendo re- sultar em crises econômicas de grande impacto nacional. Portanto, o planejamento pode ser definido como o plano que aponta os recursos financeiros, humanos e materiais fundamentais para a execução de uma obra, assim como o período em que devem ser utilizados (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). Ademais, Mattos (2010) relata os principais benefícios resultantes de um bom plane- jamento de obras, apresentados no quadro 2. Quadro 2 - Benefícios do planejamento de obras Agilidade de decisões Conhecimento pleno da obra A existência de planejamento permite que o gestor analise e tome decisões rápidas e pontuais de modo a gerir prazos e recursos (materiais e humanos), intervindo no processo construtivo quando necessário. Ao realizar o planejamento é preciso conside- rar todas as variáveis envolvidas na construção (projetos, métodos construtivos, orçamentos e prazos de execução). Benefício Discriminação 50 Criação de dados históricos Otimização da alocação de recursos Profissionalismo Padronização Referência para o acompanhamento Documentação e rastreabilidade Detecção de situações desfavoráveis Um mesmo planejamento pode ser aplicado de forma integral ou parcial em obras similares. Dessa forma, permite-se que a construtora desenvolva planos de ação que garantam maior destaque no mercado da construção civil. Por meio do planejamento, o gestor adquire conhecimento dos recursos necessários e dos prazos estimados. A empresa que preza pelo planejamento das obras garante a confiança dos clientes e maior visibilidade no mercado. O planejamento de uma obra permite que todos os profissionais envolvidos, desde o engenheiro ao servente de obras, tenham consciência dos procedimentos, prazos e metodologias adotadas. A existência de planejamento em uma obra for- nece um referencial pelo qual se pode analisar e controlar o desenvolvimento dos serviços efetivamente executados. A esse planejamento, dá-se o nome de planejamento referencial ou linha de base. O planejamento e o controle de obras permitem que a construtora consiga maior organização na gestão de documentos e registros. A organização facilita a elaboração de justificativas e garante maiores prazos ou recursos financeiros, assim como maiores chances de defesa em casos judiciais. A existência de um planejamento adequado permite analisar e detectar inconformidades no andamento do projeto. Assim, é possível intervir antes que a situação desfavorável se torne irreversível. 51 Fonte: adaptado de Mattos (2010, [n. p.]). É possível verificar no quadro 2 todos os benefícios obtidos pela elaboração do planejamento na construção civil. Entretanto, não podemos deixar de considerar as deficiências no planejamento de obras da construção civil, que, de acordo com Mattos (2010), são problemas constantes e resultantes da execução de planejamentos incorretos. O autor destaca ainda que essas deficiências resultam em uma menor qualidade no setor, gerando elevadas perdas de re- cursos materiais e financeiros. Orçamento da obra O orçamento é um dos primeiros documentos que uma construto- ra precisa elaborar ao estudar um projeto para determinada obra, sendo esse uma das ferramentas mais importantes para avaliar a viabilidade de um projeto. Seja uma obra com fins lucrativos ou não, sabemos que a construção implica em gastos significativos que, por isso mesmo, devem ser determinados, a fim de analisar se a obra será viável ou não. O orçamento, também chamado de composição de custos, precisa descrever: Referência para metas Relação com o orçamento A existência de um planejamento permite a adoção de metas de execução de serviços, agregando benefícios financeiros e econômi- cos, além de melhorar o marketing da empresa, visando futuras obras da construtora. Serviços de engenharia são orçados conside- rando índices de produtividade das equipes e quantitativos de materiais. Nesse sentido, o pla- nejamento deve considerar esses parâmetros de modo a identificar o desenvolvimento da obra, podendo intervir em serviços que não transcor- ram conforme definido em projeto. 52 a realidade do projeto e estar atrelado ao pla- nejamento da obra. Dessa maneira, o docu- mento produzido pelo engenheiro deve possuir valor prático e pode efetivamente orientar a empresa em relação aos seus gastos, lucros e deveres relacionados à construção de um pro- jeto (CONSTRUCT; SIENGE, 2017, p. 5). É muito importante não confundir orçamento com orçamen- tação: orçamento é referente ao produto e a orçamentação é o pro- cesso de determinação do orçamento (MATTOS, 2019). Além disso, Pinheiro e Crivelaro (2014) reportam que a elaboração do orçamento é realizada por meio da quantificação dos insumos, do tempo utili- zado na execução de cada serviço e do cálculo dos custos envolvidos na obra. Mattos (2006) e CEF (2020) reportam que um bom orçamen- to deve apresentar características e propriedades específicas, como: • Aproximação Todo orçamento tem seu valor aproximado (baseado em pre- visões e estimativas). • Especificidade Todo orçamento é específico para características particulares (exemplo: porte da construtora e condições locais nas quais a obra será executada). • Temporalidade O orçamento representa a projeção dos recursos adequados para a produção de uma obra em um dado momento. Apesar da possibilidade de reajuste por índices, há muitas flutua- ções nos preços dos insumos, alterações tributárias e métodos construtivos. Nesse sentido, o orçamento é válido para o mo- mento e as condições distintas daquelas consideradas. De acordo com O guia definitivo do orçamento de obras, escri- to por Construct e Sienge (2017), o orçamento vai além de preços, custos e cálculos, devendo apresentar uma abrangência maior e abordar um planejamento de compras; parcerias com fornecedores; 53 índices de acompanhamento; metas de desempenho ao longo das obras; definição do tamanho das equipes alocadas para cada fase; e o cronograma físico-financeiro do projeto. Em geral, engenheiros e construtoras podem fazer uso de tabelas padronizadas nas composições e custos de materiais e ser- viços, as quais são denominadas de Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos (TCPO) e tabelas do SINAPI (Sistema Na- cional de Pesquisa deCustos e Índices da Construção Civil) (GAR- CIA, 2011). Com tabelas padronizadas, o profissional responsável pela elaboração do orçamento deve ter profundo conhecimento téc- nico sobre os três elementos envolvidos na elaboração orçamentária (insumos, tempo e custo) (MATTOS, 2010). Nesse sentido, os custos envolvidos nos orçamentos podem ser divididos em diretos e indiretos. Custos denominados de dire- tos (CD) são os referentes à execução das atividades e/ou serviços da obra e são considerados variáveis (aqueles que variam proporcional e diretamente à quantidade de insumos utilizados na execução da obra). Em resumo, custos diretos estão associados aos serviços no canteiro de obras (CONSTRUCT; SIENGE, 2017). A composição de custos diretos pode, segundo Construct e Sienge (2017), ser unitária ou indicada como verba, como no caso de serviços que não podem ser fisicamente mensuráveis, por exemplo: R$ 500 mil destinados ao projeto de paisagismo e R$ 500,00 para placas e sinalização no canteiro de obras. Os custos diretos são divi- didos em três categorias (MATTOS, 2010): • mão-de-obra (hora-base do funcionário, acrescida de insa- lubridade e adicionais); • material (aquisição, transporte, impostos, entre outros); • equipamentos (custos de propriedade, de operação e de manutenção). Os custos denominados indiretos (CI) são os que ocorrem independentemente da execução das atividades e/ou serviços das obras. Eles podem ser classificados em fixos (aqueles que não va- riam em função da quantidade de insumos utilizados na obra) e 54 variáveis (aqueles que variam proporcional e diretamente com a quantidade de insumos ou porte da obra). De acordo com Pinheiro e Crivelaro (2014), os custos indiretos dividem-se em: • custos decorrentes da administração: empregados, mobiliá- rio, energia, água, telefone, aluguel, entre outros; • gastos financeiros: juros, empréstimos, entre outros; • pagamento de tributos: taxas na prefeitura e licenças; • gastos de comercialização: propostas, viagens técnicas, pu- blicidade, entre outros. Outro custo envolvido na elaboração de orçamentos é o BDI (Benefício e Despesas Indiretas). O BDI é uma taxa adicionada ao custo da obra com o objetivo de cobrir as despesas indiretas (ou custos indiretos) derivados da execução da obra, além dos riscos da obra e do lucro do construtor (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). Cons- truct e Sienge (2017) reporta que o cálculo do BDI, geralmente, leva em consideração cinco itens, conforme descrito no quadro 3: Quadro 3 - Elementos de composição do BDI Fonte: adaptado de Construct e Sienge (2017, p. 12). AC (Administração Central) R (Riscos) T (Tributos) DF (Despesas Financeiras) L (Lucro) Gastos gerais com administração, salários dos funcionários, aluguel da sede, materiais de escritório, entre outros. Gastos com imprevistos, riscos, seguros, entre outros. Somatório de tributações e impostos (SS, PIS e COFINS). Despesas relacionadas à perda monetária. Percentual referente ao lucro pretendido com a obra. Item do BDI Descrição (o que inclui) 55 A execução do cálculo do BDI é preconizada pela equação (5) a seguir (CONSTRUCT; SIENGE, 2017): BDI =( ( ( (1 + AC) x (1 + DF) x (1 + R) x (1 + L) ) / ( 1 – T ) ) – 1 ) (5) Em que: DI = despesas indiretas; B = lucro; CD = custos diretos. Vale ressaltar que o valor do BDI não é absoluto: dessa for- ma, cada obra ou serviço deve ter um BDI próprio, visto que o valor expresso por este não é absoluto. O motivo de cada obra ou serviço apresentar BDI próprio é que as condições de cálculo e preço de ven- da acabam sendo específicas para cada tipo de projeto. Sendo as- sim os valores relacionados a obra ou serviço, normalmente, são: divisão da administração central, taxa de risco, tributos federais e municipais, despesas financeiras de capital de giro, despesas co- merciais e lucro da obra (PINI, 2009). Além de conhecer e compreender o que são e como são calculados os custos unitários, é muito importante dominar a composição geral de um orçamento, de modo a escolher o tipo ou nível mais adequado para a obra a ser executada. Em geral existem quatro tipos de orçamento, que variam em relação ao nível de detalhamento que a obra exige: • estimativa de custos ou paramétrico; • orçamento preliminar; • estimativa de custos por etapa da obra; • orçamento analítico. O orçamento do tipo estimativa de custos refere-se à avalia- ção que se baseia nos históricos de custos e comparação com pro- jetos de obras semelhantes, servindo como uma primeira avaliação do custo da obra. Quando se remete a obras na construção civil, um indicador muito utilizado nas fases relacionadas a viabilidade 56 e anteprojeto é o custo unitário por metro quadrado construído (CONSTRUCT; SIENGE, 2017). Em relação ao orçamento preliminar, esse tipo exige um grau de detalhes um pouco maior do que o orçamento do tipo esti- mativa de custos. O orçamento preliminar requer uma quantidade maior de indicadores, sendo esses úteis para os levantamentos de construções prediais (CONSTRUCT; SIENGE, 2017): • volume de concreto (área construída x espessura média da ca- mada de concreto); • peso de armação (volume de concreto x consumo de aço); • area de fôrma (volume de concreto x taxa de fôrma). Outro tipo de orçamento é a estimativa de custos por etapa de obra. Essa modalidade refere-se a uma decomposição da esti- mativa inicial, considerando o percentual que cada etapa representa sobre o custo total da obra. Uma vantagem desse tipo de orçamento é que o profissional pode avaliar a viabilidade de execução dos ser- viços de forma mais prática, por exemplo: se a cotação de um su- bempreiteiro está dentro ou fora da faixa de custo estipulada pela construtora (CONSTRUCT; SIENGE, 2017). Por fim, o orçamento analítico é o mais preciso e detalhado, sendo elaborado a partir de composições de custos e uma pesqui- sa profunda dos preços dos insumos. Esse orçamento é o que exige mais empenho do profissional, posto que demanda interpretação de projeto e cálculos de áreas e volumes com o objetivo de quantificar todos os insumos e serviços necessários para a obra. O orçamento analítico busca alcançar um valor bem próximo do custo “real” e possui uma pequena margem de incerteza (margem de erro que va- ria de 1 a 5%) (CONSTRUCT; SIENGE, 2017). No quadro 4 é possível observar algumas características que podem ser utilizadas para a escolha dos orçamentos. 57 Quadro 4 - Características para cada tipo de orçamento Fonte: adaptado de Construct e Sienge (2017, p. 26). Em obras consideradas complexas (obras públicas de in- fraestrutura ou complexos residenciais) é importante investir em um orçamento mais detalhado, de modo a garantir a solução de possíveis imprevistos que surjam na execução do projeto. Em obras consideradas mais simples, pode não ser necessário produzir orça- mentos extremamente completos e detalhados. Bases orçamentárias O Custo Unitário Básico (CUB) refere-se a um dos indicadores da construção civil utilizado nos orçamentos de obras. Ele retrata um valor referente ao metro quadrado de construção, calculado men- salmente pelos Sindicatos de Construção Civil regionais. O CUB é considerado um tipo de orçamento por estimativas, visto que o objetivo principal é determinar o custo global da obra. Dessa ma- neira, o CUB pode, ainda, ser definido como um custo meramente Estimativa de custos Etapa da obra Analítico Preliminar Área construída (m²) Orçamentos deobras similares Projetos executivos Projeto básico Ordem de grandeza Estimativa por etapa Preço real da obra Estimativa Custo Unitário Básico Decomposição percentual Apuração completa Índices de construção Baixo Médio Médio Médio Tipo de orçamento Características básicas Informações Metodologia Finalidade Nível de detalhamento 58 EXEMPLO orientativo para o setor da construção civil, não sendo nunca o custo real da obra, ou seja,obtido por meio de um orçamento completo com todas as especificações de cada projeto em estudo ou análise (SINDUSCON-PR, 2021). O valor do CUB é lançado de duas formas: desonerado ou sem desoneração. O cálculo do CUB/m² desonerado é o mesmo do CUB/ m² sem desoneração: a diferença está no percentual de encargos sociais incidentes sobre a mão de obra. O cálculo do CUB/m² deso- nerado não leva em consideração a incidência dos 20% referentes à previdência social, assim como suas reincidências (SINDUSCON- -PR, 2021). A NBR 12.721/2006 classifica o Custo Unitário Básico como o custo por metro quadrado de construção do projeto-padrão considerado. Ele é calculado pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil e é utilizado na avaliação dos custos de constru- ção das edificações (ABNT, 2006). É importante ressaltar que o CUB não considera os custos extras da obra, os quais compõem o BDI (SINDUSCON-PR, 2021). Outra base orçamentária é a SEOP (Secretaria de Estado de Obras do Paraná), que é o órgão responsável por fornecer tabelas e composições de preços para as edificações. Os valores fornecidos servem de referência para a composição orçamentária das obras de construção civil realizadas no estado do Paraná. Assim, a SEOP apresenta uma planilha com a descrição de todos os serviços e ma- teriais necessários à obra apresentados por meio de códigos (PARA- NÁ EDIFICAÇÕES, 2021). As planilhas e tabelas da base orçamentária da SEOP, assim como a composição dos serviços de edificações, podem ser consultadas no site do órgão. 59 IMPORTANTE Cada código demonstrado na planilha possui sua unidade de medida, índice de rendimento, custo unitário, custo da mão de obra e custo total, conforme verificado na figura 1 abaixo: Figura 1 - Planilha de composições Fonte: adaptada de Paraná Edificações (2021, [n. p.]). Os dados que embasam as tabelas de preços são viabilizados em dois tipos de composição: uma com desoneração e outra sem. Desse modo, as tabelas desoneradas apresentam preços com base na possi- bilidade de recolhimento de 1 a 2% da receita bruta da empresa para as contribuições previdenciárias. Em relação à tabela não desonerada, essa apresenta os preços de uma forma que seja passível o recolhimento de 20% do salário dos empregados para as contribuições previdenciárias. É relevante ressaltar que as tabelas possuem uma vigência infor- mada diretamente na planilha, comumente de três meses. Nesse perío- do, os dados são atualizados conforme a variação da inflação e do preço do produto no mercado de referência (PARANÁ EDIFICAÇÕES, 2021). O SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices de Construção Civil) também é uma base orçamentária que oferece uma tabela com preços referenciais para obras de construção ci- vil. Nas tabelas do SINAP, há uma abrangência de materiais, mão de obra e equipamentos componentes dos serviços mais usuais na construção civil para cada estado brasileiro (CEF, 2020). A gestão do SINAPI é compartilhada entre a Caixa Econômica Fede- ral (CEF) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 60 A CEF tem como responsabilidade a base técnica de engenharia (es- pecificação de insumos, composições de serviços e orçamentos de referência) e o processamento dos dados. Já o IBGE atua na pesqui- sa mensal de preço, tratamento dos dados e formação dos índices (CEF, 2020). Os preços referentes aos insumos de mão de obra são divul- gados considerando o acréscimo dos encargos sociais, seja não de- sonerado ou desonerado, com percentuais para horista e mensalista informados no cabeçalho de cada relatório. Os preços de insumos e custos de composições não consideram o percentual de BDI e são divulgados mensalmente na página da Caixa para todas as capitais brasileiras e Distrito Federal, com validade para o estado enquanto referência (CEF, 2020). Por fim, a Tabela de Composições e Preços para Orçamentos (TCPO) é uma das fontes de composição de custos mais utilizada no Brasil, tanto por empresas públicas, quanto privadas. A TCPO é con- siderada a principal referência para a execução de orçamentos na en- genharia de custos no Brasil e é produzida pela Editora PINI (figura 2). Figura 2 - A TCPO Web Fonte: captura de tela da TCPO (2021, [n. p.]). 61 A tabela da TCPO conta com mais de 8.500 composições de serviços, preços de referência da indústria de materiais e serviços de construção civil. As composições são divididas de acordo com a classificação PINI: • 00. Informações sobre o projeto. • 01. Requisitos gerais. • 02. Canteiro de obras e materiais básicos. • 03. Concreto. • 04. Vedações (internas e externas). • 05. Componentes metálicos. • 06. Madeiras e plásticos. • 07. Impermeabilização, isolamento térmico e cobertura. • 08. Portas, janelas e vidros. • 09. Acabamentos, entre outros. Destaca-se que cada uma das composições representa com detalhes um determinado serviço (descrição, quantidades, produti- vidade e custos unitários dos materiais, mão de obra e equipamentos necessários à execução de uma unidade de medida dessa atividade). Por fim, na tabela da TCPO os preços referentes aos insumos para orçamentos de obras são apresentados conforme a etapa a ser rea- lizada, sendo atualizados mensalmente conforme as variações da inflação e do preço de mercado (TCPO, 2021). Cronograma físico-financeiro de construção O planejamento não é uma ciência exata; no entanto, o conheci- mento aprofundado do cronograma pode minimizar os atrasos e, consequentemente, os custos de uma obra. O cronograma, de acor- do com Santos (2014), é a transformação de um plano de ação em um plano ou programação operacional. 62 Na construção civil, de acordo com Marega e Antônio (2017), o planejamento baseado em cronogramas, quando comparado às outras indústrias, envolve um alto grau de complexidade devido a diversos fatores como, por exemplo, o nomadismo, no qual cada obra é realizada em locais diferentes, o que envolve aspectos dife- rentes a serem analisados. À vista disso, é por meio de um cronograma físico-financeiro que se define o que deverá ser desembolsado por um determinado intervalo de tempo (semana, mês ou ano) e, assim, é possível esta- belecer exatamente quanto o investidor do empreendimento deverá gastar para que não seja pego de surpresa e haja interrupção de ati- vidades, empréstimos e prejuízos. Atualmente, há diversos softwares que atuam como ferra- mentas facilitadoras na elaboração de cronogramas. Nesse sentido, a evolução dos métodos possibilitou um aumento de precisão nos cronogramas, ao passo que a utilização desses softwares proporcio- nou uma otimização de tempo de produção. Cronograma físico-financeiro O cronograma físico, também denominado de gráfico de Gantt, foi desenvolvido em 1917 pelo engenheiro mecânico Henry Gantt e é considerado uma importante ferramenta na visualização do acom- panhamento das atividades e no monitoramento do progresso real da obra em relação ao previsto (FITZSIMMONS, FITZSIMMONS, 2014). O cronograma físico consiste em um gráfico formado por barras horizontais que indicam o início e o término de cada ativi- dade. Ele permite que o gestor possua o registro das atividades que foram executadas de modo a poder cobrar o pagamento das recei- tas, conforme definido em contrato, por exemplo (MATTOS, 2010). No cronograma de barras, os intervalos de tempo que repre- sentam o princípio e o fim de cada etapa surgem como barras colo- cadas sobre o eixo horizontal do gráfico. Consoante Mattos (2010), o diagrama de Gantt é um gráfico simples, conforme é possível veri- ficar na figura 3 adiante: 63 Figura 3 - Cronograma de barras (diagrama de Gantt) Fonte: adaptada de Mattos (2010, p. 202). Na figura 3, verifica-se que à esquerda figuram as atividades e à direita suas respectivas barras, desenhadas em uma escala de tempo. O comprimento da barra representa a duração da atividade, cujas datas de início e de fim podem ser lidas nas subdivisões da escala
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