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Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia Saúde da Família

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SAÚDE PREVENTIVA E 
PROMOÇÃO DA SAÚDE COM 
ÊNFASE NA ESTRATÉGIA-
SAÚDE DA FAMÍLIA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Flaviana Aparecida de Mello
Indaial - 2022
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2022
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M527s
 Mello, Flaviana Aparecida de
 Saúde preventiva e promoção da saúde com ênfase na estraté-
gia-saúde da família. / Flaviana Aparecida de Mello. – Indaial: UNIASSELVI, 
2022.
 114 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-370-4
 ISBN Digital 978-65-5646-371-1
1. Saúde preventiva. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
CDD 610
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Saúde Preventiva E Promoção Da Saúde ...................................9
CAPÍTULO 2
A Atenção Primária Da Saúde – Aps – E A Atenção Básica
Da Saúde .......................................................................................45
CAPÍTULO 3
A Estratégia De Saúde Da Família – Esf E Os Núcleos De 
Apoio À Saúde Da Família – NASF ...............................................81
APRESENTAÇÃO
Como objetivo da disciplina Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com 
Ênfase na Estratégia Saúde da Família é fundamental aprendermos a respeito 
dos modelos e dos conceitos balizares de promoção e prevenção da saúde e a 
influência dos determinantes sociais em saúde no processo saúde e doença. 
Com a evolução dos estudos e pesquisas em saúde, presentemente temos 
a concepção de que a saúde é muito mais do que a ausência de doença, mas 
contempla a totalidade do bem-estar biopsicossocial de cada ser humano. É 
sabido que, no Brasil, historicamente a saúde era tratada apenas como ausência 
de doença, e havia uma intensa desigualdade do acesso a algum tipo de 
tratamento; dessa forma, ampla parte da população recorria/e ainda recorre, a 
práticas de cuidados através de chás de ervas, benzedeiras e/ou curandeirismo. 
Durante séculos, o Brasil não investiu na saúde enquanto política pública 
social, com a sistematização da previdência social brasileira no início do século 
XX, o atendimento à saúde era atrelado à contribuição com a previdência 
social, somente aqueles cidadãos que eram trabalhadores de carteira assinada 
podiam ter acesso ao atendimento em saúde. Tal realidade perdurou até o início 
da década de 1980, quando surge e se intensifica o movimento pela reforma 
sanitária brasileira, que questionava esse tipo de acesso à saúde, e propunha 
uma alternativa de atenção à saúde através de um sistema universal livre de 
contribuições compulsórias. 
A força do movimento teve como ápice a VIII Conferência Nacional de 
Saúde, que defendeu a sistematização do SUS, tendo sido reconhecido e inserido 
na Carta Magna de 1988, e dois anos depois, sancionado através da Lei nº 
8080/1990. A partir de então, o SUS deu início ao seu processo de sistematização 
e fortalecendo a lógica do modelo universal e gratuito à saúde, buscando romper 
com o modelo curativista e de cunho privatista. No entanto, precisamos registrar 
que mesmo tendo o SUS, o modelo de atenção à saúde que se opõe a ele nunca 
deixou de existir e busca de todas as formas táticas para contrapor o SUS. 
Com o desenvolvimento do SUS, a partir da década de 1990 em diante, 
precisamos dar ênfase a um importante serviço que fora implementado e 
implantado, que é trabalho Estratégia Saúde da Família – ESF. Ele se contorna 
enquanto uma tática de atenção à saúde intrincada no que se alude a respeito 
de práticas. Isso solicita que o método de acompanhamento seja arquitetado 
articulando conhecimento apurado, técnicas e tudo sendo embasado por princípios 
éticos para que assim possa conseguir ofertar uma atenção integral à saúde. 
Destarte, o desenvolvimento do trabalho profissional no âmbito da Estratégia 
de Saúde da Família precisa se organizar de modo a ativar os vários conhecimentos 
interdisciplinares e intersetoriais para arquitetar estratégias eficazes às questões 
relacionadas à saúde da população usuária. Avultamos, além disso, que a 
metodologia do trabalho na Estratégia Saúde da Família estabelece, como alvo 
de partida, a consideração do fato no qual se esteja desenvolvendo a intervenção, 
logo, o território de desempenho de atenção em saúde sob encargo da Equipe 
de Saúde da Família, em que as pessoas e famílias convivem, se relacionam e 
possuem identidade. 
Nesse sentido, é fundamental que cada profissional que fora atuar no ESF 
deve ter noção sobre a realidade territorial, tanto a partir de informações do fato 
cultural, epidemiológica, social, política e demográfica como os modos de apreciar 
e imaginar a realidade. Outra importante questão a ser mencionada é o fato de 
cada profissional precisa apreender sobre a atenção primária da saúde – APS 
– estudar a respeito das qualidades e diretrizes da APS e como estrutura do 
SUS, e a relevância da rede de atenção à saúde para uma boa articulação do 
atendimento da população. 
Ratificamos, portanto, a relevância de apreciar toda a sistematização que 
tangencia o SUS e a realidade social de vida das pessoas atendidas, bem como 
do território onde elas vivenciam, no entanto, porém de modo crítico, questionador 
e criativo. 
Para isso, organizamos esta disciplina em três capítulos. No primeiro capítulo, 
intitulado Modelos e conceitos em saúde, iniciamos com estudos sobre o conceito 
de promoção e prevenção da saúde e os determinantes sociais em saúde, em que 
você terá a oportunidade de instrumentalizar-se para o cotidiano de trabalho no 
âmbito da saúde pública compreendendo conceitos fundamentais relacionados, 
bem como aprenderá a identificar o que são os DSS – determinantes sociais em 
saúde. E, ao fim do capítulo, conhecerá modelos de atenção à saúde no Brasil: 
o modelo biomédico e o modelo de determinação social – modelo sanitarista, 
entendendo a respeito do contraponto que há entre o modelo biomédico em 
relação ao modelo sanitarista que deu origem ao SUS. 
No segundo capítulo, nominado A atenção primária da saúde – APS e a 
atenção básica da saúde iniciamos os estudos a respeito do que é a atenção 
primária da saúde – APS; diretrizes e características e, em seguida, vamos 
estudar a respeito da atenção básica de saúde e a sua política nacional de 
atenção básica: princípios e diretrizes. 
No terceiro e último capítulo, intitulado Estratégia de Saúde da Família – ESF 
e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF, abordamos como se constituiu 
o Estratégia de Saúde da Família, bem como seus conceitos fundamentais e a 
relevância desse trabalho no âmbito da atenção básica de saúde, e a relação 
entre as UBS, ESF e os NASF e como se desenvolve essa atuação no cotidiano 
de atendimento. E, em seguida, vamos estudar as Unidades Básicas de Saúde 
- UBS, Estratégia Saúde da Família - ESF e os Núcleos de Apoio à Saúde da 
Família – NASF: legislação e diretrizes. 
Nosso desígnio é que seu curso seja um procedimento de constituição 
cotidiana ativado e com criticidade, no sentido de você se tornar sujeito da 
edificação do próprio conhecimento, de você instrumentalizar-se para a mudança 
da realidade social contribuindo com o seu fazer profissional e conhecimento a ser 
adquirido, para a sociedade e para o SUS ser mais justo, equitativo e se manter 
ativo, atendendoa quem dele necessitar. Portanto, faça anotações, registre, 
anote, produza esquemas paralelos que o auxiliem a abarcar e conhecer mais 
a respeito da disciplina, Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na 
Estratégia Saúde da Família. 
Desejamos bons estudos!
Professora Flaviana Aparecida de Mello
CAPÍTULO 1
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO
DA SAÚDE
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer os conceitos balizares de promoção e prevenção da saúde e a 
infl uência dos determinantes sociais em saúde no processo saúde e doença;
• Aprender os modelos de atenção à saúde no Brasil;
• Entender o contraponto que há entre o modelo biomédico em relação ao 
modelo sanitarista que deu origem ao SUS.
10
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
11
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tem como objetivo abordar informações e conhecimento 
a respeito dos modelos e conceitos em saúde. Sendo assim, aprenderemos a 
respeito do conceito de promoção e prevenção da saúde e os determinantes 
sociais em saúde. Você terá o ensejo de aprimorar-se para a intervenção 
profi ssional cotidiana no âmbito da saúde pública. 
Também estudaremos os conceitos fundamentais relacionados, bem como 
aprenderá a identifi car o que são os DSS – determinantes sociais em saúde. E, 
em seguida, vamos estudar os modelos de atenção à saúde no Brasil: modelo 
biomédico e o modelo de determinação social – modelo sanitarista, entendendo a 
respeito do contraponto que há entre o modelo biomédico em relação ao modelo 
sanitarista que deu origem ao SUS. E, ainda, conhecendo os diversos outros 
modelos de atenção à saúde que ainda persistem na sociedade. 
Junto a isso, buscamos contribuir para que no decorrer dos estudos, você 
possa analisar e, ainda, criar o seu próprio mapa conceitual sobre as informações 
que norteiam a prática na gestão do serviço social, fazendo o exercício da relação 
teoria e prática. 
Portanto, sugerimos que você verifi que os assuntos aqui abordados e alinhe 
com a sua realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática 
quando estiver inserido em algum espaço sócio-ocupacional. Assim, compomos 
um conjunto de possibilidades de abordagem do tema proposto neste capítulo 
que corrobora com os estudos a respeito da Saúde Preventiva e Promoção da 
Saúde com Ênfase na Estratégia Saúde da Família. 
Fique atento e vamos juntos em busca do conhecimento e aprimoramento 
profi ssional. Bons estudos!
2 O CONCEITO DE PROMOÇÃO 
E PREVENÇÃO DA SAÚDE E OS 
DETERMINANTES SOCIAIS EM 
SAÚDE 
Os cuidados absolutos com a saúde sugerem atos de promoção da saúde, 
prevenção de enfermidades e fatores de risco e, após alojada a enfermidade, o 
tratamento correspondente às pessoas enfermas (BUSS, 2010). 
12
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Saúde é considerada enquanto direito humano basilar admitida por todas as 
agências mundiais e em todas as sociedades. Destarte, a saúde se apresenta no 
mesmo patamar com diversos direitos afi ançados pela Declaração Universal dos 
Direitos Humanos – (DUDH), do ano de 1948: liberdade, alimentação, educação, 
segurança, nacionalidade, entre outros. 
A saúde é largamente admitida como uma elementar solução para 
o desenvolvimento pessoal, social, econômico, bem como uma das mais 
extraordinárias extensões da qualidade de vida. Desse modo, a saúde e qualidade 
de vida, ambos os assuntos estão diametralmente conexos, fato que podemos 
distinguir no nosso dia a dia. Logo, a saúde coopera para aprimorar a qualidade 
de vida e esta é basilar para que um sujeito e a comunidade tenham saúde. 
Em sinopse, promover a saúde é agenciar a qualidade de vida. De acordo 
com Buss (2010), no ano de 1986, na cidade de Ottawa, localizada no Canadá, 
foi realizada uma Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, que 
constituiu uma linha de princípios éticos e políticos, determinando os campos de 
ação. 
Segundo Buss (2010), esse tratado convencionado nessa conferência 
internacional diz que promoção da saúde é o método de habilitação da comunidade 
para agir no progresso da sua qualidade de vida e saúde, compreendendo máxima 
participação no controle desse procedimento. 
Ainda a respeito da promoção da saúde, os autores Verdi, Da Ros e Souza 
(2012) citam outros díspares modelos conceituais, sendo um deles alvitrado 
pela saúde coletiva brasileira e outros originários do Canadá. Desde o Relatório 
Lalonde, publicado no ano de 1974, no Canadá, e mais designadamente, 
posteriormente à Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, ocorrida 
no ano de 1986, em Ottawa, a compreensão de promoção da saúde irrompeu 
com o modelo de níveis de prevenção amparado durante décadas. 
Para alcançar uma condição de completo bem-estar mental, físico e social, 
os sujeitos e coletivos necessitam ter ciência para adaptações, controlar anseios, 
ter satisfação e alterar convenientemente o ambiente social, natural e político. 
Desse modo, a saúde contorna-se, segundo Buss (2010), um conceito 
prosaico, que ressalta as soluções sociais e pessoais, assim como as 
competências físicas. Portanto, não é encargo exclusivo de políticas de saúde 
e vai além de um costume de vida saudável, na administração de um bem-estar 
global. 
Consideramos algumas soluções imprescindíveis para ter saúde de modo 
pleno: alimentação adequada, recursos sustentáveis, paz, renda, moradia, 
13
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
educação, ambiente saudável, equidade e justiça social, com toda a complexidade 
que sugerem quaisquer desses quesitos. 
Destarte, a promoção da saúde é a decorrência de um contíguo de fatores 
sociais, coletivos, individuais, culturais, econômicos e políticos que se ajustam de 
contorno privado em cada sociedade e em conjunturas específi cas, resultando em 
sociedades mais ou menos saudáveis. Na maior parte do tempo de suas vidas, 
a maioria das pessoas é saudável, ou seja, não necessita de hospitais, CTI ou 
complexos procedimentos médicos, diagnósticos ou terapêuticos. 
Mas, durante toda a vida, todas as pessoas necessitam de água e ar puros, 
ambiente saudável, alimentação adequada, situações social, econômica e cultural 
favoráveis, prevenção de problemas específi cos de saúde, assim como educação 
e informação – estes, componentes importantes da promoção da saúde. Então, 
para promover a saúde é preciso enfrentar os chamados determinantes sociais 
da saúde.
A promoção da saúde se refere às ações sobre os condicionantes e 
determinantes sociais da saúde, dirigidas a impactar convenientemente a 
qualidade de vida. Por essa razão, assinala-se essencialmente por uma conciliação 
intersetorial e pelas atuações de ampliação da compreensão sanitária educação 
para a saúde, direitos e deveres, estilos de vida e aspectos comportamentais, 
dentre outros. 
De tal modo, para aprimorar as condições de saúde de uma população são 
imprescindíveis modifi cações carregadas dos padrões econômicos no cerne 
dessas sociedades e ativação de políticas sociais, que são de modo eminente 
políticas públicas sociais. Isto é, para que uma sociedade alcance saúde para 
todos os seus cidadãos é imprescindível atuação intersetorial e políticas públicas 
de caráter integral (BUSS, 2010).
A comissão nacional dos determinantes sociais da saúde fez uma análise 
profunda dos determinantes sociais da saúde no Brasil e uma série de políticas e 
ações, cujo desígnio derradeiro é a promoção da saúde. 
É importante destacarmos a defi nição que a Organização Mundial da Saúde 
– OMS – desenvolveu sobre saúde determinando que o estado de saúde não 
é apenas ausência de doença, mas o completo bem-estar psicossocial do ser 
humano, admitido pelo nome de determinantes sociais da saúde. 
O processo saúde-doença não está sujeito exclusivamente aos mecanismos 
biológicosque afetam o organismo humano, há múltiplos condicionantes titulados 
determinantes do processo saúde x doença; eles são os fatores sociais, étnico-
14
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
raciais, culturais, econômicos, comportamentais e psicológicos que infl uenciam o 
episódio de problemas de saúde e seus fatos de risco na população. 
Os DSS abrangem as características específi cas do contexto social que 
infl uem na saúde e o modo como as condições sociais afetam a saúde. As 
interações entre distintos graus de condições sociais produzem desigualdades em 
saúde, desde o âmbito individual até o nível das condições culturais, ambientais e 
econômicas que incidem em ampla parte da sociedade (GEIB, 2012).
Ainda conforme Geib (2012), juntos, formam o contexto sociopolítico 
responsável pela estratifi cação dos grupos segundo os níveis de renda, 
escolaridade, profi ssão, sexo, gênero, local de moradia e outros fatores. Esses 
mecanismos de estratifi cação socioeconômica são descritos como determinantes 
estruturais da saúde ou como fatores sociais determinantes das desigualdades na 
saúde.
FIGURA 1 – DETERMINANTES SOCIAIS NO PROCESSO SAÚDE X DOENÇA
FONTE: A autora
15
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Para a atenção integral de saúde, de acordo com Buss (2010), é 
imprescindível empregar e associar saberes e práticas atualmente agregados 
em compartimentos avulsos: atenção médico-hospitalar; programas de saúde 
pública; vigilância epidemiológica; vigilância sanitária; educação para a saúde, 
entre outros. 
O autor ainda pronuncia que essa integração deve combinar ações 
extrassetoriais em abalizados âmbitos, como água, esgoto, resíduos, drenagem 
urbana, e ainda, na educação, habitação, alimentação e nutrição; e administrar 
esses saberes e práticas conexos a um território característico, díspar de outros 
territórios, onde reside uma população com predicados culturais, sociais, políticos, 
econômicos. 
Em síntese, é a sugestão de uma inovação prática sanitária interdisciplinar, 
que agrega díspares conhecimentos teóricos e práticas, que se cobrem de um 
novo atributo ao proferir, de modo organizado pelo paradigma da promoção 
da saúde, para o enfrentamento das difi culdades viventes num dado território 
particular. 
Um bom exemplo de ações que se voltam ao cuidado da promoção da 
saúde em sua totalidade, temos a estratégia de saúde da família e dos agentes 
comunitários de saúde, que ponderamos ser fundamental para esse processo 
de promoção e merecem o mais decidido apoio político e técnico para sua 
implementação.
Verdi, Da Ros e Souza (2012) proferem que este exemplar conceitual em 
saúde proporciona uma nova confi guração de analisar o processo saúde x 
doença. Cabe destacar que esse modo de analisar a saúde tem sua ascendência 
no continente europeu, em meados do século XIX, num movimento denominado 
Medicina Social. 
Ainda de acordo com Verdi, Da Ros e Souza (2012), os autores mencionam 
a respeito de um médico social e patologista conhecido como Virchow, em que 
este afi rmava que os indivíduos enfermam e falecem pelo modo no qual vivem. 
Esse estilo de viver a vida é determinado por fatores de ordem social, cultural e 
econômica, o que por sua vez assinala-se o todo da manifestação da enfermidade. 
Os mesmos autores ressaltam ainda que no ano de 1848, Virchow organizou, 
com outros profi ssionais, a Lei de Saúde Pública da Prússia, em que profere que 
incumbe ao Estado o encargo de cuidar da saúde da população, que o Estado 
necessita promover a saúde e desenvolver estratégias de enfrentamento e 
tratamento da doença para todos os sujeitos, isto é, saúde é direito de todos, 
dever do Estado. Por fi m, Verdi, Da Ros e Souza (2012) acrescentam que foi esse 
movimento que guiou a constituição do nosso sistema único de saúde – SUS.
16
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A respeito do conceito de determinação social incidindo no processo saúde-
doença, Verdi, Da Ros e Souza (2012) mencionam outro profi ssional que se 
dedicou a estudar a temática: Henry Sigerist, no ano de 1942, este pronunciava 
que o profi ssional de medicina tinha quatro amplas tarefas, são elas: 
• promover saúde;
• prevenir doenças;
• restabelecer o doente;
• reabilitá-lo. 
Promover saúde era apresentar qualidades de vida, trabalho, educação, 
cultura, lazer, acesso à cultura, ter descanso, cabe ainda avultar que o modelo 
da determinação social não se recusa a prestar o atendimento individual quando 
imprescindível, entretanto, ela é contextualizada numa semelhança entre 
cidadãos.
Você sabia que existem modelos de saúde que são distintos 
uns dos outros e, por essa razão, possuem concepções distintas de 
saúde? 
Para aquecer o debate, consulte o artigo a seguir: Modelos 
assistenciais: reformulando o pensamento e incorporando a proteção 
e a promoção da saúde, com autoria de: PAIM, Jairnilson Silva. 
Disponível em: https://dms.ufpel.edu.br/sus/fi les/media/PaimJS_
ModelosAssistenciais.pdf
Converse com sua equipe de trabalho e seus colegas de turma 
sobre a relevância da compreensão a respeito dos distintos modelos 
de atenção à saúde e a importância da concepção de promoção 
e prevenção em saúde para a prática profi ssional dos diversos 
profi ssionais que atuam no âmbito da saúde pública em distintos 
espaços ocupacionais.
De acordo com Carvalho (2008), o modelo de promoção da saúde 
originário do Canadá tem a afi rmação do social, já que exibe a consignação 
do processo saúde-doença, a procura de superação do modelo biomédico e o 
comprometimento de saúde como direito de cidadania.
17
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Caro estudante: para contribuir ainda mais com o seu 
conhecimento; deixamos como sugestão de leitura os seguintes 
livros:
O referido livro promove uma refl exão a respeito dos conceitos e 
tendências presente no discurso contemporâneo do campo da saúde 
coletiva com ênfase na promoção da saúde. 
Referência: CZERESNIA, D. FREITAS, C. M. de. Promoção da 
saúde: conceitos, refl exões, tendências. Scielo – Editora FIOCRUZ, 
2009. 
O referido livro agencia uma discussão sobre mudanças na 
abordagem da saúde e nas práticas de atenção e tem gerado debate 
internacional, convergindo para um novo paradigma. Este é baseado 
na promoção da saúde, a qual defende uma evolução substantiva no 
modo como são formuladas e implementadas as políticas públicas 
que infl uenciam as condições de saúde da população. 
18
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A autora reconstitui a história social do conceito e das práticas 
de promoção da saúde como crítica ao entendimento prioritariamente 
biomédico da saúde. Analisa como Brasil e Canadá incorporaram em 
suas políticas públicas a proposta de promoção da saúde ratifi cada 
pela Declaração de Otawa, em 1986, assim como os componentes 
conceituais dessa proposta, teoricamente e em suas apropriações 
pelos dois países.
Referência: RABELLO, L. S. Promoção da saúde: a construção 
social de um conceito em perspectiva comparada. Editora FIOCRUZ, 
2010.
De acordo com Buss (2003), resumidamente, as formulações de promoção 
da saúde podem ser agrupadas em duas amplas convergências, conforme aponta 
o quadro a seguir:
QUADRO 1 – PROMOÇÃO DA SAÚDE
A primeira, centrada no comporta-
mento dos indivíduos e seus estilos 
de vida.
Uma das características desta tendência é o seu enfoque 
fortemente comportamental, expresso por meio de ações de 
saúde que visam à transformação de hábitos e estilos de vida 
dos indivíduos, ponderando o ambiente familiar, assim como 
o contexto cultural em que convivem. 
A segunda, dirigida a um enfoque 
mais amplo de desenvolvimento de 
políticas públicas e condições favo-
ráveis à saúde.
Esta tendência se aproxima muito do modelo preventivo. As 
semelhanças entre a promoção da saúde e a prevenção de 
doenças nosexibe que prevenir é vigiar, antecipar aconteci-
mentos indesejáveis em populações consideradas de risco, 
enquanto promover a saúde, quando não se trata de contro-
lar politicamente as condições sanitárias, de trabalho e de 
vida da população em geral, mas quando procura cunhar 
hábitos saudáveis, é também uma vigilância. Uma vigilância 
que cada um de nós necessita desempenhar sobre si próprio. 
FONTE: Adaptado de Buss (2003)
Nessa ótica, centrada no comportamento dos indivíduos e seus estilos de 
vida, a promoção da saúde acerca-se a priorizar aspectos educativos acoplados 
a fatores de riscos comportamentais singulares e, deste modo, método 
potencialmente atinado pelos próprios sujeitos.
19
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Essa tendência, dirigida a um enfoque mais amplo de desenvolvimento de 
políticas públicas e condições favoráveis à saúde, apontada por Buss (2003) 
como mais atualizada, pondera como fundamental à função protagonista dos 
determinantes sociais a respeito das condições de saúde, cujo extenso espectro 
de fatores está absolutamente pertinente com a qualidade de vida particular e 
coletiva.
Logo, promover a saúde implica considerar um padrão adequado de 
alimentação, de habitação e de saneamento, boas condições de trabalho, acesso 
à educação, ambiente físico limpo, apoio social para famílias e indivíduos e estilo 
de vida responsável. 
Promover a saúde envolve, também, dirigir o olhar ao coletivo de indivíduos e 
ao ambiente em todas as dimensões, física, social, política, econômica e cultural. 
Por fi m, promover a saúde implica uma abordagem mais ampla da questão da 
saúde na sociedade.
1) (Adaptada - 2018 - FCC – Órgão Prefeitura de Macapá – AP):
Saúde” e “Doença” são termos que, sob a perspectiva da 
História, vêm mudando de signifi cado ao longo do tempo. 
Contemporaneamente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) 
considera que “Saúde não é apenas a ausência de doença ou 
enfermidade, mas um estado de completo bem-estar físico, 
mental e social”, sendo este conceito baseado em: 
a) ( ) Uma abordagem holística da saúde.
b) ( ) Uma abordagem negativa de saúde.
c) ( ) Características individuais e específi cas, próprias da espécie 
humana.
d) ( ) Evidências científi cas que se consolidaram após o fi nal da 
Idade Média.
2) (2020 - CESPE/CEBRASPE – Órgão: Hub – Residência 
multiprofi ssional em saúde coletiva): A intersetorialidade constitui 
um dos princípios da Política Nacional de Promoção de Saúde 
(PNPS) e pressupõe a articulação dos saberes para a promoção 
de saúde. Quanto a esse assunto, analise e assinale o item a 
seguir:
20
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A integração dos setores público e privado constitui a base do 
conceito da intersetorialidade em saúde, e tem o objetivo de 
alcançar a integralidade e a solução de um problema complexo 
e multicausal.
( ) CERTO
( ) ERRADO
FIGURA 2 – RESULTADOS DA PROMOÇÃO DE SAÚDE 
FONTE: A autora
Importa sinalizar que as intenções para o debate de promoção da saúde têm 
de forma trivial a importância do social, nessa conjuntura, a questão de saúde 
necessita ser apreendida como a competência para viver a vida de forma livre, 
independente, refl exiva e socialmente responsável, de que o cerne de intervenção 
do setor da saúde precisa ser em volta dos serviços e territórios (VERDI; DA ROS; 
SOUZA, 2012). Carece compreender a saúde por meio da politização das práticas 
sanitárias, tendo como alvo a produção de bens e serviços, a produção de sujeitos 
à democratização institucional.
Nesse aspecto, a promoção da saúde precisa abarcar o fortalecimento da 
democracia e a intervenção no ambiente. A promoção da saúde é componente 
de díspares instâncias de decisões e, destacadamente, do aparelho estatal, 
que necessita organizar um conjunto de políticas públicas de natureza estrutural 
econômicas e infraestruturais e da mesma forma políticas públicas sociais como 
saúde, habitação, assistência social, segurança alimentar, educação entre outras 
que envolvem a necessidade da população. 
21
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
É importante compreendermos que a determinação da doença está 
diretamente ligada aos fatores sociais, e precisamos cada vez mais desenvolver 
ações de educação em saúde para que a população possa compreender a 
relevância destes determinantes sociais e adotar medidas de promoção da sua 
própria saúde. 
Destarte, compreensão da forma de organização da sociedade no 
capitalismo nos permite conhecer o papel e os limites estruturais do Estado, para 
viabilizar ou para não assumir políticas sociais e, dentre elas, as de saúde. Assim, 
compreenderemos como isso vai gerar desigualdades sociais, eixo para entender 
a determinação social da doença (VERDI; DA ROS; SOUZA, 2012). Este nos leva 
a refl etir que o poder capitalista internacional com seus representantes nacionais, 
bem como o próprio interesse capitalista nacional procura adotar os encargos de 
comando, tanto no poder Executivo como no Legislativo e Judiciário, para afi ançar 
uma política que assevere a reprodução do capital (VERDI; DA ROS; SOUZA, 
2012). 
Assim, confi gura ser um problema para a classe trabalhadora e principalmente 
para a grande massa de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema. 
É importante registrar que isso tem alusões diretas no sistema único de saúde 
pública para a população brasileira. A hegemonia dominante assume também 
papéis nos órgãos de imprensa e na lógica das igrejas e impregna sua ideologia.
Por fi m, fazendo referência ao que diz respeito ao modelo de prevenção de 
saúde proposto originalmente para elucidar a história natural da doença, oferece 
três coefi cientes de prevenção: primário, secundário e terciário. 
No coefi ciente primário, defendia a existência de um nível primário de 
prevenção. É salutar ressaltar que nesse modelo o foco central é a prevenção da 
doença. Portanto, essa concepção de prevenção da saúde versa, na veracidade, 
a respeito da doença, e não propriamente da promoção de saúde (VERDI; DA 
ROS; SOUZA, 2012).
Contudo, a principal diferença encontrada entre prevenção e promoção está 
no olhar sobre o conceito de saúde; na prevenção, a saúde é vista simplesmente 
como ausência de doenças, enquanto na promoção, a saúde é enfrentada 
como um conceito positivo e multidimensional procedendo deste modo, em um 
modelo participativo de saúde na promoção em oposição ao modelo médico de 
intervenção (CZERESNIA, 1999 apud FREITAS, 2003). 
22
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
2.1 OS MODELOS DE ATENÇÃO 
À SAÚDE NO BRASIL: MODELO 
BIOMÉDICO E MODELO DE 
DETERMINAÇÃO SOCIAL – MODELO 
SANITARISTA
Neste subtópico, você vai ter o ensejo de estudar a respeito das concepções 
de alguns modelos de atenção à saúde, conhecendo-os e compreendendo seus 
objetivos e características, além de apreender a respeito de um breve histórico da 
constituição destes. 
Para pronunciarmos a respeito dos modelos de atenção à saúde brasileira é 
importante discorrermos a priori sobre a concepção de medicina social que teve 
origem no século XVIII, na Europa, em uma ampla metodologia de rearticulação 
social da prática médica o qual Foucault designou de “nascimento da medicina 
social”, indicando que o capitalismo socializou o corpo como força de produção e 
de trabalho, e isso iria se estabelecer através da medicina (MENEGHEL, 2004). 
Assim, a medicina, em uma estratégia biopolítica, conquistaria, depois disso, 
um lugar na sociedade como seu objeto de trabalho. A medicina não social, 
individualista, clínica, essa não existe, no entanto foi uma fantasia pela qual certa 
forma de prática “associal” de medicina – a prática privada – se respaldou e se 
fundamentou (MENEGUEL, 2004).
A medicina social pesquisa e estuda a dinâmica do processo saúde/doença, 
a ligação com a estrutura organizacional de atenção médica e com o corpo social,intencionando à obtenção de níveis robustos possíveis de saúde e bem-estar. 
Na Europa do século XVIII, a medicina social surgiu distinguindo-se em 
três principais tendências: o sanitarismo inglês, focado na medicina da força de 
trabalho; o urbanismo francês, empenhado com a salubridade das cidades; e por 
fi m, a polícia médica, essa se constituiu na Alemanha, delimitada por uma imensa 
atenção com o controle sanitário. 
O movimento da medicina social defi nia que a participação política é o 
principal meio estratégico de mudança da realidade de saúde, na perspectiva de 
que as revoluções populares garantissem justiça, igualdade e cidadania. 
Na América Latina, o período transcorrido entre o fi nal do século XIX até 
1930, distingue-se pelas investigações no âmbito da higiene, patrocinadas pelo 
23
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Estado e elaboradas por institutos de pesquisa nos padrões europeus. A chamada 
“revolução científi ca”, permeada pelas descobertas da bacteriologia, disporia com 
que o foco causal se transportasse das condições sociais para os microrganismos. 
Desse modo, o ideal indicado era o de achar uma vacina para cada tipo de 
agente infeccioso e executar medidas de controle das doenças sem uma análise 
ou questionamento do ambiente socioeconômico e cultural. É como se o retorno 
às explicações causais de cunho biológico em desfavor dos pressupostos sociais 
das doenças acontecesse periodicamente. 
No momento atual, esse juízo impregna os estudos e pesquisas que trata 
de vários agravos, podendo-se mostrar mais diretamente a intensa busca por 
uma vacina para a AIDS, que possa controlar a doença sem pontuar questões 
importantes que envolvem gênero, sexualidade e drogadição, entre outros. 
Nos primórdios do século XX, coincidiu com a criação dos institutos de 
medicina tropical e as campanhas contra determinadas doenças, o saneamento 
dos portos, a revolta contra a vacina obrigatória. 
Tivemos ainda as pesquisas fundamentadas na parasitologia e os 
levantamentos entomológicos, independentemente do pensamento de alguns 
sanitaristas do período, já se depara-se com o embrião do pensamento ecológico, 
principalmente na obra de Samuel Pessoa, este elaborou interessantes teorias a 
respeito dos nichos ecológicos de doenças transmissíveis (MENEGHEL, 2004).
Um aspecto a salientar é que a redução nos índices das doenças 
transmissíveis na Europa foi atribuída aos feitos da medicina bacteriana. Porém, 
mais tarde, foi evidenciado que tal fato deveu-se, na realidade, à Revolução Vital, 
ou seja, à melhoria da qualidade de vida, e não aos atos médicos propriamente 
ditos. 
As esperanças em relação à medicina bacteriana caíram na década de 
1930, um momento crítico permeado pela crise ocasionada pelos elevados custos 
da medicina científi ca sem diminuir os níveis das doenças. A morbidade e a 
mortalidade, ocasionadas por doenças infecciosas e parasitárias, transformaram 
para um cenário do qual os agravos crônico-degenerativos tomaram maiores 
proporções, somados do acréscimo da expectativa de vida, padrão qualifi cado de 
transição epidemiológica (MENEGHEL, 2004).
O novo modelo de justifi cativa para a saúde/doença, criado em 1930, nos 
Estados Unidos, tentava racionalizar os altos custos da assistência médica. 
Assim, estava inaugurada a medicina preventiva, respaldada na história natural 
da doença e também nos pressupostos de prevenção à saúde. 
24
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A gênese das doenças encontrava-se em um período de pré-patogênese, 
composto pela notável tríade de agentes e hospedeiros equilibrados em uma 
balança, do qual fi el é o ambiente. Estudiosos e pesquisadores elaboraram duras 
críticas ao modelo preventivista, especialmente no que toca à superfi cialidade 
da proposta e à homogeneização dos fatores determinantes da saúde/doença 
(MENEGHEL, 2004).
Na década de 1970, muitas propostas de ampliação de cobertura de serviços 
de saúde e ainda de cuidados básicos em saúde foram questionados. 
A medicina social acompanhou de perto essas propostas, entretanto, 
paralelamente, ela tenha se estabelecido em uma referência de contestação 
ao pensamento hegemônico da saúde pública – reducionista e biologista. 
Desse modo, a saúde coletiva só iria afl orar nos anos 1980, baseada na 
interdisciplinaridade como facilitadora de um conhecimento vasto de saúde e na 
multiprofi ssionalidade como uma maneira de enfrentar a diversidade interna ao 
saber/fazer das práticas sanitárias (MENEGHEL, 2004). 
A saúde coletiva – estabelecida nos limites do biológico e do social – 
segue pela frente a responsabilidade de pesquisar, compreender e interpretar 
as questões determinantes da produção social das doenças e da organização 
social dos serviços de saúde, quer no âmbito diacrônico quer no plano sincrônico 
da história. A saúde coletiva, ao incorporar as ciências humanas no campo da 
saúde, reorganiza as coordenadas deste campo, conduzindo para seu interior as 
perspectivas simbólica, ética e política. 
A atenção à saúde caracteriza a organização estratégica do sistema e das 
práticas de saúde em explicação às necessidades da população. E manifesta-
se em políticas, programas e serviços de saúde consoante os princípios e as 
diretrizes que compõem e estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS). 
O entendimento do termo atenção à saúde diz respeito tanto a processos 
históricos, políticos e culturais que manifestam disputas por projetos no campo 
da saúde e à própria visão de saúde sobre o objeto e os objetivos de suas ações 
e serviços, signifi ca como tem de ser as ações e os serviços de saúde, como a 
quem se destinam, sobre o que incidem e a maneira como se organizam para 
alcançar suas metas (MATTA; MOROSINI, s.d.).
Numa concepção histórica, o sentido de atenção almeja superar a clássica 
oposição entre as dualidades: a assistência e a prevenção, entre indivíduo e 
coletividade, que por longo tempo marcou as políticas de saúde no Brasil. Sendo 
assim, refere-se à história ao corte entre as iniciativas de caráter individual e 
25
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
curativo, que defi nem a assistência médica, e as iniciativas de caráter coletivo e 
massivo, de fi nalidades preventivas, específi cas da saúde pública. 
Essas duas formas aqui mencionadas de confi gurar e de ordenar as ações 
e os serviços de saúde caracterizaram dois modelos diferenciados – o modelo 
biomédico e o modelo campanhista/preventivista – estes marcaram, mutuamente, 
a assistência médica e a saúde pública, expressões do setor saúde brasileiro cuja 
separação, há muito instituída, ainda refl ete um desafi o para a confi guração da 
saúde em um sistema integrado. 
O modelo biomédico, desenvolvido ainda o século XIX, relaciona doença à 
lesão, limitando o processo saúde-doença a sua dimensão anatomofi siológica, 
removendo as dimensões histórico-sociais, como a cultura, a política e a economia 
e, em consequência disso, colocando seus principais planejamentos interventivos 
no corpo doente.
Você sabe que também existe o conceito de medicina 
preventiva? 
E você sabe o que signifi ca medicina preventiva?
A medicina preventiva é a especialidade médica focada em evitar 
o desenvolvimento de doenças, reduzir o impacto das enfermidades 
na saúde dos indivíduos e melhorar a qualidade de vida de pacientes 
em tratamento. 
O conceito de medicina preventiva surgiu em meados do século 
XX como um movimento que propunha uma abordagem diferente da 
medicina. A ideia básica era mudar o foco da prática médica, que até 
então se concentrava exclusivamente no tratamento das doenças, 
para uma visão mais voltada à promoção da saúde.
Em contrapartida, desde o fi nal do século XIX, o modelo preventivista ampliou 
o paradigma microbiológico da doença para as populações, defi nindo-se como 
um saber epidemiológico e sanitário, objetivando o ordenamento, organização e à 
higienização dos espaços humanos.No Brasil, tais modelos de atenção são possíveis ser compreendidos em 
relação às condições socioeconômicas e políticas criadas nos vários períodos 
históricos de organização da sociedade brasileira (MATTA; MOROSINI, s.d.).
26
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Os autores ainda expressam que o modelo campanhista – motivado por 
interesses agroexportadores no começo do século XX – fundamentou-se em 
campanhas sanitárias no combate às epidemias de febre amarela, peste bubônica 
e varíola, estabelecendo programas de vacinação obrigatória, desinfecção dos 
espaços públicos e residências e demais ações de medicalização do espaço 
urbano, que focaram, em sua maioria, nas camadas mais empobrecidas da 
população. Esse modelo perdurou no cenário das políticas de saúde brasileiras 
até o início da década de 1960 (MATTA; MOROSINI, s.d.). 
O modelo previdenciário-privatista surgiu na década de 1920 infl uenciado 
pela medicina liberal, e seu objetivo era ofertar assistência médico-hospitalar 
para os trabalhadores urbanos e industriais, na modalidade de seguro-saúde/
previdência. 
Sua ordenação é marcada pela lógica da assistência e da previdência 
social, a princípio, limita-se a algumas corporações de trabalhadores e, em 
seguida, unifi cando-se no Instituto Nacional de Assistência e Previdência Social 
– INPS – em 1966, e vai ampliando-se gradualmente aos demais trabalhadores 
formalmente inseridos na economia.
Esse modelo é conhecido também pela sua dimensão hospitalocêntrica, 
pois, a partir da década de 1940, a rede hospitalar começou a receber um volume 
robusto de investimentos, e a atenção à saúde foi se consolidando sinônimo de 
assistência hospitalar. 
Refere-se à maior manifestação na história do setor saúde brasileiro da 
concepção médico-curativa, alicerçada no paradigma fl exneriano, marcado por 
uma concepção mecanicista do processo saúde-doença, pelo reducionismo 
da causalidade aos agentes biológicos, focado na atenção sobre a doença e o 
indivíduo. 
Nessa perspectiva organizou o ensino, e o trabalho médico foi um dos 
responsáveis pela fragmentação e hierarquização do desenvolvimento de trabalho 
em saúde e pelo alastramento das especialidades médicas (MATTA; MOROSINI, 
s.d.).
Conforme os apontamentos dos autores, nesse mesmo processo, o modelo 
campanhista da saúde pública, guiado pelas intervenções na coletividade e nos 
espaços sociais, perde terreno e infl uencia o cenário político e o orçamento 
público do setor saúde, que passa a preferir a assistência médico-curativa, 
chegando a comprometer a prevenção e o controle das endemias no território 
nacional (MATTA; MOROSINI, s.d.).
27
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1 
Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, 
vamos deixar a indicação de alguns livros que se articulam com o 
assunto tratado neste subtópico:
Este livro é indicado para as áreas 
de Medicina, Nutrição, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, 
Odontologia, Farmácia, Medicina Veterinária, Serviço Social, 
Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e muitas outras ligadas à 
saúde. Possui um arcabouço teórico bem aprofundado a respeito dos 
conceitos, teorias sobre a saúde pública no Brasil. 
Referência: MAGALHÃES, Thereza Maria (coord.) Manual de 
Saúde Pública. 2. ed. Salvador: Editora Sanar, 2019.
Um livro didático e de referência que inclui os eixos de análise 
individual/coletivo, clínico/epidemiológico e público/privado, além 
de congregar autores com experiência na gestão de serviços e do 
próprio sistema, nos três níveis da federação. 
28
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A construção do SUS há muito deixou de ser obra exclusiva 
de intelectuais capazes de ler em língua estrangeira. Temos 
‘construtores’ que leem na realidade concreta dos serviços e da 
gestão, e que participam ativamente do complexo processo de 
construção cotidiana da saúde.
Referência: GIOVANELLA, Lígia; ESCOREL, Sarah; LOBATO, 
Lenaura de Vasconcelos Costa; NORONHA, José de 
Carvalho; CARVALHO, Antônio Ivo de. Políticas e sistema de saúde 
no Brasil. SciELO - Editora FIOCRUZ, 2012.
Ao fi nal da década de 1970, vários segmentos da sociedade civil – entre 
eles, usuários e profi ssionais de saúde pública – aborrecidos com o sistema de 
saúde brasileiro começaram um movimento de luta pela ‘atenção à saúde’ como 
um direito de todos e um dever do Estado. 
Esse movimento fi cou conhecido como Reforma Sanitária Brasileira e 
resultou na instituição do SUS por meio da Constituição de 1988. 
A Constituição de 1988 destinou alguns artigos específi cos para tratar 
especifi camente a respeito da saúde, tamanha a necessidade de avalizá-la 
enquanto direito inerente a todos os cidadãos. 
O texto constitucional apresenta a saúde delineando-a legalmente através 
de princípios e diretrizes que necessitam ponderar as atividades do Estado e da 
sociedade em prol da proteção social e integral da saúde enquanto direito no 
Brasil. Nesse compasso, os legisladores brasileiros elaboraram normas legais 
com vistas a proteger o direito à saúde no Brasil, expandindo signifi cativamente 
esse direito a todas as pessoas que dele necessitarem. 
Dentre os direcionamentos legais promovidos pela Constituição Federal 
de 1988, que protegem o Direito à Saúde, destacam-se os artigos 196 ao 200. 
Tratando, assim, a saúde um dever do Estado, além de orientar legalmente a 
necessidade dos estados, municípios e União de organizar os atendimentos em 
saúde de maneira descentralizada e com a participação da população, além de 
avultar sobre a necessidade de sistematizar esse atendimento em forma de um 
sistema único. 
O Estado em suas três esferas, precisa implementar políticas econômicas 
e sociais com vistas à redução dos riscos de enfermidades e demais agravos, e, 
sobretudo realizar ações de promoção do acesso universal e igualitário às ações 
e serviços empreendidos pelo poder público em relação a saúde.
29
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Com o reconhecimento legal da saúde sendo inserida no texto constitucional, 
sendo considerada direito social fundamental, ela passa a receber proteção 
jurídica e legal com vistas a assegurar esse direito a todos os cidadãos, o que 
concerne em obrigar o poder público a fazer seu papel na oferta de atendimento 
em saúde em todos os níveis de atenção, sempre de acordo com as necessidades 
da população. 
A Constituição Federal de 1988 representa o principal marco legal de 
consolidação de direitos sociais no país, e do Estado democrático de Direito; 
mormente, porque se delineou após o longo período de ausência de democracia, 
de liberdade de expressão e direitos cassados e negados. 
A Constituição Federal, ainda, pôs fi m à lógica de atendimento à saúde, 
atrelada à contribuição com a previdência social, passando assim a ser universal 
e demarcou o início do atendimento em saúde nos motes de sistema único, 
podemos assegurar que ela preconizou o Sistema Único de Saúde – SUS – 
brasileiro. Posteriormente regulamentado pelas leis nº 8.080/90 e 8.142/90, 
chamadas Leis Orgânicas da Saúde.
1) No que diz respeito à saúde enquanto política pública brasileira, 
como ela está apresentada no campo da seguridade social da 
Constituição Federal de 1988?
2) Sabe-se que a promulgação da Carta Magna em 1988 assegurou o 
direito da população à saúde e, ao Estado, o dever de assegurar 
esse direito a todos brasileiros. Assim, como o Estado garantirá o 
acesso à saúde para a população?
Em meio ao movimento de consolidação do SUS, a noção de atenção 
afi rma-se na tentativa de produzir uma síntese que expresse a complexidade 
e a extensão da concepção ampliada de saúde que marcou o movimento pela 
Reforma Sanitária: saúde é a resultado das condições de habitação, alimentação, 
educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, 
promoção e posse da terra e ascensão a serviçosde saúde (MATTA, MOROSINI, 
s.d.). 
30
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A partir dessa concepção ampliada do processo saúde-doença, a atenção 
à saúde intenta conceber e organizar as políticas e as ações de saúde numa 
perspectiva interdisciplinar, partindo da crítica em relação aos modelos 
excludentes, seja o biomédico curativo ou o preventivista. No âmbito do SUS, 
há três princípios fundamentais a serem considerados em relação à organização 
da atenção à saúde, são eles: o princípio da universalidade, pelo qual o SUS 
deve garantir o atendimento de toda a população brasileira; o princípio da 
integralidade, pelo qual a assistência é apreendida como um conjunto articulado e 
ininterrupto das ações e serviços preventivos e curativos, singulares e coletivos; e 
o princípio da equidade, pelo qual esse atendimento deve ser garantido de forma 
igualitária, porém, contemplando a multiplicidade e a desigualdade das condições 
sociossanitárias da população (BRASIL, 1990). 
Em relação à universalidade, o desafi o posto à organização da ‘atenção à 
saúde’ é o de constituir um conjunto de ações e práticas que permitam incorporar 
ou reincorporar parcelas da população historicamente apartadas dos serviços 
de saúde. Da mesma forma, ao pautar-se pelo princípio da integralidade, a 
organização da ‘atenção à saúde’ implica a produção de serviços, ações e 
práticas de saúde que possam garantir, a toda a população, o atendimento mais 
abrangente de suas necessidades. 
Já em relação à equidade, a ‘atenção à saúde’ precisa orientar os serviços e 
as ações de saúde segundo o respeito ao direito da população brasileira em geral 
de ter as suas necessidades de saúde atendidas, considerando, entretanto, as 
diferenças historicamente instituídas e que se expressam em situações desiguais 
de saúde segundo as regiões do país, os estratos sociais, etários, de gênero entre 
outros.
31
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
FIGURA 3 – PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS E DOUTRINÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO 
DE SAÚDE PRECONIZADOS A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
FONTE: A autora
Já os princípios organizativos têm as seguintes funções: 
• Regionalização - ter serviços de saúde dentro dos territórios sem ter a 
necessidade das pessoas se deslocarem para muito distante de sua 
região; artigo 198 da CF/1988. 
• Descentralização - responsabilização dos vários entes (municípios, 
estados, DF e União) em fazer um sistema único de alcance e qualidade 
para todos; está preconizado no artigo 198 da CF/1988. 
• Participação popular – tem os cidadãos participando das discussões 
e debates sobre o atendimento em saúde, através dos conselhos 
municipais de saúde, conferências entre outros, nos três níveis – 
Municipal, Estadual e Federal. 
Premido, de um lado, pelas tensões geradas por essa pauta de princípios 
e, de outro, pela convivência com os paradigmas do modelo assistencialista, o 
32
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
SUS organizou o modelo de atenção à saúde de forma hierarquizada, em níveis 
crescentes de complexidade. Segundo essa lógica, os serviços de saúde são 
classifi cados nos níveis primário, secundário e terciário de atenção, conforme o 
grau de complexidade tecnológica requerida aos procedimentos realizados. 
A imagem associada a essa hierarquização é a de uma pirâmide, em cuja 
base se encontram os serviços de menor complexidade e maior frequência, 
que funcionariam como a porta de entrada para o sistema. No meio da pirâmide 
estão os serviços de complexidade média e alta, aos quais o acesso se dá por 
encaminhamento e, fi nalmente, no topo estão os serviços de alta complexidade, 
fortemente especializados. 
Essa tentativa de organizar e racionalizar o SUS, se, por um lado, 
proporcionou um desenho e um fl uxo para o sistema, por outro, reforçou a sua 
fragmentação e subvalorizou a atenção primária como um lócus de tecnologias 
simples, de baixa complexidade. 
Em contraposição, o modelo de atenção pode constituir-se na resposta dos 
gestores, serviços e profi ssionais de saúde para o desenvolvimento de políticas e 
a organização dos serviços, das ações e do próprio trabalho em saúde, de forma a 
atenderem às necessidades de saúde dos indivíduos, nas suas singularidades, e 
dos grupos sociais, na sua relação com suas formas de vida, suas especifi cidades 
culturais e políticas. 
O modelo de atenção pode, enfi m, buscar garantir a continuidade do 
atendimento nos diversos momentos e contextos em que se objetiva a atenção à 
saúde. 
Nesse sentido, existem também propostas de atenção dirigidas a grupos 
específi cos que podem ser descritas como políticas voltadas para atenção à 
saúde por ciclo de vida – atenção à saúde do idoso, à criança e ao adolescente, 
atenção à saúde do adulto; a portadores de doenças específi cas – atenção à 
hipertensão arterial, diabetes, hanseníase, DST/Aids, entre outras; e relativas a 
questões de gênero – saúde da mulher e, mais recentemente, saúde do homem. 
Essas propostas podem vir associadas a estratégias de centralização 
política e especialização técnica, historicamente concebidas como programas de 
saúde que antagonizam com a lógica da integralidade, uma vez que favorecem 
a fragmentação das políticas e das ações de saúde e buscam uniformizar a 
intervenção por meio de protocolos técnico-científi cos pouco permeáveis às 
especifi cidades políticas, sociais e culturais. 
33
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Ao contrário, argumenta-se que a complexidade dos problemas de saúde 
requer para o seu enfrentamento a utilização de múltiplos saberes e práticas. 
Desse modo: 
O sentido da mudança do foco dos serviços e ações de saúde 
para as necessidades individuais e coletivas, portanto para o 
cuidado, implica a produção de relações de acolhimento, de 
vínculo e de responsabilização entre os trabalhadores e a 
população, reforçando a centralidade do trabalho da equipe 
multiprofi ssional (EPSJV, 2005, p. 75). 
Numa dimensão ético-política, isso signifi ca afi rmar que a ‘atenção à saúde’ 
se constrói a partir de uma perspectiva múltipla, interdisciplinar e, também, 
participativa, na qual a intervenção sobre o processo saúde-doença é resultado 
da interação e do protagonismo dos sujeitos envolvidos: trabalhadores e usuários 
que produzem e conduzem as ações de saúde. 
1) Na Constituição Federal, na seção II da saúde, o artigo 198 informa 
que as ações e os serviços públicos de saúde devem integrar uma 
rede regionalizada, compor um sistema único e seguir algumas 
diretrizes. Quais são essas diretrizes?
2) Sabe-se que no Brasil, mesmo com a implantação do SUS, a partir 
da Constituição Federal de 1988, ainda nos deparamos com 
outro tipo de projeto para a saúde brasileira. Qual é esse outro 
tipo de projeto?
É importante destacar que os modelos apresentados anteriormente são 
formas de organização do sistema em diferentes períodos históricos no Brasil. 
Atualmente, apesar do modelo preconizado ser a Atenção Básica em Saúde, os 
demais modelos aqui estudados ainda estão presentes em formas de organização 
de programas e nas práticas de atenção à saúde.
Para melhor síntese de compreensão sobre os modelos de atenção, 
explicitamos no quadro os principais modelos do Estado brasileiro e suas distintas 
características:
34
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
QUADRO 2 – SÍNTESE DOS MODELOS DE ATENÇÃO 
À SAÚDE NO ESTADO BRASILEIRO
 SANITARISMO
ASSISTENCIALISMO 
MÉDICO
ATENÇÃO BÁSICA EM 
SAÚDE
Características 
organizacionais
Financiamento público 
estatal
Financiamento misto 
(estado, empregador)
Financiamento público 
com repasse e autono-
mia municipal
Acesso universal
Acesso à população 
defi nida
Acesso progressivamen-
te universal (territorial)
Ações não hospitalares
Ações enfaticamente 
hospitalares
Ações territorializadas 
e indutoras de redesda 
atenção à saúde
Ações verticais sem 
participação social
Controle social inci-
piente
Participação popular e 
controle social
Características das 
práticas de atenção 
à saúde
Proteção social focali-
zada e seletiva
Proteção social meri-
tocrática (acesso para 
quem tem vínculo de 
trabalho ou pagamento 
direto)
Proteção social univer-
sal
Ações de prevenção Ações curativas
Orientado pela integra-
lidade
Ações programadas
Atendimento à deman-
da
Equilíbrio entre ações 
programadas e aten-
dimento à demanda 
espontânea
Ações sobre o ambien-
te e coletividade
Ações individuais
Ações individuais e 
coletivas centradas no 
usuário/família/comu-
nidade
Práticas não necessa-
riamente médicas
Práticas enfaticamente 
médicas
Práticas multiprofi ssio-
nais
Processo saúde-do-
ença na perspectiva 
microbiológica
Processo saúde-do-
ença na perspectiva 
anatomoclínica
Processo saúde-doença 
baseado nos determi-
nantes sociais de saúde
FONTE: <https://dms.ufpel.edu.br/sus/fi les/U02.html>. Acesso em: 11 maio 2021. 
Compreendemos que a saúde foi uma das áreas cujos avanços constitucionais 
foram mais relevantes. O Sistema Único de Saúde – SUS –, constituinte da 
Seguridade Social e uma das proposições do Projeto de Reforma Sanitária, foi 
regulamentado, em 1990, pela Lei Orgânica da Saúde – LOS. Ao analisar o SUS 
como uma estratégia, o Projeto de Reforma Sanitária tem como base o Estado 
democrático de direito, encarregado das políticas sociais e, consequentemente, 
da saúde (CFESS, 2010). 
35
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Ressalta-se como fundamentos desse plano a democratização do acesso; 
a universalização das ações; a evolução da qualidade dos serviços, com a 
implementação de um novo modelo assistencial centrado na integralidade e 
equidade das ações; a democratização das informações e lisura no uso de 
recursos, bens e ações do governo; a descentralização com controle social 
democrático; a interdisciplinaridade nas ações. Possui como premissa básica a 
defesa da saúde como direito de todos e dever do Estado (BRAVO, 1999; BRAVO; 
MATOS, 2001). 
A proposta elementar da Reforma Sanitária é a defesa da universalização 
das políticas sociais e a garantia dos direitos sociais. Nesse sentido, destaca-
se a concepção ampliada de saúde, defi nidas como melhores condições de vida 
e de trabalho, com destaque nos determinantes sociais; a nova organização 
do sistema de saúde através da construção do SUS, aliado aos princípios da 
intersetorialidade, integralidade, descentralização, universalização, participação 
social e também a redefi nição dos papéis institucionais das unidades políticas 
(União, Estado, municípios, territórios) na prestação dos serviços de saúde; e 
efetivo fi nanciamento do Estado. 
Cabe destacar que no ano de 1989, nas eleições presidenciais, há uma 
disputa entre dois projetos societários: Democracia de Massas X Democracia 
Restrita (NETTO, 1990), erigidos no processo da relação Estado – Sociedade. O 
projeto Democracia de Massas pressupõe a ampla participação social, agregando 
as instituições parlamentares e os sistemas partidários através de uma malha 
de organizações de base: sindicatos, comissões de empresas, organizações de 
profi ssionais e de bairros, movimentos sociais urbanos e rurais.
FIGURA 4 – DEMOCRACIA RESTRITA X DEMOCRACIA DE MASSAS
FONTE: A autora
36
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Esse projeto propõe associar a democracia representativa com a democracia 
direta e concebe ao Estado democrático de direito a responsabilidade e o dever 
de construir respostas às expressões da questão social.
O projeto Democracia Restrita restringe os direitos sociais e políticos com 
a concepção de Estado mínimo, ou seja, máximo para o capital e mínimo para o 
trabalho. O enxugamento do Estado é a grande meta, como também a substituição 
das lutas coletivas por lutas corporativas. 
Na década de 1990, em consequência das derrotas sofridas pelo projeto 
Democracia de Massas, fortalece-se um rumo político das classes dominantes no 
processo de enfrentamento da crise brasileira. Nessa perspectiva, as principais 
estratégias do grande capital passam a ser: fervorosa crítica às conquistas sociais 
da Constituição Federal de 1988, com ênfase para a concepção de Seguridade 
Social, e a edifi cação de uma cultura persuasiva para a transmissão e tornar seu 
projeto consensual e compartilhado (MOTA, 1995). 
É notável, nessa década, a afi rmação das contrarreformas de forte caráter 
neoliberal, apregoadas pelas agências internacionais. As propostas do grande 
capital têm como vetores privilegiados, segundo Mota (1995), a defesa do 
desenvolvimento de privatização e a constituição do cidadão consumidor. 
Na defesa do processo de desenvolvimento de privatização, destaca-se a 
mercantilização da Saúde e da Previdência e a ampliação do assistencialismo.
FIQUE ATENTO
Mesmo com a promulgação da Constituição Federal em 1988, 
trazendo a saúde como direito social fundamental e assegurando-a 
enquanto direito de todo cidadão; não deixou de existir um outro 
projeto de saúde no Brasil, que é o que chamamos de projeto 
privatista.
Esse projeto visa destinar o direito da saúde apenas para 
garantir os mínimos em saúde, e que esse direito seja regulado 
pelo mercado, tem um forte apelo a não universalização das ações, 
voltando-se para a ideia de que para se ter acesso à saúde se fazem 
necessárias contribuições.
O que podemos concluir que esse tipo de projeto altamente 
neoliberal, circunda a política de saúde, e que a população 
precisa fazer resistência juntamente com os movimentos sociais e 
trabalhadores do SUS para não deixar esse projeto avançar ainda 
mais e destituir o SUS.
37
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
FONTE: CFESS. Parâmetros de atuação do assistente social na 
saúde. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/Parametros_
para_a_Atuacao_de_Assistentes_Sociais_na_Saude.pdf. Acesso 
em: 10 maio 2021. 
As principais diretrizes são: a Reforma da Previdência anexada no bojo 
da Reforma do Estado, que vem sendo instituída progressivamente e possui 
características de uma contrarrevolução ou contrarreforma; a defesa do SUS 
para os menos favorecidos e a refi lantropização da assistência social, com forte 
proliferação da ação do setor privado no âmbito das políticas sociais (GUERRA, 
1998). 
A contrarreforma do Estado atingiu a saúde através das proposições 
de contenção do fi nanciamento público; da divisão entre ações curativas e 
preventivas, rompendo com a concepção de integralidade por intermédio da 
elaboração de dois subsistemas: o subsistema de entrada e controle. Ou seja, 
de atendimento básico, de obrigação do setor estatal visto que esse atendimento 
não é de preocupação do setor privado e o subsistema de referência ambulatorial 
e especializada, composto por unidades de maior complexidade que seriam 
transformadas em Organizações Sociais (CFESS, 2010). 
A política pública de saúde tem encontrado notórias difi culdades para sua 
efetivação, como a desigualdade de acesso da população aos serviços de saúde, 
o desafi o de construção de práticas baseadas na integralidade, os dilemas 
para alcançar a equidade no fi nanciamento do setor, os avanços e recuos nas 
experiências de controle social, a falta de articulação entre os movimentos sociais, 
entre outras. 
Todas essas questões são exemplos de que a construção e consolidação 
dos princípios da Reforma Sanitária permanecem como desafi os fundamentais na 
agenda contemporânea da política de saúde.
FIQUE ATENTO
A concepção de saúde como direito de todos os 
cidadãos somente foi admitida pelo Estado brasileiro a partir da 
promulgação da Constituição Federal de 1988. Ganha especial 
atenção dos preceitos constitucionais, devido a estar arrolado na 
38
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
seção II da ordem social em queapresenta a quem se destina, além 
dos princípios e diretrizes para a sistematização do Sistema Único de 
Saúde (SUS) para o Brasil. 
É necessário que todos/as profi ssionais que atuam ou desejam 
atuar no âmbito do SUS, quer seja na atenção básica, nível 
secundário e/ou terciário, entenda sobre equidade, universalidade, 
integralidade, descentralização e participação popular, que se 
constituem como princípios organizativos do SUS que orientarão as 
ações nos três níveis de atenção à saúde.
É importante enfatizarmos que o projeto de reforma sanitária brasileira, 
edifi cado a partir da metade dos anos de 1970, encontra-se sendo intencionalmente 
deslegitimado e enfraquecido em suas ações e recursos, para que assim possa 
perder sua notoriedade para o projeto voltado para o mercado ou privatista, que 
encontrou base na lógica neoliberal a partir dos anos 1990. 
O projeto da saúde articulado ao mercado ou à reatualização do modelo 
médico assistencial privatista está pautado na Política de Ajuste, que tem como 
principais tendências: 
• a contenção dos gastos com racionalização da oferta; 
• a descentralização com isenção de responsabilidade do poder central. 
A incumbência do Estado, nesse projeto, se traduz em garantir um mínimo 
àqueles que não podem pagar, fi cando para o setor privado o suporte aos que têm 
acesso ao mercado, diante disso, suas propostas relevantes nesse sentido são: 
caráter focalizado para assistir às populações em situação de vulnerabilidade 
através do pacote básico para a saúde, expansão da privatização, forte incentivo 
ao seguro privado, descentralização dos serviços em âmbito local e eliminação da 
vinculação de fonte com relação ao fi nanciamento (CFESS, 2010).
Existem alguns sites acadêmicos que reúnem publicações de 
artigos acadêmicos de várias revistas eletrônicas acadêmicas, dentre 
eles, deixamos como indicação o site da Scielo; sendo assim, segue 
o site para que possa acessar e navegar: https://scielo.org/. 
39
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
A universalidade do direito – um dos fundamentos centrais do SUS e 
contido no projeto de Reforma Sanitária – é um dos aspectos que tem provocado 
resistência dos formuladores do projeto privatista da saúde. 
Os valores solidários, coletivos e universais que alicerçam a formulação da 
Seguridade Social lavrada na Constituição de 1988 estão sendo trocados pelos 
valores individualistas, corporativos, focalistas, que expande a consolidação do 
projeto direcionado para o mercado, que possui por suporte a consolidação do 
SUS para os vulneráveis e a segmentação do sistema (CFESS, 2010).
Você sabe qual a importância do movimento da reforma sanitária 
para assegurar a saúde pública no Brasil enquanto direito de todos 
os cidadãos? 
Esse movimento ocorreu em vários países no mundo e, no 
Brasil, deu início a partir do fi nal da década de 1970, em meio ao 
período ditatorial militar. Cabe ressaltar que o Brasil se espelhou no 
movimento sanitarista da Itália. 
Várias entidades como: Centro de Estudos brasileiros – CEBES 
(1976); Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO (1979) 
foram se organizando no Brasil para fortalecimento desse movimento, 
para que pudesse alcançar a mudança estrutural de atendimento em 
saúde para a população brasileira. 
O movimento ganhou mais força quando se concretizou a VIII 
Conferência em saúde realizada em Brasília no ano de 1986, em que 
se debateu profundamente a mudança na forma de ofertar saúde no 
Brasil, e que essa mudança deveria ser a partir da universalização 
do acesso, bem como conceber a saúde não apenas como curativa, 
mas, sim, de prevenção e promoção, além de ter mecanismos legais 
para assegurar seu fi nanciamento.
Ponderamos, deste modo, que esse movimento que reuniu 
vários profi ssionais e a participação da população, foi fundamental 
para que dois anos após essa conferência nacional em saúde, a 
nova Constituição Federal pudesse avalizar a saúde enquanto direito 
social e humano com todas as garantias necessárias a atender à 
população de forma universal.
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/reforma-sanitaria-
brasileira/>. Acesso em: 10 maio 2021. 
40
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Nessa situação, várias entidades defi nidas até então no campo progressista 
têm modifi cado suas lutas coletivas por lutas corporativas, limitadas a grupos de 
interesses. Essa visão está de total acordo com o ideário das classes dominantes 
que vislumbram como perspectiva a “americanização perversa” da sociedade 
brasileira, enfraquecendo os processos de resistência com a utilização de 
métodos e estratégias persuasivas, intimidando os trabalhadores a uma prática 
política defensiva (VIANA, 1999). 
Por fi m, esse projeto coletivo, cuja construção iniciou-se nos anos de 1980, 
tem sido questionado e substituído pelo projeto corporativo e privatista que 
procura naturalizar a objetividade da ordem burguesa, considerando, assim, 
a necessidade de a saúde ser um produto a ser comercializado a quem dela 
precisar, procurando reforçar a lógica de seguro saúde no Brasil. 
Contudo, cabe aos profi ssionais do âmbito da saúde pública brasileira 
desenvolver estratégias cotidianas em seu exercício de trabalho para fazer valer 
os preceitos constitucionais, bem como a materialidade dos princípios balizadores 
da reforma sanitária que culminaram na constituição do SUS – Sistema Único de 
Saúde. 
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, procuramos explicitar a respeito de conhecimentos que são 
de suma importância para a compreensão dos estudantes que desejam atuar e/
ou que já atuam profi ssionalmente no campo da saúde pública com foco na saúde 
da família. 
Como discente, você pôde compreender a relevância da promoção à 
saúde, entendendo como esse conceito surgiu e a que ele se destina a atender, 
apreendendo ainda a concepção ampliada de saúde que surgiu a partir da 
perspectiva ampliada do processo de saúde x doença e conhecendo os 
impactos dos determinantes sociais em saúde – DSS – tangenciando o referido 
procedimento de saúde x doença. 
Como estudante, você também foi orientado a refl etir acerca da existência 
de modos diferentes de pensar saúde que acabam constituindo seus diferentes 
modelos conceituais. É fundamental destacar que o tema modelos conceituais em 
saúde não se consume nesta ocasião de estudo.
É imprescindível que cada qual busque a compreensão dos modelos 
conceituais de saúde, e faça uma refl exão crítica em seu cotidiano de trabalho 
41
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
a fi m de verifi car as implicações de cada qual, infl uenciando na direção do 
atendimento à população, e enquanto profi ssionais, procurando validar o conceito 
do modelo que emanou da reforma sanitária brasileira. 
Relembramos que seu objetivo de aprendizagem neste capítulo foi conhecer 
o modelo da determinação social da doença em contraponto ao modelo biomédico 
e a infl uência das relações sociais na constituição desses modelos de saúde, 
além de identifi car algumas características do modelo da promoção da saúde, 
bem como suas tendências contemporâneas. 
Confi rmamos, assim, a importância desse estudo para todos os estudantes, 
para que tenham a noção do que tínhamos enquanto concepções de acesso à 
saúde e compreensão dos processos de saúde e doença, bem como os vários 
tipos de modelos de atenção em saúde que foram sendo estudados e implantados 
no mundo e que infl uenciou o Brasil. 
Por fi m, compreendendo ainda que a reforma sanitária buscou pautar-se 
em um modelo de atenção universal, mas que, a lógica privatista de saúde ainda 
persiste nos atuais dias, tentando de todas as formas enfraquecer o sistema de 
saúde na concepção universal; e mesmo diante da constante ameaça ao SUS 
os profi ssionais tendo entendimento da totalidade, buscar fazer a defesa deste 
sistema para todos os brasileiros. 
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CAPÍTULO 2
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE –
APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer a atenção primária da saúde – APS – como estrutura do SUS;
• Estudar as características e diretrizes da APS;
• Aprender a respeito do modelo de atenção básica de saúde na perspectiva de 
sua política nacional de atenção básica – PNAB.
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 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
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A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo objetiva tratar sobre a atenção primária da saúde (APS); 
diretrizes e características e, em seguida, estudaremos a respeito da atenção 
básica de saúde e a sua política nacional de atenção básica: princípios e diretrizes.
Possibilitaremos a você, a possibilidade de obter uma refl exão crítica sobre 
o conceito, as qualidades, os eixos e as diretrizes da Atenção Primária da Saúde 
(APS) e sua afi nidade com o modelo brasileiro da Atenção Básica de Saúde 
(ABS), que se fundamenta a partir da Estratégia Saúde da Família. 
Nessa perspectiva, apontaremos contribuições no transcorrer dessa leitura 
para lhe possibilitar análises e, também, elaborar o seu próprio mapa conceitual 
a respeito das informações que orientam a prática na gestão do serviço social, 
estabelecendo o exercício da relação teoria e prática. 
Mediante a isso, propomos que você observe os conteúdos aqui tratados 
e alinhe com a sua realidade profi ssional e/ou o que aspira desenvolver no seu 
cotidiano profi ssional quando

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