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SAÚDE PREVENTIVA E 
PROMOÇÃO DA SAÚDE COM 
ÊNFASE NA ESTRATÉGIA-
SAÚDE DA FAMÍLIA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Flaviana Aparecida de Mello
Indaial - 2022
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2022
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M527s
 Mello, Flaviana Aparecida de
 Saúde preventiva e promoção da saúde com ênfase na estraté-
gia-saúde da família. / Flaviana Aparecida de Mello. – Indaial: UNIASSELVI, 
2022.
 114 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-370-4
 ISBN Digital 978-65-5646-371-1
1. Saúde preventiva. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
CDD 610
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Saúde Preventiva E Promoção Da Saúde ...................................9
CAPÍTULO 2
A Atenção Primária Da Saúde – Aps – E A Atenção Básica
Da Saúde .......................................................................................45
CAPÍTULO 3
A Estratégia De Saúde Da Família – Esf E Os Núcleos De 
Apoio À Saúde Da Família – NASF ...............................................81
APRESENTAÇÃO
Como objetivo da disciplina Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com 
Ênfase na Estratégia Saúde da Família é fundamental aprendermos a respeito 
dos modelos e dos conceitos balizares de promoção e prevenção da saúde e a 
influência dos determinantes sociais em saúde no processo saúde e doença. 
Com a evolução dos estudos e pesquisas em saúde, presentemente temos 
a concepção de que a saúde é muito mais do que a ausência de doença, mas 
contempla a totalidade do bem-estar biopsicossocial de cada ser humano. É 
sabido que, no Brasil, historicamente a saúde era tratada apenas como ausência 
de doença, e havia uma intensa desigualdade do acesso a algum tipo de 
tratamento; dessa forma, ampla parte da população recorria/e ainda recorre, a 
práticas de cuidados através de chás de ervas, benzedeiras e/ou curandeirismo. 
Durante séculos, o Brasil não investiu na saúde enquanto política pública 
social, com a sistematização da previdência social brasileira no início do século 
XX, o atendimento à saúde era atrelado à contribuição com a previdência 
social, somente aqueles cidadãos que eram trabalhadores de carteira assinada 
podiam ter acesso ao atendimento em saúde. Tal realidade perdurou até o início 
da década de 1980, quando surge e se intensifica o movimento pela reforma 
sanitária brasileira, que questionava esse tipo de acesso à saúde, e propunha 
uma alternativa de atenção à saúde através de um sistema universal livre de 
contribuições compulsórias. 
A força do movimento teve como ápice a VIII Conferência Nacional de 
Saúde, que defendeu a sistematização do SUS, tendo sido reconhecido e inserido 
na Carta Magna de 1988, e dois anos depois, sancionado através da Lei nº 
8080/1990. A partir de então, o SUS deu início ao seu processo de sistematização 
e fortalecendo a lógica do modelo universal e gratuito à saúde, buscando romper 
com o modelo curativista e de cunho privatista. No entanto, precisamos registrar 
que mesmo tendo o SUS, o modelo de atenção à saúde que se opõe a ele nunca 
deixou de existir e busca de todas as formas táticas para contrapor o SUS. 
Com o desenvolvimento do SUS, a partir da década de 1990 em diante, 
precisamos dar ênfase a um importante serviço que fora implementado e 
implantado, que é trabalho Estratégia Saúde da Família – ESF. Ele se contorna 
enquanto uma tática de atenção à saúde intrincada no que se alude a respeito 
de práticas. Isso solicita que o método de acompanhamento seja arquitetado 
articulando conhecimento apurado, técnicas e tudo sendo embasado por princípios 
éticos para que assim possa conseguir ofertar uma atenção integral à saúde. 
Destarte, o desenvolvimento do trabalho profissional no âmbito da Estratégia 
de Saúde da Família precisa se organizar de modo a ativar os vários conhecimentos 
interdisciplinares e intersetoriais para arquitetar estratégias eficazes às questões 
relacionadas à saúde da população usuária. Avultamos, além disso, que a 
metodologia do trabalho na Estratégia Saúde da Família estabelece, como alvo 
de partida, a consideração do fato no qual se esteja desenvolvendo a intervenção, 
logo, o território de desempenho de atenção em saúde sob encargo da Equipe 
de Saúde da Família, em que as pessoas e famílias convivem, se relacionam e 
possuem identidade. 
Nesse sentido, é fundamental que cada profissional que fora atuar no ESF 
deve ter noção sobre a realidade territorial, tanto a partir de informações do fato 
cultural, epidemiológica, social, política e demográfica como os modos de apreciar 
e imaginar a realidade. Outra importante questão a ser mencionada é o fato de 
cada profissional precisa apreender sobre a atenção primária da saúde – APS 
– estudar a respeito das qualidades e diretrizes da APS e como estrutura do 
SUS, e a relevância da rede de atenção à saúde para uma boa articulação do 
atendimento da população. 
Ratificamos, portanto, a relevância de apreciar toda a sistematização que 
tangencia o SUS e a realidade social de vida das pessoas atendidas, bem como 
do território onde elas vivenciam, no entanto, porém de modo crítico, questionador 
e criativo. 
Para isso, organizamos esta disciplina em três capítulos. No primeiro capítulo, 
intitulado Modelos e conceitos em saúde, iniciamos com estudos sobre o conceito 
de promoção e prevenção da saúde e os determinantes sociais em saúde, em que 
você terá a oportunidade de instrumentalizar-se para o cotidiano de trabalho no 
âmbito da saúde pública compreendendo conceitos fundamentais relacionados, 
bem como aprenderá a identificar o que são os DSS – determinantes sociais em 
saúde. E, ao fim do capítulo, conhecerá modelos de atenção à saúde no Brasil: 
o modelo biomédico e o modelo de determinação social – modelo sanitarista, 
entendendo a respeito do contraponto que há entre o modelo biomédico em 
relação ao modelo sanitarista que deu origem ao SUS. 
No segundo capítulo, nominado A atenção primária da saúde – APS e a 
atenção básica da saúde iniciamos os estudos a respeito do que é a atenção 
primária da saúde – APS; diretrizes e características e, em seguida, vamos 
estudar a respeito da atenção básica de saúde e a sua política nacional de 
atenção básica: princípios e diretrizes. 
No terceiro e último capítulo, intitulado Estratégia de Saúde da Família – ESF 
e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF, abordamos como se constituiu 
o Estratégia de Saúde da Família, bem como seus conceitos fundamentais e a 
relevância desse trabalho no âmbito da atenção básica de saúde, e a relação 
entre as UBS, ESF e os NASF e como se desenvolve essa atuação no cotidiano 
de atendimento. E, em seguida, vamos estudar as Unidades Básicas de Saúde 
- UBS, Estratégia Saúde da Família - ESF e os Núcleos de Apoio à Saúde da 
Família – NASF: legislação e diretrizes. 
Nosso desígnio é que seu curso seja um procedimento de constituição 
cotidiana ativado e com criticidade, no sentido de você se tornar sujeito da 
edificação do próprio conhecimento, de você instrumentalizar-se para a mudança 
da realidade social contribuindo com o seu fazer profissional e conhecimento a ser 
adquirido, para a sociedade e para o SUS ser mais justo, equitativo e se manter 
ativo, atendendoa quem dele necessitar. Portanto, faça anotações, registre, 
anote, produza esquemas paralelos que o auxiliem a abarcar e conhecer mais 
a respeito da disciplina, Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na 
Estratégia Saúde da Família. 
Desejamos bons estudos!
Professora Flaviana Aparecida de Mello
CAPÍTULO 1
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO
DA SAÚDE
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer os conceitos balizares de promoção e prevenção da saúde e a 
infl uência dos determinantes sociais em saúde no processo saúde e doença;
• Aprender os modelos de atenção à saúde no Brasil;
• Entender o contraponto que há entre o modelo biomédico em relação ao 
modelo sanitarista que deu origem ao SUS.
10
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
11
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tem como objetivo abordar informações e conhecimento 
a respeito dos modelos e conceitos em saúde. Sendo assim, aprenderemos a 
respeito do conceito de promoção e prevenção da saúde e os determinantes 
sociais em saúde. Você terá o ensejo de aprimorar-se para a intervenção 
profi ssional cotidiana no âmbito da saúde pública. 
Também estudaremos os conceitos fundamentais relacionados, bem como 
aprenderá a identifi car o que são os DSS – determinantes sociais em saúde. E, 
em seguida, vamos estudar os modelos de atenção à saúde no Brasil: modelo 
biomédico e o modelo de determinação social – modelo sanitarista, entendendo a 
respeito do contraponto que há entre o modelo biomédico em relação ao modelo 
sanitarista que deu origem ao SUS. E, ainda, conhecendo os diversos outros 
modelos de atenção à saúde que ainda persistem na sociedade. 
Junto a isso, buscamos contribuir para que no decorrer dos estudos, você 
possa analisar e, ainda, criar o seu próprio mapa conceitual sobre as informações 
que norteiam a prática na gestão do serviço social, fazendo o exercício da relação 
teoria e prática. 
Portanto, sugerimos que você verifi que os assuntos aqui abordados e alinhe 
com a sua realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática 
quando estiver inserido em algum espaço sócio-ocupacional. Assim, compomos 
um conjunto de possibilidades de abordagem do tema proposto neste capítulo 
que corrobora com os estudos a respeito da Saúde Preventiva e Promoção da 
Saúde com Ênfase na Estratégia Saúde da Família. 
Fique atento e vamos juntos em busca do conhecimento e aprimoramento 
profi ssional. Bons estudos!
2 O CONCEITO DE PROMOÇÃO 
E PREVENÇÃO DA SAÚDE E OS 
DETERMINANTES SOCIAIS EM 
SAÚDE 
Os cuidados absolutos com a saúde sugerem atos de promoção da saúde, 
prevenção de enfermidades e fatores de risco e, após alojada a enfermidade, o 
tratamento correspondente às pessoas enfermas (BUSS, 2010). 
12
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Saúde é considerada enquanto direito humano basilar admitida por todas as 
agências mundiais e em todas as sociedades. Destarte, a saúde se apresenta no 
mesmo patamar com diversos direitos afi ançados pela Declaração Universal dos 
Direitos Humanos – (DUDH), do ano de 1948: liberdade, alimentação, educação, 
segurança, nacionalidade, entre outros. 
A saúde é largamente admitida como uma elementar solução para 
o desenvolvimento pessoal, social, econômico, bem como uma das mais 
extraordinárias extensões da qualidade de vida. Desse modo, a saúde e qualidade 
de vida, ambos os assuntos estão diametralmente conexos, fato que podemos 
distinguir no nosso dia a dia. Logo, a saúde coopera para aprimorar a qualidade 
de vida e esta é basilar para que um sujeito e a comunidade tenham saúde. 
Em sinopse, promover a saúde é agenciar a qualidade de vida. De acordo 
com Buss (2010), no ano de 1986, na cidade de Ottawa, localizada no Canadá, 
foi realizada uma Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, que 
constituiu uma linha de princípios éticos e políticos, determinando os campos de 
ação. 
Segundo Buss (2010), esse tratado convencionado nessa conferência 
internacional diz que promoção da saúde é o método de habilitação da comunidade 
para agir no progresso da sua qualidade de vida e saúde, compreendendo máxima 
participação no controle desse procedimento. 
Ainda a respeito da promoção da saúde, os autores Verdi, Da Ros e Souza 
(2012) citam outros díspares modelos conceituais, sendo um deles alvitrado 
pela saúde coletiva brasileira e outros originários do Canadá. Desde o Relatório 
Lalonde, publicado no ano de 1974, no Canadá, e mais designadamente, 
posteriormente à Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, ocorrida 
no ano de 1986, em Ottawa, a compreensão de promoção da saúde irrompeu 
com o modelo de níveis de prevenção amparado durante décadas. 
Para alcançar uma condição de completo bem-estar mental, físico e social, 
os sujeitos e coletivos necessitam ter ciência para adaptações, controlar anseios, 
ter satisfação e alterar convenientemente o ambiente social, natural e político. 
Desse modo, a saúde contorna-se, segundo Buss (2010), um conceito 
prosaico, que ressalta as soluções sociais e pessoais, assim como as 
competências físicas. Portanto, não é encargo exclusivo de políticas de saúde 
e vai além de um costume de vida saudável, na administração de um bem-estar 
global. 
Consideramos algumas soluções imprescindíveis para ter saúde de modo 
pleno: alimentação adequada, recursos sustentáveis, paz, renda, moradia, 
13
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
educação, ambiente saudável, equidade e justiça social, com toda a complexidade 
que sugerem quaisquer desses quesitos. 
Destarte, a promoção da saúde é a decorrência de um contíguo de fatores 
sociais, coletivos, individuais, culturais, econômicos e políticos que se ajustam de 
contorno privado em cada sociedade e em conjunturas específi cas, resultando em 
sociedades mais ou menos saudáveis. Na maior parte do tempo de suas vidas, 
a maioria das pessoas é saudável, ou seja, não necessita de hospitais, CTI ou 
complexos procedimentos médicos, diagnósticos ou terapêuticos. 
Mas, durante toda a vida, todas as pessoas necessitam de água e ar puros, 
ambiente saudável, alimentação adequada, situações social, econômica e cultural 
favoráveis, prevenção de problemas específi cos de saúde, assim como educação 
e informação – estes, componentes importantes da promoção da saúde. Então, 
para promover a saúde é preciso enfrentar os chamados determinantes sociais 
da saúde.
A promoção da saúde se refere às ações sobre os condicionantes e 
determinantes sociais da saúde, dirigidas a impactar convenientemente a 
qualidade de vida. Por essa razão, assinala-se essencialmente por uma conciliação 
intersetorial e pelas atuações de ampliação da compreensão sanitária educação 
para a saúde, direitos e deveres, estilos de vida e aspectos comportamentais, 
dentre outros. 
De tal modo, para aprimorar as condições de saúde de uma população são 
imprescindíveis modifi cações carregadas dos padrões econômicos no cerne 
dessas sociedades e ativação de políticas sociais, que são de modo eminente 
políticas públicas sociais. Isto é, para que uma sociedade alcance saúde para 
todos os seus cidadãos é imprescindível atuação intersetorial e políticas públicas 
de caráter integral (BUSS, 2010).
A comissão nacional dos determinantes sociais da saúde fez uma análise 
profunda dos determinantes sociais da saúde no Brasil e uma série de políticas e 
ações, cujo desígnio derradeiro é a promoção da saúde. 
É importante destacarmos a defi nição que a Organização Mundial da Saúde 
– OMS – desenvolveu sobre saúde determinando que o estado de saúde não 
é apenas ausência de doença, mas o completo bem-estar psicossocial do ser 
humano, admitido pelo nome de determinantes sociais da saúde. 
O processo saúde-doença não está sujeito exclusivamente aos mecanismos 
biológicosque afetam o organismo humano, há múltiplos condicionantes titulados 
determinantes do processo saúde x doença; eles são os fatores sociais, étnico-
14
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
raciais, culturais, econômicos, comportamentais e psicológicos que infl uenciam o 
episódio de problemas de saúde e seus fatos de risco na população. 
Os DSS abrangem as características específi cas do contexto social que 
infl uem na saúde e o modo como as condições sociais afetam a saúde. As 
interações entre distintos graus de condições sociais produzem desigualdades em 
saúde, desde o âmbito individual até o nível das condições culturais, ambientais e 
econômicas que incidem em ampla parte da sociedade (GEIB, 2012).
Ainda conforme Geib (2012), juntos, formam o contexto sociopolítico 
responsável pela estratifi cação dos grupos segundo os níveis de renda, 
escolaridade, profi ssão, sexo, gênero, local de moradia e outros fatores. Esses 
mecanismos de estratifi cação socioeconômica são descritos como determinantes 
estruturais da saúde ou como fatores sociais determinantes das desigualdades na 
saúde.
FIGURA 1 – DETERMINANTES SOCIAIS NO PROCESSO SAÚDE X DOENÇA
FONTE: A autora
15
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Para a atenção integral de saúde, de acordo com Buss (2010), é 
imprescindível empregar e associar saberes e práticas atualmente agregados 
em compartimentos avulsos: atenção médico-hospitalar; programas de saúde 
pública; vigilância epidemiológica; vigilância sanitária; educação para a saúde, 
entre outros. 
O autor ainda pronuncia que essa integração deve combinar ações 
extrassetoriais em abalizados âmbitos, como água, esgoto, resíduos, drenagem 
urbana, e ainda, na educação, habitação, alimentação e nutrição; e administrar 
esses saberes e práticas conexos a um território característico, díspar de outros 
territórios, onde reside uma população com predicados culturais, sociais, políticos, 
econômicos. 
Em síntese, é a sugestão de uma inovação prática sanitária interdisciplinar, 
que agrega díspares conhecimentos teóricos e práticas, que se cobrem de um 
novo atributo ao proferir, de modo organizado pelo paradigma da promoção 
da saúde, para o enfrentamento das difi culdades viventes num dado território 
particular. 
Um bom exemplo de ações que se voltam ao cuidado da promoção da 
saúde em sua totalidade, temos a estratégia de saúde da família e dos agentes 
comunitários de saúde, que ponderamos ser fundamental para esse processo 
de promoção e merecem o mais decidido apoio político e técnico para sua 
implementação.
Verdi, Da Ros e Souza (2012) proferem que este exemplar conceitual em 
saúde proporciona uma nova confi guração de analisar o processo saúde x 
doença. Cabe destacar que esse modo de analisar a saúde tem sua ascendência 
no continente europeu, em meados do século XIX, num movimento denominado 
Medicina Social. 
Ainda de acordo com Verdi, Da Ros e Souza (2012), os autores mencionam 
a respeito de um médico social e patologista conhecido como Virchow, em que 
este afi rmava que os indivíduos enfermam e falecem pelo modo no qual vivem. 
Esse estilo de viver a vida é determinado por fatores de ordem social, cultural e 
econômica, o que por sua vez assinala-se o todo da manifestação da enfermidade. 
Os mesmos autores ressaltam ainda que no ano de 1848, Virchow organizou, 
com outros profi ssionais, a Lei de Saúde Pública da Prússia, em que profere que 
incumbe ao Estado o encargo de cuidar da saúde da população, que o Estado 
necessita promover a saúde e desenvolver estratégias de enfrentamento e 
tratamento da doença para todos os sujeitos, isto é, saúde é direito de todos, 
dever do Estado. Por fi m, Verdi, Da Ros e Souza (2012) acrescentam que foi esse 
movimento que guiou a constituição do nosso sistema único de saúde – SUS.
16
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A respeito do conceito de determinação social incidindo no processo saúde-
doença, Verdi, Da Ros e Souza (2012) mencionam outro profi ssional que se 
dedicou a estudar a temática: Henry Sigerist, no ano de 1942, este pronunciava 
que o profi ssional de medicina tinha quatro amplas tarefas, são elas: 
• promover saúde;
• prevenir doenças;
• restabelecer o doente;
• reabilitá-lo. 
Promover saúde era apresentar qualidades de vida, trabalho, educação, 
cultura, lazer, acesso à cultura, ter descanso, cabe ainda avultar que o modelo 
da determinação social não se recusa a prestar o atendimento individual quando 
imprescindível, entretanto, ela é contextualizada numa semelhança entre 
cidadãos.
Você sabia que existem modelos de saúde que são distintos 
uns dos outros e, por essa razão, possuem concepções distintas de 
saúde? 
Para aquecer o debate, consulte o artigo a seguir: Modelos 
assistenciais: reformulando o pensamento e incorporando a proteção 
e a promoção da saúde, com autoria de: PAIM, Jairnilson Silva. 
Disponível em: https://dms.ufpel.edu.br/sus/fi les/media/PaimJS_
ModelosAssistenciais.pdf
Converse com sua equipe de trabalho e seus colegas de turma 
sobre a relevância da compreensão a respeito dos distintos modelos 
de atenção à saúde e a importância da concepção de promoção 
e prevenção em saúde para a prática profi ssional dos diversos 
profi ssionais que atuam no âmbito da saúde pública em distintos 
espaços ocupacionais.
De acordo com Carvalho (2008), o modelo de promoção da saúde 
originário do Canadá tem a afi rmação do social, já que exibe a consignação 
do processo saúde-doença, a procura de superação do modelo biomédico e o 
comprometimento de saúde como direito de cidadania.
17
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Caro estudante: para contribuir ainda mais com o seu 
conhecimento; deixamos como sugestão de leitura os seguintes 
livros:
O referido livro promove uma refl exão a respeito dos conceitos e 
tendências presente no discurso contemporâneo do campo da saúde 
coletiva com ênfase na promoção da saúde. 
Referência: CZERESNIA, D. FREITAS, C. M. de. Promoção da 
saúde: conceitos, refl exões, tendências. Scielo – Editora FIOCRUZ, 
2009. 
O referido livro agencia uma discussão sobre mudanças na 
abordagem da saúde e nas práticas de atenção e tem gerado debate 
internacional, convergindo para um novo paradigma. Este é baseado 
na promoção da saúde, a qual defende uma evolução substantiva no 
modo como são formuladas e implementadas as políticas públicas 
que infl uenciam as condições de saúde da população. 
18
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A autora reconstitui a história social do conceito e das práticas 
de promoção da saúde como crítica ao entendimento prioritariamente 
biomédico da saúde. Analisa como Brasil e Canadá incorporaram em 
suas políticas públicas a proposta de promoção da saúde ratifi cada 
pela Declaração de Otawa, em 1986, assim como os componentes 
conceituais dessa proposta, teoricamente e em suas apropriações 
pelos dois países.
Referência: RABELLO, L. S. Promoção da saúde: a construção 
social de um conceito em perspectiva comparada. Editora FIOCRUZ, 
2010.
De acordo com Buss (2003), resumidamente, as formulações de promoção 
da saúde podem ser agrupadas em duas amplas convergências, conforme aponta 
o quadro a seguir:
QUADRO 1 – PROMOÇÃO DA SAÚDE
A primeira, centrada no comporta-
mento dos indivíduos e seus estilos 
de vida.
Uma das características desta tendência é o seu enfoque 
fortemente comportamental, expresso por meio de ações de 
saúde que visam à transformação de hábitos e estilos de vida 
dos indivíduos, ponderando o ambiente familiar, assim como 
o contexto cultural em que convivem. 
A segunda, dirigida a um enfoque 
mais amplo de desenvolvimento de 
políticas públicas e condições favo-
ráveis à saúde.
Esta tendência se aproxima muito do modelo preventivo. As 
semelhanças entre a promoção da saúde e a prevenção de 
doenças nosexibe que prevenir é vigiar, antecipar aconteci-
mentos indesejáveis em populações consideradas de risco, 
enquanto promover a saúde, quando não se trata de contro-
lar politicamente as condições sanitárias, de trabalho e de 
vida da população em geral, mas quando procura cunhar 
hábitos saudáveis, é também uma vigilância. Uma vigilância 
que cada um de nós necessita desempenhar sobre si próprio. 
FONTE: Adaptado de Buss (2003)
Nessa ótica, centrada no comportamento dos indivíduos e seus estilos de 
vida, a promoção da saúde acerca-se a priorizar aspectos educativos acoplados 
a fatores de riscos comportamentais singulares e, deste modo, método 
potencialmente atinado pelos próprios sujeitos.
19
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Essa tendência, dirigida a um enfoque mais amplo de desenvolvimento de 
políticas públicas e condições favoráveis à saúde, apontada por Buss (2003) 
como mais atualizada, pondera como fundamental à função protagonista dos 
determinantes sociais a respeito das condições de saúde, cujo extenso espectro 
de fatores está absolutamente pertinente com a qualidade de vida particular e 
coletiva.
Logo, promover a saúde implica considerar um padrão adequado de 
alimentação, de habitação e de saneamento, boas condições de trabalho, acesso 
à educação, ambiente físico limpo, apoio social para famílias e indivíduos e estilo 
de vida responsável. 
Promover a saúde envolve, também, dirigir o olhar ao coletivo de indivíduos e 
ao ambiente em todas as dimensões, física, social, política, econômica e cultural. 
Por fi m, promover a saúde implica uma abordagem mais ampla da questão da 
saúde na sociedade.
1) (Adaptada - 2018 - FCC – Órgão Prefeitura de Macapá – AP):
Saúde” e “Doença” são termos que, sob a perspectiva da 
História, vêm mudando de signifi cado ao longo do tempo. 
Contemporaneamente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) 
considera que “Saúde não é apenas a ausência de doença ou 
enfermidade, mas um estado de completo bem-estar físico, 
mental e social”, sendo este conceito baseado em: 
a) ( ) Uma abordagem holística da saúde.
b) ( ) Uma abordagem negativa de saúde.
c) ( ) Características individuais e específi cas, próprias da espécie 
humana.
d) ( ) Evidências científi cas que se consolidaram após o fi nal da 
Idade Média.
2) (2020 - CESPE/CEBRASPE – Órgão: Hub – Residência 
multiprofi ssional em saúde coletiva): A intersetorialidade constitui 
um dos princípios da Política Nacional de Promoção de Saúde 
(PNPS) e pressupõe a articulação dos saberes para a promoção 
de saúde. Quanto a esse assunto, analise e assinale o item a 
seguir:
20
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A integração dos setores público e privado constitui a base do 
conceito da intersetorialidade em saúde, e tem o objetivo de 
alcançar a integralidade e a solução de um problema complexo 
e multicausal.
( ) CERTO
( ) ERRADO
FIGURA 2 – RESULTADOS DA PROMOÇÃO DE SAÚDE 
FONTE: A autora
Importa sinalizar que as intenções para o debate de promoção da saúde têm 
de forma trivial a importância do social, nessa conjuntura, a questão de saúde 
necessita ser apreendida como a competência para viver a vida de forma livre, 
independente, refl exiva e socialmente responsável, de que o cerne de intervenção 
do setor da saúde precisa ser em volta dos serviços e territórios (VERDI; DA ROS; 
SOUZA, 2012). Carece compreender a saúde por meio da politização das práticas 
sanitárias, tendo como alvo a produção de bens e serviços, a produção de sujeitos 
à democratização institucional.
Nesse aspecto, a promoção da saúde precisa abarcar o fortalecimento da 
democracia e a intervenção no ambiente. A promoção da saúde é componente 
de díspares instâncias de decisões e, destacadamente, do aparelho estatal, 
que necessita organizar um conjunto de políticas públicas de natureza estrutural 
econômicas e infraestruturais e da mesma forma políticas públicas sociais como 
saúde, habitação, assistência social, segurança alimentar, educação entre outras 
que envolvem a necessidade da população. 
21
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
É importante compreendermos que a determinação da doença está 
diretamente ligada aos fatores sociais, e precisamos cada vez mais desenvolver 
ações de educação em saúde para que a população possa compreender a 
relevância destes determinantes sociais e adotar medidas de promoção da sua 
própria saúde. 
Destarte, compreensão da forma de organização da sociedade no 
capitalismo nos permite conhecer o papel e os limites estruturais do Estado, para 
viabilizar ou para não assumir políticas sociais e, dentre elas, as de saúde. Assim, 
compreenderemos como isso vai gerar desigualdades sociais, eixo para entender 
a determinação social da doença (VERDI; DA ROS; SOUZA, 2012). Este nos leva 
a refl etir que o poder capitalista internacional com seus representantes nacionais, 
bem como o próprio interesse capitalista nacional procura adotar os encargos de 
comando, tanto no poder Executivo como no Legislativo e Judiciário, para afi ançar 
uma política que assevere a reprodução do capital (VERDI; DA ROS; SOUZA, 
2012). 
Assim, confi gura ser um problema para a classe trabalhadora e principalmente 
para a grande massa de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema. 
É importante registrar que isso tem alusões diretas no sistema único de saúde 
pública para a população brasileira. A hegemonia dominante assume também 
papéis nos órgãos de imprensa e na lógica das igrejas e impregna sua ideologia.
Por fi m, fazendo referência ao que diz respeito ao modelo de prevenção de 
saúde proposto originalmente para elucidar a história natural da doença, oferece 
três coefi cientes de prevenção: primário, secundário e terciário. 
No coefi ciente primário, defendia a existência de um nível primário de 
prevenção. É salutar ressaltar que nesse modelo o foco central é a prevenção da 
doença. Portanto, essa concepção de prevenção da saúde versa, na veracidade, 
a respeito da doença, e não propriamente da promoção de saúde (VERDI; DA 
ROS; SOUZA, 2012).
Contudo, a principal diferença encontrada entre prevenção e promoção está 
no olhar sobre o conceito de saúde; na prevenção, a saúde é vista simplesmente 
como ausência de doenças, enquanto na promoção, a saúde é enfrentada 
como um conceito positivo e multidimensional procedendo deste modo, em um 
modelo participativo de saúde na promoção em oposição ao modelo médico de 
intervenção (CZERESNIA, 1999 apud FREITAS, 2003). 
22
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
2.1 OS MODELOS DE ATENÇÃO 
À SAÚDE NO BRASIL: MODELO 
BIOMÉDICO E MODELO DE 
DETERMINAÇÃO SOCIAL – MODELO 
SANITARISTA
Neste subtópico, você vai ter o ensejo de estudar a respeito das concepções 
de alguns modelos de atenção à saúde, conhecendo-os e compreendendo seus 
objetivos e características, além de apreender a respeito de um breve histórico da 
constituição destes. 
Para pronunciarmos a respeito dos modelos de atenção à saúde brasileira é 
importante discorrermos a priori sobre a concepção de medicina social que teve 
origem no século XVIII, na Europa, em uma ampla metodologia de rearticulação 
social da prática médica o qual Foucault designou de “nascimento da medicina 
social”, indicando que o capitalismo socializou o corpo como força de produção e 
de trabalho, e isso iria se estabelecer através da medicina (MENEGHEL, 2004). 
Assim, a medicina, em uma estratégia biopolítica, conquistaria, depois disso, 
um lugar na sociedade como seu objeto de trabalho. A medicina não social, 
individualista, clínica, essa não existe, no entanto foi uma fantasia pela qual certa 
forma de prática “associal” de medicina – a prática privada – se respaldou e se 
fundamentou (MENEGUEL, 2004).
A medicina social pesquisa e estuda a dinâmica do processo saúde/doença, 
a ligação com a estrutura organizacional de atenção médica e com o corpo social,intencionando à obtenção de níveis robustos possíveis de saúde e bem-estar. 
Na Europa do século XVIII, a medicina social surgiu distinguindo-se em 
três principais tendências: o sanitarismo inglês, focado na medicina da força de 
trabalho; o urbanismo francês, empenhado com a salubridade das cidades; e por 
fi m, a polícia médica, essa se constituiu na Alemanha, delimitada por uma imensa 
atenção com o controle sanitário. 
O movimento da medicina social defi nia que a participação política é o 
principal meio estratégico de mudança da realidade de saúde, na perspectiva de 
que as revoluções populares garantissem justiça, igualdade e cidadania. 
Na América Latina, o período transcorrido entre o fi nal do século XIX até 
1930, distingue-se pelas investigações no âmbito da higiene, patrocinadas pelo 
23
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Estado e elaboradas por institutos de pesquisa nos padrões europeus. A chamada 
“revolução científi ca”, permeada pelas descobertas da bacteriologia, disporia com 
que o foco causal se transportasse das condições sociais para os microrganismos. 
Desse modo, o ideal indicado era o de achar uma vacina para cada tipo de 
agente infeccioso e executar medidas de controle das doenças sem uma análise 
ou questionamento do ambiente socioeconômico e cultural. É como se o retorno 
às explicações causais de cunho biológico em desfavor dos pressupostos sociais 
das doenças acontecesse periodicamente. 
No momento atual, esse juízo impregna os estudos e pesquisas que trata 
de vários agravos, podendo-se mostrar mais diretamente a intensa busca por 
uma vacina para a AIDS, que possa controlar a doença sem pontuar questões 
importantes que envolvem gênero, sexualidade e drogadição, entre outros. 
Nos primórdios do século XX, coincidiu com a criação dos institutos de 
medicina tropical e as campanhas contra determinadas doenças, o saneamento 
dos portos, a revolta contra a vacina obrigatória. 
Tivemos ainda as pesquisas fundamentadas na parasitologia e os 
levantamentos entomológicos, independentemente do pensamento de alguns 
sanitaristas do período, já se depara-se com o embrião do pensamento ecológico, 
principalmente na obra de Samuel Pessoa, este elaborou interessantes teorias a 
respeito dos nichos ecológicos de doenças transmissíveis (MENEGHEL, 2004).
Um aspecto a salientar é que a redução nos índices das doenças 
transmissíveis na Europa foi atribuída aos feitos da medicina bacteriana. Porém, 
mais tarde, foi evidenciado que tal fato deveu-se, na realidade, à Revolução Vital, 
ou seja, à melhoria da qualidade de vida, e não aos atos médicos propriamente 
ditos. 
As esperanças em relação à medicina bacteriana caíram na década de 
1930, um momento crítico permeado pela crise ocasionada pelos elevados custos 
da medicina científi ca sem diminuir os níveis das doenças. A morbidade e a 
mortalidade, ocasionadas por doenças infecciosas e parasitárias, transformaram 
para um cenário do qual os agravos crônico-degenerativos tomaram maiores 
proporções, somados do acréscimo da expectativa de vida, padrão qualifi cado de 
transição epidemiológica (MENEGHEL, 2004).
O novo modelo de justifi cativa para a saúde/doença, criado em 1930, nos 
Estados Unidos, tentava racionalizar os altos custos da assistência médica. 
Assim, estava inaugurada a medicina preventiva, respaldada na história natural 
da doença e também nos pressupostos de prevenção à saúde. 
24
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A gênese das doenças encontrava-se em um período de pré-patogênese, 
composto pela notável tríade de agentes e hospedeiros equilibrados em uma 
balança, do qual fi el é o ambiente. Estudiosos e pesquisadores elaboraram duras 
críticas ao modelo preventivista, especialmente no que toca à superfi cialidade 
da proposta e à homogeneização dos fatores determinantes da saúde/doença 
(MENEGHEL, 2004).
Na década de 1970, muitas propostas de ampliação de cobertura de serviços 
de saúde e ainda de cuidados básicos em saúde foram questionados. 
A medicina social acompanhou de perto essas propostas, entretanto, 
paralelamente, ela tenha se estabelecido em uma referência de contestação 
ao pensamento hegemônico da saúde pública – reducionista e biologista. 
Desse modo, a saúde coletiva só iria afl orar nos anos 1980, baseada na 
interdisciplinaridade como facilitadora de um conhecimento vasto de saúde e na 
multiprofi ssionalidade como uma maneira de enfrentar a diversidade interna ao 
saber/fazer das práticas sanitárias (MENEGHEL, 2004). 
A saúde coletiva – estabelecida nos limites do biológico e do social – 
segue pela frente a responsabilidade de pesquisar, compreender e interpretar 
as questões determinantes da produção social das doenças e da organização 
social dos serviços de saúde, quer no âmbito diacrônico quer no plano sincrônico 
da história. A saúde coletiva, ao incorporar as ciências humanas no campo da 
saúde, reorganiza as coordenadas deste campo, conduzindo para seu interior as 
perspectivas simbólica, ética e política. 
A atenção à saúde caracteriza a organização estratégica do sistema e das 
práticas de saúde em explicação às necessidades da população. E manifesta-
se em políticas, programas e serviços de saúde consoante os princípios e as 
diretrizes que compõem e estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS). 
O entendimento do termo atenção à saúde diz respeito tanto a processos 
históricos, políticos e culturais que manifestam disputas por projetos no campo 
da saúde e à própria visão de saúde sobre o objeto e os objetivos de suas ações 
e serviços, signifi ca como tem de ser as ações e os serviços de saúde, como a 
quem se destinam, sobre o que incidem e a maneira como se organizam para 
alcançar suas metas (MATTA; MOROSINI, s.d.).
Numa concepção histórica, o sentido de atenção almeja superar a clássica 
oposição entre as dualidades: a assistência e a prevenção, entre indivíduo e 
coletividade, que por longo tempo marcou as políticas de saúde no Brasil. Sendo 
assim, refere-se à história ao corte entre as iniciativas de caráter individual e 
25
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
curativo, que defi nem a assistência médica, e as iniciativas de caráter coletivo e 
massivo, de fi nalidades preventivas, específi cas da saúde pública. 
Essas duas formas aqui mencionadas de confi gurar e de ordenar as ações 
e os serviços de saúde caracterizaram dois modelos diferenciados – o modelo 
biomédico e o modelo campanhista/preventivista – estes marcaram, mutuamente, 
a assistência médica e a saúde pública, expressões do setor saúde brasileiro cuja 
separação, há muito instituída, ainda refl ete um desafi o para a confi guração da 
saúde em um sistema integrado. 
O modelo biomédico, desenvolvido ainda o século XIX, relaciona doença à 
lesão, limitando o processo saúde-doença a sua dimensão anatomofi siológica, 
removendo as dimensões histórico-sociais, como a cultura, a política e a economia 
e, em consequência disso, colocando seus principais planejamentos interventivos 
no corpo doente.
Você sabe que também existe o conceito de medicina 
preventiva? 
E você sabe o que signifi ca medicina preventiva?
A medicina preventiva é a especialidade médica focada em evitar 
o desenvolvimento de doenças, reduzir o impacto das enfermidades 
na saúde dos indivíduos e melhorar a qualidade de vida de pacientes 
em tratamento. 
O conceito de medicina preventiva surgiu em meados do século 
XX como um movimento que propunha uma abordagem diferente da 
medicina. A ideia básica era mudar o foco da prática médica, que até 
então se concentrava exclusivamente no tratamento das doenças, 
para uma visão mais voltada à promoção da saúde.
Em contrapartida, desde o fi nal do século XIX, o modelo preventivista ampliou 
o paradigma microbiológico da doença para as populações, defi nindo-se como 
um saber epidemiológico e sanitário, objetivando o ordenamento, organização e à 
higienização dos espaços humanos.No Brasil, tais modelos de atenção são possíveis ser compreendidos em 
relação às condições socioeconômicas e políticas criadas nos vários períodos 
históricos de organização da sociedade brasileira (MATTA; MOROSINI, s.d.).
26
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Os autores ainda expressam que o modelo campanhista – motivado por 
interesses agroexportadores no começo do século XX – fundamentou-se em 
campanhas sanitárias no combate às epidemias de febre amarela, peste bubônica 
e varíola, estabelecendo programas de vacinação obrigatória, desinfecção dos 
espaços públicos e residências e demais ações de medicalização do espaço 
urbano, que focaram, em sua maioria, nas camadas mais empobrecidas da 
população. Esse modelo perdurou no cenário das políticas de saúde brasileiras 
até o início da década de 1960 (MATTA; MOROSINI, s.d.). 
O modelo previdenciário-privatista surgiu na década de 1920 infl uenciado 
pela medicina liberal, e seu objetivo era ofertar assistência médico-hospitalar 
para os trabalhadores urbanos e industriais, na modalidade de seguro-saúde/
previdência. 
Sua ordenação é marcada pela lógica da assistência e da previdência 
social, a princípio, limita-se a algumas corporações de trabalhadores e, em 
seguida, unifi cando-se no Instituto Nacional de Assistência e Previdência Social 
– INPS – em 1966, e vai ampliando-se gradualmente aos demais trabalhadores 
formalmente inseridos na economia.
Esse modelo é conhecido também pela sua dimensão hospitalocêntrica, 
pois, a partir da década de 1940, a rede hospitalar começou a receber um volume 
robusto de investimentos, e a atenção à saúde foi se consolidando sinônimo de 
assistência hospitalar. 
Refere-se à maior manifestação na história do setor saúde brasileiro da 
concepção médico-curativa, alicerçada no paradigma fl exneriano, marcado por 
uma concepção mecanicista do processo saúde-doença, pelo reducionismo 
da causalidade aos agentes biológicos, focado na atenção sobre a doença e o 
indivíduo. 
Nessa perspectiva organizou o ensino, e o trabalho médico foi um dos 
responsáveis pela fragmentação e hierarquização do desenvolvimento de trabalho 
em saúde e pelo alastramento das especialidades médicas (MATTA; MOROSINI, 
s.d.).
Conforme os apontamentos dos autores, nesse mesmo processo, o modelo 
campanhista da saúde pública, guiado pelas intervenções na coletividade e nos 
espaços sociais, perde terreno e infl uencia o cenário político e o orçamento 
público do setor saúde, que passa a preferir a assistência médico-curativa, 
chegando a comprometer a prevenção e o controle das endemias no território 
nacional (MATTA; MOROSINI, s.d.).
27
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1 
Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, 
vamos deixar a indicação de alguns livros que se articulam com o 
assunto tratado neste subtópico:
Este livro é indicado para as áreas 
de Medicina, Nutrição, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, 
Odontologia, Farmácia, Medicina Veterinária, Serviço Social, 
Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e muitas outras ligadas à 
saúde. Possui um arcabouço teórico bem aprofundado a respeito dos 
conceitos, teorias sobre a saúde pública no Brasil. 
Referência: MAGALHÃES, Thereza Maria (coord.) Manual de 
Saúde Pública. 2. ed. Salvador: Editora Sanar, 2019.
Um livro didático e de referência que inclui os eixos de análise 
individual/coletivo, clínico/epidemiológico e público/privado, além 
de congregar autores com experiência na gestão de serviços e do 
próprio sistema, nos três níveis da federação. 
28
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A construção do SUS há muito deixou de ser obra exclusiva 
de intelectuais capazes de ler em língua estrangeira. Temos 
‘construtores’ que leem na realidade concreta dos serviços e da 
gestão, e que participam ativamente do complexo processo de 
construção cotidiana da saúde.
Referência: GIOVANELLA, Lígia; ESCOREL, Sarah; LOBATO, 
Lenaura de Vasconcelos Costa; NORONHA, José de 
Carvalho; CARVALHO, Antônio Ivo de. Políticas e sistema de saúde 
no Brasil. SciELO - Editora FIOCRUZ, 2012.
Ao fi nal da década de 1970, vários segmentos da sociedade civil – entre 
eles, usuários e profi ssionais de saúde pública – aborrecidos com o sistema de 
saúde brasileiro começaram um movimento de luta pela ‘atenção à saúde’ como 
um direito de todos e um dever do Estado. 
Esse movimento fi cou conhecido como Reforma Sanitária Brasileira e 
resultou na instituição do SUS por meio da Constituição de 1988. 
A Constituição de 1988 destinou alguns artigos específi cos para tratar 
especifi camente a respeito da saúde, tamanha a necessidade de avalizá-la 
enquanto direito inerente a todos os cidadãos. 
O texto constitucional apresenta a saúde delineando-a legalmente através 
de princípios e diretrizes que necessitam ponderar as atividades do Estado e da 
sociedade em prol da proteção social e integral da saúde enquanto direito no 
Brasil. Nesse compasso, os legisladores brasileiros elaboraram normas legais 
com vistas a proteger o direito à saúde no Brasil, expandindo signifi cativamente 
esse direito a todas as pessoas que dele necessitarem. 
Dentre os direcionamentos legais promovidos pela Constituição Federal 
de 1988, que protegem o Direito à Saúde, destacam-se os artigos 196 ao 200. 
Tratando, assim, a saúde um dever do Estado, além de orientar legalmente a 
necessidade dos estados, municípios e União de organizar os atendimentos em 
saúde de maneira descentralizada e com a participação da população, além de 
avultar sobre a necessidade de sistematizar esse atendimento em forma de um 
sistema único. 
O Estado em suas três esferas, precisa implementar políticas econômicas 
e sociais com vistas à redução dos riscos de enfermidades e demais agravos, e, 
sobretudo realizar ações de promoção do acesso universal e igualitário às ações 
e serviços empreendidos pelo poder público em relação a saúde.
29
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Com o reconhecimento legal da saúde sendo inserida no texto constitucional, 
sendo considerada direito social fundamental, ela passa a receber proteção 
jurídica e legal com vistas a assegurar esse direito a todos os cidadãos, o que 
concerne em obrigar o poder público a fazer seu papel na oferta de atendimento 
em saúde em todos os níveis de atenção, sempre de acordo com as necessidades 
da população. 
A Constituição Federal de 1988 representa o principal marco legal de 
consolidação de direitos sociais no país, e do Estado democrático de Direito; 
mormente, porque se delineou após o longo período de ausência de democracia, 
de liberdade de expressão e direitos cassados e negados. 
A Constituição Federal, ainda, pôs fi m à lógica de atendimento à saúde, 
atrelada à contribuição com a previdência social, passando assim a ser universal 
e demarcou o início do atendimento em saúde nos motes de sistema único, 
podemos assegurar que ela preconizou o Sistema Único de Saúde – SUS – 
brasileiro. Posteriormente regulamentado pelas leis nº 8.080/90 e 8.142/90, 
chamadas Leis Orgânicas da Saúde.
1) No que diz respeito à saúde enquanto política pública brasileira, 
como ela está apresentada no campo da seguridade social da 
Constituição Federal de 1988?
2) Sabe-se que a promulgação da Carta Magna em 1988 assegurou o 
direito da população à saúde e, ao Estado, o dever de assegurar 
esse direito a todos brasileiros. Assim, como o Estado garantirá o 
acesso à saúde para a população?
Em meio ao movimento de consolidação do SUS, a noção de atenção 
afi rma-se na tentativa de produzir uma síntese que expresse a complexidade 
e a extensão da concepção ampliada de saúde que marcou o movimento pela 
Reforma Sanitária: saúde é a resultado das condições de habitação, alimentação, 
educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, 
promoção e posse da terra e ascensão a serviçosde saúde (MATTA, MOROSINI, 
s.d.). 
30
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A partir dessa concepção ampliada do processo saúde-doença, a atenção 
à saúde intenta conceber e organizar as políticas e as ações de saúde numa 
perspectiva interdisciplinar, partindo da crítica em relação aos modelos 
excludentes, seja o biomédico curativo ou o preventivista. No âmbito do SUS, 
há três princípios fundamentais a serem considerados em relação à organização 
da atenção à saúde, são eles: o princípio da universalidade, pelo qual o SUS 
deve garantir o atendimento de toda a população brasileira; o princípio da 
integralidade, pelo qual a assistência é apreendida como um conjunto articulado e 
ininterrupto das ações e serviços preventivos e curativos, singulares e coletivos; e 
o princípio da equidade, pelo qual esse atendimento deve ser garantido de forma 
igualitária, porém, contemplando a multiplicidade e a desigualdade das condições 
sociossanitárias da população (BRASIL, 1990). 
Em relação à universalidade, o desafi o posto à organização da ‘atenção à 
saúde’ é o de constituir um conjunto de ações e práticas que permitam incorporar 
ou reincorporar parcelas da população historicamente apartadas dos serviços 
de saúde. Da mesma forma, ao pautar-se pelo princípio da integralidade, a 
organização da ‘atenção à saúde’ implica a produção de serviços, ações e 
práticas de saúde que possam garantir, a toda a população, o atendimento mais 
abrangente de suas necessidades. 
Já em relação à equidade, a ‘atenção à saúde’ precisa orientar os serviços e 
as ações de saúde segundo o respeito ao direito da população brasileira em geral 
de ter as suas necessidades de saúde atendidas, considerando, entretanto, as 
diferenças historicamente instituídas e que se expressam em situações desiguais 
de saúde segundo as regiões do país, os estratos sociais, etários, de gênero entre 
outros.
31
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
FIGURA 3 – PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS E DOUTRINÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO 
DE SAÚDE PRECONIZADOS A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
FONTE: A autora
Já os princípios organizativos têm as seguintes funções: 
• Regionalização - ter serviços de saúde dentro dos territórios sem ter a 
necessidade das pessoas se deslocarem para muito distante de sua 
região; artigo 198 da CF/1988. 
• Descentralização - responsabilização dos vários entes (municípios, 
estados, DF e União) em fazer um sistema único de alcance e qualidade 
para todos; está preconizado no artigo 198 da CF/1988. 
• Participação popular – tem os cidadãos participando das discussões 
e debates sobre o atendimento em saúde, através dos conselhos 
municipais de saúde, conferências entre outros, nos três níveis – 
Municipal, Estadual e Federal. 
Premido, de um lado, pelas tensões geradas por essa pauta de princípios 
e, de outro, pela convivência com os paradigmas do modelo assistencialista, o 
32
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
SUS organizou o modelo de atenção à saúde de forma hierarquizada, em níveis 
crescentes de complexidade. Segundo essa lógica, os serviços de saúde são 
classifi cados nos níveis primário, secundário e terciário de atenção, conforme o 
grau de complexidade tecnológica requerida aos procedimentos realizados. 
A imagem associada a essa hierarquização é a de uma pirâmide, em cuja 
base se encontram os serviços de menor complexidade e maior frequência, 
que funcionariam como a porta de entrada para o sistema. No meio da pirâmide 
estão os serviços de complexidade média e alta, aos quais o acesso se dá por 
encaminhamento e, fi nalmente, no topo estão os serviços de alta complexidade, 
fortemente especializados. 
Essa tentativa de organizar e racionalizar o SUS, se, por um lado, 
proporcionou um desenho e um fl uxo para o sistema, por outro, reforçou a sua 
fragmentação e subvalorizou a atenção primária como um lócus de tecnologias 
simples, de baixa complexidade. 
Em contraposição, o modelo de atenção pode constituir-se na resposta dos 
gestores, serviços e profi ssionais de saúde para o desenvolvimento de políticas e 
a organização dos serviços, das ações e do próprio trabalho em saúde, de forma a 
atenderem às necessidades de saúde dos indivíduos, nas suas singularidades, e 
dos grupos sociais, na sua relação com suas formas de vida, suas especifi cidades 
culturais e políticas. 
O modelo de atenção pode, enfi m, buscar garantir a continuidade do 
atendimento nos diversos momentos e contextos em que se objetiva a atenção à 
saúde. 
Nesse sentido, existem também propostas de atenção dirigidas a grupos 
específi cos que podem ser descritas como políticas voltadas para atenção à 
saúde por ciclo de vida – atenção à saúde do idoso, à criança e ao adolescente, 
atenção à saúde do adulto; a portadores de doenças específi cas – atenção à 
hipertensão arterial, diabetes, hanseníase, DST/Aids, entre outras; e relativas a 
questões de gênero – saúde da mulher e, mais recentemente, saúde do homem. 
Essas propostas podem vir associadas a estratégias de centralização 
política e especialização técnica, historicamente concebidas como programas de 
saúde que antagonizam com a lógica da integralidade, uma vez que favorecem 
a fragmentação das políticas e das ações de saúde e buscam uniformizar a 
intervenção por meio de protocolos técnico-científi cos pouco permeáveis às 
especifi cidades políticas, sociais e culturais. 
33
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Ao contrário, argumenta-se que a complexidade dos problemas de saúde 
requer para o seu enfrentamento a utilização de múltiplos saberes e práticas. 
Desse modo: 
O sentido da mudança do foco dos serviços e ações de saúde 
para as necessidades individuais e coletivas, portanto para o 
cuidado, implica a produção de relações de acolhimento, de 
vínculo e de responsabilização entre os trabalhadores e a 
população, reforçando a centralidade do trabalho da equipe 
multiprofi ssional (EPSJV, 2005, p. 75). 
Numa dimensão ético-política, isso signifi ca afi rmar que a ‘atenção à saúde’ 
se constrói a partir de uma perspectiva múltipla, interdisciplinar e, também, 
participativa, na qual a intervenção sobre o processo saúde-doença é resultado 
da interação e do protagonismo dos sujeitos envolvidos: trabalhadores e usuários 
que produzem e conduzem as ações de saúde. 
1) Na Constituição Federal, na seção II da saúde, o artigo 198 informa 
que as ações e os serviços públicos de saúde devem integrar uma 
rede regionalizada, compor um sistema único e seguir algumas 
diretrizes. Quais são essas diretrizes?
2) Sabe-se que no Brasil, mesmo com a implantação do SUS, a partir 
da Constituição Federal de 1988, ainda nos deparamos com 
outro tipo de projeto para a saúde brasileira. Qual é esse outro 
tipo de projeto?
É importante destacar que os modelos apresentados anteriormente são 
formas de organização do sistema em diferentes períodos históricos no Brasil. 
Atualmente, apesar do modelo preconizado ser a Atenção Básica em Saúde, os 
demais modelos aqui estudados ainda estão presentes em formas de organização 
de programas e nas práticas de atenção à saúde.
Para melhor síntese de compreensão sobre os modelos de atenção, 
explicitamos no quadro os principais modelos do Estado brasileiro e suas distintas 
características:
34
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
QUADRO 2 – SÍNTESE DOS MODELOS DE ATENÇÃO 
À SAÚDE NO ESTADO BRASILEIRO
 SANITARISMO
ASSISTENCIALISMO 
MÉDICO
ATENÇÃO BÁSICA EM 
SAÚDE
Características 
organizacionais
Financiamento público 
estatal
Financiamento misto 
(estado, empregador)
Financiamento público 
com repasse e autono-
mia municipal
Acesso universal
Acesso à população 
defi nida
Acesso progressivamen-
te universal (territorial)
Ações não hospitalares
Ações enfaticamente 
hospitalares
Ações territorializadas 
e indutoras de redesda 
atenção à saúde
Ações verticais sem 
participação social
Controle social inci-
piente
Participação popular e 
controle social
Características das 
práticas de atenção 
à saúde
Proteção social focali-
zada e seletiva
Proteção social meri-
tocrática (acesso para 
quem tem vínculo de 
trabalho ou pagamento 
direto)
Proteção social univer-
sal
Ações de prevenção Ações curativas
Orientado pela integra-
lidade
Ações programadas
Atendimento à deman-
da
Equilíbrio entre ações 
programadas e aten-
dimento à demanda 
espontânea
Ações sobre o ambien-
te e coletividade
Ações individuais
Ações individuais e 
coletivas centradas no 
usuário/família/comu-
nidade
Práticas não necessa-
riamente médicas
Práticas enfaticamente 
médicas
Práticas multiprofi ssio-
nais
Processo saúde-do-
ença na perspectiva 
microbiológica
Processo saúde-do-
ença na perspectiva 
anatomoclínica
Processo saúde-doença 
baseado nos determi-
nantes sociais de saúde
FONTE: <https://dms.ufpel.edu.br/sus/fi les/U02.html>. Acesso em: 11 maio 2021. 
Compreendemos que a saúde foi uma das áreas cujos avanços constitucionais 
foram mais relevantes. O Sistema Único de Saúde – SUS –, constituinte da 
Seguridade Social e uma das proposições do Projeto de Reforma Sanitária, foi 
regulamentado, em 1990, pela Lei Orgânica da Saúde – LOS. Ao analisar o SUS 
como uma estratégia, o Projeto de Reforma Sanitária tem como base o Estado 
democrático de direito, encarregado das políticas sociais e, consequentemente, 
da saúde (CFESS, 2010). 
35
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
Ressalta-se como fundamentos desse plano a democratização do acesso; 
a universalização das ações; a evolução da qualidade dos serviços, com a 
implementação de um novo modelo assistencial centrado na integralidade e 
equidade das ações; a democratização das informações e lisura no uso de 
recursos, bens e ações do governo; a descentralização com controle social 
democrático; a interdisciplinaridade nas ações. Possui como premissa básica a 
defesa da saúde como direito de todos e dever do Estado (BRAVO, 1999; BRAVO; 
MATOS, 2001). 
A proposta elementar da Reforma Sanitária é a defesa da universalização 
das políticas sociais e a garantia dos direitos sociais. Nesse sentido, destaca-
se a concepção ampliada de saúde, defi nidas como melhores condições de vida 
e de trabalho, com destaque nos determinantes sociais; a nova organização 
do sistema de saúde através da construção do SUS, aliado aos princípios da 
intersetorialidade, integralidade, descentralização, universalização, participação 
social e também a redefi nição dos papéis institucionais das unidades políticas 
(União, Estado, municípios, territórios) na prestação dos serviços de saúde; e 
efetivo fi nanciamento do Estado. 
Cabe destacar que no ano de 1989, nas eleições presidenciais, há uma 
disputa entre dois projetos societários: Democracia de Massas X Democracia 
Restrita (NETTO, 1990), erigidos no processo da relação Estado – Sociedade. O 
projeto Democracia de Massas pressupõe a ampla participação social, agregando 
as instituições parlamentares e os sistemas partidários através de uma malha 
de organizações de base: sindicatos, comissões de empresas, organizações de 
profi ssionais e de bairros, movimentos sociais urbanos e rurais.
FIGURA 4 – DEMOCRACIA RESTRITA X DEMOCRACIA DE MASSAS
FONTE: A autora
36
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Esse projeto propõe associar a democracia representativa com a democracia 
direta e concebe ao Estado democrático de direito a responsabilidade e o dever 
de construir respostas às expressões da questão social.
O projeto Democracia Restrita restringe os direitos sociais e políticos com 
a concepção de Estado mínimo, ou seja, máximo para o capital e mínimo para o 
trabalho. O enxugamento do Estado é a grande meta, como também a substituição 
das lutas coletivas por lutas corporativas. 
Na década de 1990, em consequência das derrotas sofridas pelo projeto 
Democracia de Massas, fortalece-se um rumo político das classes dominantes no 
processo de enfrentamento da crise brasileira. Nessa perspectiva, as principais 
estratégias do grande capital passam a ser: fervorosa crítica às conquistas sociais 
da Constituição Federal de 1988, com ênfase para a concepção de Seguridade 
Social, e a edifi cação de uma cultura persuasiva para a transmissão e tornar seu 
projeto consensual e compartilhado (MOTA, 1995). 
É notável, nessa década, a afi rmação das contrarreformas de forte caráter 
neoliberal, apregoadas pelas agências internacionais. As propostas do grande 
capital têm como vetores privilegiados, segundo Mota (1995), a defesa do 
desenvolvimento de privatização e a constituição do cidadão consumidor. 
Na defesa do processo de desenvolvimento de privatização, destaca-se a 
mercantilização da Saúde e da Previdência e a ampliação do assistencialismo.
FIQUE ATENTO
Mesmo com a promulgação da Constituição Federal em 1988, 
trazendo a saúde como direito social fundamental e assegurando-a 
enquanto direito de todo cidadão; não deixou de existir um outro 
projeto de saúde no Brasil, que é o que chamamos de projeto 
privatista.
Esse projeto visa destinar o direito da saúde apenas para 
garantir os mínimos em saúde, e que esse direito seja regulado 
pelo mercado, tem um forte apelo a não universalização das ações, 
voltando-se para a ideia de que para se ter acesso à saúde se fazem 
necessárias contribuições.
O que podemos concluir que esse tipo de projeto altamente 
neoliberal, circunda a política de saúde, e que a população 
precisa fazer resistência juntamente com os movimentos sociais e 
trabalhadores do SUS para não deixar esse projeto avançar ainda 
mais e destituir o SUS.
37
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
FONTE: CFESS. Parâmetros de atuação do assistente social na 
saúde. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/Parametros_
para_a_Atuacao_de_Assistentes_Sociais_na_Saude.pdf. Acesso 
em: 10 maio 2021. 
As principais diretrizes são: a Reforma da Previdência anexada no bojo 
da Reforma do Estado, que vem sendo instituída progressivamente e possui 
características de uma contrarrevolução ou contrarreforma; a defesa do SUS 
para os menos favorecidos e a refi lantropização da assistência social, com forte 
proliferação da ação do setor privado no âmbito das políticas sociais (GUERRA, 
1998). 
A contrarreforma do Estado atingiu a saúde através das proposições 
de contenção do fi nanciamento público; da divisão entre ações curativas e 
preventivas, rompendo com a concepção de integralidade por intermédio da 
elaboração de dois subsistemas: o subsistema de entrada e controle. Ou seja, 
de atendimento básico, de obrigação do setor estatal visto que esse atendimento 
não é de preocupação do setor privado e o subsistema de referência ambulatorial 
e especializada, composto por unidades de maior complexidade que seriam 
transformadas em Organizações Sociais (CFESS, 2010). 
A política pública de saúde tem encontrado notórias difi culdades para sua 
efetivação, como a desigualdade de acesso da população aos serviços de saúde, 
o desafi o de construção de práticas baseadas na integralidade, os dilemas 
para alcançar a equidade no fi nanciamento do setor, os avanços e recuos nas 
experiências de controle social, a falta de articulação entre os movimentos sociais, 
entre outras. 
Todas essas questões são exemplos de que a construção e consolidação 
dos princípios da Reforma Sanitária permanecem como desafi os fundamentais na 
agenda contemporânea da política de saúde.
FIQUE ATENTO
A concepção de saúde como direito de todos os 
cidadãos somente foi admitida pelo Estado brasileiro a partir da 
promulgação da Constituição Federal de 1988. Ganha especial 
atenção dos preceitos constitucionais, devido a estar arrolado na 
38
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
seção II da ordem social em queapresenta a quem se destina, além 
dos princípios e diretrizes para a sistematização do Sistema Único de 
Saúde (SUS) para o Brasil. 
É necessário que todos/as profi ssionais que atuam ou desejam 
atuar no âmbito do SUS, quer seja na atenção básica, nível 
secundário e/ou terciário, entenda sobre equidade, universalidade, 
integralidade, descentralização e participação popular, que se 
constituem como princípios organizativos do SUS que orientarão as 
ações nos três níveis de atenção à saúde.
É importante enfatizarmos que o projeto de reforma sanitária brasileira, 
edifi cado a partir da metade dos anos de 1970, encontra-se sendo intencionalmente 
deslegitimado e enfraquecido em suas ações e recursos, para que assim possa 
perder sua notoriedade para o projeto voltado para o mercado ou privatista, que 
encontrou base na lógica neoliberal a partir dos anos 1990. 
O projeto da saúde articulado ao mercado ou à reatualização do modelo 
médico assistencial privatista está pautado na Política de Ajuste, que tem como 
principais tendências: 
• a contenção dos gastos com racionalização da oferta; 
• a descentralização com isenção de responsabilidade do poder central. 
A incumbência do Estado, nesse projeto, se traduz em garantir um mínimo 
àqueles que não podem pagar, fi cando para o setor privado o suporte aos que têm 
acesso ao mercado, diante disso, suas propostas relevantes nesse sentido são: 
caráter focalizado para assistir às populações em situação de vulnerabilidade 
através do pacote básico para a saúde, expansão da privatização, forte incentivo 
ao seguro privado, descentralização dos serviços em âmbito local e eliminação da 
vinculação de fonte com relação ao fi nanciamento (CFESS, 2010).
Existem alguns sites acadêmicos que reúnem publicações de 
artigos acadêmicos de várias revistas eletrônicas acadêmicas, dentre 
eles, deixamos como indicação o site da Scielo; sendo assim, segue 
o site para que possa acessar e navegar: https://scielo.org/. 
39
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
A universalidade do direito – um dos fundamentos centrais do SUS e 
contido no projeto de Reforma Sanitária – é um dos aspectos que tem provocado 
resistência dos formuladores do projeto privatista da saúde. 
Os valores solidários, coletivos e universais que alicerçam a formulação da 
Seguridade Social lavrada na Constituição de 1988 estão sendo trocados pelos 
valores individualistas, corporativos, focalistas, que expande a consolidação do 
projeto direcionado para o mercado, que possui por suporte a consolidação do 
SUS para os vulneráveis e a segmentação do sistema (CFESS, 2010).
Você sabe qual a importância do movimento da reforma sanitária 
para assegurar a saúde pública no Brasil enquanto direito de todos 
os cidadãos? 
Esse movimento ocorreu em vários países no mundo e, no 
Brasil, deu início a partir do fi nal da década de 1970, em meio ao 
período ditatorial militar. Cabe ressaltar que o Brasil se espelhou no 
movimento sanitarista da Itália. 
Várias entidades como: Centro de Estudos brasileiros – CEBES 
(1976); Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO (1979) 
foram se organizando no Brasil para fortalecimento desse movimento, 
para que pudesse alcançar a mudança estrutural de atendimento em 
saúde para a população brasileira. 
O movimento ganhou mais força quando se concretizou a VIII 
Conferência em saúde realizada em Brasília no ano de 1986, em que 
se debateu profundamente a mudança na forma de ofertar saúde no 
Brasil, e que essa mudança deveria ser a partir da universalização 
do acesso, bem como conceber a saúde não apenas como curativa, 
mas, sim, de prevenção e promoção, além de ter mecanismos legais 
para assegurar seu fi nanciamento.
Ponderamos, deste modo, que esse movimento que reuniu 
vários profi ssionais e a participação da população, foi fundamental 
para que dois anos após essa conferência nacional em saúde, a 
nova Constituição Federal pudesse avalizar a saúde enquanto direito 
social e humano com todas as garantias necessárias a atender à 
população de forma universal.
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/reforma-sanitaria-
brasileira/>. Acesso em: 10 maio 2021. 
40
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Nessa situação, várias entidades defi nidas até então no campo progressista 
têm modifi cado suas lutas coletivas por lutas corporativas, limitadas a grupos de 
interesses. Essa visão está de total acordo com o ideário das classes dominantes 
que vislumbram como perspectiva a “americanização perversa” da sociedade 
brasileira, enfraquecendo os processos de resistência com a utilização de 
métodos e estratégias persuasivas, intimidando os trabalhadores a uma prática 
política defensiva (VIANA, 1999). 
Por fi m, esse projeto coletivo, cuja construção iniciou-se nos anos de 1980, 
tem sido questionado e substituído pelo projeto corporativo e privatista que 
procura naturalizar a objetividade da ordem burguesa, considerando, assim, 
a necessidade de a saúde ser um produto a ser comercializado a quem dela 
precisar, procurando reforçar a lógica de seguro saúde no Brasil. 
Contudo, cabe aos profi ssionais do âmbito da saúde pública brasileira 
desenvolver estratégias cotidianas em seu exercício de trabalho para fazer valer 
os preceitos constitucionais, bem como a materialidade dos princípios balizadores 
da reforma sanitária que culminaram na constituição do SUS – Sistema Único de 
Saúde. 
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, procuramos explicitar a respeito de conhecimentos que são 
de suma importância para a compreensão dos estudantes que desejam atuar e/
ou que já atuam profi ssionalmente no campo da saúde pública com foco na saúde 
da família. 
Como discente, você pôde compreender a relevância da promoção à 
saúde, entendendo como esse conceito surgiu e a que ele se destina a atender, 
apreendendo ainda a concepção ampliada de saúde que surgiu a partir da 
perspectiva ampliada do processo de saúde x doença e conhecendo os 
impactos dos determinantes sociais em saúde – DSS – tangenciando o referido 
procedimento de saúde x doença. 
Como estudante, você também foi orientado a refl etir acerca da existência 
de modos diferentes de pensar saúde que acabam constituindo seus diferentes 
modelos conceituais. É fundamental destacar que o tema modelos conceituais em 
saúde não se consume nesta ocasião de estudo.
É imprescindível que cada qual busque a compreensão dos modelos 
conceituais de saúde, e faça uma refl exão crítica em seu cotidiano de trabalho 
41
SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
a fi m de verifi car as implicações de cada qual, infl uenciando na direção do 
atendimento à população, e enquanto profi ssionais, procurando validar o conceito 
do modelo que emanou da reforma sanitária brasileira. 
Relembramos que seu objetivo de aprendizagem neste capítulo foi conhecer 
o modelo da determinação social da doença em contraponto ao modelo biomédico 
e a infl uência das relações sociais na constituição desses modelos de saúde, 
além de identifi car algumas características do modelo da promoção da saúde, 
bem como suas tendências contemporâneas. 
Confi rmamos, assim, a importância desse estudo para todos os estudantes, 
para que tenham a noção do que tínhamos enquanto concepções de acesso à 
saúde e compreensão dos processos de saúde e doença, bem como os vários 
tipos de modelos de atenção em saúde que foram sendo estudados e implantados 
no mundo e que infl uenciou o Brasil. 
Por fi m, compreendendo ainda que a reforma sanitária buscou pautar-se 
em um modelo de atenção universal, mas que, a lógica privatista de saúde ainda 
persiste nos atuais dias, tentando de todas as formas enfraquecer o sistema de 
saúde na concepção universal; e mesmo diante da constante ameaça ao SUS 
os profi ssionais tendo entendimento da totalidade, buscar fazer a defesa deste 
sistema para todos os brasileiros. 
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SAÚDE PREVENTIVA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Capítulo 1
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CAPÍTULO 2
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE –
APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer a atenção primária da saúde – APS – como estrutura do SUS;
• Estudar as características e diretrizes da APS;
• Aprender a respeito do modelo de atenção básica de saúde na perspectiva de 
sua política nacional de atenção básica – PNAB.
46
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
47
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo objetiva tratar sobre a atenção primária da saúde (APS); 
diretrizes e características e, em seguida, estudaremos a respeito da atenção 
básica de saúde e a sua política nacional de atenção básica: princípios e diretrizes.
Possibilitaremos a você, a possibilidade de obter uma refl exão crítica sobre 
o conceito, as qualidades, os eixos e as diretrizes da Atenção Primária da Saúde 
(APS) e sua afi nidade com o modelo brasileiro da Atenção Básica de Saúde 
(ABS), que se fundamenta a partir da Estratégia Saúde da Família. 
Nessa perspectiva, apontaremos contribuições no transcorrer dessa leitura 
para lhe possibilitar análises e, também, elaborar o seu próprio mapa conceitual 
a respeito das informações que orientam a prática na gestão do serviço social, 
estabelecendo o exercício da relação teoria e prática. 
Mediante a isso, propomos que você observe os conteúdos aqui tratados 
e alinhe com a sua realidade profi ssional e/ou o que aspira desenvolver no seu 
cotidiano profi ssional quandoestiver inserido em um determinado espaço sócio-
ocupacional. Dessa forma, integramos algumas possibilidades de abordagem do 
tema proposto neste capítulo que corrobora com os estudos a respeito da Saúde 
Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia Saúde da Família. 
Fique atento e vamos juntos em busca do conhecimento e aprimoramento 
profi ssional. Bons estudos!
2 ATENÇÃO PRIMÁRIA DA 
SAÚDE (APS): DIRETRIZES E 
CARACTERÍSTICAS
Diversas apropriações, usos e vertentes têm sido utilizados pelas tendências 
conservadoras, como também por forças progressistas. Percebe-se que, mais 
uma vez, uma questão epistemológica está lançada: não há um sentido de APS 
– Atenção primária da saúde – que não esteja impregnado de uma concepção 
saúde-doença como pressuposto. 
Quando mencionamos as forças conservadoras e progressistas, sabemos 
que os primeiros priorizam os custos do setor da saúde e vislumbram a APS 
como a possibilidade de barateá-los, ao passo que os progressistas focam as 
48
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
desigualdades sanitárias e a possibilidade de construir cidadania pelo viés da 
saúde (VERDI; DA ROS; SOUZA, 2012). 
Considerando a menção, observa-se que no Relatório Dawson, de 1920, na 
Grã-Bretanha, compõe em sua estrutura uma estruturação do conceito de APS 
(LAVRAS, 2011). O texto deve ser renovado e contextualizado dentro do seu 
tempo, mas são notórias certas semelhanças com o que, atualmente, está sendo 
discutido. Sir Dawson divide um sistema de saúde em três níveis: 
a) incialmente, vem o nível primário – com generalistas em comunidades;
b) em seguida, o nível secundário – com especialistas atuando em 
ambulatórios; e 
c) por fi m, o nível terciário – com especialistas vinculados à atenção 
hospitalar. 
A APS representaria a delimitação de um distrito, com atenção fundamentada 
em torno das necessidades locais, elaborada por um médico generalista que 
viabilizaria ações de prevenção de doenças além de, também, recuperação da 
saúde. 
A base territorial, a conexão entre os níveis de atenção e a associação das 
concepções curativista e preventivista respaldaram as discussões na formação de 
vários sistemas de saúde. 
É evidente que devemos apreender essa teoria inserida no contexto histórico 
no qual foi desenvolvida. Não é prudente esperar, para a época, algo que não 
fosse médico-centrado, e muito menos podemos exigir de Dawson um discurso 
pró-promoção da saúde.
 A despeito desses pressupostos terem, de certa forma, reverberado, 
somente em 1978, na 1ª Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de 
Saúde, sucedida em Alma-Ata (antiga URSS), a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) estruturou os princípios da APS. É legítimo dizer que Alma-Ata conseguiu 
sistematizar e sintetizar um movimento que está se desenvolvendo dinamizado no 
mundo todo, inclusive no Brasil (UNICEF, 1978). 
O relatório do referido encontro não criou uma realidade, mas mostrou as 
lutas de diversos movimentos sanitários. É importante destacar que não seria 
errado defi nir que o documento produziu um aparente acolhimento ao Movimento 
da Reforma Brasileira, desde a esfera acadêmica como também no campo da 
gestão em saúde (VERDI; DA ROS; SOUZA, 2012). 
49
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
Conforme o relatório, APS seria uma atenção fundamental à saúde 
fundamentada em tecnologia e métodos práticos, cientifi camente comprovados 
e socialmente aceitáveis, empregados universalmente disponíveis a indivíduos 
e famílias na comunidade através de meios aceitáveis para eles e a um custo 
acessível à comunidade como ao país, para que possam dispor em cada estágio 
de seu desenvolvimento, um espírito de autoconfi ança e autodeterminação 
(VERDI; DA ROS; SOUZA, 2012). 
É incumbência integral do sistema de saúde do país, do qual é função 
primordial, sendo o enfoque central do desenvolvimento social e econômico global 
da comunidade. 
É o primeiro nível de aproximação dos indivíduos, da família e da comunidade 
com o sistema nacional de saúde, deslocando a atenção à saúde o mais próximo 
possível da região onde as pessoas realizam suas atividades diárias, residem e 
trabalham, formatando a peça principal de um processo de atenção continuada à 
saúde (UNICEF, 1978).
FIGURA 1 – ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS 
FONTE: A autora
50
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A representação de APS está intimamente pertinente a princípios que 
defi nem saúde-doença como procedimento apurado socialmente. Não recusa 
os condicionantes ecológico-ambientais, no entanto, os apreendem como 
hierarquicamente submetidos à maneira como nossa sociedade se dispõe. Sequer 
recusa os desencadeadores etiológicos, entretanto, os posiciona como elementos 
dos condicionantes e esses como servis do determinante social (VERDI; DA ROS; 
SOUZA, 2012). 
É importante destacar que há outras maneiras de pensar APS. Há, por 
exemplo, a APS Seletiva, esta se confi gura basicamente por programas de 
impacto a comunidades específi cas. A título de exemplo, citamos o Programa de 
Terapia de Reidratação Oral em região com alta mortalidade por doença diarreica. 
Outro exemplo considerado APS Seletiva em um programa de saúde indígena. 
Outra forma de ver a APS é apenas como um nível de atenção, alicerçado 
em prevalência, focada no atendimento clínico, ou seja, centrada nas doenças 
mais comuns, no indivíduo e na fi gura do médico (APS Clássica). 
A construção política que se objetiva evidentemente não se unifi ca com 
qualquer dos dois modelos anteriores, todavia, sim, admitindo universalmente 
os princípios da APS expandida, isto é, encaminhada à comunidade. Essa 
posição, apesar de ser política, apresenta uma base de cunho epistemológico, 
está totalmente ligada a um espectro de mundo e, por conseguinte, com uma 
compreensão saúde-doença (VERDI; DA ROS; SOUZA, 2012). 
Nessa perspectiva, conforme o relatório mundial da saúde, publicado pela 
OMS – Organização Mundial da Saúde – no ano de 2008, perfi lha a precisão de 
se defi nirem normas de atenção à saúde com base numa APS – atenção primária 
da saúde – de maneira expressiva e com qualidade, como podemos observar a 
seguir, segundo a OMS (2008, p. 43):
[...] na interface entre uma população e o seu sistema de 
saúde, os cuidados primários podem vir a ser facilitadores de 
uma convergência, segura, efetiva e socialmente produtiva, 
da promoção da saúde, da prevenção da doença, da cura e 
dos cuidados em geral. Para tal é essencial "dar prioridade 
às pessoas" realçando, de uma forma equilibrada, a saúde 
e o bem-estar, assim como os valores e as capacidades das 
pessoas nas suas comunidades e das que trabalham no setor 
da saúde. 
51
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
Você sabia que existem distintas concepções a respeito do 
efetivo signifi cado da APS – Atenção primária da saúde? Mas para 
que possamos saber qual o real signifi cado é importante que se saiba 
essas outras concepções e aprenda qual o real e efetivo signifi cado 
atribuido a APS. 
Sendo assim, para aquecer o debate, consulte o artigo a seguir: 
Atenção primária à saúde e a organização de redes regionais 
de atenção à saúde no Brasil, da autora Carmen Lavras, médica 
sanitarista. Disponível em: https://scielosp.org/article/sausoc/2011.
v20n4/867-874/. 
Converse com sua equipe de trabalho, seus colegas de turma 
sobre a relevância a respeito da compreensão que cada uma/um de 
vocês possam ter alcançado a respeito do conceito efetivo da atenção 
primária da saúde – APS – e a relevância desse conceito para a 
saúde na perspectiva do acesso à saúde de um modo universal.
2.1 CARACTERÍSTICAS, EIXOS E 
DIRETRIZES DA APS 
Há diversas opções teóricas que podem ser acessadas como pontos de 
partida. Poderíamos dizer, por exemplo, que a APS está baseada na Vigilância daSaúde. Outro ponto de partida poderia ser o cuidado transversal. 
Outros poderiam alegar que constituiria a integralidade das ações, isto é, não 
se pode desconsiderar a legitimidade de qualquer um desses subsídios, menos 
ainda a relação particular que eles detêm. 
É importante frisar, ainda, que quando mencionamos a comunidade, estamos 
admitindo que em sua composição há famílias, e nessas famílias existem 
indivíduos. Comunidade tem vida, pulsa.
52
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Caro estudante: para contribuir ainda mais com o seu 
conhecimento, deixamos como sugestão de leitura o seguinte livro:
O referido livro promove uma refl exão a respeito da trajetória 
e os desafi os relacionados à Atenção Primária à Saúde (APS) no 
Brasil, contorna-se densa e encantadora de debates e sugestões 
de intervenção quando se agrupam aspectos múltiplos sobre os 
caminhos teóricos, das experiências em díspares territórios, das 
práticas profi ssionais. Tal cenário consente abranger o estima desta 
política social para a aquisição do direito universal à saúde e para a 
concretização do Sistema Único de Saúde – SUS. 
Referência: MENDONÇA, Maria Helena Magalhães de; MATTA, 
Gustavo Corrêa; GONDIM, Roberta; GIOVANELLA, Lígia. (orgs.) 
Atenção à saúde no Brasil conceitos, práticas e pesquisa. 1. ed. 
FIOCRUZ, 2018. 
Os coefi cientes de atenção à saúde são capitais para o uso coeso dos 
recursos e fundos para estabelecer o enfoco gerencial das instâncias de 
governança das RAS – rede de atenção à saúde. É em rede que os serviços e 
programas dos três níveis de atenção à saúde necessitam ser pronunciados para 
o atendimento da população.
53
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
FIGURA 2 – REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE – RAS E A APS
FONTE: A autora
As ações do Estado em rede assegurariam maior racionalidade e efetividade, 
otimizando os recursos presentes na comunidade, fator essencial no atendimento 
às demandas da população no interior do território ao qual pertença. 
Por meio do discurso da gestão em redes tenciona-se garantir a ação 
efetiva das políticas públicas, normalmente caracterizadas por ações setoriais, 
desarticuladas, centralizadoras e hierárquicas, transcender a fragmentação da 
atenção às precisões sociais, paralelismo de ações, centralização das defi nições, 
informações e recursos, determinando em pauta do mesmo modo a precisão 
de juntar novos atores no domínio, na tomada de decisão da política social, que 
historicamente, no Brasil, fi cava exclusivamente a cargo do Estado anterior à 
Constituição Federal de 1988.
54
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
FIGURA 3 – DE SISTEMAS FRAGMENTADOS PARA AS REDES POLIÁRQUICAS DE 
ATENÇÃO À SAÚDE
FONTE: A autora
Na designação de transpor as sobreposições e atitudes paralelas e/ou 
desarticuladas, o desígnio é agregar ações e progressivamente alavancar seus 
resultados regulares diante das demandas da população que se deparam nos 
territórios carecendo de atenção dos múltiplos serviços de saúde. 
A defi nição de redes de atenção à saúde tem estabelecido em diversas 
arenas de estudos e pesquisa, tais como: serviço social, psicologia social, 
sociologia, administração, sistema de informação, e em uma variedade de outras 
áreas científi cas.
Para saber um pouco mais da discussão teórica apresentada 
neste capítulo, deixamos como sugestão alguns sites ofi ciais que 
possuem conteúdos que podem auxiliar na concepção a respeito do 
assunto abordado. 
Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/atencao-a-saude/
comofuncionaosus/redes-de-atencao-a-saude/. 
Disponível em: https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/
arquivos/201701/11144518-redes-aps-para-novos-gestores.pdf. 
55
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
É essencial avultarmos que as diretrizes da APS ampliada estão organizadas 
para a comunidade e a ela necessita acolher. Essa denominação, comunidade, 
envolve em seus sentidos estruturas não inferiormente complexas, como 
cultura e seus aspectos, grupos sociais, etnias, religiões, saberes, identidades, 
micropoderes, modos de vida diversos, relações no trabalho, formas específi cas 
de organização, distribuição de renda, educação, características ambientais 
e, segundo Starfi eld (2002, p. 23), “características comportamentais da sua 
população e o senso de conexão e de graus de coesão social na comunidade”.
1) (2020 banca: CONTEMAX – Prefeitura de Passira - PE) Analise 
as afi rmativas abaixo acerca das funções na rede de atenção à 
saúde assinalando a afi rmativa INCORRETA:
a) ( ) Ser base.
b) ( ) Ser resolutiva.
c) ( ) Coordenar cuidado.
d) ( ) Garantir rápido atendimento.
Signifi ca que a comunidade e seu território são expressões e manifestação 
da sociedade organizada. É a epidemiologia crítico-social o instrumento que 
subsidiará a Vigilância da Saúde. 
Compete à Equipe de APS a adscrição dos usuários dos serviços de atenção 
à saúde no território, a sistematização do conhecimento referente aos problemas 
comunitários e o arsenal que a comunidade possui para seus enfrentamentos.
A aplicabilidade dos procedimentos epidemiológicos possibilita a identifi cação 
dos problemas comunitários, bem como suas relações causais e de determinação, 
auxiliando com o planejamento local de saúde.
Dentro da conjuntura da orientação comunitária, outra diretriz de trabalho que 
se apresenta é a participação social. A participação democrática dos usuários do 
sistema nos processos decisivos, que é o caso dos Conselhos Locais de Saúde 
–CLS – é premissa da APS ampliada. 
É recomendado que trabalhos sejam executados pelas equipes de saúde, 
especialmente no nível da atenção primária de saúde referente à orientação da 
56
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
população a respeito do que é e como se dá o controle social, a participação ativa 
nos conselhos de direitos, nas conferências de saúde para que as mudanças 
concretas de fato se façam necessárias no contexto do desenvolvimento das 
ações de saúde ofertados no território. 
Conclui-se que os movimentos sociais podem ser instrumento de 
empoderamento tão legítimo quanto os CLS. Arriscaríamos dizer que, quem 
sabe, o usuário empoderado nos movimentos sociais possua mais qualidades de 
empreender nos CLS. 
É importante que se mencione que a edifi cação de uma nova cidadania 
não está na simples elaboração de um CLS, mas conseguimos entender que 
o seu papel não se restringe apenas a um instrumento regulador. O CLS deve 
ser compreendido como um pujante instrumento de planejamento, ouvidoria, 
corresponsabilização e democracia participativa. 
Outra característica interessante da APS diz respeito ao primeiro contato. 
Indo em direção ao princípio da universalidade, espera-se que a APS se torne 
a porta de entrada do sistema. É a partir da adscrição que o usuário se assenta, 
seja para o acompanhamento de suas demandas de saúde como, ainda, para as 
circunstâncias de agravos. 
O conceito de porta de entrada opera como uma referência de cuidado para 
o usuário. É na comunidade, na unidade de APS, na sua equipe de saúde, que 
ele procura uma espécie de abrigo nos momentos de reais necessidades quando 
precisa. Essa referência é necessária, até porque o usuário desconhece os fl uxos 
do sistema de saúde.
O primeiro, a universalidade, parte da garantia da atenção à saúde, da parte 
do sistema para todo e qualquer cidadão e reverbera o princípio de que saúde 
é direito de cidadania e dever do Estado (BRASIL, 1990). Essa acessibilidade 
às ações e serviços de saúde explanou uma conquista fundamental de caráter 
democrático, e a saúde se tornou direito de todos e dever do Estado. 
Crê-se que o fortalecimento do sistema chega até a atenção universal de 
qualidade. A APS não deve ser pensada como uma “medicinade má qualidade e 
para pobres”, mas pelo contrário, como um “cuidado de saúde para todos”, que 
necessita alcançar a classe média também, ou seja, deve prever cobertura a 
todos indistintamente.
Passemos agora à acessibilidade. A APS deve ser acessível ao usuário 
cadastrado. Universalidade é a garantia legal, o direito à atenção à saúde, logo, 
acessibilidade é a simplifi cação dos fl uxos ao direito da universalidade. Citando 
57
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
como exemplo: Qualquer habitante da cidade tem direito a uma ressonância 
magnética? Sim, tem – universalidade. Todo cidadão brasileiro tem acesso a uma 
ressonância magnética? Não, não tem – acessibilidade. O cidadão cadastrado 
possui direito ao atendimento clínico na APS? Sim, tem. Tem acesso? Sim e não, 
estar sujeito à circunstância do momento.
FIGURA 4 – A APS COMO PORTA DE ENTRADA NO 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE BRASILEIRO
FONTE: A autora
Nessa perspectiva surge a questão do acolhimento. Poderíamos afi rmar 
que a acessibilidade é a facilitação parte colaborativa da universalidade e o 
acolhimento é um dos instrumentos da acessibilidade. Conforme Merhy (1997, p. 
67), acolhimento signifi ca “[...] humanização do atendimento, o que pressupõe a 
garantia de acesso a todas as pessoas –acessibilidade universal”. 
A discussão segue, ainda, à escuta de problemas de saúde do usuário, de 
forma profunda e com qualidade, dando-lhe especialmente uma resposta de 
caráter prático e responsabilizando com a dissolução do problema. Mediante 
a isso, o acolhimento necessita garantir a resolubilidade, que é a fi nalidade do 
trabalho em saúde, solucionar efetivamente o problema do sujeito atendido.
58
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
 Outra característica, a longitudinalidade, é que normalmente, e não 
apropriadamente, é chamada de continuidade, tratando a respeito do conjunto 
de mecanismos defi nidos no cuidado que dá um aspecto de transversalidade na 
relação entre a equipe de saúde e o usuário do sistema. 
Traduzindo, longitudinalidade envolve uma relação de corresponsabilização 
de atenção aos indivíduos e famílias em suas etapas vitais, inseridos em 
determinado tempo e espaço, quer seja na proteção e promoção da saúde, ou 
quiçá, no tratamento de suas demandas clínicas – eixo processo saúde-doença. 
Segundo Starfi eld (2002), a essência da longitudinalidade é uma relação 
pessoal ao longo do tempo, involuntariamente do tipo de problemas de saúde ou 
ainda a apresentação de um problema de saúde, entre um paciente e uma equipe 
de saúde. Essa afi nidade, por decorrência, suscita conexão, responsabilização, 
certeza e otimização da resolubilidade.
Para que um profi ssional de saúde se fi rme em uma comunidade, além de 
gostar verdadeiramente de exercer a sua função e compreender que aquela 
opção profi ssional possui relação com as perspectivas de mundo que ele possui, 
desse modo, ter uma relação trabalhista que envolva vínculos sólidos e um bom 
salário, como também de boas condições logísticas de trabalho.
Outro elemento é a integralidade, o espectro de seu sentido é bastante amplo 
e incorpora desde a noção ampla da concepção saúde-doença; que abarca toda 
a compreensão do indivíduo como ser biográfi co, compreendendo os aspectos 
familiares e sociais; potencializa a oferta conjunta de serviços de promoção e 
proteção da saúde; seguindo até a prevenção de doenças e a recuperação e 
reabilitação da saúde (STARFIELD, 2002). 
Ainda baseado em Starfi eld (2002), para todos os efeitos, poderíamos afi rmar 
que a integralidade tem um sentido que pode ser compreendido como nuclear e 
primordial: o reconhecimento da necessidade do outro. A integralidade requisita 
que a APS reconheça e admita a variedade total de necessidades relacionadas 
à saúde do paciente e providencie recursos para abordá-las (VERDI; DA ROS; 
SOUZA, 2012). 
A integralidade conduz também de outro pressuposto, que é o da 
complexidade do entendimento e a apreensão da defi nição saúde-doença. A 
complexidade deve ser colocada não como produto fi nal, mas como processo. 
Sendo assim, integralidade não signifi ca totalidade, integralidade não é produto, 
é processo. 
59
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
Não devemos ser puristas a ponto de inferir que toda malha de complexidade 
que detém o entendimento de saúde possa ser entendida em sua íntegra, mesmo 
que todas as necessidades do sujeito atendido possam ser contentadas em seu 
conjunto. Isso não procede; integralidade, não é totalidade. Sendo assim, esta 
não pode ser utilizada como pretexto, visto que semelha que a totalidade não é 
concreta, todavia a integralidade o é.
O conceito pragmático da integralidade, estamos nos referindo 
às ações integradas da saúde. Parte-se do pressuposto de que toda 
ação em saúde é derivada de uma concepção saúde-doença. Então, 
se falamos de ações integradas, estamos falando de uma concepção 
integrada de saúde-doença. 
A concepção saúde-doença biologicista, ou seja, causada por um 
desencadeador biológico (unicausal), nos leva a agir na recuperação 
e na reabilitação da saúde. Um modo de ver multicausal, com seus 
condicionantes, é o ecológico-ambiental, que nos leva a agir na 
proteção da saúde e na prevenção de doenças. Um entendimento de 
saúde-doença como processo e sua determinação social tem como 
consequência a promoção da saúde.
Seria o mesmo que intervir viabilizando as ações de promoção, proteção, 
prevenção, recuperação e reabilitação. Retornaremos ao pressuposto de que 
toda ação em saúde é consequente a uma concepção saúde-doença. 
Ademais, as ações correlacionadas dizem respeito a uma concepção 
saúde-doença da integralidade, confi rma a determinação social, o condicionante 
ecológico-ambiental e o desencadeador biológico. Isso não signifi ca negar o 
biológico, mas contextualizá-lo, localizá-lo no âmbito de outro ângulo que não 
limita, mas expande. 
Sobre a organização dos atributos da APS, a gestão do processo de trabalho 
da equipe aperfeiçoa os demais atributos e dinamiza os fl uxos, ou seja, que 
cadastra, averigua, origina, acompanha, encaminha, promove ações integradas, 
acolhe e promove resolubilidade, segundo Cutolo (2001).
Por opção teórica, não seria previsível localizar a coordenação do cuidado 
e apreendê-la inserida em uma perspectiva de gestão da Vigilância da Saúde? 
60
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Nesse sentido, a Vigilância da Saúde seria o esforço como proposta metodológica 
de gestão.
Para abarcar a atuação de saúde a respeito das dimensões às diversas 
concepções do processo saúde-doença, em especial do ponto de vista 
da determinação social. Em virtude disso busca-se agregar propostas de 
operacionalização dos sistemas de saúde, primando por se respeitar uma visão 
mais totalizadora. 
A Vigilância da Saúde, como eixo estruturante de gestão local, tem como 
ponto de partida fundante, o sentido de território, da identifi cação dos riscos e seus 
determinantes e condicionantes, e do planejamento das atuações de cuidado.
Para melhor compreensão da discussão teórica apresentada 
neste capítulo, deixamos como sugestão alguns sites de artigos 
acadêmicos e documentos ofi ciais que auxiliarão sua pesquisa, para 
maior conhecimento a respeito das perguntas que deixamos a seguir 
como forma de instigá-los a pesquisar ainda mais a respeito deste 
importante tema. 
APS para quê?
Por que APS?
Por que tudo isso? 
Quais as vantagens da APS? 
A quem se destina? 
Por que mudar o modelo de atenção? 
Disponível em: https://aps.saude.gov.br/smp/smpoquee#:~:text=A%20
Aten%C3%A7%C3%A3o%20Prim%C3%A1ria%20%C3%A0%20
S a % C 3 % B A d e , m a n u t e n % C 3 % A 7 % C 3 % A 3 o % 2 0 d a % 2 0
sa%C3%BAde%20com%20o.
Ocorre que há indicativos de que países com desenvolvimento econômico 
aproximado podem ter indicadoressanitários diferentes. Essa constatação é 
observada na premissa de ter ou não um sistema nacional de saúde baseado na 
APS (ROSEN, 1994).
Outros dados informativos são encontrados: menor gasto per capita em 
saúde, ou maior grau de satisfação do usuário e, ainda, menor quantidade de 
61
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
medicamentos consumidos. Em outra pesquisa, o mesmo autor citado acima, 
estipulou que quanto maior a quantidade de médicos de APS por população e 
menor a proporção de especialistas, favorecendo assim as chances de vida, sem 
considerar o efeito de outros determinantes de infl uência, como a renda per capita. 
Os EUA não dispõem um sistema de saúde organizado na APS e, mesmo 
sendo considerado o país que apresenta gastos no setor saúde, exibe indicadores 
de saúde mais pobres do que outros 12 países, comparativamente. Alta taxa 
de baixo peso ao nascer, elevada taxa de mortalidade infantil e ainda em anos 
potenciais de vida perdidos (STARFIELD, 2002). 
A acessibilidade aos serviços de saúde projetados e estruturados na APS 
potencializa o indicador sanitário. Tanto a privação do acesso quanto a retirada 
dos serviços ofertados são efetivadas, em um espaço de momento relativamente 
curto, por decadência da saúde (STARFIELD, 2002). 
Em suma, é surpreendente observar que, a despeito da relevância 
do determinante social e dos condicionantes ecológico-ambientais no 
desencadeamento dos procedimentos de adoecimento, a APS pode dar uma 
resposta aceitável, aprimorando esses indicadores.
Pode-se notar ainda:
• menor taxa de mortalidade pós-natal; 
• melhor sobrevivência à meningite bacteriana;
• menores taxas de hospitalização por complicações pela diabetes; 
• menores índices de gravidez na adolescência; 
• maior cobertura vacinal; 
• maior expectativa de vida; e 
• maior disponibilidade de tratamento efetivo.
2.2 O QUE É A ATENÇÃO BÁSICA DE 
SAÚDE E A SUA POLÍTICA NACIONAL 
DE ATENÇÃO BÁSICA: PRINCÍPIOS E 
DIRETRIZES
Neste subtópico, você vai ter a oportunidade de estudar a constituição 
histórica da atenção básica, e ainda a formação da PNAB – Política Nacional de 
Atenção Básica – em 2006, depois a sua reformulação em 2011, e, fi nalmente, 
registraremos as críticas à última reforma da PNAB que se deu no ano de 2017. 
62
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Em 1994, a instituição do Programa Saúde da Família (PSF) possibilitou 
ampliar a cobertura em saúde, em um movimento preliminarmente voltado 
unicamente para a parte da população brasileira em situação de maior 
vulnerabilidade. 
Surgiu um modo de compor a equipe e de ordenar o processo de trabalho, 
com suporte territorial e comprometimento sanitário, orientações alicerçadas pelas 
contínuas políticas. Com a introdução da Norma Operacional Básica do SUS de 
1996 (NOB/96), o PSF assumiu a condição de estratégia de reorientação da APS, 
substituindo assim as modalidades tradicionais (MOROSINI et al., 2018).
De acordo com os teóricos Morosini et al. (2018), com a NOB/96 defi niu-se 
os componentes fi xo e variável do Piso da Atenção Básica (PAB) e estabeleceu 
incentivos fi nanceiros aos municípios que implantassem o Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS) e o PSF, tornando automática e regular a 
transferência de recursos federais para o fi nanciamento desses programas. 
Essa priorização passou por impactos concretos e, em 1998, foi defi nido 
o primeiro Pacto de Indicadores da Atenção Básica, processo que se renovou 
sistematicamente por meio da negociação intergestores de metas para a avaliação 
e o monitoramento da AB no SUS. 
Desenvolveu-se, também, em outros dispositivos de fortalecimento da AB, 
como por exemplo, a constituição do Sistema de Informação da Atenção Básica 
(SIAB), portanto, em 1998, substituindo o Sistema de Informação do Programa de 
Agente Comunitário de Saúde (SIPACS) (MOROSINI et al., 2018).
Você sabe que a agenda política de fortalecimento da APS por 
meio da ESF consolidou-se gradativamente e, em 2006, tornou-se 
uma das dimensões prioritárias do Pacto pela Vida? 
Naquele mesmo ano, foi publicada a PNAB, revisada em 2012, 
buscando preservar a centralidade da ESF para consolidar uma 
APS forte, ou seja, capaz de estender a cobertura, prover cuidados 
integrais e desenvolver a promoção da saúde, confi gurando-se como 
porta de entrada principal do usuário no SUS e eixo de coordenação 
do cuidado e de ordenação da Rede de Atenção à Saúde –RAS. 
63
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
Essa dinâmica contou com um amplo escopo de ações, movimentando 
instituições e sujeitos sociais para fazer frente aos desafi os colocados para 
a formação de trabalhadores, a organização do processo de trabalho, o 
relacionamento com a comunidade, o entendimento e apropriação do território e 
as relações entre os entes federados. 
De acordo com Magalhães e Pinto (2014), existe, pelo menos, dois 
indicadores importantes da centralidade dada à PNAB no setor federal das 
políticas de saúde. São eles: 
• O aumento superior a 100% dos recursos repassados aos municípios 
para o fi nanciamento da AB, entre 2010 e 2014.
• A aplicação de recursos para a qualifi cação e a ampliação da estrutura 
das unidades, através de um projeto específi co, o Requalifi ca SUS, 
lançado em 2011. 
Especialmente em 2011, foi instituído o Programa Nacional de Melhoria do 
Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQAB), que introduziu elementos 
da AMQ e ampliou as vertentes de avaliação, tendo como objetivo a certifi cação 
das EqSF.
Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, 
vamos deixar a indicação do livro da Política Nacional de Atenção 
Básica – PNAB – publicado pelo ministério da saúde – MS, que se 
articula completamente com o assunto tratado neste subtópico e que 
está disponível para baixar:
Referência: MINISTÉRIO DA SAÚDE. PNAB – Política 
Nacional de Atenção Básica. 2012. Brasília – DF. Disponível em: 
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf. Acesso 
em: 22 jun. 2021. 
64
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Esse Programa possibilitou vincular modos de transferência de recursos 
do PAB variável aos resultados originários da avaliação, constituindo-se em 
um meio de indução de novas práticas. Em relação à cobertura, informações 
disponibilizadas pelo Ministério da Saúde (MS) apontam que a ESF atingia 58% 
da população, em outubro de 2017, e menciona-se que essa cobertura chegou a 
atingir 100% em alguns municípios. Tudo isso por intermédio de novos serviços, 
modalidades e arranjos, estruturações de equipes multiprofi ssionais, com 
notoriedade para as equipes ampliadas pela saúde bucal e pelos Núcleos de 
Apoio à Saúde da Família – NASF. 
Mesmo compreendendo a persistência de problemas na acessibilidade, na 
qualidade e na continuidade da atenção, vários estudos mencionam avanços 
resultantes das políticas de APS na diminuição de internações evitáveis e dos 
custos hospitalares, e para o avanço no desenvolvimento das condições de vida e 
saúde da população brasileira.
1) (2020 - BANCA Crescer consultoria- Prefeitura de Brejo de Areia 
MA) A Portaria nº 2436/2017 aprova a Política Nacional de 
Atenção Básica (PNAB), estabelecendo a revisão de diretrizes 
para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema 
Único de Saúde (SUS). Sobre a Saúde da Família e a Atenção 
Básica, é incorreto afi rmar que:
a) ( ) Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações 
e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, serão 
denominados Unidade Básica de Saúde (UBS).
b) ( ) A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada 
obrigatória do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão 
do cuidado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de 
atenção, servindo como base para o seu ordenamento e para a 
efetivação da integralidade.c) ( ) A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritária 
para expansão e consolidação da Atenção Básica.
d) ( ) A Equipe de Saúde da Família deve ser composta no mínimo 
por médico, preferencialmente da especialidade medicina de 
família e comunidade, enfermeiro, preferencialmente especialista 
em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e 
agente comunitário de saúde (ACS).
65
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
2) (2020 MS CONCURSO Prefeitura de Chupinguaia – GO) Qual 
alternativa completa, na sequência correta, as lacunas do 
seguinte texto? 
 Objetivo ________________ é orientar sobre a prevenção de 
doenças, solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar 
os mais graves para níveis de atendimento superiores em 
complexidade. ________________ funciona, como um fi ltro 
capaz de organizar o fl uxo dos serviços _______________, dos 
mais simples aos mais complexos.
a) ( ) do Sistema Único de Saúde / A Unidade Básica de Saúde / 
nas redes de saúde
b) ( ) da atenção básica / A rede de saúde / no Sistema Único de 
Saúde
c) ( ) da atenção básica / A atenção básica / nas redes de saúde
d) ( ) da rede de saúde / A Estratégia Saúde da Família / na 
Unidade Básica de Saúde
A atuação na Atenção Primária aponta desafi os e, para resolvê-los, é 
fundamental que você observe que seus princípios e diretrizes estão sendo 
formatados e discutidos desde a Declaração de Alma-Ata em 1978 (BRANCO, 
s.d). 
FIQUE ATENTO:
A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de 
Saúde, reunida em Alma-Ata aos doze dias do mês de setembro 
de mil novecentos e setenta e oito, expressando a necessidade de 
ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos 
campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial 
para promover a saúde de todos os povos do mundo, formulou a 
referida declaração. 
Deste modo, a Declaração de Alma-Ata em 1978 é o resultado 
da Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde 
que conclamou os países a implantarem a Atenção Primária, 
particularmente, os países em desenvolvimento (WHO, 1978).
Para que você possa conhecê-la, disponibilizamos o link 
a seguir para que possa acessar, baixar e ler na íntegra esse 
66
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
importante documento a respeito do cuidado primário em saúde: 
http://bioeticaediplomacia.org/wp-content/uploads/2013/10/alma-ata.
pdf.
Um marco legal que constituiu a missão da Atenção Primária no Brasil foi a 
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) de 2006, reestruturada em 2011 e 
que no presente passa por nova e criticada reformulação. 
Objetivamos mostrar os princípios e diretrizes do Serviço Único de Saúde 
(SUS) e das Redes de Atenção à Saúde (RAS) a serem operacionalizados na 
Atenção Primária e utilizados na Portaria da PNAB de 2017. 
Paralelamente, a fi m de oportunizar uma melhor compreensão sobre esses 
princípios, o texto também se remete à fundamentação teórica a respeito do tema. 
No país, a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) defi ne a Atenção 
Primária como termo análogo à Atenção Básica e a determina como: 
A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde individuais, 
familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, 
proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de 
danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida 
por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualifi cada, 
realizada com equipe multiprofi ssional e dirigida à população 
em território defi nido, sobre as quais as equipes assumem 
responsabilidade sanitária (BRASIL, 2017, p. 2).
Em 2006, o Ministério da Saúde Brasileiro aprova a PNAB (BRASIL, 2006), 
ela é revisada em 2011 através da Portaria 2488 de 21/10/2011, cuja fi nalidade 
é de fortalecer a Atenção Primária à Saúde (APS), compreendida como porta de 
entrada ao Sistema Único de Saúde e coordenadora do cuidado nas Redes de 
Atenção. 
Estabeleceu, também, uma reorientação na formatação de atenção, 
empregando a Estratégia de Saúde da Família (ESF) como estratégia principal de 
ampliação, consolidação e qualifi cação da APS (BRASIL, 2012). 
A reformulação da PNAB em 2017, através da Portaria 2423 de 21/09/2017, 
estabelece as Redes de Atenção à Saúde (RAS) como tática para a estruturação 
do SUS e evidencia a Atenção Básica como porta de entrada preferencial ao 
sistema. 
67
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
A referida reformulação reconhece, além da ESF, demais estratégias de 
organização da Atenção Primária, com indefi nidos parâmetros populacionais de 
adscrição e carga horária profi ssional (BRASIL, 2017). 
No entanto, diversos setores organizados e envolvidos com a Atenção 
Primária e o SUS mostraram retrocessos nessa nova PNAB (MOROSINI et al., 
2018). São princípios e diretrizes do SUS e da RAS a serem operacionalizados na 
Atenção Básica e utilizados na Portaria da PNAB de 2017 (BRASIL, 2017): 
1. Princípios: a universalidade, a equidade e a integralidade.
2. Diretrizes: regionalização e hierarquização, territorialização, população 
adscrita, cuidado focado na pessoa, resolutividade, longitudinalidade do 
cuidado, coordenação do cuidado, ordenação da rede e participação da 
comunidade. 
A universalidade, estabelecida como o acesso universal e continuado aos 
serviços de saúde, é executada na Atenção Primária pelo acolhimento de todos/
as que procuram seus serviços, disponibilizando fácil acesso e sem distinções, da 
mesma forma, procura responder às necessidades da população. 
Para entender o princípio da equidade, observe que as iniquidades no campo 
da saúde possuem origem social. 
Conforme Whitehead (1985, p. 2), as perversidades são “desigualdades de 
saúde entre grupos populacionais que, além de sistemáticas e relevantes, são 
também evitáveis, injustas e desnecessárias”. 
Na PNAB (BRASIL, 2017), equidade é reconhecida como a oferta de 
cuidado, levando em consideração as diferenças nas condições de vida e saúde 
em engajamento com as necessidades dos indivíduos e famílias, tendo como 
princípio norteador que o direito à saúde passa pelas diferenciações sociais e 
necessita acolher à diversidade. 
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2008), equidade é uma 
etapa primordial para a cobertura universal. A integralidade é efetuada na ocasião 
em que as redes de atenção acolhem às necessidades de saúde da população 
adscrita, conservando sua autonomia. 
Na PNAB (BRASIL, 2017), a integralidade necessita atender aos campos 
da promoção, prevenção, tratamento, reabilitação, redução de danos e cuidados 
paliativos. As diretrizes são normas que precisam ser adotadas pelos âmbitos 
federados para a Atenção Primária. 
68
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
No meio destas, a regionalização é o modelo de organização das Redes de 
Atenção à Saúde (RAS), tendo assim a Atenção Primária como porta de entrada 
ao sistema. 
O planejamento, a gestão e o atendimento das necessidades de saúde 
da população na Atenção Primária necessitam de delimitação de território, 
estabelecido na PNAB (BRASIL, 2017, p. 6) como “unidade geográfi ca única, 
de construção descentralizada do SUS no cumprimento dos atos destinados à 
vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde”. 
A fi xação da unidade geográfi ca estipulara uma referência com a população e 
o determinado território e o engajamento da equipe de saúde pelo cuidado dessa 
população adscrita, promovendo o estabelecimento de vínculo com a equipe e 
longitudinalidade do cuidado. 
Outro fator signifi cativo da PNAB foi a implementação de um método de 
abordagem na Atenção Primária, para ser empregado pelos profi ssionais de 
saúde, que se refere ao respeito ao cuidado centralizado no indivíduo. 
O método citado possui como pressuposto o compartilhamento de poderna 
relação médico-paciente e defi nido a partir de quatro elementos:
QUADRO 1 – MÉTODO DE ABORDAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Explorar a saúde, a doença e a experiência da doença.
Entender a pessoa como um todo.
Elaborar um plano conjunto de manejo dos problemas.
Intensifi car a relação entre a pessoa e o médico. 
FONTE: A autora
A atenção primária, a forma similar com que os serviços de saúde se dispõem 
em alcançar a resolutividade, esta possui por base, o acordo com a PNAB, é a 
clínica ampliada, proposta que busca incorporar os diversos saberes em uma 
abordagem transdisciplinar, cujos eixos são (BRASIL, 2009): 
• O entendimento mais abrangente do processo saúde-doença, incluindo 
os determinantes sociais.
• Construção compartilhada dos diagnósticos e terapêuticas, tendo por 
base um projeto terapêutico singular, para indivíduos ou coletivos, 
utilizando o apoio matricial e a rede de atenção.
• Ampliação do “objeto de trabalho”, impossibilitando a quebra e a 
fragmentação na abordagem de pessoas e coletivos.
69
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
• Transformação dos “meios” ou instrumentos de trabalho, por ação da 
escuta e da empatia.
• Suporte e apoio para os profi ssionais de saúde, pois problemas 
decorrentes do processo de trabalho da equipe podem desencadear 
adoecimento em seus membros. 
Starfi eld (2002), ao infl uenciar os princípios e diretrizes da PNAB, estipulou 
as singularidades primordiais da Atenção Primária como: atenção ao primeiro 
contato; integralidade; longitudinalidade; e coordenação do cuidado. 
A longitudinalidade do cuidado, na PNAB, à similitude do que pensava 
Starfi eld (2002), é a atenção direcionada e focada na pessoa, ao longo do tempo, 
e diz respeito ao vínculo com os profi ssionais da atenção primária. 
De acordo com Starfi eld (2002), a coordenação do cuidado é efetiva para 
abeirar-se em outros três atributos, e requisita um fl uxo de dados adequado dos 
consequentes atores; o médico da Atenção Primária e os especialistas enfocais 
nas RAS, fazendo uso da atenção compartilhada, prontuários eletrônicos 
devidamente preenchidos e protocolos de encaminhamentos. 
A coordenação requer continuidade da atenção, através de meios 
que apontem a sucessão sequenciada de eventos entre as consultas e o 
reconhecimento e valorização das informações presentes a respeito dos 
problemas do paciente (STARFIELD, 2002). 
Sobre a coordenação do cuidado, a PNAB defi ne que a Atenção Primária 
seja a articuladora das redes de saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e 
sociais, estabelecendo a centralidade do cuidado por meio da Atenção Primária 
(BRASIL, 2017).
A obrigação de ordenar a RAS, em consonância com a PNAB (BRASIL, 
2017), supõe-se o reconhecimento e a organização das necessidades de saúde 
da população, diante do compromisso da equipe, no planejamento de ações e na 
programação dos serviços, na universalidade da Rede. 
A OMS informa que os serviços de saúde necessitam se voltar para as 
necessidades e expectativas dos indivíduos e famílias e para políticas públicas 
que assegurem a saúde das comunidades, no sentido da equidade, reduzindo a 
exclusão social, e ainda, deter interesses corporativos ou comerciais prejudiciais 
às reais necessidades da população (WHO, 2008).
 Na intenção de atender aos interesses da coletividade, no tocante às decisões 
políticas de saúde, que diz respeito ao controle social, no âmbito da saúde, surgiu 
70
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
após a redemocratização do país nos anos 1980, se fi rmou fortemente na VIII 
Conferência Nacional de Saúde e foi normatizado como Direito Constitucional 
pela participação efetiva no SUS dos setores organizados da sociedade (BRAVO; 
CORREIA, 2012).
A participação social no SUS foi decretada mediante as Conferências de 
Saúde efetuadas regularmente no âmbito das três esferas de Governo e também 
por intermédio dos Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados, deliberativos 
permanentes nos níveis Municipal, Estadual e Federal (BRASIL, 2013). 
Na compreensão do controle social, a PNAB (BRASIL, 2017) determina 
que as equipes, no que diz respeito à participação da comunidade, dessa forma, 
devem incentivar a participação dos indivíduos referente à orientação comunitária 
das ações de saúde na Atenção Básica e a competência cultural no cuidado, de 
modo a ampliar sua autonomia e capacidade na elaboração do cuidado a sua 
saúde e das pessoas e coletividades do território.
Deve-se levar em consideração ainda o enfrentamento dos determinantes 
e condicionantes de saúde, por meio de articulação e integração das ações 
intersetoriais na estruturação e orientação dos serviços de saúde, com bases e 
lógicas mais focadas nos indivíduos e famílias no exercício do controle social. 
Mesmo que tenham ocorrido difi culdades na implantação dos Princípios e 
Diretrizes defi nidos pela PNAB, é essencial que você observe a necessidade de 
mantê-los como guias das práticas.
Você, como profi ssional que trabalha no sistema, possui um papel importante 
nesse processo, na fi nalidade com que os avanços conquistados na Atenção 
Primária, desde a implantação do SUS, não sejam simplesmente mantidos, mas 
ampliados independentemente das perspectivas de retrocessos.
2.2.1 Notas soBre a conJuntura 
e o teXto da Política Nacional de 
Atenção Básica 2017
Verifi cou-se, pouco tempo atrás, a reorganização das forças políticas 
conservadoras no Brasil, resultado do impedimento de Dilma Rousseff e no 
comando do seu vice, Michel Temer, à Presidência. Paralelamente, nota-se o 
rápido fortalecimento de uma pauta antidemocrática e autoritária, orientada para 
o aprofundamento da mercantilização dos direitos sociais brasileiros (MOROSINI 
et al., 2018). 
71
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
Ainda segundo Morosini et al. (2018), seguiu-se a aprovação de medidas ditas 
racionalizantes, sob a justifi cativa da necessidade de enfrentar o desequilíbrio 
fi scal, designando o descontrole das contas públicas provenientes de ‘políticas 
paternalistas’, que teriam agravado a crise econômica. 
A recomendação efetuada é alterar a destinação dos recursos do fundo 
público, reduzindo as políticas sociais, favorecendo a redução da perspectiva 
pública do Estado e fortalecendo a participação do setor privado. 
Os mesmos autores mencionam que essa prerrogativa ofensiva não difere 
contra a classe trabalhadora, desmontando conquistas básicas e fundamentais, 
como os direitos trabalhistas e previdenciários (MOROSINI et al., 2018). 
Relaciona-se de um agrupamento de reformas supressoras de direitos sociais, 
em uma represália desproporcional ainda calculadas, do capital contra o trabalho. 
No meio dessas alterações legislativas que favorecem tal processo, se 
destaca a promulgação da Emenda Constitucional nº 95/2016, afamada como 
a emenda do ‘Teto dos Gastos’, que fi xa por 20 anos seguidos a aplicação de 
recursos públicos e causa efeitos nas diversas políticas, especialmente no 
fi nanciamento do SUS. 
Essas determinações rebatem sobre uma relação vulnerável entre o SUS e a 
sociedade brasileira, que vão em paralelo ao revigoramento ideológico da esfera 
privada como escolha de qualidade para o atendimento das necessidades de 
saúde (MOROSINI et al., 2018).
Conforma-se, assim, o campo favorável para continuar em direção à 
desconstrução do SUS, do qual o fi nanciamento jamais teve um grau de sufi ciência 
e solidez, pois as empresas privadas de planos de saúde sempre fi guraram 
como objeto de fortalecimento, através de destinação de incentivos fi nanceiros 
contínuos (MOROSINI et al., 2018).
Nesse cenário, as tendências que direcionaram a revisão da PNAB 2011 já 
estavam sendo avisadas, desde outubro de 2016, na ocasião que foi realizado 
o VII Fórum Nacional de Gestão da Atenção Básica, cujos indicativos para tal 
revisão foram divulgadosem um documento-síntese.
Nisso, já se pronunciava uma perspectiva regressiva, particularmente 
preocupante, levando-se em consideração a correlação de forças desvantajosas 
aos que defendem e admitem a saúde como um direito universal (MOROSINI et 
al., 2018).
72
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
A partir de então, as informações a respeito da revisão da PNAB foram 
aumentando, no entanto, sua produção foi pouco anunciada ofi cialmente e sua 
discussão conservou-se em espaços restritos, como a Comissão Intergestores 
Tripartite (CIT) e as reuniões entre os técnicos do MS. 
Em 27 de julho de 2017, a redação preliminar foi revelada na CIT e seguiu 
para consulta pública no período de dez dias. Apesar de ser um prazo curto, a 
consulta atingiu a mais de 6 mil contribuições, sem a obtenção, entretanto, 
mudanças expressivas no texto original ou sequer tenham sido divulgados os 
seus resultados (MOROSINI et al., 2018).
A nova PNAB foi aprovada em 30 de agosto de 2017, mais ou menos um 
mês após tornar-se ofi cialmente pública. Uma característica que chama atenção 
no texto da nova PNAB é a explicitação de expectativas para a estrutura e 
implementação da AB, traduzindo-se em uma presumida fl exibilidade, apoiada no 
argumento da necessidade de cumprir especifi cidades locorregionais (MOROSINI 
et al., 2018).
Supostamente, expande-se o poder de escolha dos gestores do SUS, o 
que poderia ser compreendido como positivo por responder às demandas de um 
processo de descentralização mais efetivo. No entanto, esse processo somente 
se completaria com o deslocamento de recursos indispensáveis à autonomia de 
gestão pelos municípios, e com os mecanismos de controle social e participação 
popular (MOROSINI et al., 2018).
A mencionada análise não atesta o raciocínio otimista, principalmente 
porque é produto de uma leitura divulgada pela atual conjuntura, que aparenta 
limites precisos, a partir deles, essa política e suas possibilidades se realizarão 
(MOROSINI et al., 2018). 
Os mesmos autores afi rmam que o discurso da PNAB se constrói de 
forma ambivalente, acolhendo as expressões como sugerir e recomendar, que 
esvaziam o signifi cado indutor e intencional da política e transmitem e externam 
a desconstrução no sentido de um compromisso com a ampliação da saúde da 
família e do sistema público (MOROSINI et al., 2018). 
Morosini et al. (2018) nos convidam a entender, ainda, que essa organização 
textual possui a fi nalidade de blindá-lo à crítica, baseado no que estão escritas 
suas proposições de mais fácil absorção, já que, com base no que está escrito, 
muitas opções seriam possíveis. Essa ambiguidade é um meio que torna possível 
a omissão de escolhas prévias (ideológicas), que aparentam defi nir o processo de 
revisão da PNAB no momento político atual.
73
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
Essas tendências destinam-se a uma concepção de Estado ordenada com 
a racionalidade neoliberal, que mostra o sentido contrário a uma maior presença 
do Estado, solicitada para o prosseguimento do SUS como projeto e da AB como 
estratégia primordial na garantia da saúde como direito universal (MOROSINI et 
al., 2018).
A Atenção Básica (AB), no entendimento dos autores mencionados, mostra-
se com a face mais destacada de um sistema de saúde norteado por princípios 
de universalidade, integralidade e equidade. Em comparação com fundamentos 
vinculados aos programas focalizantes e compensatórios, elaborados a partir da 
racionalidade neoliberal hegemônica, a ESF tem se apresentado como forma de 
expansão do acesso e de realização do direito à saúde.
Existem alguns sites acadêmicos que reúnem publicações de artigos 
acadêmicos de várias revistas eletrônicas acadêmicas, dentre 
eles deixamos como indicação o site da Scielo. Sendo assim, 
segue o site para que você possa acessar e navegar:
• https://scielo.org/
• https://scholar.google.com.br/?hl=pt 
Alçada à condição de estratégia de reorientação do modelo de atenção à 
saúde, existe um vasto caminho a trilhar e empecilhos a atravessar, antes que se 
tenha concretizado o objetivo de implementar uma clínica ampliada, que vincule 
os mais variados saberes, trabalhadores e setores da política pública, no objetivo 
de compreender e enfrentar os determinantes sociais do processo saúde-doença.
Você sabia que existem críticas na contemporaneidade em 
relação à última alteração na PNAB promovida pelo Governo Federal 
em 2017? Sendo assim, para aquecer o debate, consulte o artigo a 
seguir: Política Nacional de Atenção Básica no Brasil: uma análise 
do processo de revisão (2015-2017), dos autores: ALMEIDA, Erika 
Rodrigues et al. (2018). Disponível em: https://www.scielosp.org/
article/rpsp/2018.v42/e180/. 
74
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Converse com sua equipe de trabalho, seus colegas de turma 
sobre a relevância da compreensão a respeito da crítica que cada 
uma/um de vocês possam ter alcançado a respeito do quanto essas 
alterações possam impactar na vida da população. 
Percebe-se que há muito a ser reorganizado e transformado em face dos 
resultados que as pesquisas e avaliações têm mostrado a respeito das avaliações 
sobre a AB (MOROSINI et al., 2018). 
A qualifi cação de trabalhadores de todos os níveis de formação integram o 
quadro das ESF, focados no trabalho do território; a agregação entre prevenção, 
atenção e promoção da saúde; a estruturação de processos de trabalho mais 
democráticos e participativos, nos quais os trabalhadores tenham papéis 
relevantes no planejamento das ações que estabeleçam; as metas e prioridades 
das equipes, a gestão pública do trabalho e dos serviços de AB, e a regularização 
dos vínculos contratuais que devem ser priorizados. São prioridades que 
requerem debates e discussões, e nesses espaços, os trabalhadores devem ter 
ampla participação (MOROSINI et al., 2018).
As alterações inseridas na PNAB 2017 indicam uma direção diferente. Em um 
breve inventário, Morosini et al. (2018) chamam nossa atenção, pois fi cam claros 
alguns mecanismos da nova política que favorece a relativização da cobertura 
universal, a ordenação de padrões variados de serviços, a reconstituição das 
equipes e a reorganização do processo de trabalho na AB, sem mencionar as 
mudanças relevantes, que também devem ser consideradas. 
Ainda de acordo com Morosini et al. (2018), a revisão formulada atinge 
preferivelmente as conquistas alcançadas na ESF e os seguimentos em curso, 
que apoiam a base para os caminhos na efetivação de uma APS forte, parte 
fundamental de redes de atenção em um sistema universal de atenção integral à 
saúde. 
Em prol de uma presumida autonomia maior dos municípios, o MS 
desconsidera a sua responsabilidade de coordenação e indução de bases 
nacionais para a PNAB, algo deveras arriscado em um país que apresenta 
realidades locorregionais diversas e com um processo de descentralização que 
carece de aprimoramentos (MOROSINI et al., 2018).
Essa conjuntura suscita preocupação, e aqui se destacam as consequências 
do possível desacordo dos gestores com a oferta universal dos serviços de AB; 
75
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
a desintegração na acessibilidade ao cuidado; a desvinculação das equipes dos 
territórios; e a desqualifi cação do trabalho de ACS e ACE, atenuando a natureza 
utilitarista de suas atividades e a contribuição à privatização (MOROSINI et al., 
2018).
Essas questões alinhadas aumentam o risco de desassistência de grande 
parte da população, bem como de perda na qualidade dos serviços da AB. 
Esses eventos tornam-se especifi camente graves em uma ocasião de ruptura 
das relações e instituições democráticas, e de naturalização no tocante a um 
processo crescente e persistente na subtração de direitos e aprofundamento da 
desigualdade (MOROSINI et al.,2018).
Estabelece-se um processo anticivilizatório do capital, que aspira cada vez 
mais se mercantilizar, avolumam-se progressivamente espaços de produção e 
reprodução da vida humana. Desassistir segmentos da classe trabalhadora com 
um certo poder de comprar serviços de saúde – é o que se prenuncia no horizonte 
formatado pela PNAB 2017 – reforçando, o Estado brasileiro atua, novamente, 
cooperando com a ampliação da participação do setor privado na saúde, em 
detrimento de um sistema que nunca pôde ser inteiramente público (MOROSINI 
et al., 2018).
Entretanto, em contraposição, como projeto de luta e transformação, 
fundamenta-se os princípios do SUS, democraticamente elaborados e defi nidos 
por lei, deveriam ser apropriados como valores éticos, que originam e direcionam 
a reconfi guração das políticas de saúde. 
Nesse sentido, não devem e também não podem ser infringidos ou muito 
menos fl exibilizados, em consequência da supracitada crise econômica atual, 
muito menos em atenção às necessidades do mercado (MOROSINI et al., 2018).
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, buscamos explicitar acerca de conhecimentos que são de 
fundamental importância para sua especialização na área da saúde preventiva. 
Apresentamos a você, as concepções de Atenção Primária da Saúde, o 
conceito e sua relevância para a política pública de saúde no Brasil, que se admite 
a denominação de Atenção Básica de Saúde. 
Você também estudou características, eixos e diretrizes da Atenção Primária 
da Saúde. Nosso propósito foi oportunizar uma refl exão sobre o conceito, as 
76
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
características, os eixos e as diretrizes da Atenção Primária da Saúde e sua 
conexão com o modelo brasileiro da ABS, que se organiza a partir da Estratégia 
Saúde da Família.
Asseguramos, assim, o destaque desse estudo que teve como objetivo 
apreender a respeito da relevância da atenção primária da saúde para a 
sistematização do SUS. Entender sobre a dimensão da atenção básica nas ações 
de promoção e prevenção em saúde e poder conhecer a política nacional de 
atenção básica PNAB e sua estrutura de organização e princípios, e ainda, acerca 
da alteração mais atual que esta perpassou no ano de 2017 e demais implicações 
no atendimento à população que ela abarca em seu bojo. 
E, por fi m, mediante a esses processos de mudanças que são sinais de 
desarticulação dos princípios basilares do SUS é imprescindível o envolvimento, 
comprometimento e empenho de todos/as profi ssionais na contraposição dessa 
ordem na saúde pública e fortalecer o SUS para a sociedade brasileira. 
REFERÊNCIAS
BRANCO, S. C. Política Nacional de Atenção Básica (PNAB): princípios e 
diretrizes. In: Curso de especialização em saúde da família – Produção do 
cuidado e da atenção integral. UNA SUS, s.d. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. 
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de 
diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único 
de Saúde (SUS). Diário Ofi cial da União - DOU, v. 183, n. Seção 1, p. 67-
76, 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/
prt2436_22_09_2017.html. Acesso em: 7 jun. 2021. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselhos de saúde: a responsabilidade do 
controle democrático do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/conselhos_saude_responsabilidade_
controle_2edicao.pdf. Acesso em: 17 jun. 2021. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2012. v. I. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/
publicacoes/geral/pnab.pdf. Acesso em: 7 jun. 2021.
BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 
Diretrizes do NASF: Núcleo de Atenção à Saúde da Família. Brasília: Ministério 
da Saúde, 2010. 152 p. (Caderno de Atenção Básica n. 27).
77
A ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE – APS – E A ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE Capítulo 2 
BRASIL. Ministério da Saúde. PNH: Clínica ampliada e compartilhada. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/clinica_ampliada_compartilhada.pdf. Acesso em: 26 jun. 2021. 
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BRAVO, M. I. S. A política de saúde na década de 90: projetos em disputa. 
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80
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
CAPÍTULO 3
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – 
ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE 
DA FAMÍLIA – NASF
 A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• conhecer a construção e os conceitos da estratégia de saúde da família como 
modelo de atenção básica;
• identifi car como deve ser o desenvolvimento da prática das equipes de 
Estratégia de Saúde da Família; 
• reconhecer a relevância do trabalho articulado entre Estratégia Saúde da 
Família e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família.
82
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
83
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo intitulado Estratégia de Saúde da Família – ESF e os Núcleos 
de Apoio à Saúde da Família – NASF – abordamos como se constituiu o Estratégia 
de Saúde da Família, bem como seus conceitos fundamentais e a relevância 
desse trabalho no âmbito da atenção básica de saúde, além disso, procuramos 
explicitar as atribuições de forma geral das equipes de saúde da família.
Discorreremos a relação entre as UBSs, ESFs e os NASFs, e como se 
desenvolve essa atuação no cotidiano de atendimento, bem como saber a 
respeito das atribuições que compete a cada profi ssão dentro da equipe de saúde 
da família. E, em seguida, vamos estudar as Unidades Básicas de Saúde – UBS, 
Estratégia Saúde da Família – ESF e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família 
– NASF: legislação, e conhecer quais são as profi ssões que compõem a equipe 
NASF. 
Junto a isso, buscamos contribuir para que, no decorrer dos estudos, você 
possa analisar e, ainda, criar o seu próprio mapa conceitual sobre as informações 
que norteiam a prática profi ssional, fazendo o exercício da relação teoria e prática. 
Portanto, sugerimos que você verifi que os assuntos aqui abordados e alinhe 
com a sua realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática 
quando estiver inserido em algum espaço sócio-ocupacional. Assim, compomos 
um conjunto de possibilidades de abordagem do tema proposto neste capítulo 
que corrobora com os estudos a respeito da Saúde Preventiva e Promoção da 
Saúde com Ênfase na Estratégia Saúde da Família. 
Fique atento/a e vamos juntos em busca do conhecimento e aprimoramento 
profi ssional. Bons estudos!
2 A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA 
COMO ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE 
AMPLIADA, EQUIPES E SUAS 
ATRIBUIÇÕES
Conforme estudos de Lacerda et al. (2010), o ministério da saúde apreende o 
Estratégia Saúde da Família (ESF) enquanto um conjunto de atos de caraterística 
particular e/ou coletivo, localizadas no coefi ciente de atenção básica do sistema 
de saúde. Desse modo, esses atos são voltados: 
84
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
• à conscientização da população sobre as principais enfermidades;
• à organização do acesso ao sistema;
• à ampliação da cobertura e melhoria da qualidade do atendimento;
• à integralidade do atendimento;
• ao incentivo à participação da população no controle do sistema de 
saúde.
A saúde da família encontra-se no elementar coefi ciente de atenção no 
Sistema Único de Saúde (SUS) e é estimada enquanto uma tática primordial para 
o preparo e o fortalecimento da atenção básica. A partir do acompanhamento de 
um número acentuado de famílias, situadas em um espaço geográfi co demarcado, 
em que devem ser desenvolvidas atividades de promoção e prevenção da saúde, 
recuperação, reabilitação de enfermidades e agravos mais reiterados (FIOCRUZ, 
s.d.). 
Ainda conforme a Fiocruz (s.d.), para concretizar esses atos é imprescindível 
o trabalho de equipes multiprofi ssionais nas unidades básicas de saúde (UBS), 
constituídas por exemplo, por: médico, enfermeiro, auxiliares de enfermagem, 
agentes comunitários de saúde, cirurgião-dentista, auxiliar de consultório dentário 
ou técnico de higiene dental.
As equipes de saúde da família (ESF) devem constituir conexão com a 
população associada ao território, permitindo o acordo e a corresponsabilidade 
dos profi ssionais com a referida população do território, com o desafi o de expandir 
as terminações de desempenho e resolubilidade da atenção. 
O Ministério da Saúde (MS) para o implemento das respectivas imputações 
e direções estabelece a Portaria Ministerial 648/2006 e, desse modo, o referido 
Ministério da Saúde recomenda a composição multiprofi ssional da equipe, o que 
estabelece uma das diretrizes mais relevantes da Estratégia Saúde da Família. 
O trabalho profi ssional em equipe, nesse ponto de vista, necessita extrapolar a 
prática profi ssional baseada no tradicionalismo de meramente partilhar o ambiente 
físico (LACERDA, et al., 2010). 
85
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
FIGURA 1 – ATRIBUIÇÕES DAS EQUIPES DE SAÚDE E OS IMPACTOS 
DELAS QUANDO BEM ELABORADAS E IMPLANTADAS 
FONTE: A autora
As estratégias de trabalho da ESF consistem em apreciar o fato das famílias 
pelas quais é responsável, através de cadastramento e análise de seus predicados 
sociais, demográfi cas e epidemiológicas; além disso, observar e reconhecer as 
basilares difi culdades de saúde e ocasiões de precipitação às quais a população 
que ela acompanha está exposta; e apresentar assistência integral, estabelecendo 
o fl uxo de encaminhamento para os demais coefi cientes de acolhimento, quando 
se bancar indispensável (FIOCRUZ, s.d.).
Dentre as suas imputações, osprofi ssionais pertencentes às equipes 
de saúde da família precisam delinear ações, idealizar a saúde como um 
procedimento de encargo dividido e regularizar suas atividades apreendendo a 
família enquanto espaço social. Vejamos a seguir, as responsabilidades imputadas 
aos profi ssionais da equipe de estratégia de saúde da família de acordo com os 
estudos de Lacerda et al. (2010): 
• Esquematizar ações que lancem impactos no que faz referência às 
condições de saúde da população de seu espaço de abrangência, 
dirigidas por um diagnóstico participativo apropriado para verifi car 
a realidade da localidade e a potencialidade da comunidade na 
resolutividade das difi culdades de saúde. 
• Idealizar saúde enquanto um procedimento de encargo que precisa ser 
partilhada entre diversos âmbitos institucionais e a participação social, o 
que sugere procurar desenvolver articulações intersetoriais e sensibilizar 
as pessoas enquanto sujeitos ativos no procedimento de vigilância em 
saúde. 
86
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
• Regularizar as intervenções percebendo a família como recinto social, 
reverenciando seus potenciais e limitações socioeconômicos e culturais, 
além de procurar, nessa totalidade, táticas de otimização às abordagens 
terapêuticas e médicas habituais.
Diante das práticas informadas acima, quais você consegue 
desempenhar?
Quais são os fatores que você considera que podem se levantar 
como pontos limitadores a essa atuação?
E quais são os fatores que você considera ser possibilidades 
para o desenvolvimento desse atendimento? 
Para aquecer o debate, consulte o artigo a seguir: Os desafi os 
de se trabalhar em equipe na estratégia de saúde da família, dos 
autores: PERUZZO, H. E. et al. (2018). Disponível em: https://www.
scielo.br/j/ean/a/z3wYmgZ93bGtBMD8HVKRtVt/?lang=pt. 
Converse com sua equipe de trabalho e seus colegas de turma 
sobre a relevância da compreensão a respeito dos distintos modelos 
de atenção à saúde e a importância de conhecer as atribuições da 
equipe de estratégia de saúde da família, conhecendo os limites/
desafi os, mas também buscando desenvolver estratégias de 
possibilidades para contrapô-los.
Analisamos que se faz indispensável que exista a perspectiva da 
interdisciplinaridade na constituição da equipe de saúde para que ela constitua 
uma adequada integração elaboradora de serviços, com um desempenho 
multiprofi ssional (LACERDA et al., 2010). 
Assim, ainda segundo os mesmos autores, as responsabilidades 
características de cada profi ssional precisam encontrar-se regressadas para os 
desígnios triviais da equipe, e sua prática profi ssional necessita ser determinada 
pela efi cácia, efetividade e efi ciência do trabalho a ser desenvolvido.
87
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
Caro estudante, para contribuir ainda mais com o seu 
conhecimento, deixamos como sugestão de leituras os seguintes livros:
Referência: VASCONCELOS, E. M. Complexidade e pesquisa 
interdisciplinar: epistemologia e metodologia operativa. 2. ed. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
O referido livro promove uma refl exão a respeito de avaliação 
sistemática dos debates mais recentes sobre a crise dos paradigmas 
científi cos, pós-modernismo, complexidade e interdisciplinaridade, 
com uma perspectiva de claro engajamento social e ético 
desenvolvendo um manual extremamente didático e operativo 
de pesquisa e de escrita de trabalhos acadêmicos, científi cos ou 
aplicados à gestão concreta de serviços e organizações.
O livro refere-se a um importante tema que apresentamos aqui 
neste capítulo, que é sobre a intersetorialidade. Os diversos capítulos 
desta coletânea centram-se na análise dos mais diversos campos de 
políticas sociais, com ênfase na política de saúde e de assistência 
social. Aproveite e clique no link a seguir e baixe gratuitamente o livro. 
Referência: BELLINI, Maria Isabel Barros; FALER, Camília 
Susana. Intersetorialidade e políticas sociais: interfaces e diálogos 
88
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
QUADRO 1 – CRITÉRIOS PARA ATUAÇÃO PROFISSIONAL 
Competência técnica
Criatividade
Senso crítico
Práticas de atendimento humanizadas e resolutivas
Capacitação para atuar no planejamento e avaliação das ações 
e na articulação intersetorial
FONTE: A autora
O trabalho em equipe no Estratégia de Saúde da Família, desse modo, 
estabelece uma prática profi ssional em que o diálogo entre os profi ssionais necessita 
impetrar parte do exercício habitual do trabalho. Ao discorrer em equipe com caráter 
interdisciplinar, e tendo como desígnio o desempenho absoluto em saúde, as 
atuações e sugestões precisam considerar a observação recorrente das obrigações, 
riscos pessoal e social, bem como vulnerabilidades da população sob seu cargo, de 
forma a contrapor de contorno correspondente e resolutivo (LACERDA et al., 2010). 
Ao arrazoarmos a respeito da interdisciplinaridade, segundo os autores acima, 
apreende-se o procedimento de infl uência mútua em meio às disciplinas em que 
existe colaboração a respeito do conhecimento, através de sua ação ordenada. A 
multidisciplinaridade se diferencia por uma ação simultânea de diferentes disciplinas 
em volta de um assunto, sem que exista compartilhamento e auxílio entre elas. 
A esse respeito, solicita-se dos profi ssionais, bem como da população 
enredada, desenvolturas para além das práticas clássicas, visto que a intensidade 
e a complicação das difi culdades são relacionadas a cada localidade (LACERDA 
et al., 2010). 
Nesse compasso, ainda segundo Lacerda et al. (2010), a resolução dessas 
difi culdades extrapola as demarcações da intervenção clínica e atribui, além 
das atividades de assistência, ações de promoção, prevenção e manutenção de 
saúde, ajustados conforme o coefi ciente de complicação de cada difi culdade que 
possa ser encontrada. 
Deste modo, os técnicos da equipe de estratégia de saúde da família (ESF) 
necessitam exibir os consequentes critérios:
[recurso eletrônico]. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014. 224 p. Disponível 
para baixar gratuitamente: https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/
Ebooks//Pdf/978-85-397-0573-3.pdf. 
89
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
Desse modo, a constituição das equipes de saúde da família, de forma 
multiprofi ssional e interdisciplinar, vem concretizando uma performance em 
saúde integral, atenta em responder às circunstâncias de saúde observadas nas 
comunidades (LACERDA et al., 2010). 
Os mesmos autores informam que esse movimento é admissível, especialmente, 
por razão da composição da equipe. É salutar minutar o desempenho dos Núcleos 
de Apoio à Saúde da Família (NASF) que, reunindo outros profi ssionais que 
não compõem a equipe de estratégia de saúde da família como, por exemplo: 
assistente social, fonoaudiólogo, entre outros; e atuando de forma multiprofi ssional e 
interdisciplinar, permitem melhorias em direção à integralidade da atenção em saúde 
(LACERDA et al., 2010).
Há ponderação a respeito da atuação da equipe, em que cada profi ssional 
coopera com diferentes nuances do conhecimento em saúde e expede ao debate do 
caráter orientador do cuidado terapêutico profi ssional característico. Nesse compasso, 
Vasconcelos (2002) adverte que cada profi ssional necessita se dispor contra a 
preparação de ambientes de atenção particular à saúde, em que os conhecimentos 
enredados nas aptidões e desenvolturas profi ssionais são exibidos de contorno 
estanque, evitando a articulação com diversos saberes.
É relevante ressaltar que, quando se discursa a respeito do cuidado terapêutico 
profi ssional peculiar, além disso necessitam ser arquitetados os ambientes de 
justaposição dessa prática com o cuidado multiprofi ssional interdisciplinar. A 
complexidade social, econômica,cultural e biológica emaranhada na determinação 
dos problemas de saúde solicita o incremento de uma inovação no modo de fazer 
saúde (LACERDA et al., 2010).
Portanto, por meio do trabalho interdisciplinar, são descritas as probabilidades 
de constituição de um ambiente de cuidado que agencie modifi cações estruturais 
no procedimento de trabalho, suscitando sintonia, desenvolvimento mútuo dos 
profi ssionais e horizontalidade das relações de poder dentre os vários âmbitos do 
conhecimento (VASCONCELOS, 2002). 
Por fi m, agenciar a discussão a respeito da probabilidade de aproximar a atenção 
à saúde nos ambientes que irrompem com o espectro clínico habitual, prosseguindo 
em direção ao cuidado integral à saúde, somente constituirá admissível quando uma 
verifi cada circunstância de saúde for tratada a partir da complicação dos dados que 
a compõem. A apreensão dos dados que causam o procedimento saúde-doença 
remete a discussões na arena do conhecimento interdisciplinar (LACERDA et al., 
2010).
Após aludirmos sobre a interdisciplinaridade no trabalho de atenção à saúde, 
destacamos agora, outro assunto relevante para ser reforçado nesse debate, 
90
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
se acena para o estilo de trabalho no aspecto intersetorial. Dessa forma, a saúde 
necessita ser apreendida como um problema social que não pode ser abordado 
em extensão setorial, devido à saúde estar interligada e condicionada aos demais 
aspectos que estruturam a sociedade (LACERDA et al., 2010).
Cabe ressaltar que os problemas sociais se despontam e são observados 
setorialmente, entretanto, a dissolução está sujeita ao desempenho de mais de 
uma política pública social setorial. Logo, a complexidade do âmbito da saúde não 
consente uma abordagem fragmentada dos problemas (PAULI, 2007).
FIQUE ATENTO:
A abordagem intersetorial de problemas sociais incorpora a ideia 
de integração, de território, de equidade, e considera o cidadão na 
sua totalidade, numa clara relação com a concepção de integralidade 
em saúde. Isto é, uma atenção integral à saúde, cujos determinantes 
extrapolam o setor, só é possível a partir de uma ação articulada com 
os demais setores sociais (JUNQUEIRA et al., 2004; PAULI, 2007).
Assim, a efetividade da atividade intersetorial estar sujeita à análise criteriosa 
de uma atuação proferida cujos desígnios e estratégias de operacionalização 
abarquem participação e organização de múltiplos atores sociais e a troca de 
conhecimento, o que, em si, potencializa o efeito da ação (LACERDA et al., 2010). 
A intersetorialidade não é um procedimento instintivo, estar sujeito a uma 
ação determinada, também não é prontamente implementada. Compõe uma nova 
compreensão de operar em saúde, que mexe com interesses de grupos, dentro 
e fora do domínio. De outra forma, com a conexão de saberes e experiências, 
os profi ssionais e os grupos populacionais calham a ser acatados como sujeitos 
adequados para entender os seus problemas de maneira integrada e identifi car 
dissoluções correspondentes à realidade social (LACERDA et al., 2010). 
Perante as difi culdades de articulação com outros setores, do ponto de vista 
macro da gestão, Pauli (2007) recomenda que, de início, a intersetorialidade em 
pequenas parcerias, nos projetos comuns, exatos e, portanto, paulatinamente, se 
expanda à potencialidade resolutiva (LACERDA et al., 2010).
Ao apreender a respeito da atenção básica enquanto uma tática fl exível, 
assinalada por meio do primeiro contato entre paciente e equipe de saúde, 
que avaliza uma atenção integral admissível, ordenada e ininterrupta e que é 
responsável pela articulação dos diferentes pontos da atenção dos prestadores de 
91
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
cuidados, dentro e fora do setor saúde, não podemos abstrair da intersetorialidade 
enquanto um eixo estrutural de nossa ação (LACERDA et al., 2010).
Corroboramos com a análise dos autores Paula, Palha e Protti (2004) de que 
a atenção básica tem competência de proferir os diversos campos presentes, em 
tão alto grau no coefi ciente mais operacional de ações de saúde absolutamente 
oferecidas à população, bem como nos coefi cientes regional e central. Sendo 
assim, a partir de uma perspectiva de planejamento ascendente e com potencial 
de proferir âmbitos basilares, pode-se desencadear transformações mais efi cazes 
e duradouras para o âmbito da saúde.
Entretanto, determinadas informações são basilares para que esse potencial se 
concretize deste modo. Vejamos a seguir, algumas questões que são necessárias:
QUADRO 2 – QUESTÕES NECESSÁRIAS QUE AUXILIAM A 
SUPERAÇÃO DE VISÃO FRAGMENTADA NO ÂMBITO DA SAÚDE
FONTE: Adaptado de Lacerda et al. (2010)
Superar a fragmentação e a compartimentalização do processo de trabalho dentro do setor 
saúde, centrado no modelo biomédico, e incorporar uma cultura de cooperação e de complemen-
taridade dos diferentes saberes.
Adotar a intersetorialidade como um processo integrado de transformação da assistência, articu-
lado com a população.
Entender que Saúde da Família é um projeto novo e vem enfrentando difi culdades na formação, 
capacitação e articulação dos sujeitos, além de haver pouca articulação entre as políticas sociais 
em prol de um objetivo único.
1) A respeito do trabalho na perspectiva da intersetorialidade, 
assinale a alternativa que apresenta o principal objetivo do 
trabalho intersetorial para que de fato ele possa se materializar: 
a) ( ) Formação de rede.
b) ( ) Formação de equipe. 
c) ( ) Formação de território. 
d) ( ) Formação de conselho.
2) A construção das equipes de saúde da família, de forma 
multiprofi ssional e interdisciplinar, vem consolidando qual tipo 
de atuação e perspectiva em relação ao processo de saúde da 
população nos territórios?
92
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Refere-se a um procedimento que está sendo arquitetado e agencia 
a compreensão de uma rede de suporte. Esse debate destaca que um dos 
desígnios da intersetorialidade é a concepção de uma rede conceito que supera 
a articulação apenas do trabalho em equipe ou setorial, para que por meio dessa 
rede, possa agenciar uma articulação de indivíduos e instituições que, de estilo 
compartilhado, procuram dissoluções para a superação de problemas sociais 
(LACERDA et al., 2010). Assim como procedimento articulado e integrado de 
formulação de políticas públicas sociais, a intersetorialidade implica a conexão 
de estruturas, soluções e procedimentos organizacionais, e assinalar-se pela 
corresponsabilidade de díspares atores sociais e governamentais.
Desse modo, a promoção da saúde, como imputação do SUS (Sistema 
Único de Saúde), somente poderá ser implementada se entendermos o setor 
saúde como estratégico para o desenvolvimento de novas alianças. Nesse 
sentido, precisamos incorporar com maior clareza as discussões a respeito da 
intersetorialidade na prática cotidiana dos profi ssionais da saúde, sem que isso se 
decomponha em responsabilidade característica dos trabalhadores e sem perder 
de vista a potencialidade que eles têm (LACERDA et al., 2010).
FIGURA 1 – INTERSETORIALIDADE NA SAÚDE 
FONTE: A autora
Para sumarizarmos esse item, mas longe de encerrarmos o debate, visto 
que é um tema que deve ser constantemente dialogado no cotidiano de trabalho 
profi ssional, bem como ser sempre estudado. Queremos reforçar que nenhum 
93
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
profi ssional e serviço trabalha a atenção integral à saúde por completo sem 
que se desenvolva em seu trabalho cotidiano ações de articulação com vistas 
ao aprimoramento de práticas interdisciplinares; e que reforcem a importância 
do debate em torno do trabalho intersetorial, assim como a compreensão das 
atribuições que competemaos profi ssionais que atuam ou desejam atuar no 
âmbito da ESF. 
Isso posto, compreenderemos que nenhuma política pública por si é capaz de 
gerar respostas cabais às necessidades e problemas sociais de toda a população 
pertencentes às comunidades que atuamos e/ou iremos atuar, mas precisamos 
desenvolver no cotidiano ações que impulsionem nosso trabalho a ser de modo 
interdisciplinar e que incite a necessidade de se desenvolver a intersetorialidade 
através de diferentes mecanismos das variadas políticas públicas sociais. 
3 AS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE 
– UBS –, ESTRATÉGIA SAÚDE DA 
FAMÍLIA – ESF – E OS NÚCLEOS DE 
APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF: 
LEGISLAÇÃO E DIRETRIZES
Neste tópico, você vai ter o ensejo de estudar a respeito das unidades de 
saúde de forma basilar, e, na sequência, aludiremos sobre a Estratégia Saúde 
da Família (ESF) com seus objetivos, destaque para cada profi ssional com suas 
principais responsabilidades, além de conceitos e fi nalidades a respeito da ESF 
para que assim possamos abordar sobre os Núcleos de Apoio à Saúde da Família 
(NASF) e apresentar suas diretrizes e demais documentos ofi ciais pertinentes a 
sua sistemática. 
Referente às unidades básicas de saúde (UBS), compete reforçar que este 
é um serviço de saúde composto por equipe multiprofi ssional responsável por um 
conjunto de ações de saúde, de domínio individual e coletivo, que compreende a 
promoção e a proteção da saúde, a atenção e prevenção de agravos, exame de 
saúde, tratamento, reabilitação, diminuição de danos e a conservação da saúde 
com o desígnio de desenvolver a atenção integral que impacte na condição de 
saúde e autonomia dos indivíduos e nos categóricos e condicionantes de saúde 
do coletivo (MPPR, s.d.). 
Ainda, cabe acrescentar a responsabilidade de planejar e implementar 
atividades de promoção de saúde mental, prevenção e cuidado no que tange 
94
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
à situação de transtornos mentais, atividades desenvolvidas para sujeitos com 
demandas decorrentes do uso de alguns entorpecentes, tais como: crack, álcool 
e outros tipos de drogas, partilhadas, sempre que imprescindível, com os demais 
serviços da rede. 
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é uma das basilares táticas, 
alvitradas pelo Ministério da Saúde no Estado brasileiro, para reorientar o modelo 
assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da atenção básica (AB). 
Tem por fi nalidade reordenar os serviços e reorientar as práticas profi ssionais na 
perspectiva da promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação, por 
fi m, da promoção da qualidade de vida da população usuária, estabelecendo-se 
em uma sugestão com extensões administrativa inovadoras, técnica e política 
(FIGUEIREDO, s.d.). 
Ela pressupõe o começo da Vigilância à Saúde, a inter e multidisciplinaridade 
e a integralidade do cuidado a respeito da população que convive no campo 
de circunscrição das unidades de saúde (BRASIL, 1998). A expansão desse 
tipo de atendimento auferiu impulso com a sistematização da NOB-96 – Norma 
Operacional Básica (BRASIL, 1997b), que operacionalizou a descentralização de 
soluções e a municipalização da saúde, oferecendo às direções para o repasse, 
bom emprego e organismos de controle e acompanhamento dos recursos 
fi nanceiros que compõem o Piso da Atenção Básica (PAB). Portanto, com a 
responsabilidade dos municípios enquanto gestores (COIMBRA et al., 2005). 
A Estratégia Saúde da Família (ESF) incorpora os princípios do Sistema 
Único de Saúde (SUS) e se organiza a partir da Unidade Saúde da Família (USF). 
Vejamos a seguir, conforme Brasil (2006), como se estabelece essa organização: 
• Integralidade e hierarquização: a Unidade de Saúde da Família 
está inserida na atenção primária à saúde. As equipes necessitam 
alcançar o diagnóstico de saúde do território adscrito, observando 
o perfi l epidemiológico e sociodemográfi co das famílias, perfi lhando 
as difi culdades de saúde prevalentes e os riscos a que este grupo 
populacional está exposto, organizando, com a sua participação, um 
plano local para o enfrentamento das difi culdades de saúde. 
 A execução dos referidos princípios mencionados acima implica que 
os profi ssionais inseridos nas equipes de saúde entendam que seus 
serviços se encontram sistematizados em coefi cientes de complexidade 
crescentes, desde o coefi ciente local de assistência, até coefi cientes 
mais especializados. Esse sistema é alcunhado por referência e 
contrarreferência, sendo que a referência se contorna do nível de 
menor para o de maior complexidade, opostamente à contrarreferência 
(FIGUEIREDO, s.d.).
95
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
 Ainda de acordo com Figueiredo (s.d.), a articulação entre esses dois 
sistemas é demasiadamente complexa, visto que a necessidade de 
serviços mais complicados extrapola ao apontador de requerimentos 
por parte da atenção básica, atrapalhando alcançar dignidade no 
atendimento aos usuários que precisam de serviços especializados.
• Territorialização e adscrição dos usuários atendidos: de acordo 
com Figueiredo (s.d.), a USF trabalha com território de abrangência 
acentuado, sendo responsável pelo cadastramento e acompanhamento 
da população de cada território. Aconselha-se que a equipe 
multiprofi ssional se constitua responsável por, no máximo, 4000 (quatro 
mil) indivíduos de cada território. 
• Equipe multiprofi ssional: é combinada por um enfermeiro, um 
médico generalista ou de família, um auxiliar de enfermagem e agentes 
comunitários de saúde (ACS). Além destes, odontólogos, assistentes 
sociais e psicólogos, dentre outros, poderão fazer parte das equipes ou 
formar equipes de apoio, em conformidade com as demandas de cada 
território (FIGUEIREDO, s.d.).
• Caráter substitutivo: se refere à substituição das práticas clássicas 
de assistência, com enfoco nas enfermidades, por um novo método de 
trabalho situado na Vigilância à Saúde, desse modo, a operacionalização 
dos desígnios da Estratégia de Saúde da Família acontece através da 
acepção territorial dos usuários, a compreensão da família como enfoco 
da assistência, o trabalho em equipe interdisciplinar e multiprofi ssional 
e a conexão entre famílias assistidas e os profi ssionais (COSTA; 
CARBONE, 2009).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 1997a), a territorialização 
versa a respeito do diagnóstico dos atributos sociais, demográfi cas e 
epidemiológicas, e necessita impactar, de modo aderente, às situações de saúde 
da população adscrita. Para tanto, as equipes de saúde necessitam conseguir o 
cadastramento das famílias através de visitas domiciliares.
VOCÊ SABIA? 
É na equipe multiprofi ssional que as situações levantadas no 
diagnóstico de saúde devem ser enfrentadas, valorizando-se a soma 
de olhares dos distintos profi ssionais que compõem esta equipe, 
obtendo-se, desta forma, um maior impacto sobre os diferentes 
fatores que interferem no processo saúde-doença. 
96
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Para isso, é imprescindível que a estruturação do trabalho, na 
ESF, consolide-se nos princípios da vigilância à saúde, rompendo 
com a dinâmica médico-centrada.
As questões de saúde e enfermidade no Brasil são desiguais e, de tal modo, 
a par das enfermidades acentuadas pelo aspecto epidemiológico da população 
e outras que, perante à globalização, insurgem e reinsurgem fazendo com que 
a população exiba uma pluralidade de agravos à saúde, passando a existir 
difi culdades relacionadas à violência, de saúde mental, condição de pobreza e 
extrema pobreza, uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas, entre outras. 
Essa realidade tão intricada precisa de uma análise multifacetada, em que 
distintos profi ssionais possam amparar a inserção da Estratégia Saúde da Família 
na rede de serviços, afi ançando a assiduidadee a integralidade da atenção. Note 
que, para um número amplo de indivíduos, disseminado nos territórios, às vezes 
de contorno disperso e mais concentradas, assim é conciso desenvolver um 
trabalho colaborativo e próximo, submergindo todos os componentes da equipe, 
quanto a trabalhos peculiares, adotando as instalações legais que regulamentam 
a prática profi ssional de cada uma das profi ssões. 
Debateremos a respeito das atribuições de todos os profi ssionais, do ponto 
de vista organizacional: 
• participar do procedimento de territorialização, observando situações de 
risco e vulnerabilidade;
• desenvolver a busca ativa e informando doenças e agravos de notifi cação 
compulsória; 
• cadastrar famílias e indivíduos, avalizando a qualidade dos documentos 
coletados e a fi dedignidade do diagnóstico de saúde do grupo 
populacional do campo adscrito de maneira interdisciplinar, com reuniões 
sistemáticas, organizados de modo compartilhada, para planejamento e 
análise das atividades. 
Conexas a estas, outras ações de cuidado à população devem ser 
desenvolvidas, a fi m de promover atenção integral, contínua e organizada 
da população adscrita, como podemos citar a acolhida dos usuários, escuta 
qualifi cada e ter um direcionamento nas ações de modo resolutivo para que 
o vínculo, uma das peças-chave da ESF, aconteça de confi guração ativa. 
Importante recomendar que a precaução ao usuário necessita ser efetivada não 
exclusivamente no domínio da Unidade de Saúde, entretanto, em domicílio, em 
97
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
locais do território, quando as visitas se revolverem efi cazes para a direção do 
cuidado (BRASIL, 2011). 
Contudo, é imprescindível que esse mesmo indivíduo, que atualmente 
precisa de cuidados, seja adequado, em um momento posterior, de gerir sua forma 
de conduzir sua vida e a de sua família, de forma autônoma e saudável. Ações 
educativas, que interfi ram no processo saúde-doença, devem ser incrementadas, 
bem como o incentivo à mobilização e à participação da comunidade, com o 
intuito de efetivar o controle social (BRASIL, 2011). 
Tendo por conhecimento as atividades triviais a todos os profi ssionais 
inseridos na equipe de ESF, cada um deles tem função específi ca, sendo 
assim, cada cargo não se satisfaz em si próprio, logo, um aprofundamento é 
necessário para que cada um se distinga e perfi lhe ainda a atividade do outro 
colega profi ssional de outra área do conhecimento e não se perca o trabalho 
compartilhado.
Iniciaremos explanando a respeito da atuação do profi ssional de enfermagem 
(profi ssional que desempenha privativamente o comando dos órgãos de 
enfermagem e agrega a estrutura básica de instituições de saúde, pública ou 
privada, e a chefi a de serviço de enfermagem, coordenando a atuação do auxiliar 
e do técnico (BRASIL, 2011). 
Ao profi ssional de enfermagem compete acolher os sujeitos e famílias 
cadastradas, desenvolvendo consulta de enfermagem, atividades em grupo 
e, segundo protocolos, requerer análises clínicas complementárias, preceituar 
medicamentos e gerenciar insumos e encaminhar as pessoas atendidas a outros 
serviços. 
Incumbem a esses profi ssionais, ainda, as ações de educação constante da 
equipe de enfermagem, assim como o gerenciamento e a avaliação das atividades 
da equipe, de modo privado do ACS (agente comunitário de saúde), que ocupa 
papel basilar na ESF para a conservação do vínculo entre as pessoas atendidas 
e a Unidade de Saúde.
Outro profi ssional com destaque é o médico, que tem por encargo cuidar 
da saúde humana, agenciando saúde, prevenindo, diagnosticando e tratando 
enfermidades, com aptidão e resolutividade, responsabilizando-se pelo 
acompanhamento do plano terapêutico do paciente usuário do serviço (BRASIL, 
2011). 
 Para que possa acolher à necessidade dos sujeitos que está sob sua 
responsabilidade, necessita executar atividades planejadas e de atenção à 
98
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
demanda que se confi gura espontânea, de modo comum, atendimentos clínicos e 
pequenos procedimentos cirúrgicos, quando recomendado na unidade de saúde, 
na habitação do usuário ou em ambientes comunitários no próprio território, 
assumindo a responsabilidade pela internação hospitalar ou domiciliar e pelo 
acompanhamento do usuário. Ademais, o profi ssional de medicina necessita 
desenvolver seu trabalho profi ssional em conjunto com o profi ssional de 
enfermagem, implementar e executar parte das ações de educação permanente 
dos componentes da equipe e participar do gerenciamento dos insumos. 
A partir desse parágrafo, mencionamos que, segundo Fortes e Spinetti 
(2004), o ACS (agente comunitário de saúde) desempenha a função de ligação 
entre a equipe e a comunidade adscrita do território. Este necessita ser morada 
da extensão de desempenho da equipe em que fora vinculado, pois dessa forma 
vivenciará o dia a dia das famílias e sujeitos do território com mais magnitude em 
analogia aos demais profi ssionais. 
Conforme Martines e Chaves (2007), os agentes comunitários de saúde são 
habilitados para agrupar dados a respeito das pessoas que vivem no território e 
precisam desenvolver suas atividades com carga horária de 08 (oito) horas diárias. 
Suas atividades profi ssionais consistem em desenvolver visitas domiciliares na 
sua extensão adscrita, de modo que produzam informações adequadas a fi m de 
dimensionar as basilares difi culdades de saúde pertinentes no território e na sua 
área de atuação. 
Compete aos profi ssionais agentes comunitários de saúde cadastrar todos 
os indivíduos do território e, também, conservar esses registros continuamente 
atuais, guiando as famílias quanto ao uso dos serviços de saúde disponíveis no 
território. Precisam acompanhar as famílias e indivíduos rotineiramente através 
das visitas nos domicílios, além de ações educativas individuais e coletivas, 
procurando ininterruptamente a conexão entre a equipe de saúde e a população 
adscrita à Unidade Básica de Saúde. 
Ainda em relação às atividades profi ssionais que são de responsabilidade 
desses profi ssionais, estes precisam executar ações de promoção da saúde, de 
prevenção das enfermidades e agravos e de vigilância à saúde, e principalmente 
ponderando a respeito dos critérios de risco e vulnerabilidade, em número máximo. 
Por fi m, a esses profi ssionais pertence desenvolver o acompanhamento 
das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família (PBF) ou de 
qualquer outro programa análogo de transferência de renda e enfrentamento 
de vulnerabilidades sociais e econômicas implantado pelos governos nas três 
esferas, sempre em conformidade com o planejamento da equipe e os agentes 
comunitários de saúde, além disso, são responsáveis por cobrir toda a população 
99
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de 
Saúde da Família (ESF) (BRASIL, 2011). 
Sob a supervisão do profi ssional de enfermagem de nível superior, 
mencionaremos os profi ssionais técnico e auxiliar de enfermagem, estes têm por 
responsabilidade executar procedimentos regulamentados no desenvolvimento de 
sua profi ssão tanto na Unidade de Saúde quanto em domicílio e outros espaços 
da comunidade, educação em saúde e educação permanente (BRASIL, 2011). 
A respeito do profi ssional de odontologia, o cirurgião-dentista deve executar 
atividades alusivas à saúde bucal junto aos demais componentes da equipe, 
agregando ações de saúde de modo a contemplar a multidisciplinaridade. A esse 
profi ssional compete, em atividade em conjunto com o técnico em saúde bucal 
(TSB), deliberar o perfi l epidemiológico da população para o desenvolvimento de 
planejamento e a programação em saúde bucal, com o objetivo de dar atenção 
especial e atenção coletivadirecionadas à promoção da saúde e à prevenção de 
doenças bucais, de contorno incondicional e resolutiva. 
Sempre que imprescindível, enquanto suas atribuições profi ssionais, deve 
desenvolver os procedimentos clínicos, contendo atendimento das urgências, 
pequenas cirurgias no ambulatório e procedimentos conexos com a etapa clínica 
da acomodação de próteses dentárias elementares, além de executar ações 
delineadas e de atenção à necessidade espontânea e ao controle de insumos 
(BRASIL, 2011). 
E, por fi m, os profi ssionais de odontologia são responsáveis ainda por 
desenvolver a supervisão técnica dos profi ssionais: técnico em saúde bucal (TSB) 
e do auxiliar em saúde bucal (ASB) (BRASIL, 2011). 
A respeito do profi ssional técnico em saúde bucal (TSB), como já fora 
mencionado acima, este desenvolve suas ações a partir de uma supervisão 
técnica do cirurgião-dentista, e desse modo, suas atividades consistem em 
acolher cada paciente nos serviços de saúde bucal, além de fazer a conservação 
e zelar pelo bom funcionamento dos equipamentos e ferramentas odontológicas, 
a retirada do biofi lme e as fotografi as adotadas de uso odontológicos, a lavagem e 
a antissepsia do campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, e as medidas de 
biossegurança de produtos e restos odontológicos (BRASIL, 2011).
Importa salientar que esse profi ssional agregue atividades de saúde em 
caráter multidisciplinar, ofertando apoio e educação constante ao Auxiliar de Saúde 
Bucal, bem como ao Agente Comunitário de Saúde e aos agentes multiplicadores 
das atividades de promoção à saúde nas ações de prevenção e promoção da 
saúde bucal. 
100
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
O auxiliar em saúde bucal (ASB) também é supervisionado pelo cirurgião-
dentista, e suas ações consistem em desenvolver procedimentos regulamentados 
na sua prática profi ssional, como, por exemplo: 
• limpeza;
• assepsia;
• desinfecção e esterilização do instrumental, dos equipamentos 
odontológicos e do ambiente de trabalho;
• processa fi lme radiográfi co;
• seleciona moldeiras;
• prepara modelos em gesso;
• além de outras atividades que podem ser atribuídas ao Técnico de Saúde 
Bucal (BRASIL, 2011).
Após aludirmos sobre a ESF (Estratégia Saúde da Família) com seus 
objetivos, e destacarmos cada profi ssional que compõe essa equipe informando 
quais são suas principais responsabilidades a partir de sua área de formação e 
conhecimento, iremos abordar sobre os Núcleos de Apoio à Saúde da Família – 
NASF. Com o desígnio de sobrepujar os desafi os relacionados ao atendimento 
à saúde no estado brasileiro, o Ministério da Saúde (MS), em 2008, cunhou o 
Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF (BRASIL, 2009) para expandir a 
circunscrição e as ações da Atenção Básica, avigorando o procedimento de 
territorialização e regionalização em saúde (FIGUEIREDO, s.d.).
Os NASF foram criados dentro do escopo, tem em sua equipe a composição 
de profi ssionais de díspares campos do saber e devem atuar em prol de integrar 
suas ações junto aos profi ssionais das Equipes de Saúde da Família, além de 
se articularem com as equipes de Atenção Básica para populações específi cas 
e com o Programa Academia da Saúde, constituindo o desígnio deste último, a 
inauguração de polos para a orientação de exercícios corporais e atividade física 
e de lazer e estilos de vida saudável (BRASIL, 2011).
Os NASF devem agir absolutamente no suporte matricial e, quando 
indispensável, no cuidado partilhado unido às equipes das unidades nas quais o 
Núcleo de Apoio à Saúde da Família estiverem ligados, compreendendo o apoio 
ao manejo de circunstâncias pertinentes à angústia e/ou transtorno mental, e as 
questões relacionadas ao uso abusivo de substâncias etílica, o crack, bem como 
o uso de outras substâncias ilícitas.
101
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
FIQUE ATENTO:
É importante lembrar que o NASF, não obstante de estar 
ligado à Atenção Básica, não se estabelece enquanto porta de 
entrada do sistema único de saúde para os usuários, e sua função 
é ofertar suporte técnico e operacional ao trabalho das Equipes de 
Saúde da Família. Ele, à afi nidade desta, leva em consideração a 
territorialização, a educação constante em saúde, a participação 
social, a promoção da saúde e a integralidade – esta última, a 
principal diretriz do SUS a ser praticada por esse núcleo de atenção 
à saúde da família (BRASIL, 2009).
Desse modo reforçamos, a partir de Figueiredo (s.d.), que o NASF não é uma 
estrutura desvinculada da atenção primária à saúde e, como esta, tem entre suas 
pressuposições:
• integralidade; 
• promoção da saúde e humanização; 
• educação permanente em saúde; 
• participação social; 
• territorialização. 
Assim, podemos afi rmar que o NASF busca expandir, completar a atenção e 
a gestão da saúde na Estratégia de Saúde da Família, sobrepujando uma lógica 
de fragmentação e de análise superfi cial e linear, privilegiando a constituição de 
redes de cuidado e atenção, estabelecendo-se enquanto base às equipes de 
saúde da família. 
O basilar princípio do SUS a ser perpetrado por este núcleo de atenção à 
saúde da família (NASF) é a integralidade e necessita estar presente na atitude 
de cada profi ssional no encontro com os usuários do sistema de saúde. Além 
deste, outros princípios e diretrizes necessitam dirigir às atividades a serem 
constituídas pelo NASF, como o território onde precisa ser desenvolvida a atuação 
dos profi ssionais, como, por exemplo, podemos mencionar (BRASIL, 2009): 
• a educação permanente em saúde buscando à transformação das 
práticas profi ssionais e da organização do trabalho; 
• a interdisciplinaridade – em que distintas atividades, saberes e práticas 
se complementam; 
102
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
• a humanização, a partir de construções coletivas entre gestores, 
trabalhadores e usuários e promoção da saúde que procura eleger 
formas de vida mais saudáveis;
• a educação em saúde da população;
• a participação social com foco na gestão participativa das ações em 
saúde.
É importante ressaltarmos que os municípios e o Distrito Federal (DF), ao 
implantar um NASF, necessita desenvolver um projeto de implantação, e nesse 
projeto precisa conter informações que são estimadas como basais para esse 
processo, como, por exemplo, citamos a seguir:
QUADRO 3 – COMPOSIÇÃO DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO NASF
FONTE: A autora
Território de atuação que deve ser formado por áreas contíguas de equipes de atenção básica e 
saúde da família.
Identifi cação das ESF: Equipes de Saúde Família vinculada ao NASF.
Agenda compartilhada – planejamento com previsão de agenda compartilhada entre as diferentes 
equipes de saúde da família e a equipe dos NASF, desde que excluam ações individuais e inclu-
am ações coletivas de assistência, de apoio pedagógico tanto da estratégia de saúde da família 
quanto da comunidade e as ações de visita domiciliar.
Formato de integração do sistema de saúde, incluindo fl uxos e mecanismos de referências e 
contrarreferências aos demais serviços da rede assistencial, prevendo mecanismos de retorno da 
informação e a coordenação do acesso pela estratégia de saúde da família – ESF. 
Inúmeras e difíceis são as responsabilidades conferidas aos profi ssionais do 
NASF, entre elas: 
• a acepção de indicadores e metas que afi ram suas atuações; 
• a acepção de uma agenda de trabalho que privilegie as ações 
pedagógicas e assistenciais;
• além de ações administradas e contíguas com a Estratégia de Saúde da 
Família, no território (FIGUEIREDO, s.d.).
103
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, 
vamos deixar a indicação de alguns livros que se articulam com o 
assuntotratado neste tópico:
REFERÊNCIA: QUIRINO, Túlio Romério Lopes; MARQUES, 
Fabiana Maria de Aguiar Bello; OLIVEIRA, Vick Brito; SILVA, 
Evelyn Siqueira da. O Nasf e o trabalho na atenção básica à saúde: 
apontamentos práticos e experimentações. Editora FIOCRUZ, 2019. 
157 p.
O referido livro aborda o cotidiano das equipes do Núcleo de 
Apoio à Saúde da Família (NASF) em Recife, Pernambuco, é a base 
desta obra, que acena para o leitor e o leva à refl exão a respeito 
do lugar fundamental da Atenção Básica à Saúde na organização do 
cuidado e nos procedimentos criativos e inovadores que circundam 
os profi ssionais de saúde pública. 
Organizado por professores e pesquisadores da área de Saúde 
Coletiva, a coletânea agrupa sete artigos, que exibem feitios legais e 
normativos de implantação dos NASF, advindo por questões ligadas 
às estratégias, ferramentas tecnológicas, desafi os, territorialização, 
planejamento e avaliação dos núcleos. 
O segundo referido livro pondera o Estratégia de Saúde da 
Família como estratégia estruturante dos sistemas municipais de 
saúde, a Estratégia Saúde da Família tem se comprovado possível 
para provocar um importante movimento de reordenação do modelo 
vigente de atenção.
104
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
REFERÊNCIA: PAULINO, I.; BEDIN, L. L.P.; PAULINO, L. V. 
Estratégia Saúde da Família. Editora Ícone, 2008. 
Suas diretrizes abalizam para uma nova dinâmica na forma 
de organização dos serviços e ações de saúde, possibilitando 
maior racionalidade no emprego dos níveis de mais complexidade 
assistencial e decorrências favoráveis nos indicadores de saúde da 
população assistida. 
Tendo realizado vários treinamentos, e nesse fazer devotado, 
arquitetado diversas apostilas dirigidas à formação continuada 
multiprofi ssional das Equipes Saúde da Família, passa a existir o 
referido livro, que sem maiores ambições, dirige-se para ocasionar 
dados embasados nas diretrizes e programas do Ministério da 
Saúde, trazendo num único compêndio, informações múltiplas, úteis 
para aqueles que trabalham e/ou procuram conhecimentos a respeito 
da Estratégia Saúde da Família.
Queremos reforçar, ainda, a respeito da integralidade, que esta se concretiza 
especialmente pela ampliação da aptidão de apreciação e de intervenção dos 
problemas e demandas de saúde – tanto relacionada à condição clínica quanto 
sanitária, através da responsabilização partilhada entre as equipes de Saúde 
da Família e a equipe do NASF e das populações peculiares, afi ançando-lhes 
encaminhamento, com embasamento nos procedimentos de referência e 
contrarreferência, e agindo no fortalecimento do seu desempenho de coordenação 
do cuidado nas redes de Atenção à Saúde. 
105
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
É importante refl etir que cada ação, ou todas elas, analisadas no conjunto da 
obra, pressupõem ações a serem desenvolvidas em parceria com as equipes de 
Saúde da Família e a comunidade, com vista à vigilância à saúde.
Até aqui, aprendemos sobre as atribuições de modo geral das equipes de 
saúde da família, além de termos tido a oportunidade de saber o que compete 
a cada membro da equipe de saúde da família. Agora, no que diz respeito às 
responsabilidades da equipe, atribuídas a todos os profi ssionais que compõem o 
NASF, iremos conhecer o que é determinado às equipes profi ssionais que operam 
o NASF (BRASIL, 2009):
• verifi car as atividades adotadas em cada um dos campos de circunscrição 
territorial;
• identifi car o público prioritário a cada uma das atividades; 
• agir de modo planejado, integrado e nas atividades desenvolvidas pelas 
Estratégia de Saúde da Família e de internação domiciliar, quando esta 
houver; 
• atender de forma empática e atenciosa e humanizada aos usuários; 
• implementar e implantar ações na perspectiva intersetorial de modo a 
associar as ações da política social de saúde às demais políticas sociais, 
a citar: assistência social, habitação, trabalho, educação, cultura, lazer, 
esporte, entre outras;
• agenciar a gestão integrada, bem como a participação dos usuários 
nas tomadas de decisões da política de saúde, através dos conselhos 
municipais de saúde como também dos conselhos de saúde local; 
• organizar e delinear táticas de diálogo para divulgação e sensibilização 
das ações dos NASF, assim como material educacional e orientativo em 
seu campo de atuação; 
• aferir, articulado com as equipes de Estratégia de saúde da Família e 
também os conselhos de saúde, o incremento e a prática das ações e 
o alcance de seu impacto a respeito da situação de saúde, através dos 
indicadores antecipadamente constituídos; 
• e, por fi m, organizar e executar projetos terapêuticos individuais, 
alcançando ações multiprofi ssionais e transdisciplinares, pelas 
Estratégias de Saúde da Família e os NASF, desenvolvendo a 
responsabilidade em caráter dividido.
106
 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
1) Sobre a criação do NASF – Núcleos de Apoio à Saúde da Família 
–, através de qual portaria e em que ano o Ministério da Saúde 
instituiu o respectivo programa?
2) (ADAPTADO – BANCA QUADRIX 2014 ÓRGÃO CRN 3ª Região 
SP - MS) Para a implantação dos NASF, os municípios e o Distrito 
Federal precisam desenvolver um projeto e nele deve conter itens 
imprescindíveis na sua constituição. Dentre as opções listadas 
a seguir, apenas um item não deve fazer parte do projeto de 
implantação do NASF. Desse modo, assinale a alternativa que 
apresenta o item que não faz parte da composição do projeto de 
implantação do NASF:
a) ( ) Território de atuação que deve ser formado por áreas 
contíguas de equipes de atenção básica e saúde da família.
b) ( ) Identifi cação das ESF: Equipes de Saúde Família vinculada 
aos NASF.
c) ( ) Agenda compartilhada – planejamento com previsão de 
agenda compartilhada entre as diferentes equipes de saúde 
da família e a equipe dos NASF, desde que excluam ações 
individuais e incluam ações coletivas de assistência, de apoio 
pedagógico tanto das estratégia de saúde da família quanto da 
comunidade e as ações de visita domiciliar.
d) ( ) Código do CNES: da Unidade de Saúde em que será 
credenciado o serviço NASF, que deve estar inserida no território 
das ESF vinculadas.
Importa também destacar que existem algumas ferramentas de trabalho 
que são empregadas pelas equipes NASF para a sistematização de todo o 
procedimento de trabalho no âmbito do NASF. Vejamos na fi gura a seguir 
(BRASIL, 2009): 
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A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
FIGURA 2 – FERRAMENTAS DE TRABALHO UTILIZADAS PARA SUBSIDIAR 
O PROCESSO DE TRABALHO NO ÂMBITO DE ATUAÇÃO DO NASF
FONTE: A autora
Sobre o apoio matricial, a expressão apoio signifi ca como elemento essencial 
na sugestão do NASF, e expede à apreensão de uma tecnologia de gestão 
designada apoio matricial NASF, que se completa com o método de trabalho em 
equipes de referência de saúde da família, que procuram modifi car o modelo 
predominante de responsabilidade nas organizações.
No lugar dos sujeitos se responsabilizarem por ações e métodos, 
assinalados como tecnologia dura e leve-dura, o que se ambiciona é levantar a 
responsabilidade de sujeitos para sujeitos, qualifi cado pelas tecnologias leves. 
Desse modo, o apoio matricial acrescenta tanto a extensão leve-dura, assinalada 
pela assistência, responsável por dar ato clínico direto com as pessoas atendidas, 
quanto da tecnologia leve, qualifi cada pela atividade técnico-pedagógica que 
desenvolve suporte educativo com e para a equipe. 
No que tange à sugestão de clínica ampliada, se dirige a todos os 
profi ssionais que desenvolvem clínica, isto é, os profi ssionais de saúde na sua 
prática profi ssional de atenção aos usuários dos serviços de atenção à saúde. 
108Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Toda profi ssão deve proceder com um recorte, ou seja, uma proeminência de 
sintomas e dados, cada qual em conformidade com seu núcleo profi ssional. 
Destarte, expandir a clínica constitui acordar os recortes teóricos de cada 
profi ssão às demandas dos usuários. O estudo de caso em equipe, especialmente 
em analogia àqueles que se contornam enquanto os mais complexos, se conforma 
enquanto uma solução clínica e gerencial extraordinaríssima. A existência desse 
espaço de estudo e construção da clínica é elevada para o apoio matricial e, 
desse modo, para o desenvolvimento do trabalho dos profi ssionais da equipe do 
NASF. 
Em relação ao projeto terapêutico singular (PTS), conforme Figueiredo (s.d.), 
estabelece-se em um conjunto de sugestões de procedimentos terapêuticos 
articulados, direcionados a um indivíduo ou a uma coletividade, concretizada por 
uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se mandatório. Comumente, o 
projeto terapêutico singular é aplicado a circunstâncias mais intricadas. O referido 
projeto concebe um período em que a equipe como um todo partilha apreciações e 
conhecimentos no experimento de ajudar a apreender o sujeito com determinada 
necessidade de cuidado em saúde e, por conseguinte, para acepção de sugestões 
de atividades. 
No que diz respeito ao projeto de saúde no território (PST), apetece em se 
constituir enquanto uma tática das equipes de saúde de família e do NASF, para 
executar atividades efetivas na produção da saúde nos territórios relacionados, 
articulando os serviços de saúde com os demais programas, projetos e serviços 
das demais políticas públicas sociais, de modo a investir na qualidade de vida 
e na autonomia das famílias e sujeitos que vivem nos territórios. O referido 
projeto necessita começar pela identifi cação do território, e entendemos que 
seja importante identifi car a população em condição de vulnerabilidade social e/
ou aquela que já se encontra em situação de risco social e pessoal do referido 
território (FIGUEIREDO, s.d.). 
Necessita também ter enfoco na participação popular, promoção da saúde, e 
intersetorialidade, com o desenvolvimento de ambientes grupais de debates, em 
que sejam avaliados a priorização das demandas de saúde, os seus respectivos 
determinantes sociais, as táticas e os desígnios alvitrados para a sua abordagem. 
É no ambiente coletivo em que a comunidade do território, suas respectivas 
lideranças e ainda componentes de outras políticas públicas sociais, existentes 
no referido território, terão condições de tomar nota, reformular, colocar 
responsabilidades, compactuar e aferir o projeto de saúde para a comunidade em 
sua totalidade. 
109
A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
Por fi m, o projeto de saúde no território auxilia ainda o fortalecimento da 
integralidade do cuidado à medida que trabalha com ações vinculadas à clínica, à 
vigilância e promoção da saúde.
1) Julgue a sentença a seguir: São ferramentas de trabalho utilizadas 
para subsidiar o processo de trabalho no âmbito de atuação 
do NASF: apoio matricial, clínica ampliada, projeto terapêutico 
singular e projeto de saúde no território.
( ) CERTO
( ) ERRADO 
2) Julgue a sentença a seguir: Projeto Terapêutico Singular (PTS) – 
Pretende ser uma estratégia das equipes de SF e do NASF, para 
desenvolver ações efetivas na produção da saúde em um território 
articulando os serviços de saúde com outros serviços e políticas 
sociais, de forma a investir na qualidade de vida e na autonomia 
das comunidades. Ele deve iniciar-se pela identifi cação de uma 
área e/ou população vulnerável ou em risco. 
( ) CERTO
( ) ERRADO 
Sobre o processo de organização do Núcleo de Apoio à Saúde da Família, 
ele constitui-se e está estruturado em duas modalidades: NASF 1 e NASF 2. Essa 
formação distingue-se entre si pelo coefi ciente de profi ssionais com formação 
educacional de nível superior envolvidos, assim como o número de equipes a que 
estão acoplados. Vejamos a seguir, como se distribui essa organização:
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 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Duas modalidades de NASF
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA – 
FORMAÇÃO 
NASF 1 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS
Necessita conter no mínimo cinco profi ssionais 
com formação acadêmica universitária. 
Carece estar vinculado a, no mínimo, de oito, 
e máximo de 20 (vinte) equipes de saúde de 
família, menos nos estados da região Norte, 
onde o número mínimo passa a ser cinco. 
Psicólogo; assistente social; farmacêutico; 
fi sioterapeuta; fonoaudiólogo; médico gineco-
logista; profi ssional da educação física; médico 
homeopata; nutricionista; médico acupunturista; 
médico pediatra; médico psiquiatra; terapeuta 
ocupacional.
NASF 2 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS
Necessita conter no mínimo três profi ssionais 
com formação superior. 
Deve estar vinculado a, no mínimo, três equipes 
de saúde da família.
Psicólogo; assistente social; farmacêutico; 
fi sioterapeuta; fonoaudiólogo; profi ssional 
da educação física; nutricionista; terapeuta 
ocupacional.
QUADRO 4 – SISTEMATIZAÇÃO DAS DUAS MODALIDADES DE NASF 
FONTE: Adaptado de Figueiredo (s.d.)
Para a implementação e, por conseguinte, a implantação das díspares 
modalidades do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) são acentuados 
determinados juízo crítico e responsabilidades, competindo ao gestor municipal a 
acepção de quais profi ssionais farão parte da equipe de cada NASF, necessitando 
constituir o seu procedimento de trabalho com enfoco nos territórios de sua 
responsabilidade, em conjunto com as equipes de saúde da família. 
Desse modo, o atendimento dividido entre os profi ssionais do NASF e os da 
ESF deve ser priorizado, com troca de saberes, capacitação e responsabilidades 
mútuas, devendo o atendimento individualizado pelo NASF se dar apenas em 
situações extremamente necessárias, sempre respeitando os territórios sob sua 
responsabilidade (BRASIL, 2009). 
Existem alguns sites que são ofi ciais, ou seja, são do governo, 
quer seja em nível municipal, estadual e federal. Desse modo, 
orientamos que são sites seguros para que você possa ter acesso 
a informações e materiais para subsidiar o trabalho profi ssional 
cotidiano. Assim, a seguir estão os sites para que você possa acessar 
e navegar:
• https://aps.saude.gov.br/ape/esf/
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A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
• https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/estrategia-saude-da-familia
• https://www.informasus.ufscar.br/afi nal-o-que-e-a-estrategia-de-saude-
da-familia-e-qual-o-seu-papel-no-enfrentamento-a-pandemia/
É salutar notar, de acordo com Figueiredo (s.d.), que não existe distinção 
entre o NASF 1 e 2 no que diz respeito aos profi ssionais que os compõem, tendo 
por distinção exclusivamente a carga horária de atividade laboral semanal e no 
contingente de equipes de saúde da família e/ou equipes de atenção básica para 
populações peculiares. Esses núcleos necessitam trabalhar em horário de trabalho 
coincidente com o das aludidas equipes que apoiam, além de estar ligados aos 
polos do programa academia da saúde de seu território de circunscrição.
O trabalho em equipe se estabelece enquanto um dos 
desafi os que se coloca para os profi ssionais tanto da ESF quanto 
do NASF. Esse trabalho necessita ser concretizado em ambientes 
coletivos e com acordos bem acentuados de funcionamento, com 
fi ança de sigilo, visto que por sua vez, nesses encontros, todos os 
contextos precisam ser acertados e os julgamentos necessitam ser 
desenvolvidos e recebidos de modo apropriado, em um exercício 
consecutivo de gerenciamento de confusões de modo prosaico 
(FIGUEIREDO, s.d.). 
É importante destacarmos que um dos desafi os que se colocam para os 
profi ssionais do NASF e da ESF é o trabalho em equipe,pois cada qual dentro 
das equipes precisa compreender muito bem as suas atribuições inerentes ao seu 
trabalho profi ssional dentro das respectivas equipes, dessa forma irão contribuir 
na totalidade do atendimento dentro da execução do programa.
Outro ponto que evidenciamos é que se contorna fundamental que os 
profi ssionais tenham compreensão e conhecimento em profundidade da 
constituição da história de saúde pública no Brasil, compreensão de como se 
desenvolveu o Sistema Único de Saúde – SUS –, bem como a relevância do 
movimento da reforma sanitária para que pudéssemos de fato ter uma saúde que 
não fosse regulada pelo trabalho, mas sim como direito de todos e dever exclusivo 
do Estado.
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 Saúde Preventiva e Promoção da Saúde com Ênfase na Estratégia-Saúde da Família
Por fi m, essa compreensão se contorna fundamental para que os 
profi ssionais possam desempenhar seus papéis com dedicação e assiduidade 
e com comprometimento com a sociedade, bem como com a manutenção da 
política de saúde em caráter universal de direito de todos os cidadãos. 
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, procuramos explicitar os conhecimentos que são de suma 
importância para seu processo de especialização em saúde preventiva. 
Como estudante, você foi orientado a conhecer acerca da Estratégia de Saúde 
da Família, enquanto uma estratégia primordial para o preparo e o fortalecimento 
da atenção básica. Pôde estudar e conhecer as principais atribuições do ESF, 
além de saber quais são as profi ssões que compõem a equipe de saúde da família 
e também suas atribuições dentro da equipe. 
Ainda, pôde estudar a respeito da importância dos NASF como equipe de 
apoio à Estratégia de Saúde da Família, bem como aprender as diretrizes e ações 
que o NASF tem como incumbência de serem desenvolvidas. 
Relembramos que seu objetivo de aprendizagem foi conseguir apreender a 
respeito da construção e os conceitos da estratégia de saúde da família como 
modelo de atenção básica, bem como auxiliamos você a identifi car como deve ser 
o desenvolvimento da prática do trabalho profi ssional de cada profi ssão dentro 
das equipes de Estratégia de Saúde da Família. Por fi m, buscamos promover o 
reconhecimento da relevância do trabalho articulado entre Estratégia Saúde da 
Família (ESF) e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). 
Confi rmamos, assim, a importância desse estudo para os profi ssionais que 
já atuam no âmbito da saúde no nível da atenção básica, bem como aqueles que 
desejam atuar, visto que somente através da busca pelo aprimoramento contínuo 
é possível fortalecermos nossas práticas profi ssionais. Assim, poderemos atender 
com qualidade aos usuários do SUS e contribuir para o fortalecimento deste 
importante sistema de saúde pública do Brasil que emanou da população e de 
profi ssionais preocupados com as demandas da população brasileira. Este deve 
ser sempre o nosso compromisso. 
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A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF E OS NÚCLEOS DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF Capítulo 3 
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