Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

SALVAÇÃOPELA FÉ
John Wesley
Pregação feita na St. Mary´s Oxford – Diante da Universidade – em 18 de Junho de 1738
“Pela graça, estão todos salvos pela fé”. Eph. 2:8.
1. Todas as bênçãos as quais Deus tem concedido ao homem são da mera graça dele:
generosidade, ou favor; seu livre e, completamente, imerecido favor; homem que
não tem nenhuma reivindicação para a menos importante das suas clemências.
Foi pela livre graça que “formou o homem do pó do chão, e soprou nele uma alma
vivente”, e estampou naquela alma a imagem de Deus, e “colocou todas as coisas
debaixo dos seus pés”.
A mesma livre graça continua em nós, até nossos dias: vida, respiração, e todas as
coisas. Porque não há nada do que somos, ou temos, ou fazemos, que pode merecer
a menor coisa das mãos de Deus. "Todos nossas obras, Tu, Ó Deus, tem forjado em
nós". Esses são muito mais exemplos da sua livre clemência: e, mesmo que
qualquer retidão possa ser encontrada no homem, esse é também um dom de Deus.
2. Que recursos, então, deve um homem pecador expiar para qualquer dos seus
menores pecados? Com as próprias obras? Não. Sejam elas tantas ou santas, elas
não são dele, mas de Deus. Mas, de fato, os homens são todos profanos e pecadores,
por eles mesmos, então, cada um deles precisa de uma nova expiação.
Apenas frutos corruptos crescem em uma árvore corrupta. E seu coração é
completamente corrupto e abominável; criatura “para alcançar a glória de Deus”,
a gloriosa justiça, primeiramente impressa na sua alma, depois da imagem de seu
grande Criador. Dessa forma, tendo nada, nem retidão, nem obras, a pleitear, sua
boca é totalmente calada diante de Deus.
3. Se mesmo pecadores encontram favor com Deus, isto é “graça pela graça!” Se
Deus concede ainda verter novas bênçãos em nós, ou seja, a maior de todas as
bênçãos, salvação, o que podemos dizer dessas coisas, a não ser “Graças seja para
com Deus por seu inexprimível dom!”.
E, portanto, assim é... “Deus confiou seu amor para conosco, por isso, enquanto
éramos ainda pecadores, Cristo morreu”, para nos salvar “pela Graça”. Dessa
forma, “somos salvos através da fé”. Graça é a fonte, fé a condição de nossa
salvação.
Agora, que não alcançamos a graça de Deus, cabe-nos cuidadosamente inquirir. –
I. Que fé é essa, pela qual somos salvos.
II. Que salvação é essa pela fé.
III. Como podemos responder algumas objeções.
I.Que fé é essa, pela qual somos salvos.
1. Não é apenas a fé do pagão.
Agora, Deus exigiu do pagão que acreditasse. “Que Deus é quem
recompensa os que diligentemente O busca”; e que Ele será buscado
glorificando-O como Deus, e dando a Ele graças por todas as coisas, e pela
cuidadosa prática da virtude da moral, da justiça, misericórdia, e verdade,
para com as suas criaturas. O Grego ou Romano, por conseguinte, sim, a
Scythian ou Indian; não teriam desculpas, se não acreditassem tanto: na
criatura e atributos de Deus, um estado futuro de recompensa e castigo, a
natureza obrigatória da virtude moral. Porque isso é apenas a fé do pagão.
2. Nem essa é a fé do diabo.
Mesmo porque, a fé do diabo vai muito além da do pagão, uma vez que ele
acredita que há um Deus sábio e poderoso, gracioso para recompensar e
justo para punir; mas que também Jesus é filho de Deus, o Cristo, o Salvador
do mundo. E, assim, encontrarmos ele declarando, em termos expressos, “Eu
conheço, Tu, que sois, o Santo Deus”.
(Lucas 4:34) “Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a
destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus”.
Tampouco podemos duvidar de que esse espírito infeliz acredita em todas
essas palavras que vêm da boca do Santo Deus, e, que tudo quanto foi escrito
pelos santos homens antigos, sendo que dois deles foi compelido a dar
aquele testemunho glorioso:
"Esses homens são os servos do mais alto Deus, que mostra a você o
caminho da salvação". Assim, o grande inimigo de Deus e do homem
acredita, e treme acreditando: - Que Deus foi feito manifesto na carne; que
ele “porá todos os inimigos debaixo dos seus pés"; e que "toda a Escritura
foi dada pela inspiração de Deus". Assim tão longe, vai a fé do diabo.
3. A fé pela qual somos salvos, no significado da palavra que será explicada
daqui por diante, nem chega perto daquela que os Apóstolos tiveram,
enquanto Cristo ainda estava na terra.
Porque eles acreditaram tanto nele, a ponto de “deixarem tudo e segui-lo”;
embora tivessem poder para realizar milagres, “curar toda a forma de
enfermidades, e todas as formas de doenças”; sim, eles tinham “poder e
autoridade sobre todos os males”, e, além de tudo isso, foram enviados pelo
seu Mestre para “pregar a palavra em todo o reino de Deus”.
4. Que fé é essa, então, pelo qual somos salvos?
Em geral, pode ser respondido, primeiro, como sendo a fé em Cristo: Cristo,
e Deus através de Cristo; estes são os objetos próprios dela. Assim, sendo
suficientemente e absolutamente distinguida da fé, tanto do ancião, quanto
do pagão moderno. E sendo completamente distinta da fé do diabo, que é
puramente especulativa, racional, fria, consentimento inanimado, uma
seqüência de idéias da mente; mas também uma disposição do coração.
Como dizem as escrituras:
“Com o coração o homem acreditou na justiça”, e, “E se confessares com a
tua boca o Senhor Jesus, e acreditares no teu coração que Deus o levantou
da morte, então serás salvo”.
5. E, nisso, ela difere da fé o qual os Apóstolos tiveram, enquanto nosso
Senhor estava na terra, e reconhece a necessidade e mérito de sua morte, e o
poder de sua ressurreição. Reconhece a sua morte, como sendo o único meio
de redimir o homem da morte eterna, e sua ressurreição, como nossa
restauração para a vida e imortalidade; já que ele "foi entregue pelos nossos
pecados, e subiu novamente aos céus para nossa justificação".
A fé cristã é, então, não só um reconhecimento de todo o evangelho de
Cristo, mas também a completa confiança no sangue de Cristo; a confiança
nos méritos da sua vida, morte, e ressurreição; e inclinação a ele como nossa
expiação e nossa vida, que foi dada por nós, e vivendo em nós, e, em
conseqüência a isto, o fim com ele, e mantendo-se fiel a ele, como nossa
“sabedoria, retidão, santificação e redenção”, ou, em uma palavra, nossa
salvação.
II. Que salvação é essa, pela fé.
1. O que quer que isso implique, é a presente salvação. É algo atingível.
Atualmente atingida, na terra, por aqueles que são participantes dessa fé.
Sobre isso falou o apostolo aos crentes em Efésios, e neles aos crentes em
todos os tempos: não, podemos ser (se bem que isso também é verdadeiro),
mas “somos salvos pela fé”.
2. Somos salvos pela fé (para incluir tudo em uma palavra): do pecado. Essa é
a salvação que é pela fé. Esta é aquela grande salvação predita pelo anjo,
antes que Deus trouxesse seu Primogênito ao mundo: “Chamarás a ele pelo
nome de Jesus, porque ele deverá salvar seu povo de seus pecados”. E nem
aqui, ou em qualquer outra parte dos escritos santos, há qualquer limitação
ou restrição. A todo seu povo, ou como é expresso em todo lugar, “todo
aquele que acredita nele”, ele salvará dos seus pecados; desde o original até
o atual, passado e presente pecado, “da carne e do espírito”. Pela fé nele,
eles estão salvos tanto da culpa quanto do poder dela.
3. Primeiro: Da culpa de todo o pecado passado, considerando que todo mundo
é culpado diante de Deus;
Ø a tal ponto, que Ele deveria "ser rigoroso para colocar um sinal
naquele que se extraviou; não há ninguém que poderia suportar
isso”;
Ø e, considerando que, “pela lei está apenas o conhecimento do
pecado, mas nenhuma libertação dele, cumprindo as ações da lei,
nenhuma carne poderia ser justificada nesse sinal”;
Ø agora, “a justiça de Deus, o qual é pela fé em Jesus Cristo, é
manifestada a todo aquele que crê”.
Ø Assim sendo, “todos estão livremente justificados pela sua graça,
através da redenção que está em Jesus Cristo”.
Ø “Ele, Deus, estabeleceu ser uma propiciação através da fé em seu
sangue, para declarar sua retidão para (ou pela) remissão dos
pecados que são passados".
Ø Agora, Cristo lançou fora “amaldição da lei, tendo sido feito
maldito por nós”.
Ø Ele “destruiu a escrita da lei que estava contra nós, lançou-a fora
do caminho, pregando-a em sua cruz”.
Ø “Assim, não há condenação alguma àqueles que crêem em Cristo
Jesus”.
4. E, sendo salvo da culpa, eles são salvos do medo. Não realmente de um
medo de filho, de ofender; mas medo de servo; todo aquele medo servil que
maquina tormento; medo do castigo; medo da ira de Deus, mas a quem eles
agora já não consideram como um Mestre severo, e, sim, um Pai
complacente.
"Eles não receberam o espírito de escravidão novamente, mas o Espírito de
adoção, por meio de qual eles clamam, Abba, Pai: o próprio Espírito que é
também paciente testemunha de seus espíritos, porque eles são as crianças
de Deus".
Eles são também salvos do medo, entretanto, não da possibilidade da queda
longe da graça de Deus, e de alcançar as grandes e preciosas promessas.
Assim, tenham eles "paz com Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo.
Eles se regozijam na esperança da glória de Deus. E o amor de Deus é
derramado em seus corações, pelo Espírito Santo que é dado a eles".
E, por meio disso, eles são persuadidos (entretanto, talvez, não todo o
tempo, nem com a mesma abundância de persuasão), que “nem morte, nem
vida, nem coisas presentes, nem coisas para vir, nem altura, nem
profundidade, nem qualquer outra criatura, poderá ser capaz de separa-los
do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor".
5. Novamente: por esta fé eles são salvos do poder de pecado, como também
da culpa dele. Assim o Apóstolo declara, "Sabemos que ele foi manifesto,
para lançar fora nossos pecados; e, Nele, não está o pecado. Assim, todo
aquele que habita Nele não terá pecado”.
(1 John 3:5) “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.
Novamente: "Pequenas crianças, não deixem homem algum enganá-los.
Aquele que comete pecado é do diabo. Todo aquele que crê é nascido em
Deus. E todo aquele que é nascido em Deus não comete pecado; e sua
semente permanece nele; e não pode pecar, porque ele é nascido em Deus”.
Mais uma vez: "Nós sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não
tem pecado; mas ele que é procriado de Deus defende a si mesmo, e aquele
que é pecaminoso não tocará Nele”.
(1 John 5:18) “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam mata-lo,
porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu
próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”.
6. Aquele, que é pela fé, nascido de Deus, não peca.
(1) por qualquer pecado habitual; porque todo pecado habitual é pecado
reinando: Mas pecado nenhum reina naquele que crê.
(2) Por qualquer pecado intencional; porque sua vontade, enquanto habita na
fé, é completamente colocada contra o pecado, e tem aversão a ele como a
um veneno mortal.
(3) Por qualquer desejo pecador; porque ele continuamente desejou a santa e
perfeita vontade de Deus, e qualquer tendência a um desejo profano, ele,
pela graça de Deus, persistiu no princípio.
(4) Nem pecou por fraqueza, tanto em ações, palavras, ou pensamento; porque
suas fraquezas não coincidem com sua vontade; e, sem isso, eles não são
propriamente pecados. Assim, “ele, que é nascido em Deus, não comete
pecado”; e, embora ele não possa dizer que não tem pecado, até agora, “ele
não pecou”.
7. Esta é, então, a salvação que é através da fé, até mesmo, no mundo presente:
a salvação do pecado, e as conseqüências do pecado, ambos freqüentemente
expressos na palavra justificação; que, levada num sentido mais amplo,
implica na libertação da culpa e castigo, pela expiação de Cristo; de fato,
aplicada à alma do pecador, que, agora, acredita nele; e a libertação do poder
de pecado, através de Cristo, moldado em seu coração. De forma que ele
está assim justificado, ou salvo pela fé, e é, deveras, nascido novamente -
nascido novamente pelo Espírito - a uma nova vida, o qual “é encoberto
com Cristo em Deus”.
E, como um bebê recém-nascido, ele recebe o “verdadeiro leite da palavra,
e, desse modo, cresce”; seguindo adiante no poder do Senhor seu Deus, de
fé em fé, de graça em graça, até o fim, para que se torne “um homem
perfeito, na medida da estatura da abundância de Cristo”.
III. A primeira objeção habitual para isto é...
1. Que pregar salvação ou justificação, pela fé apenas, é pregar contra a
santidade e boas obras. Para a qual uma pequena resposta poderia ser dada:
“Assim, seria, se nós falássemos, como alguns fazem, de uma fé que estava
separada disso; mas nós falamos de uma fé que não é assim, mas produto de
todas as boas obras, e toda a santidade”.
2. Mas pode ser de uso considerar isto um pouco mais; especialmente, desde
que isso não seja alguma objeção nova, mas, tão velha, quanto no tempo de
Paulo. Quando, então, foi perguntado: “Não fazemos nula a lei, através da
fé?”. Ao que respondemos:
1o. Aquele que não prega a fé, obviamente, torna a lei nula; tanto
diretamente como grosseiramente, pelas limitações e comentários que
corroem todo o espírito do texto; ou indiretamente, não mostrando os únicos
significados, por meio dos quais, é possível executá-la.
2o. Considerando que, “nós estabelecemos a lei”, tanto mostrando toda sua
extensão, como significado espiritual; e chamando a todos para esse modo
de vida, por meio do qual “a justiça da lei possa ser cumprida neles”. Estes,
enquanto eles confiam somente no sangue de Cristo, cumprem todas as leis
que ele designou, fazem todas as “boas obras, as quais ele preparou
anteriormente, para que pudessem caminhar nelas”, e desfrutam e
manifestam todo temperamento santo e divino, com a mesma franqueza que
havia Cristo Jesus.
3. Mas não pregar essa fé, conduz os homens ao orgulho? Acidentalmente, é
possível: Por isso, todo crente deve ser fervorosamente acautelado, nas
palavras do grande Apóstolo:
"Por causa da incredulidade”, os primeiros galhos “foram quebrados: tu
permaneceste pela fé”. Não seja magnânimo, mas tema. “Se Deus não
tivesse poupado os galhos naturais, tomado cuidado, temo que ele não teria
poupado a árvore”.
Vejam, então, a bondade e severidade de Deus! Naqueles que caíram,
severidade; mas, em relação à árvore, misericórdia; “se continuares em sua
misericórdia; caso contrário, tu também poderás ser cortado”.
E enquanto ele continua, desse ponto, ele lembrará daquelas palavras de
Paulo, prevendo e respondendo a esta mesma objeção...
(Ro 3:27) “Onde está, logo, a jactância? É excluída. Por qual lei? Das
obras? Não! Mas pela lei da fé”.
Se o homem é justificado pelas suas obras, ele teria do que se gloriar? Mas
não há glória para ele “que não trabalhou, mas acreditou Nele que justificou
ao ímpio”
(Ro 4:5) “Mas, àquele que não pratica; porém crê naquele que justifica o
ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.
Do mesmo efeito são as palavras, ambas precedendo e seguindo o texto:
(Efe 2:4ff) “Mas Deus, que é rico em clemência, pelo muito amor com que
nos amou, até mesmo quando estávamos mortos em pecado, nos vivificou
juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente
com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”.
De vocês mesmos vieram nem sua fé, nem sua salvação. “Isso é um presente
de Deus”, o livre, imerecido presente; a fé, através do qual vocês são salvos,
tanto quanto a salvação pela qual ele, de seu próprio prazer, seu mero favor,
anexa, além disso.
Que acreditemos, é uma instância de Sua graça; que acreditando seremos
salvos.“Não pelas obras, para que não qualquer homem possa se
vangloriar”. Todas as nossas obras, e nossa retidão, antes da nossa crença,
tinham mérito nenhum, perante Deus, mas condenação. Tão longe estávamos
de merecermos fé, que, quando dada, não era pelas obras. Nem é salvação
das obras o que fazemos, quando acreditamos, uma vez que é Deus que
trabalha em nós; dessa forma, ele nos deu uma recompensa por aquilo que
ele mesmo realizou, não só, confiando as riquezas de sua misericórdia, mas
não nos deixando do que nos gloriarmos.
4. “Porém, falando dessa formada clemência de Deus, salvando e justificando
livremente o homem pela fé, pode encorajar os homens ao pecado?
Realmente, pode, e vai”:
Muitos continuarão em pecado para que a graça possa abundar ": Mas o
sangue deles está sobre suas próprias cabeças. A bondade de Deus deve
conduzi-los ao arrependimento; e, assim, todos aqueles que são sinceros de
coração. Quando eles souberem que ainda há perdão com Ele, eles clamarão
em voz alta, para que ele destrua também seus pecados, pela fé que está em
Jesus. E, se eles fervorosamente clamarem, e não desfalecerem, se o
buscarem em todos os significados que ele designou; se, se recusarem a ser
confortados, até que ele venha; “ele virá, e não irá demorar-se”.
E ele pode fazer muitas obras, em muito pouco tempo. Muitos são os
exemplos, nos Atos dos Apóstolos, de que Deus está trabalhando a fé, nos
corações dos homens, até mesmo como um raio que cai do céu. Assim, na
mesma hora que o Paulo e Silas começaram a orar, o carcereiro se
arrependeu, acreditou, e foi batizado; como foram três mil, através de Pedro,
no dia de Pentecostes, e todos se arrependeram e acreditaram, na sua
primeira pregação. E, abençoado seja Deus, há, agora, muitas provas vivas
de que ele ainda "é poderoso para salvar".
5. Ainda para a mesma verdade, colocada de uma outra maneira, uma objeção
bastante contrária é feita: "Se, o homem não pode ser salvo por tudo aquilo
que ele pode fazer, isto levará os homens a se desesperarem”.
Verdade. A se desesperarem, por terem sido salvos por suas próprias obras,
seus próprios méritos, ou retidão. E assim deve; porque ninguém pode
confiar nos méritos de Cristo, já que ele renunciou totalmente aos dele.
Aquele que “ocorreu de firmar a sua própria retidão”, não pode receber a
retidão de Deus. A retidão a qual é pela fé não pode ser dada a ele, enquanto
confiar no que é da lei.
6. Mas isso, alguns dizem, é uma doutrina incômoda.
O diabo falou como ele mesmo, isso é, sem verdade ou vergonha, quando ele
ousou sugerir isso aos homens que é desse jeito. Isso é a única coisa
confortável, é “muito cheia de consolo”, a todo autodestruídos,
autocondenados pecadores. Que, “quem quer que acredite Nele não será
envergonhado, e que o mesmo Senhor sobre todos é rico a todos aqueles que
O clamarem”: aqui está o consolo, alto como o céu, mais forte que a morte!
O que! Misericórdia a todos? Para Zacchaeus, o ladrão público? Para Maria
Madalena, uma rameira comum?
Impessoal, eu ouço um dizer “Então eu, até mesmo eu, posso esperar por
clemência!". E, também, tu podes, tu que és aflito, que ninguém tem
confortado! Deus não lançara fora tua oração. Não. Talvez ele possa dizer
na próxima hora – “Tenha boa disposição de ânimo, teus pecados te foram
perdoados”; tão perdoados, que eles não reinarão mais obre ti; sim, e que “o
Espírito Santo prestará testemunho com teu espírito, porque tu és a criança
de Deus”.
Ó, gratas notícias! Notícias de grande alegria que é enviada a todas as
pessoas! Oh! A todas aquelas que estão sedentas, venham até as águas:
Venham, sim, e comprem, sem dinheiro e sem preço. Quaisquer que sejam
seus pecados, ainda que vermelho como carmesim, ainda que em maior
quantidade que os cabelos em sua cabeça, “retorne, sim, ao Senhor, ele terá
clemência sobre você, e, para nosso Deus, porque ele perdoará
abundantemente”.
7. Quando não mais objeções ocorrem, então, nos é simplesmente dito que
salvação pela fé não deve ser pregada, como primeira doutrina, ou, pelo
menos, não ser pregada a todos. Mas, o que disse o Espírito Santo? “Outra
fundação nenhum homem pode assentar, senão essa que já está assentada;
nem mesmo Jesus Cristo”. Então, que “quem quer que acredite nele deverá
ser salvo”, é, e deve ser, a fundação de toda nossa pregação; isto é, precisa
ser pregada, como primeira doutrina. “Bem, mas não a todos” (?)
A quem, então, não podemos pregar? Quem excluiremos?
· Os pobres? Não! Eles têm o direito peculiar de ter o evangelho pregado
até eles.
· O iletrado? Não! Deus tem revelado essas coisas até iletrados e
ignorantes, desde o princípio.
· O jovem? Por nenhuma razão! “Que esses padeçam”, de modo algum,
“para virem até Cristo, e não proibi-los”.
· Os pecadores? Menos que todos! “Cristo não veio chamar os íntegros,
mas aos pecadores para o arrependimento”.
Porquê, então, se nenhum, excluirmos o rico, o instruído, o honrado, homens
de bem. E, isso é verdade, eles também se excluem muito freqüentemente de
ouvir; ainda assim, temos que falar as palavras de nosso Senhor. Porque,
desse modo, o teor de nossa incumbência escapa, “Vá e pregue o evangelho
a toda criatura”. “Se qualquer homem arranca isso, ou qualquer parte
disso, para sua destruição, ele terá que suportar o próprio fardo”. Mas,
ainda, “como o Senhor viveu, o que quer que o Senhor tenha nos dito, disto
falaremos”.
8. Neste momento, mais especialmente, falamos que, “pela graça estamos
salvos, através da fé”: porque, nunca foi a manutenção dessa doutrina, mais
oportuna do que tem sido até esse dia. Nada, mas isto pode eficazmente
prevenir o aumento da ilusão dos Romish entre nós.
É, sem fim, atacar, um por um, todos os erros daquela Igreja. Mas salvação
pela fé fulmina na raiz, e tudo cairá imediatamente, onde isto está
estabelecido. Foi essa doutrina, a que nossa Igreja chama justamente de
rocha forte e fundação da religião cristã, que primeiro dirigiu Popery fora
desses reinos; e só isto pode mantê-la de fora. Nada, mas isso pode ser um
obstáculo àquela imoralidade, a qual “tem se espalhado na terra como
inundação”. Você pode esvaziar as profundezas, gota a gota? Então, você
pode nos reformar pela dissuasão das imoralidades individuais.
Mas deixe a “retidão que é de Deus pela fé, ser trazida para dentro, e,
então, seus acenos orgulhosos serão detidos”. Nada, mas isso pode parar as
bocas daqueles que “gloriam-se de suas vergonhas, e abertamente, negam o
Senhor que os comprou”.
Eles podem falar da lei, de forma elevada, como aquele que a tem escrito por
Deus em seu coração. Ouvi-los falar dessa maneira poderia inclinar alguns a
pensar que eles não estavam muito longe do reino de Deus: mas, retirá-los da
lei de dentro do evangelho; começando com a retidão pela fé; com Cristo “o
fim da lei a todo aquele que acredita”, e aqueles que agora mostraram-se
quase, se, não completamente, cristãos, mantiveram confessos os filhos da
perdição; tão longe da vida e salvação (Deus seja misericordioso para com
eles!) das profundezas do inferno até a altura dos céus.
9. Por essa razão, o adversário, então, vocifera, não importa quando “salvação
pela fé” é declarada ao mundo: assim, ele incitou terra e inferno a destruir
aqueles que primeiro pregaram isso. E pela mesma razão, sabendo que a fé
sozinha poderia arruinar as fundações de seu reino, ele fez acontecer todas
as suas forças, e empregou todas as suas artes de mentiras e calúnias, para
amedrontar Martim Lutero de restaurar isso.
Nem podemos desejar saber, ao mesmo tempo: pois que, como aquele
homem de Deus observa, “como isso poderia enfurecer um orgulhoso e
forte homem armado, ser impedido e desprezado por uma pequena criança,
vindo contra ele, com uma flecha em sua mão!”, especialmente, quando ele
soube que aquela pequena criança seguramente o derrotaria, e o poria
debaixo de seus pés. Mesmo assim, Senhor Jesus! Assim, tens tu força,
sendo sempre “feito perfeito na fraqueza!” Vá em frente, então, tu, pequena
criança que acreditas nele, e sua “mão direita poderia ensinar-te coisas
espantosas”; Embora sejas impotente e fraco como uma criança de dias, um
homem forte não poderá ser capaz de se levantar diante de ti. Tu
prevalecerás sobre ele, o subjugarás, o derrotarás e o colocarás debaixo de
teus pés. Tu marcharás, sob o grande Capitão da tua salvação, “conquistando
e a conquistar”, até que teus inimigos sejam destruídos, e “a morte seja
tragada na vitória”.
Agora, graças seja a Deus, que nos deu a vitória, através de nosso Senhor
Jesus Cristo; para quem, com o Pai e o Espírito Santo, ser benção, glória,
sabedoria, gratidão e bravura, parasempre e sempre. Amém.
Quase um Cristão
Pregado na Igreja de St. Mary, Oxford.
Diante da Universidade, 25 de Julho de 1741.
Por John Wesley
"Então, Agrippa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão"
(Atos 26:28).
E muitos há que vão assim tão longe! Desde que a religião Cristã está, no mundo,
tem havido muitos, de todas as épocas e nações, que foram quase persuadidos a serem
cristãos. Mas, visto que não traz proveito algum diante de Deus, ir apenas até aí, é de
grande importância considerarmos o que significa ser um cristão completo.
1. Primeiro, está implícito a honestidade pagã. Ninguém, eu suponho, irá fazer
alguma pergunta sobre isso; especialmente, porque, por honestidade pagã, eu quero dizer,
não apenas o que está recomendado, nos escritos dos seus filósofos, mas aquilo que os
pagãos comuns esperam uns dos outros, e muitos deles, atualmente, praticam. Através da
honestidade pagã, eles foram ensinados que não deveriam ser injustos; levando embora os
bens de seu próximo, tanto roubando como furtando; que não deveriam oprimir o pobre,
usando de extorsão, em direção a qualquer um; que não deveriam ludibriar, ou fraudar, o
pobre ou o rico, em qualquer que seja o comércio, que tiveram; defraudando de homem
algum seu direito; e, se possível, não tendo dívidas para com algum deles.
2. Novamente: Os pagãos comuns tinham consideração com a verdade e com a
justiça, mantendo, na abominação, os que estavam em perjuro, e que chamaram a Deus para
testemunhar uma mentira; assim como o caluniador do próximo, que falsamente acusou
algum homem; atribuindo aos mentirosos voluntariosos, de qualquer espécie, a desgraça da
raça humana, e as pestes da sociedade.
3. E, ainda: Existia uma forma de amor e assistência, que eles esperavam uns dos
outros, sem preconceito, e que se estenderam, não apenas, àqueles pequenos préstimos de
benevolência, que são executados, sem qualquer despesa ou trabalho, mas, igualmente, para
alimentar o faminto, se eles tivessem comida de sobra; vestir o desnudo, com suas próprias
vestimentas supérfluas; e, em geral, dando, a qualquer que necessitasse, aquilo que eles não
necessitaram para si mesmos. Assim sendo, resumidamente, a honestidade pagã veio a ser;
a primeira condição que implica em se ser quase um cristão.
4. Uma Segunda coisa implícita, é ter uma forma de santidade; aquela santidade
que é prescrita no Evangelho de Cristo; e que tem a aparência de um cristão verdadeiro.
Mesmo porque, o quase cristão não faz aquilo que o Evangelho proíbe. Ele não toma o
nome de Deus em vão; ele abençoa, e não amaldiçoa; ele não jura, afinal, mas sua
comunicação é, sim, sim; não, não. Ele não profana o dia do Senhor, não suporta que ele
seja profanado, mesmo por estranhos que estejam em suas reuniões. Ele não apenas evita
todo adultério efetivo, fornicação, e impurezas, mas todas as palavras, olhares, que, direta
ou indiretamente, tende a isso; e mais ainda, toda palavra vã, abstendo-se tanto da
difamação, quanto da maledicência, fofoca, e de toda "conversa tola e sarcástica"; uma
espécie de virtude, nos preceitos moralistas pagãos; resumidamente, de toda a conversa que
não é "boa para o uso da edificação" e que, conseqüentemente, "aflige o Espírito Santo de
Deus, por meio do qual, nós fomos lacrados para o dia da redenção".
5. Ele se abstém de "vinho, em excesso", de farra e comilança. Ele evita, o quanto
pode, de se colocar, em todo tipo de discussão e contenda, continuamente, esforçando-se
para viver, pacificamente, com todos os homens. E, se ele sofre algum dano, ele não se
vinga, nem paga o mal com o mal. Ele não diz insultos, não é briguento, e nem
escarnecedor, seja nas faltas ou nas fraquezas de seu próximo. Ele, de boa-vontade, não
erra, machuca, ou aflige qualquer homem; mas, em todas as coisas, age e fala por aquela
regra clara: "não faze ao outro, o que não queres que façam a ti".
6. E em fazendo o bem, ele não se limita aos préstimos baratos e fáceis da
benevolência, mas trabalha e sofre, para o proveito de muitos, para que, por todos meios,
ele possa ajudar a alguém. A despeito da luta ou da dor, "o que quer que suas mãos
encontrem o que fazer, ele faz, com toda sua força", não importa, se para amigos ou para
inimigos, para o mal ou para o bom. Porque, não sendo "indolente", nisso, ou em suas
"tarefas", quando ele "tem oportunidade", ele faz o "bem"; todas as formas de bem, "a todos
os homens", para suas almas, tanto quanto para seus corpos. Ele reprova o mal, instrui o
ignorante, fortalece o irresoluto, estimula o bom, e conforta o aflito. Ele trabalha para
acordar aqueles que dormem; para conduzir, aqueles que Deus já tem acordado, para a
"fonte aberta para o pecado e para a impureza", para que possam lavar-se, nela, e tornar-se
limpos; e para encorajar aqueles que são salvos, através da fé, a adornar o Evangelho de
Cristo em todas as coisas.
7. Ele que tem a aparência da santidade, usa também os meios da graça; sim, todos
eles, e em todas as oportunidades. Ele, constantemente, freqüenta a casa de Deus; e isto,
não da maneira como alguns fazem, que vêm, à presença do Mais Alto, carregado com ouro
e vestuário caro, ou, com toda a vaidade ostentosa, no se vestir; bem como, por suas
cortesias inoportunas, uns para com os outros, ou pela alegria impertinente de seu
comportamento, repudiando todas as pretensões infantis que ele forme, tanto quanto, para o
poder da religiosidade deles. Haveria para Deus, ninguém, entre nós, que não tenha caído
na mesma condenação? Que tenha entrado, nessa casa, e que, tenha olhado em volta, com
todos os sinais da mais apática e descuidada indiferença, embora, algumas vezes, possa
parecer usar a oração a Deus, para suas bênçãos, naquilo que esperam; que, durante todo o
serviço maravilhoso, estão dormindo, ou reclinados, na postura mais conveniente para isso;
ou, quando supõe que Deus esteja dormindo, falando uns com os outros, ou espiando ao
redor, como, extremamente, isentos de qualquer ocupação? Nem esses podem ser acusados
de aparência de santidade. Não! Aquele que tem mesmo isso se comporta, com seriedade e
atenção, em todas as partes do serviço solene. Mais, especialmente, quando ele vem à mesa
do Senhor, não é com um comportamento leviano e descuidado, mas com a aparência,
gestos, e conduta, que falam nada mais do que "Deus, seja misericordioso comigo, que sou
um pecador!".
8. Para isso, se acrescentarmos o uso constante da oração familiar, por aqueles que
são os chefes das famílias, e reservando um tempo, para os endereçamentos privados a
Deus, com uma seriedade diária de comportamento; ele que, uniformemente, pratica essa
religião exterior, tem a aparência de santidade. Necessitando de apenas uma coisa, com o
objetivo de se ser quase cristão, a sinceridade.
9. Por sinceridade, eu quero dizer, um princípio religioso real, e interno, de onde,
essas ações exteriores fluem. E, realmente, se nós não temos isso, nós não temos a
honestidade pagã; não, nem tanto dela, como para responder a discussão do poeta epicurista
(dado aos prazeres da vida). Mesmo esse pobre patife, em seus intervalos de sobriedade, é
capaz de testificar que:
Os homens de bem evitam o pecado de amar a probidade;
Os homens perniciosos, o pecado do medo da punição.
Assim sendo, se algum homem deixa de praticar o mal, para evitar a punição, a
perda de seus amigos, seu ganho, ou sua reputação, deveria, igualmente, fazer sempre o
bem, usando de todos os meios da graça. Ainda assim, mesmo não praticando o mal e
fazendo sempre o bem, não é possível assegurar que esse homem é mesmo quase um
cristão, porque, se ele não tiver princípio melhor, em seu coração, ele será apenas um
hipócrita!
10. Sinceridade, por conseguinte, está, necessariamente, comprometida, em se ser
quase um cristão; o objetivo real de servir a Deus, um desejo ardente de fazer a Sua
vontade. Necessariamente, implica, que um homem tem uma idéia sincera de agradar a
Deus, em todas as coisas; em todas as suas conversas; em todas as suas ações; em tudo que
ele faz; ou deixasem fazer. Esse objetivo, se algum homem for quase um cristão, segue
através de todo o teor de sua vida. Esse é o princípio propulsor, em fazer o bem, e abster-se
do mal, e usando as ordenanças de Deus.
11. Mas aqui, deverá, provavelmente, ser inquirido, "É possível que algum homem
possa chegar, tão longe, e, não obstante, ser alguém quase cristão? Quanto mais é
necessário para que ele seja um completo cristão?". Em primeiro lugar, eu respondo que
alguém pode ir, até mais longe, e ainda assim, ser apenas um quase cristão.
12. Irmãos, grande é "minha audácia, com respeito a vocês, nesse interesse". E
"perdoem-me esse erro", se eu declaro minha insensatez no que anuncio publicamente, para
por causa de vocês e do Evangelho. Sujeito-me, então, a falar, livremente de mim mesmo,
exatamente como de outro homem. Eu estou contente em ser humilhado, para que vocês
sejam exaltados, e para ainda mais desprezível para a glória do meu Senhor.
13. Eu tenho ido assim, tão longe, por muitos anos, como muitos desses lugares
podem testificar; usando diligência para evitar todo o mal, e ter uma consciência isenta de
ofensa; resgatando o tempo; e, em toda oportunidade, fazendo todo o bem a todos os
homens; constantemente e cuidadosamente, usando todos os meios públicos e todos os
meios privados da graça; esforçando-me, na busca de uma sinceridade firme de
comportamento, todo o tempo, e em todos os lugares; e, Deus é meu testemunho, diante de
quem eu permaneço, fazendo tudo isso, com sinceridade; tendo um desígnio real de servir a
Deus; um desejo ardente de fazer todas as suas vontades; para agradar a Ele que tem me
chamado para "lutar uma boa luta", e para "assegurar a vida eterna". Ainda assim, minha
própria consciência testemunha, no Espírito Santo, que todo esse tempo, eu tenho sido, a
não ser um quase cristão.
Se for inquirido: "O que mais é necessário, além disso, para que se seja um cristão
completo?". Eu repondo:
(1) O amor a Deus. Porque assim diz sua palavra: "Você irá amar o Senhor seu
Deus, com todo seu coração, com toda sua alma, com toda sua mente, e com toda sua
força". Tal amor é esse, como que se apoderando de todo o coração; como acolhendo todas
as afecções; como preenchendo a capacidade total da alma, e empregando a mais extrema
extensão de todas as suas faculdades. Ele que assim ama o Senhor seu Deus, seu espírito,
continuamente, "regozija-se em seu Deus Salvador". Seu deleite está no Senhor; seu Senhor
e seu Tudo, a quem "em tudo dá graças. Todo seu desejo está no Senhor, e para a
lembrança do seu nome". Seu coração está sempre clamando: "Quem mais eu tenho no céu,
a não ser a ti? E não há ninguém sobre a terra que eu deseje além de ti". Realmente, o que
mais ele deve desejar além de Deus? Não o mundo, ou as coisas do mundo: Porque ele está
"crucificado para o mundo, e o mundo crucificado nele". Ele está crucificado para "o desejo
da carne, o desejo do olho, e o orgulho da vida". Sim, ele está morto para o orgulho de toda
a sorte: Porque "o amor não se ensoberbece"; mas "ele que habita no amor, habita em Deus,
e Deus nele", é menos do que nada, para seus próprios olhos.
(2) O amor ao próximo. Para isso diz nosso Senhor, nas seguintes palavras: "deves
amar o teu próximo, como a ti mesmo". Se algum homem perguntar: "Quem é o meu
próximo?" Nós respondemos: todos os homens do mundo; todos os filhos Dele que é o Pai
de todos os espíritos de toda a carne. Nem nós podemos excluir nossos inimigos, ou os
inimigos de Deus e suas próprias almas. Mas todo cristão ama esses também, como a si
mesmo. Sim! "Como Cristo nos amou!". Ele que gostaria de entender, mais completamente,
que espécie de amor é esse, podemos considerar a descrição de Paulo, sobre ele: "O amor é
paciente e benigno". "O amor não arde em ciúmes ou inveja, e não se ufana". "O amor não
se ensoberbece"; mas faz aquele que ama, o menor, o servo de todos. "Não se conduz
inconvenientemente"; mas torna-se "todas as coisas para todos os homens". "Não procura o
seu interesse"; mas o que é bom dos outros, para que eles possam ser salvos. "Não se
exaspera"; ele atira fora a ira. "Não se ressente do mal. Ele não se alegra com a injustiça,
mas regozija-se na verdade. Ele protege todas as coisas; acredita em todas as coisas; espera
todas as coisas; suporta todas as coisas".
(3) Existe ainda uma coisa mais que pode ser, separadamente, considerada; embora,
ela não possa, atualmente, ser separada da precedente, na qual está subtendido ser um
cristão completo; e que é o alicerce de todas elas, mesmo da fé. "Todo aquele", diz o amado
discípulo, "que acredita que é nascido de Deus". "Para tantos quantos o receberam, deu o
poder de se tornarem filhos de Deus; até mesmo aqueles que acreditam em seu nome". E,
"Essa é a vitória que supera o mundo, mesmo a nossa fé". Sim, nosso Senhor declara: "Ele
que acredita no Filho, tem a vida eterna; e não é condenado, mas passa, da morte, para a
vida".
(4) Mas que homem algum iluda a sua própria alma. "Deve ser notado,
diligentemente, que a fé, a qual não conduz ao arrependimento, ao amor, e todas as boas
obras, não é aquela fé viva e justa, mas é a fé morta e diabólica. Porque mesmo os
demônios acreditam que Cristo tenha nascido de uma virgem; que ele forjou todas as
formas de milagres, declarando a si mesmo, verdadeiramente, Deus; que, por nossa causa,
ele sofreu a maioria das dores da morte, para nos redimir da morte eterna; que ele se
ergueu, no terceiro dia; que ele ascendeu aos céus; e senta-se, à direita, do Pai, e que, no
fim dos tempos, voltará para julgar os vivos e os mortos. Esses artigos de nossa fé, eles
acreditam, e, igualmente, em tudo que está escrito no Velho e Novo Testamento. Mas,
ainda, apesar de terem toda essa fé, ainda assim, eles não são mais nada, do que demônios.
Eles permanecem, ainda, na condição abominável deles, necessitados da verdadeira fé
cristã".
(5) A fé cristã, correta e verdadeira (para usar as palavras de nossa própria igreja),
"não é aquela que nos faz acreditar nas Escrituras Sagradas, e nos artigos de nossa fé, como
verdadeiros, mas é aquela que, além disso, nos traz a confiança e segurança de sermos
salvos da condenação eterna, através de Cristo. Essa é a verdadeira crença e confiança, a
qual o homem tem em Deus; a de que, pelos méritos de Cristo, seus pecados foram
perdoados, que ele está reconciliado, para o favor de Deus; a respeito de quem, ele segue,
com o coração afetuoso, para obedecer a seus mandamentos".
(6) Agora, quem quer que tenha essa fé, que "purifica o coração (pelo poder de
Deus, que habita nele), do orgulho, da ira, do desejo, de toda iniqüidade; de toda impureza
da carne e espírito"; e que o preenche, com o amor mais forte que a morte, tanto para com
Deus, como para com toda a humanidade; amor que realiza as boas obras de Deus,
glorificando, para despender-se e consumir-se por todos os seres humanos, e que suporta,
com alegria, não apenas a repreensão de Cristo, que o homem escarneceu, desprezou e
odiou, acima de todos os homens; mas tudo quanto a sabedoria de Deus permita à malícia
dos homens, ou dos demônios impor; quem quer que tenha essa fé, operando, assim, por
amor, não é alguém que é quase, mas alguém que é um cristão completo!
(7) Mas, quais são os testemunhos vivos dessas coisas? Eu imploro a vocês, irmãos,
como na presença desse Deus, diante de quem "inferno e destruição estão sem cobertura;
quanto mais os corações dos filhos dos homens"; que cada um de vocês possa perguntar a
seu próprio coração: "Eu faço parte desse número? Eu tenho praticado justiça, misericórdia,
verdade, e mesmo as regras que a honestidade pagã requer? Se for assim, eu tenho o perfil
verdadeiro de um cristão? A aparência da santidade? Eu me abstenho do mal; de tudo o que
é proibido, nas palavras escritas de Deus? Eu realizo tudo aquilo que está ao alcance de
minhas mãos, com todas as minhas forças? Eu seriamente uso as ordenanças de Deus, em
todas as oportunidades? E, tudo isso é feito com o desígnio e desejo mais sinceros, para
agradar a Deus, em todas as coisas".(8) Existem muitos de vocês, conscientes, de que vocês nunca chegaram tão longe;
que vocês não têm sido, nem mesmo quase cristãos; que vocês não têm chegado ao modelo
da honestidade pagã; pelo menos, não para a aparência da santidade cristã? Muito menos,
tem Deus visto sinceridade em vocês; o objetivo real de agradá-lo, em todas as coisas!
Vocês nunca pretenderam, a esse tanto, devotar todas as suas palavras, obras, seus
trabalhos, estudos, diversões para a glória Dele. Vocês, nem mesmo, designaram ou
desejaram que o que quer que vocês façam, seja feito "em nome do Senhor Jesus", e que,
como tal, constitua-se "em um sacrifício espiritual, aceitável para Deus, através de Cristo".
(9) Mas, supondo que vocês tenham conseguido isso... Os bons objetivos e desejos
fazem um cristão? De maneira alguma! A menos que eles sejam trazidos para os bons
efeitos. "O inferno é assoalhado", diz alguém, "com boas intenções". A grande questão de
todas, então, ainda permanece. Tem o amor a Deus espalhado-se para fora, dos seus
corações? Vocês têm clamado alto: "Meu Deus, e meu Tudo?". Vocês desejam alguma
coisa, a não ser ele? Vocês estão felizes em Deus? Ele é a glória de vocês, e seu deleite, sua
coroa de regozijo? E esse mandamento está escrito em seus corações, "Que ele que ama a
Deus, deve amar também o seu irmão?" E vocês amam a seu próximo, como a si mesmos?
Vocês, então, amam todos os homens, mesmo os inimigos, e os inimigos de Deus, como as
suas próprias almas? Como Cristo tem amado vocês? Sim, vocês acreditam que Cristo os
amou, e deu a si mesmo por vocês? Vocês têm fé no sangue Dele? Acreditam que o
Cordeiro de Deus tirou fora os seus pecados, e os jogou, como uma pedra dentro das
profundezas do mar? Que ele tem apagado os manuscritos que havia contra vocês, tirando-
os fora do caminho, pregando-nos na sua cruz? Vocês têm, realmente, a redenção através de
seu sangue, mesmo a remissão de seus pecados? E seu Espírito tem sido testemunho com o
espírito de vocês de que vocês são filhos de Deus?
(10) Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que agora se situa no meio de nós,
sabe que, se algum homem morrer, sem essa fé e esse amor, melhor seria para ele nunca ter
nascido. Acorda, então, tu que dormes, e clama pelo teu Deus: Chama-o, enquanto Ele
ainda pode ser encontrado. Que ele não tenha descanso, até que faça "sua santidade passar
diante de ti"; até que proclame em ti o nome do Senhor: "O Senhor; O Senhor Deus,
misericordioso e gracioso, longânime, e abundante na santidade e verdade; mantendo
misericórdia, por ti; perdoando a iniqüidade, a transgressão e o pecado". Não deixa homem
algum te persuadir, por meio de palavras vãs; a descansar um pouco daquele prêmio do teu
grande chamado. Mas clama a ele, dia e noite; àquele que, "enquanto nós estávamos sem
forças, morreu pelo descrente; até que tu saibas em quem deves acreditar, e possas dizer:
Meu Senhor, e meu Deus!" Lembra-te "sempre de orar, e não desfalece", até que ergas as
tuas mãos, para os céus, e declares a Ele que vive para sempre e sempre, "Senhor, tu que
sabes todas as coisas, sabes que eu amo a ti!".
(11) Que possamos todos assim experimentar o que é ser, não apenas um quase
cristão, mas um cristão completo, estando justificados gratuitamente pela Sua graça,
através da redenção que está em Jesus; sabendo que nós temos paz com Deus, por meio de
Jesus Cristo, regozijando-nos na esperança da glória de Deus; e tendo o amor de Deus,
espalhado, por todos os lados, em nossos corações, pelo Espírito Santo, dado a nós!
'ACORDA, TU QUE DORMES!'
John Wesley
Pregado no domingo, 04 de Abril de 1742, diante da Universidade de Oxford, pelo
Rev. Charles Wesley, Mestre em Ciências Humanas. Estudante da Christ-Church.
'Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará'.
(Efésios 5:14)
Ao discursar sobre essas palavras, eu devo, com a ajuda de Deus:- -
I. Descrever os que dormem a quem elas são dirigidas:
II. Reforçar a exortação: 'Acorda, tu que dormes, e levanta-te de entre os
mortos'.
III. Explicar a promessa feita a eles, quando acordarem e se erguerem: 'Cristo te
iluminará'.
I
1. Primeiro, aos que dormem, com relação ao texto aqui falado: Por dormir, está-se
referindo ao estado natural do homem; àquele sono profundo da alma, dentro do qual o
pecado de Adão tem lançado todos que se originaram dele: Aquela inércia, indolência e
estupidez, aquela inconsciência de sua real condição, para a qual cada homem vem ao
mundo, e continua nele, até que a voz de Deus o desperte.
2. Agora, 'aqueles que dormem, dormem na noite'. O estado da natureza é um estado
de completa escuridão; um estado em que 'as trevas cobrem a terra, e a densa escuridão,
as pessoas'. O pobre pecador adormecido, por mais conhecimento que tenha para outras
coisas, não tem para si mesmo: neste aspecto: 'ele sabe nada, ainda que devesse saber'. Ele
não sabe que ele é um espírito caído, cuja única tarefa dele, neste presente mundo, é
recuperar-se de sua queda, readquirir aquela imagem de Deus, na qual ele foi criado. Ele
não vê necessidade para a coisa necessária, até mesmo, para aquela mudança interior
universal, aquela do 'nascer do alto', simbolizada pelo batismo, que é o começo daquela
total renovação; aquela santificação do espírito, alma e corpo, 'sem o que nenhum homem
verá ao Senhor'.
3. Cheio de todas as enfermidades como ele está, ele se imagina em perfeita saúde.
Rapidamente mergulhando na miséria e prisão, ele sonha que ele está em liberdade. Ele diz,
'Paz! Paz', enquanto o diabo, como 'um forte homem armado', tem a completa possessão de
sua alma. Ele dorme na quietude, e descansa, embora o inferno se movimente, nas
profundezas, para encontrá-lo; embora o abismo, de onde não há volta, tenha aberto sua
boca para tragá-lo. O fogo está aceso ao redor dele, ainda assim, ele não sabe; sim, o fogo o
queima, mas, ainda assim, ele não coloca isto no coração.
4. Por aquele que dorme, entendemos, portanto, (e queira Deus, pudéssemos todos
entender isto!) um pecador satisfeito nos seus pecados; contente em permanecer em seu
estado de queda; viver e morrer, sem a imagem de Deus; alguém que é ignorante de sua
enfermidade, assim como do remédio para ela; alguém que nunca foi avisado, ou nunca se
preocupou com a voz de advertência de Deus, para 'fugir da ira que há de vir'; alguém que
nunca percebeu que ele está em perigo do fogo do inferno, ou clamou, na sinceridade de
sua alma, 'O que devo fazer para ser salvo?'.
5. Se esta pessoa adormecida for exteriormente corrupta, seu sono será o mais
profundo, afinal: mesmo que ele seja um espírito indiferente às questões religiosas, 'nem
frio, nem quente', mas um professor da religião de seus pais, quieto, racional, inofensivo,
afável; ou mesmo, ele seja zeloso e ortodoxo, e, 'segundo a facção mais restrita de nossa
religião', viva 'como um fariseu'; ou seja, de acordo com o relato bíblico, alguém que se
autojustifica; alguém que estabelece a sua própria retidão, como o alicerce para sua
aceitação com Deus.
6. Este é aquele que 'tendo a forma da santidade, nega o poder dela'; sim, e
provavelmente a ultraja, onde quer que ela seja encontrada, como mera extravagância e
ilusão. Enquanto isto, o desprezível auto-enganador agradece a Deus, já que ele 'não é
como os outros homens; adúlteros, injustos, usurários': não, ele não faz mal a homem
algum. Ele 'jejua, duas vezes por semana'; usa de todos os meios da graça; é constante na
igreja e no sacramento; sim, e 'dá o dízimo de tudo que ele tem'; faz todo o bem que ele
pode 'no tocante à retidão da lei'; ele está 'sem culpa': ele quer nada da santidade, a não ser
o poder; nada da religião, a não ser o espírito; nada do Cristianismo, a não ser a verdade e a
vida.
7. Mas você não sabe que, embora altamente estimado entre os homens, tal cristão é
uma abominação aos olhos de Deus, e um herdeiro de cada infortúnio que o Filho de Deus,
ontem, hoje, e para sempre, denuncia contra os 'escribas e fariseus, hipócritas?'. Ele
'limpou o lado de fora do copo e travessa', mas dentroestá cheio de toda imundície. 'Uma
doença diabólica aderida a ele ainda, de modo que suas partes interiores são a própria
perversidade'. Nosso Senhor adequadamente o compara a um 'sepulcro caiado', que
'parece bonito por fora'; não obstante, 'está cheio de ossos de homens mortos, e de toda
sorte de impureza'. Os ossos, na verdade, já estão secos; os tendões e a carne estão sobre
eles, e a pele os cobre: mas não existe fôlego neles, não existe o Espírito do Deus vivo. E,
'se algum homem não tem o Espírito de Cristo, ele não é Dele'. 'Você é de Cristo, se o
Espírito de Deus habitar em você': mas, se não, Deus sabe que você habita na morte, até
mesmo, agora.
8. Esta é uma outra característica daquele que dorme, e de quem se fala aqui. Ele
habita na morte, embora ele não saiba disto. Ele está morto para Deus, 'morto nas
transgressões e pecados'. Uma vez que, 'estar carnalmente inclinado é estar morto'. Assim
como está escrito, 'Através de um homem, o pecado entrou no mundo, e a morte, através do
pecado; e então, a morte passou para todos os homens'; não apenas a morte temporal, mas,
igualmente, a morte espiritual e eterna. 'No dia que tu comeres', disse Deus a Adão, 'tu
certamente morrerás'; não fisicamente (exceto quando ele, então, se tornara imortal), mas
espiritualmente: tu perderás a vida de tua alma; tu deverás morrer para Deus: tua vida, e
felicidade essencial estarão separadas Dele.
9. Assim, primeiro, foi dissolvida a união vital de nossa alma com Deus; de tal
maneira que, 'em meio à vida' natural, 'nós estamos' agora na 'morte' espiritual. E nisto
permanecemos, até que o Segundo Adão se torna um Espírito vivificado para nós; até que
ele se ergue dos mortos, a morte no pecado, no prazer, riquezas e honras. Mas, antes que
sua alma morta possa viver, ele 'ouve' (ouve atentamente) 'a voz do Filho de Deus': ele se
torna consciente de seu estado perdido, e recebe a sentença da morte em si mesmo. Ele se
reconhece 'morto enquanto vive'; morto para Deus, para todas as coisas de Deus; tendo não
mais poder para executar as ações de um cristão vivo, do um morto fisicamente, para
executar as funções de um homem vivente.
10. E é mais certo que alguém morto no pecado não tem 'os sentidos exercitados, de
maneira a discernir o bem e mal espiritual'. 'Tendo olhos, ele não vê; ele tem ouvidos, mas
não ouve'. Ele não 'prova e vê que aquele Senhor é gracioso'. Ele 'não vê Deus em
momento algum'; nem 'ouve sua voz', nem 'faz uso da palavra da vida'. Em vão, é o nome
de Jesus, 'como o ungüento emanado, e todas as suas vestimentas com cheiro de mirra,
aloés, e canela'. A alma que dorme na morte não tem percepção de quaisquer objetos deste
tipo. Seu coração está 'insensível', e não entende qualquer uma dessas coisas.
11. E, assim, não tendo sentidos espirituais; não tendo aberturas para o
conhecimento espiritual, o homem natural não recebe as coisas do Espírito de Deus; mais
do que isto, ele está tão longe de recebê-las, que quem quer que seja espiritualmente
preocupado é um mero tolo para ele. Ele não está satisfeito de ser extremamente ignorante
das coisas espirituais, mas nega a existência delas. E a própria sensação espiritual é para ele
a tolice do tolo. 'Como é', diz ele, 'que essas coisas podem ser?'. 'Como algum homem pode
saber que está vivo para Deus?'. Assim como você sabe que seu corpo agora vive! Fé é a
vida da alma; e se você não tem esta vida, habitando em você, você não necessita de marcas
para evidenciar isto em si mesmo, mas daquela consciência divina, daquele testemunho de
Deus, que é maior do que dez mil testemunhos humanos.
12. Se Ele não testemunha, agora, com teu espírito que tu és um filho de Deus, Ó,
que Ele possa convencer a ti; tu, pobre pecador adormecido, pela Sua demonstração e
poder, de que tu és um filho do diabo! Ó, que, como eu profetizo, possa existir agora 'um
barulho e um abalo'; e 'os ossos' possam se 'juntar, cada osso a seu osso!'. Então, 'virá dos
quatro ventos, Ó, Fôlego! E soprará neste pobre miserável, para que ele possa vive!'. E
que vocês não endureçam teus corações e resistam ao Espírito Santo, que, até mesmo agora,
está vindo para convencê-los de seus pecados, 'já que vocês não crêem no nome do
Unigênito Filho de Deus'.
II
1. O motivo do 'acorda, tu que dormes, e levanta-te dos mortos': Deus chamou a ti
agora, através da minha boca; e ordena a ti que conheças a ti mesmo, tu espírito caído, teu
verdadeiro estado, e que apenas se preocupa com as coisas que estão abaixo. 'O que tu
pretendes, Ó adormecido? Levanta-te. Atende ao teu Deus; se assim for, teu Deus pensará
em ti, para que tu não pereças'. Uma poderosa tempestade está derramada em volta de ti, e
tu estás mergulhado nas profundezas da perdição, no abismo dos julgamentos de Deus. Se
tu quiseres escapar deles, lança-te dentro deles. 'Julga a ti mesmo, e tu não serás julgado
pelo Senhor'.
2. Acorda, Acorda! Levanta-te neste exato momento, a fim de que tu não 'bebas, das
mãos do Senhor, o copo de sua fúria'. Levanta-te, e segura no Senhor, o Senhor de tua
Retidão, poderoso para salvar! 'Sacuda o pó de ti'. Por fim, deixe o terremoto das ameaças
de Deus te abalarem. Acorda, e clama com o carcereiro trêmulo, 'O que devo fazer para ser
liberto?'. E nunca descanse, até que tu creias no Senhor Jesus, com a fé que é o Seu dom,
através da operação de Seu Espírito.
3. Se eu falo a algum de vocês mais do que a outro, é para ti que te julgas
despreocupado quanto a essa exortação. 'Eu tenho uma mensagem de Deus para ti'. Em
nome Dele, eu aconselho-te 'a fugir da ira vindoura'. Tua alma iníqua vê teu retrato na
condenado Pedro, mentindo no escuro calabouço, entre os soldados, preso às duas algemas,
os carcereiros, diante da porta, vigiando a prisão. A noite já está alta, e a manhã está à mão,
quando tu serás conduzido para execução. E nestas circunstâncias terríveis, tu deverás
dormir rapidamente; tu dormirás nos braços do diabo, à beira do precipício, na garganta da
destruição eterna!
4. Ó, possa o Anjo do Senhor vir até ti, e a luz brilhar dentro de tua prisão! E que tu
possas sentir o toque de uma Mão Poderosa, erguendo-te, com o clamor, 'Levanta-te
rapidamente, prepara-te, e amarra tuas sandálias, joga tuas vestes sobre ti, e segue-Me'.
5. Acorda, tu, espírito eterno, do teu sonho de felicidade mundana! Deus não te
criou para Si mesmo? Então, tu não podes descansar, até que tu descanses Nele. Retorna,
tu, viandante! Fuja de volta para tua arca. Este não é teu lar. Não pensa em construir
tabernáculos aqui. Tu não passas de um estranho, um hóspede sobre a terra; uma criatura de
um dia, mas daqui a pouco partindo para um estado permanente. Apressa-te! A eternidade
está à mão. A eternidade depende deste momento. Uma eternidade de felicidade, ou uma
eternidade de miséria.
6. Qual o estado de tua alma? Se Deus, enquanto eu ainda estou falando, a
requeresse de ti, será que tu estarias pronto para encontrares a morte e o julgamento? Podes
tu estar diante dos olhos de Deus; tu és tão 'puro de olhos que não podes ver a iniqüidade?'.
(Habacuque 1:13). Serás tu 'parceiro da herança dos santos na luz?'. (Colossense 1:12).
Tens 'lutado a boa luta, e mantido a fé?'. (I Timóteo 6:12). Tens assegurado a única coisa
necessária? Tens recuperado a imagem de Deus, até mesmo a retidão e a santidade
verdadeira? Tens te despojado do velho homem, e colocado o novo no lugar? Estás de
acordo com Cristo?
7. Tens tu óleo na candeia? Graça no teu coração? 'Tu amas o Senhor teu Deus, com
todo teu coração, e com toda tua mente e toda tua alma, e com todas as tuas forças?'. Está
em ti aquela mente que também estava em Jesus Cristo? Tu és um cristão, de fato; ou seja,
uma nova criatura? As coisas velhas já se passaram, e todas as coisas se tornaram novas?
8. És tu 'parceiro da natureza divina?'. Tu sabes que 'Cristo está em ti, exceto se tu
fores réprobo?'. Tu sabes que Deus 'habita em ti, e tu em Deus, através do Espírito Dele, e
que Ele deu a ti?'. Tu sabes que 'teu corpo é o templo do Espírito Santo, o qual tu tens de
Deus?'. Tenso testemunho em ti mesmo? A garantia de tua herança? Tu tens 'recebido o
Espírito santo?'. Ou tu foges à questão, não sabendo, 'se existe algum Espírito Santo?'.
9. Se isto ofende a ti, estejas seguro de que tu nem és um cristão, nem desejas ser
um. Mais do que isto, mesmo teu prazer tornou-se pecado; e tu solenemente tens zombado
de Deus, neste mesmo dia, orando pela inspiração do Espírito Santo, quando tu não crês
que existiu alguma coisa assim para ser recebida.
10. Ainda assim, na autoridade da Palavra de Deus, e de nossa própria igreja, eu
devo repetir a questão: 'Tu já recebeste o Espírito Santo?'. Se tu não recebeste, tu não és
ainda um cristão. Porque um cristão é um homem que está 'ungido com o Espírito Santo e
com o poder'. Tu ainda não foste feito um parceiro da religião pura e imaculada. Tu sabes o
que é a religião? – que ela é a participação da natureza divina; a vida de Deus na alma do
homem; Cristo formado no coração; 'Cristo em ti, a esperança da glória'; felicidade e
santidade; o céu iniciado na terra; 'um reino de Deus, dentro de ti; não carne e bebida'; não
coisas exteriores; 'mas a retidão, paz, e a alegria no Espírito santo'; um reino eterno
trazido para dentro de tua alma; 'a paz de Deus que ultrapassa todo entendimento'; 'a
alegria inexplicável, e cheia de glória?'.
11. Tu sabes que 'em Jesus Cristo, nem a circuncisão tem proveito algum, nem a
incircunscisão; mas a fé que é operada pelo amor'; mas a nova criação? Vês a necessidade
daquela mudança interior; daquele nascimento espiritual; daquela vida de entre os mortos;
daquela santidade? Estás totalmente convencido de que sem ela, nenhum homem verá o
Senhor? Estás te esforçando em busca dela? – 'aplicando toda diligência, para tornares teu
chamado e eleição, verdadeiros'; 'operando tua salvação com medo e tremor', 'agonizando
para entrares pelo portão estreito?'. Estás tranqüilo com respeito à tua alma? Podes dizer
ao Pesquisador dos corações, 'Tu, Ó, Deus, és o que eu há muito procurava! Senhor, tu
sabes todas as coisas; Tu sabes que eu amo a Ti!'.
12. Tu esperas ser salvo. Mas que motivo tens tu para teres esperança? Será porque
tu não tens causado mal? Ou, porque tu tens feito o bem? Ou, porque tu não és, como os
outros homens; és sábio, ou culto, ou honesto, e moralmente bom; estimado pelos homens,
e de uma reputação justa? Ai de mim! Tudo isto nunca irá levar-te até Deus. Ele considera
isto mais brilhante do que a vaidade. Tu conheces Jesus Cristo a quem Ele enviou? Ele te
ensinou que 'pela graça somos salvos, através da fé; e isto, não pelos nossos meios: mas
pelo dom de Deus: não pelas obras, a fim de que nenhum homem se vanglorie?'. Tens
recebido as palavras fiéis, como todo o alicerce de tua esperança, 'de que Jesus Cristo veio
para o mundo, para salvar os pecadores?'. Tu tens aprendido que isto significa, 'Eu não
vim chamar o justo, mas os pecadores ao arrependimento?'. Eu não fui enviado, a não ser
para as ovelhas perdidas? Tu já estás (aquele que ouve, que entenda!) perdido, morto e
condenado? Conheces teus desertos? Conheces tuas necessidades? És 'pobre em espírito?'.
Murmuras por Deus, e recusa-te a seres confortado? É o pródigo 'volte a si', e fique
satisfeito, embora que sendo considerado 'fora de si', por aqueles que estão ainda se
alimentando dos restos, que Ele tem deixado? Tu tens desejado viver devotadamente em
Jesus Cristo? Tu sofres, portanto, perseguição? Os homens dizem toda forma de mal contra
ti, falsamente, por causa do Filho do Homem?
13. Que em todas essas questões, tu possas ouvir a voz daquele que acorda o morto;
e sinta aquele martelar da Palavra, que parte as pedras em pedaços! 'Se ouvires a voz dele
hoje, enquanto é chamado hoje, não endureça teu coração'. Agora, 'acorda, tu que
dormes', na morte espiritual, para que tu não durmas na morte eterna! Conscientiza-te de
teu estado perdido, e 'ergue-te dos mortos'. Deixa tuas velhas companhias no pecado e
morte. Segue Jesus, e deixa os mortos enterrarem seus mortos. 'Salva a ti mesmo desta
geração perversa'. 'Sai do meio deles, fica de fora, e não toca em coisa impura, e o Senhor
irá receber a ti'. 'Cristo irá te dar a luz'.
III
1. Esta promessa, eu vou finalmente explicar. E quão encorajadora consideração é
esta, a de que quem quer que tu sejas, que obedeças ao chamado Dele, tu não terás buscado
tua face em vão! Se, até mesmo agora, tu 'acordas, e te ergues dos mortos', ele se verá
inclinado a 'dar a ti a luz'. 'O Senhor dará a ti graça e glória'; a luz de sua graça aqui, e a
luz de sua glória, quando tu receberás a coroa que se desvaneceu. 'Tua luz deverá irromper
como a manhã; e a tua escuridão será como o sol do meio-dia'. 'Deus, que ordenou que a
luz brilhasse na escuridão, deverá brilhar em teu coração; para dar o conhecimento da
glória de Deus, na face de Jesus Cristo'. Sobre aqueles que temem, o Senhor 'fará o Sol da
Retidão se erguer com cura em suas asas'. E naquele dia será dito a ti: 'Levanta, brilha;
porque tua luz está vindo, e a glória de Deus está sobre ti'. Porque Cristo revelará a si
mesmo em ti: e ele é a Luz verdadeira.
2. Deus é luz, e dará a si mesmo a todo pecador desperto que esperou por Ele; e tu
serás, então, o templo do Deus vivo, e Cristo deverá 'habitar em teu coração, pela fé'; e
'estando enraizado e alicerçado no amor, tu serás capaz de compreender com todos os
santos, o que é a largura, comprimento, profundidade de altura daquele amor de Cristo
que ultrapassa o conhecimento'.
3. Você verá seu chamado, irmão. Nós seremos chamados a estarmos 'na habitação
de Deus, através de seu Espírito'; e, através de seu Espírito, habitando em nós, para sermos
santos aqui e parceiros da herança dos santos na luz. Tão excessivamente grandes são as
promessas que são dadas a nós; efetivamente dadas a nós que cremos! Porque, pela fé, 'nós
recebemos, não o espírito do mundo, mas o Espírito que é de Deus'. – a soma de todas as
promessas – 'para que possamos conhecer as coisas que nos são livremente dadas por
Deus'.
4. O Espírito de Cristo é aquele grande dom de Deus, que em diversos momentos, e
de diversas maneiras, Ele tem prometido ao homem, e tem concedido, desde o tempo em
que Cristo foi glorificado. Aquelas promessas, antes feita aos antepassados, ele tem assim
cumprido: 'Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos,
e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis. (Ezequiel 36:27). 'Porque derramarei
água sobre o sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a
tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência' (Isaías 44:3).
5. Vocês todos podem ser testemunhas vivas dessas coisas; da remissão dos
pecados, e do dom do Espírito Santo. 'Se tu podes crer, todas as coisas são possíveis a ele
que crê'. 'Quem, entre vocês, teme ao Senhor, e', ainda assim, caminha 'na escuridão, e não
tem a luz?'. Eu pergunto a ti, em nome de Jesus: Tu crês que os braços dele não são curtos,
afinal? Que ele é ainda poderoso para salvar? Que Ele é o mesmo ontem, hoje, e para
sempre? Que Ele tem agora poder sobre a terra para perdoar os pecados? 'Filho, alegra-te;
teus pecados foram perdoados'. Deus, por causa de Cristo, perdoou a ti. Recebe isto, 'não
como a palavra do homem; mas como ela é, a palavra de Deus'; tu estás justificado
livremente pela fé. Tu serás santificado também, através da fé, que está em Jesus, e
colocarás o teu selo, até mesmo tu; 'Aquele que nos foi dado por Deus na vida eterna, e
esta vida está em seu Filho'.
6. Homens e irmãos, deixem-me falar livremente a vocês, e permitir-lhes a palavra
de exortação, mesmo do menos estimado na igreja. A consciência de vocês são suas
testemunhas no Espírito Santo, de que essas coisas são assim; portanto, vocês
experimentaram que o Senhor é gracioso. 'Esta é a vida eterna: conhecer o único Deus
verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem Ele enviou'. Este conhecimento experimental, e apenas
este, é o Cristianismo verdadeiro. Ele é um cristão que recebeu o Espírito de Cristo. Ele não
é um cristão que não O recebeu. Nemé possível recebê-Lo, e não saber disto. Porque, até
aquele dia' (quando ele virá, diz nosso Senhor), 'vocês deverão saber que eu estou no Meu
Pai, e vocês estão em Mim, e Eu em vocês'. Este é aquele 'Espírito da Verdade, a quem o
mundo não pode receber, porque ele não O vê; nem O conhece: mas vocês O conhecem; já
que Ele habita convosco, e deverá estar em vocês'. (João 14:17).
7. O mundo não pode recebê-Lo, e rejeita extremamente a Promessa do Pai,
contradizendo e blasfemando. Mas cada espírito que não confesse, este não é de Deus. Sim,
'este é aquele espírito de Anticristo, o qual vocês ouviram viria para o mundo; e mesmo
agora está no mundo'. É Anticristo quem quer que negue a inspiração do Espírito Santo,
ou aquele Espírito de Deus que é o privilégio comum de todos os crentes; a bênção do
evangelho; o inexprimível dom; a promessa universal; o critério de um cristão verdadeiro.
8. Em nada os ajuda dizer: 'Nós não negamos a assistência do Espírito de Deus;
mas apenas esta inspiração; este receber do Espírito Santo: e estar consciente disto. É
apenas esta consciência do Espírito; este ser movido pelo Espírito; ou preenchido com Ele,
que nós negamos existir, em qualquer parte da religião perfeita'. Mas em apenas negar
isto, vocês negam todas as Escrituras; toda a verdade, e promessa e testemunho de Deus.
9. Mesmo nossa excelente igreja conhece nada desta distinção diabólica; mas fala
claramente da 'consciência do Espírito de Cristo' [Artigo 17]; do ser 'movido pelo Espírito
Santo'. [Ofício dos Sacerdotes consagrados] e do conhecer e 'sentir que não existe outro
nome do que o de Jesus', [Visitação do Doente], por meio do qual podemos receber vida e
salvação. Ela nos ensina a orar pela 'inspiração do Espírito Santo'. [coleta: oração que na
missa precede a epístola, antes da Comunhão Santa]; sim, e que nós podemos ser
'preenchidos com o Espírito Santo' [Ordem da Confirmação]. Mais ainda: que cada
Presbítero dela professa receber o Espírito Santo, pela imposição de mãos. Portanto, negar
qualquer um desses, é, em efeito, renunciar à Igreja da Inglaterra, assim como toda a
Revelação Cristã.
10. Mas 'a sabedoria de Deus' foi sempre 'tolice para os homens'. Não é de se
admirar, então, que o grande mistério do evangelho pudesse agora também ser 'oculto do
sábio e prudente', assim como, nos dias dos antepassados; para que ele fosse quase
universalmente negado, ridicularizado, e demolido, como mero frenesi; e para que todos
que se atreveram a admiti-lo ainda sejam estigmatizados com os nomes de loucos e
entusiastas! Este é 'aquele se apostatar', que viria – aquela apostasia geral de todas as
ordens e graus de homens, que nós, até mesmo agora, constatamos tem se espalhado sobre a
terra. 'Percorram, de um lado a outro, as ruas de Jerusalém, e vejam se vocês podem
encontrar um homem'; um homem que ame o Senhor seu Deus, com todo seu coração, e O
serve com todas as suas forças. Como nossa própria terra pranteia (para que não vejamos
mais além), debaixo da inundação de iniqüidade'! Que vilanias de todos os tipos são
cometidas, dia a dia; sim, tão freqüentemente, com impunidade, por aqueles que pecam
com a mão direita, e gloriam-se de sua vergonha! Quem pode somar as pragas, maldições,
blasfêmias profanas; a mentira, calúnia, maledicência; a quebra do Sabbath, glutonaria,
bebedeira, vingança; as prostituições, adultérios, e várias impurezas; as fraudes, injustiça,
opressão, extorsão, que se espalham sobre a terra como uma inundação?
11. E mesmo em meio àqueles que se mantiveram puros daquelas abominações mais
grosseiras; quanta ira e orgulho; quanta indolência e ócio; quanta fraqueza e efeminação;
quanta luxúria e auto-indulgência; quanta cobiça e ambição; quanta sede de
reconhecimento; quanto amor do mundo; quanto temor do homem, é encontrado!
Entretanto, quão pouco da verdadeira religião! Porque, onde está aquele que ama a Deus,
ou ao seu próximo, como Ele nos ordenou? Por um lado, estão aqueles que não têm tanto
da forma de santidade; por outro, aqueles que têm apenas a forma: lá se situa o notório, e
pintado, sepulcro. De modo que, no mesmo feito, quem quer que fosse honestamente
observar qualquer público reunindo-se (eu temo que esses, em nossas igrejas, não devem
ser esperados), poderia facilmente perceber que, uma parte seria Saduceus, e a outra,
Fariseus'; uma tendo quase tão pouco entendimento sobre a religião, como se não existisse
'ressurreição, nem anjo, nem espírito'; e a outra, fazendo dela uma forma sem vida, uma
sucessão entorpecida de manifestações externas, sem tanto a fé verdadeira, quanto o amor
de Deus, ou a alegria do Espírito Santo!
12. Deus permitisse, eu gostaria que nos excluíssemos dessa condição! 'Irmãos, o
desejo de meu coração, e oração a Deus, por vocês, é que vocês possam ser salvos' deste
transbordamento de iniqüidade; e que aqui suas ondas orgulhosas permaneçam! Mas é desta
forma, na verdade? Deus sabe que não; sim, e nossa consciência, também. Nós não temos
nos mantidos puros. Nós somos também corruptos e abomináveis; e poucos existem que
entendem um pouco mais; poucos que adoram a Deus em espírito e verdade. Nós também
somos 'uma geração que não fixa seus corações corretamente, e cujo espírito não se adere
firmemente a Deus'. Ele nos designou, de fato, para sermos 'o sal da terra; mas se o sal
tiver perdido o seu sabor, ele será, dali pra frente, bom para nada; a não ser, para ser
lançado fora, e pisoteado pelos homens'.
13. E 'eu não deverei ver, por causa dessas coisas, diz o Senhor? Minha alma não
se vingará de tal nação como esta?'. Sim. Nós não sabemos, quão logo Ele poderá dizer à
espada: 'Espada, vá através desta terra!'. Ele nos deu muito tempo, para que nos
arrependêssemos. Ele nos deixou sozinhos este ano também: mas Ele nos acautela e nos
desperta, trovejando. Seus julgamentos estão nos arredores da terra; e nós temos todas as
razões para esperar a maior colheita de todas, até mesmo aquela de que Ele 'viria a nós
rapidamente, e removeria nosso castiçal de seu lugar, exceto, se nos arrependêssemos e
realizássemos as primeiras obras'; a menos que retornemos aos princípios da Reforma, a
verdade e simplicidade do evangelho. Talvez, estejamos agora resistindo ao ultimo
empenho da graça divina em nos salvar. Talvez, tenhamos quase 'preenchido a medida de
nossas iniqüidades', rejeitando o conselho de Deus, contra nós mesmos, e expulsando Seus
mensageiros.
14. Ó, Deus, 'durante Tua ira, tenha misericórdia!'. Seja glorificado em nossa
reforma, não em nossa destruição! 'ouve o açoite, e ele que o designou!'. Agora que Teus
'julgamentos estão nos arredores da terra', que os habitantes do mundo 'aprendam a
retidão!'.
15. Chegou a hora, meus irmãos, de acordarmos do sono, antes que 'a grande
trombeta do Senhor seja soprada', e nossa terra se torne um campo de sangue. Ó, que nós
possamos rapidamente ver as coisas que são feitas para nossa paz, antes que elas
desapareçam de nossos olhos! 'Volta-te a nós, Ó, bom Senhor, e permite que Tua ira cesse.
Ó, Senhor, vê dos céus, observa e visita esta vinha'; e nos faze saber 'a hora de nossa
visitação'. 'Ajuda-nos, Ó, Deus da nossa salvação, para a glória de Teu nome! Liberta-nos,
e é misericordioso para com nossos pecados, por causa de Teu nome! E, assim, nós não
nos afastaremos de Ti. Ó, permite que vivamos, e sermos chamados pelo Teu nome. Volta
para nós novamente, Ó Senhor dos Exércitos! Mostra a luz de Teu semblante, e seremos
completos'.
'Agora, junto a Ele que é capaz de fazer abundantemente mais acima de tudo que
possamos pedir ou pensar, de acordo com o poder que opera em nós; a Ele seja a glória na
Igreja, por de Cristo Jesus, através de todos os tempos; mundo sem fim. – Amém!'.
[Editado anonimamente no Memorial University of Newfoundland, com correções de
George Lyons da Northwest Nazarene College para a Wesley Center for Applied Theology.]
Cristianismo Bíblico
John Wesley
Pregado na Igreja de St. Mary, Oxford
Diante da Universidade
24 de Agosto de 1744
[Início do Trabalho de John Wesley aos 41 anos]
[Estesermão foi originalmente publicado em um panfleto separado,
acompanhado do seguinte endereçamento: 'ao leitor', para o qual foi afixada uma
indicação do autor: 'Não foi meu desejo, quando eu escrevi, alguma vez, imprimir a
última parte do sermão seguinte: Mas os relatos falsos e grosseiros dele, que têm sido
publicados, quase em cada canto da nação, constrangeram-se a publicá-lo completo,
exatamente como foi pregado; para que os homens de razão possam julgar por eles
mesmos' EDIT]
"Se aquele que ouvir o som da trombeta, não se der por avisado, e vier a espada, e o
alcançar, o seu sangue será sobre a sua cabeça". (Ezequiel 33:4)
'E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do
Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus'. (Atos 4:31)
1. A mesma expressão ocorre no Segundo capítulo, onde lemos: 'Quando o dia
de Pentecostes chegou completamente, eles todos estavam' (os Apóstolos, com as
mulheres, e a mãe de Jesus e seus irmãos) 'em concordância, no mesmo lugar. E de
repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda
a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como
que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do
Espírito Santo': um efeito imediato disto foi que eles 'começaram a falar noutras
línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem'; de tal maneira, que
ambos os Partos, Medos, Elamitas, e os outros estrangeiros 'se reuniram, quando o
som se espalhou, pelos arredores, ouviram-nos falarem, em suas diversas línguas, as
maravilhosas obras de Deus' (Atos-2:1-9).
2. Neste capítulo, nós lemos que, quando os Apóstolos e irmãos oraram e
louvaram a Deus, 'o lugar onde eles estavam reunidos foi abalado, e eles foram
preenchidos com o Espírito Santo'. Não que encontremos alguma aparição visível
aqui, tal como tinha sido na instância anterior; nem fomos informados que os dons
extraordinários do Espírito Santo foram, então, dados a todos ou alguns deles; tal
como os dons de 'curar, de operar' outros 'milagres, de profecia, de discernir
espíritos, de falar outras variedades e interpretações de línguas' (I Cor. 12:9-10).
3. Se esses dons do Espírito Santo foram designados a permanecerem na
igreja, através de todas as épocas; e quer serão ou não restaurados, quando da
aproximação da 'restituição de todas as coisas', são questões que não há necessidade
de decidir. Mas é necessário observar isto: que, mesmo nos primórdios da igreja,
Deus os dividiu com reserva. Eles todos foram, então, profetas? Eles todos foram
operadores de milagres? Tinham todos os dons da cura? Todos falavam em línguas?
Não, de maneira alguma. Talvez, um, em um mil. Provavelmente, ninguém, a não ser
os professores na igreja, e apenas alguns deles.
(I Corintios 12:28-30) 'E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos,
em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de
curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos?
São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres? Têm
todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?'.
Portanto, foi para um propósito mais excelente do que este que 'eles foram
preenchidos com o Espírito Santo'.
4. Foi para dar a eles (o que ninguém pode negar que seja essencial para todos
os cristãos, em todos os tempos) a mente que estava em Cristo; aqueles frutos do
Espírito, que quem não os tivesse, não estaria Nele; para preenchê-los com 'o amor,
alegria, paz, longanimidade, gentileza, bondade'. (Gálatas 5:22-24); para capacitá-
los com a fé (talvez, ela pudesse ser restituída em fidelidade), com a mansidão e
temperança; para capacitá-los a crucificar a carne, com suas afeições e
concupiscências; suas paixões e desejos; e, em conseqüência daquela mudança
interior, preencher toda a retidão exterior; 'caminhar como Cristo tem caminhado', na
'obra da fé, na paciência da esperança, no trabalho do amor'.
(I Tessalonicenses 1:3) 'Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do
trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante
de nosso Deus e Pai'
5. Sem que nos ocupemos, então, com inquisições curiosas, desnecessárias, no
tocante àqueles dons do Espírito, vamos buscar uma visão mais aproximada daqueles
seus dons comuns, que nós estamos seguros irão permanecer através dos tempos; -- da
grande obra de Deus, em meio aos filhos dos homens, que nós usamos expressar com
uma palavra 'Cristianismo'; não quando ele implica um grupo de opiniões, um sistema
de doutrinas, mas quando ele se refere aos corações e vidas dos homens. Pode ser útil
considerar este Cristianismo, sob três panoramas distintos:
I. Quando começa a existir nos indivíduos:
II. Quando se espalha de um para outro?
III. Quando cobre a terra. .
I
Eu pretendo encerrar essas considerações, com uma aplicação clara e prática.
1. Em Primeiro Lugar, vamos considerar o Cristianismo em sua origem,
quando começou a existir nos indivíduos.
Suponha, então, que um desses que ouviram o Apóstolo Pedro pregando o
arrependimento e remissão dos pecados, fosse afligido no coração; fosse convencido
do pecado; se arrependesse, e, então, cresse em Jesus. Através dessa fé da operação de
Deus, que era a mesma substância, ou subsistência das coisas esperadas, para a
evidência demonstrativa das coisas invisíveis, ele instantaneamente recebesse o
Espírito de adoção, por meio do qual ele agora clamava, 'Aba, Pai'.
(Hebreus 11:1) 'Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a
prova das coisas que se não vêem'.
(Romanos 8:15) 'Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra
vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual
clamamos: Aba, Pai'.
'Assim foi que ele pôde, a principio, chamar Jesus de Senhor, através do
Espírito Santo . (I Corintios 12:3) 'Portanto, vos quero fazer compreender que
ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer
que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo'; o próprio Espírito testemunhando
com seu espírito que ele era um filho de Deus. (Romanos 8:16) -- Assim foi que ele
pôde verdadeiramente dizer: 'Eu não vivo, mas Cristo vive em mim; e a vida que eu
agora vivo na carne, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si
mesmo por mim'.
(Gálatas 2:20) 'Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas
Cristo vive em mim; e a vida, que agora eu vivo na carne, eu a vivo na fé do Filho de
Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim'.
2. Esta, então, foi a mesma essência da sua fé, a evidência divina (ou
convicção) do amor de Deus, o Pai, através do Filho de seu amor, para ele, um
pecador, agora aceito no Amado. E, 'sendo justificado pela fé, ele teve paz com Deus'.
(Romanos 5:1); sim, 'a paz de Deus, governando em seu coração'; a paz, que excede
todo o entendimento (toda mera concepção racional); preservou seu coração e mente
de toda dúvida e temor, através do conhecimento Dele, em que ele creu. Assim sendo,
ele não poderia 'estar temeroso de quaisquer boas novas diabólicas', porque seu
'coração permaneceu firme, crendo no Senhor'. Ele não temeu o que o homem
poderia fazer junto a ele, sabendo que mesmo os cabelos de sua cabeça foram todos
contados. Ele não temeu todos os poderes das trevas, que Deus diariamente esmagava
debaixo de Seus pés. Mais do que isto, ele não estava temeroso de morrer; não; ele
desejou 'partir, e estar com Cristo' -- (Filipenses 1:23) 'Mas de ambos os lados estou
em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito
melhor'; quem, 'através da morte, destruiu aquele que tinha o poder da morte, mesmo
o diabo; e livrou aqueles que, por causa do temor da morte, estiveram durante toda a
sua vida', até aquele momento', 'objeto da escravidão' -- (Hebreus 2:15) 'E livrasse a
todos os que, com medo da morte, estavam, por toda a vida, sujeitos à servidão'.
3. Sua alma, portanto, exaltou o Senhor,e seu espírito regozijou-se em Deus,
seu Salvador. 'Ele se regozijou Nele, com alegria inexprimível'; quem o tinha
reconciliado com Deus; até mesmo o Pai, 'em quem ele teve redenção, através do seu
sangue, o perdão dos pecados'. Ele se regozijou no testemunho do Espírito de Deus,
para com seu espírito, de que ele era um filho de Deus; e mais abundantemente, 'na
esperança da glória de Deus'; na esperança da imagem gloriosa de Deus, e na
completa renovação de sua alma, na retidão e santidade verdadeira; e na esperança da
coroa da glória; naquela 'herança, incorruptível, inviolável, e que não desaparece'.
4. 'O amor de Deus foi também espalhado em seu coração, pelo Espírito Santo
que foi dado a ele'. (Romanos 5:5) -- 'E, porque vós sois filhos, Deus enviou aos
vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai' (Gálatas 4:6) -- E
aquele amor filial de Deus estava continuamente aumentando, através do testemunho
que ele deu em si mesmo do amor redentor de Deus por ele -- 'Quem crê no Filho de
Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez,
porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu' (I João 5:10); -- por
'observar que tipo de amor foi que o Pai concedeu a ele, para que ele pudesse ser
chamado de filho de Deus'. (I João 3:1) 'Vede quão grande amor nos tem concedido o
Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece;
porque não o conhece a ele'. De modo que Deus era o desejo de seus olhos, e a
alegria de seu coração; sua porção no tempo e na eternidade.
5. Ele que assim amou a Deus não pôde deixar de amar seu irmão também; e,
'não em palavras apenas, mas em ação e verdade'. 'Se Deus', disse ele, 'assim nos
amou, nós devemos também amar uns aos outros' (I João 4:11) --; sim; cada alma do
homem, assim como, 'a misericórdia de Deus está sobre todas as suas obras'. --
(Salmos 145:9) 'O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas
as suas obras'. Concordante com isto, a afeição deste amante de Deus abraçou toda a
humanidade por amor a Ele; não excetuando aqueles que ele nunca vira na carne; ou
aqueles que ele não sabia coisa alguma mais do que eles eram 'os frutos de Deus'; por
cujas almas o Filho de Deus morreu; não excetuando o 'mau' e o 'ingrato', e menos de
tudo, os seus inimigos, aqueles que o odiaram, ou o perseguiram, ou acintosamente o
usaram por causa do seu Mestre. Estes tiveram um lugar peculiar, em seu coração e
em suas orações. Ele os amou 'como Cristo amou a nós'.
6. 'E o amor não se ensoberbece' (I Corintios 13:4) 'O amor é sofredor, é
benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se
ensoberbece'. Ele torna humilde toda alma em que ele habita. Assim sendo, ele se
tornou humilde de coração, e vil aos seus próprios olhos. Ele nunca buscou ou
recebeu o louvor de homens, mas aquele que veio de Deus apenas. Ele foi manso e
longânime, gentil com todos, e fácil de ser solicitado. A fidelidade e a verdade nunca
o deserdaram: elas foram 'presas ao seu pescoço, e escritas nas tábuas de seu
coração'. Pelo mesmo espírito, ele foi capacitado a ser equilibrado em todas as coisas,
refreando sua alma, assim como uma criança desmamada. Ele foi 'crucificado para o
mundo, e o mundo crucificado para ele'; superior 'ao desejo da carne; ao desejo dos
olhos; ao orgulho da vida'. Através do mesmo amor onipotente, ele foi salvo, da
paixão e do orgulho; da luxúria e vaidade; da ambição e cobiça; e de todo
temperamento que não estava em Jesus.
7. É fácil crer que aquele que teve esse amor em seu coração não faria mal ao
seu próximo. Era impossível para ele, conscientemente, e objetivamente, causar mal a
algum homem. Ele estava a uma grande distância da crueldade e do erro, de alguma
ação injusta ou indelicada. Com o mesmo cuidado, ele 'colocou um vigia diante de
sua boca, e refreou as portas de seus lábios', a fim de que não pudesse, através da
língua ser ofensivo contra a justiça, ou contra a misericórdia ou verdade. Ele colocou
para fora toda mentira, falsidade, e fraude; nem vileza foi encontrada em sua boca. Ele
não falou mal de homem algum; nem uma palavra indelicada saiu de seus lábios.
8. E como ele estava profundamente consciente da verdade daquela palavra:
'sem a mim, você não é capaz de fazer coisa alguma'; conseqüentemente, da
necessidade que ele tinha de ser desejoso de Deus todo o momento; então, ele
continuou diariamente em todas as ordenanças Dele, nos canais especificados de sua
graça para o homem: 'nas doutrinas dos Apóstolos', ou ensinando, e recebendo aquele
alimento da alma, com toda prontidão do coração; 'em repartir o pão', o que ele se
certificou ser a comunhão do corpo de Cristo; e 'nas orações', e louvores oferecidos
ao alto, pela grande congregação. E, assim, ele cresceu diariamente na graça,
aumentando no fortalecimento, no conhecimento e amor de Deus.
9. Mas não o satisfez meramente abster-se de praticar o mal. Sua alma estava
sedenta de fazer o bem. A linguagem de seu coração continuamente era: "'Meu Pai
opera até agora, e eu também'. Meu Senhor empreendeu fazer o bem; eu não devo
trilhar seus passos?". Assim sendo, quando ele tinha oportunidade, se ele não pudesse
fazer o bem de um tipo mais sublime, ele alimentava o faminto, vestia o nu, socorria o
órfão ou estranho, visitaria e assistiria àqueles que estavam doentes ou na prisão. Ele
daria todos os seus bens para alimentar o pobre. Ele se regozijaria em trabalhar ou
sofrer por eles; e, onde ele pudesse ser proveitoso a outros, ele especialmente 'negaria
a si mesmo'. Ele não considerava coisa alguma tão valiosa, para que não repartisse
com eles; assim como, lembrar-se-ia da palavra de seu Senhor em (Mateus 25:40) 'Em
verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes'.
10. Tal foi o Cristianismo em seu surgimento. Tal foi um cristão nos tempos
passados. Tal foi cada um daqueles que, quando ouviam as ameaças dos sumos
sacerdotes e presbíteros, 'erguiam suas vozes para Deus, em um só acorde, e eram
todos preenchidos com o Espírito Santo. Multidões deles que acreditaram que tinham
um só coração e uma só alma': Assim, o amor Dele, em quem eles criam, os
constrangia a amarem uns aos outros! 'Nem qualquer um deles disse que a menor das
coisas que possuía era sai, mas eles tinham todas as coisas em comum': Tão
completamente eles estavam crucificados para o mundo, e o mundo crucificado neles!
'E eles continuaram firmemente com um só acorde com' a doutrina 'dos Apóstolos, e
no partir o pão, e nas orações' (Atos 2:42).
'E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram
cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus. E era um o
coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do
que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E os apóstolos
davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos
eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles, algum necessitado; porque
todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora
vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se, a cada um, segundo a
necessidade que cada um tinha'. (Atos 4:31-35)
II
1. Em Segundo Lugar, vamos dar uma olhada neste Cristianismo, quando se
propaga de um para outro, e, tão gradualmente, faz seu caminho no mundo: Porque tal
foi a vontade de Deus, concernente a ele, e que 'não acende a candeia e a coloca
debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa' (Mateus
5:15). E isto nosso Senhor declarou aos seus primeiros discípulos: 'Vocês são o sal da
terra'; 'a luz do mundo'; ao mesmo tempo em que deu a ordem geral: 'Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus' (Mateus 5:16).
2. Supondo-se que alguns poucos desses amantes da humanidade vejam que 'o
mundo todo jaz na malignidade', nós podemos crer que eles estariam despreocupados,
dianteda miséria daqueles por quem seu Senhor morreu? Eles não se apiedariam
deles, e seus corações não se derreteriam pela muita preocupação? Eles poderiam,
então, permanecer negligentes o dia todo, como se não houvesse ordem Dele, a quem
eles amaram? Ao contrário, eles não iriam trabalhar, por todos os meios possíveis,
para tirar alguns desses tições do fogo? Sem dúvida que iriam: eles não poupariam
dores para trazerem de volta quem eles pudessem, dessas pobres 'ovelhas
desgarradas, para o grande Pastor e Bispo de suas almas?' (I Pedro 2:25).
3. Assim fizeram os cristãos do passado. Eles trabalharam, e tendo
oportunidade, 'fizeram o bem a todos os homens' (Gálatas 6:10); aconselhando-os a
fugirem da irá vindoura; e a escaparem da condenação do inferno. Eles declararam
que em (Atos 17:30) 'Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância,
anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam'. Eles
clamaram para que tornassem e se convertessem de todos as transgressões: 'assim
sendo, a iniqüidade não lhes serviria de tropeço' (Ezequiel 18:30). Eles 'se
conscientizaram' com eles 'a respeito da temperança, e retidão', ou justiça – das
virtudes opostas aos seus pecados reinantes, ' do julgamento vindouro' – da ira de
Deus que certamente seria executada nos que praticam o mal, no dia em que Ele
julgará o mundo (Atos 24:25).
4. Assim sendo, eles se esforçaram para falar a todo homem severamente,
conforme a sua necessidade. Aos desamparados; àqueles que estavam despreocupados
nas trevas, e na sombra da morte, eles fizeram ecoar: 'Acorda, tu que dormes, e
levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá' (Efésios 5:14). Mas àqueles que
já estavam acordados, e gemendo conscientes da ira de Deus, a linguagem deles era:
'Vocês têm um Advogado com o Pai, ele é a conciliação para nossos pecados'. -- (I
João 2:1) 'Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se
alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo'. Neste meio
tempo, aqueles que tinham crido, eles foram incentivados a amar e a realizar as boas
obras; a persistirem pacientemente na benevolência; e a abundarem, mais e mais,
naquela santidade, sem o que nenhum homem verá o Senhor. -- (Hebreus 12:14)
'Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor'.
5. E o trabalho deles, no Senhor, não foi em vão. Sua palavra prosseguiu e foi
glorificada. Ela cresceu poderosamente e prevaleceu. Mas tanto quanto as ofensas
prevaleceram também. O mundo em geral foi ofendido, 'porque eles testificaram que
as obras dele eram más' (João 7:7). Os homens de prazer foram ofendidos; não
apenas esses homens foram levados, por assim dizer, a reprovarem seus pensamentos
('Ele professou', eles disseram, 'ter o conhecimento de Deus; ele chamou a si mesmo
de filho do Senhor; sua vida não é como os outros homens, seus caminhos são de um
outro tipo; ele se privou de nossos caminhos, como da imundície; ele jactou-se de que
Deus é seu Pai' – Prov. 2:13-16); muito mais, porque tantos de seus companheiros
saíram, e não mais correram com eles 'no mesmo desenfreamento de dissolução' (I
Pedro 4:4). Os homens de reputação foram ofendidos, porque como o Evangelho se
espalhou, eles declinaram na estima do povo; e porque muitos não mais se atreveram
a dar a eles títulos lisonjeiros, ou a prestar ao homem a homenagem devida a Deus
somente. Os homens de comércio se reuniram e disseram: 'Senhores, nós sabemos
que, por meio desta habilidade, nós temos nossa riqueza: mas vocês vejam e ouçam
que esses homens têm persuadido e desviado, muitas pessoas; de modo que esta nossa
prosperidade está em perigo de fracassar'.
(Atos 19:25-27) 'Aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras
semelhantes, disse: Senhores, vós bem sabeis que deste ofício temos a nossa
prosperidade; E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a
Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não
são deuses os que se fazem com as mãos. E não somente há o perigo de que a nossa
profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa
Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a
Ásia e o mundo veneram'.
Acima de tudo, os homens de religião, assim chamados; os homens da religião
exterior, 'os santos do mundo', foram ofendidos, e estavam prontos, em cada
oportunidade a gritar: 'Homens de Israel, socorro! Nós temos achado que este homem
é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo' (Atos
24:5). 'Esses são os homens que ensinam a todos os homens, em todas as partes,
contra o povo, e contra a lei, e contra este lugar; e, demais disto, introduziram
também no templo os gregos e profanaram este santo lugar' (Atos 21:28).
6. Assim foi que os céus se tornaram negros com nuvens, e uma tempestade
concentrou-se novamente. Quanto mais o Cristianismo se propagava, mais dano era
causado, por causa daqueles que não o receberam; e o número crescia daqueles que
estavam mais e mais enfurecidos com esses 'homens que, assim, viravam o mundo do
avesso'. -- (Atos 17:6) 'E, não os achando, trouxeram Jasom e alguns irmãos à
presença dos magistrados da cidade, clamando: Estes que têm alvoroçado o mundo
chegaram também aqui'. De tal maneira, que mais e mais gritavam: 'Fora com tais
camaradas da terra; não é adequado que eles possam viver'. Sim; e sinceramente
acreditaram que quem os matasse estaria prestando um serviço a Deus.
7. Entretanto, eles não falharam em banir o nome deles como sendo mau; de
modo que 'falou-se contra esta seita, em todos os lugares' -- (Lucas 6:22) 'Bem-
aventurados sereis quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos
injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem'. Os
homens disseram todo tipo de coisas ruins sobre eles, assim como havia sido feito aos
profetas que estiveram antes deles. -- (Mateus 5:12) 'Exultai e alegrai-vos, porque é
grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram
antes de vós'. E o que alguns afirmassem, outros acreditariam; de modo que as
ofensas cresceram como as estrelas do céu. E, disto, surgiu, no tempo destinado pelo
Pai, perseguição em todas as suas formas. Alguns, por um período, sofreram apenas
vergonha e reprovação; outros, 'o saque de seus bens'; alguns 'tiveram um julgamento
zombateiro e açoite; alguns 'grilhões e aprisionamento'; e outros 'resistiram com
sangue'.
(Hebreus 10:34) 'Porque também vos compadecestes das minhas prisões, e
com alegria permitistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes
nos céus uma possessão melhor e permanente'.
(Hebreus 11:36-38) 'E outros experimentaram escárnios e açoites, e até
cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada;
andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e
maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e
pelas covas e cavernas da terra'.
8. Foi quando os pilares do inferno foram abalados, e o reino de Deus se
espalhou mais e mais. Em todos os lugares, os pecadores foram 'trazidos das trevas
para a luz; e do poder de satanás para o poder de Deus'. Ele deu aos seus filhos 'tal
poder da palavra, e tal sabedoria, de modo que todos os seus adversários não
poderiam resistir'; e suas vidas tinham a mesma força que suas palavras. Acima de
tudo, o sofrimento deles falou para todo o mundo. Eles 'se confirmaram servos de
Deus, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nos
aprisionamentos, nos tumultos, nas labutas, nos perigos no mar, nos perigos da selva,
no cansaço e tormentos, na fome e sede, no frio e desamparo'.
(II Corintios 6:4-5) 'Antes, como ministros de Deus, tornando-nos
recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas
angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos
jejuns'.
E, quando depois de ter lutado a boa luta, eles foram conduzidos comoovelhas
ao matadouro, e oferecidos como sacrifício e serviço de sua fé; então, o sangue de
cada um encontrou a voz, e o pagão reconheceu, 'Ele estando morto, ainda assim
fala'.
9. Assim, o Cristianismo se espalhou na terra. Mas quão logo a praga apareceu
em meio ao trigo, e o mistério da iniqüidade operou, tanto quanto o mistério da
religiosidade! Quão logo, satanás encontrou um lugar, até mesmo no templo de Deus,
'até que a mulher fugiu para o deserto', e 'o fiel foi novamente misturou-se aos filhos
dos homens!'. Aqui, nós trilhamos um caminho muito usado: as ainda incessantes
corrupções das gerações precedentes foram largamente descritas, de tempos em
tempos, por aquelas testemunhas que Deus ergueu, para mostrar que Ele 'construiu
sua igreja sobre a rocha, e os portões do inferno não' completamente 'prevaleceriam
contra ela'. -- (Mateus 16:18) 'Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela'.
III
1. Mas nós não podemos ver coisas maiores do que essas? Sim; maiores do
que já tem existido, desde o começo do mundo. Satanás pode fazer com que a verdade
de Deus fracasse, ou suas promessas não tenham efeito? Se não, o tempo chegou
quando o Cristianismo irá prevalecer sobre tudo, e cobrirá a terra.
Vamos parar um pouco, e examinar (a terceira coisa que foi proposta) esta
estranha visão, um mundo cristão. Deste, os profetas do passado inquiriam e buscaram
diligentemente, 'indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo,
que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo
haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir' (I Pedro 1:10).
Disto, o Espírito que estava neles testemunhou: 'E acontecerá nos últimos dias
que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cima
dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. E irão muitos povos, e dirão:
Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os
seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de
Jerusalém a palavra do Senhor. E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos
povos; e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices;
uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a
guerrear' (Isaías 2:1-4).
'E acontecerá naquele dia que a raiz de Jessé, a qual estará posta por
estandarte dos povos, será buscada pelos gentios; e o lugar do seu repouso será
glorioso. E há de ser que naquele dia o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir
outra vez o remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de
Patros, e da Etiópia, e de Elã, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. E
levantará um estandarte entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os
dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra' (Isaias 11:10-12).
'E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito, e o
bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os
guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão
comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca da serpente, e a
desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano
algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do
Senhor, como as águas cobrem o mar' (Isaias 11:6-9).
2. Para o mesmo efeito são as palavras do grande Apóstolo, que é evidente
nunca foram cumpridas. 'Porventura rejeitou Deus seu povo? De modo nenhum'. Mas
através da queda deles veio a salvação para os gentios'. 'E se a diminuição deles for
a riqueza dos gentios, quanto mais sua plenitude!'. 'Porque eu não que vocês, irmãos,
sejam ignorantes deste segredo; que a cegueira aconteceu, em parte, a Israel, até que
a abundância de gentios venha: E assim Israel será salva'. (Romanos 11:1, 12, 25,
26)
3. Suponha agora que a plenitude do tempo virá e as profecias serão
consumadas. Que panorama é este! Tudo é paz, 'quietude e segurança para sempre'.
Aqui nenhum estrondo de armas; nenhum 'barulho confuso'; nenhuma vestimenta
manchada de sangue'. 'As destruições chegaram ao fim perpétuo'. As guerras
cessaram na terra. Nenhuma disputa interna restante; nenhum irmão erguendo-se
contra irmão; nenhuma região ou cidade dividida contra si mesma, e rasgando suas
próprias entranhas. A discórdia civil chegou ao fim para sempre, e ninguém restou
para destruir ou causar dano ao seu próximo. Aqui não existe opressão que 'torne', até
mesmo, 'o homem sábio, em louco1; nenhuma exortação para 'oprimir a face do
pobre'; nenhum roubo, ou agravo; nenhum saque ou injustiça; porque todos estão
'satisfeitos com as tais coisas que possuem'. Assim, 'a retidão e a paz se beijam --
(Salmos 85:10) 'A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se
beijaram'; elas 'criaram raízes e preencheram a terra'; 'a retidão floresceu da terra';
e 'a paz veio dos céus'.
4. E com retidão ou justiça, a misericórdia é também encontrada. A terra não
mais está cheia de habitações cruéis. O Senhor destruiu o sedento de sangue e o
malicioso; o invejoso e o vingativo. Onde havia alguma provocação, não existe quem
pague agora o mal com o mal; de fato, ninguém pratica o mal, porque todos são
inofensivos como pombas. Tendo sido preenchidos com a paz e alegria em crer, e
unido-se em um só corpo, através de um só Espírito, eles todos se amam como
irmãos; todos têm um só coração, e uma só alma. 'Nem algum deles diz que as coisas
que ele possui são suas'. Não existe necessitado em meio a eles: porque todo homem
ama seu próximo como a si mesmo. E todos caminham por uma só regra: 'O que quer
que você queira que os homens façam a você, faça o mesmo a eles'.
5. Segue-se que nenhuma palavra indelicada é ouvida mais entre eles;
nenhuma discussão; nenhuma contenda de qualquer tipo; nenhum insulto ou
maledicência. Mas todos 'abrem suas bocas com sabedoria, e nas suas línguas existe
a lei da delicadeza'. Igualmente incapazes são eles da fraude ou logro: o amor deles é
sem dissimulação: Suas palavras são sempre a justa expressão de seus pensamentos,
abrindo uma janela no peito, para que, quem deseje, possa olhar dentro de seus
corações, e ver que apenas amor e Deus estão lá.
6. Assim, onde o Senhor Onipotente toma para si mesmo seu poder imenso e
reina, Ele conquista todas as coisas para si mesmo'; faz com que cada coração
superabunde com amor, e preencha toda boca com louvor. 'Bem-aventurado o povo
ao qual assim acontece; bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor'. (Salmos
144:15) -- 'Levanta-te, resplandece'; (diz o Senhor) 'porque vem a tua luz, e a glória
do Senhor vai nascendo sobre ti; Tu sabes que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o
teu Redentor, o Poderoso de Jacó. Eu farei teus oficiais pacíficos, e justos teus
exatores. Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra, desolação nem destruição
nos teus termos; mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas Louvor.
Nunca mais te servirá o sol para luz do dia nem com o seu resplendor a lua te
iluminará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória'. (Isaías
60:1, 16-19).
IV
Tendo assim considerado brevemente o Cristianismo, quando do início,
quando avançou, e cobriu a terra, resta apenas que eu encerre tudo com uma aplicação
clara e prática.
1. Primeiro, eu pergunto: Onde este Cristianismo existe agora? Onde, eu
imploro, os cristão vivem? Qual é a região, em que os habitantes todos são assim
preenchidos com o Espírito Santo? – são todos de um só coração e uma só alma?
Onde ninguém suporta que alguém necessite de coisa alguma, mas continuamente dá
a cada um o que ele necessita; em que um e todos têm o amor de Deus preenchendo
seus corações, e os constrangendo a amar a seu próximo como a si mesmos; em que
todos estão 'cheios de misericórdia, humildade de mente, gentileza, longanimidade?'.
Onde ninguém causa qualquer ofensa, quer por palavra ou ação, contraa justiça,
misericórdia, ou verdade; mas em todos os pontos faz a todos os homens, o que eles
gostariam que fosse feito a eles? Com que propriedade nós podemos denominar
alguma região, cristã, se ela não corresponde a esta descrição? Uma vez que, permita-
nos confessar, nunca encontramos uma região cristã sobre a terra.
2. Eu rogo a vocês, irmão, pelas misericórdias de Deus, se vocês me
consideram um homem louco, ou tolo; ainda assim, como um tolo, que vocês me
suportem. É extremamente necessário que alguém possa usar de toda franqueza de
discurso em direção a vocês. É mais especialmente necessário, neste momento,
porque, quem sabe, não é o último? Quem sabe, quão logo, o justo Juiz poderá dizer:
'Eu não mais serei solicitado por esse povo?'. Ainda que Noé, Daniel, e Jo estivessem
nesta terra, eles não deixariam de livrar suas próprias almas'. E quem irá usar isto com
franqueza, se eu não usar? Portanto eu, mesmo eu, falarei. E eu imploro a vocês, pelo
Deus vivo, que vocês não endureçam seus peitos contra a bênção que recebem de
minhas mãos. Não digam em seus corações: Non persuadebis, etiamsi persuaseris
[Suas persuasões não poderiam prevalecer conosco, mesmo que elas pudessem
realmente nos convencer – EDIT]; ou, em outras palavras: 'Senhor, tu não deves
enviar, através daquele que tu irás enviar; deixa-me antes perecer em meu sangue, do
que eu ser salvo por este homem!'.
3. Irmãos, 'Eu estou persuadido das melhores coisas sobre vocês, embora eu
fale assim'. Então, me permitam perguntar-lhes, com amor terno, e no espírito de
mansidão: Está é uma cidade cristã? O Cristianismo; o Cristianismo bíblico é
encontrado aqui? Nós somos considerados como uma comunidade de homens, então,
'preenchidos com o Espírito Santo', de modo a nos alegrarmos em nossos corações, e
mostrarmos os frutos em nossas vidas; os frutos genuínos daquele Espírito? Todos os
magistrados, os líderes e diretores dos Colégios, e suas respectivas sociedades (para
não falar dos habitantes da cidade), são 'de um só coração e uma só alma?'. Os nossos
temperamentos são os mesmos que estavam Nele? E nossas vidas estão também de
acordo? Nós somos 'santos como Ele que nos chamou é santo, em toda a maneira de
nossa conversação?'.
4. Eu suplico a vocês que observem que aqui não existem noções peculiares,
agora sob consideração; que a questão apresentada não é concernente às opiniões
duvidosas de um tipo ou de outro, mas concernente às ramificações indubitáveis e
fundamentais (se existe alguma assim) de nosso Cristianismo comum. E para a
decisão disto, eu apelo à própria consciência de vocês, guiada pela Palavra de Deus.
Ele, portanto, que não está condenado, por seu próprio coração, que o permita seguir
livre.
5. No temor, então, e na presença do grande Deus, diante de quem, tanto vocês
quanto eu brevemente apareceremos, eu suplico que vocês que têm autoridade sobre
nós, a quem eu reverencio, por causa de seus ofícios, a considerarem (e não segundo a
maneira dos dissimuladores com Deus): vocês estão 'preenchidos com o Espírito
Santo?'. Vocês são as imagens vivas Dele, a quem vocês foram designados representar
em meio aos homens? 'Eu tenho dito, vocês são deuses'; vocês magistrados e
dirigentes; vocês, pelo ofício, estão tão proximamente aliados ao Deus do céu! Nas
suas diversas posições e graus, vocês devem nos anunciar 'o Senhor, nosso
Governador'. Todos os seus pensamentos provêm de seus corações; todos os seus
temperamentos e desejos são adequados ao seu alto chamado? Todas as suas palavras
são como aquelas que vieram da boca de Deus? Existem em todas as suas ações
dignidade e amor? Existe a grandeza que as palavras não podem expressar; que pode
fluir apenas do coração 'cheio de Deus'; e, ainda assim, consistente com o caráter do
'homem que é um verme, e do filho do homem que é um verme?'.
6. Vocês homens veneráveis, que são mais especialmente chamados para
formarem as mentes ternas da juventude; para dispersarem deles as sombras da
ignorância e erro, e treiná-los para serem sábios para a salvação, vocês estão
'preenchidos com o Espírito Santo?'. Com todos esses 'frutos do Espírito', que seu
importante ofício tão indispensavelmente requer: Todo seus corações estão com
Deus? Cheios de amor e zelo, para estabeleceram o reino Dele na terra? Vocês
continuamente lembram estes, sob seus cuidados, que a única finalidade racional de
todos os nossos estudos é conhecer, amar e servir 'ao único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo a quem Ele enviou?'. Vocês inculcam neles, dia a dia, que somente o
amor nunca falha (enquanto que, quer existam línguas, elas deverão falhar, ou
conhecimento filosófico, ele deverá desaparecer); e que, sem amor, todo aprendizado
não passa de ignorância esplêndida, tolice pomposa, vexação de espírito? Tudo que
vocês ensinam tem a tendência real de amar a Deus, e a toda a humanidade por amor a
Ele?
Vocês têm um olho para esta finalidade, no que quer que vocês ordenem, no
tocante ao tipo, a maneira, e à medida dos estudos deles; desejando e trabalhando para
que, onde quer que uma grande quantidade desses jovens soldados de Cristo seja
lançada, eles possam ser muitas luzes ardentes e brilhantes, adornando o Evangelho
de Cristo em todas as coisas?
Que vocês me permitam perguntar: Vocês empregam toda sua força no
trabalho vasto que empreenderam? Vocês trabalham nisto, mostrando cada faculdade
de sua alma; usando de todo talento que Deus emprestou a vocês, e isto com o
máximo de suas forças?
7. Que não se diga que eu falei aqui, como se todos que estão debaixo do
cuidado de vocês pretendessem ser clérigos. Não é assim: Eu apenas falei como se
eles todos pretendessem ser cristãos. Mas que exemplo nós, que desfrutamos da
beneficência de nossos antepassados, damos a eles? – através dos Membros do
Conselho, Estudantes, Escolares; mais especialmente, aqueles que estão em alguma
posição e eminência? Vocês, meus irmãos, abundam nos frutos do Espírito; na
humildade de mente; em negarem a si mesmos e mortificarem-se; na seriedade e
compostura de espírito; na paciência; mansidão; sobriedade; temperança; e esforços
incansáveis, para fazerem o bem de todo tipo a todos os homens; para aliviarem suas
necessidades exteriores, e trazerem suas almas para o conhecimento e amor
verdadeiros de Deus? É este o caráter geral dos Membros do Conselho das
Universidades? Eu temo que não. Antes, eles não têm orgulho, e arrogância de
espírito; impaciência e impertinência; preguiça e indolência; glutonaria e
sensualidade; e até mesmo, uma inutilidade notória, sendo objetado para nós; talvez,
nem sempre por nossos inimigos, não totalmente sem fundamento? Ó, que Deus tire
fora esta reprovação de nós, para que a própria memória dela possa perecer para
sempre.
8. Muitos de nós somos mais imediatamente consagrados a Deus; chamados
para ministrarmos em coisas santas. Nós somos, então, padrões para o restante, 'na
palavra, na conversação, na caridade, no espírito, na fé, na pureza? (I Timóteo
4:12). Está escrito em nossas testas e em nossos corações, 'Santidade para o Senhor?'.
Por quais motivos, nós entramos para este oficio? Foi com o olhar único 'para servir a
Deus, confiando que fomos interiormente movidos pelo Espírito Santo, para
assumirmos este sacerdócio; para a promoção de sua glória, e edificação de seu
povo?'. E nós 'claramente decidimos, pela graça de Deus, a nos entregarmos
totalmente a este ofício?'. Nós renunciamos, e colocamos aparte, tanto quanto cabe a
nós, todo o cuidado e estudo mundano? Nós nos aplicamos totalmente para esse
mesmo objetivo, e usamos de todas as nossas diligências e estudos neste caminho?
Nós estamos aptos a ensinar? Nós somos ensinados por Deus, de modo a sermos
capazes de ensinar a outros também? Nós conhecemos a Deus? Nós conhecemos
Jesus Cristo? Deus tem 'revelado seu Filho em nós?'. E Ele nos tem 'feito ministros
capazes da nova aliança?'. Onde, então, estão os 'selos de nosso apostolado?'. Quem,
que esteve morto nas transgressões e pecados, tem sido vivificado, através de nossa
palavra? Nós temos um zelo ardorosopara salvar as almas da morte, de modo que, por
causa delas, nós nos esquecemos, até mesmo, de comer nosso pão? Nós falamos
claramente, 'pela manifestação da verdade, recomendando a nós mesmos a toda
consciência dos homens, aos olhos de Deus?'.(II Cor. 4:2). Nós estamos mortos para
o mundo, e as coisas do mundo, 'juntando todos nossos tesouros nos céus?'. Nós
agimos como senhores sobre a herança de Deus? Ou nós somos os menores de todos
os servos? Quando suportamos a reprovação de Cristo, ela repousa pesada sobre nós?
Ou nós nos regozijamos nela? Quando somos atingidos duramente, nós guardamos
rancor disto? Nós somos impacientes nas afrontas: Ou damos o outro lado também;
não resistimos ao mal, mas sobrepujamos o mal com o bem? Nós temos um zelo
amargo, que nos incita a contendermos rispidamente e veementemente com eles que
estão fora do nosso caminho? Ou o nosso zelo é a chama do amor, de maneira a
direcionar todas as nossas palavras com doçura, humildade, e mansidão de sabedoria?
9. Uma vez mais: o que podemos dizer, concernente à juventude deste lugar?
Vocês têm a forma ou o poder da santidade cristã? Vocês são humildes, receptivos ao
ensino, aconselháveis; ou obstinados, teimosos, impetuosos, e não generosos? Vocês
são obedientes aos seus superiores, como aos seus pais? Ou vocês menosprezam
aqueles a quem vocês devem a mais terna reverência? Vocês são diligentes, em suas
ocupações fáceis, buscando seus estudos com toda a sua força? Vocês poupam tempo,
abarrotando-se de tanto trabalho, todos os dias, quanto ele pode conter? Antes, vocês
não estão conscientes de que perdem tempo, dia após dia, tanto em ler o que não se
inclina ao Cristianismo, quanto no jogo, ou em --- você não sabe o que? Vocês são
melhores gerentes de suas fortunas do que de seu tempo? Vocês cuidam de não dever
coisa alguma a homem algum? Vocês se 'lembram do dia do Sabbath, para mantê-lo
santo', para passá-lo, na adoração mais imediata de Deus? Quando vocês estão na casa
Dele, vocês ponderam que Deus está lá? Vocês se comportam, 'como se estivessem
vendo a Ele que é invisível?'.Vocês sabem como instruírem seus corpos na
santificação e honra? Não são encontrados bêbados e impuros em meio a vocês? Sim,
não existe algum de vocês que se 'gloria na vergonha deles?'. Muitos de vocês 'não
tomam o nome Dele em vão'; talvez, habitualmente, sem remorso ou temor? Sim, não
existem muitos de vocês que são perjuros? Eu temo, uma multidão crescente
rapidamente.
Não se surpreendam, irmãos. Diante de Deus e desta congregação, eu mesmo
tenho feito parte deste número, solenemente jurando observar a todos esses costumes,
dos quais eu, então, nunca soube respeito; e aqueles estatutos, que eu não mais li do
princípio ao fim; mesmo agora, ou alguns anos atrás. O que é perjuro, então, se isto
não é? Mas, se for... Ó que carga de pecado; sim, um pecado de nuança incomum
repousa sobre nós! E o Altíssimo não dá atenção a ele?
10. Não pode ser esta uma das conseqüências disto; de que tantos de vocês são
uma geração de levianos; levianos com Deus, uns com os outros, e com suas próprias
almas? Porque, quão poucos de vocês gastam, de uma semana a outra, uma simples
hora em oração privada! Quão poucos têm algum pensamento em Deus, no teor geral
de sua conversação! Quem de vocês tem algum grau de familiaridade com a obra de
seu Espírito, sua obra sobrenatural nas almas dos homens? Vocês podem testemunhar,
exceto ocasionalmente, em uma igreja, alguma manifestação do Espírito Santo? Vocês
não tomam por garantido, se alguém começa tal conversa, que se trata de hipocrisia
ou entusiasmo? No nome do Senhor Deus Poderoso, eu pergunto, de que religião
vocês são? Até mesmo a manifestação do Cristianismo, vocês não podem
testemunhar. Ó, meus irmãos, que cidade cristã é esta! 'É chegada a hora, Senhor, de
deitares a Tua mão!'.
11. Porque, na verdade, que probabilidade; que possibilidade, antes (falando,
segundo a maneira dos homens), existe de que o Cristianismo, o Cristianismo bíblico,
possa ser novamente a religião deste lugar? Que todas as classes de homens, em meio
a nós, possam falar e viver como homens 'preenchidos com o Espírito Santo?'.
Através de quem esse Cristianismo será restaurado? Por aqueles de vocês que estão na
autoridade? Vocês estão convencidos, então, de que este é o Cristianismo bíblico?
Vocês estão desejosos de que ele possa ser restaurado? E vocês não empregam sua
fortuna, liberdade, vida, preciosos a vocês, de modo que possam ser o instrumental na
restauração dele?
Suponham que vocês têm este desejo; quem tem algum poder proporcionado
para o efeito? Talvez, alguns de vocês tenham feito algumas tentativas tímidas, mas
com que pequeno sucesso! O Cristianismo, então, pode ser restaurado pelos jovens,
sem importância, e desconhecidos? Eu não sei se vocês mesmos poderiam suportar
isto. Alguns de vocês não clamariam: 'Jovens, ao fazerem isto, vocês reprovam a
nós?'. Mas não existe perigo de suas existências serem colocadas à prova; de modo
que a iniqüidade nos cobre como uma correnteza. Quem, então, Deus irá enviar? – a
escassez, a peste (os últimos mensageiros de Deus para uma terra culpada); ou a
espada; 'os exércitos dos estrangeiros' papistas, para nos reformarem, para o primeiro
amor? Não, antes disto, nos permite cair em Tuas mãos, Ó Senhor. Não permita que
caiamos nas mãos do homem. Senhor, salva nos, ou pereceremos! Tira-nos da frente
do alvo, para que não sucumbamos! Oh! Ajuda-nos contra esses inimigos! Porque
vão, é o socorro do homem. Junto a Ti, todas as coisas são possíveis. De acordo com
a grandeza de Teu poder, preserva aqueles que estão designados a morrer, e nos
poupa, da maneira que pareça bom a Ti; não como queremos, mas como Tu queres!
[Editado anonimamente na Memorial University of Newfoundland, com correções de
George Lyons of Northwest Nazarene College para a Wesley Center for Applied Theology.]
JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
John Wesley
"Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é
imputada como justiça". (Romanos 4:5)
1. Como um pecador pode ser justificado diante de Deus, o Senhor e Juiz de todos,
não é uma questão de importância comum a todo filho do homem. Ela contém o alicerce de
toda nossa esperança, visto que, enquanto estamos em inimizade com Deus, não pode haver
paz verdadeira, nem alegria sólida, quer no tempo ou na eternidade. Que paz pode existir lá,
enquanto nosso próprio coração nos condena; e muito mais, Ele que é "maior do que nosso
coração, e sabe todas as coisas?". Que alegria sólida, seja neste mundo ou no vindouro,
enquanto "a ira de Deus habita sobre nós?".
2. E, ainda assim, quão pouco esta importante questão tem sido entendida! Que
noções confusas muitos têm com respeito a ela! Na verdade, não apenas confusas, mas
freqüentemente extremamente falsas; contrárias à verdade, como a luz da escuridão; noções
absolutamente inconsistentes com os oráculos de Deus, e com toda a analogia da fé. E desta
forma, errando, concernente ao próprio alicerce, eles não podem possivelmente construir
nelas; pelo menos, não "ouro, prata, ou pedras preciosas", que resistiriam, quando
testados, através do fogo; mas apenas "feno e restolho", que nem são aceitáveis para Deus,
nem de proveito para o homem.
3. Com o objetivo à justiça, tanto quanto me cabe, à vasta importância do assunto,
salvar, aqueles que buscam a verdade na sinceridade, das "vãs disputas e rivalidades de
palavras"; clarear a confusão de pensamento, por meio das quais, muitos têm sido
conduzidos, e dar a eles as concepções verdadeiras e justas deste grande mistério da
santidade, eu me esforçarei para mostrar:
I. Qual o alicerce geral de toda a doutrina da Justificação.
II. O que é a justificação.
III. Quem são aqueles que são justificados.
IV. Em que condições eles são justificados.
I
Em Primeiro Lugar, eu vou mostrar qual o alicerce geral de toda esta doutrina da
justificação.
1. Na imagem de Deus o homem foi feito, santo como ele que o criou é santo;
misericordioso, como o Autor de tudo é misericordioso; perfeito,como seu Pai no céu é
perfeito. Como Deus é amor, então o homem, habitando no amor, habita em Deus, e Deus
no homem. Deus o fez para ser uma "imagem de sua própria eternidade"; um retrato
incorruptível do Deus da glória. Ele era, portanto, puro, como Deus é puro, de toda mancha
de pecado. Ele não conhecia o mal, de nenhum tipo ou grau, mas era interior e
exteriormente desprovido de pecado e imaculado. Ele "amou o Senhor seu Deus com todo
seu coração, e com toda sua mente, e alma e força".
2. Ao homem correto e perfeito, Deus deu a lei perfeita, para a qual ele requereu
completa e perfeita obediência. Ele requereu completa obediência em todos os pontos, e
isto para ser executado, sem qualquer interrupção, do momento em que o homem se tornou
uma alma vivente, até o momento que seu julgamento terminasse. Nenhuma redução fora
feita para quem não atingiu o objetivo, e proveu totalmente para toda boa palavra e obra.
3. Para a completa lei do amor que estava escrita em seu coração (contra a qual,
talvez, ele não poderia pecar diretamente), pareceu bom à soberana sabedoria de Deus,
adicionar uma lei concreta: "Tu não deverás comer do fruto da árvore que cresce no meio
do jardim"; anexando esta penalidade nela: "No dia em que comeres dela, tu certamente
morrerás".
4. Tal, então, era o estado do homem no Paraíso. Através do amor gratuito, e
imerecido de Deus, ele era santo e feliz: Ele conhecia, amava, e desfrutava de Deus, que é,
em essência, vida eterna. E nesta vida de amor, ele continuaria para sempre, se ele
continuasse a obedecer a Deus em todas as coisas; mas, se ele O desobedecesse, de algum
modo, ele perderia todo o direito. "Neste dia", diz Deus, "tu certamente morrerás".
5. O homem desobedeceu a Deus. Ele "comeu da árvore, da qual Deus ordenou,
dizendo: não deverás comer dela". E neste dia, ele foi condenado pelo julgamento reto de
Deus. Então, também a sentença a respeito do que ele foi advertido antes, começou a tomar
lugar sobre ele. Do momento em que ele testou daquele fruto, ele morreu. Sua alma morreu;
foi separada de Deus; separada de Deus, a alma não teria mais vida do que o corpo tem,
quando separado da alma. Seu corpo, igualmente tornou-se corruptível e mortal; de modo
que a morte, então, tomou lugar nisto também. E já sendo morto no espírito, morto para
Deus, morto no pecado, ele apressou-se para a morte eterna; para a destruição tanto de seu
corpo, quanto de sua alma, no fogo que nunca deverá se extinguir.
6. Assim, "através de um homem o pecado entrou no mundo, e a morte, através do
pecado. E então, a morte passou para todos os homens"; estando contida nele que foi o pai
comum e representante de todos nós. Assim, "através da ofensa de um", todos estão
mortos; mortos para Deus; mortos no pecado; habitando no corpo corruptível e mortal,
brevemente a ser dissolvido, e sob a sentença da morte eterna. Assim como, "através da
desobediência de um homem", todos "foram feitos pecadores", então, pela ofensa de um, "o
julgamento veio sobre todos os homens para a condenação". (Romanos 5:12 &c).
7. Neste estado estivemos, mesmo toda a humanidade, quando "Deus assim salvou o
mundo; no que deu seu Unigênito Filho, para que não perecêssemos, mas tivéssemos a
vida eterna". Na plenitude do tempo, Ele foi feito Homem; um outro Líder comum da
humanidade; um segundo Pai geral e Representativo de toda a raça humana. E como tal, foi
que Ele "carregou nossas aflições". "O Senhor colocando sobre Ele as iniqüidades de nós
todos". Então, ele foi "ferido por nossas transgressões, e machucado por nossas
iniqüidades"."Ele fez de Sua alma uma oferta pelo pecado": Ele derramou seu sangue pelos
transgressores: Ele "carregou nossos pecados em seu próprio corpo no madeiro", para que,
através de suas chicotadas, pudéssemos ser curados: E, através desta oblação de si mesmo,
uma vez oferecida, ele redimiu a mim e toda a humanidade; tendo, por meio disto, "feito um
sacrifício e penitência completos, perfeitos e suficientes pelos pecados de todo o mundo".
8. Em consideração disto, de que o Filho de Deus "experimentou a morte por todo
homem", Deus agora "reconciliou o mundo para si mesmo", não imputando a eles suas
"transgressões" anteriores. E, assim, "como pela ofensa de um, o julgamento veio sobre
todos, para condenar; do mesmo modo, através da retidão de um, o dom livre veio sobre os
homens para a justificação". De maneira que, por causa de seu bem-amado Filho; do que
fez e sofreu por nós, Deus agora concedeu, sob uma condição apenas (que Ele mesmo nos
capacita também a executar), tanto o desistir da punição devida por nossos pecados; nos
restabelecer em seu favor, e restaurar nossas almas mortas para a vida espiritual, quanto a
garantia da vida eterna.
9. Isto, portanto, é o alicerce de toda a doutrina da justificação. Através do pecado
do primeiro Adão, que não foi apenas o pai, mas igualmente o representante de todos nós;
não alcançamos o favor de Deus; tornamo-nos filhos da ira; ou, como o Apóstolo expressa
isto, "o julgamento veio sobre todos os homens para a condenação". Da mesma forma,
através do sacrifício pelo pecado, feito pelo Segundo Adão, como o Representante de todos
nós, Deus é, deste modo, reconciliado para o mundo; fazendo com ele uma nova aliança; a
condição clara disto, sendo uma vez cumprida, "não existe mais condenação" para nós, mas
"somos justificados livremente pela Sua graça, através da redenção que está em Jesus
Cristo".
II
1. Mas o que é ser "justificado?". O que é a "justificação?". Esta é a Segunda coisa
que eu proponho mostrar. E é evidente do que já foi observado, que não é o
verdadeiramente justo e reto. Esta é a "santificação"; que é, de fato, em algum grau, o fruto
imediato da justificação; mas, não obstante, é um dom distinto de Deus, e de uma natureza
totalmente diferente. Uma implica o que Deus faz por nós, através de seu Filho; a outra, o
que ele opera em nós, através de seu Espírito. De maneira que, apesar de que algumas raras
instâncias possam ser encontradas, em que o termo "justificado", ou "justificação" é usado
em um sentido tão amplo, de maneira a incluir a "santificação" também; ainda assim, em
uso geral, eles são suficientemente distinguidos um do outro, ambos através de Paulo e de
outros escritores inspirados.
2. Nem este conceito forçado, de que a justificação é nos limpar da acusação,
particularmente aquela de satanás, é facilmente demonstrável de algum texto claro dos
santos escritos. Em todo o relato bíblico sobre este assunto, como colocado acima, nem
aquele acusador, nem sua acusação parecer ser tomada, afinal. Na verdade, não se pode
negar que ele seja o "acusador" dos homens, enfaticamente assim chamado. Mas, de modo
algum, parece que o grande Apóstolo faz alguma referência a isto, mais ou menos, em tudo
que ele escreveu no tocante à justificação, quer para os Romanos ou os Gálatas.
3. É também muito mais fácil tomar por certo, do que provar de algum testemunho
bíblico claro, que a justificação é nos limpar da acusação trazida contra nós pela lei: De
qualquer forma, se esta maneira de falar, forçada e artificial, significar nem mais, nem
menos do que isto, que nós transgredimos a lei de Deus, e por meio disto merecemos a
condenação do inferno, Deus não impõe naqueles que são justificados a punição que eles
mereceriam.
4. Menos do que tudo, a justificação implica que Deus seja enganado com respeito
àqueles aos quais Ele justifica; que Ele pense que eles sejam, o que de fato eles não são;
que Ele os considera de uma maneira diferente do que são. De modo algum isto implica que
Deus julga concernente a nós, contrário à natureza real das coisas; que Ele nos considera
mais do que realmente somos, ou nos acredita mais retos, quando somos pecaminosos.
Certamente que não. O julgamento do todo sábio Deus é sempre de acordo com a verdade.
Nem pode isto consistir sempre com sua sabedoria infalível, pensar que eu sou inocente;
julgar que eu sou reto ou santo, porque outro é assim. Ele não pode mais, deste modo,
confundir-me com Cristo, do que com Davi ouAbraão. Que algum homem a quem Deus
deu entendimento, pese isto, sem preconceito; e que ele não possa deixar de perceber que
tal noção de justificação nem é reconciliável com a razão, nem com as Escrituras.
5. A noção bíblica clara da justificação é a absolvição, o perdão dos pecados. Por
meio deste ato de Deus, o Pai; por causa do sacrifício expiatório feito, através do sangue de
seu Filho, é que ele "demonstrou sua retidão (ou misericórdia) pela remissão dos pecados
que são passados". Este é relato fácil, natural dela, dado por Paulo, através de toda esta
Epístola. Assim, ele mesmo a explica, mais especificamente neste e no capítulo seguinte.
Desta forma, nos versos seguintes, mas em um lugar, para o texto: "Abençoado são
aqueles", diz ele, "cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são ocultos:
Abençoado é o homem a quem o Senhor não imputará pecado". A ele que é justificado ou
perdoado, Deus "não imputará pecado" à sua condenação. Ele não o condenará naquele
relato, quer neste mundo ou no vindouro. Seus pecados, todos os seus pecados passados,
em pensamento, palavra e feito, estão ocultos, estão apagados, e não deverão ser lembrados
ou mencionados contra ele, não mais do que se eles não tivessem existido. Deus não
infligirá naquele pecador o que ele mereceu sofrer, porque o Filho do seu amor sofreu por
ele. E do momento em que somos "aceitos, através do Amado", "reconciliados para Deus,
através de seu sangue", ele ama, e abençoa, e zela por nós para o bem, como se nós nunca
tivéssemos pecado.
De fato, o Apóstolo, em um lugar parece estender o significado da palavra, muito
mais além, onde ele diz: "não os ouvintes da lei, mas os fazedores da lei, deverão ser
justificados". Aqui ele parece se referir à nossa justificação, para a sentença do grande dia.
E assim, o próprio nosso Senhor, inquestionavelmente faz, quando ele diz: "Através de tuas
palavras, tu deverás ser justificado"; provando por meio disto, que "para cada palavra
inútil que os homens possam falar, eles deverão dar um relato naquele dia do julgamento".
Mas, talvez, possamos dificilmente produzir uma outra instância do uso, por Paulo, da
palavra naquele sentido remoto. No teor geral dos seus escritos, é evidente que não; e
menos do que tudo, no texto diante de nós, que inegavelmente fala, não daqueles que já
"terminaram seu curso", mas daqueles que estão exatamente agora "partindo", apenas
começando "a corrida que se coloca diante deles".
III
1. Mas esta é a terceira coisa a ser considerada, ou seja: Quem são aqueles que são
justificados? E o Apóstolo nos diz expressamente, os ímpios: "Ele (ou seja, Deus) justifica
o ímpio"; o ímpio de todo o tipo e grau; e ninguém mais, a não ser o ímpio. Como "aqueles
que são retos não necessitam de arrependimento", então, eles não necessitam de perdão.
Apenas os pecadores têm alguma oportunidade para o perdão: O pecado apenas é que
admita ser perdoado. Perdão, portanto, tem uma referência imediata com o pecado, e, neste
aspecto, com nada mais. É para com nossa "iniqüidade", que o Deus perdoador é
"misericordioso": É da nossa "iniqüidade", que Ele "não se lembra mais".
2. Isto parece não ser, afinal, considerado por aqueles que tão veementemente
afirmam que um homem deva ser santificado, ou seja, santo, antes que ele possa ser
justificado; especialmente, através de tais que afirmam que a santidade ou obediência
universal deva preceder a justificação. (A menos que eles queiram dizer aquela justificação,
do ultimo dia, que está totalmente fora da presente questão). Muito longe disto, que a
própria suposição não é apenas completamente impossível (porque onde não existe amor a
Deus, não existe santidade; e não existe amor a Deus, a não ser da consciência de seu amor
por nós), mas também grosseiramente, e intrinsecamente absurda, e contraditória em si
mesma. Porque não é um santo, mas um pecador que é perdoado, e sob a noção de um
pecador. Deus não justifica o devoto; não aqueles que já são santos, mas o ímpio. Em que
condição ele faz isto, será considerado rapidamente: mas o que quer que seja, ela não pode
ser santidade. Afirmar isto é dizer que o Cordeiro de Deus tira apenas aqueles pecados que
já foram tirados antes.
3. Então, o bom Pastor busca e salva apenas aqueles que já foram encontrados?
Não: Ele busca e salva aqueles que estão perdidos. Ele perdoa aqueles que necessitam de
sua misericórdia redentora. Ele salva da culpa do pecado (e, ao mesmo tempo, do poder);
pecadores de todos os tipos, de todos os graus: homens que, até então, eram totalmente
pecaminosos; nos quais o amor do Pai não estava: e, conseqüentemente, nos quais não
habitava coisa boa; nada bom ou verdadeiramente de temperamento cristão, -- mas todos os
tais que eram maus e abomináveis: o orgulho, ira, amor ao mundo – os frutos genuínos
daquela "mente carnal" que é "inimiga contra Deus".
4. Esses que estão doentes, cujo peso dos pecados é intolerável, são aqueles que
necessitam de Médico; esses que são culpados, e que gemem, sob a ira de Deus, são os que
precisam de perdão. Esses que "já" estão "condenados", não apenas por Deus, mas
também, através de suas próprias consciências, como por meio de milhares de testemunhas,
de todas as suas iniqüidades, tanto em pensamento, palavra e obra, clamam por Aquele que
"justifica o ímpio", através da redenção que está em Jesus; -- o incrédulo, e "aquele que não
pratica as boas obras"; que não pratica coisa alguma que seja boa, que seja
verdadeiramente virtuosa ou santa, mas apenas o que é mal continuamente, antes de ser
justificado. Porque seu coração é necessariamente, essencialmente mal, até que o amor a
Deus seja espalhado nele. E enquanto a árvore é corrupta, assim serão os frutos. "porque
uma árvore má não produz frutos bons".
5. Se for objetado: "Mas um homem antes que seja justificado, pode alimentar o
faminto, ou vestir o nu; e essas são boas obras"; a resposta é fácil: Ele pode realizar essas,
até mesmo antes que seja justificado; e essas são, de certa forma, "boas obras"; elas são,
estritamente falando, boas em si mesmas, ou boas aos olhos de Deus. Todas
verdadeiramente "boas obras" (para usar as palavras de nossa igreja) "sucedendo a
justificação"; e elas são, portanto, boas e "aceitáveis a Deus em Cristo", porque elas
"brotam de uma fé viva verdadeira". Por uma paridade de motivo, todas as "obras feitas
antes da justificação não são boas"; no sentido cristão; "visto que elas não brotam da fé em
Jesus Cristo"; (embora elas possam brotar do mesmo tipo de fé em Deus); "sim, antes,
porque aquelas que não são feitas como Deus tem desejado e ordenado que sejam feitas,
não duvidamos" (por mais estranho que possa parecer a alguns) "que elas tenham a
natureza do pecado".
6. Talvez, aqueles que duvidam disto não tenham considerado devidamente o peso
do motivo que é aqui afirmado; porque nenhuma obra feita antes da justificação poderá ser
verdadeira e propriamente boa. O argumento transcorre plenamente assim: --
· Nenhuma obra que não seja feita, como Deus deseja e ordena que seja feita,
é boa.
· Mas nenhuma obra feita antes da justificação é feita, como Deus deseja e
ordena a eles que seja feita.
· Portanto, nenhuma obra feita antes da justificação é boa.
A primeira proposição é auto-evidente; e a segunda, que nenhuma obra feita antes
da justificação é feita como Deus deseja e comanda que seja feita, parecerá igualmente
clara e inegável, se considerarmos apenas que Deus quer e ordena que "todas as nossas
obras" possam "ser feitas na caridade"; (em ágape) no amor, naquele amor a Deus que
produz amor a toda a humanidade. Mas nenhuma de nossas obras pode ser feita neste amor,
enquanto o amor do Pai (de Deus como nosso Pai) não está em nós; e este amor não pode
estar em nós, até que recebamos o "Espírito de Adoção, clamando em nossos corações,
Aba, Pai". Se, portanto, Deus não 'justifica o ímpio', e ele que (neste sentido) "não faz boas
obras", então, cristo morreu em vão; então, não obstante sua morte, nenhuma carne viva
poderá ser justificada.
IV
1. Mas em que termos,então, é justificado aquele que é completamente
"pecaminoso", e até aquele momento, "não praticou as boas obras?". Em um único apenas:
que é a fé: "Crer naquele que justifica o ímpio". E "ele que crê, não é condenado"; mas,
"passa da morte para a vida". "Porque a retidão (ou misericórdia) de Deus é pela fé em
Jesus Cristo, junto a todos e sobre todos aqueles que crêem: -- A quem Deus enviou para a
expiação, através da fé em seu sangue; para que ele pudesse ser justo, e" (consistentemente
com Sua justiça) "Justificador daquele que crê em Jesus": "Portanto, concluímos que um
homem é justificado pela fé, sem as ações da lei"; sem a obediência prévia à lei moral, que,
na verdade, ele não teria, até agora, como executar. Que a lei moral, e esta somente, que
aqui está pretendida, aparece evidentemente das palavras que se seguem: "Nós tornamos a
lei nula, através da fé? Deus proíbe: Sim. Nós estabelecemos a lei. Que lei estabelecemos
pela fé? Não a lei ritual: Não a lei ceremonial de Moisés. De modo algum; mas a grande, e
imutável lei do amor; do amor santo a Deus e ao nosso próximo".
2. A fé, em geral é a "elegchos", "evidência" ou "convicção" divina, sobrenatural,
"das coisas que não são vistas"; não são reveladas, através de nossos sentidos corpóreos,
como sendo tanto passado, futuro ou espiritual. A fé justificadora implica, não apenas a
evidência ou convicção divina de que "Deus esteve em Cristo, reconciliando o mundo junto
a Si mesmo"; mas a confiança e segurança certa de que Cristo morreu por "meus" pecados;
de que Ele "me" amou, e deu a Si mesmo por "mim". E naquele momento, por mais que um
pecador que assim crê, esteja na tenra infância, na força dos anos, ou quando ele está idoso
e de cabelos grisalhos, Deus justifica aquele ímpio. Deus, por amor de seu Filho, perdoa e
absolve aquele que tinha em si mesmo, até então, nenhuma coisa boa. Arrependimento, na
verdade, Deus deu a ele antes; mas este arrependimento foi, nem mais nem menos, uma
profunda consciência da falta de todo o bem, e da presença de todo o mal em si mesmo. E
qualquer bem que ele tenha, ou faça, do momento em que ele crê em Deus, através de
Cristo, a fé não é "descoberta", mas "produzida". Este é o fruto da fé. Primeiro, a árvore é
boa, e, então, o fruto é também bom.
3. Eu não posso descrever a natureza desta fé, melhor do que nas palavras de nossa
própria igreja: "O único instrumento da salvação" (do qual a justificação é um ramo) "é a
fé; ou seja, a confiança e convicção verdadeiras de que Deus, tanto perdoou nossos
pecados, quanto nos aceitou novamente em Seu favor, pelos méritos da morte e paixão de
Cristo". -- Mas aqui nós devemos prestar atenção, que nós não hesitamos com Deus,
através de uma fé inconstante e indecisa: Porque Pedro fraquejou na fé, quando veio até
Jesus, por sobre as águas, ele correu o risco de afogar-se; assim nós, se ficarmos indecisos
ou em dúvida, é de se temer que possamos afundar como Pedro o fez; não na água, mas no
abismo sem fim do fogo do inferno". (Sermão sobre a Paixão)
"Portanto, tem uma fé segura e constante, não apenas aquela da morte de Cristo
que é acessível a todo o mundo, mas a de que Ele fez um completo e suficiente sacrifício
por 'ti'; uma perfeita limpeza de 'teus' pecados. De modo que tu possas dizer com o
Apóstolo, que Ele amou a 'ti', e deu a si mesmo por 'ti'. Porque isto é fazer Cristo 'teu', e
aplicar Seus méritos em 'ti mesmo'". (sermão sobre o Sacramento, Primeira Parte)
4. Por afirmar que esta fé é o termo ou "condição da justificação", eu quero dizer,
Primeiro, que não existe justificação sem ela."Ele que não crê já está condenado"; e por
quanto tempo ele não crê, aquela condenação não pode ser removida, mas "a ira de Deus
habita nele". Como "não existe outro nome debaixo do céu", do que o de Jesus de Nazaré;
nenhum outro mérito, por meio do qual, um pecador condenado possa sempre ser salvo da
culpa do pecado; então não existe outro caminho de obter a porção em seus méritos, do que
"pela fé em seu nome". De maneira que, por quanto tempo estamos sem esta fé, somos
"estranhos para a aliança da promessa"; somos "forasteiros da comunidade de Israel, e
sem Deus no mundo". Quaisquer que sejam as virtudes (assim chamadas) que um homem
possa ter, -- eu falo daqueles junto aos quais o Evangelho é pregado: porque "o que devo
fazer para julgar aqueles que estão sem?" – quaisquer boas obras (então computadas), que
ele possa fazer, serão de nenhum proveito; ele ainda é um "filho da ira", ainda está sob a
maldição, até que creia em Jesus.
5. Fé, portanto, é a condição "necessária" da justificação; sim, e a "única" condição
"necessária". Este é o Segundo ponto, cuidadosamente a ser observado; o de que, no
mesmo momento, Deus dá à fé (uma vez que "ela é um dom de Deus"), ao "ímpio" que
"não pratica as obras"; a "fé é conferida a ele como retidão". Ele não tem retidão, afinal,
antecedente a isto, não tanto quanto retidão nula, ou inocência. Mas a "fé é imputada a ele,
como retidão"; no mesmo momento em que ele crê. Não que Deus (como foi observado
antes) pense que ele será o que ele não é. Mas como "ele fez Cristo ser pecado por nós", ou
seja, tratado como um pecador; punido por nossos pecados; então, Ele reputou a nós
retidão, do momento em que cremos nele: Ou seja, Ele não nos pune por nossos pecados;
sim, nos trata como se fôssemos inocentes e retos.
6. Certamente, a dificuldade de reconhecer esta proposição, de que a "fé é a única
condição da justificação", deve se erguer do não entendimento dela. Nós queremos dizer
com isto, que ninguém é justificado; a única coisa que é imediatamente,
indispensavelmente, e absolutamente requerida com o objetivo do perdão. Como, por um
lado, embora um homem possa ter todas as coisas mais, sem a fé, ainda assim, ele não pode
ser justificado; de maneira que, por outro, embora se suponha que ele necessite de tudo,
ainda assim, ele tem fé, e ele não deixa de ser justificado. Suponha um pecador, de algum
tipo ou grau, consciente de sua total iniqüidade, de sua completa inabilidade de pensar,
falar, ou fazer algum bem, e na iminência do fogo do inferno; suponha que este pecador,
desamparado, e desesperançado, atire-se totalmente na misericórdia de Deus em Cristo (o
que, de fato, ele não pode fazer, a não ser pela graça de Deus); quem pode duvidar de que
ele é perdoado naquele momento? Quem afirmará que algo mais é "indispensavelmente
requerido", antes que aquele pecador possa ser justificado?
Agora, se sempre existiram tais instâncias, desde o começo do mundo (e não tem
sido milhares e milhares de vezes?), segue-se plenamente que a fé é, no sentido acima, a
única condição da justificação.
7. Não se tornam vermes, medíocres, culpados, pecadores, os que recebem
quaisquer bênçãos que eles desfrutam (da menor gota de água que refresca nossa língua, à
imensidão de riquezas da glória na eternidade), da graça, do mero favor, e não do débito,
perguntar a Deus as razões de sua conduta? Não é adequado para nós questionarmos
"Aquele que não dá relato algum de seus caminhos"; exigir "por que Tu fazes da fé a
condição; a única condição da justificação? Por que tu decretas que 'Aquele que crê', e ele
apenas, 'deverá ser salvo?'". Este é o mesmo ponto no qual Paulo tão fortemente insiste, no
novo Capítulo desta Epístola, a saber – Que os termos do perdão e aceitação devem
depender, não de nós, mas "Dele que nos chamou"; que não existe "falta de retidão em
Deus", em fixar Seus próprios termos, não de acordo com os nossos, mas de acordo com
seu bom prazer; Aquele que pode merecidamente dizer: "Eu terei misericórdia para com
aqueles com quem tenho misericórdia"; ou seja, aquele que crê em Jesus."De maneira, que
não cabe a ele que deseja, ou que vai ao encalço, escolher a condição na qual ele
encontrará aceitação; mas a Deus que mostra misericórdia"; que aceita nada, afinal, a não
ser do seu próprio dom do amor gratuito; de sua bondade que o homem não
merece."Portanto, ele terá misericórdia em quem ele terá misericórdia", ou seja: daqueles
que acreditarem no Filhodo seu amor; mas quanto aos que não crerem, "Ele endurecerá",
deixados, por fim, para a dureza dos seus corações.
8. Um motivo, portanto, podemos humildemente conceber, de Deus fixar esta
condição para a justificação -- "Se tu creres no Senhor Jesus Cristo, tu serás salvo" -- foi
com o objetivo de "impedir o orgulho do homem". O orgulho já destruiu os próprios anjos
de Deus, lançou abaixo "a terça parte das estrelas do céu". Foi igualmente, em grande
medida, devido a isto, quando o tentador disse: "Vocês devem ser deuses", que Adão caiu
de sua própria firmeza, e trouxe o pecado e a morte para o mundo. Foi, portanto, um
exemplo da sabedoria notável de Deus, apontar tal condição de reconciliação para Ele e
todas as suas posteridades, quando efetivamente os humilharia, e os rebaixaria ao pó. E tal é
a fé. Ela é peculiarmente adequada para esta finalidade: Uma vez que ele veio a Deus,
através desta fé, deve fixar seus olhos, sozinho em sua própria iniqüidade, em sua culpa e
impotência, sem ter o mínimo cuidado com algum bem suposto em si mesmo; para
qualquer virtude ou retidão que seja. Ele deve vir como um "mero pecador", interior e
exteriormente autodestruído, e autocondenado, trazendo nada para Deus, a não ser
incredulidade apenas, não advogando coisa alguma de si mesmo, a não ser o pecado e
miséria. Assim é, e somente assim, quando sua "boca é fechada", e ele se coloca
completamente "culpado diante" de Deus, que ele poderá "olhar junto a Jesus", como toda
e única "expiação para seus pecados". Assim somente, ele pode "ser encontrado Nele", e
receber a "retidão que é de Deus, através da fé".
9. Tu, ímpio que ouves e lês estas palavras! Tu, pecador vil, desamparado,
miserável! Eu te comprometo, perante Deus, o Juiz de todos, a ires até Ele, com toda a tua
iniqüidade. Presta atenção, tu destróis tua própria alma, declarando, mais ou menos, tua
retidão. Vá, tão completamente pecaminoso, culpado, destruído, merecendo e caindo no
inferno; e tu, então, deverás encontrar favor aos olhos Dele, e saber que Ele justifica o
pecador. Como tal, tu serás trazido junto ao "sangue que borrifa", como um pecador
perdido, desamparado, e condenado. Assim, "olha para Jesus". Lá está "o Cordeiro de
Deus", que "tira teus pecados!". Não advoga obra alguma, retidão alguma que sejam tuas!
Nenhuma humildade, arrependimento, sinceridade! De modo algum. Isto seria, de fato,
negar o Senhor que te comprou. Não: Declara simplesmente, o sangue da promessa, da
redenção paga por tua alma orgulhosa, obstinada, pecadora. Quem és tu, que agora vês e
sentes tanto tua iniqüidade interior quanto exterior? Tu és o homem! Eu quero a ti para meu
Senhor! Eu "te" desafio a seres um filho de Deus, pela fé! O Senhor necessita de ti. Tu que
sentes que és exatamente adequado para o inferno, és exatamente adequado para promover
a glória Dele; a glória de Sua graça livre, justificando o pecaminoso, e aquele que não
praticou as boas obras. Ó vem rapidamente! Crê no Senhor Jesus; e tu, até mesmo tu, serás
reconciliado para Deus.
[Editado anonimamente no Memorial University of Newfoundland, com correções de
George Lyons do Northwest Nazarene College (Nampa, Idaho) para Wesley Center for Applied
Theology.]
A Retidão da Fé
John Wesley
'Ora Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá
por elas. Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao
céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo.) Ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a tornar a
trazer dentre os mortos a Cristo.) Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no
teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos'
(Romanos 10:5-8)
1. O Apóstolo não contrapõe a aliança dada por Moisés, com a aliança dada
por Cristo. Se nós, alguma vez, imaginamos isto, foi por falta de observar que a
última, tanto quanto a primeira parte dessas palavras, foi falada pelo próprio Moisés
para o povo de Israel, e isto, concernente à aliança que, então, havia. (Deuteronômio
30:11-14) 'Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e
tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos
céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está
além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga,
e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti,
na tua boca, e no teu coração, para a cumprires'. Mas é a aliança da graça, que Deus,
através de Cristo, tem estabelecido, com homens de todas as épocas, (tanto quanto
diante e sob o desígnio judeu, desde que Deus foi manifestado na carne) que Paulo
confronta com as obras feitas com Adão, enquanto no paraíso, mas comumente supôs
ser apenas a aliança que Deus tem feito com o homem, particularmente por aqueles
judeus a quem o Apóstolo escreve.
2. É destes que ele fala tão afetuosamente, no início desse capítulo: (Romanos
10:1-3) 'Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para
sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com
entendimento. Porque sendo ignorantes da justiça de Deus', (da justificação que flui
de sua mera graça e misericórdia, livremente perdoando nossos pecados através do
Filho de seu amor, pela redenção que está em Jesus), 'buscando estabelecer a sua
própria retidão', (a própria santidade deles, antecedente à fé 'nele que justifica o
descrente' como o alicerce do perdão e aceitação deles) 'não têm se submetido à
retidão de Deus', e, conseqüentemente buscam a morte no erro de suas vidas.
3. Eles eram ignorantes de que 'Cristo é a finalidade da lei, para a retidão a
todo aquele que crê'; -- que, através da oblação de si mesmo, uma vez oferecida, Ele
colocou um fim à primeira lei ou aliança, (que, realmente, não foi dada por Deus a
Moisés, mas à Adão, em seu estado de inocência), o estrito teor, a respeito do qual,
sem qualquer diminuição, foi, 'Faça isto, e viverá'; e, ao mesmo tempo, conseguido
por nós aquela aliança melhor, 'Creia, e viverá'; creia, e você será salvo; agora salvo,
ambos da culpa e do poder do pecado, e, da conseqüência, da paga dele.
4. E quantos são igualmente ignorantes disto agora, mesmo entre esses que são
chamados pelo nome de Cristo! Quantos têm agora um 'zelo por Deus', ainda assim,
não o têm de 'acordo com o conhecimento'; mas estão ainda buscando 'estabelecer
sua própria justiça', como o alicerce do perdão e aceitação deles; e, portanto,
veementemente recusando-se a 'submeterem a si mesmos à retidão de Deus!'.
Certamente, o desejo de meu coração, e oração para o Deus por vocês, irmãos, é que
possam ser salvos. E, com o objetivo de remover essa grande pedra de tropeço de
nosso caminho, eu vou me esforçar para mostrar, Primeiro, qual a retidão, que é pela
lei, e qual 'a retidão que é pela fé'. Em Segundo Lugar, a insensatez de se acreditar na
retidão da lei, e a sabedoria de submeter-se àquela que é da fé.
I
1. E, Primeiro, 'a retidão que é a da lei diz, o homem que faz tais coisas,
deverá viver por elas'. Observem constantemente e perfeitamente todas essas coisas
para fazê-las, e então, você viverá para sempre. Essa lei, ou aliança, (usualmente
chamada de Aliança das Obras), dada por Deus ao homem no paraíso, requeria uma
perfeita obediência em todas as suas partes, completa e não faltando em coisa alguma,
como a condição de sua permanência eterna na santidade e felicidade, por meio dos
quais, ele foi criado.
2. Requeria-se que aquele homem preenchesse toda retidão interior ou
exterior, negativa ou positiva: Que ele pudesse, não apenas abster-se de toda palavra
inútil, e evitar toda obra pecaminosa, mas que mantivesse toda afeição, todo desejo,
todo pensamento, em obediência à vontade de Deus: Que ele pudesse continuar santo,
como Aquele que o havia criado era santo, ambos no coração, e em toda a forma de
conversação: Que ele pudesse ser puro no coração, assim como Deus é puro; perfeito
como seu Pai nos céus era perfeito: Que ele pudesse amar o Senhor, seuDeus, com
todo seu coração, com toda sua alma, com toda sua mente, e com toda sua força; que
ele pudesse amar cada alma que Deus fez, assim como Deus o amava: Que, através
dessa benevolência universal, ele pudesse habitar em Deus (que é amor), e Deus nele:
Que ele pudesse servir ao Senhor, seu Deus, com toda as suas forças, e em todas as
coisas, simplesmente objetivando a sua glória.
3. Essas eram as coisas que a retidão da lei requereu, para que aquele que as
cumprisse, pudesse viver por meio disto. Mas, mais além, requereu-se que essa
obediência completa a Deus; essa santidade interior e exterior; essa conformidade,
ambos do coração e vida para sua vontade, seria perfeita em escalas. Nenhuma
diminuição, nenhuma permissão poderia possivelmente ser feita, por escassez, em
algum nível, como de um jota ou um til, tanto da lei exterior, quanto da interior. Se
todo mandamento relacionado às coisas exteriores fosse obedecido, ainda assim, isto
não seria suficiente, a menos que cada um fosse obedecido, com toda a força, na mais
alta medida, e da maneira mais perfeita. Nem respondia à pretensão dessa aliança, o
amar a Deus, com todo poder e faculdade, a menos que Ele fosse amado, com a
completa capacidade de cada um, e com toda a possibilidade da alma.
4. Uma coisa a mais era indispensavelmente requerida pela retidão da lei, ou
seja, que esta obediência universal, essa perfeita santidade, ambos do coração e vida,
pudesse ser perfeitamente ininterrupta também; pudesse continuar, sem qualquer
interrupção, do momento em que Deus criou o homem, e soprou em suas narinas o
fôlego da vida, até os dias, em que seu julgamento tivesse terminado, e ele pudesse ser
confirmado na vida eterna.
5. A retidão, então, que é da lei, fala dessa maneira: "Tu, ó homem de Deus,
permanecerás firme no amor, na imagem de Deus, por meio do qual foste criado. Se
tu permaneceres na vida, mantenhas os mandamentos, que agora foram escritos em
teu coração. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu pensamento. Amarás, toda alma que Ele criou, como a ti mesmo..
Desejarás nada, a não ser, Deus. Almejarás a Deus, em todos os teus pensamentos,
em toda palavra e obra. Não te desviarás, em um só movimento de corpo ou alma,
Dele, a tua marca, a recompensa de teu alto chamado; e que tudo que existe em ti,
seja um louvor ao Seu santo nome; todo poder e faculdade de tua alma, de todo o
tipo, em qualquer grau, e em todo o momento de tua existência. 'Isto faças, e viverás':
Tua luz brilhará; teu amor inflamar-se-á, cada vez mais, até que sejas recebido no
alto, na casa de Deus, nos céus, para reinares com ele, para todo o sempre'".
6. Mas a retidão que é da fé fala dessa maneira: Não diga ao teu coração,
Quem subirá aos céus, ou seja, trará Cristo do alto para a terra'; (como se fosse
alguma tarefa impossível a que Deus requereu que tu executasses previamente, com o
objetivo de tua aceitação); ou, Quem deverá descer para as profundezas: ou seja,
trazer Cristo de entre os mortos'; (como se isto ainda restasse ser feito, pelo que tu
deverás ser aceito); 'mas o que ela diz?'. A palavra, conforme o teor do qual tu podes
agora ser aceito, como herdeiro da vida eterna, 'está próxima a ti, mesmo em tua boca,
e em teu coração; ou seja, a palavra da fé que nós pregamos',-- a nova aliança que
Deus tem agora estabelecido com o homem pecador, através de Jesus Cristo.
7. Através da 'retidão que é da fé', significa, aquela condição de justificação,
(e, em conseqüência, de salvação presente e final, se nós resistirmos nisto até o fim)
que foi dada por Deus ao homem caído, através dos méritos e mediação de seu
Unigênito. Esta foi a parte revelada a Adão, logo após a sua queda; estando contida
em sua promessa original, feita a ele e sua semente, concernente a Semente da
Mulher, que deveria 'esmagar a cabeça da serpente'. (Gênesis 3:15) 'E porei
inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar'. Ela foi um pouco mais claramente revelada a
Abrão, através do anjo de Deus, dos céus, dizendo: (Gênesis 17:16) 'Porque eu a hei
de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de
povos sairão dela'. E foi ainda mais completamente conhecida a Moisés, Davi, e
todos os profetas que se seguiram; e, através deles, às muitas pessoas de Deus, em
suas respectivas gerações. Mas, ainda a maior parte, mesmo desses, era ignorante
dela; e muito poucos entenderam-na claramente. Entretanto, 'vida e imortalidade' não
foram assim 'trazidas à luz', aos judeus do passado, como elas são agora trazidas a
nós, 'através do Evangelho'.
8. Agora, essa aliança não diz ao homem pecador: 'Execute a obediência, sem
pecado, e viva'. Se este fosse o termo, ela teria nenhum proveito, através de tudo que
Cristo fez e sofreu por ele, do que se lhe fosse requerido, com o objetivo da vida,
'ascender ao céu e trazer Cristo do alto'; ou 'descer às profundezas', para o mundo
invisível, e 'erguer Jesus de entre os mortos'. Ela não requer qualquer impossibilidade
de ser feita: (Embora ao homem comum, o que ela requer seja impossível; não o será
para o homem assistido pelo Espírito de Deus): Esta era apenas para escarnecer a
fraqueza humana. De fato, falando estritamente, a aliança da graça não requer que
façamos alguma coisa, afinal, como sendo absoluta e indispensavelmente necessária,
com o objetivo de nossa justificação; mas apenas, crer Nele que, por causa de seu
Filho, e da expiação que Ele fez, 'justifica o não santo, que não trabalha', e imputa
sua fé, a ele por retidão. Assim sendo Abraão 'creu no Senhor, e ele imputou isto a ele
por retidão'. (Gênesis 15:6) 'E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça'.'E
ele recebeu o sinal da circuncisão, o selo da retidão da fé, -- para que ele pudesse ser
o pai de todos os que crêem, -- para que a retidão pudesse ser imputada junto a eles
também'.
'Agora ela não foi escrita por causa de um apenas, ou seja', por exemplo, a fé
'foi imputada a Ele; mas por nós também, a quem ela deveria ser imputada'; a quem a
fé deveria ser imputada por retidão; deveria permanecer no lugar da obediência
perfeita, com o objetivo da aceitação com Deus; 'se nós crêssemos Nele, que
ressuscitou Jesus, nosso Senhor, dos mortos; que foi entregue' à morte, 'por nossas
ofensas, e ressuscitou para nossa justificação'.
(Romanos 4:11) 'E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé,
quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando
eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada'.
Pela segurança da remissão de nossos pecados, e da segunda vida a vir,
àqueles que crêem:
(Romanos 4:23-25) 'Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse
tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos
naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor o qual por nossos
pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação'.
9. O que diz, então, a aliança do amor clemente e imerecido, e a misericórdia
redentora? 'Crê no Senhor Jesus Cristo, e tu serás salvo'. No dia em que tu creres,
certamente viverás. Serás restaurado, para o favor de Deus; e em seu prazer é vida.
Deverás ser salvo da maldição, e da ira de Deus. Deverás ser vivificado da morte do
pecado, na vida da retidão. E, se tu resistires, até o fim, crendo em Jesus, nunca irás
provar a segunda morte; mas, tendo sofrido com teu Senhor, deverás também viver e
reinar com Ele, para todo o sempre.
10. Agora 'esta palavra está próxima a ti'. Esta condição de vida é clara e
fácil, e está sempre à mão. 'Está em tua boca, e em teu coração', através da operação
do Espírito de Deus. No momento em que 'tu creres em teu coração', Nele, a quem
Deus ergueu de entre os mortos', e 'confessares com tua boca, o Senhor Jesus', como
teu Senhor e teu Deus, 'tu deverás ser salvo', da condenação, da culpa e punição de
teus primeiros pecados, e terás poder, para servires a Deus, nasantidade verdadeira,
todos os dias restantes de tua vida.
11. Qual é a diferença, então, entre a 'retidão que é da lei', e a 'retidão que é
da fé:' – entre a primeira aliança, ou a aliança das obras, e a segunda, a aliança da
graça? A diferença essencial e imutável é esta: Uma supõe que ele, a quem ela é dada,
já seja santo e feliz, criado na imagem, e desfrutando do favor de Deus; e prescreve a
condição em que ele poderá continuar nela, no amor e alegria, vida e imortalidade: A
outra supõe que ele, a quem ela é dada, seja agora impuro e infeliz, expulso da
gloriosa imagem de Deus, tendo a ira de Deus habitando nele, e precipitando-se,
através do pecado, por meio do qual sua alma está morta, para a vida corpórea, e
morte eterna; e para o homem neste estado, ela prescreve a condição, por meio da qual
ele poderá recuperar a pérola que ele perdeu, poderá recuperar o favor e a imagem de
Deus, recuperar a vida de Deus em sua alma, e ser restaurado para o conhecimento e
amor de Deus, que é o início da vida eterna.
12. Novamente: A aliança de obras, com o objetivo da continuidade do homem
no favor de Deus, em seu conhecimento e amor, na santidade e felicidade, requereu do
homem perfeito, uma obediência perfeita e ininterrupta a cada ponto da lei de Deus.
Enquanto que a aliança da graça, com o objetivo da recuperação do homem do favor,
e da vida de Deus, requer apenas fé; fé viva, Nele que, através de Deus, justifica
aquele que não o obedeceu.
13. Ainda, novamente: A aliança das obras requereu de Adão e todos os seus
filhos, pagarem o preço, eles mesmos, em razão do que, eles receberiam todas as
bênçãos futuras de Deus. Mas, na aliança da graça, vendo que não temos nada a pagar,
Deus 'livremente nos perdoa a todos': Contanto, apenas, que acreditemos Nele que
pagou o preço por nós; que deu a si mesmo como 'Sacrifício expiatório, pelos nossos
pecados; pelos pecados do mundo todo'.
14. Assim, a primeira aliança requereu o que está agora longe de todos os
filhos dos homens; ou seja, uma obediência, sem pecado, que está distante daqueles
que 'são concebidos e nascidos no pecado'. Ao passo que a segunda requer o que está
à mão; como se pudesse ser dito: 'Tu és pecado! Deus é amor! Tu, pelo pecado, foste
excluído da glória de Deus; ainda assim, existe misericórdia Nele. Traze, então, todos
os seus pecados para o perdão de Deus, e eles se extinguirão como uma nuvem. Se tu
não fosses impuro, não haveria porque Ele justificar a ti como impuro. Mas, agora,
aproxima-te, na completa segurança da fé. Ele fala, e ela é feita. Tu não deves temer,
apenas crer; porque, sempre o justo Deus justifica todos que crêem em Jesus'.
II
1. Uma vez, essas coisas, consideradas, seria fácil mostrar, como eu propus
fazer, em Segundo Lugar, a tolice de confiar na 'retidão que é da lei', e a sabedoria
que é submeter-se 'à retidão que é da fé'. A insensatez desses que ainda confiam na
'retidão que é da lei', cujos termos são, 'Faça isto, e viva', pode aparecer
abundantemente por esta razão: Ela parte de um erro: mesmo o seu primeiro passo é
um equívoco básico: Porque, antes que eles pudessem, alguma vez, pensar em clamar
por alguma bênção, nos termos dessa aliança, eles deveriam supor que eles mesmos
estivessem, nas mesmas condições que aqueles, aos quais essa aliança fora feita. Mas
que suposição inútil é esta; já que foi feita a Adão, em um estado de inocência. Quão
deficiente deve ser aquela construção que se situa em tais fundações. E quão tolos são
os que, assim, constroem sobre areia! Que parece nunca ter considerado que a aliança
das obras não foi dada para o homem, quando ele estava 'morto nas transgressões e
pecados',, mas quando ele estava vivo para Deus, quando ele conheceu nenhum
pecado, mas era santo, como Deus é santo; que se esqueceu de que ela nunca foi
designada para a recuperação do favor e vida de Deus, uma vez perdida, mas apenas
para a continuação e crescimento, disto, até que possa ser completa na vida eterna.
2. Nem quem está, assim, buscando estabelecer a sua 'própria retidão, que é
da lei', cogita qual seja aquela maneira de obediência ou retidão, que a lei
indispensavelmente requer. Ela deve ser perfeita e completa em todo ponto, ou ela não
responde à pretensão da lei. Mas qual de vocês é capaz de executar tal obediência; ou,
conseqüentemente, viver por meio dela? Quem entre vocês cumpre cada jota e til,
mesmo dos mandamentos exteriores de Deus? – fazendo nada, grande ou pequeno,
daquilo que Deus proíbe? – deixando nada do que Ele ordenou, inacabado? – dizendo
nenhuma palavra inútil? – tendo sua conversa sempre 'adequada para ministrar a
graça para seus ouvintes?' – e, 'o que quer que coma ou beba; ou o que quer que você
faça, fazendo tudo para a glória de Deus?'. E quão menos, você é capaz de cumprir
todos os mandamentos interiores de Deus! – aqueles que requerem que cada
temperamento e movimento de sua alma possam ser santidade junto ao Senhor! Você
é capaz de 'amar a Deus com todo o seu coração?' – amar toda a humanidade, como a
sua própria alma? –'orar sem cessar? – em todas as coisas dando graças?' – ter Deus
sempre diante de você? – e manter cada afeição, desejo e pensamento, em obediência
à sua lei?
3. Você pode considerar mais além que a retidão da lei não requer apenas a
obediência a todo comando de Deus, negativo e positivo, interno e externo, mas
igualmente no grau perfeito. Em qualquer instância que seja, a voz da lei é, 'tu
servirás ao Senhor teu Deus com toda a tua força'. Ela não permite qualquer redução
dessa espécie: ela não perdoa falha: ela condena todo que se exclui da completa
medida da obediência, e imediatamente pronuncia uma punição sobre o ofensor: Ela
considera apenas as regras invariáveis da justiça, e diz, 'Eu não sei mostrar
misericórdia'.
4. Quem, então, pode se apresentar, diante de tal Juiz, que é 'extremado para
marcar o que é feito de errado?'. Quão fracos são aqueles que desejam ser tentados,
no obstáculo onde 'nenhuma carne viva pode ser justificada!' -- ninguém da
descendência de Adão. Porque, suponha que nós agora mantenhamos todo
mandamento, com toda nossa força; ainda assim, uma simples brecha que fosse,
destruiria completamente toda nossa reivindicação para a vida. Se ofendermos,
alguma vez, em algum ponto, essa retidão está no fim. Porque a lei condena todo
aquele que não executa tanto a obediência ininterrupta quanto a perfeita. De modo
que, de acordo com a sentença desta, para aquele que uma vez pecou, em algum grau,
'resta apenas um olhar temeroso, por causa da indignação irascível que deverá
devorar os adversários' de Deus.
5. Não é, então, o supra-sumo da tolice, o homem caído buscar vida, através da
retidão? -- o homem que foi 'moldado na maldade, e que foi concebido no pecado?' --
que é, pela natureza, toda mundana, sensual, diabólica; completamente corrupta e
abominável; em quem, até que ele encontre graça, 'nenhuma coisa boa habita'; mais
ainda, quem não pode ter, por si mesmo, pensamento algum bom; quem é, de fato,
todo pecado, uma mera protuberância da descrença; e quem comete pecado, em todo
fôlego que toma; cujas transgressões atuais, em palavra e ação, são mais em número
do que os cabelos de sua cabeça? Que estupidez, que insensibilidade deve ser para tal
verme impuro, culpado, desamparado, como este, sonhar em buscar aceitação, através
de sua própria retidão, de viver pela 'retidão que é da lei!'.
6. Agora, o que quer que as considerações provem da tolice de se confiar na
'retidão que é da lei', elas provam, igualmente, a sabedoria de se submeter à 'retidão
que é de Deus pela fé'. Isto foi fácil de ser mostrado, com respeito a cada uma das
considerações precedentes. Mas, para acenar isto, a sabedoria do primeiro passo, até
aqui, o desaprovar nossa própria retidão, claramente aparece disto, agir de acordo com
a verdade, com a real natureza das coisas. Porque, o que é mais do que reconhecer,
com nosso coração, assim como lábios, o verdadeiro estado em que nos encontramos?
Reconhecer que trazemos conosco, para este mundo, uma natureza corruptae
pecadora; mais corrupta, realmente, do que podemos conceber facilmente, ou
podemos encontrar palavras para expressar? – que, por isso, nós estamos propensos a
tudo que é mau, e avesso a tudo que é bom; que somos cheios de orgulho, vontade
própria, paixões obstinadas, desejos insensatos, afeições vis e excessivas; amantes do
mundo; amantes do prazer, mais do que amantes de Deus? – que nossas vidas têm
sido nada melhores do que nossos corações, mas, de muitas formas, pecaminosas e
ímpias; de tal maneira, que nossos pecados atuais, ambos na palavra e ação, têm sido
como as estrelas do firmamento, pela quantidade; que, sobre todos esses relatos, nós
estamos desagradando a Ele que tem os olhos mais puros, do que para observar
iniqüidade; e merecendo nada Dele, a não ser indignação, ira e morte, o devido salário
do pecado? -- que nós não podemos, através de alguma de nossas retidões (porque, na
verdade, temos nenhuma, afinal); nem, através de alguma de nossas obras (porque
elas são como a árvore, sobre a qual, elas florescem), submetermo-nos à ira de Deus,
ou impedirmos a punição que temos justamente merecido; sim, que, se deixados por
nossa conta, nós deveremos ser, unicamente, cada vez piores; mergulharemos, mais e
mais profundamente no pecado; ofenderemos a Deus, mais e mais, com nossas obras
diabólicas, e com os temperamentos pecaminosos da nossa mente carnal, até que
atinjamos completamente a medida de nossas iniqüidades, e tragamos, sobre nós
mesmos, a destruição imediata? E este não é o mesmo estado, em que, através da
natureza nós estamos? Reconhecer isto, então, ambos com nosso coração e lábios, ou
seja, repudiar nossa própria retidão, 'a retidão que é da lei', é agir de acordo com a
real natureza das coisas, e, conseqüentemente, é um exemplo da verdadeira sabedoria.
7. A sabedoria de submeter-se á 'retidão da fé' aparece mais além dessa
consideração, que é a retidão de Deus: Eu quero dizer aqui, que se trata daquele
método de reconciliação com Deus, que tem sido escolhido e estabelecido, através do
próprio Criador, não apenas, porque Ele é o Deus da sabedoria, mas porque Ele é o
Senhor soberano do céu e terra, e de toda criatura que Ele criou. Agora, como não é
adequado ao homem dizer junto a Deus, 'O que fazes tu?' -- como ninguém, que não
esteja extremamente isento de entendimento, irá contender com Aquele que é mais
poderoso do que ele; com Ele cujo reino governa sobre tudo; então, esta é verdadeira
sabedoria; é a marca do profundo entendimento: sujeitar-se ao que quer que ele tenha
escolhido; dizer nisso, como em todas as coisas, 'É o Senhor, que ele faça como lhe
parece bom'.
8. Pode ser, mais além, considerado que foi da mera graça, do amor livre, da
misericórdia imerecida, que Deus tem concedido ao homem pecador algum caminho
de reconciliação consigo mesmo; que nós não fomos tirados de Suas mãos, e
inteiramente apagados de Sua lembrança. Portanto, qualquer que seja o método que
Ele se agradou indicar, de sua misericórdia terna, de sua bondade imerecida, por meio
do qual seus inimigos, que têm tão profundamente se revoltado com Ele, e há tanto
tempo e obstinadamente, se rebelado contra Ele, podem ainda encontrar favor aos
seus olhos, é, sem dúvida, nossa sabedoria aceitar isto com toda gratidão.
9. Para mencionar, a não ser uma consideração mais: É sabedoria objetivar, a
melhor finalidade, através dos melhores meios. Agora, a melhor finalidade que
alguma criatura pode buscar é a felicidade em Deus. E a melhor finalidade que a
criatura caída pode perseguir é a recuperação do favor e imagem de Deus. Mas o
melhor; de fato, o único meio debaixo do céu, dado ao homem, por meio do qual, ele
pode recuperar o favor de Deus, que é melhor do que a própria vida, ou a imagem de
Deus; que é a verdadeira vida da alma, é submeter-se 'à retidão que é da fé', o
acreditar no Unigênito Filho de Deus.
III
1. Portanto, quem quer que tu sejas, que desejas ser perdoado, e reconciliado,
para o favor de Deus, não digas, em teu coração, 'Eu devo, primeiro, fazer isto; eu
devo, primeiro, subjugar todo pecado; interromper toda palavra e obra pecaminosa,
e fazer todo bem a todos os homens; ou, eu devo, primeiro, ir para a igreja receber a
Ceia do Senhor, ouvir mais sermões, e fazer mais orações'. Ai de mim, meu irmão!
Tu estás claramente saindo fora do caminho. Tu és ainda 'ignorante da retidão de
Deus', e estás 'buscando estabelecer tua própria retidão', como o alicerce de tua
reconciliação. Tu não sabes que tu não podes fazer nada, a não ser pecar, até que sejas
reconciliado para Deus? Por que, então, tu dizes, 'eu devo fazer isto, e isto, primeiro,
e, então, eu devo crer?'. Não! Que, primeiro, tu creias! Creias no Senhor Jesus Cristo,
o Conciliador para teus pecados. Permite que seu bom alicerce, primeiro seja
colocado, e, então, deverás fazer todas as coisas, bem.
2. Nem digas, em teu coração, 'Eu não posso ser ainda aceito, porque não sou
bom o suficiente'. Quem é bom o suficiente – quem, alguma vez, foi – para merecer
aceitação nas mãos de Deus? Algum filho de Adão foi bom o suficiente para isto? –
ou alguém será, até a consumação de todas as coisas? E como para ti, tu não és bom,
afinal: Em ti não habita coisa alguma boa. E tu nunca serás, até que tu creias em
Jesus. Antes, tu te acharás cada vez pior. Mas existe alguma necessidade em se ser
pior, para que se seja aceito? Tu já não és mau o suficiente? Decerto que tu és, e Deus
sabe. E tu mesmo não podes negar isto. Então, não demora. Todas as coisas estão
agora prontas. 'Levanta-te, e limpa teus pecados'. A fonte está aberta. Agora é o
tempo de deixar-te limpo do sangue do Cordeiro. Agora ele irá 'purificar' a ti, e tu
serás 'alvo como a neve'.
3. Não digas, 'Mas eu não estou contrito o suficiente: Eu não estou
suficientemente consciente dos meus pecados'. Eu sei disso. Eu gostaria, em Deus,
que tu estivesses mais consciente deles; mais arrependido, milhares de vezes mais do
que tu estás. Mas não seja por isto. Pode ser que Deus te torne assim, não antes que tu
creias, mas, em crendo. Pode ser que tu não mais irás murmurar, até que tu ames
muito, porque tu tens tido muito perdão. Nesse meio tempo, olhe para Jesus. Observe
o quanto Ele te ama! O que mais Ele poderá fazer por ti, que Ele já não tenha feito?
Ó, o Cordeiro de Deus, alguma vez foi dor; alguma vez foi amor como o teu?
Olhe firmemente para Ele, até que Ele olhe para ti, e penetre em teu duro coração.
Então, que tua 'cabeça' possa ser 'águas', e teus 'olhos fontes de lágrimas'.
4. Nem ainda digas, 'Eu devo fazer alguma coisa mais, antes de vier para
Cristo'. Eu admito, supondo que teu Senhor possa demorar em sua vinda, seria
adequado e certo esperar por ela, fazendo, tanto quanto tu tens poder, o que Ele
ordenou a ti. Mas não existe necessidade de fazer tal suposição. Como tu sabes que
Ele irá demorar? Talvez, Ele vá aparecer, ao romper do dia nas alturas, antes da luz da
manhã. Ó, não estabelece para Ele um horário! Espera por Ele todo o momento!
Agora Ele está próximo! Até mesmo à porta!
5. E para que finalidade, tu esperarás por mais sinceridade, antes que teus
pecados sejam apagados? – para tornar a ti mais merecedor da graça de Deus? Ai de
mim! Tu ainda 'estabeleces tua própria retidão'. Ele irá ter misericórdia, não porque
tu a mereces, mas porque a compaixão Dele não falha; não porque tu és reto, mas
porque Jesus Cristo expiou por teus pecados.
Novamente, se existir alguma coisa boa na sinceridade, por que tu esperas por
ela, antes que tu tenhas fé? – vendo que a própria fé é apenas a raiz do que quer que
seja realmente bom e santo. Acima de tudo, por quanto tempo tu irás esquecer, que o
quer que faças, ou o que quer que tenhas feito, antes que teus pecados sejam
perdoados de ti, não importa em nada com Deus, quanto a procurar por teu perdão? --
sim, e que todos eles devem ser deixados para trás, pisoteados, tendo nenhuma
consideração a respeito, ou tu nunca irás encontrar favor às vistas de Deus; porque,
até então, tu não pudeste pedir isto, como um mero pecador, culpado,perdido,
inacabado, tendo nada a pleitear, nada a oferecer a Deus, mas apenas os méritos de
seu bem amado Filho, 'que amou a ti, e deu a si mesmo por ti!'.
6. Para concluir. Quem quer que tu sejas, Ó homem, que tenhas a sentença da
morte em ti mesmo; que sentes a ti mesmo um pecador condenado, e tens a ira de
Deus habitando sobre ti: Junto a ti, diz o Senhor, não, 'Faças isto' – obedeças,
perfeitamente, todos os meus mandamentos, -- e 'viverás'; mas, 'Creias no Senhor
Jesus Cristo, e tu serás salvo'. A palavra da fé está próxima a ti: Agora, neste
momento, neste exato momento, em teu estado presente, pecador como tu és,
exatamente como tu és, creia no Evangelho; e 'Eu serei misericordioso, junto à tua
misericórdia, e de tuas iniqüidades não mais me lembrarei'.
[Editado anonimamente, na Memorial University of Newfoundland, com correções de
George Lyons da Northwest Nazarene College, para a Wesley Center for Applied
Theology.]
O Caminho para O Reino
John Wesley
'E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos,
e crede no evangelho'. (Marcos 1:15)
Essas palavras naturalmente nos conduzem a considerar:
I. Primeiro, a natureza da religião verdadeira, aqui denominada por nosso
Senhor de 'o Reino de Deus', e que, Ele diz, 'está próximo';
II. Em Segundo Lugar, o caminho para ele, e que Jesus indica nestas
palavras: 'Arrependam—se e creiam no Evangelho'.
I
1. Em Primeiro Lugar, vamos considerar a natureza da religião verdadeira,
aqui denominada por nosso Senhor de 'o Reino de Deus'. A mesma expressão que o
grande Apóstolo usa, em sua Epístola para os Romanos, onde ele igualmente explica
as palavras de seu Senhor, dizendo: (Romanos 14:17) 'Porque não é o reino de Deus
comida, nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo'.
2. 'O reino de Deus', ou a religião verdadeira, 'não é comida, nem bebida'.
Sabe-se que não apenas os judeus não convertidos, mas um grande número daqueles
que receberam a fé de Cristo, era, não obstante, 'zeloso da lei': (Atos 21:20) 'E,
ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos
milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei'; até mesmo, da lei
cerimonial de Moisés. O que quer, portanto, que eles encontraram escrito nela, quer
concernente às ofertas de carne e bebida, ou à distinção, entre o que eram carnes puras
e impuras, eles não apenas observaram, entre eles, mas veementemente pressionaram,
até mesmo, 'em maio aos gentios', (ou ateus), 'que se voltaram para Deus'; sim, de tal
maneira, que alguns deles ensinaram, onde quer que eles estiveram com eles: (Atos
15:1,24) 'Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés' (o ritual completo da
lei), não podeis salvar-vos. (...) 'Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós
vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis
circuncidar-vos'.
3. Em oposição a estes, o Apóstolo declara, aqui, e em muitos outros lugares,
que a religião verdadeira não consiste em carne e bebida; ou em algumas observâncias
rituais; nem, na verdade, em qualquer coisa exterior; em alguma coisa exterior ao
coração; toda a essência dela situando-se na 'retidão, paz, e alegria no Espírito Santo'.
4. Nem qualquer coisa exterior; tais como formas, ou cerimoniais; mesmo do
tipo mais excelente. Supondo-se que estas sejam sempre tão decentes e significantes;
sempre tão expressivas das coisas interiores; sempre tão úteis, não apenas aos homens
comuns, cujo discernimento alcançam um pouco mais além do que seus olhos; mas,
mesmo, aos homens de entendimento; homens de grandes capacidades, como, sem
dúvida, eles, algumas vezes, foram: Sim, supondo-se que eles, como no caso de
judeus, foram apontados pelo próprio Deus; mesmo durante o período de tempo em
que essa indicação permaneceu em vigor, a religião verdadeira não consistiu nela;
não, falando precisamente; não, no sentido restrito, afinal. Quanto mais deve esta forte
influência, concernente a tais rituais e formas, quando são unicamente desígnios
humanos! A religião de Cristo ergue-se, infinitamente mais alto, e se coloca
imensamente mais profundo, do que todos esses. Esses são bons em seus lugares;
exatamente tão distante quanto eles sejam, de fato, subservientes da religião
verdadeira. E foi superstição objetar contra eles, enquanto eles foram aplicados, tão
somente, como socorro ocasional às fraquezas humanas. Mas que nenhum homem os
conduzam mais além. Que nenhum homem sonhe que eles têm algum valor
intrínseco; ou que a religião não possa consistir, sem eles. Isto é fazer deles uma
abominação ao Senhor.
5. A natureza da religião está tão longe de consistir nestas formas de adoração,
rituais ou cerimoniais, que ela não consiste propriamente em quaisquer ações
exteriores, de qualquer tipo, afinal. É verdade, que, um homem que esteja culpado de
algumas ações deploráveis e imorais, ou que faça aos outros o que ele não gostaria
que fosse feito a ele, se estivesse na mesma circunstância, não tem qualquer religião.
E é também verdade que não pode ter religião verdadeira, aquele que 'sabe fazer o
bem, e não o faz'. Ainda assim, um homem, tanto pode se abster do mal exterior,
quanto fazer o bem, e não ter religião. Sim, duas pessoas podem fazer as mesmas
obras exteriores; o que se supõe, alimentar o faminto, vestir o nu, e, neste meio tempo,
um desses pode ser um religioso verdadeiro, e outros não terem religião, afinal: Já que
um pode agir do amor de Deus, e o outro, do amor ao reconhecimento próprio. Então,
é evidente que embora a religião verdadeira naturalmente conduza a cada boa palavra
e boa obra, ainda assim, a natureza real dela situa-se ainda mais profundo, sempre no
'oculto do coração'.
6. Eu digo do coração. Porque a religião não consiste em ortodoxia, ou
opiniões certas; que, embora não sejam propriamente coisas exteriores, não estão no
coração, mas no entendimento. Um homem pode ser ortodoxo, em todo ponto; ele
pode, não apenas, expor as opiniões certas, mas zelosamente defendê-las contra todos
os opositores; ele pode pensar razoavelmente, concernente à encarnação de nosso
Senhor; concernente à sempre abençoada Trindade, e cada outra doutrina contida nos
oráculos de Deus; ele pode admitir, a todos, os três credos, -- aqueles chamados de
Apóstolos, o Nicene e o Atanasiano [Relativo ao símbolo de fé, atribuído a Atanásio, e que
outrora era usado durante a Prima, no ofício dominical]; e, ainda assim, é possível que ele
possa ter nenhuma religião, afinal; não mais, do que os judeus, turcos, ou pagãos. Ele
pode ser quase ortodoxo – como o diabo, (embora, de fato, não completamente; uma
vez que todo homem erra em alguma coisa, considerando que nós não podemos
imaginá-lo admitindo alguma opinião errônea), e pode, todo o tempo, ser tão
grandemente um estranho, quanto ele à religião do coração.
7. Esta, tão somente, é a religião, verdadeiramente chamada. Esta somente
tem, aos olhos de Deus, um grande valor. O Apóstolo sumariza toda ela em três
particulares, 'retidão, paz e alegria no Espírito santo'. Primeiro, a retidão. Nós não
podemos estar perdidos no que concerne a isto, se nós nos lembrarmos das palavras de
nosso Senhor, ao descrever os dois grandes ramos em que 'se dependuravam todas as
leis dos profetas': (Marcos 12:30) 'Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas
forças; este é o primeiro mandamento'; o primeiro e o grande ramo da retidão cristã.
Tu deverás te deleitar no Senhor, teu Deus; tu deverás buscar e encontrar toda a
felicidade nele. Ele deverá ser 'teu abrigo, e tua excessivamente grande recompensa',
no tempo e na eternidade. Todos os teus ossos deverão dizer, 'A quem mais eu tenho
nos céus, se não a ti? E não existe quem eu deseje na terra, além de ti!'. Tu deverás
ouvir e cumprir a palavra Daquele que diz, 'Meu filho, dá-me teu coração!'. E, tendo
dado a Ele teu coração; o mais íntimo de tua alma, para que Ele reine lá, sem um rival,
tu poderás bem clamar, com todoo teu coração, 'Eu amarei a Ti, ó Senhor, minha
força. O Senhor é minha rocha forte, e minha fortaleza; meu Salvador, meu Deus, e
minha força, em quem eu irei confiar; meu escudo, a força também de minha
salvação, e meu refúgio'. (Salmos 18:2) 'O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar
forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu
escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio'.
8. E o segundo mandamento é como este; o segundo grande ramo da retidão
cristã está intimamente e inseparavelmente conectada a isto; sempre 'Tu deverás amar
teu próximo como a ti mesmo'. Tu deverás amar, -- tu deverás abraçar, com a mais
terna boa vontade, a mais sincera e cordial afeição, os mais ardorosos desejos de
prevenir e extinguir todo o mal; e, conseguir todo bem possível, a ele -- ao teu
próximo, -- ou seja, não apenas a teu amigo, teu parente, ou teu conhecido; não apenas
ao virtuoso, ao cordial; àquele que ama a ti, que se antecipa ou retorna tua bondade;
mas a todo filho do homem, cada ser humano, cada alma que Deus fez; não excluindo
aquele a quem tu nunca viste na carne, a quem tu não conheces, quer pessoalmente ou
por nome; não excetuando aquele que tu sabes, seja mau e ingrato; aquele que ainda
usa e persegue a ti maliciosamente: A este tu deves amar como a ti mesmo; com a
mesma sede invariável em busca de sua felicidade de toda espécie; o mesmo cuidado
incansável de protegê-lo do que quer que possa afligi-lo ou machucá-lo, quer sua alma
ou corpo.
9. Agora, este amor é 'o cumprimento da lei?'. A somatória de toda retidão
cristã? – de toda retidão interior; porque ela necessariamente implica em 'entranhas
de misericórdia, humildade de mente' (vendo que 'o amor não se ufana'), 'gentileza,
mansidão, longanimidade': (porque o amor 'não se enfurece'; mas 'crê, espera, e
suporta todas as coisas'): E de toda retidão exterior; porque 'o amor não pratica o mal
ao seu próximo', que por palavra ou ação. Ele não pode, de boa-vontade, causar dano,
ou afligir alguém. E é zeloso das boas obras. Todo amante da humanidade, quando ele
tem oportunidade, 'faz o bem a todos os homens', (sem parcialidade, e sem hipocrisia)
'cheio de misericórdia e bons frutos'.
10. Mas a religião verdadeira, ou um coração justo, em direção a Deus e ao
homem, implica felicidade, assim como santidade. Porque não é apenas 'retidão',
também, 'paz e alegria no Espírito Santo'. Que paz? 'A paz de Deus'; que Deus apenas
pode dar, e que o mundo não pode tirar; é a paz que 'ultrapassa todo entendimento',
toda concepção meramente racional; sendo uma sensação sobrenatural, um sentido de
paladar divino dos 'poderes do mundo que virá'; tal como o homem natural não
conhece, por mais sábio que ele seja nas coisas deste mundo; nem, na verdade, ele
pode saber isto, em seu presente estado, 'porque ela é discernida espiritualmente'. É a
paz que extingue toda a dúvida, toda incerteza dolorosa; o Espírito de Deus
testemunhando com o espírito de um cristão que ele é 'filho de Deus'. E ela bane o
medo, todo tal temor que causa tormento; o medo da ira de Deus; o medo do inferno;
o temor do diabo; e, em particular, o temor da morte: ele que tem a paz de Deus
deseja, se for da vontade de Deus, 'partir e estar com Cristo'.
11. Com esta paz de Deus, onde quer que ela seja fixada na alma, existe
também 'alegria no Espírito Santo'; alegria forjada no coração pelo Espírito Santo,
através do sempre abençoado Espírito de Deus. É Ele que opera em nós aquela calma,
o humilde regozijar-se em Deus, através de Jesus Cristo, 'por quem nós recebemos a
redenção', a reconciliação com Deus; e que nos capacita corajosamente a confirmar a
verdade da declaração preciosa do salmista, 'Abençoado é o homem' (ou,
preferivelmente, feliz) 'cuja iniqüidade é perdoada, e cujos pecados são vencidos'. É
Ele que inspira a alma cristã, até mesmo, com aquela alegria sólida que nasce do
testemunho do Espírito de que ele é um filho de Deus; e que faz com que ele 'se
regozije, com alegria inexprimível, na esperança da glória de Deus'; esperança da
gloriosa imagem de Deus, que está em parte, mas que será totalmente 'revelada nele';
e daquela coroa de glória que não desaparece, reservada para ele nos céus.
12. Esta santidade e felicidade, juntas, são, algumas vezes, denominadas, nos
escritos inspirados, 'o reino de Deus' (como através de nosso Senhor no texto); e,
algumas vezes, 'o reino do céu'. Elas são denominadas 'o reino de Deus', porque são
os frutos imediatos do reino de Deus na alma. Tão logo, Ele toma junto a si mesmo
seu imenso poder, e fixa seu trono em nossos corações, eles são instantaneamente
preenchidos com essa 'retidão, paz e alegria no Espírito Santo'. São chamadas de 'o
reino do céu', porque elas são (de certa forma) o céu revelado na alma. Porque, quem
que experimente isto, pode afirmar diante de anjos e homens:
A vida eterna é alcançada, e a glória na terra começou, de acordo com o
constante teor das Escrituras, que, em todo lugar, testemunha em: (I João 5:11-12) 'E
o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.
Quem tem o Filho' (reinando em seu coração) 'tem a vida eterna; quem não tem o
Filho de Deus não tem a vida'. Porque (João 17:3) 'esta é a vida eterna: que te
conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste'.
E eles, a quem isto é dado, podem confiantemente dirigir-se a Deus, embora
estejam em meio a uma fornalha: A Ti, Senhor, protegido pelo teu poder. A Ti, Filho
de Deus, Jeová, nós adoramos. Na forma humana do alto surgiu: A Ti sejam dadas
aleluias sem cessar; louvor, assim como em seu trono no céu, nós oferecemos aqui;
porque onde quer que estejas, lá, o céu é manifesto.
13. E este 'reino de Deus', ou do céu 'está ao alcance da mão'. Quando essas
palavras foram originalmente faladas, elas implicaram que 'o tempo' estaria, então,
cumprido, com Deus sendo 'manifestado na carne'; quando Ele fixaria seu reino entre
os homens, e reinaria nos corações de seu povo. E o tempo já não está cumprido?
Porque Ele disse: 'Veja, eu estarei sempre com vocês', vocês que pregam remissão dos
pecados em meu nome, até o fim do mundo'. (Mateus 28:20) 'Ensinando-os a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos
os dias, até a consumação dos séculos'. Portanto, onde quer que o Evangelho de
Cristo seja pregado, este Seu 'reino está ao alcance da mão'. Não está longe de
nenhum de vocês. Vocês podem, nesta mesma hora, entrar, se vocês ouvirem
atentamente a Sua voz: 'Arrependam-se, e creiam no Evangelho'.
II
1. Este é o caminho: caminhem nele. Primeiro, 'arrependam-se'; ou seja,
conheçam a si mesmos. Este é o primeiro arrependimento, prévio para a fé; até
mesmo a convicção, ou autoconhecimento. Acorda, então, tu que dormes. Reconhece
que tu és um pecador, e o tipo de pecador que tu és. Reconhece aquela corrupção de
tua natureza mais intima, por meio da qual, tu estás muito longe da retidão original;
por meio da qual, 'a carne deseja ardentemente', sempre, 'contrária ao Espírito',
através daquela 'mente carnal', que 'é inimiga de Deus', que 'não está sujeita à lei de
Deus, nem, de fato, pode estar'. Reconhece que tu és corrupto, em todo poder, em
toda faculdade de tua alma; que tu és totalmente corrupto, em cada um desses; todos
os alicerces, estando fora do curso. Os olhos de teu entendimento estão obscurecidos,
de modo que eles não podem discernir Deus, ou as coisas de Deus. As nuvens da
ignorância e erro descansam sobre ti, e cobrem a ti com a sombra da morte. Tu sabes
nada de Deus, nem do mundo, nem de ti mesmo, como tu deverias saber. Tua vontade
não é mais a vontade de Deus, mas é totalmente perversa e distorcida; avessa a todo
bem, a tudo que Deus ama, e propensa a todo mal, à toda abominação que Deus odeia.
Todas as tuas afeições estão alienadas de Deus, e dispersas por sobre toda a terra.
Todas as tuas paixões, ambos teus desejos e aversões; tuas alegrias e tristezas; tuas
esperanças e temores estão desequilibrados; são tanto inadequados,em seus níveis,
quanto estão colocados em objetos inadequados. De maneira que não existe sanidade
em tua alma; mas 'dos pés à cabeça' (para usar a forte expressão do Profeta) existe
apenas 'machucaduras, feridas, e chagas podres'.
2. Tal é a corrupção nata do teu coração, de tua natureza interior. E que tipo de
ramificações podes tu esperar que cresça de tais raízes pecaminosas? Disto, brota
descrença; sempre separada do Deus vivo; dizendo, 'Quem é o Senhor que eu devo
servir? Ora! Tu, Deus, não te preocupas com isto!'. Disto, a independência,
simulando parecer como o Altíssimo. Disto, o orgulho, em todas as suas formas;
ensinando-te a dizer 'Eu sou rico, tenho muitos bens, e não preciso de coisa alguma'.
Desta fonte diabólica, fluem as correntezas amargas da vaidade, a sede do elogio,
ambição, cobiça, a luxúria da carne, a luxúria dos olhos, e o orgulho da vida. Disto,
erguem-se a ira, o ódio, a malícia, a revanche, a inveja, o ciúme, e as suposições
diabólicas. Disto, todos os entusiasmos tolos e prejudiciais que agora 'perfuram a ti,
através de muitas tristezas', e se não prevenidas a tempo, irão, por fim, mergulhar tua
alma na perdição eterna.
3. E que frutos podem crescer em tais ramos como esses? Do orgulho, vem a
contenda, o elogio vão de si próprio, o buscar e receber o louvor dos homens, e assim,
roubar de Deus aquela glória que Ele não pode dar a outro. Da luxúria da carne, vem a
glutonaria ou bebedeira, lascívia ou sensualidade, fornicação, impureza;
diferentemente corrompendo aquele corpo que foi designado para o templo do
Espírito Santo: Da descrença, toda palavra e obra diabólica. Mas, o tempo seria
insuficiente, tu deverias somá-los todos; todas as palavras inúteis que tu disseste,
desafiando o Altíssimo, afligindo o Espírito Santo de Israel; todas as obras diabólicas
que tu fizeste, tanto completamente pecaminosas, em si mesmas, ou, pelo menos, não
feitas para a glória de Deus. Porque teus pecados presentes são mais do que tu és
capaz de expressar; mais do que os cabelos de tua cabeça. Quem poderá contar as
areias do mar, ou as gotas da chuva, ou tuas iniqüidades?
4. E tu não sabes que 'o salário do pecado é a morte?' – Morte, não apenas
temporal, mas eterna. 'A alma que pecar, deverá morrer'; porque o Senhor disse isto.
Ela deverá morrer a segunda morte. Esta é a sentença: 'ser punido', com a morte sem
fim, 'com a destruição eterna da presença do Senhor, e da glória de Seu poder'. Tu
não sabes que todo pecador não 'está' propriamente 'às portas do fogo do inferno',
está demasiado vulnerável; mas, antes, 'está debaixo da sentença do fogo do inferno';
já está condenado; e exatamente sendo levado para a execução. Tu és culpado da
morte eterna. Ela é a recompensa justa de tua maldade interior e exterior. É justo que
aquela sentença agora tome lugar. Tu consegues ver e sentir isto? Tu estás totalmente
convencido de que tu mereces a ira de Deus, e a condenação eterna? Deus faria algum
mal a ti, se ele agora ordenasse que a terra se abrisse e te tragasse? Se tu fosses agora
rapidamente para o abismo, para o fogo que nunca se extingue? Se Deus tem
determinado que tu verdadeiramente te arrependas, tu tens profunda consciência de
que estas coisas são assim; e que é pela mera misericórdia que tu não estás
consumido, que tu não foste varrido da face da terra.
5. E o que tu irás fazer para apaziguar a ira de Deus, para expiar todos os teus
pecados, e escapar da punição que tu tens tão justamente merecido? Ai de mim! Tu
não podes fazer coisa alguma; nada que irá, de alguma forma, reparar para Deus
alguma obra, palavra ou pensamento pecaminoso. Se tu pudesses agora fazer todas as
coisas boas; se, deste momento em diante, até que tu alma retorne para Deus, tu
pudesses executar a obediência perfeita e ininterrupta, mesmo isto não iria reparar o
que passou. O não aumentar teu débito não iria saldá-lo. Ele ainda permaneceria tão
grande como sempre. Sim, a obediência presente e futura de todos os homens sobre a
terra, e de todos os anjos no céu, não traria satisfação à justiça de Deus, por um único
pecado. Quão inútil, então, foi o pensamento de reparar por teus próprios pecados,
através de alguma coisa que tu possas fazer! Custa muito mais redimir uma alma, do
que toda a humanidade é capaz de pagar. De modo que não existe outra ajuda para o
pecador culpado, sem dúvida, ele deve perecer eternamente.
6. Mas suponha que a obediência perfeita, no futuro, pudesse reparar os
pecados passados, isto seria de nenhum proveito para ti; porque tu não és capaz de
executar isto; não; de maneira alguma. Comece agora: Faça uma tentativa. Livre-se
daquele pecado exterior que tão facilmente assola a ti. Tu não podes. Como, então, tu
irás mudar tua vida, de todo o mal para todo o bem? De fato, é impossível de ser feito,
a menos que, primeiro, teu coração mude. Porque, por quanto uma árvore permanece
má, ela não poderá produzir bons frutos. Mas será que tu és capaz de mudar teu
próprio coração; do pecado total, para a total santidade? Vivificar a alma que está
morta no pecado, -- morta para Deus, e viva apenas para o mundo? Não mais do que
tu és capaz de vivificar um corpo morto; trazer de volta à vida aquele que está na
sepultura. Sim, tu não és capaz de vivificar tua alma, em algum grau; não mais do que
dar vida, em algum grau, a um corpo morto. Tu não podes fazer coisa alguma, mais
ou menos, a este respeito; tu estás totalmente sem força. Estar profundamente
consciente disto, do quão impotente tu és, assim como, do quão culpado e quão
pecador, -- este é aquele 'arrependimento', que é o precursor do reino de Deus.
7. Se à esta convicção viva de teus pecados interiores e exteriores; de tua mais
extrema culpa e impotência, forem acrescentadas afeições adequadas, -- tristeza do
coração, por tu teres menosprezado tuas próprias misericórdias, -- remorso, e
autocondenação; tendo fechado tua boca, -- vergonha, por ergueres teus olhos aos
céus, -- temor da ira de Deus, habitando em ti, da maldição de Deus, dependurada
sobre tua cabeça, e da flamejante indignação pronta a devorar esses que se
esqueceram de Deus, e não obedeceram nosso Senhor Jesus Cristo, -- desejo sincero
de escapares daquela indignação, cessares o mal, e aprenderes a fazer o bem; -- então,
eu digo a ti, em nome do Senhor, 'Tu não estás longe do reino de Deus'. Um passo
mais, e tu entrarás nele. 'Arrepende-te'. Agora, 'creias no Evangelho'.
8. O evangelho (ou seja, as boas novas; as boas notícias para os pecadores
culpados e impotentes), em um sentido mais amplo, significa toda a revelação feita
por Jesus Cristo, aos homens; e, algumas vezes, todo o relato do que nosso Senhor fez
e sofreu, durante seu tabernáculo entre os homens. A substância de tudo é que 'Jesus
Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores'; ou 'Deus amou de tal modo o mundo
que deu seu Unigênito para que não perecêssemos, mas tivéssemos a vida eterna'; ou
'Ele foi ferido por nossas transgressões; Ele foi machucado por nossas iniqüidades; o
castigo de nossa paz estava sobre ele; e com suas chicotadas fomos curados'.
9. Creias nisto, e o reino de Deus é teu. Pela fé, tu obténs a promessa. 'Ele
perdoa e absolve todo que verdadeiramente se arrependem, e sinceramente acreditam
em seu santo Evangelho'. Tão logo Deus fale ao teu coração, 'Ânimo, teus pecados
foram perdoados', seu reino virá: Tu terás 'a retidão, paz e alegria no Espírito Santo'.
10. Apenas cuida, tu, de não enganares a tua própria alma, com respeito à
natureza desta fé. Ela não se trata, como alguns têm afirmado apaixonadamente, de
uma mera aquiescência da Bíblia, dos artigos de nosso credo, ou de tudo que está
contido no Velho e Novo Testamento. Os demônios acreditam nisto, tanto quanto eu
ou tu! E, ainda assim, eles ainda são demônios. Mas ela é, acima de tudo isto, a
confiança verdadeira na misericórdia de Deus, através de Jesus Cristo. É a confiança
no Deus clemente. É a evidência ou convicção divina de que 'Deus estava em Cristo,
reconciliando o mundo para si mesmo, não imputando a ele suas' primeiras
'transgressões';e, em particular, que o Filho de Deus amou a mim, e deu a Si mesmo
por mim; e que eu, até mesmo eu, estou agora reconciliado para Deus, através do
sangue da cruz.
11. Tu crês desta forma? Então, a paz de Deus está em teu coração, e a tristeza
e lamentação fugiram. Tu não mais duvidas do amor de Deus; ele está claro como o
sol do meio-dia. Tu clamas: 'Minha canção deverá ser sempre sobre a bondade do
Senhor: Com minha boca eu irei sempre falar de tua verdade, de geração em
geração'. Tu não mais temerás o inferno, ou a morte, ou aquele que, uma vez, teve o
poder da morte, o diabo; não; não temerás dolorosamente o próprio Deus; tu terás
apenas o temor terno e filial de afligir a Ele. Tu crês? Então, tua 'alma magnífica o
Senhor', e teu 'espírito se regozija em Deus, teu Salvador'. Tu te regozijas Naquele em
quem tu tens 'redenção, através de Seu sangue, até mesmo, o perdão dos pecados'. Tu
te regozijas naquele 'Espírito de adoção', que clama em teu coração, 'Aba, Pai!'. Tu te
regozijas na 'esperança completa da imortalidade'; no alcançar a 'marca do prêmio
por teu alto chamado'; na sincera expectativa de todas as boas coisas que Deus tem
preparado para aqueles que O amam.
12. Tu agora crês? Então, 'o amor de Deus está' agora 'espalhado em teu
coração'. Tu amas a Ele, porque Ele primeiro amou a nós. E porque tu amas a Deus,
tu amas a teu irmão também. E sendo preenchido com 'o amor, a paz, e a alegria', tu
estás também preenchido com a 'longanimidade, gentileza, fidelidade, bondade,
humildade, temperança', e todos os outros frutos do mesmo Espírito; em uma palavra,
com quaisquer disposições que sejam santas, que sejam celestiais ou divinas. Porque,
enquanto tu 'olhares com a face aberta', descoberta (o véu, estando agora retirado) 'a
glória do Senhor', seu amor glorioso, e a imagem gloriosa, em que tu foste criado, tu
estarás 'mudado para a mesma imagem, de glória em glória, através do Espírito do
Senhor'.
13. Este arrependimento, esta fé, esta paz, esta alegria, este amor, esta
mudança de glória em glória, é o que a sabedoria do mundo tem sugerido ser loucura,
mero entusiasmo, e completa abstração. Mas tu, ó homem de Deus, com te preocupes
com eles; não te abales por quaisquer dessas coisas. Tu sabes em que tu tens crido. Vê
que nenhum homem tire tua coroa. O que tu obtiveste, segura firme, e segue, até que
obtenhas as grandes e preciosas promessas. E tu que ainda não conheces a Ele, não
permitas que homens presunçosos façam com que te envergonhes do Evangelho de
Cristo. Não te impressiones com coisa alguma, através desses que falam mal das
coisas que eles não conhecem. Deus logo irá transformar tua opressão em alegria. Que
tuas mãos se abaixem! Ainda que demore um pouco, Ele fará desaparecer teus medos,
e dará a ti o espírito de uma mente sã. Ele que está perto de ser 'justificado: Quem
poderá condena-lo? É Cristo, que morreu; sim, antes, que ressuscitou, e que está,
desde então, à direita de Deus, fazendo intercessão', por ti.
'Coloca-te, agora, nas mãos do Cordeiro de Deus, com todos os teus pecados,
por muitos que eles sejam; e uma entrada será ministrada junto a ti, no reino de
nosso Senhor, e Salvador Jesus Cristo!'.
[Editado anonimamente na Memorial University of Newfoundland, com correções de George
Lyons da Northwest Nazarene College para a Wesley Center for Applied Theology.]
Os primeiros Frutos do Espírito
John Wesley
'Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Jesus Cristo, que não andam
segundo a carne, mas segundo o Espírito'. (Romanos 8:1)
1. Por 'aqueles que estão em Cristo', Paulo evidentemente quis dizer, aqueles
que verdadeiramente acreditam nele; os quais 'sendo justificados pela fé, têm paz com
Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo'. Aqueles que assim acreditam que não
mais 'caminham pela carne'. Aqueles que não mais seguem os movimentos da
natureza corrupta, mas 'seguem o Espírito'; tanto seus pensamentos e palavras, quanto
em obras, estão debaixo da direção do Espírito abençoado de Deus.
2. 'Existe, entretanto, agora, nenhuma condenação', nesses. Não existe
condenação para eles, vinda de Deus; porque ele os tem justificado 'livremente pela
sua graça, através da redenção que está em Jesus'. Ele tem esquecido todas as
iniqüidades deles, e apagado todos os seus pecados. E não existe condenação para eles
disso; porque eles 'têm recebido, não o espírito do mundo, mas o Espírito o qual está
em Deus; para que eles saibam as coisas que são dadas livremente, para eles, de
Deus' (I.Cor. 2:12); que o Espírito 'testemunha com seus espíritos, que eles são filhos
de Deus'. E para isto, é acrescentado o testemunho de suas próprias consciências, 'que,
na simplicidade e sinceridade santa, não com a sabedoria da carne, mas pela graça
de Deus, eles têm sua conversa no mundo'. (II Cor.1:12)
3.Mas, porque essa Escritura tem sido, tão freqüentemente mal entendida, e de
maneira tão perigosa; uma vez que tal quantidade de 'homens ignorantes e inseguros'
(homens ignorantes de Deus, e conseqüentemente não estabelecidos na verdade que
busca a santidade) têm forjado isto, para sua própria destruição; eu proponho mostrar ,
tão claramente, quanto eu puder, primeiro, 'aqueles que estão em Jesus Cristo', e
'caminham, não pela carne, mas pelo Espírito'; e, segundo, como 'não existe
condenação' para esses. Eu devo concluir com algumas inferências práticas.
I
(1) Primeiro, eu vou mostrar, aqueles que 'estão em Jesus Cristo'. E eles não
são aqueles que acreditam em seu nome? Aqueles que são 'encontrados nele, não
tendo a própria retidão, mas a retidão que é de Deus pela fé?. Esses que 'têm
redenção, através de seu sangue', são propriamente ditos que 'estão nele'; já que eles
habitam em Cristo, e, Cristo, neles. Eles estão unidos junto a Deus, em um só Espírito.
Eles estão enxertados nele, como galhos na videira. Eles estão unidos, como seus
membros à própria cabeça, de uma maneira, que as palavras não podem expressar;
nem seus corações poderiam conceber anteriormente.
(2) Agora, 'quem quer que habite Nele, não peca'; 'não caminha pela carne'. A
carne, é a linguagem usual de Paulo, que significa natureza corrupta. Nesse sentido,
ele usa a palavra, escrevendo para os Gálatas: (Gal. 5:19) 'Porque as obras da carne
são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia'; e um pouco depois,
'andais no Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne' (ou desejo) 'da
carne' (verso 16). Para provar isto, ou seja, que aqueles que 'caminham pelo Espírito',
não 'cumprem o desejo da natureza corrupta', ele imediatamente acrescenta: 'Porque
a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne (já que eles são
antagônicos, um ao outro); e estes se opõem um ao outro; para que não façais o que
quereis'.
(3) Eles que são de Cristo, que habitam nele, 'têm crucificado a carne com
suas afeições e luxúrias'. Eles se abstêm de todas as obras da carne; do 'adultério e
fornicação'; da 'impureza e lascívia'; da 'idolatria, sedução, ódio, discrepância'; das
'emulações, ira, contenda, sedição, heresias, sentimentos de inveja, assassinatos,
bebedeiras, esbanjamentos'; de todo desígnio, e palavra, e obra, para os quais a
natureza corrupta conduz. Embora eles sintam a raiz da amargura, em si mesmos,
ainda assim, eles sejam dotados do poder do alto, para pisotearem-na continuamente,
a fim de que não possa 'florescer para preocupá-los'; de tal maneira, que toda nova
agressão, que eles suportam, traga-lhes oportunidades renovadas de louvarem,
clamando, 'Graças seja dada a Deus, que nos deu a vitória, através de Jesus Cristo,
nosso Senhor'.
(4) Eles agora 'caminham pelo Espírito', tanto em seus corações, quanto em
suas vidas. Eles aprendem dele a amar a Deus e ao seu próximo, como o amor que é
como 'nascente de água, brotando para a vida eterna'. E, por ele, eles são
conduzidos para cada desejo santo, para cada temperamento divino e celestial, até que
cada pensamento que surja, em seu coração, seja santidade para o Senhor.
(5) Eles que 'caminham pelo Espírito', são também conduzidospor ele para
todas as conversas santas. Seus 'discursos são sempre na graça, temperados com sal';
com o amor e temor de Deus. 'Nenhuma comunicação corrupta surja de sua boca;
mas apenas aquela que seja boa'; aquela que seja 'usada para edificar'; que seja
'encontrada para ministrar graça para os ouvintes'. E, nisso, igualmente, eles
exercitem a si mesmos, dia e noite, a fazer apenas as coisas que agradam a Deus; em
todo o comportamento exterior deles, seguir a ele, 'que nos deixou um exemplo, para
que trilhemos seus passos'; em todo o intercurso deles com seu próximo, caminhar na
justiça, misericórdia e verdade; e o que quer que façam', em qualquer circunstância da
vida, 'façam tudo para a glória de Deus'.
(6) Esses são aqueles que, realmente, 'caminham no Espírito'. Sendo
preenchidos com a fé e com o Espírito Santo, eles possuem em seus corações, e
mostram adiante em suas vidas, em todo o curso de suas palavras e ações, os frutos
genuínos do Espírito de Deus, ou seja, 'amor, alegria, paz, longanimidade, gentileza,
bondade, fidelidade, mansidão, temperança', e o que mais seja amoroso ou louvável.
'Eles adornem em todas as coisas o Evangelho de Deus, nosso Salvador'; e dêem
provas completas para toda a humanidade, que eles estão realmente atuando pelo
mesmo Espírito 'que ergueu Jesus dos mortos'.
II
(1) Eu proponho mostrar, em Segundo lugar, como 'não existe condenação
para eles que' assim 'estão em Jesus Cristo', e, dessa forma, 'não caminham segundo
a carne, mas segundo o Espírito'.
E, primeiro, para os que crêem em Cristo, caminhando assim, 'não existe
condenação' sobre o relato de seus pecados passados. Deus não os condena por
qualquer um desses; eles são como se nunca tivessem existido; são 'como uma pedra
nas profundezas do mar', e ele não se lembra mais deles. Deus, tendo 'enviado seu
Filho para ser a expiação deles, através da fé em seu sangue', tem declarado junto a
eles, 'sua retidão para a remissão dos pecados já cometidos'. Ele não mais os
responsabiliza por qualquer um desses pecados; a memória deles pereceu junto com
eles.
(2) E não existe condenação em seu próprio peito; nenhum senso de culpa, ou
pavor da ira de Deus. Eles 'têm o testemunho em si mesmos': eles estão conscientes
do interesse deles no sangue aspergido. 'Eles não receberam novamente o espírito de
escravidão, segundo o medo'; segundo a dúvida e a incerteza torturante; mas eles
'receberam o Espírito de adoção', clamando em seus corações, 'Abba, Pai'. Assim,
sendo 'justificados pela fé', eles têm a paz de Deus dominando em seus corações;
fluindo do contínuo senso de sua misericórdia redentora, e 'a resposta da boa
consciência em direção a Deus'.
(3) Se for dito: "Mas algumas vezes o crente em Cristo pode perder sua vista
da misericórdia de Deus; algumas vezes, tal escuridão pode cair sobre ele, de
maneira que ele não mais vê a Ele que é invisível; não mais sente o testemunho em si
mesmo, da sua parte no sangue reconciliador; e, então, ele está interiormente
condenado; ele tem novamente 'a sentença da morte em si mesmo'". Eu respondo que,
supondo que seja assim; supondo que ele não veja a misericórdia de Deus. então, ele
não é um crente: porque a fé implica luz; a luz de Deus, brilhando sobre a alma. Por
conseguinte, assim como qualquer um perde essa vista, ele, naquele momento, perde
sua fé. E, sem dúvida, um verdadeiro crente em Cristo pode perder a luz da fé; e, por
quanto tempo ela esteja perdida, ele pode, durante um tempo, cair novamente na
condenação. Mas isto não é o caso daquele que agora 'está em Cristo'; aquele que
agora acredita em seu nome. E, por quanto tempo ele acreditar, e caminhar, segundo o
Espírito, nem Deus, nem seu próprio coração o condenam.
(4) Eles não estão condenados, em segundo lugar, por algum pecado presente,
por agora transgredirem os mandamentos de Deus. Porque eles não os transgride: eles
não mais 'caminham, segundo a carne, mas segundo o Espírito'. Esta é a contínua
prova do 'amor deles a Deus; a de que eles mantêm seus mandamentos'; assim como
João testemunha: 'Quem quer que seja nascido de Deus, não comete pecado. Já que
sua semente permanece nele, e ele não pode pecar, porque é nascido de Deus': ele
não pode, por quanto tempo aquela semente de Deus, aquela fé amorosa e santa
permanecer nele. Por quanto tempo 'ele se mantiver' nela, o diabo não o tocará'.
Agora é evidente que ele não está condenado pelos pecados que ele não cometeu,
afinal. Eles, por conseguinte, que são assim 'guiados pelo Espírito, não estão debaixo
da lei' (Gal. 5:18): não debaixo da maldição ou condenação dela; já que ela não
condena, a não ser aqueles que a rompem. Assim sendo, aquela lei de Deus 'Não
furtarás', não condena, a não ser aquele que furta. Assim sendo, 'lembre-se do dia do
Senhor, e mantenha-no santo', condena somente aqueles que não mantém o dia do
Senhor santo. Mas contra os frutos do Espírito 'não existe lei'(Gal. 5:23); como o
apóstolo mais claramente declara, naquelas palavras memoráveis de sua primeira
Epístola a (Timóteo 1:8-11) 'Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa
legitimamente; sabendo isto' (se, enquanto ele usa a lei de Deus, com o objetivo de
tanto convencer, quanto dirigir, ele sabe e se lembra disso): 'que a lei não é feita para
o justo': Ela não tem força contra ele, nenhum poder para condená-lo; 'mas para os
injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos,
para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os fornicadores, para os
sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e
para o que for contrário à sã doutrina, conforme o evangelho da glória do Deus bem-
aventurado, que me foi confiado'.
(5) Eles não estão condenados, em terceiro lugar, pelo pecado interior, desde
que eles não permaneçam. Que a corrupção da natureza não permaneça, mesmo
naqueles que são os filhos de Deus pela fé; que eles tenham neles as sementes do
orgulho e presunção, da ira, luxúria, e desejos maus; sim, pecado de toda a espécie; é
muito claro, para ser negado, sendo motivo de experiência diária. E sobre esse relato é
que Paulo, falando para aqueles a quem lê tinha justamente testemunhado estarem 'em
Cristo', (I Cor. 1:2,9) 'Aos santificados, em Cristo Jesus, chamados santos, com todos
os que, em todo lugar, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo; Senhor deles e
nosso... Fiel é Deus, pelo qual vós fostes chamados, para a comunhão de seu filho
Jesus Cristo, nosso Senhor'; ainda declara, em (I Cor. 3:1) 'E eu, irmãos, não vos
pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo':
'bebês em Cristo'; então nós vemos que eles estavam 'em Cristo'; eles eram crentes
em um grau menor. E, ainda assim, quanto pecado permanece neles! Daquele 'mente
carnal, que não é sujeita á lei de Deus!'.
(6) E, ainda assim, por tudo isto, eles não são condenados. Embora eles sintam
a carne; a natureza do mal neles; embora eles estejam dia a dia mais conscientes de
que 'seus corações são enganosos e desesperadamente maus'; ainda assim, por quanto
tempo eles não se entregarem a isto; por quanto tempo eles não derem lugar ao diabo;
por quanto tempo eles guerrearem continuamente contra todo o pecado, ira, e desejo,
a fim de que a carne não tenha domínio sobre eles, mas que eles ainda 'caminhem
segundo o Espírito'; 'não existirá condenação para aqueles que estão em Cristo
Jesus'. Deus está satisfeito com a obediência sincera, embora imperfeita, deles; e eles
'têm confiança em direção a Deus', sabendo que eles são dele, 'pelo Espírito que tem
sido dado a eles' (I João 3:24) 'E aquele que guarda os seus mandamentos nele está,
e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós: pelo Espírito que nos tem dado'.
(7) Além disso, em quarto lugar, embora eles estejam continuamente
convencidos do pecado, aderindo a tudo que eles fazem; embora eles estejam
conscientes de não cumprirem a lei perfeita, tanto em seus pensamentos, palavras ou
obras; embora eles saibam que eles não amam ao Senhor seu Deus, com todo seu
coração,e mente, e alma, e forças; embora eles sintam mais ou menos o orgulho, ou
obstinação, furtando e misturando-se com suas melhores obrigações; embora até
mesmo em seus mais imediatos intercursos com Deus, quando eles se reúnem com a
grande congregação, e quando eles derramam suas almas em segredo para ele, que vê
todos os pensamentos e intenções do coração, eles estejam continuamente
envergonhados de seus pensamentos errantes, ou do entorpecimento e insensibilidade
de suas afeições; ainda assim, não existe condenação para eles, tanto de Deus, quanto
de seus corações. A consideração desses múltiplos defeitos apenas dá a eles um senso
mais profundo de que eles têm sempre a necessidade daquele sangue aspergindo, que
fala por eles, nos ouvidos de Deus, e que Advoga, junto ao Pai, e 'que vive para
interceder por eles'. Tão longe, esses estão de conduzi-los para longe daquele, em
quem eles têm acreditado, que eles os dirigem, para mais perto de quem eles sentem a
necessidade, a todo o momento. E, ao mesmo tempo em que eles têm a sensação mais
profunda dessa necessidade, eles sentem o desejo mais sincero, e estão mais
diligentes, como se eles 'tivessem recebido o Senhor Jesus, para assim caminhar
nele'.
(8) Eles não são condenados, em quinto lugar, por seus pecados de
enfermidades, como eles são usualmente chamados. Talvez, fosse mais aconselhável,
ao chamá-los de enfermidades: que nós não pareçamos dar a eles alguma semelhança
de pecado; ou minorá-los, em qualquer grau; por estarmos assim os acoplando com
alguma enfermidade. Mas (se nós devemos reter tal expressão ambígua e perigosa),
pelos pecados de enfermidade, eu poderia significar, tais quedas involuntárias, como
dizer uma coisa, que acreditamos seja verdadeira, mas que, de fato, é provado tratar-se
de uma coisa falsa.; ou magoar nosso próximo, sem saber, ou desejar isto; talvez,
quando nós queiramos ter feito bem a ele. Embora esses sejam desvios da santidade, e
da aceitável e perfeita vontade de Deus; ainda assim eles não são propriamente
pecados; nem tragam quaisquer culpas na consciência 'daqueles que estão em Cristo'.
Eles não causam a separação entre Deus e eles; nem intercepta a luz de seu semblante;
por não ser, de maneira alguma, inconsistente com seu caráter geral de 'caminhar, não
segundo a carne, mas segundo o Espírito'.
(9) Por ultimo. "Não existe condenação para eles, naquilo que não está em
poder deles ajudarem; se de natureza interior ou exterior; se, por fazer alguma coisa,
ou por deixá-la sem ser feita. Por exemplo, na Ceia do Senhor a ser administrada; e
na qual você não toma parte. Por que não? Porque você está confinado pela doença;
por conseguinte, você não pode ajudar, omitindo-se dela; e, pela mesma razão, não
pode ser condenado. Não existe culpa, já que não existe escolha. Como 'existe uma
mente desejosa', é aceito, de acordo, como aquele quis ajudar; e não, de acordo, com
aquele homem que não pretendeu isto".
(10) Um crente, de fato, pode, algumas vezes, afligir-se, porque ele não pode
fazer o que sua alma espera; Ele pode clamar, quando ele fica impedido de adorar a
Deus na grande congregação, 'como o veado ofegando, em busca da água do riacho,
assim ofega minha alma em busca de Ti, Ó Deus. Minha alma está sedenta por Deus;
pelo Deus vivo: Quando deverei aparecer na presença de Deus?'. Ele pode
honestamente desejar (apenas dizendo em seu coração, 'Não como eu quero, mas
como Tu queres') 'ir novamente com a multidão, e levá-los adiante até a casa de
Deus'. Mas ainda, se ele não pode ir, ele não sente condenação; nenhuma culpa;
nenhum senso do desagrado de Deus; mas pode alegremente revelar aqueles desejos
com, 'Ó, minha alma, põe tua confiança em Deus! porque eu ainda irei dar graças a
Ele, que é a graça de meu semblante, e meu Deus'.
(11) É mais difícil determinar com respeito àqueles que são usualmente
intitulados pecados da emoção; como quando alguém, que comumente possui uma
alma paciência, de repente, numa subida e violenta tentação, fale ou aja, de uma
maneira não consistente com a lei real, 'Tu deves amar teu próximo, como a ti
mesmo'. Talvez, não seja fácil fixar uma regra geral, concernente às transgressões
dessa natureza. Nós não podemos dizer que estes homens estão ou não estão
condenados pelos pecados da emoção em geral; mas parece que, sempre que um
crente, é dominado pela emoção, em uma falta, há mais ou menos condenação, tanto
quanto exista, mais ou menos, a ocorrência de sua vontade. Em proporção, como um
desejo pecaminoso, ou palavra, ou ação são mais ou menos voluntários, então, nós
podemos conceber que Deus está mais ou menos insatisfeito, e que existe mais ou
menos culpa em nossa alma.
(12) Mas, se for assim, então devem existir alguns pecados da emoção, que
trazem muita culpa e condenação. Porque, em algumas instâncias, nossa emoção é
devido a alguns descuidos obstinados e culpáveis; ou, devido ao adormecimento da
alma, o que poderia ser sido prevenido, ou lançado fora, antes que a tentação viesse.
Um homem pode ser previamente advertido, tanto por Deus, quanto pelo homem, que
tentações e perigos estão à mão. Agora, se tal pessoa, mais tarde, cai, embora, sem
querer, nas armadilhas que deveriam ter sido evitadas — que ele tenha caído, sem
querer, não é desculpa; ele deveria ter previsto e ter evitado o perigo. A queda, mesmo
por emoção, em tal caso como este, é, em efeito, um pecado obstinado; e, como tal,
deve expor o pecador à condenação, tanto de Deus, assim como de sua própria
consciência.
(13) Por outro lado, devem existir algumas emoções repentinas, tanto do
mundo, ou do deus desse mundo, e freqüentemente de nossos próprios corações
diabólicos, que não podemos, e dificilmente poderemos prever. E por causa desses,
mesmo um crente, enquanto fraco na fé, pode ser possivelmente sobrepujado, supõe-
se nos degraus da ira, pensando mal de outro, com escassa concorrência de sua
vontade. E, em tal caso, o zeloso Deus poderia, indubitavelmente, mostrar a ele o que
ele teria feito tolamente. Ele seria convencido de ter desviado da lei perfeita, da mente
que estava em Cristo, e, conseqüentemente, afligido com a tristeza divina, e ser
amorosamente envergonhado, diante de Deus. Ainda assim, ele não viria para a
condenação. Deus não deitaria insensatez à sua responsabilidade, mas teria compaixão
dele, 'assim como um pai se apieda de seus próprios filhos'. E seu coração não o
condenaria: no meio desta tristeza e vergonha, ele ainda pode dizer, 'Eu irei confiar, e
não temerei, porque o Senhor Jeová é minha força, e minha canção; ele também é
minha salvação'.
III
(1) Resta apenas esboçar algumas inferências práticas das considerações
precedentes. E, primeiro, se 'não há condenação naqueles que estão em Cristo', e que
'caminham, não segundo a carne, mas segundo o Espírito', em consideração por seus
pecados passados; então, por que tu estás temeroso, Ó homem de pouca fé? Embora
teus pecados tenham sido em número maior do que as areias, o que é isto para ti,
agora que tu estás em Cristo Jesus? 'Quem poderá deitar alguma coisa para a
responsabilidade dos eleitos de Deus? É se Deus justificou, quem irá condená-los?'.
Todos os pecados que tu tens cometido, desde a tua juventude, até o momento em que
tu foste 'aceito no Amado', são arrancados, assim como o joio; terão passado; estarão
perdidos; tragados pelas profundezas, e não mais relembrados. Tu és agora 'nascido
do Espírito': por acaso estás preocupado ou temeroso daquilo que foi feito antes que
tiveste nascido? Fora com o medo! Tu não foste chamado para temer, mas para o
'espírito do amor e de uma mente sã'. Saibas teu chamado! Regozija-te em Deus, teu
Salvador, e dá graças ao Deus, teu Pai, através Dele!
(2) Você irá dizer, 'Mas eu tenho novamente cometido pecado, desde que eu
tive a redenção através de Seu sangue. E, portanto, eu abomino a mim mesmo, e me
reduzo a cinzas'. É apropriado que você possa abominar a si mesmo; e é Deus quem
tem forjado esse mesmo sentimento em você. Mas e agora, você acredita? Tem Ele
capacitado você a dizer, 'Eu vivopela fé, no Filho de Deus?'. Então, aquela fé cancela
novamente tudo que é passado, e não existe condenação em você. A qualquer tempo,
que você verdadeiramente acreditar, no nome do Filho de Deus, todos os seus
pecados, antecedentes àquela hora, desaparecerão, como o orvalho da manhã. Assim
sendo, 'esteja de pé, firme, na liberdade, por meio da qual Cristo o tem liberto'. Ele,
mais uma vez, o fez livre do poder do pecado, tanto quanto da culpa e punição dele.
Ó, 'não se emaranhe novamente com o jugo da escravidão!' —nem a escravidão vil e
diabólica do pecado; dos desejos maus; dos temperamentos maus, ou palavras ou
obras; o jugo mais grave deste lado do inferno; nem a escravidão da dependência, e
medo torturante, da culpa e autocondenação.
(3) Mas, em segundo lugar, todos os que habitam 'em Cristo Jesus, não
caminham, segundo a carne, mas segundo o Espírito?' Então, nós não podemos
inferir que, quem quer que agora cometa pecado, não tenha parte ou porção nesse
assunto. Ele está agora mesmo condenado pelo seu próprio coração. Mas 'se mesmo
nosso coração nos condena', se nossa própria consciência dá testemunho que nós
somos culpados, sem dúvida, Deus também o faz; já que Ele 'é maior do que nosso
coração, e sabe todas as coisas'; de modo que, se nós podemos enganar a nós
mesmos, certamente não poderemos enganar a Ele. E refletir antes, para não dizer, 'Eu
fui justificado uma vez; meus pecados foram perdoados, de vez': Eu desconheço isto;
nem irei discutir, se eles foram, ou não. Talvez, neste período de tempo, seja
impossível saber, com algum grau tolerável de certeza, se isto foi uma verdade, uma
obra genuína de Deus, ou se você apenas ludibriou a sua própria alma. Mas de uma
coisa eu sei, com o mais extremo grau de certeza, 'aquele que comete pecado, é do
diabo'. Por conseguinte, você será como teu pai, o diabo. Isto não pode ser negado, já
que a obra de seu pai, você faz. Não adule a si mesmo com esperanças vãs! Nem diga
à sua alma, 'Paz, paz!', porque não existe paz. Clame alto! Clame junto a Deus, fora
da profundeza; se, por acaso, ele pode ouvir sua voz. Venha até ele, como no
princípio, como ignóbil e pobre; como pecador, miserável, cego e nu! E tome cuidado
para que sua alma não tenha descanso, até que o amor redentor seja novamente
revelado; até que ele 'cure sua apostasia', e preencha você novamente com 'a fé que é
operada pelo amor'.
(4) Em terceiro lugar, existe condenação para aqueles que 'caminham, segundo
o Espírito', através da consciência do pecado interior que ainda permanece nele, à
medida que eles não lugar para isso; nem através da consciência do pecado,
penetrando em tudo que eles fazem? Não. Então, não se aflija, por causa da descrença,
embora ela ainda permaneça em seu coração. Não lamente, porque você ainda não
alcançou a gloriosa imagem de Deus; porque o orgulho, obstinação ou descrença
penetram em todas as suas palavras e obras. E não tema saber todas essas maldades de
seu coração; de conhecer a si mesmo, como você também é conhecido. Sim. Deseje
de Deus, que você possa pensar de si mesmo, não mais excelentemente do que você
deva pensar. Que sua oração contínua seja: 'Mostre-me, como minha alma pode
suportar a profundidade do pecado inato. Toda incredulidade declare, e o orgulho
que espreita nela'. E quando Ele ouvir sua oração, e desvendar seu coração; quando
Ele lhe mostrar, totalmente, de que espírito você é feito; então, cuide para que sua fé
não seja abalada; que você não sofra ao ver que essa proteção foi arrancada de si.
Humilhe-se. Veja que você não é coisa alguma; que é menos do que nada. Mas, ainda
assim, 'que seu coração não seja abalado, nem tema'. Mantenha-se firme: 'Nós, até
mesmo nós, temos um advogado com o Pai —Jesus Cristo, a retidão'. E como os céus
são mais altos do que a terra, então seu amor é maior do que até mesmo nossos
pecados. Por conseguinte, Deus é misericordioso para com você, pecador! Tal
pecador como você é! Deus é amor; e Cristo morreu, por você. Portanto, o Pai o ama!
Você é seu filho! Assim sendo, não impeça você mesmo, de maneira alguma, o que é
bom. Não seria bom que todo aquele corpo de pecado, que está agora crucificado em
ti, possa ser destruído? Pois, isto já foi feito! Você deve ser 'limpo de toda impureza,
tanto da carne, quanto do espírito'. Não seria bom, que nada pudesse permanecer em
seu coração, a não ser o amor puro de Deus somente? Ânimo! 'Você pode amar o
senhor seu Deus, com todo seu coração, e mente, e alma e forças'. Fiel é Ele que tem
prometido, e que também irá cumprir. Cabe-lhe, pacientemente, continuar na obra da
fé; no trabalho do amor; na paz alegre; na confiança humilde; com calma e
resignação, e, ainda assim, na expectativa sincera, esperando até que o zelo do Senhor
dos povos possa executar isto.
(5) Em quinto lugar, se eles que 'estão em Cristo, e 'caminham, segundo o
Espírito', não são condenados pelos pecados de enfermidade; tanto quanto, por quedas
involuntárias; nem por alguma coisa, que eles não sejam capazes de ajudar; então,
tome cuidado, Ó tu que tens fé em Seu Sangue, para que Satanás, não obtenha
vantagem sobre ti, nisto. Tu ainda és tolo e fraco; cego e ignorante. Mais fraco do
que as palavras podem expressar; mais tolo do que seu coração pode conceber;
sabendo nada do que deverias saber. E não permite que todas as tuas fraquezas e
tolices; ou quaisquer frutos nelas, que tu não sejas capaz de evitar, abale tua fé, tua
confiança filial em Deus, ou perturbe tua paz, ou alegria no Senhor. A regra que
alguns dão, para os pecados obstinados, e que, naquele caso, podem talvez ser
perigosos, é sem dúvida sábia e segura, se ela pode ser aplicada apenas para o caso de
fraqueza e enfermidades. Mesmo que tu caias, ó homem de Deus, não se deite lá,
inquiete-se e lamente tua fraqueza; mas humildemente diga, 'Senhor, eu posso cair
todo momento, a menos que tu me ampares com tua mão'. E, então, se levante, e
caminhe! Siga em teu caminho!
(6) Finalmente; desde que um crente não precise vir para a condenação,
mesmo assim, ele será surpreendido, naquilo que sua alma abomina; (supondo-se que
ele, sendo surpreendido, não o seja devido a alguma omissão descuidada ou maldosa
de si mesmo). Se você que acredita que seja assim dominado, na falta; então, afligido
junto ao Senhor; este deve ser um bálsamo precioso. Derrame seu coração diante dele,
e mostre a Ele as suas preocupações, e ore com toda a sua força para que Ele 'se sinta
tocado com o sentimento de suas enfermidades'; para que ele possa equilibrar,
fortalecer e estabelecer sua alma, e impedir você de cair de novo. Mas ainda assim,
ele não o condenará. Então, por que motivo temer? Tu deves amar a Ele, como Ele
ama a ti, e isto é suficiente; mais amor e força te serão dados. E, tão logo tu ames a
Ele, com todo teu coração, tu deves ser perfeito e inteiro; não precisando de coisa
alguma. 'Espera em paz, pelo momento,, quando o Deus da paz irá santificá-lo todo,
de modo que todo teu espírito e alma e corpo possam ser preservados, sem culpa,
quando da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo'.
JOHNWESLEY
NONO SERMÃO
O ESPÍRITO DA ESCRAVIDÃOE DA ADOÇÃO
“Porque não receberam o espírito de escravidão, para outra vez, estardes em temor mas
recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual chamamos Aba, Pai”.
(Romanos 8:15)
1. Paulo fala aqui a esses que são os filhos de Deus pela fé. "Vocês", diz ele, que são
realmente seus filhos, têm bebido de seu Espírito “vocês não têm recebido o
espírito da escravidão novamente, para sentir medo"; "mas, porque são filhos,
Deus tem enviado o Espírito de seu Filho, em seus corações". "Vocês receberam o
Espírito de adoção, por meio do que nós chamamos, Abba, Pai".
2. O espírito de escravidão e medo estão, extensamente, distantes desse Espírito
amoroso de adoção: Esses que são influenciados apenas pelo medo servil, não
podem ser denominados “os filhos de Deus” contudo alguns podem ser nomeados
servos, e não estão “muito longe do reino dos céus”.
3. Mas isto é para ser temido, por todo gênero humano, sim, porque o que échamado
de mundo cristão não atingiu nem mesmo isso mas está muito longe de conseguir,
“nem mesmo é Deus, em todos os seus pensamentos”. Poucos nomes podem ser
encontrados naqueles que amam a Deus um pouco mais há daqueles que o temem
mas a grande maioria não tem nem medo de Deus, diante de seus olhos, nem o amor
de Deus em seus corações.
4. Talvez vocês, que, pela clemência de Deus, participam de um espírito melhor
agora, possam se lembrar do tempo, quando eram como os outros, quando estavam
debaixo da mesma condenação. Mas no princípio, vocês não conheciam isto,
entretanto, estavam se espojando diariamente em seus pecados e em seu sangue; até
que, em seu devido tempo, vocês "receberam o espírito de medo"; (vocês
receberam – pois isso também é um dom de Deus) e, depois disso, o medo
desapareceu, e o Espírito do amor preencheu seus corações.
5. Aquele que está no primeiro estágio da mente, sem medo do amor, está designado
na Escritura de “um homem natural”: O que está debaixo do espírito de escravidão
e teme, às vezes, é dito que está "debaixo da lei": (Embora aquela expressão mais
freqüentemente signifique aquele que está debaixo da isenção judaica, ou que
pensa que ele é obrigado a observar todos os rito e cerimônias da lei judia) Mas
aquele que trocou o espírito de medo pelo Espírito de amor, é dito corretamente que
está "debaixo da graça".
Agora, porque muito nos importa saber qual espírito somos nós, eu devo me esforçar
para mostrar distintamente
I.O estado de um "homem natural”.
II. O estado do quem está "debaixo da lei".
III. O estado do quem está "debaixo de graça".
I.O estado do “homem natural”
1. Esse, a Escritura representa como um estado de sono: A voz de Deus para ele
é, "Desperta tu que dormes!" Porque sua alma está em sono profundo, seus
sentidos espirituais não estão acordados; eles não discernem, nem o bem
espiritual, nem o mal. Os olhos de sua compreensão estão hermeticamente
fechados, e nada vêem. Nuvens e escuridão continuamente cobrem seus olhos,
porque ele se deita, no vale da sombra de morte. Não tendo, conseqüentemente,
nenhuma enseada, para o conhecimento de coisas espirituais, todas as estradas
de sua alma estão fechadas. Ele está numa ignorância bruta e estúpida de tudo o
que ele lhe é concernente saber ignorante de Deus totalmente estranho à Sua
lei, tanto quanto da Sua verdade, dentro, de um significado espiritual. Ele tem
nenhuma concepção daquela santidade evangélica, sem a qual, nenhum homem
verá o Senhor; nem da felicidade, a que somente encontram aqueles cuja (vida
está escondida com Cristo, em Deus).
2. Por esta mesma razão, porque está adormecido, ele está, de certa forma, em
descanso. Porque é cego, ele também é seguro. Ele diz "Dente de cavalo, não
permita que algum dano aconteça a mim”. A escuridão que cobre seus olhos
por todos os lados, o mantém, numa espécie de paz tanto quanto a paz possa
consistir com os trabalhos do diabo, e com uma mente terrestre, diabólica.
Ele não vê que está na extremidade da cova, então, não teme isto. Ele não pode
tremer do perigo que desconhece, por que não tem compreensão bastante para
isso. Nem mesmo teme a Deus, porque é totalmente ignorante Dele, dizendo ao
seu coração “Não há nenhum Deus”; ou, que "Ele se sentou, no círculo dos
céus, e humilhou-se”, quando ele mesmo devia observar as coisas que são feitas
na terra, e não procurando satisfazer a si mesmo, tanto quanto seus intentos e
propósitos sensuais, dizendo “Deus é misericordioso” confundindo e
tragando, de uma só vez, toda sua santidade e ódio essencial do pecado; toda
sua justiça, sabedoria, e verdade, nessa idéia de clemência, de difícil manuseio.
Ele não tem medo da vingança denunciada contra aqueles que não obedecem à
lei santificada de Deus, porque não entende isto. Ele imagina que o ponto
principal é agir dessa maneira, para ser exteriormente inocente; e não vê que
isso se estende a todo o seu temperamento, desejo, pensamento, movimento do
coração. Ou imagina que a obrigação é cessada até aqui; e que Cristo veio
“destruir a Lei e os Profetas”; para salvar seu povo deles, e não de seus
próprios pecados e levá-los ao céu, sem santidade — Não obstante, suas
próprias palavras, “ninguém que anote ou intitule a lei deve passar, até que
todas as coisas sejam cumpridas”. E “Nem todo aquele que diz até mim,
Senhor, Senhor!, deve entrar no reino de Deus mas o que faz a vontade do Pai
que está no céu”.
3. Ele está seguro, porque é totalmente ignorante de si mesmo.
Conseqüentemente, ele fala de "arrepender-se logo". Ele não sabe, realmente,
quando, mas em algum momento ou outro, antes que morra tendo por
garantido, que isso está em seu próprio poder decidir. Porque deveria dificultar
que ele possa fazer isso, se ele fará? Se ele pode fixar uma resolução, ele não
terá o que temer, mas fará isso bom!
4. Mas esta ignorância nunca é tão fortemente clara, como nesses que são
designados homens de aprendizado. Se um homem natural for um destes, ele
pode falar largamente das suas faculdades racionais, da liberdade de sua
vontade, e da absoluta necessidade de tal liberdade, para constituir no homem
um agente moral. Ele lê, argumenta, e prova para demonstração, que todo o
homem pode fazer, como ele fará podendo dispor seu próprio coração ao mal
ou ao bem, como melhor parecer aos seus olhos. Assim, o deus deste mundo
esparrama um véu duplo de cegueira, em seu coração, para que não, por
quaisquer meios, "brilhe a luz do evangelho glorioso de Cristo", nisto.
5. Da mesma ignorância de si mesmo e de Deus, há, algumas vezes, no homem
natural, um tipo de alegria, congratulando-se com sua própria sabedoria e
bondade O que o mundo chama alegria, ele pode freqüentemente possuir. Ele
pode ter prazer de várias maneiras tanto em gratificar os desejos da carne, ou o
desejo dos olhos, ou o orgulho da vida particularmente, se ele tem grandes
posses se ele goza de abundante fortuna então, ele pode “vestir” a si mesmo
“em púrpura, e fino linho, e viver suntuosamente todos os dias”. E, além disso,
como ele faz bem consigo mesmo, os homens irão, sem dúvida, falar bem dele.
Eles dirão “Ele é um homem feliz!” Porque, realmente, essa é a soma da
felicidade humana vestir-se, visitar, falar, comer, beber e levantar-se para
jogar.
6. Isto não surpreendendo, se um, em tais circunstâncias, como estas, dosou
com o soporífero da lisonja e pecado, deveria imaginar, entre os outros
sonhos despertando-se nele, que ele caminha em grande liberdade. Como,
facilmente, ele pode persuadir a si mesmo que ele está em liberdade de todos os
erros vulgares, e do prejuízo da educação julgando de maneira correta, e
deixando claro todos os extremos “Eu sou livre”, ele pode dizer, “de todo o
entusiasmo das almas fracas e estreitas, da supertição, da doença dos tolos e
covardes, sempre íntegros sobre os demais e fanatismo, continuamente,
incidindo naquele que não têm a liberdade e generosidade, no seu modo de
pensar”. E também verdade é, que ele é completamente livre da “sabedoria
que vem do alto”, da santidade, da religião do coração, de toda a mente que está
em Cristo!
7. Durante todo esse tempo ele é um servo do pecado. Ele comete pecado, mais
ou menos, dia a dia. Ainda que não esteja preocupado: Ele "está em nenhuma
escravidão", como alguns falam; ele não sente nenhuma condenação. Ele
contenta a si mesmo (embora, devesse professar, para acreditar que a Revelação
Cristã é de Deus), com "O homem é delicado. Somos todos fracos. Todo
homem tem a sua debilidade". Talvez ele cite a Escritura: "Por que, Salomão
não diz O homem íntegro entra em pecado, sete vezes por dia? E,
indubitavelmente, eles são todos hipócritas ou entusiastas que pretendem ser
melhores que seus vizinhos” Se, a qualquer hora, um pensamento sério fixa
nele, ele o abafa, o mais cedo possível, com "Porquê eu deveria temer, já que
Deus é misericordioso, e Cristo morreu pelos pecadores?” Assim, ele
permanece um servo disposto do pecado, contentando-se com a escravidão da
corrupção; interiormente e exteriormente profanoe satisfazendo-se, com isso,
não apenas não conquistando pecado, mas não se esforçando para conquistar
particularmente, aquele pecado o qual o ataca tão facilmente.
8. Tal é o estado de todo homem natural; se ele é um transgressor bruto,
escandaloso, ou um pecador mais respeitável e decente, tendo a forma,
entretanto, não do poder de devoção. Mas como pode tal criatura ser
convencida do pecado? Como ele é trazido ao arrependimento? Estando debaixo
da lei? Recebendo o espírito da escravidão e do medo? Esses são os pontos que em
seguida serão considerados.
II. O estado do quem está "debaixo da lei".
1. Por alguma providência terrível, ou por sua palavra aplicada, com a
demonstração de Seu Espírito, Deus toca o coração daquele, que se estende
dormindo na escuridão e na sombra da morte. Ele é terrivelmente abalado em
seu sono, e desperta na consciência do seu perigo.
Talvez, de repente talvez aos poucos, os olhos de seu entendimento são
abertos, e agora primeiro (o véu sendo, em parte, removido), discirna o real
estado em que se encontra. Terríveis luzes penetrem sua alma tal luz, como
pode ser concebida para cintilar de sua cova sem fundo, do mais profundo, do
lago de fogo queimando com enxofre. Ele, por fim, veja o amado, o
misericordioso Deus - que também é “fogo queimando” que ele é um Deus
justo e terrível, retribuindo a todo homem, de acordo com suas palavras,
entrando em julgamento com o descrente, por causa de toda palavra inútil sim,
e das imaginações do coração. Ele claramente perceba que o grande e santo
Deus é “feito de olhos puros, para perceber iniqüidade” que ele é um
vingador de todo aquele que se rebela contra ele, e restitui ao mau à sua face e
que “é uma coisa temerosa cair nas mãos do Deus vivo”.
2. A essência espiritual da lei de Deus começa a brilhar nele agora. Ele percebe
“que a ordem está se excedendo generosamente”, e que não há “nada o
escondendo da luz, dali em diante”, ele está convencido de que toda parte disto
relaciona-se, não apenas com o pecado exterior ou obediência, mas ao que se
passa, nos intervalos secretos da alma, onde nenhum olho, mas apenas Deus
pode penetrar.
Se ele agora ouve “Não matarás”, Deus fala, num estrondo “Aquele que
odeia seu irmão é um assassino”, “ele que diz ao seu irmão, Tu, tolo, és
detestável no fogo do inferno”.
Se a lei diz “Não cometas adultério”, a voz do Senhor soa, nos seus ouvidos.
“Ele que olha a mulher, para cobiçar depois, terá cometido adultério com ela,
ainda que em seu coração”.
E, assim, em todo ponto, ele sente a palavra de Deus “rápida e poderosa,
cortante como duas lâminas de espada”. Ela “perfura até mesmo o que tem
dividido sua alma e espírito, suas articulações e medula, em pedaços”.
E ainda mais, porque ele é consciente de si mesmo, tendo negligenciado tão
grande salvação de ter “trilhado debaixo dos pés do filho de Deus”, que o teria
salvo de seus pecados, e “contado o sangue da convenção do profano”, uma
coisa comum e não santificada.
3. E, como ele sabe, "todas as coisas estão desnudas e abertas em seus olhos”,
então, ele vê a si mesmo nu, despojado de toda folha-de-figo, o qual ele coseu
junto com todas as suas pobres pretensões para religião e virtude, e suas
miseráveis desculpas por pecar contra Deus. Ele agora coloca a si mesmo, como
nos sacrifícios antigos, dividindo-se em dois, como se fosse, do pescoço para
baixo, de modo que tudo dentro dele permanece confesso.
Seu coração está nu, e ele vê que ele é todo pecado, “enganoso - acima de
todas as coisas – e, desesperadamente, mau"; que é completamente corrupto e
abominável mais que isto, que é possível a língua expressar; que, nesse lugar,
habitou, apenas, injustiça e impiedade cada movimento, dali em diante, todo
temperamento e pensamento, sendo, continuamente, mau.
4. E ele não apenas vê, mas sente em si mesmo, por uma emoção da alma, que ele
não pode descrever, que, para os pecados do seu coração, estava sua vida sem
culpa — (o qual ainda não é, e não pode ser uma vez que “uma árvore má não
pode produzir bons frutos)”, então, ele merece ser lançado no fogo que nunca
será extinto. Ele sente que "os salários", a justa recompensa “do pecado”, do
seu pecado acima de todos, “é a morte”, mesmo a segunda morte a morte, que
não morre a destruição do corpo e da alma no inferno.
5. Aqui termina seu sonho prazeroso, seu ilusório descanso, sua paz falsa, sua vã
segurança. Sua alegria agora se desvanece, como uma nuvem - prazeres, uma
vez amados, não deleitam mais. Ele perde a graça do gosto ele abomina o doce
nauseante ele está cansado de suportá-los. As sombras da felicidade fugiram, e
afundam em esquecimento então, ele está despojado de tudo, e vagando de lá
para cá, buscando descanso, mas não encontrando nenhum.
6. O fumo desses narcóticos, sendo dispersos, ele sente a angústia de um espírito
ferido. Ele acha que o pecado deixado solto na alma (se é orgulho, ira, ou
desejo mau se voluntariedade, malícia, inveja, vingança, ou qualquer outro) é
miséria perfeita: Ele sente a tristeza do coração, pelas bênçãos perdidas, e a
maldição que vem sobre ele remorso por ter se destruído assim, e
menosprezado suas próprias clemências; teme, da sensação vivaz da ira de
Deus, e das conseqüências de Sua ira, do castigo que ele mereceu justamente, e
que ele vê pendurado em cima de sua cabeça
· medo da morte, como sendo para ele o portão do inferno, a entrada da morte
eterna;
· medo do diabo, o executor da ira, e íntegra vingança de Deus;
· medo de homens - que, se pudessem matar seu corpo, mergulhariam corpo e
alma assim no inferno.
Teme, às vezes, levantar tal peso, que a pobre, pecadora e culpada alma é
terrificada com tudo, com nada, com sombras, com uma folha tremida ao vento.
Sim, algumas vezes, pode confinar com distração, fazendo um homem “bêbado,
mas não com vinho”, suspender o exercício da memória, da compreensão, de
todas as faculdades naturais.
Algumas vezes, isso pode aproximar da mesma beira do desespero então, ele
que treme ao nome da morte, pode ainda estar pronto para mergulhar nela, em
todo momento, “escolhendo estrangulamento à vida”.
“Bem, pode tal homem rugir, como um velho, por causa da mesma inquietude
de seu coração”. Bem, pode tal homem gritar - “O espírito do homem pode
sustentar suas debilidades mas um espírito ferido, quem pode agüentar?”.
7. Ele verdadeiramente deseja soltar as amarras do pecado, e começar a lutar
contra ele. Mas, embora, lute com todas as suas forças, ele não pode conquistar
a vitória. O pecado é mais forte que ele. Ele poderia, de bom grado, escapar
mas ele é tão rápido na prisão, que ele não pode seguir adiante. Ele se resolveu
contra o pecado, mas ainda o pecado está sobre ele. Ele vê a armadilha, a
detesta e colide contra ela. Tanto faz sua ostentada razão aproveitar isso só faz
aumentar sua culpa, e incrementar sua miséria! Tal é a liberdade de sua
vontade livre apenas para o mau livre para “beber iniqüidade como água”
vagar longe e mais longe do Deus vivo, e fazer mais “a despeito do Espírito da
graça”.
8. O mais que ele se esforce, deseje, trabalhe para ser livre, mais ele sente suas
cadeias, as lastimáveis cadeias do pecado, com o qual Satanás o amarra e “o
conduz cativo à sua vontade”, servo dela que é embora ele sempre se queixe
muito embora se rebele, ele não pode prevalecer. Ele está ainda em escravidão
e medo, por causa do pecado. De um modo geral, de algum pecado externo,
para o qual ele está peculiarmente disposto, ou, por natureza, costume, ou
circunstância externa; mas sempre, de algum pecado interno, algum
temperamento mau, ou afeto profano. E, o mais que ele se aflija contra isto,
mais ele predomina; ele pode morder, mas não pode quebrar sua cadeia. Assim,
ele labuta, sem fim arrependendo-se, e pecando - arrependendo-se, e pecando -
novamente, até que, finalmente, o pobre, pecador, e desamparado infeliz esteja,
até mesmo, no fim de sua graça, e possa penas gemer. "Ó, homem miserável
que eu sou! Quem poderá me livrar do corpo dessa morte?”.
9. Toda a luta daqueleque vive “debaixo da lei”, debaixo do espírito do medo e
da escravidão”, é lindamente descrita pelo apóstolo no capítulo precedente,
falando na pessoa de um homem acordado
(Romanos 7) – A lei opera em nós a morte. A luta da carne com o espírito.
“Eu estava, uma vez, vivo, sem a lei”. (Verso 9). Eu tinha muita vida,
sabedoria, força e virtude? Então, eu pensei “Mas, quando o mandamento
chegou, o pecado reviveu, e eu morri”. Quando o mandamento – no seu
significado espiritual – veio ao meu coração, pelo poder de Deus, meu pecado
congênito foi incitado, irritou-se, inflamou-se, e toda minha virtude morreu.
“E o mandamento que foi ordenado para a vida, eu pensei que tinha sido para
a morte. Porque o pecado, tendo oportunidade pelo mandamento, enganou-me,
e através dele, matou-me”. (Verso 10, 11).
Ele veio até mim, inadvertidamente, e matou todas as minhas esperanças e
mostrou claramente que, no meio da vida, eu estava em morte. “Portanto, a lei
é santa, o mandamento é santo, e justo, e bom”. (Verso 12).
Eu não coloquei a culpa nele, por muito tempo, mas na corrupção do meu
próprio coração. Eu reconheci que “a lei é espiritual mas eu sou carnal,
vendido sob o pecado”. (Verso 14).
Eu agora vejo ambos, a natureza espiritual da lei – e meu próprio carnal e
diabólico coração “vendido debaixo do pecado”, totalmente escravizado –
(como escravo, comprado a dinheiro, que está à absoluta disposição de seu
dono). “Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, não o faço, mas o
que aborreço, isso eu faço”. (Verso 15).
Tal é a escravidão, debaixo do qual eu gemo – tal a tirania do meu dono cruel,
“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum, e,
com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque o
que não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço”.(Verso
18,19).
“Eu encontro a lei”, um poder interno constrangedor. “Acho, então, esta lei em
mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o
homem interior, tenho prazer na lei de Deus”. (Verso 21,22).
Em minha “mente”. (então, o apóstolo explica a ele mesmo, nas palavras que
imediatamente se seguem  e, então, “o esv anqurvpos”, o homem interno, é
entendido em todos os outros escritos gregos). “Mas vejo nos meus membros”
– outro poder constrangedor, “outra lei que batalha contra a lei do meu
entendimento”, ou homem interno, “e me prende debaixo da lei” ou poder “do
pecado que está nos meus membros”.(Verso 23).
Arrastando-me, como ele estava, nas rodas da carruagem do meu conquistador,
nas mesmas coisas, as quais minha alma detesta. “Miserável homem que eu
sou! Quem me livrará do corpo dessa morte?”. Quem poderá me livrar dessa
desvalida, moribunda vida, da escravidão do pecado e miséria?
Até que isso seja feito, “eu mesmo” ou melhor, aquele que eu “autos egv”,
(aquele homem que eu estou agora interpretando), “com a mente”, ou homem
interior,“Dou graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor Assim que eu
mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne à lei do
pecado”. (Verso 25), sendo retirado, com pressa, à força, eu não posso resistir.
10. Como um retrato vivo é aquele “debaixo da lei”, aquele que sente o fardo que
ele não pode chacoalhar fora aquele que calça depois da liberdade, poder, e
amor, mas está em medo e escravidão ainda! Até o tempo em que Deus
responde ao homem miserável que grita “Quem poderá me livrar” da
escravidão do pecado, do corpo dessa morte? – “A graça de Deus, através de
Jesus Cristo, teu Senhor”.
III. O estado do quem está "debaixo de graça"
1. Eles – aqueles essa escravidão miserável termina, e ele não mais está “debaixo
da lei”, mas “debaixo da graça”. Nesse estado nós estamos. O terceiro a ser
considerado – o estado daquele que encontrou a graça ou favor nas vistas de
Deus, até mesmo o Pai, e quem tem a graça e o poder do Espírito Santo,
reinando em seu coração – aquele que tem recebido, na linguagem do apóstolo,
o “Espírito de adoção”, por meio do que, ele agora clama, “Abba, Pai!”.
2. “Ele clama ao Senhor em suas dificuldades, e Deus o livra de suas aflições”.
Seus olhos estão abertos, de uma maneira totalmente diferente de antes, até para
que veja o amoroso, e bondoso Deus. Enquanto ele está chamando “Eu
imploro a Ti, mostra-me a tua glória” –, ele ouviu a voz no íntimo de sua alma.
“Eu farei todas as minhas bondades passarem diante de Ti, e eu irei proclamar
o nome de nosso Senhor Eu serei bondoso com aqueles, com os quais serei
bondoso e eu irei mostrar misericórdia àqueles, para os quais irei mostrar
misericórdia”. E, isso, não muito tempo antes “do Senhor” descer por entre as
nuvens, e proclamar o nome do Senhor. Então, ele verá, mas não com os olhos
da carne e sangue.“O Senhor - o Senhor Deus, misericordioso e afável,
paciente, e abundante em bondade e verdade mantendo misericórdia para
milhares e perdoando iniqüidades, e as transgressões do pecado”.
3. A celestial e curadora luz agora invade sua alma. Ele “olha nele, em quem ele
tinha penetrado”, e “Deus que, fora da escuridão, comanda a luz para brilhar,
brilha em seu coração”. Ele vê a luz do glorioso amor de Deus, na face de
Jesus Cristo. Ele tem a divina “evidência das coisas que não são vistas”, pelos
sentidos, até mesmo das “coisas profundas de Deus”, mais, particularmente, do
amor de Deus, do amor que perdoa aquele que crê em Jesus.
Dominada pela luz, toda sua alma clama, “Meu Senhor e meu Deus”. Porque
ele vê todas as suas iniqüidades deitarem-se Nele, que “as desnuda em seu
próprio corpo na árvore”, ele observa o Cordeiro de Deus tirando fora seus
pecados. Quão, claramente, agora, ele discerne, que “Deus está em Cristo,
reconciliando o mundo em si mesmo fazendo pecar por nós, aquele que não
conheceu o pecado, para que possamos ser feitos a retidão de Deus, através
dele”. – e que ele mesmo é reconciliado para Deus, por esse sangue do
pactuado!
4. Aqui termina tanto a culpa, quanto o poder do pecado. Ele pode dizer, agora
“Eu estou crucificado com Cristo Não obstante, eu vivo ainda não eu, mas
Cristo vive em mim e a vida que agora eu vivo na carne”, (mesmo nesse corpo
mortal). “Eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me ama, e deu a si mesmo por
mim”. Aqui, finda o remorso, e tristeza do coração, e a angústia de um espírito
ferido.
“Deus transformou seu peso em alegria”. Ele tinha chagas, e suas mãos
estavam amarradas. Aqui, termina também a escravidão até o medo porque
“seu coração prontamente acreditou no Senhor”. Ele não pode temer a ira de
Deus mais porque ele sabe que agora elas se viraram para longe dele nem
mesmo olha para Deus, como para um juiz ameaçador, mas como para um pai
amoroso. Ele não teme o mal, sabendo que ele não tem “nenhum poder, exceto
aquele que é dado a ele do alto”. Ele não teme o inferno sendo um herdeiro no
reino dos céus – Conseqüentemente, ele não tem medo da morte pela razão de
ter estado no passado, por muitos anos, “sujeito à escravidão”. Ao contrário,
sabendo que “se a casa terrestre desse tabernáculo for dissolvida, ele terá a
casa de Deus, a casa que não foi feita por suas mãos, eterna nos céus” - ele
gemeu fervorosamente, desejando ser vestido com essa casa que é dos céus. Ele
gemeu para chacoalhar fora essa casa da terra, para que essa “mortalidade”
possa ser “tragada fora da vida” - sabendo que Deus “o tem forjado para essa
mesma coisa que tem também dado a ele a garantia do seu Espírito”.
5. E, “onde o Espírito de Deus está, lá há liberdade” – liberdade, não apenas da
culpa e do medo, mas liberdade do pecado, do mais pesado, de todos os jugos,
que foi fundamentado em toda escravidão.Seu trabalho não é agora em vão. As
armadilhas foram quebradas, e ele está livre. Ele não apenas se esforça, mas
igualmente triunfa – Ele não apenas luta, mas também conquista. “Dali em
diante, ele não serve mais ao pecado” (Ro 66) “sabendo isto que o nosso
velho homem foi com ele crucificado, a fim de que não sirvamos mais ao
pecado”.
Ele está “morto no pecado, e vivo em Deus” – “o pecado não maisreina”, até
mesmo, “em seu corpo mortal”. Nem “obedece a ele nos desejos, daí”. Ele
não mais “oferece seus membros como instrumento da iniqüidade, dentro do
pecado, mas como instrumento da retidão, dentro de Deus”. Porque “sendo
agora feito livre do pecado, ele se torna um servo da retidão”.
6. Assim, “tendo paz com Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo”,
“regozijando-se na esperança da glória de Deus”, e tendo poder sobre o
pecado, sobre todos os demais desejos maus, e temperamento, e palavra, e obra,
ele é uma testemunha viva da “gloriosa liberdade dos filhos de Deus”, todos
eles, sendo participantes de tal preciosa fé, registram a uma só voz. “Nós
recebemos o Espírito de adoção, por meio do qual, nós clamamos, Abba, Pai!”
7. É esse espírito que, continuamente, trabalha neles, tanto para que desejem,
como para que façam o que é do bom agrado de Deus. É esse espírito que
irradia o amor de Deus, para fora, em seus ouvintes, e para o amor de toda
humanidade, purificando, assim, seus corações do amor do mundo, da luxúria
da carne, da luxúria dos olhos, e do orgulho da vida. É por ele, que eles são
libertos da ira e do orgulho, e de toda vil e irregular afeição. Em conseqüência,
eles são libertos das palavras e obras más, de toda conversa impura não
fazendo mal a qualquer descendente do homem, e sendo zeloso de toda boa
obra.
8. Para concluir·
· O homem natural nem teme, nem ama a Deus. Não tem a luz nas coisas
de Deus, e caminha em completa escuridão. Aquele que dorme na morte
tem a falsa paz. O pagão, batizado ou não, tem uma liberdade
imaginosa, o qual é, entretanto, sem permissão. A adormecida criança
do mau, peca de boa-vontade. O homem natural não conquista, nem
luta.
· Aquele, debaixo da lei, teme. Ele vê a dolorosa luz do inferno. O que
está acordado, não tem paz, afinal. O judeu, ou o que está sob a
dispensação judaica, está numa pesada e lastimável escravidão. O que
está acordado peca contra sua vontade. O homem debaixo da lei luta
contra o pecado, mas não o vence.
· O que está, debaixo da graça, o ama! Vê a alegre luz dos céus. Esse
que acredita tem a verdadeira paz -, a paz de Deus, preenchendo e
regendo seu coração. O cristão alegra-se com a verdadeira e gloriosa
liberdade dos filhos de Deus. A criança de Deus “não peca”. “Mas
mantem-se firme, e o mau não a toca”. O homem debaixo da graça luta
e conquista - Sim, é “mais que vencedor, através Dele que o ama”.
IV. Estado de aceitação com Deus.
1. Por esse pensamento, com respeito ao homem em seus três estados, (natural,
legal e evangelical), parece que não é suficiente dividir a humanidade em
sinceros e insinceros. Um homem deve ser sincero, em qualquer um desses
estados não apenas, quando ele tem o “Espírito de adoção”, mas enquanto está
sob o “espírito da escravidão e medo” – E enquanto ele não tem nem medo,
nem amor. Para que, indubitavelmente, possam ser sinceros pagãos, tanto
quanto judeus, ou cristãos. Nessas circunstancias, o homem está num estado de
aceitação com Deus.
Examinem a si mesmos, por conseguinte. Não apenas, “se vocês são sinceros”
mas, “se vocês estão na fé”.
Examinem, cuidadosamente (porque isso importa muito), qual é o princípio que
rege sua própria alma!
- É o do amor de Deus?
- É o do medo de Deus?
- Ou não é, nem um, nem o outro?
- Não é de preferência o amor do mundo? O amor do prazer e do
lucro? Da facilidade, ou da fama? Porque, se for assim, você não está
muito longe de vir a ser um judeu. Embora, ainda seja um pagão.
- Tem você o céu, em seu coração?
- Tem você o “espírito de adoção”, sempre clamando, Abba, Pai?
- Ou você clama a Deus, como “fora do ventre do inferno?”
- Subjugado pela tristeza e medo?
- Ou você é um estranho para todas essas questões, e não consegue
imaginar o que elas significam? Pagão, tire fora sua máscara! Você
nunca colocou Cristo em seu coração! Permaneceu descarado! Olhe
para o céu e reconheça, diante Dele - que vive sempre e sempre -,
que tu não tens parte, nem mesmo entre os filhos dos servos de
Deus!
- Quem quer que tu sejas Cometes pecado, ou não cometes?
- Se, cometes, é de boa-vontade, ou contra sua vontade? Em qualquer
caso, Deus tem dito a ti, o que tu és “Ele, que cometeu pecado
pertence ao diabo” Se tu cometes pecado, de boa-vontade, tu és fiel
servo do mal Ele não falhará em recompensar teu trabalho. Mas, se
o fazes contra tua vontade, ainda és um servo, mas Deus te livrará
das mãos dele!
- Tens tu lutado diariamente contra todo pecado? E, diariamente,
sendo mais que vencedor? Então, eu te reconheço como um filho de
Deus. Ó, tu que te levantastes em tua gloriosa liberdade!
- Tens tu lutado, e não tens conquistado? Esforçando-te para dominar,
mas não sendo capaz de atingires? Então, tu ainda não és um crente
em Cristo mas segue adiante, e tu irás conhecer o Senhor. Tu não
tens lutado, afinal, mas conduzido uma fácil, indolente e fascinante
vida! Ó, como tu tens ousado nomear o nome de Cristo, apenas para
fazer isso repreensivo entre os pagãos? Acorda, tu que dormes!
Chama a teu Deus, antes que sejas tragado pelas profundezas.
2. Talvez, uma razão porque muitos não discirnam em qual estado estão, é porque
esses diversos caminhos da alma estão freqüentemente misturados, e, em
alguma medida, é possível encontrar um ou outro, em uma mesma pessoa.
Deste modo, a experiência mostra que o estado legal (debaixo da lei), ou estado
do medo, é freqüentemente misturado com o natural porque alguns homens,
embora, estejam adormecidos no pecado, às vezes, são, mais ou menos,
despertados.
Como o Espírito de Deus não “espera pelo chamado do homem”, então,
algumas vezes, ele será ouvido. Ele os coloca no medo pelo menos, os que
estão na condição de pagãos, onde “tudo que sabem é que são homens”.
Eles sentem o fardo do pecado e, verdadeiramente, desejam fugir da ira que está
por vir. Mas, isso não dura muito. Embora, freqüentemente, sofram as flechas
da convicção irem fundo, em suas próprias almas, rapidamente, reprimem a
graça de Deus, e tornam a chafurdarem-se no lodo.
Do mesmo modo, o estado evangelical, ou estado do amor, é freqüentemente
misturado com o legal. Porque poucos desses que têm o espírito da escravidão
e do medo permanecem sempre sem esperança. O sábio e bondoso Deus
raramente os faz sofrer isso “porque ele se lembra de que nós somos pó” e ele
não concorda que “a carne deva falhar diante dele, ou o espírito que ele fez”.
Então, nessas ocasiões, como Ele vê o bem, Ele faz com que a luz do
amanhecer chegue até aqueles que se encontram na escuridão. Ele faz com que
parte de sua bondade passe diante deles, e mostre que Ele é um “Deus que ouve
aquele que ora”. Eles vêem a promessa, que é pela fé em Jesus Cristo, embora,
ela ainda esteja longe, e, por esse motivo, eles são encorajados a “correrem
com paciência a corrida o qual é colocada diante deles”.
3. Uma outra razão, porque muitos enganam a si mesmos, é porque eles não
consideram quão longe um homem pode ir, ainda que esteja num estado de
homem natural, ou, bem melhor, num estado legal. O homem pode ser de um
temperamento compassivo e benevolente ele pode ser afável, cortês, generoso,
amigável ele pode ter alguns graus de mansidão, paciência, temperança, e
muitas outras virtudes morais.
Ele pode sentir muitos desejos de chacoalhar para fora todos os vícios, e atingir
altos graus de virtude. Ele pode se abster de tudo que é mal talvez, de tudo que
é grosseiramente contra a justiça, misericórdia e verdade. Ele pode fazer o bem,
pode alimentar o faminto, vestir o nu, ler muitos livros à viúva e órfão.
Ele pode atender aos trabalhos de adoração pública, orar em privativo, ler
muitos livros de devoção e ainda assim, mesmo com tudo isso, ser um mero
homem natural, não sabendo nada sobre si mesmo, nem sobre Deus
igualmente, um estranho ao espírito do medo, tanto quanto ao espírito do amor
tendo nem se arrependido, nem acreditado no Evangelho.
Mas suponha que seja acrescida, a tudo isso, a profunda convicção do pecado,
com muito medo da ira de Deus veemente desejo de lançar foratodo pecado, e
preencher toda retidão o freqüente regozijar em esperança, e toques de amor,
comumente, realçados na alma ainda nem esses provam que o homem esteja
debaixo da graça e tenha uma fé cristã verdadeira e viva -, a menos que o
Espírito de adoção resida em seu coração, a menos que ele continuamente
clame, “Abba, Pai!”
4. Precavenha-se, então, tu que és chamado, em nome de Cristo, e que não
alcanças o sinal de teu sublime chamado. Precavenha-se tu que descansa, ou
num estado natural, com muitos daqueles que são considerados bons cristãos
ou num estado legal, em que aqueles que são sublimemente estimados dos
homens estão geralmente contentes de viver e morrer.
Deus tem preparado coisas melhores para ti, se tu seguires em frente, até que as
alcance. Tu não és chamado para temeres e tremeres, como os diabos mas para
regozijar-te e amares, como os anjos de Deus.
Deves “amar o Senhor teu Deus de todo teu coração, e toda tua alma, e toda tua
mente, e toda tua força”.
Deves “regozijar-te sempre mais”.
Deves “orar, sem cessar”.
Deves “em tudo dar graças”.
Deves “fazer a vontade Deus na terra, como é ela é feita nos céus”.
Ó, prova, tu “a boa, aceitável, e perfeita vontade de Deus!”
Apresenta a ti como “um sacrifício vivo, santo, aceitável a Deus”.
“Pelo que tu já tens atingido, segures rapidamente”, por “alcançar aquelas coisas
que havia antes” até que “o Deus da paz te fez perfeito em toda boa obra,
trabalhando em ti, com o que é agradável às suas vistas, através de Jesus Cristo
Para quem seja a glória para sempre e sempre. Amém!
O Testemunho do Espírito – Parte I
John Wesley
'O mesmo Espírito testifica com nosso espírito de que somos filhos de Deus'.
(Romanos 8:16)
1. Quantos homens inúteis, não entendendo o que eles falaram, nem a respeito
do que eles afirmaram, têm combatido essas Escrituras para a grande perda, se não a
destruição de suas almas! Quantos têm enganado a voz de sua própria imaginação, por
causa desse testemunho do Espírito de Deus, e, por esta razão, impulsivamente
presumiram que eles são filhos de Deus, enquanto eles estavam fazendo as obras do
diabo! Estes são, verdadeiramente e apropriadamente, entusiastas; e, de fato, no pior
sentido da palavra. Mas com que dificuldade, eles são convencidos disso,
especialmente, se eles estão mergulhados profundamente no espírito do erro! Todos
os esforços para trazê-los ao conhecimento de si mesmos, eles irão, então, considerar
luta contra Deus; e esta veemência e impetuosidade de espírito, que eles chamam
'contender sinceramente pela fé', os colocam, tão abaixo de todo método usual de
convicção, que nós podemos dizer:'Com homens é impossível'.
2. Quem pode, então, surpreender-se, de que muitos homens razoáveis, vendo
os efeitos terríveis dessa ilusão, e trabalhando para manterem-se o mais distante dela,
possam, algumas vezes, inclinar-se em direção ao extremo oposto? Que eles não
estejam dispostos a acreditar, em quem quer que fale de ter esse testemunho,
concernente ao que outros têm caído, tão gravemente, no erro? Que eles estejam quase
prontos a colocar tudo abaixo pelos entusiastas que usam as expressões, que têm sido
tão terrivelmente corrompidas? Sim. Que eles possam questionar, se a testemunha ou
testemunho, de que se fala aqui, é privilégio dos cristãos comuns, e não, de
preferência, algum desses dons extraordinários, que eles supõe pertencerem apenas à
era apostólica?
3. Mas existe alguma necessidade sobre nós, por irmos, tanto para um
extremo, quanto para o outro? Nós podemos nos dirigir para o meio termo? Mantendo
suficiente distância daquele espírito do erro e entusiasmo, sem negar os dons de Deus,
e entregando o grande privilégio de seus filhos? Certamente nós podemos. E, com este
objetivo, permita-nos considerar, na presença e temor de Deus:
1o. O que é esse testemunho de nosso espírito: o que é o testemunho do
Espírito de Deus; e, como 'ele testemunha com nosso espírito que nós somos filhos de
Deus?'
2o. Como essa junção do testemunho do Espírito de Deus e de nosso próprio é
distinguido da presunção da mente natural e da ilusão do diabo?
I
(1) Vamos considerar, primeiro, o que é o testemunho de nosso espírito. Mas
aqui eu não posso, a não ser desejar que todos aqueles que estão para serem
consumidos pelo testemunho do Espírito de Deus, no testemunho racional de nosso
próprio espírito, observem que, no texto do Apóstolo está tão longe de falar do
testemunho de nosso próprio espírito apenas, que se pode questionar, se ele fala dele,
afinal; se ele não fala apenas do testemunho do Espírito de Deus. Ele não aparece,
mas o texto original pode fielmente ser entendido assim. O apóstolo tem justamente
dito, no verso precedente: 'Nós recebemos o Espírito de Adoção, por meio do qual nós
clamamos, Abba, Pai', e imediatamente acrescenta: 'O mesmo Espírito testemunha
com nosso espírito que somos filhos de Deus'. (a preposição 'syn', do texto original,
apenas denotando que ele testemunha isto, no momento em que nos capacita a clamar
Abba, Pai). Mas eu não crio conflito, vendo que tantos outros textos, com a
experiência dos cristãos reais, suficientemente revelam que existe, em cada crente,
tanto o testemunho do Espírito de Deus, quanto o testemunho de seu próprio espírito,
de que ele é filho de Deus.
(2) Com respeito ao segundo, o fundamento disto está colocado, naqueles
numerosos textos das Escrituras, e que descrevem as marcas dos filhos de Deus; e são
tão claros, que ele, que procura, pode lê-los. Estes estão também coletados juntos, e
colocados, sob a mais forte luz, através de muitos escritores antigos e modernos. E, se
alguém precisar de esclarecimentos posteriores, ele pode recebê-los, através do
ministério da Palavra de Deus; meditando nisto, em segredo, diante Dele; e
conversando com aqueles que têm o conhecimento de seus caminhos. E, através da
razão ou entendimento que Deus tem dado a ele, o que a religião não objetivou
extinguir, mas aperfeiçoar; de acordo com o que disse o Apóstolo, em (I Cor. 14:20)
"Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos
no entendimento" — cada homem aplicando aquelas marcas espirituais, em si mesmo,
pode saber se ele é um filho de Deus. Assim, se ele sabe, primeiro, 'tanto quanto seja
conduzido pelo Espírito de Deus', a todo temperamento e ações santos, 'ele será filho
de Deus'; (para isto, é que ele tem a segurança infalível das Escrituras Sagradas). Em
segundo lugar, se eu sou assim 'conduzido pelo Espírito de Deus', ele facilmente
poderá concluir que, 'por conseguinte, eu sou um filho de Deus'.
(3) Em concordância com isto estão todos aquelas declarações claras de João,
em sua Primeira Epístola:
(I João 2:3) 'Por meio disto, nós sabemos que o conhecemos, se nós mantemos
seus mandamentos'.
(I João 2:5) 'Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus, está
nele, verdadeiramente, aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele''; que nós
somos realmente filhos de Deus.
(I João 2:29) 'Se sabeis que ele é justo; sabeis que todo aquele que pratica a
justiça é nascido dele'.
(I João 3:14) 'Por meio disto, nós sabemos que estamos na verdade e
podemos assegurar nossos corações diante dele'; ou seja, porque 'nós amamos o
próximo, não em palavra, nem pela língua, mas de fato, na verdade'. Por isto nós
sabemos que habitamos nele, porque ele nos deu seu 'Espírito Amoroso'. 'Nós
sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os Irmãos; quem não
ama seu irmão, permanece na morte'.
(I João 4:13) 'Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos
deu do seu Espírito'.
E em (I João 3:24) 'E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele
nele. E nisto conhecemos que ele está em nós: pelo Espírito obediente que nos tem
dado'.
(4) É altamente provável que nunca tenha havido um filho de Deus, desde o
início do mundo, até este dia, que tenha sido mais completamente adiantado na graça
de Deus e conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, do que o Apóstolo João, nos
tempos em que ele escreveu essas palavras,e os antepassados em Cristo para os quais
ele escreveu. Não obstante isto, é evidente que tanto o próprio Apóstolo, quanto todos
aqueles pilares no templo de Deus, estavam muito longe de desdenharem dessas
marcas de serem os filhos de Deus; e isto eles aplicaram em suas próprias almas para
a confirmação da própria fé. Ainda assim, tudo isto ainda não é outra coisa do que
evidência racional, o testemunho de nosso espírito, nossa razão, ou entendimento. Isto
tudo se resolve nisso: aqueles que têm essas marcas são filhos de Deus; e se nós temos
essas marcas, por conseguinte, somos filhos de Deus.
(5) Mas como saberemos que nós temos essas marcas? Esta é uma questão que
ainda permanece. Como saberemos que nós amamos a Deus e ao nosso próximo, e
que nós mantemos seus mandamentos? Observe que o significado da questão é, como
saberemos disso em nós mesmos, e não nos outros? Eu perguntaria a este, então, que
propõe essa questão 'Como você sabe que está vivo, e que você agora está bem, e não
com dores? Você não está imediatamente consciente disso? Pela mesma consciência
imediata, você saberá se sua alma está viva para Deus; se você está salvo da dor da
fúria do orgulho, e tem a tranqüilidade do espírito manso e quieto. Pelo mesmo
significado, você não pode deixar de perceber, se você ama, regozija-se e se deleita
em Deus. Pelo mesmo motivo, você deve estar diretamente assegurado, se você ama
seu vizinho tanto quanto a si mesmo;se você está afeiçoado carinhosamente a toda a
humanidade, e cheio de amabilidade e longanimidade. E, com respeito a essas marcas
exteriores dos filhos de Deus, que é, de acordo com João, o de manter seus
mandamentos, você indubitavelmente sabe, em seu próprio peito, se, pela graça de
Deus, isto pertence a você; sua consciência o informa, dia a dia, se você não toma o
nome de Deus em seus próprios lábios, a menos com seriedade e devoção, com
reverência e temor santo; se você se lembra do dia do Senhor, e o mantém santo; se
você honra seu pai e mãe; se você faz tudo como você gostaria que lhe fosse feito; se
você possui seu corpo em santificação e honra; e se, caso você, no comer e beber, é
equilibrado nisto, e tudo faz para a glória de Deus.
(6) Agora este é corretamente o testemunho de nosso próprio espírito:
exatamente o testemunho de nossa consciência, a que Deus nos tem dado, para que
sejamos santos de coração, e santos em nossas conversas exteriores. É a consciência
que recebemos, no Espírito de adoção, e através dele; os temperamentos mencionados
na Palavra de Deus, como pertencentes aos seus filhos adotados; mesmo um coração
amoroso, em direção a Deus, e em direção a toda humanidade; dependurando-nos, em
Deus, nosso Pai, com uma confiança inocente, e desejando nada, a não ser ele;
colocando todas as nossas preocupações nele, e abraçando cada filho do homem com
afeição sincera e terna: A consciência de que nós estamos, intimamente de acordo,
pelo Espírito de Deus, com a imagem de seu Filho, e que nós caminhamos, segundo
ele, na justiça, misericórdia, e verdade, fazendo as coisas que são prazerosas aos seus
olhos.
(7) Mas o que é este testemunho do Espírito de Deus, que está adicionado, e
unido a isto? Como ele 'testemunha com nosso espírito que nós somos filhos de
Deus?'. É difícil encontrar palavras, na linguagem dos homens para explicar 'a
profundidade das coisas de Deus'. De fato, ninguém irá expressar adequadamente o
que os filhos de Deus experimentam. Mas, talvez, alguém possa dizer (desejando que
seja alguém, ensinado por Deus, para corrigir, suavizar ou fortalecer a expressão):'O
testemunho do Espírito é uma impressão interior da alma, por meio da qual o
Espírito de Deus testemunha diretamente ao meu espírito, que eu sou um filho de
Deus; que Jesus Cristo tem amado a mim, e dada a si mesmo por mim; e que todos os
meus pecados estão apagados, e eu, até mesmo eu, estou reconciliado para Deus.
(8) De que este testemunho do Espírito de Deus deve necessitar, na mesma
natureza das coisas, ser antecedido do testemunho de nosso próprio espírito, pode
aparecer desta simples consideração? Nós devemos ser santos de coração, e santos na
vida, antes que nós possamos estar conscientes de que somos assim; antes que
possamos ter o testemunho de nosso espírito, que nós somos interiormente e
exteriormente santos. Mas nós devemos amar a Deus, antes que possamos ser santos,
afinal. Esta sendo a raiz de toda a santidade. Agora nós não podemos amar a Deus, até
que nós saibamos que ele nos ama. 'Nós o amamos, porque ele primeiro nos amou'. E
nós não podemos conhecer seu amor redentor para conosco, até que seu Espírito
testemunhe isto com nosso espírito. Desde que, por conseguinte, este testemunho do
seu Espírito deva preceder o amor de Deus e toda a santidade, como conseqüência
disto, deve proceder nossa consciência interior dele, ou o testemunho de nosso
espírito, concernente a ele.
(9) Então, e não, até então, quando o Espírito de Deus testemunha com nosso
espírito que: 'Deus tem amado a ti, e tem dado seu próprio filho, como expiação de
teus pecados; o Filho de Deus tem amado a ti, e fez desaparecer de ti teus pecados,
no sangue Dele', — 'nós amamos Deus, porque ele primeiro nos amou'; e, por este
motivo, nos amamos nosso irmão também. E disso, nós não podemos deixar de estar
conscientes conosco mesmos de que: Nós 'sabemos as coisas que são livremente
dadas a nós por Deus'. Nós sabemos que amamos a Deus e mantemos seus
mandamentos; e 'por isso também, nós sabemos que somos de Deus'. Este é aquele
testemunho de nosso próprio espírito, e que, tanto quanto continuemos a amar a Deus
e manter seus mandamentos, continuará unido com o testemunho do Espírito de Deus
'de que somos os filhos de Deus'.
(10) Não que eu poderia ser entendido, por qualquer meio; por alguma coisa
que tem sido falada, concernente a ele, e que exclua a operação do Espírito de Deus,
mesmo do testemunho de nosso próprio espírito. De maneira alguma. É Ele que, não
apenas opera em nós, todo tipo de coisa que seja boa, mas também faz ressaltar sua
própria obra, e claramente mostra o que ele tem forjado. Concordantemente, isto é
falado por Paulo, como sendo o grande objetivo de recebermos o Espírito, 'que nós
possamos saber as coisas que nos são livremente dadas por Deus'. Que ele possa
fortalecer o testemunho de nossa consciência, tocando nossa 'simplicidade e
sinceridade santa', oferecendo-nos a oportunidade de discernir, plenamente e
fortemente, que nós agora fazemos as coisas que agrada a ele.
(11) Pode ainda ser inquirido: 'Como o Espírito de Deus testemunha com
nosso espírito, de que somos os filhos de Deus, de maneira a excluir todas as dúvidas,
e evidenciar a realidade de nossa filiação?'. A resposta é clara, pelo que tem sido
observado acima. E, primeiro, como para o testemunho de nosso espírito: A alma
percebe, quando ela ama, deleita-se e regozija-se em Deus, intimamente e
evidentemente; quando ela ama e se deleita com alguma coisa na face da terra. E
poderá não haver mais dúvida, se ela ama, deleita-se, regozija-se, ou não, do que se
ela existe ou não. Por conseguinte, é razoável que aquele que ama, deleita-se e se
regozija Nele, com uma alegria humilde, prazer santo e amor obediente, seja um filho
de Deus. De maneira que, se eu amo, me deleito e me regozijo em Deus, por
conseguinte, eu sou um filho de Deus. Assim, um cristão pode, de maneira alguma,
duvidar que ele seja um filho de Deus. Da primeira proposição, ele tem tão completa
segurança, quanto ele tem de que as Escrituras sejam de Deus; e se ele ama a Deus
dessa forma, ele tem uma prova interna, que é nenhuma falta de auto-evidência.
Assim, o testemunho de nosso próprio espírito é manifestado, com a convicção mais
íntima, aos nossos corações; de tal maneira, acima de toda dúvida razoável, para
evidenciar a realidade de nossa filiação.
(12) A maneira como o testemunho divino é manifestado no coração, eu não
me atrevo explicar. Tal conhecimento é muito maravilhoso e excelente para mim, e eu
não tenho capacidade de detê-lo. O vento sopra, e eu ouçoo som dele, mas eu não
posso dizer como ele vem, ou para onde ele vai. Como ninguém conhece as coisas de
um homem, exceto o espírito de um homem que está nele; assim, as maneiras das
coisas de Deus não são conhecidas de ninguém, exceto o Espírito de Deus. Mas o
fato nós sabemos, ou seja, que o Espírito de Deus dá ao crente um tal testemunho de
sua adoção que, enquanto estiver presente na alma, ele não mais poderá duvidar da
realidade de sua filiação, tanto quanto ele não duvida do brilho do sol, enquanto ele
permanecer, no total esplendor de seus raios.
II
(1) Como esta união do testemunho do Espírito de Deus e do nosso espírito
pode ser, claramente e solidamente, distinguido da presunção da mente natural, e da
ilusão do diabo, é a próxima etapa a ser considerada. E isto atinge altamente todos os
que desejam a salvação de Deus, a considerar isto, com a atenção mais profunda, para
que não possam enganar suas próprias almas. Um erro nisto é geralmente observado
ter as mais fatais conseqüências; até porque, ele que erra, raramente descobre seu erro,
até que seja tarde demais para remediá-lo.
(2) E, primeiro, como esse testemunho pode ser distinguido da presunção da
mente natural? É certo que alguém que nunca tenha sido convencido do pecado esteja
sempre pronto a lisonjear a si mesmo, e pensar sobre si mesmo, especialmente nas
coisas espirituais, mais altamente do que ele deveria pensar. E, por isso, não é, de
forma alguma, estranho, se alguém que se ensoberbece vaidosamente de sua mente
humana, quando ele ouve falar desses privilégios dos verdadeiros cristãos, entre os
quais ele, sem dúvida, se coloca, possa logo se persuadir de que ele já é possuidor
disto. Tais instâncias agora abundam no mundo, e têm afluído em todas as épocas.
Como, então, pode o testemunho real do Espírito com o nosso espírito, ser distinguido
dessas presunções condenatórias?
(3) Eu respondo. As Escrituras Sagradas afluem com marcas, por meio das
quais, um pode ser distinguido do outro. Elas descrevem, da maneira mais clara, as
circunstâncias as quais vem antes, acompanham e seguem o verdadeiro e genuíno
testemunho do Espírito de Deus com o espírito daquele que crê. Quem quer que pese
cuidadosamente e preste atenção a estes não precisará trocar a escuridão pela luz. Ele
irá perceber tão amplamente a diferença com respeito a todos esses; entre o real e o
pretenso testemunho do Espírito, que não haverá perigo algum, eu diria, possibilidade
alguma de confundir um com o outro.
(4) Através dessas, alguém que vaidosamente presuma a respeito do dom de
Deus deveria certamente saber, se realmente desejou isto, se ele tem estado, até aqui,
'entregue a tão forte ilusão', e sujeito a acreditar numa mentira. Já que as Escrituras
salientam aquelas marcas claras e óbvias, que precedem, acompanham e seguem
aquele dom, de maneira que uma pequena reflexão poderia convencê-lo, sem sombra
de dúvida, de que elas nunca foram encontradas em sua alma. Por exemplo: As
Escrituras descrevem o arrependimento, ou convicção do pecado, como
constantemente vindo antes do testemunho redentor: (Mateus 3:2) 'Arrependei-vos,
porque é chegado o reino dos céus'. (Marcos 1:15) 'O tempo está cumprido e o reino
de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho'. (Atos 2:38) 'E disse-lhe
Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado, em nome de Jesus Cristo,
para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo'. (Atos 3:19)
'Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e
venham assim, os tempos do refrigério, pela presença do Senhor'.
Em conformidade ao que nossa Igreja tem continuamente colocado o
arrependimento, antes do perdão; ou o testemunho dele. 'Ele perdoa e absolve os que
verdadeiramente se arrependem, e sinceramente acreditam em seu santo Evangelho.
O Deus poderoso tem prometido o perdão dos pecados a todos que, com
arrependimento sincero e fé verdadeira, voltam para Ele'. Mas ele é sempre um
estranho para esse arrependimento: aquele que não conhece o coração quebrantado e
contrito: 'A lembrança de seus pecados' nunca 'o afligiu', nem 'foi um fardo
intolerável'. Ao repetir essas palavras, ele nunca pretendeu dizer o que disse: ele
meramente fez um elogio a Deus. E fosse isto apenas da vontade prévia da obra de
Deus, ele teria grande razão para acreditar que ele tem agarrado uma mera sombra, e
não conhece ainda o real privilégio dos filhos de Deus.
(5) Novamente, as Escrituras descrevem o nascer de Deus, que deve preceder
o testemunho de que nós somos seus filhos, como uma mudança ampla e poderosa:
Uma mudança 'das trevas para a luz'; tanto quanto 'do poder do diabo para o poder
de Deus'; como 'passar da morte para a vida'; a ressurreição de entre os mortos.
Assim, o apóstolo aos Efésios: (Efésios 2:1) 'E vos vivificou, estando vós mortos em
ofensas e pecados'. E, novamente, em (Efésios 2:5,6) 'Quando nós estávamos mortos
no pecado, ele rapidamente nos uniu a Cristo; e tem nos erguido, juntos, e feito nos
assentarmos, juntos, nos lugares celestiais, em Jesus Cristo. Mas o que ele sabe,
concernente àquele de quem nós agora falamos, de alguma mudança como esta? Ele é
um completo estranho a esse assunto. Esta é uma linguagem que ele não compreende.
Ele diz a você que ele sempre foi um cristão. Ele não se lembra de ter, alguma vez,
necessitado de tal mudança. Por esse meio também, se ele se permitir pensar, ele pode
saber, que ele não é nascido do Espírito; que ele nunca conheceu a Deus; mas tem
confundido a voz da natureza humana com a voz de Deus.
(6) Mas, acenando à consideração do que quer que ele tenha ou não tenha
experimentado no passado; pelas marcas presentes nós podemos facilmente distinguir
um filho de Deus, de um auto-enganador presunçoso. As Escrituras descrevem aquela
alegria no Senhor, que acompanha o testemunho de seu Espírito, como uma alegria
humilde; uma alegria que se degrada ao pó; e que faz um pecador clamar:'Eu sou vil!
O que eu sou, ou a casa de meu pai? Agora meus olhos vêem a ti, e eu abomino a
mim mesmo, e me reduzo a cinzas!'. E onde quer que a humildade esteja, há brandura,
paciência, gentileza, longanimidade. Existe um espírito gentil e submisso: há
suavidade, doçura e ternura da alma, cujas palavras não podem expressar. Mas esses
frutos atendem este suposto testemunho do Espírito em um homem presunçoso?
Exatamente o contrário. Quanto mais confiante ele está do favor de Deus, mais ele se
ensoberbece; mais ele se exalta, mais arrogante e pretensioso em todo seu
comportamento. Ele imagina ter, em si mesmo, o mais forte testemunho; e, quanto
mais arrogante ele é para com todos à sua volta; mais incapaz de receber qualquer
reprovação; mais intolerante à contradição. Em vez de ficar mais humilde, gentil e
receptivo ao ensino; mais 'pronto para ouvir, e devagar para falar', ele está mais
devagar para ouvir e rápido para falar; menos disposto a aprender de alguém; mais
firme e veemente em seu temperamento, e impulsivo em sua conversa. Sim. Talvez,
possa aparecer, algumas vezes, uma espécie de ferocidade em seu semblante, sua
maneira de falar, e toda sua conduta, como se ele fosse justamente tirar a decisão das
mãos de Deus, e ele mesmo fosse 'devorar os adversários'.
(7) Uma vez mais: as Escrituras ensinam, 'Este é o amor de Deus', a marca
indubitável de que 'nós guardamos seus mandamentos'. (I João 5:3) 'Porque esta é a
caridade de Deus; que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não
são pesados'. E o próprio nosso Senhor diz, em (João 14:21) 'Aquele que tem os
meus mandamentos, e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será
amado de meu Pai; e eu o amarei e me manifestarei nele'. O amor regozija-se em
obedecer; fazer, em todas as coisas, o que é aceitável para o amado. Aquele que
verdadeiramente ama a Deus apressa-se em fazer sua vontade na terra, como ela é
feita nos céus. Mas é este o caráter do presunçoso que finge o amor a Deus? Não,
mas seu amor dá a ele liberdade para desobedecer, quebrar, não manter os
mandamentos de Deus. Talvez,quando ele estiver no temos da ira de Deus, ele
trabalhe para fazer a vontade dele. Mas, agora, sendo mero expectador de si mesmo
como alguém que 'não está debaixo da lei', ele pensa que ele não será por muito
tempo obrigado a observar isto. Ele é, por conseguinte, menos zeloso das boas obras;
menos cuidadoso de se privar do diabo; menos vigilante sobre seu próprio coração;
menos aflito com respeito à sua língua. Ele é menos sincero para negar a si mesmo, e
carregar sua cruz diariamente. Em uma palavra. Toda a sua vida mudou, desde que ele
ludibriou a si mesmo, por se acreditar em liberdade. Ele não está mais 'exercitando
em si mesmo, na santidade'; lutando, não apenas com a carne e sangue, mas com
principados e potestades; suportando privações; 'agonizando para entrar pela porta
estreita'. Não; ele tem encontrado um caminho fácil para os céus; um caminho amplo,
macio e florido, no qual ele pode dizer para sua alma: 'Alma, tome teu bem-estar;
coma, beba e divirta-se'. Isto segue, com evidência inegável, de que ele não tem o
testemunho verdadeiro de seu próprio espírito. Ele não pode estar consciente de ter
essas marcas que ele não tem; aquela humildade, brandura e obediência: Nem o
Espírito de Deus pode de verdade testemunhar para um mentiroso; ou testificar que
ele é um filho de Deus, quando ele é manifestadamente um filho do diabo.
(8) Revele-se, pobre ludibriador de si mesmo! Você está confiante de ser um
filho de Deus; é você quem diz: 'Eu tenho o testemunho em mim mesmo', e, por
conseguinte, desafia todos os seus inimigos. A palavra do Senhor tem tentado sua
alma, e provado que você é um réprobo convincente. Você não tem o coração
humilde; assim sendo, até esse dia, você não pode receber o Espírito de Jesus. Você
não é gentil e humilde; por esta razão, sua alegria não vale nada: não é alegria no
Senhor. Você não guarda seus mandamentos; portanto, você não o ama; nem é
participante do Espírito Santo. Conseqüentemente, é certo e evidente que o Espírito de
Deus não testemunha com o seu espírito que você é filho de Deus. Ó, clame junto a
Ele, para que a balança possa recuar de seus olhos; para que você possa conhecer a si
mesmo, como você é conhecido; para que você possa receber a sentença de morte em
si mesmo, até que você possa ouvir a voz que se ergue dos mortos, dizendo: 'Alegre-
se: seus pecados são perdoados; sua fé o fez por inteiro'.
(9) 'Mas como alguém que tem o testemunho real em si mesmo pode distinguir
isto da presunção?'. Como, eu imploro, você distingue o dia da noite? Como você
distingue luz da escuridão; ou a luz das estrelas, ou brilho da vela, da luz do sol do
meio-dia? Não existe uma diferença inerente, óbvia, essencial, entre uma e outra? E
você não percebe imediatamente e diretamente esta diferença, assegurando que seus
sentidos estão corretamente dispostos? De igual maneira, existe uma diferente
inerente e essencial, entre a luz espiritual e a luz da escuridão; e entre a luz, por meio
da qual, o Sol da retidão brilha sobre nossos corações, e aquela luz brilhante que se
ergue apenas da 'faísca de nossos próprios gravetos'. E essa diferença também é
imediatamente e diretamente percebida, se nossos sentidos espirituais estão
corretamente dispostos.
(10) Inquirir com respeito a um relato preciso, e filosófico da maneira, por
meio da qual, nós distinguimos isto, e do critério, ou marcas extrínsecas, como nós
conhecemos a voz de Deus, é fazer uma exigência que nunca poderá ser respondida.
Não. Nem por alguém que tenha o mais profundo conhecimento de Deus. Suponha
quando Paulo respondeu diante de Agrippa, o romano sábio, dizendo: 'Tu falas como
se ouvisses a voz de Deus. Como tu sabes que se trata da voz de Deus? Por qual
critério; quais marcas intrínsecas, tu conheces a voz de Deus? Explica-me a maneira
de distinguir essa, da voz humana ou angelical'. Você acredita que o próprio
Apóstolo teria uma vez tentado responder a tão inútil reivindicação? Ainda assim,
indubitavelmente, no momento em que ele ouviu aquela voz, ele soube que era a voz
de Deus. Mas como ele soube isso, quem é capaz de explicar? Talvez, nenhum
homem, ou anjo.
(11) Buscando uma maior aproximação, suponha que Deus esteja agora
falando para alguma alma: 'Teus pecados foram perdoados' — ele deve estar desejoso
de que aquela alma conheça sua voz; do contrário, ele não falaria em vão. E ele é
capaz de executar isso; já que, quando quer que ele queira, fazer está presente com
ele. E ele executa isso: aquela alma está absolutamente segura 'de que se trata da voz
de Deus'. Mas, ainda assim, ele que tem esse testemunho em si mesmo não pode
explicar para alguém que não tem. Nem, de fato, espera-se que ele deva. Existisse
algum meio natural de provar, ou método natural para explicar as coisas de Deus ao
homem inexperiente, então, o homem natural deveria discernir e saber as coisas do
Espírito de Deus. Mas isto é extremamente ao contrário da assertiva do Apóstolo, em
(I Cor. 2:14) 'Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe parece loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente'; mesmo através dos sentidos espirituais, que o homem natural não
tem.
(12) 'Mas como eu posso saber, se meus sentidos espirituais estão dispostos
corretamente?'. Isto também é uma questão de vasta importância; já que, se um
homem se engana nisto, ele pode cair no erro e ilusão sem fim. 'E como eu posso estar
seguro de que não seja esse o meu caso; e que eu não me enganei com a voz do
Espírito?'. Mesmo através do testemunho do Espírito, através de (Atos 23:1) 'E
pondo Paulo os olhos, no conselho, disse: Varões irmãos, até ao dia de hoje,tenho
andado diante de Deus, com toda boa consciência'. Através dos frutos que ele tem
forjado em seu espírito, você deve saber o testemunho do Espírito de Deus. Por meio
disto, você deve saber, se você está iludido; se você não tem enganado a sua própria
alma. Os frutos imediatos do Espírito existentes no coração são, como em (Gálatas
5:22,23) 'Mas o fruto do Espírito e: amor, alegria, paz, longanimidade, humildade de
mente, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há
lei'. E os frutos exteriores são, como em (I João 1:7) 'Mas se andarmos na luz, como
ele está na luz, termos comunhão uns com os outros, e o sangue de Cristo, seu Filho,
nos purifica de todo pecado'. Uma obediência zelosa e uniforme de todos os
mandamentos de Deus.
(13) Pelos mesmos frutos, nós podemos distinguir essa voz de Deus, de
alguma ilusão do diabo. Aquele espírito do orgulho não pode humilhá-lo diante de
Deus. Ele nem pode, nem poderia suavizar seu coração e fazê-lo derreter-se num
murmúrio sincero em busca de Deus, e, então, para o seu amor filial. Não é o
adversário de Deus e homem que o capacita a amar seu próximo; ou a colocar
humildade, gentileza, paciência, temperança, e toda a proteção de Deus. Veja, em
(Col. 3:12-14) 'Revesti,vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de
entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade;
suportando-vos, uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outros; assim como
Cristo vos perdoou, assim fazeis vós também. E, sobre tudo isto: revesti-vos de amor,
que é o vínculo da perfeição'. (Efésios 6:11) 'Revesti-vos de toda a armadura de
Deus, para que possais estar firmes, contra as astutas ciladas do diabo'. Ele não está
dividido contra si mesmo, ou um assolador do pecado, sua própria obra. Não. 'Quem
comete o pecado é o diabo, porque o diabo peca, desde o princípio. Para isto, o Filho
de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo' (I João 3:8). Como
certamente, por conseguinte, assim como a santidade é de Deus, e o pecado é obra do
diabo, então, certamente, o testemunho que você tem, em si mesmo, não é do diabo,
mas é de Deus.
(14) Assim, então, você pode dizer: (2 Cor. 9:15) 'Graças a Deus, pois, pelo
seu dom inefável'. (2 Tim. 1:12) 'Por cuja causa padeço também isto, mas não me
envergonho, porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderosopara
guardar o meu depósito até aquele dia'.(Gal. 4:6) 'E, porque vós sois filhos, Deus
enviou, aos vossos corações, o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai'. E mesmo
agora, (Rom. 8:16) O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito de que somos
filhos de Deus'. E veja, em (I Cor. 6:20) 'Porque fostes comprados, por bom
preço;glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem
a Deus. (I João 3:1) 'Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos
chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a
ele'.(2 Cor. 7:1) 'Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de
toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de
Deus'. (Rom. 12:1,2) 'Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresentei o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus , que é vosso
culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela
renovação do vosso entendimento, para que vós experimentais qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus'.
O Testemunho do Espírito – Parte II
'O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus'.
(Romanos 8:16)
I. Ninguém que creia que as Escrituras são a Palavra de Deus, poderá duvidar
de que nós somos filhos de Deus.
II. Qual é o testemunho do Espírito?
III. O próprio Espírito testemunha com nosso Espírito.
IV.Uma abundância de objeções tem sido feitas para isto.
V.O Espírito de Deus testifica para o espírito das almas dos crentes.
I
1. Ninguém que acredite que as Escrituras sejam a palavra de Deus, pode
duvidar da importância de tal verdade como esta: -- uma verdade revelada nela, não
apenas uma vez, não vagamente; não casualmente; mas freqüentemente, e isto em
termos expressos; mas solenemente e com firme propósito, como denotando um dos
privilégios peculiares dos filhos de Deus.
2. E é mais necessário explicar e defender essa verdade, porque existe perigo
de um lado e de outro. Se nós a negamos, existe o perigo de que nossa religião se
degenere em mera formalidade; de que, 'tendo a forma de santidade', nós
negligenciemos; ou ainda, 'neguemos o poder dela'. Se a permitimos, mas não
entendemos o que permitimos, nós estamos sujeitos a alcançarmos a selvageria do
entusiasmo. É, portanto, necessário, no mais alto grau, preservar aqueles que temem a
Deus, de ambos esses perigos, através de uma ilustração e confirmação bíblica e
racional dessa verdade significativa.
3. Pode parecer que alguma coisa desse tipo é mais necessária, porque tão
pouco tem sido escrito sobre o assunto, com alguma clareza; exceto alguns discursos
sobre o lado errado da questão, que a explica, em direção oposta completamente. E
não se pode duvidar que esses foram ocasionados, pelo menos, em grande medida,
pela explicação grosseira, e não bíblica de outros, que 'não sabiam o que eles falavam,
nem a respeito de quem eles afirmavam'.
4. Mais proximamente concerne aos Metodistas, assim chamados, entenderem,
explicarem e defenderem esta doutrina claramente; porque é uma grande parte do
testemunho que Deus tem dado a eles conduzir para toda a humanidade. É através
dessa bênção peculiar sobre eles na busca das Escrituras, confirmada pela experiência
de seus filhos, que essa grande verdade evangélica tem sido resgatada, o que, em
muitos anos, tinha sido perdida e esquecida, ou quase isto;
II
1. Mas o que é o testemunho do Espírito? A palavra original martyria pode
exprimir o testemunho com o sangue da verdade de Cristo (como está em diversos
lugares); ou, bem menos ambiguamente, prestar testemunho, ou registro (I João 5:11)
'E o testemunho é este'; o testemunho, a soma do que Deus testifica em todos os
escritos inspirados: 'que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho'. O
que ele testemunha para nós é 'que nós somos filhos de Deus'.O testemunho agora
considerado é dado pelo Espírito de Deus para, e com nosso espírito: Ele é a Pessoa
testificando. O resultado imediato desse testemunho é, 'o fruto do Espírito; ou seja,
'amor, alegria, paz, longanimidade, gentileza, bondade': e sem esses, o próprio
testemunho não pode continuar. Porque é inevitavelmente destruído, não apenas pela
autoridade de algum pecado exterior, ou pela omissão de não saber o seu dever, mas
por dar chance a qualquer pecado interior; em uma palavra, através do que quer que
aflija o Espírito Santo de Deus.
2. Eu observei, muitos anos atrás, o quanto é difícil encontrar palavras, na
língua dos homens, para explicar as coisas profundas de Deus. Realmente, não existe
uma que irá expressar adequadamente o que o Espírito de Deus opera nos seus filhos.
Mas, talvez, alguém possa dizer, (esperando que seja alguém ensinado por Deus, para
corrigir, suavizar ou reforçar a expressão) que, 'pelo testemunho do Espírito, eu quero
dizer, uma impressão interior da alma, por meio da qual o Espírito de Deus
imediatamente e diretamente testemunha para meu espírito, que eu sou um filho de
Deus; que Jesus Cristo me amou, e deu a Si mesmo por mim; que todos os meus
pecados foram apagados, e eu, até mesmo eu, estou reconciliado com Deus'.
3. Depois de vinte anos de consideração mais além, eu não vejo razão para
desdizer qualquer parte disto. Nem consinto que alguma dessas expressões possa ser
alterada, de maneira a torná-las mais inteligíveis. Eu posso apenas acrescentar que, se
qualquer um dos filhos de Deus for indicar quaisquer outras expressões, que sejam
mais claras, ou mais concordantes com a palavra de Deus, eu rapidamente irei colocar
essas de lado.
4. Entretanto, que se observe que eu não quero dizer, por meio disto, que o
Espírito de Deus testifica, através de uma voz exterior; não, nem sempre através de
alguma voz interior, embora ele possa fazer isto algumas vezes. Nem eu suponho que
ele sempre aplique ao coração (embora freqüentemente possa) um ou mais textos das
Escrituras. Mas ele, assim opera sobre a alma, através de sua influência imediata, e
por uma operação forte, embora inexplicável, de que o vento tempestuoso e as ondas
agitadas cessaram, e existe uma doce calma; o coração descansa, como nos braços de
Jesus, e o pecador estando claramente satisfeito que Deus é reconciliado com ele, que
todas as suas 'iniqüidade estão perdoadas, e seus pecados espiados'.
5. Então, qual é o assunto da disputa, concernente a isto? Não é, se existe um
testemunho do Espírito. Não, se o Espírito Santo testifica com nosso espírito, que
somos os filhos de Deus. Ninguém pode negar isto, sem contradição manifesta das
Escrituras, e colocando uma mentira sobre a verdade de Deus. Portanto, existe um
testemunho do Espírito que é reconhecido por todas as partes.
6. Nem é questionado, se existe um testemunho indireto, de que somos filhos
de Deus. Isto é quase, se não, exatamente o mesmo com o testemunho de uma boa
consciência, em direção a Deus; e é o resultado da razão, ou reflexão sobre o que nós
sentimos em nossas próprias almas. Falando estritamente, é a conclusão esboçada,
parcialmente da palavra de Deus, e parcialmente da própria experiência. A palavra de
Deus diz que, todos os que têm o fruto do Espírito, é um filho de Deus; experiência,
ou consciência interior, diz me que eu tenho o fruto do Espírito; e daí, eu
racionalmente concluo: 'Por conseguinte, eu sou um filho de Deus'. Isto é igualmente
permitido, por todos, e então, não existe motivo de controvérsia.
7. Nem estamos afirmando que pode haver algum testemunho real do Espírito,
sem o fruto do Espírito. Nós afirmamos exatamente o contrário, que o fruto do
Espírito nasce imediatamente desse testemunho; decerto que nem sempre no mesmo
grau; mesmo quando o testemunho é dado primeiro: e, muito menos, quando é dado,
posteriormente; nem a alegria, nem a paz estão sempre presentes; não, nem o amor;
assim como, nem o próprio testemunho é sempre forte e claro.
8. Mas o ponto em questão é, se existe algum testemunho direto do Espírito,
afinal; se existe algum outro testemunho do Espírito, do que aquele que surgeda
consciência do fruto.
III
1. Eu acredito que haja; porque este é o significado claro e natural do texto, 'O
próprio Espírito testemunha com nosso espírito que somos os filhos de Deus'. Aqui
existem dois testemunhos mencionados, que juntos, testificam a mesma coisa; o
Espírito de Deus, e o nosso espírito. O recente bispo de Londres, em seu sermão sobre
este texto, parece abismado que alguém possa duvidar disto; o que surge do mesmo
aspecto das palavras. Agora, 'o testemunho de nosso espírito', diz o bispo, 'é o mesmo
que a consciência de nossa sinceridade'; ou para expressar a mesma coisa, um pouco
mais claramente, é a consciência do fruto do Espírito. Quando nosso espírito está
consciente disto, do amor, paz, longanimidade, gentileza, bondade, ele facilmente
infere dessas premissas que somos os filhos de Deus.
2. É verdade que aquele grande homem supôs que o outro testemunho é 'A
consciência de nossas boas obras'. Isto, ele afirma, é o testemunho do Espírito de
Deus. Mas isto está incluído no testemunho de nosso espírito; sim, e na sinceridade,
mesmo de acordo com o senso comum da palavra. Assim, diz o Apóstolo, 'Nosso
regozijo nisto, o testemunho de nossa consciência, que na simplicidade e sinceridade
divina, refere-se às nossas obras e ações, tanto menos quanto mais, às nossas
disposições interiores'. De modo que este não é um outro testemunho, mas o mesmo
que ele mencionou antes; a consciência de nossas boas obras, é apenas um ramo da
consciência de nossa sinceridade. Conseqüentemente, aqui existe apenas um
testemunho ainda. Se, portanto, o texto fala de dois testemunhos, um desses não é a
consciência de nossas boas obras, nem de nossa sinceridade; tudo isto estando
manifestadamente contido no testemunho de nosso espírito.
3. Qual, então, é o outro testemunho? Isto poderia ser facilmente descoberto,
caso o próprio texto não tivesse sido suficientemente claro, no verso imediatamente
precedente: (Romanos 8:15) 'Porque não recebestes o espírito de escravidão, para
outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual
clamamos: Aba, Pai'. Segue-se que o próprio Espírito testemunha com nosso espírito
que somos os filhos de Deus.
4. Isto é mais além explicado, através de um texto paralelo em (Gálatas 4:6)
'E, porque sois filhos - Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que
clama: Aba, Pai'. Isto não é alguma coisa imediata e direta, e não o resultado da
reflexão ou argumentação? O Espírito de Deus não clama, 'Aba, Pai', em nossos
corações, no momento que é dado, anteriormente a qualquer reflexão sobre nossa
sinceridade; sim, a qualquer raciocínio que seja? E isto não é o sentido natural e claro
das palavras, que atingem a qualquer um, tão logo ele as ouve? Todos esses textos,
então, em seu significado mais óbvio, descreve um testemunho direto do Espírito.
5. Que o testemunho do Espírito de Deus deve, pela própria natureza das
coisas, ser antecedente ao testemunho de nosso espírito, pode aparecer dessa simples
consideração: Nós devemos ser santos no coração e vida, antes que possamos estar
conscientes de que assim somos. Mas devemos amar a Deus, antes de sermos santos,
afinal; isto sendo a raiz da santidade. Agora, nós não podemos amar a Deus, até que
saibamos que Ela nos ama. Nós o amamos, porque Ele nos amou, primeiro. E não
podemos saber do seu amor por nós, até que seu Espírito testemunhe isto para nosso
espírito. Até então, nós não podemos acreditar nisto; não podemos dizer: 'A vida que
eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si mesmo por
mim'. Então, e apenas então, nós sentimos nosso interesse em seu sangue, e clamamos
com alegria inexprimível : 'Tu és meu Senhor, meu Deus!'.
Dai, portanto, o testemunho de Deus deve preceder o amor de Deus, e toda
santidade; em conseqüência, deve preceder nossa consciência disto.
6. E aqui, propriamente, a experiência dos filhos de Deus vem confirmar esta
doutrina bíblica; a experiência não de dois ou três; não de alguns; mas de uma grande
multidão que nenhum homem pode calcular. Ela tem sido confirmada, tanto nesta,
como em todas as épocas, através de uma 'nuvem' de 'testemunhas' vivas e mortas. É
confirmado, pela sua experiência e a minha. O próprio Espírito que testemunha com
meu espírito que eu sou um filho de Deus, deu-me uma evidência disto, e eu
imediatamente clamei, 'Aba, Pai!'. E isto eu fiz (e vocês fizeram o mesmo), antes de
refletir a respeito, ou estar consciente de qualquer fruto do Espírito. Foi deste
testemunho que eu recebi amor, paz, alegria, e todos os frutos produzidos pelo
Espírito.
Primeiro eu ouvi: 'Teus pecados são perdoados! Tu és aceito! – Eu ouvi e o
céu brotou em meu coração'.
7. Mas isto é confirmado, não apenas pela experiência dos filhos de Deus; --
milhares dos quais podem declarar que eles nunca souberam que tinham o favor de
Deus, até que foi testemunhado diretamente a eles, pelo seu Espírito, -- mas, através
de todos aqueles que estão convencidos do pecado; que sentem a ira de Deus
habitando sobre eles. Estes não poderão estar satisfeitos com coisa alguma, a não ser o
testemunho direto do Espírito de Deus, de que Ele é 'misericordioso para sua falta de
retidão, e não mais se lembra dos pecados e iniqüidades deles'. Diga a qualquer um
desses: "Você deve saber que é filho, refletindo o que ele operou em você, no seu
amor, alegria e paz; e ele não irá responder imediatamente, 'por tudo isto, eu sei que
eu sou um filho do diabo? Eu não tenho mais o amor de Deus do que o diabo tem;
minha mente carnal é inimiga de Deus. Eu não tenho alegria no Espírito Santo;
minha alma está pesarosa, até a morte. Eu não tenho paz; meu coração é um mar
agitado; eu sou todo, tempestade e temporal?'".
De que maneira essas almas possivelmente podem ser confortadas, a não ser
pelo testemunho divino -- não o de que eles agora são bons, ou sinceros, ou ajustados
às Escrituras, no coração e vida, mas aquele em que Deus justifica o iníquo? – aquele
que, até o momento em que é justificado, é todo impuro; abominando toda a santidade
verdadeira; aquele que não faz coisa alguma que seja verdadeiramente boa, até que
esteja consciente de que é aceito, não por algumas obras de retidão que tenha feito,
mas, através da mera e livre misericórdia de Deus; totalmente e exclusivamente, pelo
que o Filho de Deus fez e sofreu por ele. E pode ser de algum outro modo, se 'um
homem for justificado pela fé, sem as obras da lei?'. Se for assim, de que santidade
interior ou exterior, antecedente a sua justificação, ele poderá estar consciente? Mais
ainda: É essencialmente, e indispensavelmente necessário, antes que possamos ser
'justificados livremente, através da redenção que está em Jesus Cristo', que não
tenhamos nada a pagar; ou seja, o estamos conscientes de que 'nenhuma coisa boa
habitava em nós', nem a santidade interior ou exterior? Algum homem foi justificado,
desde a sua vinda ao mundo; ou algum jamais poderá ser justificado, até que seja
trazido para este ponto: 'Senhor, eu estou condenado; mas Tu morreste?'
8. Todos, por conseguinte, que negam a existência de tal testemunho, em
efeito, negam a justificação pela fé. Segue-se que ele nem experimentou isto, nem
nunca foi justificado; ou que ele esqueceu o que Pedro fala, sobre a purificação desses
primeiros pecadores, a experiência que eles, então, tinham de si mesmos; a maneira
em que Deus operou na alma deles, quando seus primeiros pecados foram apagados.
9. E a experiência, até mesmo dos filhos do mundo, confirma aqui aquela dos
filhos de Deus. Muitos desses têm um desejo de agradar a Deus: Alguns deles se
afligem para agradar a Ele: Mas eles - um e todos - não consideram o maior absurdo
falar que seus pecados foram perdoados? Qual deles, alguma vez, teve pretensões de
tal coisa? E ainda assim, muitos deles estão conscientes da própria sinceridade.
Muitos desses, sem dúvida, têm, em um grau, o testemunho do próprio espírito; a
consciência de sua própria retidão. Mas isto não traz a eles a consciência de que estão
perdoados;nenhum conhecimento de que eles são filhos de Deus. Sim, por mais
sinceros que eles sejam; por mais apreensivos que eles geralmente estejam, pela falta
de conhecimento dele; claramente mostrando que isto não pode ser conhecido, de uma
maneira satisfatória, através do mero testemunho de nosso espírito, sem que Deus
diretamente testifique que somos seus filhos.
IV
Mas, uma abundância de objeções tem sido feita a isto: a principal delas pode
ser bem considerada:
É objetado, em Primeiro Lugar:
1. 'A experiência não é suficiente para provar a doutrina que está
fundamentada nas Escrituras'. Isto, é indubitavelmente verdadeiro; e é uma verdade
importante; mas não afeta a presente questão; porque tem sido mostrado que esta
doutrina é fundamentada nas Escrituras, portanto, a experiência é propriamente
suposta para confirmá-la.
2. Mas os loucos profetas franceses, e entusiastas de todos os tipos, têm
imaginado que eles experimentaram este testemunho. Eles o fizeram; e, talvez, não
poucos deles, embora eles não tenham retido isto por mais tempo: Mas, se eles não
tiveram o testemunho, isto não prova, afinal, que outros não o tenham experimentado;
como um homem louco que se imagina rei, não prova que não existam reis
verdadeiros.
'Mais ainda: muitos que fizeram um apelo fortemente para isto, têm criticado
calorosamente a Bíblia'. Talvez, seja assim; mas isto não foi a conseqüência
necessária: milhares que apelaram para isto têm a mais alta estima pela Bíblia.
'Sim, mas muitos têm se iludido fatalmente, por meio disto, e estão cheios de
convicção'.
Mas, ainda assim, uma doutrina bíblica não é pior, embora os homens abusem
dela, para sua própria destruição.
3. 'Mas é afirmado, como uma verdade indiscutível, que o fruto do Espírito é o
testemunho do Espírito'. Não, sem dúvida; milhares duvidam disto; sim, negam isto
plenamente: Mas vamos observar: Se o testemunho for suficiente, não existe
necessidade de qualquer outro. No entanto, ele é suficiente, a não ser, em uma dessas
situações:
1o. Na total falta de frutos do Espírito. E este é o caso, quando o testemunho
direto é dado primeiro.
2o. Não se percebendo que foi dado. Mas contender por isto, neste caso, é
contender por estar no favor de Deus, e não sabê-lo. Na verdade; não sabendo disto,
naquele momento, ou por qualquer outro meio, do que através do testemunho que é
dado para esta finalidade. E por isto nós contendemos; nós afirmamos que o
testemunho direto pode brilhar claro, mesmo enquanto o indireto está sob uma nuvem.
É objetado, em Segundo Lugar:
4. 'O Objetivo de o testemunho contender por isto, é provar que a confissão
que fazemos é genuína'. Mas ele não prova isto. Eu respondo que provar isto não é o
objetivo dele. Ele é antecedente a fazermos qualquer confissão, afinal, a não ser esta
de sermos pecadores perdidos, incompletos, culpados, e sem esperança. É objetivado
afirmar àqueles, a quem é dado, que eles são filhos de Deus; que eles estão
'justificados livremente, através de Sua graça, pela redenção que está em Jesus
Cristo'. E isto não supõe que seus pensamentos, palavras, obras e ações, precedentes,
estejam de acordo com a regra das Escrituras; isto supõe completamente o contrário,
ou seja, que eles são pecadores sobre tudo; pecadores, ambos no coração e vida. Fosse
isto do contrário, Deus não justificaria o devoto, e suas obras seriam consideradas
retidão para eles. Eu não posso deixar de temer que uma suposição de sermos
justificados pelas obras, esteja na raiz de todas essas objeções; porque, quem quer que
cordialmente acredite que Deus imputa a todos que são justificados, retidão, sem
obras, nós não encontraremos dificuldade em admitir o testemunho de seu Espírito,
precedendo o fruto dele.
É objetado, em Terceiro Lugar:
5. "Um evangelista diz, 'Seu Pai celeste irá dar o Espírito Santo a eles que o
pedirem'. O outro evangelista chama a mesma coisa de 'dom'; demonstrando
plenamente que o caminho do Espírito testemunhar, é dando os dons". Não! Aqui não
existe nada, afinal, a respeito do testemunho, tanto em um texto, quanto em outro.
Portanto, até que essa demonstração seja mais bem apresentada, eu permito que fique
como está.
É objetado, Em Quarto Lugar:
6. "As Escrituras dizem que 'uma árvore é conhecida pelos seus frutos'.
Provem todas as coisas. Provem os espíritos. Examinem a si mesmos! A maior
verdade: portanto, que todo homem que crê que tenha o testemunho, em si mesmo,
experimente, se é de Deus. Se o fruto se seguiu, é de Deus; do contrário, não é.
Porque, certamente, 'a árvore é conhecida pelos seus frutos":
Por meio disto, nós provamos que ele é de Deus. 'Mas o testemunho direto
nunca se refere ao Livro de Deus'. Não, estando sozinho; não, como um testemunho
único; mas como que ligado a outro; como que dando um testemunho comum;
testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus. E quem é capaz de provar
que ele não se refere assim, a essas mesmas Escrituras? Examinem a si mesmos, se
vocês estão na fé; provem a si mesmos.Vocês sabem, não por si mesmos, que 'Jesus
Cristo está em vocês?'. Como é provado que eles não sabiam disto, primeiro, através
da consciência interior, e, depois, através do amor, alegria e paz?
7. 'Mas o testemunho, surgindo de uma mudança interna e externa, alude
constantemente para a Bíblia. E é assim que acontece: E nós estamos constantemente
nos submetendo a isto, para confirmar o testemunho do Espírito'.
Não somente isto; todas as marcas que temos recebido, por meio das quais,
distinguimos as operações do Espírito de Deus da ilusão, se referem às mudanças
forjadas em nós. Isto, igualmente, é, sem dúvida, verdadeiro.
É objetado, em Quinto Lugar:
8. 'O testemunho direto do Espírito não nos preserva da maior ilusão'. Aquele
testemunho é adequado para ser confiado àquele, cujo testemunho não pode ser
levado em conta? Que é constrangido a dirigir-se para alguma coisa mais, para provar
o que ele afirma? Eu respondo: Para nos preservar da ilusão, Deus nos dá dois
testemunhos de que somos seus filhos. E isto, eles testificam conjuntamente. Portanto,
'o que Deus reuniu, nenhum homem pode separar'. E, enquanto eles estiverem unidos,
nós não poderemos ser iludidos: Pode-se confiar no testemunho deles. Eles estão
ajustados para serem confiados no mais alto grau, e não precisam de coisa alguma
mais para provar o que eles afirmam.
'Não apenas isto:o testemunho direto tão somente afirma, mas não prova
coisa alguma'. Através de dois testemunhos cada palavra poderá ser estabelecida. E,
quando o Espírito testemunha com nosso espírito, como Deus o ordena a fazer, então,
ele prova completamente que somos filhos de Deus.
É objetado, em Sexto Lugar:
9. Que vocês reconheçam que a mudança forjada seja um testemunho
suficiente, exceto no caso de provas severas, tal como aquela de nosso Salvador na
cruz; mas nenhum de nós pode ser tentado daquela maneira. No entanto, vocês ou eu
podemos ser tentados, de alguma forma; assim como, qualquer outro filho de Deus, de
modo que será impossível para nós mantermos nossa confiança filial em Deus, sem o
testemunho direto de seu Espírito.
10. Finalmente, objeta-se que, 'a maior parte dos contendores por ela sejam
alguns dos mais arrogantes e não generosos dos homens'. Talvez, alguns dos mais
acalorados contendores para ela, sejam ambos orgulhosos e não caridosos; mas muitos
dos mais seguros contendores por ela são eminentemente meigos, e humildes; e, de
fato, em todos os outros aspectos também os verdadeiros seguidores do seu pacífico
Senhor.
As objeções precedentes são as mais importantes que eu tenho ouvido, e eu
acredito que contêm a força da causa. Assim sendo, eu entendo que quem quer que
considere essas objeções, calmamente e imparcialmente, e responda
consecutivamente, irá facilmente ver que elas não destroem; não, nem enfraquecem a
evidência daquela grande verdade, de que o Espírito de Deus, diretamente, assim
como indiretamente, testifica que somos filhos de Deus.
V
1. A soma de tudo isto é: O testemunho do Espírito é uma impressão interior
nas almasdos crentes, por meio da qual, o Espírito de Deus testifica diretamente para
o espírito deles, que eles são filhos de Deus. E não é questionado, se existe um
testemunho do Espírito; mas se existe um testemunho direto; se existe algum outro, do
que este que surge da consciência do fruto do Espírito. Nós acreditamos que existe;
porque este é significado natural, claro do texto, ilustrado, ambas pelas palavras
precedentes, e pela passagem paralela na Epístola aos Gálatas; porque, na natureza
das coisas, o testemunho deve preceder o fruto que brota dele, e porque esse
significado claro da palavra de Deus, é confirmado pela experiência de inumeráveis
filhos de Deus ; sim, e pela experiência de todos os que estão convencidos do pecado;
dos que nunca podem descansar, até que tenham o testemunho direto; e até mesmo,
pelos filhos do mundo, que, não tendo o testemunho, em si mesmos, um e todos
declaram que ninguém pode ter seus pecados perdoados.
2. E, considerando que é objetado, que a experiência não é suficiente para
provar uma doutrina não confirmada através das Escrituras; -- que os loucos e
entusiastas, de todos os tipos, têm imaginado tal testemunho; que o objetivo daquele
testemunho é provar nossa genuína profissão; que o objetivo ela não responde; -- que
as Escrituras dizem: 'A árvore é conhecida pelos seus frutos'; 'examinem a si mesmos;
provem a si mesmos'; e, entretanto, o testemunho direto nunca é referido em toda a
Bíblia; -- que ele não nos guarda das maiores ilusões; e, Finalmente, que a mudança
forjada em nós é um testemunho suficiente, exceto em tais provas, como somente
Cristo passou: -- Nós respondemos: 1o. A experiência é suficiente para confirmar a
doutrina , que é fundamentada nas Escrituras. 2o. Embora eles fantasiem muitas
experiências, que eles não têm, isto não prejudica a experiência real. 3o. O objetivo do
testemunho é nos assegurar de que somos filhos de Deus; e este objetivo ele atende.
4o. O verdadeiro testemunho é conhecido pelos seus frutos, 'amor, paz, alegria'; não,
de fato, precedendo, mas como conseqüência dele. 5o. Não pode ser provado que o
testemunho, tanto direto quando indireto, não alude a este texto: 'Vocês sabem, por
vocês mesmos, que Jesus Cristo está em vocês?'. 6o. O Espírito de Deus,
testemunhando com nosso espírito, nos guarda de toda ilusão: E, Finalmente: todos
nós estamos sujeitos às provas, nas quais o testemunho de nosso próprio espírito não é
suficiente; em que, nada menos do que o testemunho direto do Espírito de Deus pode
nos assegurar de que somos seus filhos.
3. Duas inferências podem ser traçadas do todo:
A Primeira, é não permitir que alguém presuma descansa,r em qualquer
suposto testemunho do Espírito, que esteja separado do fruto deste. Se o Espírito de
Deus realmente testifica que somos os filhos de Deus, a conseqüência imediata será o
fruto do Espírito; igualmente 'o amor, alegria, paz, longanimidade, gentileza,
bondade, fidelidade, mansidão, temperança'. E como quer que esse fruto possa ser
sombrio, por enquanto, durante o tempo de tentação forte, de modo que não apareça à
pessoa provada, enquanto satanás está analisando cuidadosamente a ele como trigo;
ainda assim, a parte substancial dela permanece, até mesmo debaixo de nuvens mais
grossas. É verdade que a felicidade no Espírito Santo pode ser introvertida, durante a
hora de provação; sim, a alma pode estar 'excessivamente pesarosa', enquanto 'a hora
e o poder da escuridão' continuam; mas, até mesmo isto, é geralmente restaurado,
com crescimento, até que nos regozijemos 'com a alegria inexprimível e cheia de
glória'.
4. A Segunda inferência é, que ninguém descanse em qualquer suposto fruto
do Espírito, sem o testemunho. Devem existir antecipações de alegria, paz, amor, e
estas, não ilusórias, mas realmente de Deus, antes mesmo, de termos o testemunho,
em nós mesmos; antes, que o Espírito de Deus testemunhe com nosso espírito que
temos 'redenção no sangue de Jesus, até mesmo o perdão dos pecados'. Sim, pode
existir um grau de longanimidade, de gentileza, de fidelidade, mansidão, temperança,
(não uma sombra disto, mas um nível real, através da graça preventiva de Deus), antes
de 'sermos aceitos no Amado', e, conseqüentemente, antes de termos o testemunho de
nossa aceitação: Mas, de maneira alguma, é aconselhável descansar aqui; porque
colocamos em risco nossas almas, se assim o fizermos. Se formos sábios, nós
deveremos continuamente clamar a Deus, até que seu Espírito clame em nosso
coração, 'Aba, Pai!'. Este é o privilégio de todos os filhos de Deus, e sem isto, nós não
podemos estar seguros de que somos seus filhos. Sem isto, nós não podemos preservar
a paz permanente; nem evitar as dúvidas e medos desorientadores. Mas, uma vez
tendo recebido o Espírito de adoção, essa 'paz que ultrapassa todo entendimento', e
que expulsa toda a dúvida e medo, dolorosos, irá 'manter nossos corações e mentes,
em Jesus Cristo'. E quando esta produzir seus frutos genuínos, toda a santidade
interior e exterior, indiscutivelmente, ela será a vontade Dele que nos chamou, para
nos dar, para sempre, o que Ele nos deu uma vez; assim sendo, não existe necessidade
de que devamos ainda estar destituídos, tanto do testemunho do Espírito de Deus,
quanto do testemunho de nosso, a consciência de nosso caminhar, em toda a retidão e
santidade verdadeira
Newry, April 4, 1767.
[Editado pela Sra. Connie Dunn (Reitora Acadêmica da Nazarene Theological
College in Brisbane, Queensland, Australia), com correções de George Lyons of Northwest
Nazarene College (Nampa, Idaho) for the Wesley Center for Applied Theology.]
O Testemunho de Nosso próprioEspírito
'Porque a nossa glória é esta: o testemunho de nossa consciência, de que, com
simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de
Deus, temos vivido no mundo e maiormente convosco'. (II Cor. 1:12)
1. Tal é a voz de cada crente verdadeiro em Cristo; por quanto tempo ele
habite na fé e amor. 'Aquele que me segue', diz nosso Senhor, 'não caminha na
escuridão': E, enquanto ele tem a luz, ele se regozija nela. Como ele tem 'recebido o
Senhor Jesus', então, ele caminha nele; e, enquanto ele caminha nele, a exortação do
Apóstolo toma lugar em sua alma, dia a dia, 'Regozije-se no Senhor, sempre e,
novamente, eu digo: Regozije-se'.
2. Mas, para que não construamos nossa casa na areia, (a fim de que, quando a
chuva vier, e os ventos soprarem, e a correnteza se levantar e bater nela, ela não caia,
e grande seja sua queda nisto), eu pretendo mostrar, no discurso a seguir, qual é a
natureza e alicerce da alegria cristã. Nós sabemos, em geral, que é aquela paz feliz;
aquela satisfação calma do espírito, que se levanta de tal testemunho de sua
consciência. Como é aqui descrito pelo Apóstolo. Mas, com o objetivo de
compreender isto mais completamente, será necessário pesar todas as suas palavras;
de onde irá facilmente aparecer o que nós entendemos por consciência, e o que
compreendemos por testemunho dela; e, também, como ele, que tem esse testemunho,
se regozija, mais e mais.
3. Primeiro, o que nós entendemos por consciência? Qual é o significado dessa
palavra, que está em todas as bocas? Alguém poderia imaginar que seja uma coisa
excessivamente difícil de descobrir, quando nós consideramos quão largo número de
volumes tem sido escrito, de tempos em tempos, sobre esse assunto; e como todos os
tesouros do conhecimento antigo e moderno têm sido esquadrinhados, a fim de
explicá-la. Ainda assim, é para se temer, que ela não tenha recebido muita luz de
todas essas investigações elaboradas. Será que, em vez disso, a maioria desses autores
não tem complicado a causa; 'obscurecendo as idéias, através de palavras sem
sabedoria'; trazendo confusão ao objeto, claro em si mesmo, e fácil de ser entendido?
Mesmo porque, todo homem que tiver um coração honesto, logo irá entender do que
se trata, deixando de lado apenas as palavras mais difíceis.
4. Deus nos fez criaturas pensantes; capazes de perceber o que é presente, e de
refletir ou olhar para trás no que jáé passado. Em particular, nós somos capazes de
perceber o que se passa em nossos próprios corações ou vidas; de saber o que nós
sentimos ou fazemos; mesmo enquanto acontece; ou quando já se passou. É isto, o
que queremos dizer, quando afirmamos que o homem é um ser consciente. Ele tem
uma consciência; uma percepção interior; das coisas presentes e passadas, relativas a
si mesmo; ao seu próprio temperamento e comportamento exterior. Mas o que nós
usualmente denominamos consciência implica em alguma coisa mais do que isto. Ela
não é meramente o conhecimento de nosso presente, e a lembrança de nossa vida
precedente. Lembrar; dar testemunho, tanto do passado, quanto das coisas presentes, é
apenas uma, e a menor das tarefas da consciência: Sua principal ocupação é desculpar
ou acusar; aprovar ou desaprovar; absolver ou condenar.
5. Alguns dos recentes escritores, de fato, têm dado um novo nome para isto, e
têm escolhido compreendê-la em um sentido moral. Mas a antiga palavra parece
preferível à nova, por ser mais comum e familiar entre os homens, e, por conseguinte,
mais fácil de ser entendida. Para os cristãos é inegavelmente preferível, por outro
razão também, ou seja, porque é bíblica; porque é a palavra, que a sabedoria de Deus
tem escolhido usar nas escritos inspirados.
E, de acordo com o significado, em que geralmente ela é usada na Bíblia,
particularmente nas Epístolas de Paulo, nós podemos entender por consciência, a
faculdade ou poder, implantados por Deus, em toda a alma que vem ao mundo, para
perceber o que é certo ou errado em seu próprio coração ou vida; em seus próprios
temperamentos, pensamentos, palavras e ações.
6. Mas qual é a regra, por meio da qual, os homens julgam o que é certo ou
errado? Por meio do que suas consciências são direcionadas? A regra dos pagãos,
como o Apóstolo ensina em outra parte, é 'a lei escrita em seus corações'; através do
dedo de Deus; 'suas consciências também testemunhando', quer caminhem por essa
regra ou não; 'e seus pensamentos o meio, enquanto acusando ou mesmo
desculpando'; absolvendo, defendendo a eles. Em (Romanos 2:14-15) 'Porque,
quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não
tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu
coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer
acusando-os, quer defendendo-os'. Mas a regra cristã - de certo e errado - é a palavra
de Deus; os escritos do Velho e Novo Testamento; todos os que os Profetas e 'homens
santos do passado' escreveram, 'uma vez que eles eram movidos pelo Espírito Santo';
todas aquelas Escrituras que foram dadas, por inspiração de Deus, e que são, de fato,
proveitosas para a doutrina, ou ensinando toda a vontade de Deus; por reprovar o que
é contrário a isto; por correção ou erro; e por instrução; ou nos exercitando, na retidão.
(II Tim. 3:16) 'Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar; para
redargüir; para corrigir; para instruir em justiça'.
Esta é uma lanterna nos pés de um cristão; e uma luz em todos os seus
caminhos. Isto somente ele recebe como sua regra de certo ou errado; do que quer que
seja bom ou mau. Ele nada considera bom, a não ser o que está aqui reunido, se
diretamente, ou através de conseqüência clara; ele nada considera como sendo mau, a
não ser o que aqui é proibido, se em termos, ou através de inferência inegável. O que
quer que as Escrituras, nem proíbem, nem ordenam, se diretamente ou por
conseqüência clara, ele acredita ser de natureza indiferente; ser, em si mesma, nem
bom, nem mau; isto sendo a totalidade ou a regra exterior única, por meio da qual sua
consciência deverá ser dirigida em todas as coisas.
7. E se ela for dirigida, por meio disso, então, realmente ele tem 'a resposta da
boa consciência em direção a Deus'. A boa consciência é o que em outros lugares é
denominada pelo Apostolo de 'uma consciência, sem ofensa'. Assim, o que ele, num
determinado tempo expressa como, 'Eu tenho vivido, diante de Deus, com toda a boa
consciência, até esse dia' (Atos 23:1), ele denota em outra, através daquela expressão,
'E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus,
como para com os homens' (Atos 24:16). Agora, com esse objetivo, é absolutamente
requerido:
1o. Um correto entendimento da palavra de Deus, ou sua 'vontade santa,
aceitável, e perfeita', com respeito a nós, como é revelada nela. Já que é impossível
que caminhemos por uma regra, se nós não conhecemos os meios para isto.
2o. Um conhecimento verdadeiro de nós mesmos (o que bem poucos
compreenderam!); um conhecimento de nossos corações e nossas vidas; ou nossos
temperamentos interiores, e conversas exteriores: Vendo que, se nós não os
conhecemos, não é possível que possamos compará-los com nossa regra.
3o. É requerida uma concordância de nossos corações e vidas; ou de nossos
temperamentos e conversas; nossos pensamentos; e palavras; e obras, com aquela
regra; com a palavra escrita de Deus. Já que, sem isto, se nós tivermos alguma
consciência afinal, ela poderá ser apenas uma má consciência.
4o. Uma percepção interior dessa concordância com nossa regra: E essa
percepção habitual; essa percepção interior, por si mesma, é necessariamente a boa
consciência; ou, em outra frase do Apóstolo, 'a consciência sem ofensa, para com
Deus, e para com os homens'.
8. Mas, quem quer que deseje ter uma consciência assim, sem ofensa, que ele
procure dispor do alicerce correto. E que se lembre que, 'outro alicerce', como esse,
'homem algum pode estabelecer, além do que já está disposto, equiparando-se a Jesus
Cristo'. E que ele também esteja atento, que nenhum homem construa nele, a não ser,
através da fé; que nenhum homem seja parceiro de Cristo, até que ele possa
claramente testificar, 'A vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus';
nele que agora é revelado no meu coração; aquele que 'me amou, e que se deu por
mim'. Tão somente a fé é aquela evidência; aquela convicção; aquela demonstração
das coisas invisíveis; por meio das quais os olhos de nosso entendimento são abertos,
e a luz divina é derramada sobre eles, e nós 'vemos as coisas maravilhosas da lei de
Deus'; sua excelência e pureza; sua altura, profundidade, comprimento e largura, e
todo o mandamento contido nela.
É por meio da fé que, observando 'a luz da glória de Deus, na face de Jesus
Cristo', nós percebemos, como em um vidro, tudo o que existe em nós mesmos; sim,
os movimentos mais íntimos de nossas almas. E é somente através dela que aquele
amor abençoado de Deus pode ser 'espalhado em nossos corações'; capacitando-nos
a, assim, amarmos uns aos outros, como Cristo nos amou. Através dela, está aquela
graciosa promessa cumprida a todo o Israel de Deus, (Hebreus 8:10) 'Porque este é o
concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as
minhas leis no se entendimento, e em seu coração as escreverei (ou imprimirei); e eu
lhes serei por Deus, e eles me serão por povo', produzindo em suas almas, por meio
disto, uma completa concordância com sua lei santa e perfeita, e 'trazendo para o
cativeiro todo pensamento para a a obediência de Cristo'.
E, como uma árvore má não pode produzir bons frutos; então, uma árvore boa
não pode produzir frutos maus. Como o coração de um crente, por conseguinte, assim
como sua vida, é completamente amoldada à regra dos mandamentos de Deus; pela
consciência disto, ele pode dar glória a Deus, e dizer com o Apóstolo, 'Este é nosso
regozijo,o testemunho de nossa consciência, que na simplicidade e sinceridade
divina; não com a sabedoria da carne, mas através da graça de Deus, nós temos
nossa conversa no mundo'.
9. 'Nós temos nossa conversa': O Apóstolo, no original expressa isto por uma
simples palavra, cujo significa é excessivamente amplo, falando em toda nossa
conduta; sim, todas as circunstâncias interiores e exteriores; se relativas à nossa alma
ou nosso corpo. Ela inclui todo movimento de nosso coração, de nossa língua, nossas
mãose membros corpóreos. Ela se estende a todas as nossas ações e palavras; ao
emprego de todos os nosso poderes e faculdades; à maneira de usar cada talento que
temos recebido, com respeito tanto a Deus, como a homem.
10. 'Nós temos nossa conversa no mundo'; mesmo no mundo do descrente:
Não apenas entre os filhos de Deus; (que são comparativamente um número menor);
mas em meio aos filhos do diabo; em meio daqueles que jazem na maldade; em meio
ao pecaminoso. Que mundo é este! Quão completamente impregnado com o espírito,
o mundo respira continuamente. Como nosso Deus é bom, e faz o bem, então o deus
do mundo e seus filhos são maus, e praticam o mau (tanto quanto podem) a todos os
filhos de Deus. Como o pai deles, eles estão sempre esperando em emboscada; ou
'caminhando ao redor, buscando a quem possam devorar'; usando de fraude ou força;
astúcias secretas, ou violência aberta, para destruírem aqueles que não são do mundo;
continuamente opondo-se à nossas almas, e através de armas novas e antigas; e
conselhos de todos os tipos; esforçando-se para trazê-las de volta para a armadilha do
diabo, para a estrada larga que conduz à destruição.
11. 'Nós temos tido nossa' completa 'conversação', em tal mundo, 'na
simplicidade e sinceridade santa'. Primeiro, na simplicidade: Isto é o que nosso
Senhor ordena, sob o nome de 'olho único'. 'A luz do corpo', diz ele, 'é o olho. Se, por
conseguinte, teu olho for um só, todo seu corpo deverá estar cheio de luz'. O
significado disto é que: O que o olho é para o corpo, a intenção é para com todas as
palavras e ações: Se, portanto, esse olho de tua alma for único, todas as tuas ações e
conversa deverão estar 'cheias de luz', da luz dos céus, do amor, paz e alegria no
Espírito Santo.
Nós somos, então, simples de coração, quando o olho de nossa mente está
singularmente fixado em Deus; quando em todas as coisas, nós direcionamos a Deus
somente, nossa porção, nossa força, nossa felicidade, nossa grande e excedente
gratificação, tudo que é nosso, no tempo e na eternidade. Esta é a simplicidade;
quando o olho firme, uma intenção singular de promover sua glória, de fazer, e
suportar a sua abençoada vontade, corre através de toda nossa alma, preenche nosso
coração, e é a fonte constante de todos os nossos pensamentos, desejos e propósitos.
12. 'Nós temos nossa conversa no mundo', Em Segundo Lugar, 'em
sinceridade santa'. A diferença entre simplicidade e sinceridade parece ser
principalmente esta: A simplicidade cuida a intenção, em si mesma; a sinceridade, da
execução dela; e essa sinceridade não diz respeito apenas às nossas palavras, mas a
toda nossa conversação, como descrito acima. Não deve ser entendida aqui em seu
sentido restrito, no qual o próprio Paulo a usa, algumas vezes, falando a verdade, ou
abstendo-se da fraude, da astúcia, e dissimulação; mas, em um significado mais
amplo, atingindo o objetivo que almejamos, por meio da simplicidade.
Concordantemente, aqui ela implica que nós, de fato, façamos, e falemos tudo para a
glória de Deus; que todas as nossas palavras não estão apenas apontadas para isto,
mas presentemente conduzem a isto; que todas as nossas ações fluem dessa mesma
correnteza, uniformemente subserviente a essa grande finalidade; e que, em toda
nossa vida, nós estamos nos movendo direto em direção a Deus; e isto,
continuamente; caminhando firmemente na estrada da santidade; nos passos da
justiça, misericórdia e verdade.
13. Essa sinceridade é denominada pelo Apóstolo, sinceridade santa, ou
sinceridade de Deus, para prevenir nosso engano, ou para não confundi-la com a
sinceridade dos pagãos (já que eles têm também uma espécie de sinceridade entre
eles, pela qual eles professam uma veneração nada pequena); igualmente para denotar
o objeto e a finalidade dela; como de toda virtude cristã, vendo que o que quer que
não se incline, enfim, para Deus; submerge em meio 'aos elementos desprezíveis do
mundo'. Por produzi-la de acordo com a sinceridade de Deus, ele também aponta para
o Autor dela, o 'Pai da luz, de quem todo dom bom e perfeito provém'; o que é ainda
mais claramente declarado nas palavras que se segue, 'Não com a sabedoria da carne,
mas através da graça de Deus'.
14. 'Não com a sabedoria da carne'. Como se ele tivesse dito: 'Nós não
podemos conversar, no mundo, através de alguma força natural de entendimento;
nem por meio de algum conhecimento e sabedoria naturalmente conseguidos. Nós
não podemos obter essa simplicidade, ou praticar essa sinceridade, tanto pela força
do bom senso, boa natureza, quanto boas maneiras. Elas excedem toda nossa
coragem e resolução natural; assim como todos nossos preceitos de filosofia. O poder
do comportamento não é capaz de nos preparar para isto; nem as regras humanas
mais extraordinárias. Nem poderia eu, Paulo, alguma vez alcançar isto, não obstante
todas as vantagens que eu desfrutei, por quanto tempo eu estive na carne, em meu
estado natural, e a procurava apenas através da sabedoria mundana e natural'.
Ainda assim, se algum homem pudesse, certamente, o próprio Paulo teria
alcançado isto, através daquela sabedoria: Uma vez que nós dificilmente poderemos
conceber alguém, que tivesse sido mais altamente favorecido, com todos os dons
naturais e de educação. Além dessas habilidades naturais, provavelmente não
inferiores àquelas de qualquer pessoa, então, na terra, ele tinha todos os benefícios do
aprendizado, estudando na Universidade de Tarsus; e mais tarde, sendo trazido, até os
pés de Gamaliel, uma pessoa da mais alta consideração, pelo conhecimento e
integridade, que havia, então, em toda a nação judaica. E ele tinha todas as vantagens
possíveis da educação religiosa, sendo fariseu; o filho de um fariseu, preparado na
mais estreita seita ou profissão, distinguida de todas as outras, por uma mais eminente
severidade.[Os fariseus eram membros de uma antiga seita judaica que se distinguia
pela observância estrita e formal dos ritos da lei mosaica]. E, por isso, ele tinha
'vantagem acima de muitos' outros, 'que eram seus iguais', em anos, 'sendo mais
abundantemente zeloso', com o que quer que ele pense fosse agradar a Deus; 'como no
tocante à retidão da lei, irrepreensível'. Mas não seria, por meio disto, que ele
alcançaria essa simplicidade e sinceridade santa.Tudo fora trabalho perdido, em
sentido profundo e penetrante, pelo qual ele se viu, por fim, constrangido a clamar,
'Mas o que para mim era ganho, eu o reputei perda por Cristo. E, na verdade, tenho
também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus,
meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas essas coisas, e as considero como
esterco, para que possa ganhar a Cristo; e seja achado nele; não tendo a minha
justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de
Deus, pela fé '. (Filipenses 3:7-9).
15. Não poderia ser que ele, alguma vez, ele tivesse alcançado isto, a não ser
pelo 'conhecimento excelente de Jesus Cristo', nosso Senhor; ou 'pela graça de Deus',
-- uma outra expressão quase da mesma importância. Algumas vezes é entendido, por
'graça de Deus', aquele amor gratuito, aquela misericórdia imerecida, pelos quais eu,
um pecador, através dos méritos de Cristo, sou agora reconciliado para Deus. Mas,
neste lugar, é preferível que signifique aquele poder de Deus, o Espírito Santo, que
'opera em nós, tanto o desejar, como o fazer o que é do agrado Dele'. Assim como,
no primeiro sentido da graça de Deus, seu amor redentor é manifestado para nossas
almas; a graça de Deus, no segundo sentido, é o poder de seu Espírito que toma lugar
dessa forma. Agora, nós podemos realizar, através de Deus, o que para o homem era
impossível. Agora nós podemos ordenar nossa conversa corretamente. Nos podemos
fazer todas as coisas, na luz e poder daquele amor, através do qual Cristo nos
fortalece. Nós agora temos 'o testemunho de nossa consciência', o que nunca pudemos
ter pela sabedoria da carne; 'para que na simplicidade e sinceridade santa, nós
possamos ter nossa conversa no mundo'.
16. Este é propriamenteo alicerce da alegria cristã. Nós podemos agora, por
conseguinte, rapidamente conceber, como ele que tem esse testemunho, em si mesmo,
regozija-se sempre mais. 'Minha alma', ele pode dizer, 'magnifica o Senhor, e meu
espírito regozija-se em Deus meu Salvador'. Eu me regozijo nele, que, através de seu
amor, que eu não merecia; de sua misericórdia livre e terna, 'conduziu-me a este
estado de salvação', onde, através de seu poder, eu agora permaneço. Eu me regozijo,
porque seu Espírito testemunha com meu espírito que eu sou comprado com o sangue
do Cordeiro; e que, crendo nele, 'eu sou um membro de Cristo, um filho de Deus, e um
herdeiro do reino dos céus'.
Eu me regozijo, porque o senso do amor de Deus por mim tem, através do
mesmo Espírito, forjado-me a amar a Ele; e, por amor a Ele, amar todos os filhos dos
homens; toda alma que Ele criou. Eu me regozijo, porque Ele me permite sentir 'a
mente que estava em Cristo': -- Simplicidade: um único olho, em direção a Ele; em
cada movimento de meu coração; poder sempre fixar o olho amoroso de minha alma
Nele que 'me amou, e se deu por mim'; para almejar a ele somente, em sua vontade
gloriosa, naquilo que eu pensar, falar ou fazer: -- Pureza: desejando nada mais do que
Deus; 'crucificando a carne com suas afeições e luxúrias'; 'colocando minhas
afeições em todas as coisas que estão acima, não nas coisas da terra': -- Santidade: a
recuperação da imagem de Deus: uma renovação da alma 'em busca de seu
semblante': -- E Sinceridade Santa: direcionando todas as minhas palavras e obras, de
modo a conduzir-me para sua glória. Nisto, eu igualmente me regozijo; sim, e irei me
regozijar, porque minha consciência testemunha, no Espírito Santo, por meio da luz
que ele continuamente derrama sobre ela, que 'caminha digna da vocação, por meio
da qual, eu sou chamado'; para que eu me 'abstenha de toda a aparência do mal';
fugindo do pecado, como da face de uma serpente; para que eu possa fazer, na medida
de minhas possibilidades, todo bem, de toda a espécie, a todos os homens; para que eu
siga meu Senhor, em todos os meus passos, e faça o que é aceitável aos seus olhos. Eu
me regozijo, porque eu vejo e sinto, através da inspiração do Espírito Santo de Deus,
que todas as minhas obras são forjadas nele, e que é ele que opera todas as minhas
obras em mim. Eu me regozijo, em ver, por meio da luz de Deus, que brilha, em meu
coração, para que eu tenho o poder de caminhar, em seus caminhos; e que, através de
sua graça, eu não vire de um lado para outro; andando a esmo.
17. Tal é o alicerce e a natureza daquela alegria, por meio da qual um cristão
adulto se regozija sempre mais. E, de tudo isto, nós podemos facilmente inferir que:
1o. Esta não é uma alegria natural:
Ela não nasce de uma causa natural: Não de alguma disposição animada. Isto
pode dar um começo passageiro de alegria; mas o cristão regozija-se sempre. Ela não
pode ser devida à saúde do corpo, ou bem-estar; à fortaleza e integridade física: já que
ela é igualmente forte na doença e na dor; sim, talvez, mais forte do que antes. Muitos
cristãos nunca antes tinham experimentado alguma alegria que pudesse ser comparada
com aquela que, então, preencheu suas almas, quando o corpo esteve quase
desgastado pela dor, ou consumido com doença degenerativa. Menos do que tudo, ela
pode ser atribuída à prosperidade exterior, ao favor dos homens, ou abundância de
bens materiais; uma vez que, então, principalmente quando a fé deles tem sido
testada, como com fogo, por meio de todas as aflições exteriores, é que os filhos de
Deus regozijam-se Nele - a quem eles amam sem ver, com alegria inexprimível. E
certamente homem algum se regozijaria, como aqueles que foram usados como 'vileza
e escória do mundo'; que vaguearam de um lado para outro, necessitando de todas
coisas; famintos, com frio, nus; aqueles que tinham provado, não apenas da 'cruel
zombaria', mas, 'muito mais dos cativeiros e aprisionamentos'; sim, que, por fim, 'não
consideraram suas vidas, prezadas, a si mesmos, de modo que eles poderiam terminar
o curso de suas vidas com alegria'.
18. Das considerações precedentes, podemos inferir:
2o. Que aquela alegria de um cristão não surge de qualquer consciência
ignorante; de sua condição de não discernir o bem do mal:
Muito longe disto, ele era um completo estranho para essa alegria, até que os
olhos de seu entendimento foram abertos; não conhecia, até que teve os sentidos
espirituais adequados para discernirem o bem do mal. E, agora, o olho de sua alma
não se tornou obscurecido: ele nunca foi tão perspicaz anteriormente: ele tem uma
percepção tão rápida das menores coisas, que é completamente surpreendente para um
homem natural. Assim como uma partícula de pó é visível aos raios de sol; assim para
aquele que caminha na luz, nos feixes de luz de seu sol não criado, toda partícula de
pecado é visível. Nem ele consegue fechar os olhos da consciência mais: aquele sono
está fora dele. Sua alma está sempre amplamente acordada: não mais cochilos ou
mãos flexíveis para descansar! Ele está sempre desperto, e ouvindo o que o seu
Senhor diz com respeito a ele: e sempre se regozijando 'em buscar a Ele que é
invisível'.
19. Também que:
3o. A alegria do cristão não surge de algum embotamento ou insensibilidade
da consciência.
É verdade que uma espécie de alegria pode surgir disto, naqueles cujos
corações insensatos estão enegrecidos'; cujos corações são empedernidos,
insensíveis, estúpidos, e, conseqüentemente, sem entendimento espiritual. Por causa
de seus corações insensatos, insensíveis, eles podem regozijar-se, até mesmo, quando
cometem pecados; e isto eles podem provavelmente chamar de liberdade! – o que é,
de fato, mera embriaguez da alma; uma dormência fatal do espírito; uma
insensibilidade estúpida de uma consciência sagrada. Pelo contrário, um cristão tem a
mais extraordinária sensibilidade; tal que ele nunca pôde conceber anteriormente. Ele
nunca teve tal ternura de consciência, como a que teve, desde que o amor de Deus tem
reinado em seu coração. E isto também é sua glória e alegria – aquela que Deus tem
ouvido em suas orações diariamente:
'Ó que minha terna alma possa voar, à primeira aproximação odiosa do mal;
rápido, como a menina dos olhos, o toque mais leve do pecado sinta'.
20. Para concluir: A alegria cristã é a alegria na obediência; alegria em amar a Deus e
manter seus mandamentos: e, ainda assim, não os mantendo, como se nós
estivéssemos, por meio disto, cumprindo os termos das obras da aliança; como se, por
algumas obras ou retidão nossas, estivéssemos à procura do perdão e aceitação com
Deus. Não, desta forma: Nós já estamos perdoados e aceitos, através da misericórdia
de Deus, em Jesus Cristo. Não, como se nós estivéssemos, através de nossa própria
obediência, procurando ter vida; a vida da morte do pecado: Isto também nós já
temos, através da graça de Deus. 'Ele vivificou, aquele que estava morto no pecado'; e
agora nós estamos 'vivos para Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor'.
Mas nós nos regozijamos, em caminhar de acordo com a aliança da graça, no
amor santo e obediência feliz. Nós nos regozijamos em saber que, 'sendo justificados
pela sua graça', nós não 'recebemos a graça de Deus em vão': que Deus, tendo
livremente (não por causa de nosso desejo e realizações, mas através do sangue do
Cordeiro) nos reconciliado para si mesmo, nós cumprimos, nas forças que ele nos tem
dado, o desejo de seus mandamentos. 'Ele nos tem dado coragem na guerra', e
estamos felizes de 'lutar a boa luta da fé'. Nós nos regozijamos, através dele, que vive
em nossos corações pela fé, para que 'nos agarremos à vida eterna'. Este é o nosso
regozijo, o que nosso 'Pai opera até aqui', de modo que (não pela nossa força e
sabedoria, mas através do poder de seu Espírito, livremente dado em Jesus Cristo,)
nós também operamos as obras de Deus. E ele pode operar em nós o que quer que seja
agradável a seus olhos! E a quem seja dado todo louvor para sempre e sempre!
---------
www.GodOnThe.Net/wesley
Sobre o Pecado nos CrentesJohn Wesley
'Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo'. (II Corintios 5:17)
I. O pecado permanece em alguém que crê em Cristo?
II. Qual as diferenças entre o pecado interior e o pecado exterior?
III. A carne - a natureza má – opõe-se ao Espírito, até mesmo nos crentes.
IV. Um homem não pode ser limpo, consagrado, santo, ao mesmo tempo em
que é impuro, não consagrado e não santo.
V.Existe em cada pessoa dois princípios contraries: natureza e graça.
I
1. Existe, então, pecado naquele que está em Cristo? O pecado permanece
naqueles que crêem Nele? Existe algum pecado naqueles que são nascidos de Deus,
ou eles estão totalmente livres dele? Que ninguém imagine que esta seja uma questão
de mera curiosidade; ou que seja de pequena importância, se for determinado um
caminho ou o outro. Antes, é um ponto de extrema relevância para todos os cristãos
sérios; decidirem o que mais proximamente concerne à sua felicidade presente e
eterna.
2. E, ainda assim, eu não sei se isto foi, alguma vez, discutido na igreja
primitiva. Decerto, não existiu espaço para disputas concernentes a ela, já que todos
os cristãos estavam de acordo. E, até onde eu tenho observado, todo o corpo de
cristãos do passado, que nos deixaram algo escrito, declararam a uma só voz, que,
mesmo os crentes em Cristo, até que eles estejam 'fortalecidos no Senhor, e no poder
de sua força', têm necessidade de 'lutar com a carne e sangue', com uma natureza
pecaminosa, assim como, 'com principados e potestades'.
3. E neste contexto, nossa Igreja (como realmente na maioria dos termos)
copia exatamente segundo a igreja primitiva; declarando em seu Nono Artigo: 'O
pecado original é a corrupção da natureza de todo homem, de forma que ele está
inclinado ao mal, pela sua própria natureza; assim sendo, a carne cobiça,
contrariamente ao Espírito. E esta influência da natureza permanece; sim, naqueles
que estão regenerados; de maneira que, a luxúria da carne não é objeto da lei de
Deus. E, embora não exista condenação para aqueles que crêem, ainda assim, esta
luxúria tem em si mesma a natureza do pecado'.
4. O mesmo testemunho é dado, através de todas as outras igrejas; não apenas,
através da igreja grega e romana, mas através de toda igreja reformada na Europa, de
qualquer que seja a denominação. De fato, alguns desses parecem levar a coisa muito
longe; descrevendo a corrupção do coração do crente, como que dificilmente
admitindo que ele tem domínio sobre ela, mas que, antes, é seu escravo; e, por esses
meios, eles fazem uma pequena distinção entre um crente e um descrente.
5. Para evitarem este extremo, os muitos homens bem intencionados,
particularmente esses, debaixo da direção do recente Conde Zinzendorf [líder Morávio
(denominação Protestante, surgida no século XVIII, pela renovação do antigo movimento dos
Irmãos Boêmios, que dá ênfase à vida cristã pura e simples e à fraternidade dos homens. Mais
comumente conhecida como Irmãos Morávios)], foram para o outro lado, afirmando que
'todos os crentes verdadeiros não são apenas salvos do domínio do pecado, mas da
existência do pecado interior, assim como exterior; de maneira que ele não mais
permanece neles':E desses, por volta de vinte anos atrás, muitos de nossos
compatriotas absorveram a mesma opinião de que, até mesmo a corrupção da
natureza, não está mais, naqueles que crêem em Cristo.
6. É verdade que, quando os alemães foram pressionados, eles logo admitiram
(muitos deles, pelo menos) que 'o pecado ainda permanece na carne, mas não no
coração de um crente'; e, depois de um tempo, quando o absurdo disto foi mostrado,
eles razoavelmente desistiram do ponto; admitindo que o pecado ainda permanecia,
embora não reinasse, naquele que é nascido de Deus.
7. Mas o inglês que recebeu isto deles (alguns diretamente, alguns de segunda
e terceira mão) não foi tão facilmente convencido a se desfazer de uma opinião
favorita. E, até mesmo quando a generalidade deles se convenceu de que ela era
extremamente indefensável, alguns poucos não puderam ser persuadidos a desistir,
mas mantiveram-na até hoje.
II
1. Por causa desses que realmente temem a Deus, e desejam conhecer 'a
verdade que está em Jesus'; não pode ser impróprio considerar o ponto com calma e
imparcialidade. Ao fazer isto, eu uso indiferentemente as palavras, regenerado,
justificado, ou crentes; desde que, embora eles não tenham precisamente o mesmo
significado (o Primeiro, implicando uma mudança interior, verdadeira; o Segundo,
uma mudança relativa; e o Terceiro, os meios pelos quais, tanto uma quanto a outra é
forjada); ainda assim, elas convergem para a mesma coisa; já que todos os que crêem
são ambos, justificados e nascidos de Deus.
2. Por pecado, eu entendo aqui pecado interior; qualquer temperamento
pecaminoso, paixão ou afeição, como orgulho, vontade própria, amor ao mundo, de
algum tipo, ou em algum grau; tal como cobiça, ira, impertinência; qualquer
disposição contrária à mente que estava em Cristo.
3. A questão não é concernente ao pecado exterior; quer um filho de Deus
cometa pecado ou não. Nós todos concordamos e sinceramente mantemos 'que ele que
comete pecado é do diabo'. Nós concordamos, 'que quem é nascido de Deus não
comete pecado'. Nem agora inquirimos, se o pecado interior irá permanecer sempre
nos filhos de Deus; se ele irá continuar na alma, por quanto tempo ela continue no
corpo: Nem, ainda assim, inquirimos, se uma pessoa justificada possa reincidir em um
pecado interior ou exterior; mas, simplesmente isto: um homem justificado ou
regenerado está liberto de todo pecado, tão logo ele seja justificado? Não existe,
então, pecado algum em seu coração? – nem mesmo depois, a não ser, se ele cair da
graça?
4. Nós admitimos que o estado de uma pessoa justificada é inexprimivelmente
grande e glorioso. Ele é nascido novamente, 'não do sangue; nem da carne; nem da
vontade do homem, mas de Deus'. Ele é filho de Deus, um membro de Cristo, um
herdeiro do trono dos céus. 'A paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento,
mantém seu coração e mente em Jesus Cristo'. Mesmo seu corpo é um 'templo do
Espírito Santo', e uma 'morada de Deus, através do Espírito'. Ele é 'feito novo em
Jesus Cristo': Ele é lavado; ele é santificado. Seu coração é purificado pela fé; ele é
limpo 'de toda corrupção que está no mundo'; 'o amor de Deus espalha-se em seu
coração, pelo Espírito Santo que é dado a ele'. E, por quanto tempo ele 'caminha no
amor' (o que ele pode sempre fazer), ele adora a Deus em espírito e em verdade. Ele
mantém Seus mandamentos, e faz todos as coisas que são agradáveis aos olhos de
Deus; assim, exercitando a si mesmo, como para 'ter a consciência que evita a ofensa,
em direção a Deus, e em direção ao homem': E ele tem poder, tanto sobre o pecado
exterior quanto interior, até mesmo, do momento em que ele é justificado.
III
1. 'Mas ele não está, então, liberto de todo pecado, de modo que não exista
pecado em seu coração?'.Eu não posso dizer isto; eu não posso acreditar nisso;
porque Paulo diz o contrário. Ele está falando para crentes e descrevendo o estados
dos crentes em geral, quando ele diz: (Gálatas 5:17) 'Porque a carne cobiça contra o
Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não
façais o que quereis'. Nada pode ser mais explícito. O Apóstolo afirma aqui
diretamente que a carne - a natureza pecaminosa, se opõe ao Espírito, mesmos nos
crentes; que, mesmo no regenerado, existem dois princípios, 'contrários um ao outro'.
2. Novamente: Quando ele escreve para os crentes em Corinto; para aqueles
que foram santificados em Jesus Cristo, (I Corintios 1:2) 'À igreja de Deus que está
em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em
todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso', ele
diz: (I Corintios 3:1) 'E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como
a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque
ainda nãopodíeis, nem tampouco ainda agora podeis, Porque ainda sois carnais;
pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e
não andais segundo os homens?'. Agora aqui o Apóstolo fala junto àqueles que eram
inquestionavelmente crentes; a quem, no mesmo fôlego, ele denominou seus irmãos
em Cristo, -- como sendo ainda, em uma medida - carnais. Ele afirma que existia
inveja (um temperamento pecaminoso), ocasionando contenda entre eles, e ainda
assim, ele não fez a menor insinuação de que eles tivessem perdido sua fé. Mais do
que isto, ele manifestadamente declara que eles não haviam perdido; porque, então,
eles não seriam bebês em Cristo. E (o que é mais notável de tudo), ele fala de serem
carnais, e bebês em Cristo, como uma e a mesma coisa; mostrando plenamente que
todo crente que todo crente é (em um grau) carnal, enquanto ele é apenas um bebê em
Cristo.
3. De fato, este grande ponto, o de que existem dois princípios contrários nos
crentes, -- natureza e graça; a carne e o Espírito, mencionados, através de todas as
Epistolas de Paulo; sim, através de todas as Escrituras; quase todas as direções e
exortações, neste contexto, estão alicerçadas nesta suposição; apontando para os
temperamentos e práticas errôneos naqueles que eram, não obstante, reconhecidos
pelos escritores inspirados, serem crentes. E eles eram continuamente exortados a
combater e conquistar estes, pelo poder da fé que estava neles.
4. E quem pode duvidar, a não ser que existia fé no anjo da igreja de Efésios,
quando nosso Senhor disse a ele: (Apocalipse 2:2-4) 'Conheço as tuas obras, e o teu
trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que
dizem ser apóstolos, e eles não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens
paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste'. Mas existia, nesse meio
tempo, nenhum pecado em seu coração? Existia, ou Cristo não teria acrescentado:
'Não obstante, tenho contra ti que deixaste o teu primeiro amor'. Este foi um pecado
real que Deus viu em seu coração; do qual, adequadamente, ele é exortado a se
arrepender. E ainda assim, nós não temos autoridade para dizer, que, mesmo então,
ele não tem fé.
5. Mais do que isso, o anjo da igreja de Pérgamo, também é exortado a se
arrepender, o que sugere pecado, embora nosso Senhor expressamente diga:
(Apocalipse 2:13, 16) 'Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o
trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de
Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. (...)
Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a
espada da minha boca'. E ao anjo na igreja de Sardes, ele diz: (Apocalipse 3:2) 'Sê
vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque eu não achei
tuas obras perfeitas diante de Deus'. O bem que ainda restava estava pronto para
morrer; mas estava verdadeiramente morto. De modo que ainda havia uma faísca de
fé, mesmo nele; o que está de acordo ordenando para segurar firme: (Apocalipse 3:3)
'Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não
vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei'.
6. Uma vez mais: Quando o Apóstolo exorta os crentes em (2 Coríntios 7:1)
'Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da
carne e do espírito; aperfeiçoando a santificação no temor de Deus', ele plenamente
ensina que esses crentes não estavam ainda limpos disso.
Você irá perguntar: 'Mas ele que se abstêm de toda a aparência do mal, ipso
facto, limpa a si mesmo de toda imundícia?'. Não, de maneira alguma. Por exemplo:
um homem me insulta: eu sinto ressentimento, o que é imundícia do espírito; ainda
assim, eu não digo uma palavra. Aqui, eu 'me abstenho de toda a aparência do mal';
mas isto não me limpa da imundícia do espírito, como eu experimento para minha
tristeza.
7. E, como esta posição: 'Não existe pecado em um crente; nenhuma mente
carnal; nenhuma inclinação à apostasia', é, então, contrária à palavra de Deus, assim,
é para a experiência de seus filhos. Esses continuamente sentem um coração inclinado
à apostasia; uma tendência natural para o mal; uma predisposição a separar-se de
Deus, e se aderirem às coisas da terra. Eles estão diariamente conscientes do pecado
permanecendo em seus corações, -- orgulho, vontade própria, descrença; e do pecado,
aderindo a tudo o que eles falam ou fazem, até mesmo, às suas melhores ações, e as
mais santas obrigações. Ainda assim, ao mesmo tempo em que eles 'sabem que são de
Deus'; eles não duvidam disto, por um momento. Eles sentem seu Espírito,
claramente, 'testemunhando com o espírito deles, que eles são filhos de Deus'. Eles 'se
regozijam em Deus, através de Jesus Cristo, por meio de quem, eles têm agora
recebido a redenção'. De modo que eles igualmente garantiram que o pecado está
neles, e que 'Cristo é neles, a esperança da glória'.
8. 'Mas Cristo pode estar no mesmo coração, em que o pecado está?'. Sem
dúvida que pode; do contrário ele nunca poderia ser salvo disto. Onde está a doença,
lá está o médico, exercendo seu trabalho; lutando, até que lance fora o pecado.
Decerto que Cristo não pode reinar, onde o pecado reina; nem Ele irá habitar onde
algum pecado é permitido. Mas Jesus está e habita no coração de todo crente que
esteja lutando contra todo o pecado; embora não seja ainda purificado, de acordo com
a purificação do santuário.
9. Foi observado antes, que a doutrina oposta, -- a de que não existe pecado
nos crentes, -- é completamente nova na igreja de Cristo; já que nunca foi ouvida,
durante cento e dezessete anos; nunca, até que foi descoberta pelo conde Zinzendorf.
Eu não me lembro de ter visto a menor insinuação dela, tanto nos escritores antigos,
quanto modernos; exceto, talvez, em alguns dos selvagens e entusiastas antinomianos
[os que acreditavam que, pela fé e a graça de Deus anunciadas no Evangelho, os cristãos são libertados,
não só da lei de Moisés, mas de todo o legalismo e padrões morais de qualquer cultura]. E esses,
igualmente, dizem e desdizem, admitindo que existe pecado na sua carne, embora
nenhum pecado em seus corações. Mas, apesar da doutrina ser nova, ela está errada;
porque a religião antiga é a única verdadeira; e nenhuma doutrina pode ser correta, a
menos que seja exatamente a mesma 'que fora desde o início'.
10. Um argumento a mais contra essa doutrina nova e não bíblica, pode ser
esboçada das conseqüências terríveis dela. Se alguém diz: 'Eu sinto ira hoje'. Eu devo
replicar: 'Então, você não tem fé?'. Um outro diz: 'Eu sei que o que você aconselha é
bom, mas minha vontade é completamente contrária a isto'. Eu devo dizer a ele:
'Então, você é um descrente, debaixo da ira e maldição de Deus?'. Qual será a
conseqüência natural disto? Porque, se ele acredita no que eu digo, sua alma não
apenas será afligida e magoada, mas, talvez, seja totalmente destruída, visto que,
como ele 'irá lançar fora' aquela 'confiança que tem na grande recompensa de
galardão': E, tendo lançado fora sua proteção, como ele irá 'extinguir os dados
certeiros do iníquo?'. Como ele irá superar o mundo? – vendo que 'essa é a vitória
que domina o mundo, até mesmo nossa fé?'.
Ele se encontra desarmado, em meio aos seus inimigos; exposto a todos os
assaltos deles. Qual a surpresa então, se ele for totalmente dominado; se eles o
tornarem escravos da vontade deles; sim, se ele cair, de uma maldade para outra, e
nunca mais ver o bem? Por conseguinte, eu não posso, por nenhum meio, receber essa
afirmação, de que não existe pecado no crente, do momento em que ele é justificado.
Em Primeiro Lugar, porque é contrário a todo o teor das Escrituras; -- Em
Segundo Lugar, porque é contrário à experiência dos filhos de Deus, -- Em terceiro
lugar, porque é absolutamente novo, nunca ouvido no mundo, até ontem; -- e, em
Último Lugar, porque é naturalmente atendido com as mais fatais conseqüências; não
apenas afligindoaqueles a quem Deus não tem afligido, mas, talvez, arrastando-os
para a perdição eterna.
IV
1. Contudo, permita-nos ouvir atentamente aos principais argumentos desses
que se esforçam para sustentar isto. Primeiro, é das Escrituras que eles tentam provar
que não existe pecado no crente. Eles argumentam assim: 'As Escrituras dizem que
todo crente é nascido de Deus, é limpo, santo e consagrado; é puro no coração; tem
um novo coração; e é um templo do Espírito Santo. Agora, como 'aquele que é
nascido da carne, é carne', é completamente mal, assim, 'aquele que é nascido do
Espírito é espiritual', e completamente bom. Novamente: Um homem não pode ser
limpo, consagrado, santo, e, ao mesmo tempo, impuro, não consagrado, não santo. Ele
não pode ser puro e impuro; ou ter um coração novo e velho, juntos. Nem pode sua
alma ser não santa, enquanto ele é o templo do Espírito Santo.
Eu tenho colocado essa objeção, tão fortemente quanto possível, para que todo
seu peso possa aparecer. Permita-nos examiná-la, parte por parte.
(1) 'Que aquele que é nascido do Espírito é espiritual, é completamente bom'.
Eu admito o texto, mas não a observação. Porque o texto afirma isto, e não mais, --
que todo homem que 'é nascido do Espírito', é um homem espiritual. Ele o é: Mas
embora ele seja, ainda assim, não será completamente espiritual. Os cristãos de
Corinto eram homens espirituais; ou eles não teriam sido cristãos, afinal; e, ainda
assim, eles não eram completamente espirituais: eles eram, em parte, ainda carnais. --
'Mas eles eram caídos da graça'. Paulo diz que não. Eles eram até mesmo, bebês em
Cristo.
(2) 'Mas um homem não pode ser limpo, consagrado, santo, e ao mesmo
tempo, impuro, não consagrado, não santo'. Decerto que ele pode. Assim eram os
Coríntios: 'Vocês estão lavados', diz o Apóstolo, 'vocês estão consagrados'; ou seja,
limpos da 'fornicação, idolatria, bebedeira', e todos os outros pecados exteriores.
(I Corintios 6:9) 'Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de
Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os
efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados,
nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns
têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido consagrados, mas haveis sido
justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus'; e, ainda assim,
ao mesmo tempo, em outro sentido da palavra, eles eram não consagrados; eles não
estavam lavados; não interiormente limpos de toda inveja, conjecturas diabólicas,
parcialidade, -- 'Mas certo, eles não tinham um novo coração e um velho coração,
juntos'. Na verdade, eles tinham, porque, naquele mesmo momento, seus corações
eram verdadeiramente, embora que não inteiramente, renovados. A mente carnal deles
foi pregada na cruz; ainda assim, não estava totalmente destruída. -- (I Corintios
6:19) 'Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em
vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?'; e é igualmente certo, que
eles eram, em algum grau, carnais, ou seja, não santos.
2. 'Entretanto, existe uma Escritura a mais que irá colocar esse assunto fora
de questão': (II Corintios 5:17) 'Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura
é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo'. 'Agora certamente um
homem não pode ser uma nova criatura, e uma velha criatura de uma só vez'. Sim,
ele pode: Ele pode ser parcialmente renovado, o que foi o mesmo caso com aqueles
em Corinto. Eles foram, inegavelmente, 'renovados no espírito de suas mentes', ou
eles não poderiam ter sido 'bebês em Cristo'. Ainda assim, eles não tinham a mente
total que estava em Cristo, porque eles invejavam um ao outro. "Mas é dito
expressamente: 'as velhas coisas se passaram: todas as coisas se fizeram novas'".
Mas nós não devemos interpretar as palavras do Apóstolo, de maneira a que ele
contradiga a si mesmo. E se nós o tornarmos consistente consigo mesmo, o
significado claro das palavras é este: Seu velho julgamento, concernente à
justificação, santidade, felicidade, de fato, concernentes a todas as coisas de Deus, em
geral, são agora passadas; assim como seus velhos desejos, objetivos, afeições,
temperamentos e conversa. Todos esses se tornaram inegavelmente novos;
grandemente mudados do que eles eram; e, ainda assim, embora eles sejam novos,
eles não estão totalmente novos. Ainda, ele sente, para sua tristeza e vergonha, restos
do velho homem, também a decadência manifesta de seus temperamentos e afeições,
anteriores, posto que eles não podem obter vantagem alguma sobre ele, por quanto
tempo ele vigia junto à oração.
3. Todo este argumento: 'Se ele está limpo, ele é limpo'; 'Se ele está, ele é
santo'; (e vinte expressões mais desse mesmo tipo podem ser facilmente empilhadas).
É realmente nada melhor, do que brincar com palavras. É uma falácia argumentar do
particular para o geral; inferir uma conclusão geral, de premissas particulares.
Proponha a sentença inteira, e ela ficará assim: 'Se ele é santo, afinal, ele é santo
completamente'. Isto não procede: todo bebê em Cristo é santo, e ainda assim, não
completamente. Ele está salvo do pecado; ainda assim, não inteiramente: O pecado
permanece, embora não reine. Se você pensar que ele não reina (nos bebês, pelo
menos, quer seja este o caso com homens jovens ou adultos), você certamente não
tem considerado a altura, a profundidade, a largura, e comprimento da lei de Deus;
(mesmo a lei do amor, escrita por Paulo, no décimo-terceiro capítulo de Corintios); e
que toda anomia, desconformidade, ou desvio, para com esta lei, é pecado. Agora, não
existe desconformidade a ela, no coração ou vida de um crente? O que pode ser em
um cristão adulto, é outra questão; mas que estranho deve ser para a natureza humana,
aquele que pode possivelmente imaginar que este é o caso com todo bebê em Cristo!
4. 'Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito'. (Romanos 8:1).
[O que se segue, por algumas páginas, é uma resposta a um documento, publicado na
Cristian Magazine, p. 577-592. Eu estou surpreso que o Sr. Dodd tenha dado a tal documento
um lugar em sua revista, o que é diretamente contrário ao Nono Artigo – Editor]
[Esta é a carta escrita por John Wesley ao Sr. Dodd – acréscimo da tradutora]
-------
05 de Março, 1767
Ao Editor de Lloyd´s Evening Post
"Senhor",
"Muitas vezes, o redator da Christian Magazine tem me atacado sem medo ou finura;
e, por este meio, ele tem convencido seus leitores imparciais de uma coisa, pelo menos — que
(como, vulgarmente, se diz) seus dedos comicham, para estar diante de mim; que ele tem o
desejo passional de medir espadas comigo. Mas eu tenho um outro trabalho em minhas
mãos: eu posso aplicar o pouco que resta da minha vida em propósitos melhores!"
"Os fatos de seu último ataque são esses: Trinta e cinco, ou, trinta e seis anos atrás,
eu admirava muito o caráter do cristão perfeito desenhado por Clemens Alexandrinus. Há
vinte e cinco, ou, vinte e seis anos, um pensamento me veio à mente: esboçar tal caráter, por
mim mesmo; apenas, que de uma maneira mais bíblica e, principalmente, nas próprias
palavras da Escrituras: isto eu intitulei: ‘O Caráter de um Metodista’, acreditando que,
curiosamente, poderia incitar mais pessoas a ler isso, e, também, que alguns preconceitos
pudessem, desse modo, ser removidos do homem sincero".
"Mas, para que ninguém imaginasse que eu pretendia um elogio a mim, ou aos meus
amigos, eu me resguardei contra isso, no próprio título da página, dizendo tanto em meu
nome como no deles:'Não como se eu já tivesse atingindo, tampouco como se já fosse
perfeito'".
“Para o mesmo efeito, eu falo na conclusão: ‘Esses são os mesmos princípios e
práticas de nossa religião; sãos as marcas de um verdadeiro Metodista’; que é, um
verdadeiro cristão; como eu, imediatamente, depois, expliquei: ‘por esses princípios apenas
fazer com que aqueles que estão no ridículo,assim chamados, desejem ser distinguidos de
outros homens’. ‘Por essas marcas fazer com que nós trabalhemos, para distinguir a nós
mesmos daqueles, cujas mente e vida, não estão de acordo com o Evangelho de Cristo’”.
“Este inferior, ou Dr. Dodd, diz, ‘Um metodista é, de acordo com o Sr. Wesley, um
que é perfeito, e não peca em pensamento, palavra, ou ação’. Senhor, queira me desculpar!
Isso não é ‘de acordo com o Sr.Wesley’. Eu tenho dito com todas as palavras que eu não sou
perfeito; e, ainda você me permite ser um Metodista! Eu disse a você, categoricamente, que
eu não consegui o caráter que eu esbocei. Você irá fixar isso em mim, apesar dos meus
dentes? ‘Mas o Sr. Wesley diz que outros Metodistas têm’, Eu não digo tal coisa! O que eu
digo, depois de ter dado um relato bíblico de um perfeito cristão, é isso: ‘Por essas marcas o
Metodista deseja ser distinguido de outros homens; por essas marcas nós trabalhamos para
distinguir a nós mesmos’. E você não deseja e trabalha para o mesmo propósito?”.
"Mas você insiste: 'O Sr. Wesley afirma que o Metodista (isto é, todos os Metodistas)
é, perfeitamente, santo e íntegro'. Onde eu afirmei isso? Não, em alguma propaganda
religiosa! Diante disso, eu afirmo justo o contrário; e que eu afirmo isso, seja lá onde for, é
mais do que eu sei. Fique à vontade, senhor, de assinalar o local: até que isso seja feito, tudo
o que você acrescentou (amargo, o suficiente) é mera 'trovoada'; e os Metodistas (assim
chamados) podem ainda declarar (sem qualquer punição de sua sinceridade) que eles não
vêm à mesa santa 'confiando em sua própria retidão, mas nas múltiplas e grandiosas
misericórdias de Deus'".
Eu sou, senhor,
Seu,
John Wesley
--------------
® Esses são reunidos, como se eles fossem a mesma coisa. Mas eles
não o são. A culpa é uma coisa, o poder outra, e a existência outra,
ainda. Que os crentes estão livres da culpa e poder do pecado nós
admitimos; que eles estão livres da existência dele, nós negamos.
Nem isto, de alguma maneira, se conclui desses textos. Um
homem pode ter o Espírito de Deus habitando nele, e pode
'caminhar, segundo o Espírito', embora ele sinta ainda 'a carne
entregando-se à luxúria, contra o Espírito'.
5. "Mas a 'igreja é o corpo de Cristo' - (Colossenses 1:24) 'Regozijo-me agora
no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo
seu corpo, que é a igreja'; isto implica que seus membros são lavados de todas as suas
sujidades; do contrário irá se seguir que Cristo e Belial estão incorporados um com o
outro".
® Não. Pelo fato de 'aqueles que são o corpo místico de Cristo, ainda
sentirem a carne cobiçando contra o Espírito', isto não quer dizer que
Cristo tem alguma camaradagem com o diabo; ou com aquele pecado que
ele os capacita a resistir e dominar!
6. "Mas os cristãos 'chegaram ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à
Jerusalém celestial', onde 'nada corrompido entra?".' (Hebreus 12:22): Ou seja, céu e
terra, todos concordam, todos são uma grande família.
® E são igualmente santos e corrompidos, enquanto eles 'caminham segundo
o Espírito'; embora conscientes que existe um outro princípio neles, e que
'estes são contrários um ao outro'.
7. 'Mas os cristãos estão reconciliados para Deus. Agora isto não poderia ser,
se alguma mente carnal restasse; porque esta é inimiga contra Deus:
Conseqüentemente, nenhuma reconciliação pode ser efetiva, a não ser através de sua
total destruição'.
® Nós estamos 'reconciliados para Deus, através do sangue na cruz': E,
naquele momento, a corrupção da natureza, que é inimiga de Deus, foi
colocada debaixo de nossos pés; a carne não teve mais domínio sobre nós.
Mas ela ainda existe; e ela ainda é, em sua natureza, inimiga com Deus,
cobiçando contra seu Espírito.
8. "Mas em (Gálatas 5:24) 'E os que são de Cristo crucificaram a carne com
as suas paixões e concupiscências'". "Mais do que isto', (Colossenses 3:9) 'eles já
despiram o velho homem com seus feitos'".
® Eles o fizeram; e, no sentido acima descrito, 'as coisas velhas são
passadas, e todas as coisas se tornaram novas'. Existe ema centena de
textos, e eles podem ser citados, para o mesmo efeito; e todos irão admitir
a mesma resposta – "Mas, para dizer tudo em uma só palavra': (Efésios
5:25) 'Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a
santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra; para a
apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível'". E, assim, será no final: Mas não
foi, ainda, desde o começo.
9. 'Mas que a experiência fala: Todos os que são justificados encontram,
naquele momento, uma liberdade absoluta de todos os pecados'.
® Isto eu duvido; mas se eles encontram, isto acontece, mesmo
depois? Caso não alcancem coisa alguma. – 'Se eles não
encontram, é culpa deles'. Isto necessita ser provado.
10. 'Mas, na própria natureza das coisas, um homem pode ter orgulho nele, e
não ser orgulhoso; ter ira, e ainda assim, não estar irado?'
® Um homem pode ter orgulho nele; pode pensar, em algumas
particularidades, acima do que deveria pensar, (e, assim, ser
orgulhoso, naquele particular), mas, no entanto, não ser um
homem orgulhoso, em seu caráter geral. Ele pode ter raiva nele;
sim, e uma forte inclinação para uma raiva furiosa, sem dar
oportunidade a ela. – 'Mas a ira e o orgulho podem estar naquele
coração, onde apenas a mansidão e humildade são sentidos?'.
Não. Mas algum orgulho e ira podem estar no coração, onde existe
humildade e mansidão.
'É não é proveitoso dizer que esses temperamentos estão lá, mas que eles não
reinam:porque o pecado não pode, em alguma espécie ou grau, existir onde ele não
reina; porque a culpa e o poder são propriedades essenciais do pecado. Portanto,
onde um deles está, todos deverão estar'.
® De fato, estranho! 'O pecado não pode, em alguma espécie ou
grau, existir, onde ele não reina?'. Absolutamente contrário, a toda
experiência, a todas as Escrituras, a todo bom-senso.
Ressentimento de uma afronta é pecado; é anomia,
desconformidade para com a lei do amor. Isto tem existido em
mim milhares de vezes. Ainda assim, ele não reinou, e não reina. --
'Mas a culpa e poder são propriedades essenciais do pecado; portanto, onde
um está, todos deverão estar'.
® Não. No exemplo, diante de nós, se o ressentimento que eu sinto
não prolifera, mesmo por um momento, não existe culpa, afinal;
nenhuma condenação de Deus sobre esse assunto. E, neste caso,
ele não tem poder: embora ele 'cobice contra o Espírito', ele não
pode prevalecer. Aqui, portanto, como, em milhares de exemplos,
existe pecado, sem tanto culpa ou poder.
11. 'Mas a suposição de haver pecado em um crente, é significativo com todas
as ciosas assustadoras e desanimadoras. Isto sugere a contenda com o poder que tem
a possessão de nossa força; mantêm usurpação dele de nossos corações; e lá
promove a guerra contra nosso Redentor'.
® Não assim: A supondo-se que o pecado esteja em nós, isto não
implica que ele tem a possessão de nossas forças; não mais do que
um homem crucificado tem a posse daqueles que o crucificaram.
Como implica pouco que 'o pecado mantenha sua usurpação de
nossos corações'. O usurpador é destronado. Ele permanece, de
fato, onde ele uma vez reinou; mas permanece algemado. De
maneira que se, em algum sentido, ele 'efetua a guerra', ainda
assim, ele vai se tornando mais e mais fraco, enquanto o crente
segue de força e força, em vitória, em vitória.
12. 'Eu ainda não estou satisfeito: Ele que tem pecado nele, é um escravo do
pecado. Portanto, você supõe que um homem seja santificado, enquanto ele é escravo
do pecado. Agora, se você admite que os homens possam ser justificados, enquanto
eles têm orgulho, ira, ou descrença neles; mais ainda, se você afirma que esses estão
(pelo menos por um tempo), em todo aquele que é justificado; qual a surpresa de
termos tantos crentes orgulhosos, irados, descrentes?!
® Eu não suponho que algum homem que seja justificado, seja um
escravo do pecado. Ainda assim, eu suponho queo pecado
permaneça (pelo menos por um tempo), em todo aquele que está
justificado.
'Mas, se o pecado permanece em um crente, ele é um homem pecador: Se o
orgulho, por exemplo, ele é orgulhoso; se obstinação, então, ele é obstinado; se
descrença, então, ele é um descrente; conseqüentemente, não é um crente, afinal.
Como, então, ele se difere dos descrentes, dos homens degenerados?'.
® Isto ainda é brincar com as palavras. Significa não mais do que, se
existe pecado, orgulho, obstinação nele, então – existe pecado,
orgulho, obstinação. E isto, ninguém pode negar. Neste sentido,
então, ele é orgulho, ou obstinado. Mas ele não é orgulhoso ou
obstinado, no mesmo sentido que os descrentes são; ou seja,
governados pelo orgulho e vontade própria. Neste contexto, ele
difere dos homens degenerados. Estes obedecem ao pecado. Ele
não. A carne está em ambos. Mas eles caminham 'segundo a
carne'; e ele 'caminha segundo o Espírito'.
'Mas como um descrente pode ser um crente?'.
® Estas ´palavras têm dois significados. Elas significam tanto
nenhuma fé, quanto pouca fé; tanto a ausência da fé, ou a fraqueza
dela. No primeiro sentido, o descrente não é um crente; no
segundo, eles são todos bebês. A fé deles está comumente
misturada com dúvida e temor; ou seja, no segundo sentido, com
descrença. 'Por que temeis', diz o Senhor, 'ó homens de pouca fé?'
(Mateus 8:26). Novamente: 'Ó tu, homem de pouca fé, porque
motivo duvidais?'. Vocês vêem aqui, que havia descrença nos
crentes; pouca fé e muita fé.
13. 'Mas esta doutrina de que o pecado permanece no crente; de que um
homem pode estar no favor de Deus, enquanto ele tem pecado em seu coração;
certamente, tende a encorajar os homens ao pecado'.
® Entenda a proposição corretamente, e tal conseqüência não irá se
seguir. Um homem pode estar no favor de Deus, embora ele sinta
pecado; mas não se ele se entrega a ele. Ter pecado não significa
perder o favor de Deus; mas dar oportunidade a ele, sim. Embora a
carne em vocês 'cobicem contra o Espírito', vocês podem ainda ser
filhos de Deus; mas, se vocês 'caminham segundo a carne', vocês
são filhos do diabo. Agora, esta doutrina não encoraja a obedecer
ao pecado, mas a resistir a ele, com todas as nossas forças.
V
1. A somatória de tudo é esta: Existem, em cada pessoa, mesmo depois que ela
é justificada, dois princípios contrários: natureza e graça, denominada por Paulo, de
carne e Espírito. Por isso, embora os bebês em Cristo estejam santificados, ainda
assim, será apenas em parte. Em um grau, de acordo com a medida da sua fé, eles são
espirituais; mas, em outro, são carnais. Desta forma, os crentes são continuamente
exortados a vigiar contra a carne, tanto quanto contra o mundo e o diabo. E isto
concorda com a experiência constante dos filhos de Deus. Enquanto eles sentem esse
testemunho, em si mesmos, eles sentem sua vontade, não totalmente resignada à
vontade de Deus. Eles sabem que eles estão Nele; mas ainda, encontram um coração
pronto para se separar de Dele; uma propensão para o mal, em muitas instâncias, e
uma relutância para o que é bom. A doutrina contrária é totalmente nova; nunca
ouvida na Igreja de Cristo, desde o tempo de sua vinda para o mundo, até o tempo do
Conde Zinzendorf; e ela é atendida com as mais fatais conseqüências. Ela remove a
vigilância contra nossa natureza pecaminosa; contra a Dalila que nos disseram que
tinha ido, embora ela ainda esteja em nosso seio. Ela faz em pedaços a proteção dos
crentes fracos, despojados de sua fé, e, assim, deixando-os expostos a todos os
assaltos do mundo, da carne e do diabo.
2. Que possamos, portanto, segurar firme a doutrina perfeita, 'uma vez
entregue para os santos', e concedida aos oráculos de Deus na terra, para todas as
gerações que se seguiram: A de que, embora estejamos renovados, limpos,
purificados, santificados, e verdadeiramente crermos em Cristo, no momento; ainda
assim, nós não estamos renovados, limpos, purificados, completamente; já que a
carne; a natureza pecaminosa, ainda permanece (embora dominada), e guerreia contra
o Espírito. Quanto mais usamos de toda diligência para 'lutar a boa luta da fé'.
Quanto mais sinceramente 'vigiamos e oramos' contra o inimigo nela. Quanto mais
cuidadosamente permitimos nos 'colocar no amor total de Deus'; embora,
'contendamos com a carne, e sangue e principados, e com poderes, e espíritos
pecaminosos, nos altos lugares', mais seremos capazes de resistir, no dia de tentação;
e, tendo feito tudo, permanecermos.
[Editado por Angel Miller, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por
George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
O Arrependimento dos Crentes
John Wesley
Londonderry, 24 de Abril 1767
'O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo.
Arrependei-vos e crede no Evangelho'. (Marcos 1:15)
I. Em que sentido nós devemos nos arrepender?
II. Supondo que nos arrependamos, então, seremos chamados a 'crer no
Evangelho?'
III. Nós somos totalmente santificados, quando somos justificados, e nossos
corações são limpos de todo o pecado?
1. Supõe-se geralmente, que o arrependimento e fé são apenas o portal da
religião; que eles são necessários, apenas no começo de nossa trajetória cristã, quando
nós estamos de fora do caminho para o reino. E isto pode ser confirmado pelo grande
Apóstolo, quando, exortando aos cristãos hebreus a 'buscarem a perfeição', ele os
ensina a deixar esses primeiros 'princípios da doutrina de Cristo; não colocando
novamente o fundamento do arrependimento das obras mortas, e da fé, em direção a
Deus'; o que pode significar, por fim, que eles deveriam deixar, comparativamente,
esses, que, a principio, tomaram todos os seus pensamentos, com o objetivo de seguir
adiante, em direção à recompensa do grande chamado de Deus em Jesus Cristo.
2. E é indubitavelmente verdade que existe um arrependimento e uma fé que
são, mais especialmente, necessárias, no início: o arrependimento que é a convicção
de nossa mais extrema pecaminosidade, culpabilidade, e impotência; e que precede
nosso recebimento do reino de Deus que, nosso Senhor, observa, está 'dentro de nós';
e uma fé, por meio da qual recebemos aquele reino; até mesmo, retidão, paz e alegria
no Espírito Santo.
3. Não obstante isso, existe também um arrependimento e uma fé (tomando as
palavras em outro sentido; um sentido não completamente o mesmo; nem ainda,
inteiramente, diferente) que são requisitados depois de termos 'acreditado no
Evangelho'; e, em cada estágio subseqüente de nossa trajetória cristã, ou nós não
poderemos 'correr a corrida que se coloca diante de nós'. E esse arrependimento e fé
são tão necessários, com o objetivo de nossa continuidade e crescimento na graça,
como a fé e o arrependimento anteriores foram, com o objetivo de nossa entrada no
Reino de Deus.
Mas, em que sentido nós devemos nos arrepender e acreditar, depois de
sermos justificados? Esta é uma importante questão. E vale a pena ser considerada
com a mais extrema atenção.
I
E, primeiro, em que sentidos nós devemos nos arrepender?
(1) Arrependimento freqüentemente significa uma mudança interior de mente,
do pecado, para a santidade. Mas nós agora falamos em um sentido completamente
diferente, como se fosse uma espécie de autoconhecimento: o conhecer a nós mesmos
pecadores; pecadores culpados, e impotentes, ainda que saibamos que somos filhos de
Deus.
(2) De fato, quando nós, primeiro, sabemos disso; quando nós primeiro
encontramos redenção no sangue de Cristo; quando o amor de Deus é primeiro
derramado em nossos corações, e seu reino colocado neles; é natural supor que nós
não seremos mais pecadores, que todos os nossos pecados, não apenas foram
cobertos, mas foram destruídos. Como se nós, então, não sentíssemos qualquer mal
em nossos corações; nós rapidamente imaginamos que não existe coisa alguma neles.
Mais ainda; alguns homens bem-intencionados têm imaginado que isto não é apenas,
naquele momento, mas o será para sempre; tendo persuadido a si mesmos, que,
quando eles foram justificados, eles foram inteiramentesantificados: sim; que eles
tinham colocado como uma regra geral, a despeito das Escrituras, razão e experiência.
Esses sinceramente acreditam; e, honestamente, afirmam que todo o pecado foi
destruído, quando nós fomos justificados; e que não existe pecado, no coração do
crente; mas que ele está completamente limpo, dali em diante. Mas, embora, nós
rapidamente reconheçamos 'que aquele que crê é nascido de Deus' , e 'que aquele
que é nascido de Deus não comete pecado'; ainda assim, nós não podemos permitir
que ele não o sinta dentro de si: ele pode não reinar, mas ainda permanece. E a
convicção do pecado que permanece em nosso coração, é o grande motivo do
arrependimento do qual nós estamos falando a respeito.
(3) Já que, dificilmente, muito tempo antes que ele imaginasse que todo
pecado tinha desaparecido, ele sentiu que ainda havia orgulho em seu coração. Ele
está tão convencido, que, em muitos aspectos, pensa, sobre si mesmo, mais altamente
do que deveria, e tem dado, a si mesmo, mérito por alguma coisa que tenha recebido,
e se gloriado, naquilo que ainda não recebeu; e ainda assim, ele sabe que está no favor
de Deus. Ele não pode, e não deve 'atirar fora sua confiança'. 'O Espírito' ainda
'testemunha com' seu 'espírito, que ele é um filho de Deus'.
(4) Nem foi muito tempo antes que ele sentisse vontade própria, em seu
coração; mesmo uma vontade contrária à vontade de Deus. Uma vontade que todo
homem deve inevitavelmente ter, por tanto tempo quanto ele tiver entendimento. Esta
é uma parte essencial da natureza humana; realmente, da natureza de toda existência
inteligente. Nosso abençoado Senhor, por si mesmo, tinha vontade própria como
qualquer homem; do contrário ele não teria sido um homem. Mas sua vontade humana
estava invariavelmente sujeita à vontade de seu Pai. Em todos os momentos, e em
todas as ocasiões, mesmo na mais profunda aflição, ele pode dizer: 'Não como eu
quero, mas como Tu queres'. Mas este não é o caso, todo o momento, mesmo com
respeito ao crente verdadeiro em Cristo. Ele freqüentemente certifica-se que sua
vontade, mais ou menos, exalta a si mesmo contra a vontade de Deus. Ele deseja
alguma coisa, porque isto é agradável à sua natureza, mas que não é agradável a Deus,
e ele é avesso a alguma, que seja dolorosa à sua natureza, mas que é da vontade de
Deus com respeito a ele. De fato, supondo-se que ele continue na fé, ele luta contra
ela com toda sua força; mas essa mesma coisa implica que ela realmente existe, e que
ele está consciente dela.
(5) Agora, a vontade própria, assim como o orgulho, é uma espécie de
idolatria, e ambos estão diretamente contrários ao amor de Deus. A mesma
observação pode ser feita com respeito ao amor do mundo. Mas isso, igualmente,
mesmo os verdadeiros crentes são capazes de sentir em si mesmos; e cada um deles
sente isso, mais ou menos, cedo ou tarde, de um modo ou de outro. É verdade que,
quando ele primeiro 'passa da morte para a vida', ele deseja nada mais do que Deus.
Ele pode verdadeiramente dizer: 'Todo meu desejo está junto a Ti, e junto à memória
de Teu nome: quem eu tenho nos céus, a não ser a Ti? E não existe nenhum nome
sobre a terra, que eu deseje, além de Ti'. Mas isto não acontece sempre assim. No
decurso do tempo, ele irá sentir novamente, embora, talvez apenas por alguns poucos
momentos, tanto 'o desejo da carne', ou 'o desejo dos olhos', ou 'o orgulho da vida'.
Mais ainda. Se ele não vigiar e orar continuamente, ele poderá encontrar a luxúria
reavivando-se; sim, e levando-lhe aflição, para que ele possa cair, até que
escassamente tenha alguma força restante em si. Ele pode sentir os assaltos da afeição
desordenada; uma forte propensão a 'amar a criatura mais do que o Criador'. Ele
pode sentir, de milhares de maneiras diferentes, um desejo das coisas mundanas ou
prazerosas. Na mesma proporção, ele irá esquecer-se de Deus; não buscando sua
felicidade nele, e, conseqüentemente sendo um 'amante do prazer, mais do que de
Deus'.
(6) Se ele não se resguardar, a todo o momento, ele irá sentir novamente o
desejo dos olhos; o desejo de gratificar sua imaginação, com alguma coisa grande,
bonita, ou incomum. E em quantas maneiras esse desejo assalta a sua alma! Talvez,
com respeito a poucas ninharias, tais como vestuário, mobílias; coisas nunca
designadas a satisfazer o apetite de um espírito imortal. Ainda assim, quão natural é
para nós, mesmo depois de termos 'testado os poderes do mundo a vir', mergulhamos
novamente nessas tolices; desejo vil de coisas que perecem ao uso! Quão difícil é,
mesmo para aqueles que sabem em quem eles têm crido, vencer um ramo do desejo
do olho, a curiosidade; constantemente, para esmagá-la debaixo de seus pés; para
desejar nada, meramente porque é novo!
(7) E quão difícil é, mesmo para os filhos de Deus, dominar totalmente o
orgulho da vida! João parece querer dizer, através disso, aproximadamente o mesmo
que a palavra denomina 'o senso de honra'. Este não é outro que um desejo, e deleita-
se 'na honra que vem dos homens'; um desejo e amor da exaltação; e, que vem
sempre junto com ela; o temor proporcional da repreensão. Quase aliada a isso é a
vergonha diabólica; o estar envergonhado daquilo da qual deveríamos nos gloriar. E
isto é raramente separado do medo do homem que traz milhares de armadilhas à alma.
Agora, onde está aquele que, mesmo em meio aos que parecem fortes na fé, não
encontra, em si mesmo, um grau de todos esses temperamentos diabólicos? Assim
sendo, mesmo esses não estão — a não ser em parte —'crucificados para o mundo'; já
que as raízes do mal permanecem em seus corações.
(8) E nós não sentimos outros temperamentos que são tão contrários ao amor
de nosso próximo,assim como são para o amor de Deus? O amor de nosso próximo
'não pensa o mal'. Nós não encontramos coisa alguma desse tipo? Nós nunca
encontramos algum ciúme; alguma conjectura diabólica; alguma suspeita infundada
ou irracional? Ele que é claro nesses aspectos, que atire a primeira pedra, em seu
próximo. Quem, algumas vezes, não sente outros temperamentos ou movimentos
interiores, que ele sabe são contrários ao amor fraterno? Se nada de malícia, ódio, ou
amargura; se não existe toque algum de maldade; particularmente, em direção àqueles
que desfrutam de um bem real ou suposto, que nós desejamos, mas não podemos
obter? Nós nunca encontramos algum grau de ressentimento, quando nós estamos
injuriados ou somos afrontados; especialmente por aqueles a quem, particularmente,
amamos, e a quem nós temos mais trabalhado para ajudar ou obsequiado? A injustiça
ou ingratidão nunca despertou em nós algum desejo de vingança?Algum desejo de
pagar o mal com o mal; em vez de 'dominar o mal com bem?' Isto também mostra o
quanto há de tranqüilidade em nossos corações, o que é ao contrário ao amor de nosso
próximo.
(9) A cobiça, em qualquer grau, é certamente tão contrária a isto, quanto é
para o amor de Deus; se o amor ao dinheiro, que é tão freqüentemente 'a raiz de todo
o mal'; ou redundância, literalmente, o desejo de ter mais, ou aumentar em substância.
E quão poucos, mesmo os reais filhos de Deus, estão inteiramente livres de ambos!
De fato, um grande homem, Martinho Lutero, costumava dizer, que ele 'nunca teve
qualquer cobiça nele' (não apenas em seu estado de convertido, mas) 'desde que ele
nasceu'. Mas, se for assim, eu não tenho escrúpulos em dizer que ele era apenas um
homem nascido de uma mulher (exceto aquele que era Deus, tanto quanto homem),
que não tinha, que nasceu sem isto. Mais ainda, eu acredito, que nunca houve alguém
nascido de Deis, que viveu algum tempo consideravelmente depôs, que não sentiu,
mais ou menos, disso, muitas vezes; especialmente, no último sentido. Nós podemos,
por conseguinte, colocar, como uma verdade indiscutível, que a cobiça, junto com o
orgulho, e vontade-própria, ou ira, permanecem nos corações, mesmo daqueles que
estão justificados.
(10) Está em experimentar isto, que tantas pessoas sérias têm se inclinado
entender a última parte do sétimo capítulo para os Romanos; não aqueles que estão
'debaixo

Mais conteúdos dessa disciplina