Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: RECURSO ESPECIAL Apelação Cível Nº 70053216242 RECORRENTE: Pedro Correia RECORRIDA: Banco Bradesco S. A. PEDRO CORREIA, apelante, nos autos da Apelação Cível em que figura como apelado BANCO BRADESCO, inconformada com o r. Acórdão que negou provimento ao recurso de apelação, vem perante V. Exa., interpor o presente RECURSO ESPECIAL, o que faz com fundamento no art. 105, III, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal e do art. 1029 do CPC/2015, requerendo seja o mesmo recebido, processado e admitido, determinando-se sua remessa ao Colendo Superior Tribunal de Justiça para apreciação e julgamento. REQUER: Seja recebido o presente recurso; Seja intimada a parte recorrida para, querendo, apresentar resposta no prazo da lei; Sejam os autos remetidos ao competente Superior Tribunal de Justiça. Nestes termos, pede deferimento. Vacaria, 24 de outubro de 2019. (advogados) (OAB/RS) RECURSO ESPECIAL EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA RECORRENTE: Pedro Correia RECORRIDA: Banco Bradesco S. A. RECURSO ESPECIAL Colenda Turma, Eméritos Ministros: “Permissa maxima venia” o v. Acórdão recorrido merece integral reforma, eis que infringiu vários dispositivos de leis federais, divergindo também de decisões de outros tribunais pátrios e, inclusive do presente E. Tribunal, conforme a seguir será demonstrado. I – RAZÕES RECURSAIS: I. A) Do Cabimento do Recurso Especial: Da análise dos autos restaram as seguintes conclusões: 1. O acórdão recorrido foi julgado em última instância pelo Tribunal Regional; 2. O acórdão caminhou, data vênia, em sentido contrário à lei federal, lhe afrontando, contradizendo e negando-lhe vigência; 3. Há dissídio jurisprudencial quanto à questão suscitada no feito. Isto posto, à luz do art. 105, III, alíneas “a” e “c” da Constituição Federal, e, também, do art. 1.029, II do CPC/2015, é cabível o presente RECURSO ESPECIAL como meio de alcançar o fim desejado, qual seja, a reforma do acórdão para determinar a nulidade da sentença de primeiro grau. I. B) Da Tempestividade do presente REsp: Nos termos do art. 1.003, §5º do CPC/15, o prazo para interpor o presente recurso é de 15 dias. Dessa forma, considerando que a decisão fora publicada no Diário Oficial na data de (data), tendo sido o recorrente intimado da mesma nesta data, reconhecidamente o recurso é tempestivo e merece acolhimento. I. C) Do Preparo e Recolhimento das Custas Recursais: Cumprindo uma das exigências para o recebimento do presente recursos, as custas referentes ao preparo já foram recolhidas, conforme demonstram as guias e comprovantes em anexo. I. D) DO PREQUESTIONAMENTO Exige-se, para acolhimento de Recurso Especial, que a matéria tenha sido prequestionada. Este requisito foi cumprido, já que às fls..., o competente Tribunal a quo manifestou-se sobre a matéria decidindo não haver violação a lei alguma em seu sentido. I. E) Da síntese da controvérsia e da sentença recorrida: O recorrente obteve financiamento junto ao Banco recorrido para o plantio de trigo. O início do plantio se deu em meados de maio de 2014 e. no final de outubro ocorreu a colheita. O valor financiado foi integralmente pago pelo recorrente. Todavia, mesmo após o pagamento da dívida, o Banco recorrido aplicou ao recorrente sanção pecuniária pela suposta falta de realização do projeto. Considerou a dívida como vencida antecipadamente, cobrando IOF e encargos pela variação da TR mais juros de 18% ao ano. Além disso, lançou o valor cobrado a débito da conta-corrente do recorrente, concedendo limite de crédito para suportar o débito, sem que o recorrente tenha pedido a concessão de qualquer limite. E, ato contínuo, passou a cobrar juros de cheque especial sobre o débito indevidamente cobrado. A r. sentença, no entanto, decidiu pela improcedência do feito, dizendo que: Embora tenha pago a dívida (fato incontroverso), o recorrente não comprovou o plantio do trigo para o qual se destinava o financiamento; A Cédula de Crédito Rural prevê sanções para o descumprimento do contratado e pelo desvio de finalidade; O valor cobrado correspondente aos encargos pelo vencimento antecipado, como sanção pelo desvio de finalidade; Não havendo irregularidade na cobrança, descabe o encerramento da conta-corrente, destinada ao débito automático dos valores contratados; Face à existência de débito, improcedente o pedido de liberação da garantia. Entretanto, com o devido respeito e acatamento ao juízo monocrático que proferiu a decisão recorrida, não poderão ser mantidos os termos da sentença pelos fatos e fundamentos que seguem examinados. I. F) Da Síntese dos Fatos: O recorrente ajuizou ação declaratória de inexistência de débitos contra o banco recorrido. A sentença de primeiro grau entendeu ser improcedente a referida ação e, a parte autora, ora recorrente, apresentou recurso de apelação que também fora indeferido. Assim, e diante de todo o exposto, viu-se o recorrente obrigado a interpor o presente Recurso Especial, tendo em vista tratar-se de questão de JUSTIÇA. II – DO DIREITO. O crédito era destinado ao plantio de trigo, tendo o recorrente iniciado o plantio ainda antes da liberação do valor financiado, ou seja, iniciou em meados de maio de 2017. O ciclo do trigo é de aproximadamente 150 dias, tendo o mesmo sido colhido no final do mês de outubro de 2017. Ocorre que, no dia 14 de outubro de 2018, o Banco recorrido enviou correspondência ao recorrente, via AR, informando que, fiscalizando o imóvel matrícula nº 5036, não constatou a realização do projeto previsto no título (fls.11). Além disso, a Cédula de Crédito Rural autorizava a realização de fiscalização. Mas o recorrente não foi notificado da sua realização que, por isso, tornou-se um ato unilateral. O Banco recorrido adotou conduta arbitrária e abusiva. Não informou quando foi feita a fiscalização, da forma como se deu e os critérios que adotou. Não houve prova alguma das supostas irregularidades. Assim, o Banco recorrido desclassificou a operação, decretando o vencimento antecipado da dívida e cobrando IOF, atualização pela TR mais juros de 18% ao ano, tudo em decorrência do vencimento antecipado (fls.12). O Banco recorrido lançou o valor cobrado na conta-corrente do Apelante, passando a cobrar juros de cheque especial, concedendo limite de crédito para que a conta pudesse suportar os débitos. Mesmo que tivesse havido desvio de finalidade (e não houve), e os recursos tivesse sido utilizados como capital de giro, o fato se daria no fomento da atividade rural, afastando a alegação do Banco recorrido. O que a legislação entabula por interpretação do art. 2º c/c art. 3º c/c art. 8º c/c art. 14 da Lei nº 4.829/65 é que o valor relativo a um crédito rural deve ser utilizado especificamente para a produção rural, de forma que ele não pode ser utilizado para pagar débito oriundo de outra relação negocial que não seja aquela para o "custeio agrícola". O crédito concedido foi, necessariamente, para o custeio agrícola como determina a lei e, portanto, impossível em acolher a tese de desvio de finalidade Segundo a Lei nº 4.829 de 05.11.1965, artigos 8º e 9º, quando os recursos são utilizados para cobrir despesas normais de um ou mais períodos de produção agrícola, não há desvio de finalidade. Ressalte-se que o recorrente já havia quitado antecipada e integralmente a Cédula de Crédito Rural nº 20100501 (fls.13), como se vê nos extratos de conta trazidos à colação (fls.32 a 36). E, mesmo após a quitação da Cédula de Crédito Rural, o Banco Apelado negou-se a liberar a garantia, causando prejuízos irreparáveis ao Apelante. Por outro lado, o recorrrente não autorizou o Banco a conceder-lhe limite de crédito para suportar o débito automático e ilegal. Por isso, requereu o encerramento da conta-corrente. Abaixo segue o trecho da Decisão que contrariou a legislação Federal: “Descabida a alegação do autor de que não teria havido desvio da finalidade, nos termosdos arts. 8º e 9º, da Lei nº 4.829/65, tendo em vista que a cédula constante nos autos é expressa quanto a sua finalidade - custeio de entressafra de trigo sequeiro em uma área de 110,00 ha, no período de 062013/042014. Não vejo abusividade na cláusula relativa ao vencimento antecipado, tendo em vista que houve descumprimento contratual. Ademais, o Decreto-Lei nº 167/67, no parágrafo único, do art. 11 prevê que “Verificado o inadimplemento, poderá ainda o credor considerar vencidos antecipadamente todos os financiamentos rurais concedidos ao emitente e dos quais seja credor”. Por outro lado, não se mostra abusiva, tampouco arbitrária a conduta do banco, como sustenta o autor, pelo fato de não ter sido notificado da fiscalização que seria realizada, tendo em vista que tal conduta restou autorizada pelo próprio autor.” III – Dos Pedidos: FACE AO EXPOSTO, e tendo sido atendidos todos os requisitos de admissibilidade recursal, requer o recorrente: a) seja recebido, processado e admitido o presente Recurso Especial; b) seja intimada a recorrida, para, querendo, apresentar sua resposta, no prazo previsto em lei; c) sejam juntados os comprovantes das custas do despacho de admissibilidade e da interposição de recurso em instância inferior; d) seja dado provimento ao presente recurso especial, determinando-se a NULIDADE do acórdão por falta de fundamentação, não apreciação de todos os argumentos e erro na valoração das provas, reconhecendo-se a prescrição anual, tudo com base nos fundamentos acima aludidos, por ser matéria de DIREITO e JUSTIÇA. Nestes termos, pede deferimento. Vacaria, 24 de outubro de 2019 (advogados) (OAB)
Compartilhar