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INTEGRAÇÃO DE APLICAÇÕES Thiago Nascimento Rodrigues Linguagem de marcação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Relatar o histórico do HTML. � Analisar os fatores que motivaram o surgimento do HTML. � Explicar a necessidade de linguagem de marcação. Introdução O intercâmbio de informações é uma necessidade presente em qual- quer área de estudo ou de atividade profissional. Diante dessa realidade, diversas ferramentas e mecanismos foram desenvolvidos, a fim de via- bilizar uma troca de dados efetiva e eficiente ao longo dos anos. Com o surgimento e a ampla difusão do uso da internet, a transferência de informações em formato digital assumiu proporções sem precedentes. No entanto, como o tráfego de dados passou a acontecer entre pes- soas de diversas partes do mundo, detentoras de diferentes necessidades e formações, surgiu a demanda por uma padronização da forma como toda essa informação digital poderia ser estruturada. Nesse cenário, o HTML (do inglês HyperText Markup Language, cuja tradução livre é Linguagem de Marcação de Hipertexto) é proposto como uma linguagem para a marcação de textos. Neste capítulo, você estudará sobre a história do surgimento do HTML, bem como conhecerá as razões que serviram de base para a sua propo- sição como linguagem de marcação de textos na web. Além disso, verá por que essa linguagem é tão necessária para a troca de informações na internet. 1 Um pouco sobre o HTML e sua história A história da linguagem de marcação HTML tem seu início atrelado ao surgi- mento dos sistemas de hipertexto. Muitos anos antes de o HTML ser proposto, sistemas de hipertexto predecessores foram criados, com o intuito de permitir que os usuários acessassem informações relacionadas aos documentos eletrô- nicos que estivessem visualizando. Esta é a ideia básica de um hipertexto: um texto que está vinculado ou conectado a outros textos de forma que todos eles possam ser mutuamente acessados por meio de algum elo (link). Embora não haja um reconhecimento formal do primeiro sistema de hi- pertexto desenvolvido, a ideia apresentada em um artigo publicado pelo en- genheiro estadunidense Vannevar Bush, em 1945, é comumente aceita como precursora dos hipertextos que serviram de base para a estruturação da web tal como a conhecemos hoje. Conhecido como o avô do hipertexto, Bush propôs, em seu artigo, um sistema conhecido como Memex (do inglês memory extender, cuja tradução livre é extensor de memória), descrito por ele como uma espécie de arquivo e biblioteca particular cujo acesso é automatizado. Nesse sistema, informações contidas em livros, registros e comunicações seriam armazenadas em microfilmes, e, posteriormente, múltiplas projeções desses microfilmes poderiam ser acessadas, de modo a permitir a um usuário comparar as informações contidas neles (NIELSEN, 1995). Assim, é possível observar que a ideia apresentada por Bush possui uma relação direta com a utilização de hipertextos na web atualmente. Contudo, desde a proposição do Memex até a implementação efetiva do primeiro sistema de hipertextos, muitas décadas se passaram. Em meados da década de 80, Timothy Berners-Lee (ou apenas Tim Berners-Lee, como é comumente chamado), um físico britânico recém-chegado ao CERN (do francês Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire, cuja tradução livre é Conselho Europeu para Pesquisas Nucleares), começou a procurar um meio de, a partir de um documento eletrônico, conseguir navegar para outros documentos que estivessem disponíveis em outros computadores ao redor do mundo. Isso significaria que, durante a leitura de uma informação eletrônica, um usuário poderia rapidamente exibir partes de outro documento que contivesse textos ou diagramas relevantes ao assunto pesquisado (RAGGETT et al., 1998). Foi então que Berners-Lee propôs um sistema de hipertexto para o compartilhamento de documentos, que, mais tarde, se tornou a linguagem fundamental da web. O primeiro sistema distribuído de hipertexto foi proposto por Berners- -Lee apenas em 1989, o qual foi dedicado ao gerenciamento de informações Linguagem de marcação2 gerais do CERN. Esse formato para o intercâmbio de dados já dispunha de representações explícitas de links de hipertexto e era usado em conjunto com um protocolo para o endereçamento e a requisição de documentos em uma rede de computadores de larga escala (CAILLIAU; ASHMAN, 1999). Aprimoramentos foram sendo incorporados ao sistema, até que, em 1991, Berners-Lee apresentou, de forma não oficial, a primeira versão concluída do seu sistema de hipertextos — o HTML. Somente dois anos mais tarde, em 1993, a primeira versão oficial do sistema — o HTML 1.0 — foi oficialmente disponibilizada, visando ao compartilhamento de informações que poderiam ser lidas e acessadas via navegadores web — browsers (HTML HISTORY, 2020). Entretanto, como não existiam muitos desenvolvedores dedicados à criação de websites e como muito pouco podia ser feito com o HTML (o HTML original consistia em apenas 22 tags), a linguagem apresentou pouca evolução. Em sequência ao lançamento da sua primeira versão, outras seis novas versões do HTML foram publicadas, agregando gradativamente mais recursos à linguagem. Em 1995, o HTML 2.0 foi disponibilizado, na medida em que a web ganhava cada vez mais popularidade. Esse foi o momento em que a organização conhecida como W3C (do inglês World Wide Web Consortium) foi formada, com a intenção de manter um padrão para diferentes navegadores da web. A principal intenção do W3C era que esses navegadores entendessem e processassem as tags HTML de maneira semelhante. Um dos principais aprimoramentos agregados à linguagem foi o conceito de formulários, que passou a entrar em vigor, embora ainda com tags de marcação muito básicas, como caixas de texto, botões, etc. Além disso, a estrutura de tabelas surgiu como uma tag HTML, e os navegadores incorporaram o conceito de criação de camadas de tags específicas para si próprios (INTRODUCTION..., 2019). Diversas marcações ou tags foram sendo adicionadas e removidas à medida que novas versões do HTML eram lançadas. Naturalmente, essas modificações impactavam a forma como os navegadores (browsers) deveriam renderizar o conteúdo de páginas na web. Pesquise por “HTML Tags: Past, Present, Proposed” no seu mecanismo de busca para acessar a página de Martin Rinehart, na qual você poderá fazer um comparativo dos recursos de marcação que existiam desde o HTML 1.0 até a sua última versão. Observe como o início da linguagem oferecia um número reduzido de tags e como algumas delas desapareceram da especificação enquanto outras novas foram surgindo. 3Linguagem de marcação À medida que o HTML ganhava a aceitação de um número cada vez maior de pessoas, desenvolvedores (webmasters, como ficaram conhecidos) passaram a buscar por recursos mais sofisticados para a melhoria de websites. Nesse cenário, a empresa Netscape assumia a liderança no mercado de navegadores web, com um browser que levava seu nome. Para atender à demanda por novos recursos, a Netscape introduziu novas tags e atributos proprietários em seu navegador, o que causou conflitos com os concorrentes, que tentaram replicar os efeitos dessas tags, mas não conseguiram que seus navegadores exibissem o conteúdo com a mesma qualidade. Segundo Shannon (2012), esse foi o momento em que um grupo de trabalho focado no desenvolvimento do HTML apresentou um esboço do que seria a versão 3.0 do HTML. Nessa versão preliminar, foram incluídos muitos novos e melhorados recursos à linguagem, o que possibilitaria a produção de websites com recursos mais elaborados. Contudo, os navegadores não foram ágeis na implementação dessas melhorias e, por isso, muitos dos recursos propostos foram deixados do lado ou implementados parcialmente. Com o tempo, a especificação do HTML 3.0 foi abandonada. Como o esboço do HTML 3.0 não foi levado adiante e tags proprietáriascontinuaram surgindo, a padronização da linguagem não podia mais ser postergada. Diante disso, em 1994, o W3C criou e publicou o que ficou conhe- cido como o HTML 3.2 — o próximo passo na evolução da linguagem. Boa parte das tags proprietárias criadas tanto pela Netscape, para o seu browser Navigator, como pela Microsoft, para o Internet Explorer, não compuseram essa nova versão. Em janeiro de 1997, o HTML 3.2 se tornou um padrão oficial. Um relevante recurso introduzido na linguagem foi o suporte a CSS (do inglês Cascading Style Sheets, cuja tradução livre é folhas de estilo em cascata), recurso este que torna possível que tags HTML sejam renderizadas de forma mais rica pelos navegadores. Grandes mudanças vieram com o lançamento do HTML 4.0, versão que representou um grande avanço da linguagem. Em dezembro de 1997, ela foi publicada como a versão recomendada pelo W3C. Embora o HTML 3.2 já oferecesse suporte à linguagem de estilos CSS, ele ainda continha várias tags e atributos para a estilização de marcações de textos e links, por exemplo. Com o HTML 4.0, esse conceito foi totalmente atualizado, e tanto tags como atributos de estilos foram descontinuados. A partir de então, toda a estilização do conteúdo HTML deveria ser feita à parte das marcações que estruturavam as páginas na web. Além disso, essa última versão da linguagem forneceu novas tags para scripts, frames, tabelas e formulários mais complexos, além de aspectos de acessibilidade para pessoas com deficiência. Em abril de 1998, Linguagem de marcação4 o HTML 4.0 se tornou o padrão oficial (HISTORY..., 2019). Após sua oficia- lização como padrão, essa versão da linguagem foi revisada, para que vários ajustes de menor porte pudessem ser incorporados à especificação. Algumas dessas modificações foram a inclusão do atributo name para a tag <form>, a possibilidade de inclusão de texto dentro de uma tag <noframe>, para beneficiar navegadores que não davam suporte a frames, e a definição de um novo tipo de documento, chamado Strict, que não permitia o uso de tags des- continuadas. Essa versão revisada foi publicada em 1999 como o HTML 4.01. A última grande revisão da linguagem desde o lançamento do HTML 4.01 foi o HTML 5. Mais uma vez, essa nova versão trouxe grandes mudanças na maneira como as marcações deveriam ser renderizadas pelos navegadores. Dentre outras mudanças, ela adicionou uma maneira de lidar nativamente com conteúdo gráfico e multimídia e adicionou novos elementos de estrutura de página para aprimorar o conteúdo semântico dos documentos. Em 2014, o HTML 5.0 tornou-se uma recomendação, e o mesmo aconteceu com o HTML 5.1, em 2016. Finalmente, em 14 de dezembro de 2017, o HTML 5.2 foi lançado como a versão recomendada pelo W3C, a qual prevalece até hoje (POGAN, 2018). O Quadro 1, a seguir, apresenta uma lista de alguns dos tipos de conteúdo que podem ser adicionados a páginas web usando diferentes versões do HTML. Assim, é possível ter uma visão mais sistemática da evolução da linguagem e dos recursos que foram sendo incorporados a ela. Marcação HTML 1.0 HTML 4.01 HTML 5 Objetivo Heading (cabeçalho) <h1>, <h2>, <h3>, <h4>, <h5> e <h6> Sim Sim Sim Organizar o conteúdo da página pela adição de títulos e subtítulos. Paragraph (parágrafo) <p> Sim Sim Sim Identificar os parágrafos de um texto. Address (endereço) <address> Sim Sim Sim Identificar um bloco de texto que contém informações de contato. Quadro 1. Marcações disponíveis nas diferentes versões do HTML (Continua) 5Linguagem de marcação Fonte: Adaptado de University of Washington (2020). Marcação HTML 1.0 HTML 4.01 HTML 5 Objetivo Anchor (âncora) <a> Sim Sim Sim Link para outra página web. List (lista) <ol> para lista ordenada; <ul> para lista sem ordenação; <li> para cada item da lista Sim Sim Sim Organizar itens dentro de uma lista. Image (imagem) <img> Sim Sim Sim Embutir um elemento gráfico na página. Table (tabela) <table> para a tabela; <thead>, <tbody>, <th>, <tr> e <td> para cada parte que forma a tabela Não Sim Sim Organizar dados em linhas e colunas. Style (estilo) <style> Não Sim Sim Adicionar CSS para controlar como os elementos são apresentados na página. Script <script> Não Sim Sim Adicionar JavaScript para tornar as páginas mais interativas. Audio (som) <audio> Não Não Sim Adicionar um elemento de áudio à página. Video (vídeo) <video> Não Não Sim Adicionar um vídeo à página. Canvas (tela) <canvas> Não Não Sim Adicionar um bloco de desenho invisível à página para possibilitar a adição de outros elementos gráficos via JavaScript. Quadro 1. Marcações disponíveis nas diferentes versões do HTML (Continuação) Linguagem de marcação6 2 Por que o HTML foi criado? Conforme visto na seção anterior, Tim Berners-Lee foi o criador do HTML, o que, por sua vez, deu origem à web tal como a conhecemos hoje. Todavia, esse não foi o primeiro sistema de hipertextos criado por ele. Na busca por uma linguagem para a publicação e o compartilhamento de informações, Tim criou, em 1980, um sistema conhecido como Enquire para o seu uso pessoal. No ano seguinte, ele construiu um protótipo de browser para explorar o mecanismo de hipertextos por ele desenvolvido. Outro relevante precursor dos sistemas de hipertextos e, consequentemente, do próprio HTML, foi uma aplicação da Apple conhecida como HyperCard. Nesse aplicativo, as páginas continham botões que, quando acionados, dispa- ravam pequenos programas, chamados de scripts, responsáveis por controlar qual página seria exibida em seguida. Eles também eram capazes de exibir trechos de animações na tela. Apesar de ter ganhado certa popularidade, o sistema do HyperCard apresentava uma séria limitação: os saltos de hi- pertextos só podiam ser feitos entre arquivos que estivessem em um mesmo computador (RAGGETT et al., 1998). Embora a ideia de um sistema de hipertextos de alcance global se mostrasse viável, persistia o desafio de se identificar a abordagem mais adequada para sua implementação. Alguns pacotes de hipertextos já estavam disponíveis na época, mas todos eles padeciam de complicadores comuns. Um dos principais limitadores era o fato de certos pacotes estarem disponíveis apenas para tipos específicos de computadores, e, como o objetivo era a troca de informações entre computadores do mundo todo, o sistema de hipertextos a ser implemen- tado deveria funcionar em qualquer computador conectado à internet. A solução apresentada por Tim Berners-Lee para a multiplicidade de mecanismos de publicação de conteúdo acabou sendo decisiva para a adoção do HTML como linguagem de hipertexto para a troca de informações entre quaisquer computadores. Por meio da criação de um protocolo de comunica- ção simples, que ficou conhecido como HTTP (do inglês HyperText Transfer Protocol, cuja tradução livre é Protocolo de Transferência de Hipertexto), Berners-Lee possibilitou que diferentes documentos pudessem ser recupera- dos via links de hipertextos. O formato do texto que seria reconhecido pelo protocolo HTTP foi denominado HTML (do inglês HyperText Markup Lan- guage). Como Tim prezou pela simplicidade tanto do protocolo HTTP como do formato de texto que ele suportava — HTML —, ele conseguiu encorajar outros a adotarem sua abordagem e, a partir daí, a projetarem soluções de software auxiliares para a disponibilização de conteúdo em formato HTML. 7Linguagem de marcação Além da simplicidade do protocolo HTTP e da própria linguagem de marcação, outra razão que contribuiu para a consolidação do HTML foi a sua forte aderência a um padrão de marcação internacionalmente aceito, o SGML (do inglês Standard Generalized Markup Language, cuja tradução livre é Linguagem de Marcação Generalizada Padrão). O SGML possibilitava que textos pudessem ser estruturados em unidades, como parágrafos, títulos e itens de lista, além de poder ser implementado em qualquer computador. O uso de pares de marcadores ou tags,tais como <title> e </title> pelo HTML foi o resultado de uma apropriação direta do SGML. Outros elementos trazidos do SGML para o HTML foram <p> (parágrafo), <h1>...<h6> (cabeçalho, ou título de nível 1 a título de nível 6), <ol> (listas ordenadas), <ul> (lista sem ordenação), entre vários outros. Naturalmente, um recurso que o SGML não dispunha era o de links de hipertextos. A ideia de usar o elemento âncora <a> com o atributo href para o endereçamento de documentos em outros computadores foi uma invenção do próprio Berners-Lee, que veio consolidar o seu sistema de hipertextos. Uma das razões que impulsionaram o HTML a ganhar relevância como linguagem de marcação no cenário internacional foi a simplicidade com que um conteúdo poderia ser anotado com suas tags. Suponha que você precise criar uma página web contendo o modelo simples de um currículo (Curriculum Vitae). Essa página deve conter as seguintes informações: � Cabeçalho: Curriculum Vitae. � Título: Nome completo. � Subtítulo: Endereço completo. � Primeiro parágrafo: Formação. ■ Lista com pelo menos uma formação: Formação 1. � Segundo parágrafo: Experiência profissional. ■ Lista contendo pelo menos uma experiência profissional: experiência 1. Considerando qualquer versão do HTML, tente estruturar o modelo de currículo solicitado utilizando os marcadores da linguagem. Resolução: O código HTML que poderia ser usado para a estruturação do modelo de currículo é apresentado a seguir. Para visualizar como esse código é apresentado por um na- vegador, salve esse conteúdo em um arquivo com a extensão .html (p. ex., currículo. html) e abra-o no seu navegador de preferência. Linguagem de marcação8 <html> <head> <title>Curriculum Vitae</title> </head> <body> <h1>Nome completo</h1> <h2>Endereço completo</h2> <p>Formação</p> <ul> <li>Formação 1</li> </ul> <p>Experiência profissional</p> <ul> <li>Experiência 1</li> </ul> </body> </html> O surgimento do sistema de nomes de domínio não poderia ser deixado à parte das razões que levaram à adoção do HTML como a linguagem de mar- cação internacionalmente aceita. Em meados dos anos 80, a internet ganhou um novo sistema de nomeação de computadores que a ela estavam conectados. Nesse sistema, um computador recebia um nome de domínio, composto de uma série de letras separadas por pontos, como, por exemplo, “www.tnas.com. br” ou “www.sagah.org.br”. Esses nomes eram de fácil uso quando compa- rados aos incômodos endereços IP, compostos por apenas números e pontos. De modo simultâneo, houve o surgimento de um software de rede que ficou como conhecido como DNS (do inglês Domain Name Service, cuja tradução livre é sistema de nomes de domínio). Um DNS era capaz de mapear nomes de domínio para seus respectivos endereços IP, eximindo, dessa forma, os usuários de terem de lidar com esses desconfortáveis endereços numéricos. Essa combinação de nomes de domínio e DNS tornou possível que um público mais amplo pudesse conectar, por meio de links de hipertextos, documentos que estivessem em computadores em diferentes partes do mundo. Mais uma vez, o HTML se apresentava como uma linguagem de marcação de simples uso, mas dotada de recursos muito poderosos. 9Linguagem de marcação 3 A necessidade de uma linguagem de marcação As linguagens de marcação constituem um mecanismo para se adicionar anotações ou informações adicionais a um texto. Essa informação adicional é comumente utilizada para definir a organização do texto e, via de regra, criar uma estrutura hierárquica que codifica a informação. Segundo Kreński, Maciak e Krasuski (2008), historicamente, o termo marcação refere-se ao processo de fazer notas nas margens de manuscritos. Nesse sentido, as notas continham diretrizes de tipografia, como tipo e tamanho da fonte, recuo de margem, espaçamento e quaisquer outras informações que fossem conside- radas relevantes. No contexto digital, o papel das linguagens de marcação é o mesmo: são utilizadas para anotar documentos eletrônicos. De modo geral, são utilizadas como uma marcação específica de como algum elemento será exibido ou qual o significado de determinado item. De acordo com Blaney (2019), os nomes das linguagens de marcação mais populares terminam com a expressão em inglês Markup Language e são abreviadas com o sufixo “ -ML”. Alguns exemplos são: � HTML — HyperText Markup Language; � KML — Keyhole Markup Language; � MathML — Mathematical Markup Language; � SGML — Standard Generalized Markup Language; � XHTML — eXtensible HyperText Markup Language; � XML — eXtensible Markup Language. A variedade de linguagens de marcação que foram surgindo ao longo dos anos ressaltou o fato de que, qualquer que seja a área de estudo ou o campo de atuação profissional, o compartilhamento de informações é vital para o desenvolvimento de uma pesquisa ou atividade. Essa mesma necessidade se fez presente quando Berners-Lee iniciou sua carreira no CERN. Como físico recém-integrado ao laboratório, ele enxergou que a pesquisa no campo da física de partículas frequentemente envolvia a colaboração entre diferentes institutos espalhados por todo o globo. Por isso, Berners-Lee investiu esforços no sentido de conectar a maior quantidade possível de informação relacionada à sua área de pesquisa, a fim de permitir que qualquer pesquisador, em qualquer parte do mundo, pudesse ter acesso a ela. Linguagem de marcação10 Contudo, o simples acesso à informação não garantia a qualidade da forma como ela era exibida ou disponibilizada. Logo, outra necessidade se fez pre- mente: uma sistemática para a estruturação de textos em formato eletrônico. Como a linguagem SGML já havia sido internalizada no ambiente do CERN, Berners-Lee se apropriou dos conceitos providos por ela para cunhar uma linguagem de marcação mais moderna para a época e com potencial de ser aceita pelo público internacional. Nesse contexto, o HTML veio a oferecer uma forma padrão de anotação de textos eletrônico, passando a ser adotado pelo protocolo HTTP como formato de linguagem reconhecido. A grande novidade incorporada pelo HTML foi a capacidade de interligar conteúdos eletrônicos presentes em computadores distintos. O uso da tag <a> associada ao atributo href viabilizou essa funcionalidade. Considerando o exemplo da seção anterior, suponha que, agora, você precise vincular um novo documento HTML ao modelo de currículo criado. Esse novo documento conterá as referências que um empregado recebeu de outros funcionários. O documento deve ser estruturado com as seguintes informações: � Cabeçalho: Referências. � Pelo menos um subtítulo: Autor da referência. � Um parágrafo com o conteúdo: Texto da referência. � Um link para o documento anterior. Além disso, o modelo de currículo original deve ser modificado para conseguir acessar o documento de referências a partir de um link adicionado a ele. Considerando esses novos requisitos, gere o código HTML para os dois documentos solicitados. Resolução: Confira o código do documento currículo.html. <html> <head> <title>Curriculum Vitae</title> </head> <body> <h1>Nome completo</h1> <h2>Endereço completo</h2> <p>Formação</p> <ul> 11Linguagem de marcação <li>Formação 1</li> </ul> <p>Experiência profissional</p> <ul> <li>Experiência 1</li> </ul> <p><a href="referencias.html">Referências</a></p> </body> </html> Confira, a seguir, o código do documento referencias.html. <html> <head> <title>Referências</title> </head> <body> <h3>Autor da referência</h1> <p>Texto da referência</p> <p><a href="curriculo.html">Currículo referenciado</ a></p> </body> </html> BLANEY, J. An Introduction to Semantic Mark-up. Postgrade Online ResearchTraining – School of Advanced Study, London, 2019. Disponível em: https://port.sas.ac.uk/mod/ book/view.php?id=568&chapterid=336. Acesso em: 3 abr. 2020. CAILLIAU, R.; ASHMAN, H. Hypertext in the Web – a History. ACM Computing Sur- veys, New York, v. 31, n. 4, p. 1–6, Dec. 1999. Disponível em https://dl.acm.org/doi/ abs/10.1145/345966.346036. Acesso em: 3 abr. 2020. HISTORY of HTML. Landofcode.com – Putting the pieces together, [S. l.], 2014. Disponível em: http://www.landofcode.com/html-tutorials/html-history.php. Acesso em: 3 abr. 2020. HTML HISTORY. W3schools, [S. l.], 2020. Disponível em: https://www.w3schools.in/html- -tutorial/history/. Acesso em: 3 abr. 2020. Linguagem de marcação12 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. INTRODUCTION to Versions of Html. Educba, Mumbai, 16 Aug. 2019. Disponível em: https://www.educba.com/versions-of-html/. Acesso em: 3 abr. 2020. KREŃSKI, K.; MACIAK, T.; KRASUSKI, A. An Overview of Markup Languages and Appro- priateness of XML for Description Fire and Rescue Analyses. Zeszyty Naukowe SGSP, Warszawa, n. 37, p. 27–38, 2008. Disponível em: http://yadda.icm.edu.pl/baztech/ element/bwmeta1.element.baztech-77b25d1e-c7e2-4da3-9fdf-a2330ff41bce. Acesso em: 3 abr. 2020. NIELSEN, J. The history of hypertext. In: NIELSEN, J. Multimedia and hypertext: the internet and beyond. Cambridge: AP Professional, 1995. p. 33–66. Disponível em: https://www. nngroup.com/articles/hypertext-history/. Acesso em: 3 abr. 2020. POGAN, A. 25 Years of Markup: The Evolution of HTML. DZone – A Devada Media Property, Research Triangle Park, 15 Mar. 2018. Disponível em https://dzone.com/articles/25- -years-of-markup-the-evolution-of-html. Acesso em: 3 abr. 2020. RAGGETT, D. et al. Raggett on HTML 4. 2. ed. Boston: Addison-Wesley, 1998. cap. 2. Disponível em: https://www.w3.org/People/Raggett/book4/ch02.html. Acesso em: 3 abr. 2020. SHANNON, R. 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