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CENTRO UNIVERSITÁRIO SATC ENGENHARIA MECÂNICA PROCESSO DE FUNDIÇÃO Jorge Veit 12 de julho de 2020 Criciúma CENTRO UNIVERSITÁRIO SATC ENGENHARIA MECÂNICA RELATÓRIO DE TECNOLOGIA DE FUNCIÇÃO Relatório científico sobre aula prática de fundição, apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Mecânica, do Centro Universitário SATC, como parte avaliativa da disciplina de Tecnologia de Fundição. Prof. Fábio Peruch Criciúma - 2020 1. INTRODUÇÃO O presente relatório terá como fundamentação o ensaio pratico sobre o processo de fundição, na disciplina do professor Fábio Peruch, a qual, mostrará na pratica, toda a teoria estudada ao longo do semestre. Ao longo do relatório será falado sobre tais processos e etapas principais para a obtenção da peça. Foi utilizado ao longo do ensaio 300 gramas de areia regenerada no processo de pep set, que será abordado em seguida 2. PROCESSOS DE FUNDIÇÃO Fundição é o processo de confecção de peças de uso industrial no qual o metal líquido é vazado em formas, cuja cavidade interna possui o formato e dimensões da peça a ser produzida. Essa forma, no caso da fundição em areia é chamado de molde. Portanto as primeiras etapas da fundição são o projeto da cavidade do molde que corresponderá ao formato da peça e a modelação de um ferramental que será usado para produzir os moldes de areia 2.1 PROJETO E MODELAÇÃO O primeiro passo do processo corresponde ao projeto da peça, suas dimensões, sistemas e canais de alimentação por onde o metal líquido será derramado e percorrerá até preencher completamente todas as cavidades, massalotes, coquilhas e luvas exotérmicas. Massalotes: É uma reserva de metal líquido constituído fora da peça com objetivo de evitar a formação do rechupe. Dessa forma o massalote deve satisfazer três regras básicas para que cumpram sua função: o tempo de solidificação deve ser superior ao tempo de solidificação da parte da peça que tem de alimentar, deve estar posicionado sobre o ponto quente da peça e deve ter volume suficiente de metal líquido para compensar a contração volumétrica da peça. Luvas de alimentação: As luvas isolantes e exotérmicas são empregadas no revestimento do massalote com objetivo de melhorar sua eficiência e aumentar seu módulo de solidificação sem aumentar duas dimensões, apenas reduz a troca de calor do massalote com o molde aumentando o tempo de solidificação. Resfriadores: Pequenas peças feitas de ferro fundido cinzento com geometria simples. Proporcionam um rápido resfriamento na parte da peça que entra em contato com a mesma (coquilhamento) com o objetivo de direcionar o crescimento de grão. O uso de resfriadores aumenta o gradiente térmico entre o massalotes e a região da peça resfriada, e por consequência aumenta a distância de alimentação dos massalotes ou até mesmo substituí- los. Em seguida os modeladores, em posse do projeto da peça, produzem um modelo desta peça em madeira ou metal envolto em um caixa e repartido ao meio, para que possa ser preenchido com areia e posteriormente removido e reutilizado diversas vezes. Fig 01 – Caixa modeladora 2.2 MODELAGEM Por diversos motivos, o metal líquido não pode ser vazado diretamente no modelo da peça, pelo custo e tempo necessário na confecção do modelo, pela extração difícil da peça de um molde metálico, entre outros. Por isso existe a moldagem, processo em que um molde é produzido baseado no modelo, porém utilizando matérias primas mais baratas: areia, resina e catalisadores. Entretanto os moldes sozinhos não conseguem, na maioria dos casos, produzir as peças com o formato apropriado, principalmente espaços ocos e vazios no interior da peça. Então são feitos machos, que são moldes dos espaços ocos da peça e são posicionados no interior do molde maior, desse modo a peça vazada já possuirá todos os vazios do projeto. . 2.2.1 PET STEP Areia, resina parte I e parte II e catalisador são misturados mecanicamente e despejados sobre o modelo. A mistura é, então, compactada manual ou mecanicamente, através da mesa vibratória e é extraída do modelo após a sua cura. O molde precisa ser resistente o bastante para não perder seu formato, tanto durante o vazamento quanto durante a sua extração do modelo, por isso são utilizadas resinas e catalisadores. No caso do Pep Set a cura acontece à frio, ou seja, não há a necessidade do aquecimento do molde para o endurecimento da resina. Por apresentar boa fluidez da areia e de ótimo manuseio devido a cura lenta da resina, este processo é o mais utilizado nas industrias atualmente, principalmente nos moldes grandes. 2.3 FUSÃO E VAZAMENTO Constitui esta etapa a liquefação do metal, que será posteriormente derramado no molde de areia e resina aglomerante. 2.4 DESMODELAGEM Após a solidificação do metal vazado, a peça bruta de fusão precisa ser separada do molde de areia, processo chamado de desmoldagem. Geralmente ocorre em mesas vibratórias, a vibração decompõe o molde em areia sem danificar as peças. A areia será posteriormente recuperada e reutilizada. 3 MATERIAS PRIMAS As matérias primas da moldagem passam por testes rotineiros de qualidade, sobretudo as areias, visto que, esses materiais têm grande influência tanto no acabamento da peça fundida, quanto na quantidade de refugo causado por colapso de moldes, descolamento, gases gerados pela resina, entre outros. 3.1 GRANULOMETRIA A granulometria nada mais é do que o tamanho dos grãos de areia. Para determinar a distribuição granulométrica da areia, ela é despejada sobre um conjunto de peneiras com tamanhos de abertura decrescente (segundo a American Society for Testing and Materials (ASTM): 4-6-12-20-30-40-50-70-100-140-200). A massa de areia retida em cada peneira é pesada na balança de precisão e são calculados três índices: Teor de Finos, Concentração e Módulo de Finura Segundo a norma, o ideal é que a concentração de areia fique principalmente entre as peneiras 50, 70 e 100. O recomendado para a moldagem é de que a concentração fique acima de 70 AFS, visto que areias muito distribuídas compactam demais, diminuindo a permeabilidade do molde, impedindo os gases do metal fundente de sair. 3.2 PERMEABILIDADE A permeabilidade é a capacidade de passagem de gás através da areia. Para determinar este valor uma amostra de areia é colocada em um cilindro de aço inoxidável e suas extremidades tampadas com peneiras. O conjunto é prensado em um martelete manual e posicionado no dispositivo chamado permeâmetro, que medirá quanto ar passa pelo conjunto. O valor aparece em um display eletrônico. O ideal é de que a areia apresente no mínimo valor 100 de permeabilidade, assim os gases do metal conseguirão atravessar o molde e não causarão defeitos. 3.3 TEOR DE UMIDADE A umidade na areia base reduz a permeabilidade do molde e, em contato com o metal fundente, evapora, causando defeitos na peça. Portanto um máximo de 0,20% de umidade era tolerado nas areias base. A diferença entre inicial e final sobre a massa inicial de areia vezes 100 é o teor de finos. (Umidade % = [(Massa inicial de areia – massa final de areia) / massa final] *100). 3.4 RECUPERAÇÃO DE AREIA Se dá por meio de um recuperador mecânico e/ou térmico (calcinador). A recuperação da areia reduz os custos e em alguns aspectos a areia recuperada é superior a areia nova, como menor coeficiente de expansão térmico e grãos mais arredondados pela película de resina nos grãos. O recuperador mecânico consiste em diversas mesas vibratórias que quebram os torrões de areia até a obtenção de grãos. Para separar os resíduos metálicos existe um dispositivo magnético separador,além disso, há um sistema de remoção do excesso de finos e de outros objetos indesejáveis na areia. A areia recuperada mecanicamente pode ser diretamente utilizada ou pode ser calcinada no recuperador térmico. A calcinação consiste em aquecer a areia entre 650ºC e 950ºC, removendo a maior parte do aglomerante orgânico dos grãos. As areias recuperadas são misturadas a pequenas quantidades de areia nova para ajustar suas propriedades. 3.5 RESINAS Sozinha, a areia não é capaz de permanecer na forma do molde. Logo, para que o molde não desmanche, nem perca a forma, é necessário o acréscimo de uma ou mais resinas na mistura, fazendo com que, após a cura da resina, a areia se aglomere e o molde endureça, gerando resistência e permeabilidade suficientes para o vazamento do metal. As resinas são adicionadas automaticamente no misturador de areias na proporção desejada em relação à massa de areia, geralmente 1,2% da massa de areia, sendo essa porcentagem composta por 65% de resina P1 (solvente) e 35% de resina P2 (soluto). No Pep Set, utiliza-se piridina líquida (catalisador), adicionada no misturador, o que faz com que a resina cure depois de alguns segundos, o suficiente para preencher o molde. Geralmente a quantidade de catalizador corresponde à no máximo 3% de P1. Existem tipos diferentes de catalizadores com o objetivo de proporcionar velocidades especificas de cura: • Lento: 3602; • Médio-Lento: 3605; • Médio: 3609; • Médio-Rápido: 3616; • Rápido: 3633. 3.6 ENSAIOS METALURGICOS Vale lembrar, que a composição química das ligas, microestrutura, dureza entre outros diversos fatores, influencia diretamente nas suas propriedades mecânicas. Para isso se faz indispensável de testes e correções sobre os corpos de prova, para posteriormente utilizar tais materiais (ligas) no processo de fundição. 4 – CONCLUSÃO A oportunidade de colocar em prática a teoria e de aprender fazendo será fundamental para o decorrer dos estudos e da vida acadêmica principalmente na área da fundição a qual, poucos alunos até então tiveram contato. Foi adquirido durante este período um conhecimento extenso sobre areias e resinas de fundição, a importância que as matérias primas de moldagem têm no processo de fundição e entre outros aspectos. Em suma, a disciplina foi além do imaginado em termos de novos conhecimentos e da garantia de que o que for aprendido em sala de aula será útil, de algum modo, no mercado de trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASHBY, Michael F. e JONES, David R. H.. Engenharia de Materiais vol. II. Elsevier, 2007. RAMPAZZO, Doris. Resinas Sintéticas para Fundição. Itaúna: SENAI DR MG/CETEF, 1989. CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica vol. II – Processos de Fabricação e Tratamento.