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INTRODUÇÃO A INTERNET DAS COIAS - IOT Apostila do aluno FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Dr. Gabriel Fré – Pesquisador Autor da apostila Larissa Jessica Alves – Analista de Suporte Pedagógico Revisão da apostila Fit Instituto de Tecnologia Sorocaba, setembro de 2021 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Autor Gabriel é doutor em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Itajubá, mestre em telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações, onde também cursou engenharia elétrica. Trabalha como Engenheiro de Pesquisa e Desenvolvimento no Flextronics Instituto de Tecnologia (FIT), onde é pesquisador sobre novas tecnologias em 5G voltadas para a indústria, incluindo conectividade wireless, IoT, Smart-devices e Engenharia de antenas e propagação. Além disso, é professor no Centro Universitário Facens, onde faz parte do corpo docente do curso de engenharia da computação. Possui experiência com processamento digital de sinais, engenharia de antenas, engenharia de micro-ondas, comunicações ópticas e fotônica do grafeno. FIT-F.24.1.01-04 Rev. B APRESENTAÇÃO A presente apostila é um instrumento teórico que complementa o curso de capacitação de Introdução a Internet das Cosias (IoT) – Nível Básico, executado pelo Fit- Instituto de Tecnologia. Nela, veremos uma breve história das redes de comunicação sem fio e como alcançamos o atual patamar de internet das coisas, além de verificarmos algumas das principais tecnologias recorrentes no mercado, suas principais características e exploraremos algumas possibilidades de casos de uso. Este material é baseado em artigos científicos, periódicos, revistas científicas e livros científicos. É extremamente recomendável ao aluno que, ao final da leitura de cada seção, realize os exercícios propostos e acesse os materiais indicados nas referências bibliográficas, para aprofundar a leitura desse material e complementar o que foi lido aqui. A apostila está dividida em quatro seções, iniciando com uma introdução aos princípios de comunicação, na seção 1. Entenderemos algumas das principais características pertinentes a todos os sistemas de comunicação na seção 2. Na seção 3, faremos uma revisão histórica para entender como surgiu a necessidade de interconectar coisas e qual a diferença que existe entre Internet de Coisas e Internet Humana. Na seção 4, estão apresentadas algumas das principais tecnologias de IoT e o modo como são capazes de atender a certos tipos de cenários e mercados. Desejo a você, prezado aluno, que tenha um excelente curso!! Boa Leitura !! Indicação de ícones FIT-F.24.1.01-04 Rev. B FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Lista de siglas: 3GPPp Third Generation Public Private Partnership AMPS Advanced Mobile Phone System BSC Base Station Controller BTS Base Transceiver Station CAGR Compound Annual Growth Rate CAGR Compound Annual Growth Rate CDMA Code Division Multiple Access D-AMPS Digital - Advanced Mobile Phone System eMBB enhanced Mobile Broad Band eNB Enhanced Node-B (RBS em sistemas 4G) FDMA Frequency Division Multiple Access GPU Graphich Process Unity GSM Global System for Mobile HW Hardware IP Internet Protcol IoT Internet of Things LAN Local Area Network LPWAN Low Power Wide Area Network LTE Long Term Evolution M2M Machine-to-Machine mMTC massive Machine Type Communication MSC Mobile Switching center PAN Personal Area Network PTT Push to Talk RAM Random Access Memory RBS Radio Base Station SMS Short Message Service TDMA Time Division Multiple Access URLLC Ultra Reliable Low Latency Communication WAN Wide Area Network PC Personal Computer SW Software FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Sumário 1. Introdução às Telecomunicações ................................................... 6 1.1 Definição de comunicação .......................................................... 6 1.2 Desafios em sistemas de comunicação ...................................... 7 1.3 Modelos de comunicação ............................................................ 7 1.4 Topologias de redes .................................................................. 10 2 Características dos sistemas de comunicação ............................. 12 2.1 Frequência e Largura de Banda ................................................ 12 2.2 Potência .................................................................................... 14 2.3 Vazão e Latência ....................................................................... 17 2.4 Exercícios .................................................................................. 18 3 Comunicações Móveis .................................................................. 21 3.1 A evolução ao longo das gerações – 0G ................................... 21 3.2 1G – Introdução do conceito de Redes Móveis ......................... 22 3.3 2G – A digitalização................................................................... 24 3.4 3G – O mundo multimídia .......................................................... 26 3.5 4G – Internet móvel para todos ................................................. 28 3.6 5G – Introdução da ubiquidade ................................................. 31 3.7 Exercícios .................................................................................. 33 4 Tecnologias IoT ............................................................................ 37 4.1 Cenários, requisitos e aplicações .............................................. 38 4.2 Tecnologias aplicáveis .............................................................. 39 4.2.1 WiFi ........................................................................................ 41 4.2.2 BLE ........................................................................................ 44 4.2.3 Zigbee .................................................................................... 47 4.2.4 LoRa ...................................................................................... 48 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 4.2.5 Sigfox ..................................................................................... 51 4.2.6 Mesh ...................................................................................... 52 4.2.7 CAT-M .................................................................................... 55 4.2.8 NB-IoT .................................................................................... 56 4.3 Escolhendo uma rede IoT para o meu projeto. ......................... 59 4.4 Exercícios .................................................................................. 61 Conclusão .............................................................................................. 66 Referências ............................................................................................ 67 2. CONTROLE DE REVISÃO DO DOCUMENTO / DOCUMENT REVISION CONTROL 71 6 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 1. Introdução às Telecomunicações Muito embora este curso seja sobre Internet das Coisas, em que se espera um breve histórico sobre como as máquinas evoluíram, se miniaturizaram e se tornaram completamente conectadas, o tema como um todo, invariavelmente, se baseia nos princípios das telecomunicações. Por este motivo, antes que apresentemos como as redes IoT operam, e os seus princípios de funcionamento, precisamos primeiramente rever alguns conceitos sobre telecomunicações. 1.1 Definição de comunicação Comunicar é a tarefa de entregar uma mensagem inequivocamente de um emissor para um receptor designado. Em linhas gerais estes são os principais agentes em qualquer modelo decomunicação [1-3]: ➢ Emissor: é onde está a fonte da mensagem. ➢ Mensagem: contém a informação originada no emissor. Devem-se observar característica como formato, tamanho e contexto. ➢ Receptor: é o agente que não tem a informação e não necessariamente tem ciência de sua existência. ➢ Canal: pode ser entendido como tudo aquilo que interage com a mensagem, usualmente causando desvanecimento ou distorção. Emissor Receptor Mensagem Canal Figura 1 - Modelo de comunicação envolvendo seus quatro componentes principais: Emissor, Receptor, Mensagem e Canal. Fonte: Autoria própria. 7 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 1.2 Desafios em sistemas de comunicação Quando o emissor e o receptor estão geograficamente separados, essa entrega de mensagem é então denominada de “telecomunicação”, e é nessas circunstâncias em que os desafios para cumprir essa tarefa são evidenciados. Podemos citar alguns: ➢ Perda de informação: ocorre quando a mensagem não consegue ser entregue, e o receptor não toma ciência de que houve uma tentativa de comunicação.[2] ➢ Distorção da informação: neste caso o receptor entende que houve uma tentativa de comunicação, porém a mensagem não pode ser entendida. Com isso, caso o sistema permita, o destinatário pode solicitar ao emissor uma retransmissão.[4] ➢ Destinatário errado: também pode ser entendida como falha na comunicação. Quando a mensagem tem um destinatário específico (nem sempre isso acontece), é importante que seja entregue para este destinatário, e somente este. ➢ Intercepção: é similar ao caso anterior, porém ocorre quando uma informação consegue ser percebida e entendida por um agente alheio a comunicação em questão.[5] ➢ Jamming: é quando a informação contida na mensagem é corrompida por um sinal intencional de grande intensidade, com o objetivo de evitar que o receptor compreenda o conteúdo mensagem.[6] Usualmente, quando se trata de casos reais em telecomunicações, a tarefa de comunicar pode ter que enfrentar todos estes desafios ao mesmo tempo. 1.3 Modelos de comunicação Podemos agrupar alguns modelos de comunicação que distinguem a forma como a mensagem pode ser entregue de um emissor para um ou mais destinatários, e quando possível, de um ou mais destinatários para os seus respectivos emissores. Teremos: ➢ Ponto a ponto: caracterizada pela troca de mensagens entre dois, e somente dois agentes envolvidos. Neste caso, o destinatário é de grande importância, em que o sistema deve garantir que as mensagens sejam 8 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B entregues aos seus devidos interessados e, ao mesmo tempo, não sejam perceptíveis para qualquer outro agente alheio a comunicação ponto a ponto em questão.[2] ➢ Ponto-multiponto: Neste caso, tem-se a entrega de mensagens de forma unidirecional de um agente emissor para diversos receptores interessados. Neste caso, também deve-se entender que a mensagem seja restrita a estes agentes interessados, não podendo ser percebida por outros que sejam alheios a esta comunicação.[2] ➢ Broadcast: Similar ao caso anterior, tem-se a figura de um transmissor e diversos receptores. Mas neste caso, não há controle sobre para quem a mensagem será entregue, e neste caso, é concebível que qualquer um possa ser interessado na comunicação.[2] O último aspecto das telecomunicações que iremos apresentar se trata dos sentidos em que as mensagens podem ser enviadas entre os agentes envolvidos na comunicação. Em linhas gerais, temos: ➢ Simplex: é o tipo de comunicação tipicamente adotado em aplicações de boradcast, em que a mensagem apenas pode fluir no sentido do emissor para os seus devidos receptores.[2,7] ➢ Half-duplex: nesse caso é possível que as mensagens sejam trocadas em ambos os sentidos. Ou seja, emissor e receptor podem inverter seus papeis. Esta inversão precisa ser necessariamente orquestrada, pois a informação pode se perder quando dois agentes tentam transmitir ao mesmo tempo. Esta característica ocorre quando existe apenas um canal para os dois sentidos da mensagem. É comum que em aplicações de radiofonia half- duplex, cada um dos interlocutores encerre suas transmissões dizendo “Câmbio”. Com isso o emissor está informando para todos aqueles que possam estar escutando que ele encerrou a mensagem, e a partir daquele momento ele deixa de ser emissor e passa a ser mais um receptor no meio de comunicação. Este tipo aplicação é conhecida como PTT, ou Push to Talk, em que os rádios por padrão são sempre receptores e, ao pressionar de um botão, o rádio é capaz de inverter o sentido para transmitir. [2,7] 9 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Curiosidade: a direção da informação é tão importante que descuidos com este aspecto já causaram grandes problemas. Um exemplo disso é o maior desastre aéreo de que se tem registro, o Desastre de Tenerife. Na ocasião dois aviões de passageiros colidiram na pista de pouso vitimando um total de 583 vidas humanas. Um dos motivos que contribuíram para este acidente foi a perda de uma mensagem do controle de tráfego por conta de duas transmissões simultâneas. [8] ➢ Full-Duplex: é quando os agentes envolvidos na comunicação podem transmitir e receber ao mesmo tempo. É o modelo de comunicação predominante em diversos serviços de telecomunicações, como a própria telefonia. Apesar de haver a vantagens evidentes pelo fato de a troca de mensagens poder ocorrer em ambos os sentidos e em tempo real, destaca- se que a maior das desvantagens é a necessidade de haverem dois canais de comunicação – entenda-se o dobro de recursos necessários. [2,7] Em se tratando de comunicações digitais, é possível conceber duas variações do modelo de comunicação full-duplex identificado como FDD e TDD. ➢ FDD – Frequency Division Duplex: nesse caso existem de fato dois canais de frequência, um para cada sentido do fluxo de mensagens. Esta modalidade tende a ser ofertada para serviços que requeiram maior velocidade, uma vez que são esperados custos envolvidos mais elevados, afinal de contas, dois canais de frequências representam o dobro de recursos necessários.[7] ➢ TDD – Time Division Duplex: é uma possibilidade que só é válida para comunicações digitais. Neste caso a troca de mensagens ocorre nos dois sentidos no mesmo canal, porém em intervalos de tempos diferentes. Esta concepção é muito parecida com o modelo Half-duplex. Porém, neste caso a troca nos papeis de emissor e receptor é feita de forma automática e transparente pelo sistema. [7] Cada uma destas características apresentadas pode ser mais adequada para modelos diferentes de tecnologias IoT. Como será apresentado nas próximas seções, o modelo de comunicação adotado pela Internet das Coisas é diferente ao que se vê na Internet das pessoas. Somente pelo entendimento de 10 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B suas características fundamentais é que se pode compreender o real potencial do IoT, suas funcionalidades, motivadores e desafios. Na próxima seção, será contada a história da tecnologia “mãe” do que hoje entendemos como IoT, que são as comunicações móveis, ou simplesmente, telefonia celular. Iremos entender quais foram as necessidades socioeconômicas que fizeram esta tecnologia emergir, se estabelecer e ser disseminada para as grandes massas ao longo dos anos. Veremos também que a forma como as pessoas utilizavam os serviços de dados móveis sofreu algumas transformações ao longo das gerações e, com isso novos nichos de mercado surgiram. Nichos este que são preenchidos pela chamada Internet das Coisas. 1.4 Topologias de redes Topologia é o parâmetro que estabelece como os dispositivos se conectam em uma rede de comunicação. Em se tratando de redes específicas para Internet das Coisas é comum que exista uma figura central a qual todos os outros dispositivos se conectam. Quando isso acontece, tem-se a topologia “estrela” ou “estrela estendida”.Nesta última é possível que um dispositivo possa se conectar a outros semelhantes (como se fosse uma ponte), consequentemente agindo como um concentrador secundário. Na realidade este concentrador é chamado de “Gateway”, e tem como principal função orquestrar a comunicação de todos os dispositivos a ele conectado, além de ser o canal para que haja conexão com a internet ou serviços de nuvem.[9] Quando os dispositivos conseguem se comunicar diretamente com outros, independentemente do gateway, configura-se aí uma rede do tipo mesh. Neste caso, é esperado que o alcance da rede seja maior, porém a complexidade para configurar e gerir a rede tende a ser mais elevada. [2,3] 11 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 2 - Topologia aplicáveis nas Redes IoT e suas vantagens e desvantagens quanto aos parâmetros relevantes para a tecnologia. Fonte: autoria própria. [1-3] 12 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 2 Características dos sistemas de comunicação Em linhas gerais, um dos objetivos deste curso é apresentar algumas das tecnologias de redes da Internet das coisas (IoT) e entender como podem ser aplicadas em certos tipos de contextos ou cenários. Por exemplo, a tecnologia conhecida como Bluetooth Low Energy é mais adequada para comunicações de curto alcance do que telefonia celular. Assim, em um contexto em que dois dispositivos convivem em proximidade um do outro, utilizar Bluetooth é mais vantajoso, ainda que seja possível utilizar a rede de telefonia móvel (4G, por exemplo) para fazer a mesma tarefa. Mas o que torna uma tecnologia mais adequada que as suas concorrentes para um certo tipo de serviço? Para responder este questionamento, é preciso primeiramente reunir as características que tornam essas tecnologias distintas, e entender o significado de cada uma delas. Nesta seção serão apresentados alguns destes parâmetros de modo a viabilizar esta compreensão de forma ampla e abrangente. Podemos citar: Frequência, Largura de Banda, Potência, Vazão e Latência. 2.1 Frequência e Largura de Banda Apesar de o significado físico de frequência indicar a quantidade de ciclos que um corpo, partícula ou campo completa em uma unidade de tempo, no âmbito deste curso, podemos entender frequência como uma coleção de canais em que os dispositivos de comunicação sem fio operam. Tal como definimos anteriormente, a comunicação consiste na entrega de uma mensagem de um emissor para um receptor. Para cumprir esta entrega é preciso que a mensagem atravesse um canal, e por isto seja compatível com ele. Por exemplo, não é possível enviar um sinal de fumaça durante uma noite escura. Neste caso o canal obstrui ou filtra a mensagem. O mesmo ocorre com canais de frequência: mensagens que precisam ser entregues em alta velocidade (muitos bits por segundo) obrigatoriamente precisam ser enviadas por canais de frequências mais elevadas. Do mesmo modo, quando a preocupação é que a mensagem viaje por distâncias muito longas, é mais adequado que se utilize canais de frequências mais baixas. Além disso, a relação entre frequência e o comprimento 13 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B de onda, exige que para baixas frequências os tamanhos das antenas sejam maiores do que seriam se operassem em altas frequências. Todo canal de frequência é definido entre uma frequência mínima, 𝑓𝑚í𝑛, e uma frequência máxima, 𝑓𝑚á𝑥. Por tanto, a faixa de frequências compreendida entre 𝑓𝑚í𝑛 e 𝑓𝑚á𝑥 é denominada largura de banda, ou 𝐵𝑊 (Bandwidth): [1] 𝐵𝑊 = 𝑓𝑚á𝑥 − 𝑓𝑚í𝑛 (1) Outro parâmetro importante nestes casos é a frequência central, 𝑓𝑐, que normalmente dá nome à sua faixa. Por exemplo, a faixa de 915 MHz, é definida entre as frequências de 868 e 928 MHz. Define-se por: [1] 𝑓𝑐 = 𝑓𝑚í𝑛 + 𝐵𝑊 2 = 𝑓𝑚á𝑥 − 𝐵𝑊 2 (2) A Figura 3 mostra algumas das faixas de frequências disponíveis para tecnologias de IoT e outras comunicações sem-fio. Podemos agrupar essas faixas em três grandes grupos com características semelhantes: ➢ ISM (Industrial, Scientific and Medical) sub-gigahertz: comumente referenciada pelas faixas de 433MHz e 915MHz. Estas faixas pertencem a categoria das chamadas “não-licenciadas”, ou seja, o usuário não precisa pagar pelo uso deste recurso. A faixa de 433 MHz já é amplamente utilizada em aplicações como controles remotos, RFID e outros serviços de mais longo alcance. [10] ➢ Faixas de WiFi: faixas de 2,4, 5 e 6 GHz. Apesar da designação “WiFi” se referir a um padrão de tecnologia definido pelo IEEE, que normaliza as redes do tipo LAN (Local Area Network) e PAN (Personal Area Network), é comum utilizar o termo para se referir a estas faixas de frequência. Contudo, estas faixas também podem ser utilizadas por tecnologias semelhantes, como é o caso do Bluetooth. Estas faixas também se enquadram na categoria de não- licenciadas. [11] 14 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B ➢ Comunicações móveis: são as frequências utilizadas por redes de telefonia móvel. Existe uma grande gama de frequências e que variam de um país para outro. São bandas licenciadas, ou seja, seu uso depende de autorizações governamentais, e pagamentos periódicos. Atualmente, para aplicações IoT e outros modelos de conexão de dados, é comum o uso das chamadas faixas GPRS (3G) Quad-Band, que correspondem a faixas de frequências em 850, 900, 1800 e 1900 MHz. Além disso, as redes 4G também utilizam uma faixa em 2,3 GHz e em 5G se discute o uso da faixa de 3,5 GHz. [12] Figura 3 - Faixas de frequência e suas aplicações no Brasil. Fonte: autoria própria. 2.2 Potência A definição de Potência, assim como a Frequência, envolve um elaborado conjunto de conceitos da física. Formalidades à parte, para este curso poderemos entender “potência” como a intensidade do sinal que é lançado pelo emissor ou que é percebido pelo receptor da mensagem. O fato é que a potência, ou intensidade do sinal gerado, sempre sofrerá desvanecimento ao se propagar por qualquer que seja o canal. Um exemplo disso ocorre quando alguém fala alguma coisa que não entendemos, e instintivamente nos aproximamos do interlocutor pra ouvir melhor. Quando reduzimos a distância entre emissor e receptor, reduzimos também a atenuação que a mensagem vai sofrer no caminho. [4] 15 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B A atenuação que a mensagem sofre no caminho entre emissor e receptor não está relacionada (somente) às perdas devido aos obstáculos, interferências ou dissipação. Apesar de todos estes fatores afetarem a propagação dos sinais, quando se trata de propagação no espaço livre o que majoritariamente desvanece a mensagem é a distância. Tanto é que mesmo transmissões no vácuo do espaço chegam à Terra com intensidade muito reduzida. Se não há matéria para dissipar a energia da mensagem, então como ela é atenuada apenas por se deslocar pelo espaço? Podemos responder esta questão ao analisar a Figura 4. A ilustração representa um ponto no espaço irradiando o que, no nosso entendimento, seria um sinal de mensagem. Primeiramente, consideramos que toda a potência originada no emissor é distribuída por todo o primeiro círculo, e conforme a onda (ou a mensagem) se propaga o círculo fica cada vez maior. A área do círculo aumenta conforme a distância aumenta, no entanto, a potência não aumenta. Então, quanto mais distante, maior é a área que aquela mesma potência que foi irradiada precisa cobrir, isso dá ao receptor a percepção de que a intensidade do sinal é reduzida ao longo da distância. [4] Figura 4 - Efeito do desvanecimento de um sinal de mensagem ao longo da distância. Fonte: autoria própria. A unidade de medida da potência, ou intensidade, do sinal é o Watt [W], que pode também ser representado na escala logarítmica como dBm. Apesar de parece complicado, esta medida apenas relaciona o valor observado com uma quantidade bem conhecida de potência elétrica,o milli-Watt, ou 1 × 10−3[W]. Ou 16 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B seja, quando lemos que a potência recebida em um certo sistema é de 10 dBm, isso simplesmente indica que a potência a qual a leitura se refere é 10 vezes maior que 1mW. De forma genérica, escrevemos: 𝑃dBm = 10 log ( 𝑃Watt 1mW ) (3) Se levarmos em conta o rigor matemático, o mais correto é: 𝑃dBm = 10 log ( 𝑃Watt 1 × 10−3 ) (4) À seguir, podemos verificar uma tabela de conversão com alguns valores de referência. . 𝑷𝐖𝐚𝐭𝐭 𝑷𝐝𝐁𝐦 𝑷𝐖𝐚𝐭𝐭 𝑷𝐝𝐁𝐦 𝑷𝐖𝐚𝐭𝐭 𝑷𝐝𝐁𝐦 𝑷𝐖𝐚𝐭𝐭 𝑷𝐝𝐁𝐦 1nW -60.00 1uW -30.00 1mW 0.00 1W 30.00 2nW -56.99 2uW -26.99 2mW 3.01 2W 33.01 4nW -53.98 4uW -23.98 4mw 6.02 4W 36.02 4nW -53.01 5uW -23.01 5mW 6.99 5W 36.99 10nW -50.00 10uW -20.00 10mW 10.00 10W 40.00 20nW -46.99 20uW -16.99 20mW 13.01 20W 43.01 40nW -43.98 40uW -13.98 40mW 16.02 40W 46.02 50nW -43.01 50uW -13.01 50mW 16.99 50W 46.99 100nW -40.00 100uW -10.00 100mW 20.00 100W 50.00 200nW -36.99 200uW -6.99 200mW 23.01 200W 53.01 400nW -33.98 400uW -3.98 400mW 26.02 400W 56.02 500nW -33.01 500uW -3.01 500mW 26.99 500W 56.99 Tabela 1- Conversão de valores de Potência em Watt para dBom. Fonte: autoria própria. Além de representar a intensidade de um sinal transmitido ou recebido, este valor também está relacionado com a sensibilidade de um dispositivo de comunicação. Ou seja, quanto mais baixo for o valor da sensibilidade de um equipamento, menor será o nível necessário na sua entrada para que a mensagem seja entendida de forma inequívoca. Portanto, quanto mais sensível, mais longo será o alcance da comunicação. 17 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 2.3 Vazão e Latência “De quanto é a internet na sua casa?” Quando se fala em redes comunicação, é muito usual que estes parâmetros sejam os primeiros a aparecer nas discussões, afinal de contas, é com base nestes parâmetros que as operadoras vendem os seus serviços. Toda vez que nos referimos a velocidade das nossas internets, seja móvel, discada, banda larga, fibra... estamos falando de vazão. Do inglês, throughput, que se me mede em bits por segundo, ou bps. Apesar de estarmos sempre relacionando a qualidade da nossa internet com a sua vazão, altas vazões não são necessariamente requisitos de um bom sistema de comunicação. [1-3] Em se tratando de comunicação do tipo máquina-máquina (M2M), este aspecto não é dominante na escolha das redes. Isto porque máquinas não estão “preocupadas” com telas de alta resolução, som de alta fidelidade para acessar seu serviço favorito de streaming dentro do metrô enquanto voltam do trabalho. O perfil de uso das redes por parte das máquinas ou das coisas (daí o termo IoT) é bem diferente do perfil de uso humano. Quando falamos de internet das coisas, é comum que as vazões sejam da ordem de dezenas à centenas quilo-bits por segundo (kbps), que são valores impensáveis para internet de interface humana nos dias de hoje, em que falamos de centenas de megabits por seguindo (Mbps). [13,14] Da mesma forma, temos a latência sendo muito mais crítica em aplicações de interface humana do que em comunicação máquina-máquina. Este parâmetro está relacionado com o atraso, ou tempo necessário para que uma mensagem parta de seu emissor e seja devidamente entregue ao seu destinatário. Algumas aplicações web como jogos, ou mesmo streaming de vídeo, demandam valores baixos de latência, na casa de algumas dezenas de milissegundos. Enquanto, que para alguns modelos de redes IoT são concebíveis segundos de atraso como aceitáveis para suprir certos tipos de serviço. Contudo, ainda existem algumas aplicações IoT que requerem baixíssimos níveis de latência. Como é o caso de operações críticas, por exemplo, quando uma válvula de segurança precisa ser acionada rapidamente se detectado uma alta temperatura. Neste caso, o tempo de decorrido até a 18 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B mensagem partir do sensor de temperatura até a abertura da válvula é absolutamente dominante na escolha da tecnologia, e seus componentes. Veremos estes aspectos e a forma como estão relacionados mais adiante no curso. 2.4 Exercícios 1) Analise as imagens abaixo e identifique qual é o tipo de comunicação quanto ao modelo e direção. a) b) c) 19 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 2) Cite ao menos um exemplo de jamming em comunicações do dia a dia, identificando os agentes envolvidos na troca de mensagem, o jammer e a forma pela qual a informação é perdida. (1 ponto) 3) Explique q diferença entre perda de informação e distorção da informação sob o ponto de vista do agente receptor da mensagem. (1 ponto) 4) Vimos que os agentes envolvidos em qualquer evento de comunicação são Emissor, Receptor, Mensagem e Canal. Sobre o Canal, identifique as alternativas corretas. (1 ponto) ( ) O canal pode ser entendido como a gente responsável pela entrega inequívoca da mensagem. ( ) Distorções e perdas de informação são propriedades do canal de comunicação. ( ) A informação distorcida ao longo de um canal de comunicação real sempre deve ser retransmitida, pois uma mensagem distorcida é sempre uma mensagem perdida. ( ) A forma como a distorção é imposta sobre as mensagens depende das características do canal. ( ) Comunicações de curta distância não exigem um canal de comunicação. 5) Sobre topologia de redes selecione a(s) alternativa(s) erradas. (4 pontos, um por acerto) [ ] Redes Mesh consomem mais energia. Como cada dispositivo está conectado a vários outros dispositivos, o consumo de energia tende a ser mais elevado que nas outras topologias. 20 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B [ ] A configuração estrela é a mais simples, porém de difícil gerência, já que todos os dispositivos ficam conectados a um mesmo concentrador. [ ] A rede estrela estendida oferece maior alcance ao custo de uma complexidade mais elevada. [ ] Toda rede estrela pode ser configurada para operar como estrela estendida. 6) Disserte sobre o que, no seu entendimento, seja uma rede com alta disponibilidade (Availability), e como as redes Mesh favorecem esta característica. (1 ponto) 7) Abaixo estão listadas algumas especificações de um roteador WiFi doméstico. Frequência de operação: 2.4GHz Potência de transmissão: +21 dBm Sensibilidade: 500 fW Com base nestas informações, responda: a) Qual é a potência de transmissão em milli-Watts? b) Se a sensibilidade é de 500fW, qual será a maior atenuação possível, considerando a potência de transmissão de 21dBm? (1 ponto) 8) Estabeleça a diferença entre Vazão e Latência. (1 ponto) 21 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 3 Comunicações Móveis O advento da telefonia móvel permitiu que as pessoas se comunicassem independentemente do lugar em que estivessem. Esta característica abriu um vasto horizonte de possibilidades de serviços e soluções que utilizamos corriqueiramente no dia a dia. Contudo, muitos desafios tiveram que ser superados para que fosse viável conectar a sua geladeira na internet. Antes de nos aprofundarmos nas tecnologias específicas para IoT, vamos entender as suas origens e seus habilitadores. 3.1 A evolução ao longo das gerações – 0G A informação é um comódite valioso para a humanidade desde que começamos a pintar histórias nas paredes das cavernas. Quanto mais informação reunimos sobre um tema maior a nossa ciência sobre seus aspectos. Quanto mais ciência temos sobre algo, melhores são as decisões que tomamos. Por este motivo, ter informação sempre representou vantagens estratégicas no desenvolvimento dos povos e na sua expansão mundo a fora. O ato ou efeito de adquirir informação envolve o principal tema deste curso: comunicar. Quanto maior o alcance da comunicação, maior é a quantidadede informação que se pode obter sobre um dado assunto. E é por este motivo, que os maiores saltos nas tecnologias de telecomunicações se deram em guerras. Conhecer um inimigo e saber sobre suas linhas de defesa com a máxima antecedência representava uma vantagem valiosa nos campos de batalha. E foi nos campos de batalha da segunda guerra mundial que vimos nascer o que hoje chamamos de smartphones. Na época, eles não eram tão frágeis, sequer tinham telas. Suas baterias tinham autonomia para pouco mais de algumas horas, e pesavam o equivalente a duas melancias. A Figura 5 ilustra um dos sistemas pioneiros de radiocomunicação móvel, em que os equipamentos de rádio iam com o engenheiro e os equipamentos de fonia iam com o oficial. Quando precisavam realizar uma transmissão para informar a situação das tropas avançadas, era necessário conectar os equipamentos, sintonizar as frequências e enviar a mensagem correndo o risco de serem interceptados pelo inimigo.[15] 22 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Nesta tecnologia, que hoje é referenciada como 0G, só existiam dois rádios envolvidos na comunicação – um para o receptor e outro para o transmissor. Além disso, o êxito na tarefa de comunicar dependia inteiramente do desempenho apenas destes dois sistemas. Além disso, as frequências não podiam ser compartilhadas, uma vez que um agente ocupasse o canal, mais ninguém conseguiria transmitir. Para se comunicar com um agente específico era necessário acordar com antecedência quais frequências seriam utilizadas. 3.2 1G – Introdução do conceito de Redes Móveis Findada a guerra e em tempos de paz, descobriram que aquela tecnologia de comunicação móvel – ou seja, que poderia ser feita em um ponto distante da estação de rádio – poderia ser muito útil na vida civil. E assim nascia a primeira geração de telefonia móvel, o 1G. Os engenheiros da época entenderam que para prover um serviço que fosse acessível para as pessoas ele teria que custar pouco e mesmo assim ter uma ampla cobertura. Os esforços para conceber esta solução resultaram na tecnologia de primeira geração, definida como AMPS (Advanced Mobile Phone System), que englobava padrões e protocolos para prover cobertura aos usuários assinantes de acordo com as premissas estabelecidas. [17] Esta concepção de redes móveis, Figura 6, em que o terminal (celular) era tão simples quanto possível, deixando a complexidade do sistema por conta do operador, foi o primeiro grande habilitador para as tecnologias de IoT. Figura 5 - Ilustração de um sistema pioneiro de radiocomunicação utilizado na segunda guerra mundial. [16] 23 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 6 - Modelo de uma rede de telefonia móvel de primeira geração, 1G - AMPS. Fonte: Autoria Própria Com a complexidade do sistema sendo absorvida pela rede, os terminais poderiam ser mais baratos, e mesmo assim havia garantias de êxito nas comunicações, pois o sistema era robusto o suficiente para isto. Se a robustez do sistema fosse embarcada nos terminais móveis, o seu custo seria muito maior, e dificilmente este modelo de negócio teria atingido os mesmos níveis de sucesso. O primeiro celular foi apresentado pela Motorola em 1973 e seu criador foi um de seus engenheiros, Martin Cooper – Figura 7. [18] Tratava-se do Motorola Dynatac, com seus 1,1 Kg e dimensões de 23x13x4,5cm. Já utilizava circuitos digitais, ainda que a comunicação fosse analógica e tinha bateria com autonomia de 60 minutos (em chamada). O grande diferencial desta tecnologia era a possibilidade de alocar os usuários dinamicamente nos canais frequência, com os canais podendo ser reutilizados em células vizinhas, aumentando a Figura 7 - Martin Cooper, o criador do primeiro celular. Fonte:[18] 24 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B capacidade do sistema se comparado com os rádios da tecnologia anterior. [19] Outro fato importante, é que na época apesar de ser muito avançado em termos eletrônicos, o celular nada mais era do que um rádio com fone e microfone, uma bateria e um circuito discador, como se vê na Figura 8. Nesta época, serviços como mensagem de texto ou e-mail ainda não tinham sido inventados. Figura 8 – Motorola Dynatac 8000x e seus componentes básicos de um celular de primeira geração. Fonte: Autoria Própria 3.3 2G – A digitalização A segunda geração emergiu com a necessidade de digitalizar os sistemas de comunicação. Isso porque com a digitalização, era possível triplicar a capacidade das redes – ou seja, os operadores poderiam prover serviços para o três vezes mais usuários com os mesmos canais de frequências disponíveis da primeira geração. Além disso, em 3 de dezembro de 1992, o então engenheiro da Vodafone, Neil Papworth enviava a primeira mensagem de texto por meio de um telefone celular para o seu chefe. A famosa mensagem dizia “Merry Christmas”. Com o aumento da capacidade e o advento da digitalização, nascia a então denominada D-AMPS (Digital - Advanced Mobile Phone System), como ficaria conhecida a segunda geração das telefonias móveis. A possibilidade de alocar até 3 usuários na mesma frequência em time slots diferentes era possibilitada pela tecnologia definida como TDMA – (Time Division Multiple Access). A representação do seu funcionamento é vista na Figura 9. [20,21] 25 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 9 - Representação do TDMA, em que até 3 usuários poderiam ocupar a mesma frequência, porém em times slots diferentes. Fonte: Autoria Própria Com a validação da hipótese de que a rede móvel serviria também para o envio de dados e não somente voz, novos mercados e serviços se abriam. Este seria um dos grandes passos rumo ao que conhecemos hoje como IoT. No início da era do 2G, era notável redução do tamanho dos terminais, e o aumento de sua capacidade. Mesmo assim, as funcionalidades dos terminais ainda eram praticamente as mesmas. A Figura 10 mostra um modelo típico de terminal móvel de segunda geração e seus principais blocos funcionais Figura 10 - Motorola MicroTAC de 1994, um dos mais populares terminais móveis de segunda geração e seus blocos funcionais, praticamente idênticos aos da primeira geração. Fonte: Autoria Própria 26 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 3.4 3G – O mundo multimídia Quando a terceira geração surgiu, definida pela padronização GSM (Global System for Mobile), em meados de 2002, a internet já era uma realidade presente na maioria das casas dos norte-americanos e muitos brasileiros. A possibilidade de enviar mensagens de textos já não era mais um diferencial e sim uma necessidade trivial no dia a dia das pessoas. Sendo assim os diferenciais trazidos pela terceira geração das comunicações móveis tinham mais haver com o aumento da capacidade das redes e diversificação de serviços do que com a agregação de novas funcionalidades, como veremos no 4 e mais recentemente, no 5G. [22,23] É neste período, entre os anos 1990 e 2000 que observamos um grande salto tecnológico. A Figura 11 traz uma comparação entre os celulares do início da segunda geração com os celulares que viriam no início da terceira geração, revelando um enorme avanço em termos de miniaturização e desempenho. [22,23] Figura 11- Comparação entre os modelos de telefones móveis ao início e final da segunda geração de telefonia móvel. Fonte: Autoria Própria Até o final da terceira geração, os celulares deixariam de ser terminais de comunicação e se tornariam verdadeiras centrais multimidias, com telas coloridas, capacidades para armazenar centenas de músicas em formato de mp3, câmeras fotográficas e filmadoras digitais, calculadora, agenda, gravadores de voz, e até jogos, tal como se vê na Figura 12. 27 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 12 - Motorola Razr V3 de 2004. Grande sucesso de vendas da marca e um representante de terminal móvel da terceira geração, 3G. Fonte:Autoria Própria No 3G a capacidade de alocar vários usuários nos mesmos canais de frequência era aprimorada por meio da tecnologia definida como WCDMA (Wideband Code Division Multiple Access). Neste caso os usuários compartilhavam a mesma frequência e ao mesmo tempo, sendo que a distinção de um para o outro era feita por meio da codificação inserida em cada mensagem trocada entre os usuários e a rede. [24] Mas o grande diferencial do 3G, que novamente representou um enorme salto rumo a Internet das Coisas foi a introdução do SIM- Card (Subscriber Identity Module), que permitiu a diversificação de operadores e instigou a concorrência e assim derrubou os preços para o consumidor amplo. Dentre todas as gerações de telefonia móvel, o 3G apresenta o maior avanço em termos de disseminação da tecnologia, como se vê na Figura 13. [25] 28 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 3.5 4G – Internet móvel para todos Quando o 3G foi proposto no início dos anos 90, a motivação por trás do seu desenvolvimento era de viabilizar a cobertura dos serviços móveis para o maior número de assinantes possível. A digitalização dos sistemas foi um grande avanço que permitiu reduzir muitos custos, desde a infraestrutura dos sistemas até o usuário final. Além disso, novas técnicas de múltiplo acesso permitiam aos operadores não só aumentar a carteira de clientes e serviços, como operar com muito mais eficiência de custos. A Figura 14 mostra como o preço dos terminais móveis havia reduzido no início da era do 3G, o que aumentava a procura pelos serviços. 0 20 40 60 80 100 120 1 9 8 0 1 9 8 1 1 9 8 2 1 9 8 3 1 9 8 4 1 9 8 5 1 9 8 6 1 9 8 7 1 9 8 8 1 9 8 9 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 Número de usuários de telefonia móvel (por 100 habitantes) 3G Figura 13 - Número de assinantes de telefonia móvel para cada 100 habitantes, destacando a disseminação das comunicações móveis ao redor do mundo, destacando o salto na taxa de crescimento acentuado após a introdução do 3G. [26] 29 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 14 - Preço unitário dos terminais móveis ao longo dos anos. Fonte:[27] Então o que parecia ser a grande solução para todos os problemas dos operadores de telefonia móvel, foi abalado pelo avanço da eletrônica. No início dos anos 2000, os celulares passaram pela segunda grande transformação. Além das telas coloridas, e das câmeras (que ficavam cada vez mais potentes), a forma como os usuários passaram a interagir com os aparelhos sofria uma grande modificação: cada vez menos as pessoas utilizariam os telefones para falar com outras pessoas, a o troca de dados com a internet passaria a ser a principal modalidade de serviços. Em 2010, surgia com o 4G, o conceito de internet móvel. Neste caso eram ofertadas para os usuários generosas larguras de banda que permitiam taxas de dados de até 20Mbps. Além disso, os modelos de sistemas operacionais como iOS e Android funcionavam sobre celulares idênticos em muitos aspectos. Em suas funcionalidades, consideravam que os terminais teriam câmeras, acelerômetros, GPS, bussola, além de uma arquitetura muito similar a de computadores, com processadores de vários núcleos, grande quantidade de memória RAM, e mais recentemente, placas gráficas (GPUs). Com uma essa “universalização” dos terminais móveis, fabricantes de desenvolvedores poderiam agregar função aos dispositivos apenas com softwares diferentes. Ou seja, com aplicativo correto, o dispositivo poderia ir de um celular para um caixa eletrônico, um navegador, uma TV ou até mesmo uma estação de trabalho completa, com editores de texto, tabelas, imagem entre outras muitas funcionalidades. A Figura 15, mostra como as funcionalidades dos terminais móveis evoluiu ao longo das gerações. 30 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 15 - Evolução da funcionalidade dos terminais móveis ao longo das gerações. Fonte: Autoria Própria. Então, a maioria dos problemas que o 3G pretendia solucionar deixavam de ser um problema para os operadores nesta era. Com a introdução do 4G, as chamadas telefônicas deixariam de ser feitas por circuitos de telefonia e passaram a ser tradas apenas como dados endereçados entre dois usuários. No entanto, a rápida evolução dos terminais móveis levou os usuários a consumirem cada vez mais dados, em alta velocidade, em alta mobilidade e em alta densidade. Quando foi proposta padronização do 4G, definida como Long Term Evolution, ou LTE, os órgãos reguladores tinham em mente que todos estes requisitos seriam atendidos dentro de um limiar tomado como aceitável. Porém, o modelo não se mostrou eficiente ao tentar atender todas as demandas com as 31 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B mesmas soluções. Sendo este um dos principais motivadores do desenvolvimento da quinta geração de telefonia móvel, o 5G. 3.6 5G – Introdução da ubiquidade Como visto, a quarta geração da telefonia móvel foi mercada pela inciativa de prover internet móvel de alta velocidade para os usuários. No entanto, esta solução não se mostrou eficaz para atuar em todos os cenários de telecom que emergiram na última década. Enquanto o aumento de assinantes e a constante evolução dos terminais móveis indicavam uma demanda certa por mais e mais vazão, outras tecnologias se popularizaram, como é o caso das comunicação do tipo máquina-máquina, que é um dos principais nichos de mercado ocupado pelas tecnologias de Internet das Coisas. De acordo com as estimativas feitas pela Cisco, já em 2015, a maior parte do tráfego de dados pelas redes ao redor do mundo seriam de natureza máquina-máquina, do inglês “Machine-to-Machine Communication”, ou M2M e, em algumas literaturas, MTC, “Machine Type Communication”. A Figura 16 , se trata de uma estimativa realizada em 2015, em que se tinha a expectativa de que o mercado de M2M avançaria em um ritmo mais acelerado que os seus concorrentes, tal como dados móveis para smartphones, laptops e tablets. Na ocasião, a era estimado que tecnologias M2M deteriam um market share de 28%. No entanto, mesma estimativa realizada em 2019, Figura 17, revelou que a expectativa havia sido superada em 5%, computando um market share de 33% em 2019, com estimativa de atingir 50% até 2023.[28] Figura 16 - Crescimento estimado em 2015 pela Cisco, indicando avanço rápido na quantidade conexões do tipo máquina-máquina (M2M). Fonte: [29]. 32 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 17 - Market share de tecnologias móveis. Fonte: [30] Estas estatísticas sugeriam que a quinta geração não poderia ser simplesmente uma evolução da quarta. Seria necessário repensar algumas premissas fundamentais das comunicações móveis, à começar pelo fato de que estas redes não mais atenderiam somente às comunicações entre humanos, na realidade a tendência é que cada vez mais as máquinas movimentem um volume muito maior de informações que os próprios usuários. Seguindo esta ideia, o 5G foi elaborado para atender a três cenários diferentes, cada um com suas próprias necessidades e soluções. São estes: eMBB (Enhanced Mobile Broad Band): destina-se a comunicação de alta velocidade para um grande número de usuários. Este cenário do 5G pode ser entendido como a evolução do 4G, LTE. [31] URLLC (Ultra Reliable Low Latency Communication): Comunicações de alta confiabilidade e baixa latência. Algumas aplicações de IoT apresentam estas mesmas características, principalmente quando há suporte de vida, ou outros sistemas de missão crítica envolvidos na aplicação. Em detrimento da alta confiabilidade e baixa latência esperadas, para este tipo de serviço não se podemesperar grandes quantidades de conexões, alta vazão ou necessariamente, baixo custo. [31] mMTC (Massive Machine Type Communication): Destina-se a comunicação entre máquinas, e por este motive se caracteriza principalmente pelas pequenas larguras de bandas, pequenas vazões e altíssimas concentrações de dispositivos conectados. Também há uma preocupação com a eficiência de energia dos dispositivos conectados, com expectativas de durabilidade de anos. Além disso, pelo fato de serem estimados bilhões de dispositivos de pequeno porte, coletando ou enviando informações 33 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B continuamente, também é imprescindível que estes sejam dispositivos de baixíssimo custo, tanto para aquisição quanto manutenção. [31] Figura 18 - Cenários do 5G. Fonte:[31] Então, podemos concluir que a tecnologia de quinta geração foi pensada para prover conectividade para qualquer que seja a aplicação, para qualquer dispositivo em qualquer lugar à qualquer tempo. Este conceito que remete a onipresença contínua é que se define por ubiquidade, que no caso do 5G só é possível pois a tecnologia foi pensada forma a abarcar outras tecnologias orquestrando-as, como é o caso da aplicações de inteligência artificial, machine- learning, computação quântica, entre outras. Como pudemos ver, ao longo da evolução das comunicações móveis, todas as vezes que uma geração atingia sua maturidade, as outras tecnologias concorrentes, como a eletrônica e a computação, as alcançava rapidamente fazendo com que atingissem seus limites muito antes do esperado. Quando o 4G surgiu prometendo taxas de 20Mbps, alguns se perguntaram sobre a necessidade dessa velocidade toda para os usuários finais. Hoje, essa mesma vazão pode até parecer pouca coisa em algumas aplicações do dia a dia. O fato é que não sabemos quando o 5G vai atingir seu limite e ficar obsoleto, contudo, esta geração foi pensada para coexistir e se beneficiar das outras tecnologias coexistentes, ao invés de concorrer com elas. 3.7 Exercícios 1) Sobre as redes de primeira geração, assinalar a(s) alternativa(s) corretas. (1 ponto) 34 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B [ ] O conceito de redes móveis está baseado na premissa de que os terminais móveis devem ser capazes de, por si só, garantir a comunicação inequívoca entre emissor e receptor. . [ ] Foram inventadas ainda na segunda guerra mundial. [ ] Foi impulsionada rapidamente devido a possibilidade de além de chamadas telefônicas, permitirem envio de mensagens de texto. . [ ] Martin Cooper foi responsável por enviar a primeira mensagem de texto em 1973. [ ] Neil Papworth foi o responsável por enviar a primeira mensagem de texto em 1980 e seu conteúdo era “Feliz Natal” [ ] FDMA foi a tecnologia que definiu as redes de primeira geração e tinha como grande vantagem a possibilidade de alocar vários usuários na mesma faixa de frequências. [ ] Reuso de frequências foi um conceito estabelecido nas redes telefonia celular e seu fundamento era possibilitar que vários usuários reutilizassem as mesmas frequências em uma célula [ ] FDMA e AMPS foram padrões concorrentes que pretendiam definir as regras de uso das redes de primeira geração. 2) Além da primeira geração, leve em conta também a segunda geração, assinalando a(s) alternativa(s) correta(s): (4 ponto, 1 pontos para cada acerto). [ ] Introduziu o conceito GPRS que permitia que mais de um usuário utilizasse a mesma faixa de frequência. [ ] No GPRS até 6 usuários poderiam compartilhar a mesma faixa de frequências. . [ ] Na prática, os usuários podiam ocupar a mesma faixa de frequências, porém em intervalos de tempos bem definidos. [ ] O 2G foi marcado pela digitalização das redes, e por este motivo viabilizou o uso de SMS. [ ] Um dos fatores que mais contribuiu para a redução do tamanho dos celulares foi o consumo de energia reduzido. 35 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B [ ] A redução no consumo de energia era uma consequência da invenção do transistor, utilizado na digitalização das redes. [ ] A internet surgiu antes da segunda geração e por este motivo todos os celulares 2G já vinham equipados para poder se conectar a internet. [ ] O fim da segunda geração foi marcado por um rápido avanço da eletrônica, que tornaram os celulares 2G obsoletos pois não tinham câmera ou telas coloridas. 3) Dentre as diversas inovações trazidas pelas redes de terceira geração, o 3G, o SIM card foi um grande motor para a democratização definitiva da telefonia móvel. Disserte brevemente sobre os eventos que se sucederam com a introdução desta tecnologia. (1 ponto) 4) A quarta geração de telefonia móvel surgiu com a proposta de internet em banda larga para todos. Mesmo assim, observa-se uma desaceleração na expansão das redes móveis ao longo desta geração. Teça comentários sobre buscando explorar as causas dessa característica que marcou esta geração. (1 ponto) 5) Como vimos, o terminal 4G entrou para a vida das pessoas como um dispositivo marcado pela versatilidade. Esta características muito se deve ao modelo generalista de aplicativos que utilizam uma miscelânia de recursos disponíveis em qualquer smarphone. Cite ao menos e exemplos de aplicativos sem os quais o seu dia a dia seria completamente afetado. Discuta com os colegas e desenvolva comentários. (1 ponto) 6) Quais são os três pilares fundamentais da tecnologia 5G, e quais as suas principais características? (1 ponto) 7) Explique de que modo as tecnologias de comunicação móveis serviram como motor para o avanço e popularização das tecnologias de conectividade IoT. (1 ponto) 8) Faça a conexão entre as características das redes 5G com seus pilares fundamentais. (7 pontos, um para cada resposta correta no dropdown) eMBB mMTC URLLC 36 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Baixa latência Alta concentração de dispositivos Baixo custo Alta confiabilidade Eficiência de energia Alta vazão IoT 9) Marque a(s) alternativa(s) incorreta(s). (2 pontos, um para cada acerto). [ ] Alta vazão e alta concentração de dispositivos devem coexistir no 5G. [ ] Confiabilidade e baixa latência são parâmetros similares e estão relacionados diretamente com a experiência do usuário em ambientes onde existem muitos usuários concentrados. [ ] A eficiência energética é uma condição de existência para comunicação de dispositivos de pequeno porte. [ ] A confiabilidade de uma rede móvel está diretamente relacionada com a sua velocidade. [ ] Em contexto de comunicação entre máquinas é imprescindível que as mensagens seja entregues de forma rápida e confiável. 10) Nas suas palavras, o que podemos esperar do 5G? Quais problemas esta geração pretende resolver? (1 ponto) 37 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 4 Tecnologias IoT Na seção anterior entendemos alguns aspectos sobre comunicações móveis, e principalmente, os motivos que fizeram com que estas tecnologias emergissem e tivessem o sucesso que observamos hoje em dia. Observamos que a necessidade das pessoas se transformou ao longo das primeiras quatro gerações, e o que antes era apenas voz, se tornou dados, que se tornou uma plataforma que concentra muitas das nossas necessidades diárias. Essa transformação no modo como utilizamos a tecnologia e interagimos com ela provocou grandes transformações na forma como as redes foram modernizadas e melhoradas. À medida que as redes móveis atingiram um patamar acessível em termos de custo e complexidade, o número de conexões foi aumentando em taxas exponenciais. E cada vez mais estas conexões eram para conectar coisas e não necessariamente pessoas. Este é um exemplo de transformação que levou a modificações na concepção das redes móveis. Como explicamos na última seção, o 5G foi elaboradode acordo com estas premissas. Porém, enquanto os engenheiros responsáveis por atualizar as redes móveis outras tecnologias de conectividade sem fio voltadas para MTC surgiram no mercado: as chamadas LPWAN, ou Low Power Wide Area Network. [32] Muito desta tecnologia foi desenvolvido com o aprendizado obtido com as cinco gerações de comunicação móvel, porém como já nasceram para conectar coisas, apresentam um menor custo e complexidade do que a sua antecessora. Como podemos ver na Figura 19, as conexões LPWAN correspondem a uma grande fatia do mercado de IoT. 38 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 19 - Crescimento das conexões do tipo máquina-máquina desde 2014: [30] 4.1 Cenários, requisitos e aplicações Quanto maior a quantidade de informações maior assertividade nas decisões que tomamos. Este conceito leva ao que entendemos com “smart- things”, “smart-cities”, “smart-buildings”, etc. A tecnologia para sensoriamento em tempo real, armazenamento e processamento dos dados colhidos já atingiu sua maturidade, todavia as tecnologias de conectividades, que é o que permitem a estas informações viajarem e serem entregues aos “tomadores de decisão” é exatamente do que consiste a chamada Internet das Coisas. [33] Figura 20 - Forma gráfica de representar as necessidades de cada serviço ou modelo de negócio no contexto de Internet das Coisas. Fonte: [33,34] Como existe uma grande oferta de tecnologias que podem ser aplicadas para resolver problemas semelhantes, algumas questões precisam ser entendidas antes que possamos tomar um modelo de rede IoT como mais (ou Monitoring Applications Operational Systems Critical Systems Smart home Waste management Garbage monitoring Pet smart care Environment Monitoring Tracking Smart weather Industry 4.0 Emergency Surveillance Precision agriculture Logistics Smart Parking Smart Traffic Smart Lightning Traffic Lights 39 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B menos) adequado para cada tipo de cenário ou necessidade. Diferentes cenários estão representados na Figura 20, ainda que na prática existem muitas outras possibilidades, e haverá ao menos um modelo de rede IoT que atenda a cada cenário de uma forma mais eficiente. Com o objetivo de compreendermos como cada tecnologia se adequa (ou não) a certos tipos de demandas, devemos ter mente as seguintes questões: [34] ISM Sub-gigahertz ISM 2,4 GHz Licenciada Baseada em IP Ecossistema confiável Longo alcance Eficiência energética Mobilidade Topologia Estrela Estrela estendida Mesh Neste capítulo estão apresentadas algumas tecnologias de redes IoT, e ao introduzir cada uma delas, veremos este breve questionário respondido de modo sumarizar nosso entendimento. 4.2 Tecnologias aplicáveis “IP, or not IP?” Existe uma dualidade desconfortante nesta pergunta. Isso porque a Internet é uma rede que funciona sobre IP, que de fato significa “Internet Protocol”. Trata-se de uma ampla pilha de protocolos que é o que permite que conectemos nossos dispositivos, como notebooks, e celulares à internet diariamente, sem a necessidade de passemos horas configurando a conexão de cada um. O protocolo foi pensado pra simplificar o uso dos equipamentos na rede, além de trazer consigo alguma vantagens inerentes da sua existência, como por exemplo, a capacidade de gerar diagnósticos de falhas, o tempo reduzido no desenvolvimento de novas aplicações, e certas garantias de que não importa o que seja desenvolvido, isso vai funcionar em qualquer dispositivo 40 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B capaz de implementar o protocolo IP. Essas características tornam o uso do IP atrativo mesmo quando não há necessidade de conexão direta com a internet. O maior problema disso tudo é que este protocolo é grande, complexo e está longe de ser adequado para redes de baixo consumo (de energia e dados). Ou seja, os pacotes trocados via IP são de grandes tamanhos e envolvem diversas camadas de codificação, criptografia, cabeçalhos e rodapés que acabam por aumentar muito a carga sobre as redes. Em se tratando de redes de banda larga isso não é um problema imediato, visto que estas redes foram projetadas para lidar com alta capacidade de dados. No entanto, quando o cenário pede por economia de energia em detrimento do tempo de vida das baterias e pequenas quantidades de dados trafegando, o protocolo IP se mostra tremendamente ineficaz. Este é exatamente o contexto de Internet das Coisas, e mesmo assim vemos muitas aplicações IoT que rodam diretamente sobre IP. Deve-se a isso o fato de os dipositivos de pequeno porte, cada vez mais trazem maior capacidade de processamento e memória, logo, lidar com protocolos complexos como IP acaba não sendo um problema tão grande. Contudo, quando a proposta é baixo custo e grande escalabilidade para dispositivos limitados em termos de processamento e memória (que representam uma enorme fatia do mercado de IoT), o uso do protocolo IP, invariavelmente eleva o custo final da solução. É por este motivo que vemos redes IoT que não são baseadas em IP. Neste caso a comunicação entre os dispositivos IoT ocorre por meio de protocolos mais simples e apropriados para dispositivos de baixo consumo, e haverá sempre a figura de um dispositivo concentrador ou âncora que faz a ponte entre a rede de coisas com a Internet. Este dispositivo é denominado Gateway. 41 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 21 - Diferenças entre protocolo IP e não-IP em redes IoT. Fonte: Autoria Propria As tecnologias de IoT, tiveram a sua origem nas redes móveis, ainda que tenham notáveis semelhanças com as redes de acesso sem fio. Nessa seção veremos algumas das padronizações e tecnologias mais relevantes neste mercado, e as suas características que as tornem mais adequadas em cada tipo de cenário e caso de uso. [11] 4.2.1 WiFi ISM Sub-gigahertz ISM 2,4 GHz Licenciada Baseada em IP Ecossistema confiável Longo alcance Eficiência energética Mobilidade Topologia Estrela Estrela estendida Mesh Em 1999, as pessoas que quisessem ter acesso a internet, teriam que contratar um serviço de internet fixa (normalmente discada) que era disponibilizada nos seus lares pelos provedores por meio de modem. Então os 42 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B usuários tinham que conectar os seus computadores por meio de cabos. Nesta época não existiam outros dispositivos que precisassem de conexão, a não ser os computadores. Ainda não existiam impressoras, geladeiras, videogames, smart-TVs, entre outros eletrônicos que precisassem de conexão. Somente quando as pessoas passaram a ter que conectar vários dispositivos à internet em suas casas é que as redes Wifi ganharam expressividade no mercado. E era basicamente este o seu principal propósito: facilitar as conexões domésticas, eliminando a necessidade de metros e metros de cabo. Atualmente, é a tecnologia que permite que conectemos nossos dispositivos à internet com alta vazão, robustez e confiabilidade, sendo que suas aplicações são predominantemente voltadas para uso indoor. Figura 22 - Evolução das redes Wifi. Inicialmente propostas para facilitar a conexão de dispositivos locais à internet, esta tecnologia ganhou robustez e se tornou o principal meio de acesso em ambientes indoor. Fonte: [35] Pela definição a tecnologia de WiFi, não pode ser enquadrada como IoT. Como vimos anteriormente, o que hoje se entende como sendo Internet das Coisas, surgiu quando o ser humano começou a conectar dispositivos de pequeno porte, ou de baixa capacidade computacional à internet. Ao passo que os dispositivos foram ficando cada vez mais compactos e inteligentes, observou- se que utilizar a internet de interface humana para comunicação destes dispositivos, além de um desperdício de recurso e subutilização dos sistemas, poderia ser significativamenteotimizada se a estrutura de comunicação (rede) fosse voltada para suas características de baixo consumo, e pequeno volume de dados. 43 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Mesmo assim, os eletrônicos capazes de se conectar em redes Wifi também foram ficando cada vez mais acessíveis e abundantes nas prateleiras, ao passo que mais e mais aplicações de comunicação M2M eram criadas para operar sobre sistemas Wifi. Por este motivo, mesmo sem se encaixar nos requisitos de baixo consumo (LPWAN), dispositivos de pequeno porte que utilizam Wifi como forma de transmissão de dados garantiram a participação desta tecnologia no grande mercado de IoT. Pesam contra o alcance limitado e o custo (cada vez menos) elevado. Porém, existe uma ampla oferta de kits de desenvolvimento e outros dispositivos que embarcam Wifi em suas versões mais simples. Atualmente a padronização Wifi encontra-se na sexta geração, a chamada WiFi-6, cuja padronização é IEEE 802.11/ax. Esta padronização mostra que a proposta do WiFi segue sendo conectar dispositivos à internet sem a dependência de cabos, porém de forma confiável e com alta vazão. Ainda assim, foram associados alguns protocolos para viabilizar a utilização de dispositivos de baixo consumo e banda estreita. Destaca-se como grande vantagem do Wifi o fato de operar sobre uma banda de frequência não licenciada, ou seja, o usuário não paga nada pelo uso das frequências. Contudo esta, que é uma grande vantagem para quem paga, é uma grande desvantagem para quem desenvolve: a característica que garante liberdade de espectro resulta em uma faixa extremamente congestionada. Isto deteriora o desempenho dos dispositivos, e torna mais complexas algumas operações nas etapas de desenvolvimento. A Figura 23 mostra como o espectro é dividido em várias bandas de operação. 44 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 23 - Canalização do Wifi em 2,4 GHz. Detalhe para as bandas em sobreposição, e a eficiência espectral, 𝜌, que corresponde a 2,7 bits por segundo por Hertz. Fonte: [36] 4.2.2 BLE ISM Sub-gigahertz ISM 2,4 GHz Licenciada Baseada em IP Ecossistema confiável Longo alcance Eficiência energética Mobilidade Topologia Estrela Estrela estendida Mesh Inventando pela Ericsson em 1994 para ser uma padronização de comunicação sem fio com o objetivo de conectar periféricos aos computadores sem a necessidade de cabos. Semelhante ao que vimos no WiFi, o Bluetooth também opera em 2,4GHz, contudo com velocidade limitada de até 2Mbps. As suas especificações são descritas pela norma IEEE 802.15. Justamente por se tratar de uma padronização, diversos fabricantes puderam embarcar seu uso em novas aplicações, sendo que uma das que mais alavancou o sucesso da tecnologia foram os chamados headsets para chamadas telefônicas “hands-free” 45 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B (Figura 24). Além disso, também sistemas de áudio que permitiam streaming à partir do celular, principalmente em automóveis foram e ainda são um dos principais usos pra esta tecnologia. [38] As redes Bluetooth dependem de uma âncora que pode se conectar simultaneamente a até 8 dispositivos, logo apenas a topologia estrela é permitida nesta padronização. Além disso, devido ao curto alcance e ao tipo de dispositivos que a utilizam, esta é tecnologia de conectividade se define por PAN – Personal Area Network. [39] Em 2010, foi introduzido pela Nokia o chamado Bluetooth Low Energy, com padrão incorporado no 4° release de sua norma, ou Bluetooth 4.0. Neste caso algumas melhorias foram feitas e algumas particularidades foram conferidas às conexões, priorizando o consumo de energia em detrimento da taxa de bits, justamente para viabilizar a comunicação entre dispositivos de pequeno porte em ambientes de curto alcance. Deste modo, a padronização se divide entre Classic Bluetooth, que abrange aos modelos de conectividades que não são orientados ao contexto de IoT, e BLE, ou Bluetooth Low Energy. Entre outras funcionalidades agregadas, os dispositivos BLE podiam ser utilizados como beacons, entre outras aplicações de geolocalização. Em 2013, a tecnologia chega ao seu release 4.1, e agregou funcionalidades interessantes que resultaram em melhorias no consumo de energia. Podemos citar como exemplo, a possibilidade de configurar o tempo de reconexão com mais liberdade, assim cada dispositivo pode “hibernar” por longos períodos e se reconectar rapidamente com a sua âncora. Nas versões anteriores, quando um dispositivo era colocado em modo de baixo consumo, e se desconectava, havia uma janela de tempo limitada para que ele pudesse reestabelecer contato com a âncora. Caso este tempo esgotasse, era necessário reconfigurar a conexão. Além disso, o os dispositivos passaram a poder operar Figura 24 - Uma das funcionalidades mais exploradas do bluetooth: chamdas hand-free, que se popularizaram cada vez mais conforme os novos celulares passaram a incluir cnectividade bluetooth. Fonte: [37] 46 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B como âncora, hub ou endpoint ao mesmo tempo. Com isso se tornou possível redes em topologia estrela estendida. Isto aumentava o alcance das redes e o número de dispositivos que poderiam se conectar. Em 2014, com a introdução do Bluetooth 4.2, algumas melhorias foram notadas principalmente sob os pontos de vista de segurança e privacidade de dados, além de uma melhoria na vazão, que poderia atingir até 800 kbps. Finalmente, foi dado aos dispositivos a capacidade de se conectar à internet por meio apenas da rede Bluetooth, era o chamado IP Support. [40] Em 2016, veio o quinto release, Bluetooth 5. Entre suas principais diferenças para as versões anteriores destacam-se o alcance quatro vezes maior, e a vazão que mais que dobrou, podendo atingir 2 Mbps. Além disso, o Bluetooth 5, permite configurar taxas de dados menores e assim priorizar o consumo energético para certos tipos de cenários. Em 2017, foi incorporada a funcionalidade que permitiu configurar redes mesh, e isso viabilizou inúmeras funcionalidades no campo de Home Automation, redes de sensores, inúmeras aplicações industriais, além de comunicação de longo alcance (se considerar a possibilidade das mensagens saltarem entre os dispositivos). [40] Figura 25 - Casos de uso para cada padronização do Bluetooth.Fonte: [41] O fato é que o Bluetooth foi criado para simplificar o uso de alguns periféricos de computadores pessoais, e desde que isso aconteceu inúmeras outras funcionalidades foram encontradas para esta tecnologia. Ao passo que a tecnologia evoluiu, um número ainda maior de possibilidades de uso surgiu, e hoje em dia, esta tecnologia de conectividade atende perfeitamente diversos cenários IoT. 47 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 4.2.3 Zigbee ISM Sub-gigahertz ISM 2,4 GHz Licenciada Baseada em IP Ecossistema confiável Longo alcance Eficiência energética Mobilidade Topologia Estrela Estrela estendida Mesh Apesar de compartilhar a faixa de frequências (2,4 GHz) com Bluetooth e Wifi, Zigbee é uma tecnologia de conectividade que foi concebida para lidar com conectividades do tipo LPWAN. Diferentemente do que se viu nas duas tecnologias anteriores, que surgiram como meio de facilitar a conexão de periféricos, o Zigbee já incorpora funcionalidades de conectividade que vão muito além do que a própria conexão. Em seus protocolos são estabelecidas funções não só para gerenciar a troca de mensagens e configuração dos dispositivos na rede, mas também para garantir acessibilidade e interoperabilidade de um ecossistema completo em nuvem. Sua padronização encontra- se definida pela norma IEEE 802.15.4. [42] Basicamente trata-se de uma pilha de protocolos necessárias para a certificação de um dispositivo Zigbee, em que é necessário cumprir requisitos de parâmetros do rádio, protocolosde comunicação, e as biblioteca de aplicações. Uma vez respeitados estes parâmetros, qualquer fabricante poderá produzir sua própria Figura 26 - Concepção de produto Zigbee. Fonte:[42] 48 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B solução em Zigbee, sendo esta uma das suas maiores vantagens: o ecossistema tecnológico que essas características propiciam. [42-44] Outra diferença notória entre estas tecnologias, é que o Zigbee implementa de forma nativa a topologia mesh. Esta característica garante maior cobertura, maior confiabilidade, pois a mensagem tem diversas possibilidades de caminhos dentro da rede. Sobre esta topologia trafegam pacotes de pequenos tamanhos, o que diminui a latência de comunicação e também o consumo de energia. As taxas de dados são limitadas em 250kbps, tanto para o fluxo de mensagens quanto para as interfaces de configuração dos dispositivos. Esta vazão limita o uso de Zigbee para algumas aplicações, e por este motivo seu uso tem sido mais predominante no contexto de smart-home, smart-building, principalmente com foco em sistemas de controle de iluminação domésticos e sistemas de segurança e controle de acesso. Se por um lado, Zigbee limita as aplicações por uma limitada vazão de dados, por outro lado esta tecnologia apresenta níveis baixíssimo de consumo energético, que podem ser consideravelmente otimizados quando incorparadas as funcionalidades do Zigebee Green Power, que permitem até mesmo o emprego dispositivos sem baterias (batery-less devices). Neste caso, falam-se em aplicações de tão baixo consumo que os dispositivos dispensam a necessidade de serem alimentados, pois são capazes de capturar energia disponível do ambiente (luminosa, térmica, mecânica, etc...). 4.2.4 LoRa ISM Sub-gigahertz ISM 2,4 GHz Licenciada Baseada em IP Ecossistema confiável Longo alcance Eficiência energética Mobilidade Topologia Estrela Estrela estendida Mesh 49 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Desenvolvida pela empresa norte-americana Semtech, é uma das tecnologias mais abrangentes no mercado de IoT de espectro não licenciado (do inglês “license-free”), que opera na banda ISM sub-gigahertz. Enquadra-se na categoria de redes LPWAN, que sua padronização estão definidos protocolos próprios de comunicação e (LoRaWAN) e o hardware proprietário fornecido sob licença da Semtech. [45-47] O termo “LoRa” é um acrônimo para “Long-Range”, ou longo alcance, sendo esta a característica mais marcante do protocolo. Estão reportados na literatura experimentos com enlaces LoRaWAN com mais de dez quilômetros de alcance. Esse potencial de cobertura não se deve a uma modulação robusta que permite que sinal na recepção seja recuperado de forma inequívoca mesmo que recebido a baixíssimos níveis de intensidade. Para o LoRaWAN, são aceitáveis níveis de recepção na ordem de −120 dBm, ou seja, algo em torno de 1 fW, ou 1 × 10−15 W. A isto se devem elaboradas técnicas de espalhamento espectral, que podem ser entendidas como a “diluição” da informação em uma grande faixas de frequências. [45-47] Europa América Faixas de frequência 867 ~ 869 MHz 902 ~ 928 MHz Canais 10 64 BW Up-link 125 kHz 125 ou 250 kHz BW Down-link 125 kHz 500 kHz Potência TX (device) 14 dBm Até 30 dBm Potência TX (gateway) 14 dBm 27 dBm Taxa de bits 0,25 ~ 50 kbps 0,98 ~ 21,9 kbps Link Budget UP 155 dB 154 dB Link Budget DOWN 155 dB 157 dB Tabela 1 - Alguns parâmetros relevantes para LoRaWAN. Fonte: [46] Como a faixa de frequências ocupada pela mensagem transmitida é muito maior do que a faixa efetivamente requerida pela mensagem, a aplicação fica limitada a taxas de comunicação muito baixas, entre 250 bps e 50 Kbps, aproximadamente. Redes LoRa são necessariamente estabelecidas em topologia estrela. Ou seja, há um concentrador que conversa com todos os dispositivos conectados separadamente. Ou seja, num dispositivo nunca conversa diretamente com 50 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B outro. Isto é bem parecido com a arquitetura das redes móveis, apresentadas na seção anterior. Outra característica que marca esta tecnologia são as classes dos dispositivos, que limitam as possibilidades de uso. Podem ser: ➢ Classe A: Neste caso é permitido que os dispositivos ligados à rede iniciem uma comunicação com o concentrador a qualquer momento. E neste caso, o concentrador poderá responder a requisição em somente janelas de tempo bem definidas após esta requisição. [46] ➢ Classe B: Os dispositivos implementam as funções da Classe A, porém existem mais janelas de recepção em que o concentrador pode enviar mensagens aos dispositivos da rede. [46] ➢ Classe C: Neste caso não existe a ideia de janela de recepção, pois os dispositivos podem receber mensagens a qualquer momento. Na prática é como se a janela de recepção fosse contínua e nunca fechasse. A vantagem disso é que a latência é reduzia em detrimento do consumo de energia, que aumenta expressivamente, pois esta configuração exige que o dispositivo fique alerta o tempo todo. [46] A Figura 27, permite a visualização de como cada classe pode ser mais adequada na relação de compromisso entre latência e autonomia de baterias. Figura 27 – Relação de compromisso entre as diferentes classes de dispositovos LoRa e os seus desempenhos quanto autonomia de bateria e latência. Fonte:[46] 51 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B 4.2.5 Sigfox ISM Sub-gigahertz ISM 2,4 GHz Licenciada Baseada em IP Ecossistema confiável Longo alcance Eficiência energética Mobilidade Topologia Estrela Estrela estendida Mesh Diferentemente do que se vê em redes como WiFi e Zigbee, por exemplo, em que a âncora ou gateway fazem parte da rede de um cliente, no Sigfox esta função é desempenhada por um operador, tal como ocorre nas redes de telefonia móvel. Deste modo, a cobertura da rede depende dos provedores de serviço e não do investimento de um cliente interessado. Inclusive, é de se esperar que o cliente opte por uma rede Sigfox por causa da ampla cobertura, principalmente em grandes centros urbanos. É principalmente por conta de uma figura central que administra e coordena a rede, que seu uso é extremamente simples, tornando ágeis os desenvolvimentos e integração. [48,49] Mas, se por um lado a tecnologia Sigfox traz o que há de melhor dos dois mundos, que seria a garantia de serviço e disponibilidade das redes móveis, com os baixos custos e consumo das redes IoT, esta tecnologia também traz consigo as desvantagens. Ou seja, para um perfil de uso em áreas rurais ou remotas, a provisão de serviços pode ser precária ou inexistente. Além disso, há a tarifação sob mensagens trocadas. Neste modelo de negócio, os clientes compram uma quantidade de mensagens que cada dispositivo pode trocar com a nuvem por mês, tal como é feito com planos de dados móveis ofertados pelas operadoras de telefonia. Em se tratando de um contexto em que são previstas quantidades massivas de dispositivos em cada rede, o custo pode acabar ficando igualmente massivo. 52 FIT-F.24.1.01-04 Rev. B Figura 28 - Cobertura Sigfox na região de São Paulo. As cores azuis representam as áreas com disponibilidade da rede Sigfox. Fonte: [48,49] Em 2019, seguindo a tendência das redes privadas de IoT, a empresa que administra e coordena a tecnologia, a Sigfox SA, liberou a possibilidade para redes privadas. Ou seja, até então um usuário Sigfox apenas precisava de dispositivos capazes de se conectar à rede, pagar pelo serviço e utilizá-lo da forma como for mais conveniente. Neste contexto a maior parte dos custos envolvidos são de natureza OPEX. À partir desta atualização, grandes corporações, prefeituras e outros organismos governamentais passaram a poder adquirir as suas próprias redes Sigfox, e com isso, ao invés de pagar pelo serviço, os equipamentos podem ser adquiridos e com isso tem-se
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