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Prof. Marilene Bretas 
Considerando os textos acima, responda às perguntas 1 e 3 desse estudo dirigido.
1) Qual a política migratória adotada pelo Brasil para os venezuelanos? 5,0
O governo federal, para gerenciar a situação dos mais de 250 mil imigrantes venezuelanos vivendo no país, adotou, inicialmente, uma política migratória possibilitando a concessão de autorização de residência temporária para esta população. No período de 2017 a 2018, o Brasil concedia apenas proteção complementar pela via da autorização de residência temporária, muito embora os venezuelanos continuassem a tentar acessar o refúgio, assumindo provisoriamente a condição de solicitantes.
Posteriormente, em 2019, o entendimento da situação destes venezuelanos foi alterado passando a ser entendida como uma grave e generalizada violação de direitos humanos, fazendo com que o governo federal adotasse a situação como um caso de refúgio. 
Assim, até refúgio ser reconhecido, restou aos migrantes venezuelanos, até a definição da política migratória adotada pelo Brasil, a tarefa de transitar, de 2017 a 2019, entre as situações de solicitante de refúgio, residente temporário até conseguirem acessar, então, o de refugiado, pois institucionalmente, houve modificações nas interpretações burocráticas que levaram o caso a circular entre o CNIg e o CONARE.
2) Faça uma pesquisa sobre a resposta dada pelo governo brasileiro para a imigração afegã e ucraniana. Por que o Brasil adota medidas migratórias diferentes para os afegãos, ucranianos e venezuelanos? 5,0 
De acordo com as portarias interministeriais do Ministério da Justiça e Segurança Pública, as medidas migratórias adotadas para cidadãos afegãos e ucranianos, têm como políticas públicas de auxílio, o acolhimento temporário, onde o visto tem o prazo de cento e oitenta dias, ou seja, o governo federal não adotou o entendimento de refugiados para estas populações. Por outro lado, para os migrantes venezuelanos, o Brasil, em 2019, adotou entendimento da situação destes migrantes como uma grave e generalizada violação de direitos humanos, fazendo com que o governo federal adotasse a situação como um caso de refúgio.
Para alguns estudiosos, o tratamento distinto para as populações de migrantes tem embasamento em questões de políticas eleitorais. Estes pesquisadores têm a visão que a mudança de medida migratória para os migrantes venezuelanos se justifica nas críticas do Presidente Bolsonaro à esquerda e ao regime de Nicolás Maduro, evidenciando a ineficácia e incompetência dos governos de esquerda. Estas críticas férias pelo mandatário brasileiro, seriam uma forma indireta (ou direta) de atingir o Lula, candidato rival à presidência. Cabe ressaltar que a mudança da medida migratória se deu por uma continuidade da Operação Acolhida, iniciada ainda na gestão de Michel Temer, em 2018, e também pelo reconhecimento da Venezuela como um país de grave e generalizada violação de direitos humanos, ocorrido em 2019, embora esse status tenha sido reivindicado junto ao governo federal pelo menos desde 2017 por integrantes da sociedade civil ligados à temática migratória.
3) Aponte os motivos pelos quais a República Dominicana é considerada como exemplo máximo de apatridia no continente americano. (5,0)
Para uma análise sobre os motivos de a República Dominicana (RD) ser considerada exemplo máximo de apatridia, é necessário avaliar as origens dos conflitos nos períodos decoloniais e pós-coloniais, sendo uma importante ferramenta histórica para desenho do entendimento. A atual situação encontrada na RD pode ser entendimento por meio de quatro aspectos, sendo eles, a representação do Outro, a hierarquização fundada na raça, a negação do protagonismo dos Haitianos e, por fim, a reprodução da colonialidade nas elites dominicanas, que passam a se identificar como o colonizador. Por meio destes quatro aspectos, é possível associarmos, principalmente, o racismo à tragédia de apatridia na RD. Com isso, existem algumas conexões e algumas chaves para o entendimento que os impactos da colonização Francesa e Espanhola, nos dois países, refletem até hoje sobre as decisões políticas, impactando diretamente na promulgação de normas e nas práticas institucionais na República Dominicana. 
Na tentativa de negar o pertencimento nacional, o governo da República Dominicana impõe uma condição de apatridia sobre os cidadãos haitianos, na qual consideram estes diferentes e inferiores segundo a lógica da modernidade colonial. Por fim, entende-se que todas essas ações de desnacionalização, negando-se então a nacionalidade desses descendentes haitianos na RD, englobam-se em um processo de cunho histórico de hierarquização das subjetividades negras e às adversidades a suas existências, exacerbando a convergência entre racismo e a colonização.

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