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RESENHA - A DESAMAZONIZAÇÃO DA AMAZÔNIA CONFLITOS AGRÁRIOS, VIOLÊNCIA E AGROBANDIDAGEM

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PARTE I – A DESAMAZONIZAÇÃO DA AMAZÔNIA: CONFLITOS AGRÁRIOS, VIOLÊNCIA E AGROBANDIDAGEM
O ano de 2016 foi marcado pelo impeachment da então presidente Dilma Rouseff, resultado da insatisfação da elite política. O golpe foi o estopim para o cenário de retrocesso social que o povo brasileiro vivencia atualmente, refletido principalmente nas populações mais vulneráveis como pobres, assalariados, aposentados e as comunidades rurais. Em suma, pode-se afirmar que o Brasil se tornou um país habitável para apenas uma pequena parte de sua totalidade.
O cenário ambiental brasileiro infelizmente segue a mesma linha de retrocesso. As políticas de gestão sustentável, proteção dos ecossistemas e direitos territoriais foram enfraquecidas à proporção que uma dinâmica negativa, e até perigosa, se instalou. A qual o Estado enxerga essas políticas de proteção ao meio ambiente como um impasse e não como aliadas à evolução do país.
Esse quadro pode ser observado com o desmatamento ostensivo no atual governo, prejudicando diretamente os povos indígenas, comunidades tradicionais e o campesinato regional. Ao passo que constrói um cenário evidentemente favorável para o agronegócio, o qual se beneficia dessas políticas neoextrativistas, apropriando-se cada vez mais das terras públicas e desterritorializando os povos amazônicos em larga escala. Afinal para eles a terra e a natureza são apenas objetos de apropriação econômica e dominação social.
Na década de 60, em plena ditadura militar, o Estado deu início a chamada modernização da Amazônia através de políticas de reordenamentos espaciais afim de que a região se adaptasse ao capital extrativo. A intenção dessas ações foi de destravar certo isolamento geoeconômico gerando conexões comerciais entre o país para que este então pudesse entrar no ramo internacional com a exploração dos recursos naturais. Em outras palavras, o Estado quis expandir a fronteira agrícola, e por conseguinte, a commoditização da Amazônia.
Consoante ao projeto, houveram mudanças significativas na região como grandes projetos de infraestrutura, migração e colonização, crescimento populacional, expansão da rede urbana e etc. Esse processo de urbanização foi uma das características principais da fronteira agrícola pois serviu de base para conversão da sociedade à lógica de expansão capitalista. O resultado disso foi um crescimento populacional acima da média nacional na época.
Esse fluxo migratório, que em sua maioria originada no eixo sul-sudeste, foi constituindo uma sociedade regional desconforme aos referenciais socioculturais amazônicos. De forma análoga, a teoria de Darcy Ribeiro referente às formações socioculturais trás o conceito de sociedades transplantadas. Nesse contexto, observa-se a formação de uma sociedade migrante que não valoriza referências simbólicas e culturais da Amazônia, tal qual a natureza, rios, florestas, povos originários e comunidades tradicionais. 
É uma sociedade que não se enxerga amazônida, pelo contrário, caracteriza-se numa sociedade simbolizada pela valorização agronegócio, destituindo as singularidades culturais expressas nas populações caboclas, povos originários e comunidades tradicionais. Ademais, há o fortalecimento do neoextrativismo nesse meio, expressa pela formação de organizações políticas dos grupos regionais em defesa do agronegócio como o único caminho socioeconômico possível para o crescimento na região.
É certo que esse cenário gera conflito com as questões ambientais, e a principal delas é o desmatamento. O qual gera os maiores impactos ambientais na região, sendo o problema central para qualquer política pública territorial. Esse grupo resolveu agir contra as políticas ambientais se direcionando às Unidades de Conservação, Terras indígenas e quilombolas, haja vista que, eles são antagonistas aos valores do capital extrativo. Agindo de forma respeitável e indissociável com a natureza.
Em face a isso, o fruto dessa problemática denominado pelo autor como “agrobandidagem” é conceituado como uma estratégia dessas forças políticas aliadas ao agronegócio expressa através de violência contra as lideranças e ativistas dos movimentos sociais, no crime ambiental, na expulsão e ameaças aos sujeitos que vivem em áreas protegidas afim de financiar o roubo de madeira, garimpos e grilagem. Dessa forma, é fortalecido a ideia de desterritorialização dos povos originários e comunidades tradicionais através das ações desses grupos organizados.
Do outro lado, os povos indígenas, comunidades tradicionais, posseiros, pequenos produtores rurais e movimentos sociais atuam no campo sofrem com ações de resistência e enfrentamento pela posse, uso e propriedade da terra e pelo acesso aos recursos naturais. Esses conflitos por terra evidenciam a fragilidade da condição humana dos sujeitos violados de seus direitos de existir, viver e permanecer em suas terras de trabalho e territórios tradicionais. Os quais são protegidos, regulamentados em lei e reconhecidos pelo Estado brasileiro, mas que infelizmente na prática não se aplica essa seguridade. 
Pelo contrário, o cenário do Brasil atual é composto por um governo aliado a bancada ruralista que juntos tramam contra a proteção dessas áreas. Utilizando o argumento central do capital extrativo que se resume em reduzir as unidades de conservação para expandir o agronegócio, utilizando do argumento de estimular o crescimento econômico e a produção de alimentos. Podendo-se observar claramente que apenas a elite se beneficia dessa prática em detrimento de uma sociedade brasileira que sofre com a insegurança alimentar.

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