Buscar

Ebook_pensamento_crítico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PENSANDO BEM
O BÁSICO DO PENSAMENTO CRÍTICO
Evelyn Lima e Vitor Lima
2
Mestre em Filosofia pela UFRRJ, é
apaixonada por educação e
desenvolvimento de pessoas. Trabalhou
com formação de adultos de todo o país
e, com essa experiência, aprendeu que
uma boa comunicação e uma boa
capacidade de argumentação nos tornam
muito mais prontos para falar com
qualquer pessoa em qualquer contexto.
Licenciado em Filosofia pela
UFRRJ, atua como Professor de
Argumentação e Produção Textual há 4
anos no Ensino Básico. Escolheu os
estudos filosóficos devido à paixão por
compreender os aspectos mais
essenciais da realidade. Decidiu ser
professor de Redação graças à paixão por
estruturar argumentos.
AUTORES
EVELYN LIMA
VITOR LIMA
O Isto Não É Filosofia (INÉF) objetiva usar o pensamento filosófico
para auxiliar você a pensar por conta própria, inclusive, em
situações não filosóficas. Acreditamos que pensar de modo mais
claro, organizado e profundo torna você uma pessoa interessante
e única. Nesse sentido, este livro traz a teoria básica para ajudar
você a construir seu pensamento crítico.
PENSANDO BEM
O BÁSICO DO PENSAMENTO CRÍTICO
SUMÁRIO
05
17
30
42
52
INTRODUÇÃO
01
6
Qual definição de pensamento crítico vem à sua mente
quando alguém diz que você precisa pensar de modo crítico?
É possível que seja algo negativo, que envolva falar mal de
algo que leu, ouviu ou viu. Porém, a teoria e a prática estão
bem distantes disso.
À medida que avançarmos, você vai aprender que
pensar criticamente não deve ser considerado sinônimo de
criticar – no sentido de simplesmente falar mal. Aprender a
pensar criticamente pode habilitar você a avaliar um
argumento ou uma afirmação, mas seu pensamento será
originado de uma consideração bem fundamentada, ao invés
de um julgamento rápido e irrefletido.
Vamos explicar o conceito e a atividade envolvidas
no pensamento crítico. Vamos construir uma definição
cotidiana de pensamento crítico e identificar o que não é
pensamento crítico. Também mostraremos a você o
propósito e o valor do pensamento crítico.
7
PENSAMENTO CRÍTICO é a aplicação cuidadosa da
razão para decidir em que acreditar e, portanto, como agir.
Destaque para as partes importantes da definição:
1. Pensamento cuidadoso (sensatez)
2. Uso da razão (lógica)
3. Julgamento sobre crenças (avaliação)
4. Aplicação a problemas reais (ação)
Vamos analisá-las uma a uma.
Pensamento crítico não é um processo rápido ou fácil.
Mesmo que você saiba os fundamentos, para executar
corretamente, é necessário que você amadureça suas
habilidades na prática e no tempo.
Agir com cuidado e prudência exige que você tenha
propósito em sua avaliação – que ela não seja aleatória e
simples fruto de sua reação emocional. Também requer que
você aja com minúcia – atenção aos detalhes.
Para pensar criticamente, você tem que focar no
problema em questão, levando em consideração toda a sua
complexidade, amplitude e profundidade.
Pensamento crítico não é passivo. O objetivo não é
simplesmente decidir entre aceitar ou rejeitar um
argumento, como se fosse um simples registro de prós e
contras.
PENSAMENTO CUIDADOSO
9
Certamente, existem
casos relativamente fáceis – ou é
preto, ou é branco. Por exemplo, há
centenas de anos, as pessoas
disseram que os navios que
velejassem para o leste da Europa
cairiam no espaço porque a terra é
plana. Não é preciso ser
especialista em pensamento crítico
para ver que se trata de uma
opinião muito fácil de rejeitar –
supondo que você saiba que a terra
não é plana.
Na prática, porém, precisamos
pensar sobre alegações mais
complexas, que contêm muito mais
cinza que preto ou branco. Então,
nesses casos, é muito mais difícil
dizer que simplesmente
concordamos ou discordamos.
Além disso, mais que discordar, o
importante é saber por quê. Do
contrário, você não sabe se está
pensando por você ou
simplesmente adotou uma opinião
sem refletir.
P
EN
SA
M
EN
TO
 C
U
ID
A
D
O
SO
10
Pensamento crítico é um processo ativo destinado a nos
movimentar na aula, no trabalho ou em qualquer outra
comunidade à que pertençamos, para uma maior
compreensão dos problemas ali tratados. Para que isso
aconteça de forma eficaz, pensamento crítico requer
aplicação da razão.
É preciso ter fitas métricas para avaliar se um
argumento é produto de um bom raciocínio. É necessário
comparar raciocínios com outras formas de julgar ou reagir a
afirmações. Por exemplo, as pessoas muitas vezes tomam
decisões baseadas em pura emoção, intuição ou fé.
Utilizar a razão não significa necessariamente jogar fora
a sensibilidade – emoção, intuição e fé. Não se trata de um
processo frio e sem coração, mas o pensamento crítico
requer colocar essas outras formas de pensar sob o
microscópio da razão.
Por exemplo, muitas pessoas decidem não tentar certas
atividades porque dizem coisas como “Estou com muito
medo de viajar de ônibus à noite”. O medo, como todas as
emoções, pode ser justificado ou infundado. Quando
expomos essa resposta emocional à razão, podemos avaliar a
questão de modo mais seguro.
USO DA RAZÃO
11
Existem boas razões para ter medo de viajar de ônibus à
noite?
• Trata-se de uma área com altos índices de
criminalidade?
• A estrada está em boas condições ou cheia de
buracos?
• Há notícias de acidentes frequentes no trecho da
viagem?
Ao fazer esses tipos de pergunta, podemos avaliar se
nossa emoção – no caso, o medo – é produto de uma
avaliação razoável ou completamente infundada.
USO DA RAZÃO
12
Quando queremos aplicar pensamento crítico, o
objetivo é determinar se a afirmação diante de nós é
verdadeira ou não e, em seguida, usar essa avaliação para
decidir que ação tomar. Em última análise, somos solicitados
a tomar uma posição em relação à verdade ou aceitabilidade
de algo que lemos, ouvimos ou assistimos.
Mas por que precisamos tomar uma posição?
Vamos considerar o seguinte cenário. Uma de suas
aulas exige que os alunos concluam um projeto em grupo
que valerá cinquenta por cento de sua nota final. Você é
colocado num grupo com quatro outros alunos. Em seu
primeiro encontro, um dos membros diz:
“Eu já fiz todo o projeto. É um saco, e ninguém gosta de
trabalhar em grupo. É muito difícil dividir as partes. Ninguém
nunca fica feliz com a sua. Todos acabam brigando. Da última
vez, decidimos que cada um faria o projeto inteiro,
votaríamos no melhor, para só então entregarmos ao
professor. Devemos fazer a mesma coisa agora.”
JULGAMENTO E AÇÃO
Esse é um bom argumento? Você concorda com todas
as alegações que ele fez? Essas alegações conduzem
necessariamente à conclusão sobre como lidar com o
projeto? Existe uma maneira melhor de lidar com a situação?
Lembre-se de que 50% de sua nota final está em jogo.
Seu colega crê que projetos em grupo não funcionam.
Se você simplesmente aceitar a crença dele sem questionar,
pode vir a compartilhar uma opinião herdada. Uma opinião
herdada é uma crença de que algo é o caso simplesmente
porque alguém disse a você que era o caso.
JULGAMENTO E AÇÃO
14
É verdade que aceitamos
opiniões herdadas sobre muitos
tópicos. Frequentemente nossas
crenças morais e políticas foram
transmitidas por nossas famílias ou
culturas. Quantos de nós poderia
realmente fornecer evidências ou
razões para essas crenças?
Frequentemente, porém,
somos obrigados a fazer isso.
Vivemos num mundo em que as
pessoas têm pontos de vista muito
diferentes sobre muitos tópicos.
Indivíduos, comunidades, empresas
e governos precisam decidir o que
fazer em muitas questões que são
objeto de fortes desacordos.
Pensamento crítico nos ajuda
a oferecer razões sobre quais ações
deveriam ser tomadas e avaliar
efetivamente as razões oferecidas
por outros.
JU
LG
A
M
EN
TO
 E
 A
Ç
Ã
O
15
Considere este cenário. Você trabalha como
recepcionista de uma escola. Está nessa posição há alguns
anos e procura chamar a atenção de sua supervisora. Sabe
que há uma posição de gerentede marketing. Felizmente,
uma oportunidade se apresenta. Sua supervisora pergunta a
você e a seu colega de trabalho, que também é um
recepcionista, em que vocês consideram que a empresa deve
se concentrar para um próximo anúncio de campanha. Deve
investir mais recursos em mídia tradicional, como anúncios
impressos e TV, ou em mídias sociais voltadas para o público
local?
Querendo parecer que está atualizada, você responde
rapidamente: “Com certeza em mídias tradicionais”. Seu
colega de trabalho não responde imediatamente, mas no dia
seguinte oferece uma avaliação: “Devemos continuar online
nas redes sociais. Anexei um relatório detalhado mostrando
tendências recentes e pesquisas de mercado com dados e
demonstrações. Avaliei o aumento do retorno sobre o
investimento de campanhas de mídia social em comparação
com mídias tradicionais”.
Quem você acha que vai chamar a atenção do
supervisor? O funcionário que fez uma alegação sem
embasamentos sobre o que fazer (você) ou o funcionário
que ofereceu provas fundamentadas para sua alegação?
JULGAMENTO E AÇÃO
16
Dedicar algum tempo a pensar
criticamente fornece visão e
compreensão que não teríamos
desenvolvido sem esse
procedimento. Pensamento crítico
nos fornece justificativas para
tomar ou não certas ações e nos dá
propriedade sobre nossas crenças.
Por meio do pensamento
crítico, desenvolvemos as
habilidades que nos permitem
saber por que acreditamos no que
acreditamos. Podemos oferecer
evidências e razões para defender
nossas crenças e essa
fundamentação nos leva a ações
coerentes com o que acreditamos.
Em última análise, temos
verdadeira liberdade de
pensamento e opinião, que surge
quando sabemos em que
acreditamos e por que acreditamos.
JU
LG
A
M
EN
TO
 E A
Ç
Ã
O
IDENTIFICANDO 
ARGUMENTOS
02
18
Como você sabe, o pensamento crítico permite que
você aplique a razão para avaliar algo que você lê, ouve ou
vê. Ao pensar criticamente sobre um argumento, você pode
analisá-lo e concluir se o considera certo ou errado, forte ou
fraco. Mas, antes que você possa analisar algo que ouviu ou
leu, deve primeiro saber se é mesmo um argumento ou não.
Isso pode parecer óbvio à primeira vista, mas você verá que
nem sempre é o caso.
O que é um argumento?
Primeiro, é importante reconhecer que um argumento é
feito para responder a um problema específico, oferecendo
uma posição e fornecendo razões que sustentam essa
posição. Basicamente, um argumento consiste em duas
partes:
1) uma ou mais premissas, e
2) uma conclusão.
Essas duas partes devem trabalhar juntas a fim de
oferecer uma determinada posição sobre um problema.
Num argumento, as premissas objetivam fornecem as
razões para se pensar que a conclusão é verdadeira.
19
Por exemplo, uma aluna diz a seu professor: "Minha avó
morreu, e tive que faltar à aula para ir ao funeral”. O
problema em questão é se a aluna deve ser dispensada ou
não, que é sua conclusão. Ela acredita que a conclusão
oferece uma razão - assistir ao funeral da avó - para defender
essa conclusão. Essa razão é a premissa do argumento. O
professor pode, então, avaliar se ela ofereceu um bom
argumento ou não.
20
Avaliar significa fazer duas coisas:
• Primeiro, decidir se as premissas são verdadeiras
ou, ao menos, razoáveis.
• Segundo, determinar se as premissas estão
logicamente relacionadas à conclusão.
Neste capítulo, vamos quebrar a definição de um
argumento, concentrando-nos em quatro pontos:
1. Premissa
2. Conclusão
3. Aplicação da razão
4. Relação entre premissas e conclusões
21
Quando alguém oferece um argumento, oferece sua
posição sobre algum assunto em questão.
Imagine que um de seus colegas esteja fazendo um
curso de internet no qual você estava pensando em se
inscrever. Quando você pergunta sobre o curso, ele diz, “De
jeito nenhum! Não pague R$ 799!“. Para convencer que isso
é verdade, ele lhe fornece um ou mais motivos. Ele pode
dizer que “O professor é entediante”, ou que “As leituras são
muito difíceis”, ou que “Não há tempo suficiente para
discussão”.
Essas afirmações sobre o curso são as premissas do
argumento. Elas fornecem a base sobre a qual a conclusão -
que você não deve se inscrever no curso – se fundamenta.
Para analisar um argumento, uma coisa que você deve
fazer é identificar as premissas. Pergunte a si mesmo:
• "Que razões ou evidências essa pessoa forneceu
para sua conclusão?"
• "Por que o autor acha que esta é a resposta?"
PREMISSAS
Às vezes, a pessoa que apresenta o argumento torna o
trabalho mais fácil para você usando palavras-chave que
servem como indicadores de premissas: "porque", "devido
a", “isso porque", "dado que" e assim por diante. Esteja
ciente de tais palavras, mas não dependa totalmente delas -
nem sempre aparecem em um argumento real.
Além disso, às vezes há premissas não declaradas ou
implícitas. A pessoa que argumenta talvez omita um fato ou
motivo, supondo que você já saiba desse fato ou que será
dado como certo.
Depois de identificar as premissas, você precisará
avaliar sua verdade ou força. Vamos conversar mais sobre
como fazer isso posteriormente.
PREMISSAS
23
Agora vamos ter certeza de que a noção de conclusão
do argumento está clara para você. Nesse contexto, o termo
‘conclusão’ está sendo usado de forma diferente do
costumeiro.
Quando falamos sobre a conclusão de um argumento,
não queremos dizer um resumo do que foi dito (como pode
ser encontrado neste livro inclusive, na parte final, quando
fornecemos a síntese do que dissemos).
Em vez disso, a conclusão de um argumento é o que se
segue das afirmações feitas; é a declaração final da posição
que alguém está tomando sobre um problema.
Imagine que você está conversando com seu
coordenador no trabalho.
O coordenador diz: "Estou pensando que deveríamos
dar um recesso à equipe”. Pensando em como as coisas
estão por lá, você responde: "Sim, parece que algumas
pessoas não estão muito bem. E temos vários projetos
importantes que não estão sendo realizados, porque
ninguém está trabalhando como deveria". Você também
acredita que os membros da equipe não estão se
comunicando muito bem uns com os outros. Tendo
considerado uma série de premissas relacionadas, você
então chega à conclusão de que “Sim, deveríamos conceder
um período de recesso a todos”.
CONCLUSÃO
24
Observe que seu
coordenador pode examinar
criticamente seu argumento,
avaliando as premissas e a
conclusão. Ele pode concordar que
suas premissas são verdadeiras,
mas isso não significa que ele
necessariamente precisa concordar
com sua conclusão.
Ele pode decidir que suas
premissas não fornecem razão
suficiente para o recesso (que pode
acarretar perda de tempo na
produtividade, tirando um dia das
tarefas normais), ou que existe uma
maneira melhor de resolver as
tensões de escritório que você
identificou.
C
O
N
C
LU
SÃ
O
25
Ao argumentar, um indivíduo confia na razão para
defender uma conclusão particular – ao invés de
simplesmente descarregar emoção, intuição ou fé.
Por exemplo, um funcionário que diz a seu chefe "Por
favor, me dê um aumento. Eu realmente preciso ganhar mais
dinheiro para comprar uma casa maior" está tentando apelar
para as emoções de seu chefe, esperando que ele se sinta
mal. Ainda que uma casa maior seja necessária, o
funcionário não está realmente oferecendo um argumento.
Ele simplesmente está tentando persuadir seu chefe a
concordar com seu desejo. Para realmente apresentar um
argumento, o funcionário poderia enumerar suas realizações
no local de trabalho, projetos que conduziu, prazos que
cumpriu e outras razões concretas que poderiam justificar
um aumento.
Considere outro exemplo. Um advogado de defesa
aponta para a roupa chique e para a feição de seu cliente e
pergunta ao júri: “Falem a verdade, meu cliente parece capaz
de matar?" Isso é um argumento? O advogado ofereceu ao
júri razões reais a partir das quais derivar a conclusão
pretendida – a de que “Não, claro queele não é capaz
disso”?
APLICAÇÃO DA RAZÃO
26
Quando alguém propõe um
argumento, acredita que as
premissas que oferece justificam ou
apoiam a conclusão. O objetivo de
aplicar o pensamento crítico aos
argumentos é avaliar se isso
realmente ocorre. A premissa
realmente leva à conclusão? Se o
argumento for bom, a resposta será
sim. Se for um argumento fraco, a
resposta pode será não.
Lembra quando você
perguntou ao seu colega sobre
realizar o curso? Imagine se, em vez
de dizer a você como era o curso,
ele dissesse, "Não faça o curso. Eu
odeio esse curso. É tudo gravado, e
eu não gosto de cursos gravados."
A fim de apoiar sua conclusão de
que você não deve assistir às aulas,
as premissas são que
• “O curso é gravado” e
• “Ele não gosta cursos
gravados”.
R
ELA
Ç
Ã
O
 EN
TR
E P
R
EM
ISSA
 E C
O
N
C
LU
SÃ
O
27
Agora, essas premissas realmente informam se você
deve fazer essa aula? O que a antipatia do seu colega por
cursos gravados tem a ver com você?
Quando você analisa um argumento, não deve apenas
avaliar as premissas e conclusões separadamente. Você
precisa considerar a relação entre elas. Se as premissas não
tratam diretamente da questão - nesse caso, “Devo fazer
este curso” - então não oferecem suporte de verdade.
Portanto, você está diante de um argumento fraco.
RELAÇÃO ENTRE PREMISSAS E CONCLUSÃO
28
Às vezes, pode ser difícil dizer se alguém está
apresentando um argumento - ou se o argumento é bom -
porque as peças da máquina estão faltando. As pessoas nem
sempre explicam seus argumentos de modo claro.
Você já ouviu a frase "Isso nem é preciso dizer"? A
palavra “isso” indica uma premissa não declarada - aquela
que, por algum motivo, é simplesmente assumida em vez de
explicitamente apresentada.
Por exemplo, considere o seguinte argumento: "Não é
preciso trabalhar. Se você prefere jogar vídeo game por
diversão, então não trabalhe." A suposição não declarada
aqui – a que "nem é preciso dizer" – é que “as pessoas só
devem fazer o que querem”. “Você quer jogar vídeo game
por diversão”, portanto “você deveria fazer isso ao invés de
conseguir um trabalho”.
No exemplo discutido anteriormente, quando o
advogado perguntou ao júri se realmente acreditava que seu
cliente era capaz de cometer um crime, a premissa não
declarada é de que “Pessoas com aparência respeitável não
cometem assassinato”.
O problema com premissas não declaradas não é que
são verdadeiras ou falsas. O problema é elas permanecerem
ocultas, e sua análise ficar comprometida.
RELAÇÃO ENTRE PREMISSAS E CONCLUSÃO
Nem todas as premissas não declaradas serão
verdadeiras ou razoáveis. Se você não as descobrir e expor o
furo no argumento, isso pode prejudicar sua avaliação.
Se você é quem está propondo o argumento, caso deixe
alguma premissa não declarada, outra pessoa pode
preencher a lacuna para você. O problema é que ela pode
preencher com conteúdo diferente do que você teria usado.
Nesse caso, você está permitindo que outra pessoa
construa o seu argumento. Isso é motivo suficiente para
estar sempre alerta ao que não está sendo dito.
RELAÇÃO ENTRE PREMISSAS E CONCLUSÃO
AVALIANDO
ARGUMENTOS
03
31
Lembre-se: argumentar é marcar uma posição sobre um
problema específico. Pense em alguns tipos de problemas
que alguém poderia enfrentar.
Existem problemas cotidianos: “Onde devemos
almoçar?”, “Qual casa devemos alugar?”, “Qual escola é
melhor para meus filhos?”.
Existem problemas estudantis: “Quantos cursos devo
fazer no próximo semestre?”, “Em que devo me formar?”,
“Devo fazer um estágio ou me dedicar completamente aos
estudos?”.
Existem problemas nos negócios: “Precisamos contratar
outro funcionário?”, “Como montar essa planilha de
orçamento anual?”, “Como projetar esta campanha de
marketing?”.
Existem problemas políticos: “Qual é a melhor estrutura
de imposto de renda?”, “Qual deve ser a nossa política
energética?”, “Em que candidato votar para prefeito nas
próximas eleições?”.
À medida que as pessoas respondem a problemas,
podem relacionar de modos diferentes premissas conclusão.
Nesse sentido, há dois tipos básicos de argumentos:
dedutivos e indutivos.
32
Para começar, considere os dois exemplos a seguir.
Primeiro problema: onde você e seus amigos irão
comer: no Bar do Marcelo ou no Bar da Rita? Existem duas
premissas:
1. O Bar do Marcelo está aberto até as 22h, e o Bar da Rita está
aberto até as 21h.
2. O Bar doMarcelo tem o melhor hamburguer da área.
Segundo problema: quantas disciplinas você deve fazer
no próximo semestre? Novamente, existem duas premissas:
1. A mensalidade para 12 horas de crédito custará R$ 2.100; por
15 horas de crédito, R$ 2.700.
2. É melhor ter mais aulas a cada semestre para que você possa
fazer mais rápido.
33
Considere agora os exemplos a seguir:
Digamos que é 21h05 quando seu amigo pergunta:
"Devemos comer no Bar do Marcelo ou no Bar da Rita?“.
Você responde: "O Bar da Rita fechou às 21h, mas o Bar do
Marcelo está aberto até as 22h, então precisamos ir ao Bar
do Marcelo“. Se você estiver correto – pela própria forma da
argumentação –, então sua conclusão tem que ser
verdadeira. Sua única opção é o Bar do Marcelo.
Um argumento em que, pela forma apresentada, a
conclusão necessariamente se segue das premissas é um
argumento dedutivo. Por outro lado, e se forem apenas
20h?
Ambos os restaurantes ainda estão abertos e
disponíveis. Quando seu amigo pergunta qual você deve
escolher, você responde: "Bem, o Bar do Marcelo tem o
melhor hamburguer da área. O Bar da Rita é bom, mas não é
ótimo. Deveríamos ir ao Bar do Marcelo.“
Neste caso, a decisão de ir ao Bar do Marcelo não pode
ser considerada a mais “verdadeira”. A conclusão não
decorre logicamente da premissa. Só porque você acha que
o Bar do Marcelo tem um sanduba melhor, não significa que
você - ou seu amigo - deve escolhê-lo.
Um argumento em que a aceitação da conclusão
depende da força das premissas - em que as premissas não
garantem mas apenas apoiam a conclusão - é um
argumento indutivo.
35
Um argumento dedutivo é aquele em que, apenas pela
forma em que é apresentado, a conclusão se segue
necessariamente das premissas - se as premissas são
verdadeiras, então é impossível a conclusão ser falsa.
E se você não gostar da conclusão - se disser que você
realmente queria ir ao Bar da Rita? Bem, é uma pena que a
forma do argumento não apoie ​​essa conclusão. Em nosso
exemplo, se o restaurante está realmente fechado, você está
sem sorte. A conclusão de que você deve ir ao Bar do
Marcelo, de certa forma, afirma o óbvio - se você tiver
apenas duas opções e uma dessas opções for impossível (as
premissas do argumento), então realmente nem é preciso
dizer o que você deve fazer. Não importa se você não gosta
da conclusão – a menos que você possa refutar uma das
premissas do argumento –, você não tem escolha a não ser
aceitá-la.
Sempre que estiver lidando com argumentos dedutivos
– se você está avaliando um argumento que outra pessoa fez
ou construindo o seu próprio argumento –, você NÃO deve
começar com a conclusão.
Quando você avalia o argumento de outra pessoa, deve
evitar "pular“ para a conclusão imediatamente e decidir sem
considerar o argumento como um todo, quer você concorde
com ele ou não.
ARGUMENTOS DEDUTIVOS
36
Da mesma forma, quando
você faz seu próprio argumento,
deve evitar escolher sua conclusão
antes do tempo e encontrar
maneiras de justificá-la. Em vez
disso, você precisa começar
examinando ou descobrindo as
premissas (razões e evidências) e
seguir para onde essas premissas
levam – que conclusões lógicas
você pode tirar das evidências?
Então, quando você avalia um
argumento dedutivo, precisa fazer
estas perguntas:
1. As premissas são verdadeiras?
2. A forma do argumento é válida?
Se a resposta a ambas as
perguntas for SIM, então você tem
um argumento sólido.
A
R
G
U
M
EN
TO
S D
ED
U
TIV
O
S
37
A primeira pergunta é
bastante simples, emboranem
sempre seja fácil. As premissas em
argumentos dedutivos podem, pelo
menos em teoria, ser provadas
verdadeiras ou falsas. Referem-se a
condições ou estados de coisas: o
restaurante fechado, por exemplo.
Nesse caso é muito fácil descobrir
se essa premissa é realmente
verdadeira - você poderia se dirigir
até o restaurante e descobrir.
A segunda pergunta - se o
argumento é válido - refere-se à
estrutura lógica. Um argumento é
válido se não for possível que a
premissa seja verdadeira e a
conclusão falsa. Em nosso exemplo,
a premissa nos diz que existem dois
restaurantes para escolher, e um
deles está fechado. A conclusão,
então, é que devemos ir ao que
está aberto. Se essa premissa for
verdadeira, então não é possível
que a conclusão seja falsa.
A
R
G
U
M
EN
TO
S 
D
ED
U
TI
V
O
S
38
Como você viu, um argumento indutivo é aquele em
que a conclusão é suportada (mas não garantida), em maior
ou menor grau, pelas premissas. A conclusão vai além das
premissas - a conclusão de que você deve ir ao Bar do
Marcelo não está logicamente implicada na declaração que
diz ter ele o melhor hamburguer da área. Talvez seu amigo
não queira realmente comer hamburguer. Nesse caso, ele
poderia oferecer um contra-argumento com razões pelas
quais vocês devem ir ao Bar da Rita.
No caso de argumentos indutivos, o processo de
avaliação deve ser diferente. Não é possível dizer se, com
certeza, as premissas levam à conclusão. Em vez disso, você
deve fazer as seguintes perguntas:
1) as premissas são verdadeiras ou ao menos razoáveis?
2) são relevantes para o problema em questão?
3) são suficientes para justificar a conclusão?
Suas respostas a essas três perguntas o ajudarão a
avaliar o quão forte ou fraco é o argumento. Vamos examinar
mais de perto essas questões.
ARGUMENTOS INDUTIVOS
39
Considere esta premissa: “O Bar do Marcelo tem o
melhor hamburguer”.
Primeiro, você precisa considerar se é razoável. Nesse
caso, pode ler as indicações dos melhores bares da cidade
em sites especializados e perguntar a seus amigos para ver
quantas pessoas concordam com essa opinião.
Segundo, você precisa decidir se é relevante, isto é, se a
premissa está relacionada ao problema em questão. Aqui,
parece importante considerar a reputação de um restaurante
ao decidir onde comer. Seria diferente se outra premissa
estivesse em questão: “O Bar do Marcelo tem o melhor
estacionamento”. Afinal, é essencial para você – que talvez
não vá de carro próprio – haver ou não estacionamento?
ARGUMENTOS INDUTIVOS
Terceiro, você precisa considerar se a premissa é
suficiente. Avalie se há outros elementos a considerar. Por
exemplo: “Quanto tempo demora a espera por uma mesa?”,
“Quão bom é o serviço?”.
Se a premissa é aceitável, relevante e suficiente, então o
argumento é forte. Se a premissa é aceitável, relevante, mas
não é suficiente, então o argumento é “mediano" - não
fraco, mas não forte o suficiente.
Você pode fortalecê-lo, oferecendo mais premissas.
"Sim, disseram que o serviço é bom também. Além disso,
acabei de ligar e eles garantiram que poderíamos conseguir
uma mesa em 10 minutos.“ Alternativamente, você pode
oferecer um contra-argumento: "Claro, a comida é boa, mas
o serviço é péssimo, e a espera é sempre muito longa."
ARGUMENTOS INDUTIVOS
41
Como você deve ter
percebido, o argumento indutivo
pode assumir muitas formas. Entre
as mais comuns estão as
generalizações e as analogias.
As generalizações – que nem
sempre são falaciosas – acontecem
quando os argumentos envolvem
fazer uma afirmação geral com
base em evidências limitadas ou
específicas. Por exemplo, dizer que
a opinião do país como um todo é
x, com base em pesquisas de
opinião pública de um número
menor de pessoas.
As analogias são semelhantes
às generalizações e envolvem
propostas semelhantes. Ao fazer
uma analogia, você deriva
conclusões sobre uma situação com
base no que você sabe sobre outra
– supostamente semelhante. Por
exemplo, dizer que a economia de
um país, em alguns casos, funciona
como a economia de uma casa, por
isso devemos poupar e não gastar
mais que o orçamento definido.
A
R
G
U
M
EN
TO
S IN
D
U
TIV
O
S
LINGUAGEM
OBSCURA E CARREGADA
04
43
O ideal seria se todos sempre dissessem exatamente o
que acreditam ser verdade em termos claros e organizados.
Seria perfeito se evitassem qualquer tentativa de usar a
linguagem para influenciar você de modo não racional.
Infelizmente, tal situação simplesmente não existe.
Na verdade, pode ser muito raro ouvir ou ler um
argumento nesses moldes. Na maioria das vezes, não são
claros: são vagos ou mesmo enganosos. É frequente que as
pessoas simplesmente tenham dificuldade em expressar o
que querem. Não pretendem enganar os outros, mas a
maneira como apresentam suas ideias torna difícil avaliá-las.
Em outras ocasiões, as pessoas usam deliberadamente várias
técnicas a fim de que seu argumento pareça mais
convincente.
Neste capítulo, você aprenderá sobre a importância da
clareza nos argumentos, bem como algumas formas comuns
que as pessoas usam para moldá-los.
44
É muito importante tentar alcançar a maior precisão
possível, porque linguagem vaga e ambígua torna muito
difícil avaliar um argumento.
Se você não consegue descobrir o que a outra pessoa
quer dizer, como pode avaliar sua verdade, aceitabilidade ou
validade?
Por exemplo, um policial pergunta a você: “Alguém
colocou algo em sua bolsa sem o seu conhecimento?”. Como
você pode responder com precisão a essa pergunta? Se
alguém de fato colocou algo lá sem o seu conhecimento, por
definição, você não saberia o quê, nem teria certeza de que
alguém fez algo do tipo.
LINGUAGEM OBSCURA
Uma pergunta mais precisa poderia ser: “Em algum
momento, sua bolsa ficou fora de sua vista?”. Se a resposta
for “Sim”, então sabemos que houve oportunidade para
alguém colocar algo em sua bolsa sem o seu conhecimento.
Um modo de a linguagem não ser clara é quando é
vaga, isto é, abrangente demais.
Por exemplo, há locais que não estabelecem um
limite de velocidade específico em rodovias. Em vez disso, a
lei exige que os motoristas dirijam a uma velocidade “segura
e prudente”. O que isso quer dizer exatamente varia,
dependendo do tipo de carro, do período do dia, das
condições da estrada, do tempo etc. O quão difícil é dirigir
um ônibus em uma estrada esburacada sob chuva forte?
Quem decide – você, o motorista, ou o policial, que fez você
encostar o veículo para multá-lo?
LINGUAGEM OBSCURA VAGA
46
Outra forma de a linguagem não ser clara é quando é
ambígua, ou seja, quando a palavra ou frase usada pode ter
mais de um significado que não foi explicitado.
Pense na palavra “direito”. Ela pode significar um lado
específico como em “direito versus esquerdo”. Pode
significar “correto” como em “Você não está fazendo isso
direito”. Pode também significar um posicionamento
ideológicos específico.
Para ficar num exemplo simples, imagine se alguém lhe
dissesse isto: “O Deputado Federal Chico está sempre do
lado direito”. O que exatamente isso significa? O congressista
sempre se senta nos assentos para destros onde quer que
vá? Está sempre do lado correto das questões políticas?
Posiciona-se à direita no espectro político? Mesmo que você
associe o uso da palavra a “certo versus errado”, trata-se de
uma questão de perspectiva. Deputados do partido político
aposto a Chico teriam visão diferente do que é certo e
errado, por exemplo.
Quando você avalia outros argumentos ou quando você
elabora o seu próprio, deve estar alerta para a linguagem
vaga ou ambígua.
LINGUAGEM OBSCURA AMBÍGUA
47
Às vezes, a linguagem pouco
clara é simplesmente o resultado
de uma falta de atenção aos
detalhes.
Se alguém dissesse algo como
“Eu viajei à noite com sono e dormi
quebrado até chegar em São Paulo,
por isso me acidentei na rodovia
com o carro.” Você provavelmente
tem um vislumbre do que
aconteceu, mas há duas
interpretações para essa descrição.Primeiro, a pessoa viajou à
noite, mas, antes da viagem,
dormiu mal (“dormi quebrado”),
por isso ainda estava com sono,
cochilou e acidentou-se com o
carro na rodovia.
Segundo, a pessoa viajou à
noite e, durante a viagem, cochilou
sem perceber (“dormi quebrado”),
por isso acidentou-se com o carro
na rodovia.
Qual é a correta?
LIN
G
U
A
G
EM
 O
B
SC
U
R
A
 P
O
R
 D
ESATEN
Ç
Ã
O
48
Outras vezes, a linguagem é
pouco clara devido a uma intenção
de enganar os outros.
Suponha que seu consultor de
investimentos diz “Você não
precisa se preocupar com o
lucratividade das empresas em que
está considerando investir, porque
todas são lucrativas”. Pode haver
uma ampla gama de lucratividade
para essas empresas, logo a
premissa é vaga o suficiente para
ser enganosa.
Para identificar linguagem
vaga em um argumento, escolha as
palavras e as frases mais
importantes e se pergunte se
poderia haver mais de um
significado. Se puder, certifique-se
qual significado foi pretendido.
LI
N
G
U
A
G
EM
 O
B
SC
U
R
A
 E
N
G
A
N
O
SA
49
Uma linguagem carregada traz consigo muita emoção e
exagero. Trata-se daquele tipo de linguagem que objetiva
influenciar a audiência, apelando à emoção e à caricatura.
Assim como a linguagem não clara, a linguagem carregada
pode ser usada acidentalmente e deliberadamente.
Linguagem não carregada, ao contrário, é a que busca
não ser enviesada e, na medida do possível, livre de
preconceitos. Utilizar uma linguagem tendenciosa tende a
não ser honesto e não contribuir para um genuíno
pensamento crítico. Por isso, tal conduta deve ser evitada.
Frequentemente usamos linguagem carregada, mesmo
sem perceber. Na tentativa de descrever um evento,
podemos usar termos preconceituosos ou que impliquem
responsabilidade ou culpa em alguém.
Pense sobre como as notícias políticas são
frequentemente apresentadas. Não é incomum ouvir algo
como “Continua a batalha entre Congresso e presidente”. A
palavra “batalha” é claramente carregada com conotações
de “violência”, de “guerra” e de que “um lado deve ganhar”.
Normalmente não é intencional, mas usar o termo “batalha”,
“luta”, “guerra” evoca uma carga particular.
LINGUAGEM CARREGADA
50
Muitos termos e frases podem despertar conotações
positivas ou negativas.
Às vezes as pessoas usam isso a seu favor, selecionando
um determinado termo com a intenção de obter uma reação
particular. Indivíduos, políticos, empresas, todos podem
escolher cuidadosamente e deliberadamente suas palavras,
a fim de enquadrar uma questão de maneira particular. Para
exemplificar, considere estes dois modos de descrever a
mesma situação:
1. “O professor Renato, especialista em Farmácia, ofereceu suas
opiniões sobre o projeto de lei que regulamenta a liberação do
remédio em debate na Câmara dos Deputados.”
2. “Renato, um acadêmico elitista, deu uma palestra sobre o projeto
de lei que regulamenta a liberação do remédio em debate na Câmara
dos Deputados.”
LINGUAGEM CARREGADA
A primeira declaração em que Renato é referido como
um especialista em Farmácia deve ter uma avaliação positiva
ou, pelo menos, não carregada negativamente sobre o
professor. De modo contrário, a referência a Renato como
algum acadêmico elitista pretende desenhar uma imagem
negativa. A maioria das pessoas não vê com bons olhos as
pessoas que consideram elitistas.
LINGUAGEM CARREGADA
SÍNTESE
05
53
Ao chegar ao fim deste livro, quero me certificar de que
você entendeu pontos essenciais.
Pensamento crítico é utilizar a razão de modo sensato e
lógico para avaliar crenças e tomar decisões. A lógica é
utilizada para avaliar como os argumentos são construídos e
se são ou não válidos. A sensatez é algo que transcende as
meras habilidades cognitivas e requer cultivo de disposições
de comportamento: honestidade intelectual e orientação à
verdade, não simplesmente à humilhação de ideias e rivais.
Para por o pensamento crítico em marcha, é preciso
saber identificar e avaliar argumentos. É preciso diferenciar
premissas de conclusão e também saber se a relação entre
as duas se dá de modo válido. Conta saber diferenciar
argumentos dedutivos de indutivos, porque cada um é
avaliado de modo diverso.
Por último, é preciso atenção à linguagem. Na prática,
as pessoas – inclusive nós mesmos – tendemos a utilizá-la de
modo obscuro e carregado, dando vasão a nossos
preconceitos e confusões mentais. Não é possível, porém,
pensar criticamente quando a comunicação não é clara.
Se esse livro foi útil, convido você a continuar conosco,
seja em nosso canal no YouTube, seja em nosso Instagram.
Sempre preparamos conteúdo voltado a ajudar você a
pensar cada vez melhor.
54
youtube.com/c/IstonãoéFilosofia
instagram.com/istonaoefilosofia/
NOSSAS REDES:
Isto não é Filosofia
Você é o que pensa
https://youtube.com/c/IstonãoéFilosofia
https://www.instagram.com/istonaoefilosofia/

Outros materiais