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Prévia do material em texto

Oswaldo Lôbo Jr.
Oswaldo Lôbo Jr.
B l in d a g e m
CONTRA AS
TREVAS
A armadura de Deus Salmo 91
Arte da capa:
Adilson Proc
Desenvolvimento da capa: 
Rogério Proença 
Editoração:
Manoel Menezes 
Acompanhamento editorial: 
Priscila Laranjeira 
Revisão ortográfica:
Lilian Sobreira Gonçalves 
Impressão e acabamento: 
Gráfica Exklusiva
C opyright© 20l6 por 
Oswaldo C. Lôbo Jr.
Todos os direitos reservados por: 
A. D . Santos Editora 
Al. Júlia da Costa, 215 
80410-070
Curitiba - Paraná — Brasil 
+55(41)3207-8585
www.adsantos.com.br
editora@adsantos.com.br
D a d o s In te rn a c io n a is de C a ta logação n a P ub licação (C IP)
LÔ BO , Oswaldo C. Jr.,
Blindagem contra as trevas - A armadura de Deus no Salmo 91 / Oswaldo C. 
Lôbo Jr. — A .D . Santos Editora, Curitiba, 2016. 312 Páginas.
ISBN - 9 7 8 .8 5 .7 4 5 9 -3 8 5 -2
C D D : 235
1. Seres imateriais, os santos, os anjos, os demônios, os arcanjos, Satanás 
C D D : 433
1. Literatura devocional_____ 2. Religião - Fé ____________
Ia Edição: Junho / 2016
Proibida a reprodução total ou parcial, 
po r quaisquer meios a não ser em citações breves, 
com indicação da fonte.
Edição e Distribuição:
SANTOS
E D I T O R A
http://www.adsantos.com.br
mailto:editora@adsantos.com.br
D ed icató ria
Para Sebastião Brito Netto, meu querido pastor.
Por mais de uma década, as suas mãos sobre a mi- 
nha cabeça trazem bênçãos e seus joelhos dobrados, 
a contínua proteção do Senhor.
AGRADECIMENTOS
escrever sobre o Salmo 91, devo reconhecer a grande 
ívida que tenho com muitos pastores e autores com os 
quais aprendí por muitos anos. Olhando para trás, hoje acho quase 
impossível localizar muitas das fontes que me empolgaram e foram 
tão estimulantes, por isso, devo expressar o meu mais profundo 
reconhecimento a todos que ensinaram e pregaram sobre este tema.
Manifesto enorme gratidão à generosidade da liderança da 
Igreja Batista Alameda que me confiou o púlpito quando minis- 
trei este conjunto de mensagens nos Cultos de Libertação com 
o propósito de preparar um corpo de cristãos capacitados para 
servir no ministério da graça de Deus.
Ao Pr. Sebastião Brito Netto, meu querido pai espiritual que 
me gerou de sua própria semente ministerial, as minhas mais 
emocionadas palavras de afeição por manter-me sob seu amor.
Aos amigos maravilhosos, Maurício Almeida e Annelise 
Hilling, por me amarem com tão grande amor.
Meu reconhecimento à Karolina Becker Trápaga e também 
ao seu esposo Emanoel Theodoro Salloum Silva, que manifesta- 
ram grande alegria após a leitura de cada capítulo do manuscrito 
e me animaram a escrever, com ainda mais dedicação, até o final 
desta obra. De todo coração, agradeço-lhes.
Aos queridos irmãos e amigos Paulo e Lilian Sobreira Gon- 
çalves, Edilson Luiz dos Santos e Silvia Barroso Gomes Souto, 
agradeço as palavras de incentivo, a crítica profissional e o traba- 
lho minucioso de revisão. Vocês foram maravilhosos e contri- 
buíram para que a m inha tarefa de escrever fosse muito mais fácil.
À m inha amada irmã e professora Zenaide Claudino Possas 
pelo generoso esforço em rever todo o material escrito e fazer as 
devidas correções gramaticais e ortográficas.
Agradeço ao colegiado de pastores, líderes, ministros e às ove- 
lhas da Igreja Batista Alameda, em Curitiba, Paraná. Andar ao 
lado de pessoas tão maravilhosas me faz imaginar como serão os 
nossos dias no céu. Muitíssimo obrigado por tão imenso amor 
dedicado a mim e a m inha família.
Devo expressar as minhas mais devotadas palavras de grati- 
dão ao time de valentes ministros de libertação da Igreja Batista 
Alameda, à Ester Fylyk com os integrantes da Equipe de Interces- 
são, e a todos aqueles que têm contribuído para a cura do povo de 
Deus através desse ministério.
Meu muito obrigado à Priscila Laranjeira e ao pastor Adelson 
D. Santos, meus editores, e a todo pessoal da AD Santos Editora, 
pelo encorajamento e entusiasmo que mostraram na publicação 
deste trabalho.
Deus me presenteou com uma família maravilhosa, por isso, 
deixo uma palavra de amor para os meus pais, Oswaldo e Inês, 
e aos meus irmãos Marcelo, Marcos, Beto, João Paulo e Rebeca, 
sem me esquecer da querida Grace.
Aos meus filhos Nathália e Arthur, fonte inesgotável de ale- 
gria que jorra sobre a m inha vida. Nenhum pai tem filhos mais 
amáveis e queridos. Agradeço a Deus todos os dias de m inha vida 
feliz ao lado de vocês.
Finalmente, agradeço à m inha esposa Fabíola que sempre me 
encorajou enquanto caminhamos na causa do evangelho, nos úl- 
timos 25 anos. Você foi especialmente doce em todo o tempo em 
que escrevi esta obra, ajudando a me m anter focado na tarefa de 
escrever em meio a muitas demandas competitivas de meu tem- 
po de gabinete pastoral, palestras, sermões e vida na igreja. Eu te 
amo, meu amor!
VI
Apresentação
lindagem Contra as Trevas é a segunda obra deste autor 
a respeito do tema Batalha Espiritual. Nela, o pastor 
Oswaldo C. Lôbo Jr. busca trilhar a mesma direção do enorme 
sucesso de seu livro anterior, Autoridade Sobre as Trevas.
Este trabalho é constituído por uma série de exposições que 
abrangem todo o Salmo 91 e que se caracterizam por dois obje- 
tivos: expor acuradamente o texto bíblico e, ao mesmo tempo, 
proporcionar uma leitura suave e agradável.
Não se trata de um comentário teológico, mas busca elucidar 
as Escrituras e aplicá-las ao dia a dia dos cristãos do m undo con- 
temporâneo. Seu objetivo é apresentar uma mensagem que leva 
o leitor ao “esconderijo do Altíssimo” para mantê-lo em absoluta 
segurança, enquanto desfruta de um texto acessível que aborda a 
verdade da Palavra de Deus, com muita seriedade.
Esta obra se junta a tantas outras que têm contribuído sobre 
esse mesmo tema do saltério para o crescimento e saúde do Cor- 
po de Cristo. Foi escrita com muito cuidado para todos os que 
desejam ouvir atentamente ao que o Espírito Santo suavemente 
diz à Igreja.
Adelson Damascene Santos
O Editor
V I1
Prefácio d o Au t o r
ao escrevi este livro para teólogos, mestres ou doutores 
da Bíblia. Em meu íntimo busquei uma forma de aben- 
çoar pessoas comuns com um texto simples, que pudesse dar um 
entendimento claro sobre a inviolável proteção do Senhor para a 
vida do homem.
Este conjunto de mensagens foi revelado inicialmente para 
aplicação em treinamentos de homens e mulheres envolvidos em 
ministérios ligados ao tema “batalha espiritual”. Contudo, para 
minha surpresa, durante as ministrações, recebi inúmeras palavras 
de incentivo para pregá-las para todos os membros do corpo de 
Cristo.
Conquanto eu tivesse crescido num a família de oficiais e in- 
gressado na Força Aérea quando ainda era um adolescente, fui 
profundamente impactado com as metáforas da ação de Deus 
apresentadas em figuras clássicas de defesa militar que se espa- 
lham por todo o salmo como fortaleza, baluarte, escudo e bro- 
quel. Essas palavras obtiveram um significado muito mais claro 
durante o aprofundamento dos meus estudos e pude perceber a 
enorme garantia que há por trás de cada verso que contém uma 
das mais conhecidas e reconfortantes promessas de cuidado e pro- 
teção em situações de perigo.
O Espírito Santo me conduziu a antigas recordações que 
eu nunca havia compreendido e ensinou-me a respeito de como 
Deus guardou a minha vida e também tem, ainda hoje, operado
IX
para a proteção de todos os Seus filhos espalhados sobre a face da 
terra, especialmente em momentos de ameaças e de crises.
Ao final de cada capítulo, o leitor terá a oportunidade de diri- 
gir-se a Deus em orações que foram compostas como um resumo 
de tudo o que foi escrito. Certamente cada pessoa será impactada 
com as respostas de Deus através de cada um dos clamores que 
devem ser feitos em voz audível. Estou certo de que o m undo es- 
piritual será afetado em favor daqueles que fizerem as suas orações 
com fé.
Escrever esta obra foi uma maravilhosa experiência que me 
levou a um tempo de profunda intimidade, inspiração e purezaao lado do Senhor. Durante este trabalho jejuei e orei para que 
houvesse uma poderosa transformação na vida de cada um dos 
meus leitores, para que descobrissem a alegria de viver protegidos 
e se sentissem blindados e muito a vontade no “esconderijo do 
Altíssimo”.
Oswaldo C. Lobo Jún ior
Prefácio
Apraz-me com muita honra apresentar esta obra produzi- da pelo Pastor Oswaldo Lobo Jr. Ele tem dedicado sua 
vida ao ministério pastoral de maneira dinâmica e efetiva, procu- 
rando consolar e ajudar pessoas que sofrem, especialmente aque- 
las que possuem problemas ligados diretamente à área espiritual. 
Com extrema dedicação o Pastor Lobo tem investido na vida de 
pessoas que sofrem e que necessitam de uma intervenção especial 
e direta de Deus em suas vidas.
Este texto não é dedicado especificamente a quem é versado 
nas Sagradas Escrituras, mas a todos quantos desejam entender 
este tão controverso tema. Foi escrito de forma direta para alcan- 
çar, preferencialmente àqueles que estando confusos, duvidosos 
ou carentes da graça de Deus, necessitam de um livro que lhes 
traga paz, conforto, alento e consolo da parte de Deus.
Por conseguinte, o Pr. Lobo não tem por objetivo nesta obra 
BLINDAGEM C O N TR A AS TREVAS escrever um texto filo- 
sófico sobre o assunto, haja vista que sua intenção é eminente- 
mente prática e pastoral. Seu objetivo é atingir seus leitores para 
que os mesmos tenham uma compreensão da proteção de Deus 
sobre aqueles que o temem, ao mesmo tempo, procura através 
de um conjunto de mensagens demonstrar as circunstâncias que 
envolvem a questão do ministério ligado à denominada “batalha 
espiritual”.
XI
Sua base maior é o Salmo 91 que apresenta determinadas 
figuras de linguagem de proteção na defesa militar; sendo assim, 
por ter servido na Força Aérea Brasileira, pode compreender na 
prática o que tais figuras representam para quem está enfrentando 
um campo de batalha. Ao usar seu conhecimento militar nessas 
metáforas que o Salmista usa, o autor pode trazer a perfeita se- 
gurança que se encontra no texto analisado do Salmo. Procura 
demonstrar de forma cabal que as Escrituras prometem conforto, 
cuidado e completa proteção a todos aqueles que se encontram 
em perigo, ameaças e crises, mas que confiam em Deus.
Assaz importante é ressaltar o fato de que o leitor tem ao 
final de cada capítulo a oportunidade de refletir sobre o assunto 
estudado, através de uma oração que sintetiza o texto. Dessa for- 
ma, vê-se a preocupação pastoral do escrito, pois o leitor tem a 
oportunidade de analisar-se, orar e como resultado, ser abençoa- 
do por Deus através de respostas divinas em suas mais específicas 
dificuldades e necessidades.
Por fim, ressalto que o autor busca de forma prática e pastoral 
aplicar o texto bíblico nas mais diversas situações em que o cristão 
possa estar inserido. Dessa forma, ajudará no desenvolvimento 
pessoal daqueles que tanto necessitam do esconderijo de Deus e 
que buscam segurança absoluta, perene, perfeita e contínua, pois 
uma vez libertos do mal e do pecado, estamos sob a égide do Es- 
pírito Santo de Deus.
Uma excelente leitura!
Dr. Jaziel Guerreiro Martins
Teólogo, demonólogo, cientista da religião,
pastor, escritor de diversos livros,
professor no programa de Mestrado
e diretor geral das Faculdades Batista do Paraná.
X l l
Sa l m o 91
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu 
Deus, o meu refugio, a m inha fortaleza, e nele confiarei. Porque 
ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te 
cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a 
sua verdade será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror 
de noite nem da seta que voa de dia. Nem da peste que anda na 
escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Mil cairão 
ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente 
com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios. 
Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua 
habitação. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará 
à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para 
te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas 
suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra. Pisa- 
rás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente. 
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; 
pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome. Ele me 
invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela 
o retirarei, e o glorificarei. Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe 
mostrarei a minha salvação.
Salmo 91:1-16
ΧΠ1
Su m á r i o
Capítulo 1 - Introdução: Um Cântico de Proteção......................19
Capítulo 2 — 0 Tamanho do Meu Deus............... .........................41
Capítulo 3 - Lábios que Conquistam Vitórias............................. 59
Capítulo 4 - Livre das Arm adilhas.................................................81
Capítulo 5 — Antídoto Contra o Veneno........................................103
Capítulo 6 - Protegido Sob as Asas................................................127
Capítulo 7 —0 Escudo do Senhor.................................................149
Capítulo 8 — Do Que Terei Medo?.................................................167
Capítulo 9 — Onze M il Cairão...................................................... 187
Capítulo 10 - Praga Não Atinge a Minha Casa......................... 205
Capítulo 11 - Exércitos Invencíveis me Protegem....................... 227
Capítulo 12 - Pisando na Cabeça da Serpente...........................249
Capítulo 13 - Meu Deus me Ouve................................................ 271
Capítulo 14 — Dias na Eternidade Com meu Salvador..............287
XV
Segura será a minha caminhada,
Secretamente armado contra todos os esforços da morte;
Seguro quando toda a segurança se fo i;
Seguro quando homens caem;
E se esses pobres membros morrerem, mais seguro do que nunca.
Rupert Brooke
XVII
C apítulo 1
TRODUÇÃO:
Um Câ n t ic o d e 
p r o t e ç ã o
Tu és o lugar em que me escondo; tu me 
preservas da angústia; tu me cercas de 
alegres cantos de livramento.
Salmo 32:7
UM CÂNTICO DE 
PROTEÇÃO
mal é capaz de atingir o homem de incontáveis formas 
e todas elas de maneira absolutamente devastadora. Em 
sua história, a humanidade tem experimentado todo tipo de tra- 
gédias, desgraças, desastres, fatalidades, ameaças, ataques, maldi- 
ções, infelicidades, tribulaçoes, acidentes, perdas, prejuízos, mo- 
léstias e diversos outros sofrimentos implacáveis.
Vislumbrando todos esses infortúnios que vão desde inimi- 
gos poderosos e adversários brutais a intimidações com contornos 
cruéis, está a possibilidade de derrotas dramáticas.
Essas situações conspiram contra o ser humano, levando-o 
a crer que não há nenhuma forma de defesa possível. São becos 
sem saída onde não existe qualquer probabilidade de resistência 
humana e a perspectiva de socorro é inatingível, pois não há qual- 
quer outra chance de livramento. Nesses casos, só resta uma espe- 
rança: apelar para Deus.
É por essa razão que o Salmo 91 é tão conhecido e seu signi- 
ficado é tão particular em tempos de calamidade. Dentre todos os 
cento e cinquenta cânticos que compõem o livro dos Salmos, esse 
hino é um convite da parte de Deus para uma aliança inviolável. 
É um anúncio de uma providência cautelar da Sua parte que ga- 
rante ao ser hum ano uma blindagem contra todo o mal.
A lealdade de Deus é apresentada como um pacto de prote- 
ção em favor de Seus filhos que se abrigam em Seu esconderijo, 
garantindo uma segurança completa, não importando a quais for- 
ças e perigos o ser hum ano esteja exposto.
Esse salmo de louvor convida o homem a um lugar de des- 
canso à sombra do Todo-Poderoso, onde Deus será o livramento
21
Blindagem Contra As Trevas
do laço do passarinheiro, que fica invisível e, subitamente,apanha 
a presa desatenta. Nesse ambiente protegido, existe abrigo e refu- 
gio contra a ação da peste perniciosa que tira a vida de homens 
sem que eles a percebam, e contra a qual não há como se proteger.
A segurança que o salmo produz no coração do leitor vem do 
livramento. Esse é sempre anunciado antes que uma situação de 
ameaça, de ataque ou de flagelo possa causar qualquer dano. Com 
ele o Senhor intervém tornando-se um escudo contra toda espécie 
de perigo, protegendo de forma infalível contra as mais adversas 
condições.
UM ESCONDERIJO PERFEITO
Quando se sente ameaçado, o homem busca a sua proteção 
em diversos lugares ou sob autoridade de algum governante ou 
nação que possam salvá-lo. Em situações de guerra ou naquelas 
em que líderes tiranos submetem pessoas a um governo ditatorial 
ou ainda em casos de epidemias, é natural fugir para um lugar 
seguro.
Cavernas, casas, casamatas, muralhas, castelos e lugares onde 
se pode encontrar o bem-estar são exemplos de estabilidade e se- 
gurança. O salmista declara que Deus é seu lugar seguro e usa 
imagens para descrevê-lo como esconderijo, refugio, fortaleza, 
baluarte e sombra protetora. Essa combinação de figuras mostra 
que o Senhor protege o homem de quaisquer perigos, sejam eles 
humanos, naturais ou espirituais.
Inspirado pelo Espírito Santo, o salmista mostra duas carac- 
terísticas do Criador que tranquilizarão a qualquer um que neces- 
sitar de refúgio: a identidade libertadora e o caráter amoroso do 
Pai Celestial.
22
1. Um Cântico de Proteção
UM REPERTÓRIO OFICIAL DE ORAÇÕES
Também conhecido como Saltério, que indica uma coleção 
ou coletânea, o livro dos Salmos poderia ser chamado de “repertó- 
rio oficial de orações”1, cujo destinatário do louvor é Deus.
Os hebreus chamam esse livro de Tehilim, que significa “Sal- 
mos de Louvor”2, pois é sem dúvida o tema mais frequente. Esse 
título é a descrição genérica que se refere a todas as composições 
adequadas para serem cantadas, sejam louvores históricos, doutri- 
nários, de súplica ou de adoração.
A intenção das canções bíblicas compiladas num conjunto 
literário é muito maior do que apenas prover o culto de músicas 
para a liturgia, ou de servir como modelo de expressões ou de 
orações a Deus. Na verdade, seu objetivo maior é incentivar o 
homem a uma vida plena de fé, auxiliando a memória com lem- 
branças espirituais, ajudando a expressar a confiança em Deus e 
também ensinando e alertando a nós mesmos e uns aos outros: 
Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem 
e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e 
cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão 
a Deus em seus corações.
Colossenses 3:16
A tradição judaica e cristã, sem distinção, canonizou esse li- 
vro, confessando convictamente que o seu conteúdo é sagrado e 
que é uma obra de Deus.
Para efeito de estudo, os salmos são normalmente divididos 
em cinco blocos de livros onde se cria uma espécie de “pentateu- 
co” da oração. Essas cinco coleções são marcadas por grupos de
1 CHOKEL, Luis Alonso; CARNITI, Cecília. Salmos I - Grande Comentário Bíblico
dos Salmos (Página 73). São Paulo: Editora Paulus. 1998.
2 HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry do Antigo Testamento -
Jó a Cantares de Salomão, Volume III - Edição Completa (Páginas 213 a 215). Rio de
Janeiro: Editora CPAD, 2010.
23
Blindagem Contra As Trevas
cânticos desiguais em tamanho e heterogêneos em conteúdo, cor- 
respondendo aos cinco livros do Pentateuco (os cinco primeiros 
livros da Bíblia).
A tradição judaica diz que Davi começou intencionalmente 
a organização dos salmos dessa forma, a fim de dar a Israel um 
hinário que correspondesse à Lei de Deus para o Seu povo.
O pregador inglês e autor J. Sidlow Baxter explica como os 
hinos que compõem esses cinco livros estão ligados, formando 
um único livro de Salmos, da seguinte forma:
“O primeiro grupo de salmos, que corresponde ao Gênesis, 
tem muito a dizer sobre o homem. O segundo grupo, que corres- 
ponde ao Êxodo, tem muito a dizer sobre libertação. O terceiro 
grupo, o que corresponde ao Levítico, tem sua ênfase nos salmos 
de Asafe que tratam do santuário. O quarto grupo é o que cor- 
responde ao livro de Números e salienta desde o momento da 
vida errante até quando as nações se dobrarão ao Rei que vem em 
nome de Deus. O quinto grupo corresponde ao Deuteronômio, 
tendo diversos agradecimentos pela fidelidade divina e coloca 
muita ênfase sobre a palavra do Senhor.”3
CANÇÕES QUE VIERAM DO TRONO E 
VOLTAM PARA O TRONO
Toda a Escritura, sendo recebida por inspiração de Deus, é 
proveitosa para transmitir a luz divina ao entendimento; mas o 
livro dos Salmos é de uso singular no sentido de trazer vida e 
confiança no poder do Altíssimo; além disso, ajuda a estabelecer 
formas corretas de se dirigir a Deus. Por isso não existe um livro 
sequer nas Escrituras que seja mais útil para a devoção dos crentes 
do que esse, em todas as épocas do povo de Deus e da Igreja.
3 BÍBLIA SAGRADA. Bíblia de Esboços e Sermões - Um sermão completo para cada 
versículo e passagem das Escrituras. São Paulo: Leadership Ministries Worldwide, 
1996.
24
1. Um Cântico de Proteção
Os salmos vêm sendo utilizados como cânticos de batalha, 
hinos nupciais, marchas de peregrinos, orações e louvores nos cul- 
tos públicos de todas as nações cristãs desde que o cristianismo 
nasceu. Essas canções têm o poder de transformar uma história de 
provação em esperança de uma vida de alegria.
Esse livro encontra-se bem no meio da Bíblia e também é 
chamado de “a Bíblia dentro da Bíblia”4. A maior parte de seus 
versos é constituída de testemunhos que não são meras formas de 
adoração, mas palavras vindas do coração de homens que não po- 
dem viver longe de Deus, e de respostas vindas do Trono de Deus 
que não deixa Seus filhos sem amparo.
Os salmos são divididos em diversas categorias como: hinos, 
cantos de entronização da realeza de Deus, cantos para Sião (que 
canta as vitórias do Senhor em favor de Israel e Jerusalém), louvo- 
res de ações de graças, clamores de súplica nacional ou individual 
para o perseguido, o enfermo e o inocente acusado.
Um terço dos salmos está na categoria de lamento, que é um 
pedido de ajuda em tempos de crise. H á os salmos de confiança 
que anunciam a certeza do livramento do Eterno antes do mal 
ocorrer. Já o cântico de louvor é uma expressão de gratidão (e é a 
contraparte do cântico de lamento), pois contém o cumprimento 
da promessa de Deus. Nesse caso, a crise passou, o fiel foi liberto 
e agora derrama a sua gratidão, testemunhando o que o Senhor 
fez por ele.
E por fim, os salmos sapienciais, que se distinguem por temas 
ligados à inteligência, ao raciocínio, à ciência, ao conhecimento 
e à própria sabedoria em um tom didático. Aqui está incluído o 
Salmo 91, caracterizado como um hino sapiencial5.
4 M EYER, F. B. C om entário Bíblico F. B. M eyer - A ntigo e N o v o T estam entos (Página 
2 7 0 ). B elo H orizonte: Editora Betânia, 2 0 0 2 .
5 S C H O K E L , Luis A lonso; C A R N IT I, Cecília. Salmos I — G rande C om entário Bíblico 
dos Salmos (Página 9 3 ). São Paulo: Editora Paulus, 1998 .
25
Blindagem Contra As Trevas
Alguns estudiosos também chamam o Salmo 91 de salmo 
régio6, pois identificam nele características do rei messiânico es- 
perado, aquele que representa Deus, que vem para defender o 
povo, ou salvá-lo, como Deus o fez no Êxodo, libertando o povo 
do Egito.
Outros teólogos ligam esse cântico frequentemente ao sal- 
mo precedente e ao posterior, formando o que ficou conhecido 
como trilogia da confiança7. Diversas conexões de pensamento e 
expressões servem para soldá-los. O Salmo 90 descreve o pedido 
de libertação, o Salmo 92 se alegra no seu cumprimento; e o Sal- 
mo 91 une a oração e sua resposta em uma expressão de confiança 
singular.
Normalmente os teólogos atribuem a Davi, setenta e dois sal- 
mos8. Asafe, que foi designado por Davi como o líder dos can- 
tores (1 Crônicas 16:4,5),aparece como autor de doze; a família 
Coré, de onze, enquanto Salomão e Moisés levam a autoria de um 
salmo cada.
Figuram ainda 34 salmos sem nome ou conhecimento do au- 
tor, chamados de salmos órfãos9, e dentre estes está o Salmo 91. 
Nesse caso, o fato de as descrições das experiências do salmista 
serem muito próximas à realidade atual, ajuda no emprego da 
linguagem de confiança em orações, que podem dar a conotação 
de autoria a qualquer pessoa que passa por situações semelhantes.
O crente pode replicar os textos desse cântico contra as forças 
das trevas, para vencer os desejos pecaminosos que o afastam de
6 BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI - Antigo e Novo Testamento (Página 763). 
São Paulo: Editora Vida, 2008.
7 CHAPMAN, Milo L.; PURKISER W. T.; WOLF, Earl C ; ; FiARPER, A. F. Comenta- 
rio Bíblico Beacon: Volume 3 — Jó a Cantares de Salomão (Página 255 a 256). Rio de 
Janeiro: Editora CPAD, 2005·
8 BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento (Página 758 — 
759). São Paulo: Editora Vida, 2008.
9 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: Versículo por 
Versículo, Volume 4 (Página 2342). São Paulo: Editora Hagnos, 2001.
26
1. Um Cântico de Proteção
Deus ou usando-os como orações para pedir o favor divino, ven- 
cer o mal e para que seja estabelecido o Seu reino de justiça.
OS SALMOS NOS LÁBIOS DE JESUS E SEUS
DISCÍPULOS
O Novo Testamento registra cerca de quatrocentas referências 
do Antigo Testamento e, dentre elas, cita expressamente 78 versos 
que são capturados das malhas de diversas passagens de todo o 
Saltério10. Entre citações formais, frases ocasionais e alusões, esses 
versos anunciam Jesus como o Messias vindo ao m undo da parte 
do Pai.
Em outras passagens, os escritores neotestamentários citam 
um salmo ou verso como tipo ou profecia que se cumpre em algu- 
ma circunstância da vida de Cristo ou que ilumina algum aspecto 
do Seu ministério.
Essas referências ao livro dos Salmos acontecem diversas vezes 
por uma razão muito simples: quando Jesus ressuscitou dentre os 
mortos e subiu aos céus, a comunidade cristã primitiva recém- 
-formada precisou explicar que esses primeiros cristãos não esta- 
vam querendo sair do judaísmo. Na verdade, eles queriam incluir 
o evangelho naquela fé que equivocadamente ainda esperava a 
vinda do Messias e que não reconhecia Jesus como tal.
Entretanto, eles ainda não tinham enxergado o alcance de 
sua missão e se viam apenas como mais uma das muitas seitas 
judaicas que tentaram harmonizar sua situação com o judaísmo, 
como aconteceu com os saduceus (Atos 5:17) e os fariseus (Atos 
15:5), ambos vistos igualmente como pequenas ramificações da fé 
judaica. Por essa razão, eles tiveram que reinterpretar o judaísmo 
e as Escrituras do Antigo Testamento.
10 S C H O K E L , Luis A lonso; C A R N IT I, Cecília. Salmos I - G rande C om entário Bíblico 
dos Salmos (Página 16). São Paulo: Editora Paulus, 1998.
27
Blindagem Contra As Trevas
Na tentativa de se justificar, a comunidade cristã do primeiro 
século se debruçou com seriedade nos estudos no Antigo Testa- 
mento e especialmente sobre o livro dos Salmos. Os sermões de 
Pedro no Pentecostes e diante do Sinédrio são exemplos de men- 
sagens cheias de alusões às Escrituras, com diversas referências aos 
salmos.
O fato é que esse é o maior livro do Antigo Testamento e, 
consequentemente, foi o mais citado pelos israelitas e também pe- 
los autores do Novo Testamento. Os cânticos dos salmos sempre 
apresentaram muitas das expectativas espirituais dos judeus. Sem 
contar que, por serem hinos poéticos, eram o melhor vetor para 
que os fiéis expressassem suas esperanças em Deus.
A enorme incidência do seu uso em profecias acabou se tor- 
nando uma simples questão matemática. Cerca de 10% de todo o 
livro (16 salmos) podem ser classificados como Salmos Messiâni- 
cos11, ou seja, que fazem uma clara alusão a Cristo, entre os quais 
podemos citar os Salmos 2, 8, 16, 22, 23, 24, 40, 41, 45, 68, 69, 
72, 89, 102, 110 e 118.
Todos eles relatam muito sobre a pessoa de Cristo, Sua vida, 
rejeição, sofrimento, morte, ressurreição, divindade e realeza. Por 
essas evidências, o próprio Jesus entendeu e testificou que os Sal- 
mos falavam dele. Um exemplo está na conversa com os dois ho- 
mens na estrada de Emaús onde ele se viu nos Salmos:
Ele lhes disse: "Como vocês custam a entender e como 
demoram a crer em tudo 0 que os profetas falaram! Não 
devia 0 Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?"
E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes 
0 que constava a respeito dele em todas as Escrituras 
(...) Então os olhos deles foram abertos e 0 reconheceram, e 
ele desapareceu da vista deles. Perguntaram-se um ao outro: 
"Não estavam ardendo os nossos corações dentro de nós,
11 MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular — Novo Testamento (Página 
464). São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
28
1. Um Cântico de Proteção
enquanto ele nos falava no caminho e nos expunha as Escri- 
turas?"(...) E disse-lhes: "Foi isso que eu lhes falei enquanto 
ainda estava com vocês: Era necessário que se cumpris- 
se tudo 0 que a meu respeito estava escrito na Lei de 
Moisés, nos Profetas e nos Salmos". Então lhes abriu 0 en- 
tendimento, para que pudessem compreender as Escrituras.
E lhes disse: "Está escrito que 0 Cristo haveria de sofrer e 
ressuscitar dos mortos no terceiro dia".
Lucas 24:25-46
Cristo usou muito esses cânticos espirituais para falar sobre 
si, por isso, Agostinho chamou Jesus de “esse admirável cantor de 
Salmos”12. E foi através da revelação dos salmos que a comunida- 
de cristã primitiva teve a compreensão de que o Messias não era 
apenas o Salvador dos judeus, mas do mundo inteiro.
Ele é o Filho de Deus com Sua divindade (Salmo 2:7; 45:6- 
7; Salmo 102:25-27); o Filho do Homem com Sua humanidade 
afirmada (Salmo 8:4-6); o Rei descendente de Davi (Salmo 2; 
Salmo 24; Salmo 89:3-4, 27, 29); e o Profeta que apresenta os 
irmãos diante de Deus (Salmo 22:22-25 e Salmo 40:9-10).
Na época de Jesus, o hinário usado na sinagoga era o Livro 
dos Salmos, por isso, ele os conhecia profundamente e citou-os 
em muitas passagens de seus ensinamentos e cantou uma parte 
deles com Seus discípulos no final da celebração da última Páscoa 
(Mateus 26:30). Na cruz, Jesus morreu com as palavras do salmo 
22:1 em Seus lábios, ao declarar: “Deus meu, Deus meu, por que 
me desamparaste”.
Vale notar que alguns comentaristas do Novo Testamen- 
to lembram que Romanos 8:31 tem uma ligação com o tema 
desse salmo pela exclamação entusiasmada de Paulo quando diz: 
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” A expressão poética
12 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Teologia dos Salmos (Página 18). Rio de Janeiro: 
Editora JUERP, 1996.
29
Blindagem Contra As Trevas
do apóstolo se aproxima da mesma certeza que o Salmo 91 dá ao 
que crê no Deus Altíssimo.
O SALMO MISTURADO COM VENENO NA 
BOCA DA SERPENTE
Por qual razão o Adversário de nossas almas recitaria a Pala- 
vra de Deus se é essa mesma escritura que o derrota, o acusa, o 
condena e o sentencia? Mais especificamente, por que usar um 
salmo profético? A resposta é simples: desde o princípio, a Palavra 
de Deus tem sido alvo da distorção satânica. Assim como Eva foi 
enganada no Éden pelo veneno das palavras da serpente, o Diabo 
tentou enganar Jesus com a própria Palavra de Deus.
Muitas pessoas pensam que o desejo de Satanás é que o ho- 
mem lhe obedeça, mas isso é uma tolice. Na verdade, o Diabo 
tem por objetivo que o homem desobedeça a Deus, como ele 
mesmo fez e foi lançado nas trevas, como Adão fez e foi lançado 
fora do Paraíso, como outros bilhões de seres humanos fizeram e 
foram destituídos da glória de Deus.
Uma outra razão é que o Maligno sabe que a promes- 
sa de Deus, contida nesta porção específica da Escritura, é tão 
impressionantemente poderosa, que até cita no episódio da ten- 
tação do deserto quando disse: “aos teus anjos dará ordem ao teu 
respeito” (Salmo 91:13). Nesseincidente, o seu único objetivo foi 
distorcer a Escritura com uma lógica perversa, tentando corrom- 
pê-la do seu sentido verdadeiro.
O Diabo citou a Escritura como se quisesse colocar os versos 
como isca no seu anzol. Ainda hoje, muita gente tem, frequen- 
temente, aceitado ensinos falsificados com o veneno da mentira, 
mas com aparência de “palavra profética” ou de sermões de sa- 
cerdotes “ungidos”, ainda mais se estão acompanhados por um 
bocado de versículos bíblicos fora do verdadeiro entendimento 
das Escrituras.
30
Por isso, deve-se ter muito cuidado em examinar a Bíblia, 
pois o mesmo Diabo que pode se disfarçar de anjo celestial (2 Co- 
ríntios 11:13-15), pode também deturpar a Palavra de Deus para 
seus propósitos sórdidos. Neste caso, o inimigo somou três enga- 
nos em sua boca, os misturou com um pedaço do salmo e lançou 
como um tiro contra Jesus.
Em primeiro lugar, usou apenas um pedaço do verso do sal- 
mo, ou seja, se utilizou de uma meia verdade (ou se preferir, uma 
mentira inteira), por isso Jesus replicou com a expressão: “tam- 
bém está escrito”, mostrando que Seu conhecimento ia além das 
mentiras engendradas pelo Maligno. Em segundo lugar, ele to- 
mou a passagem fora do contexto, a pretexto de levar o Senhor a 
abusar das promessas de proteção do Pai celestial. E, por último, 
Satanás usou da sua versatilidade para que Jesus ousasse avançar 
além da habitação do Altíssimo, exigindo a comprovação de uma 
promessa que nunca havia sido feita.
Sem falar que ao citar o texto, o Tentador deixou de fora o 
quanto aquela mesma promessa ia contra ele mesmo, pois os fi- 
lhos de Deus que habitam em Seu esconderijo, triunfarão sobre 
os poderes das trevas: “Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o 
filho do leão e a serpente” (Salmo 91:13). Isso mesmo, o Diabo, 
chamado de “leão que ruge” (1 Pedro 5:8) e de “antiga serpente” 
(Apocalipse 12:9) será esmagado debaixo dos nossos pés (Roma- 
nos 16:20).
Observa-se, na continuação da promessa, que Deus vai “guar- 
dar” o homem “em todos os teus caminhos”, ou seja, quando 
não há qualquer perigo aparente, ainda assim precisamos da Sua 
proteção, e mesmo quando a crise estiver mais iminente, nós a 
teremos.
1. Um Cântico de Proteção
31
Blindagem Contra As Trevas
ANJOS QUE NOS PROTEGEM
Existe uma ordem dada aos anjos e segundo a incumbência 
que receberam: “eles te sustentarão nas suas mãos”, o que mostra 
tanto a Sua grande capacidade, quanto o Seu grande amor. E eles 
protegem o caminhar dos santos, para que não pisem em falso e 
caiam em pecado ou em angústia. Em outras palavras, o cuidado 
amoroso de Deus é tamanho, que fornece a atuação de seres ceies- 
tiais13 que nos carregam por um caminho seguro entre as pedras 
de tropeço.
Essas declarações revelam o caráter imutável de Deus que 
provê um quadro em que não se deve temer o inimigo. Pois ao 
que deposita a sua fé, a sua confiança e toda a sua esperança em 
Deus, Ele reage como Deus!
O mundo espiritual pode ser invisível aos nossos olhos, mas 
é revelado pelas Escrituras. O cristão não está sozinho na batalha 
espiritual. Deus dá o apoio de anjos poderosos que estão disponí- 
veis para nos servir, segundo o comando Dele:
Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores 
enviados para servir aqueles que hão de herdar a salva- 
ção?
Hebreus 1:14
Anjos não estão a nossa disposição. Estão à disposição de 
Deus para servir conforme a ordem de Deus. Eles não servem a 
qualquer um, mas apenas aos salvos. Isto é claríssimo na Bíblia. 
Não se deve acreditar em fábulas que falam de “anjos da guarda”. 
As Escrituras jamais trataram desse assunto, ou sequer menciona- 
ram algo assim.
Ou seja, os anjos são seres criados, caracterizados como es- 
píritos que ministram a favor dos que herdarão a vida eterna,
13 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: Versículo por 
Versículo, Volume 4 (Página 2343). São Paulo: Editora Hagnos, 2001.
32
1. Um Cântico de Proteção
apresentados como conservos de todos aqueles que guardam o 
testemunho de Cristo e de Sua Palavra, e, portanto, protetores a 
serviço dos filhos de Deus, mas apenas sob as ordens do Senhor.
UM SALMO DE DEFESA MILITAR
Existe em todo o discurso do Salmo 91 uma blindagem de 
proteção que não aparece em nenhuma outra porção da Bíblia. 
E uma espécie de garantia divina que estabelece medidas preven- 
tivas contra ataques e dá a certeza de que é possível ser salvo, mes- 
mo que se esteja preso no laço do inimigo ou sob a ação de uma 
peste epidêmica14.
Com uma imagem de um pássaro que coloca os filhotes sob 
suas asas para protegê-los de predadores, o cântico prossegue com 
mais um conjunto de retratos associadas a uma proteção blindada 
de guerra.
Para dar uma ideia do significado que esse salmo apresenta, é 
necessário entender que “blindagem” é um termo naturalmente 
militar. E é caracterizada como um composto formado por me- 
tais, cerâmicas ou fibras leves, mas de altíssima resistência. Na ver- 
dade, a blindagem é uma manta protetora, mais resistente que o 
aço e ao mesmo tempo flexível, que proporciona uma segurança 
balística inquestionável. Por isso, também é usada na fabricação 
de embarcações, veículos, coletes e escudos de guerra.
Desde a Antiguidade, a mobilidade das forças era aceita como 
elemento primordial para a vitória. O comandante que conseguia 
surpreender o adversário, deslocando rapidamente suas tropas 
para atacar nos locais onde a defesa era mais fraca, normalmente 
era o vencedor.
Nesse sentido, a velocidade dos movimentos da cavalaria de- 
sempenhava papel importantíssimo, mas era um suicídio mano-
14 BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento (Página 853). São 
Paulo: Editora Vida, 2008.
33
Blindagem Con era As Trevas
brar cavalos contra as posições defensivas equipadas com metra- 
lhadoras e artilharia de tiro rápido. Por isso, foram introduzidas 
as modificações dos blindados nos combates, pois os confrontos 
eram desgastantes e exigiam um enorme dispêndio de munição e 
vidas humanas.
UMA BLINDAGEM CONTRA O INIMIGO
Tudo começou na batalha do Passcheandale, na Bélgica, entre 
os britânicos e seus aliados contra os alemães durante a Primeira 
Guerra Mundial (1917). Nesse exemplo, a artilharia aliada dispa- 
rou logo no início do combate 4 milhões de projéteis e 107 mil 
toneladas de explosivos contra as linhas alemãs, mantendo uma 
cadência de 2 milhões de tiros por semana até o fim da operação. 
E quando ela terminou, os aliados tinham avançado apenas uns 
poucos quilômetros e perdido mais de cem mil homens pela falta 
de cobertura da blindagem (contra perdas equivalentes nas tropas 
germânicas), sem obter nenhum resultado decisivo15.
Por esse motivo, foi necessário produzir um meio de romper as 
linhas de trincheiras, ou o conflito prosseguiría até o esgotamento 
humano e material de ambos os contendores. Assim, foi criado o 
blindado, conhecido mundialmente como tanque de guerra, que 
passou a oferecer uma enorme vantagem tática, pois era capaz de 
proteger seus ocupantes do fogo das armas leves da infantaria e 
dos estilhaços da artilharia, de superar barreiras de arame farpado 
e posições de metralhadoras, abrindo caminho para a posterior 
passagem da infantaria amiga e evitando as perdas registradas até 
então.
Com a introdução da blindagem, a guerra virou em favor dos 
aliados britânicos e foi o grande segredo da vitória do seu exérci­
15 EDMONDS, James. Military Operations France and Belgium 1917 II. 7 June - 10 
November. Messines and Third Ypres (Passchendaele). (Página 22) Battery Press 1991 
ed. London: HMSO, 1948.
34
1. Um Cântico de Proteção
to. E quando os primeiros exemplares de tanques ingleses foram 
embarcados para a França, estavam cobertos com lona e nelas 
escrito Water Tank-British Army (tanque de água para o Exérci- 
to Britânico)16. Daí nasceu o nome “Tanque” que genericamente 
conservam até hoje.
E é como uma blindagem invulnerável de um tanque no 
meio de um campo de guerra que Deus promete umaproteção 
inabalável durante a batalha, como um escudo atrás do qual po- 
demos nos esconder.
Sob essa blindagem, não é necessário temer o terror notur- 
no nem qualquer arma que os inimigos empunham de dia, nem 
as que enfrentamos contra as trevas nas batalhas espirituais con- 
tra os poderes malignos. Por essa razão também, esse salmo tem 
sido empregado com eficácia em processos de libertação espiritual 
contra as trevas, como veremos no capítulo 12.
Naquele dia este cântico será entoado em Judá: Temos 
uma cidade forte; Deus estabelece salvação como muros 
e trincheiras.
Isaías 26:1
DEUS É UMA FORTALEZA
Parece claro nas Escrituras que Deus se agrada de se apresentar 
como uma guarnição militar que abriga os Seus filhos. Os termos 
militares citados como fortaleza e baluarte mostram que o Senhor 
dos Exércitos provê uma ampla proteção e que os inimigos não 
têm permissão de atingir quem está abrigado em Seu esconderijo:
16 BISH O P, Chris. T he Encyclopedia o f Tanks an d A rm ored F ighting Vehicles: From 
W orld W ar I to the Present D ay (P áginas 1 4 -1 6 ). T hunder Bay Press: 1st ed ition ,
2006 .
35
Blindagem Contra As Trevas
Como os montes cercam Jerusalém, assim 0 Senhor 
protege 0 seu povo, desde agora e para sempre.
Salmo 125:2
Sem a proteção de Deus, o homem estaria desamparado e 
seria fatalmente atingido. Por essa razão, o quadro da preserva- 
ção de um ataque violento com milhares morrendo à direita e à 
esquerda, em decorrência de enfermidades e guerras ao redor, é 
um dos mais lembrados. Num ambiente em que o mal só atinge 
com a calamidade aos ímpios, os que confiam no Altíssimo veem 
vitórias por todos os lados:
Pois eu, diz 0 Senhor, serei para ela um muro de fogo 
em redor, e para glória estarei no meio dela (...) Porque 
assim diz 0 Senhor dos Exércitos: Depois da glória ele me 
enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que 
tocar em vós toca na menina do seu olho.
Zacarias 2:5, 8
Diversas metáforas são empregadas a respeito da proteção 
como pavês, um pequeno escudo em forma arredondada e o es- 
cudo que cobria o corpo inteiro, com um formato comprido. 
Através delas, o Senhor é apresentado como quem serve de blin- 
dagem para todas as circunstâncias. Por isso, o salmista resolve se 
abrigar, permanentemente, nesse refugio que também se tornou 
sua fortaleza.
UM SALMO QUE ANUNCIA A VITÓRIA 
PARA OS FILHOS
Como foi observado, Satanás, o inimigo de nossas almas, cita 
as Escrituras em Mateus 4:6, usando a promessa de proteção do 
salmo para tentar Jesus a se lançar do pináculo do templo como 
forma de provar e autenticar a Sua identidade de Filho de Deus.
36
1. Um Cântico de Proteção
Fez isso porque sabe que as promessas divinas são para os 
filhos de Deus. Porém, a oferta de proteção nao significa que o 
homem pode fazer coisas erradas e insensatas, ou que fazendo 
não terá prejuízos. O salmo não é um cheque sem fundo, com 
o qual o homem pode gastar a sua vida em loucuras. A verdade 
é que Deus nos guardará em todos os Seus caminhos e não nos 
caminhos do pecado.
As promessas desse salmo não são para qualquer um, mas 
apenas para “aquele que habita no esconderijo do Altíssimo”, por 
isso, o cântico termina com Deus prometendo resgatar e proteger 
aqueles que O amam, pois reconhecem Seu nome, sabem que é 
Senhor e O invocam para pedir livramento.
Se somos filhos de Deus, podemos estar certos do cuidado de 
nosso Pai em todas as circunstâncias, mesmo nas desagradáveis, 
mas é bom dizer que Deus não afirma que os que creem estarão 
absolutamente imunes de todos problemas, mas dá a garantia de 
que estará com eles em suas dificuldades.
No desfecho do salmo, a promessa de longevidade e salvação 
também não significa, necessariamente, que todos os cristãos te- 
rão vida longa neste mundo. Em algumas ocasiões, a fim de ser 
glorificado e cumprir Seus propósitos, poderá permitir que o Seu 
povo sofra perseguição, fome e enfermidade.
Se o Salmo 91 não é uma promessa aos imprudentes e tei- 
mosos, com certeza é uma aliança que comunica fé aos que se 
posicionam sob o cuidado especial dos céus e que, por isso, se- 
rão resgatados da maldade do poder das trevas por intermédio de 
uma proteção singular. Estes ficarão sob a incumbência de anjos e 
triunfarão sobre os seus inimigos. E, por fim, serão tratados como 
os favoritos do próprio Deus.
O cântico é um convite de Deus para os nossos dias, para 
que o homem se abrigue debaixo de Suas asas. Não importa a 
intensidade da batalha, não importa a lista das perdas, o crente
37
Blindagem Contra As Trevas
sobreviverá sem um arranhão. Ele será um mero expectador da 
justiça de Deus se cumprindo sobre os ímpios.
Mas o incrível é que, mesmo com tamanha promessa, mi- 
lhões de pessoas hoje ainda rejeitam essa proteção como fizeram 
seus antepassados. Por essa razão, Jesus chorou ao contemplar Je- 
rusalém, a cidade que não quis a proteção do Altíssimo, mas que 
rejeitou, apedrejou e matou Seus profetas enviados.
E certo que o Senhor insistiu veementemente para que o 
povo de Israel ficasse sob Seus cuidados. Quantas vezes “Deus 
quis” protegê-los como uma galinha que ajunta seus pintinhos 
debaixo das asas para blindá-los, mas diante de tantas negativas 
do Seu povo, não sobrou pedra sobre pedra na construção da his- 
tória daquela geração.
A PROMESSA DA PROTEÇÃO DE DEUS
Habitar no esconderijo de Deus é ficar sob a responsabilida- 
de de quem o defenderá com o maior poder e eficácia possíveis. 
O Senhor será o protetor implacável, que o cobrirá, mantê-lo-á 
em segredo e o guardará a salvo de qualquer perigo ou ataque de 
criaturas nocivas e vorazes:
Pois no dia da adversidade Ele me guardará protegido 
em sua habitação; no seu tabernáculo me esconderá e me 
porá em segurança sobre um rochedo. Então triunfarei so- 
bre os inimigos que me cercam.
Salmos 27:5,6
O Eterno faz comparações para expressar o Seu cuidado com 
Seu povo, que é indefeso como os pintinhos e que facilmente 
pode virar presa. Deus quer que o homem saiba que Ele é capaz 
de guardar o Seu povo como um guerreiro com uma armadura.
Nenhuma construção de defesa edificada pelas mãos do ho- 
mem pode proteger como o Senhor. Nem fechaduras e nem ca­
38
1. Um Cântico de Proteção
deados podem evitar as doenças, os temores noturnos, ou ainda a 
peste que anda na escuridão.
Nada pode impedir a praga da morte como aquela que tirou 
a vida dos primogênitos dos egípcios, ou uma seta que voa de dia 
sem ser vista, nem uma mortandade que assola ao meio-dia.
Mas, esse esconderijo blindado oferecido pelo salmista tem a 
capacidade de proteção que não somente livrará do mal, mas tam- 
bém do medo do mal. Quando a própria suposição ou a menção 
de um grande perigo já puder amedrontar, os mais apavorados em 
nenhum momento se sentirão inseguros neste local.
ORAÇÃO
S e n h o r D eu s , em n o m e d e Je su s , e u c o n fe s so q u e s o u f r á g il e in d e fe - 
s o co n tra to d o s o s a ta q u e s q u e te n h o re c e b id o d a s tre va s. E s to u so b re ca r- 
re g a d o e p re c is o d e s c a n s a r d e b a ix o d e S u a s a s a s e s o b a Sua so m b ra . O s 
m e u s in im ig o s m e p e rs e g u e m d e m u ita s fo rm a s e p o r is so , m e s in to cer- 
c a d o e se m n e n h u m a s a íd a . L iv re -m e d o s m e u s a d v e rs á r io s q u e s ã o m a is 
fo r te s d o q u e eu e le v a n te em v o lta d e m im a s S u a s m u ra lh a s d e de fesa . 
P re c iso d o S eu s o c o r ro e c la m o p a ra q u e d ê o rd e n s a o s S eu s a n jo s a o m eu 
re sp e ito p a ra q u e n ã o m e d e ix e m t ro p e ç a r e m e a fa s ta r d o Senhor. P eço 
p a ra q u e m e a c e ite n o S eu e s c o n d e r ijo e d e r ra m e a S u a p a z q u e e x ce d e 
to d o 0 m e u e n te n d im e n to s o b re a m in h a v ida .
E sp ír ito S a n to d e D eus, e u p e ç o p a ra q u e f iqu e c o m ig o d u ra n te a le i- 
tu ra d e s te l iv ro e m e d ê e n te n d im e n to e d is c e rn im e n to p a ra q u e e u p o s s a 
v iv e r p ro te g id o p e la b lin d a g e m in v io lá v e l d o Senhor. Eu te a g ra d e ç o p o r 
m e ouv ir, m e a c e ita r e m e g ua rda r. B e n d ito é 0 S eu S a n to n o m e . A m é m .
39
C apítulo 2
*
O TAMANHO DO
Meu D eusJ j Ê.
“Com quem vocês me compararão? 
Q uem se assemelha a mim?”, pergunta 
o Santo. Ergam os olhos e olhem para as 
alturas. Q uem criou tudo isso? Aquele 
que põe em marcha cada estrela do seu 
exército celestial, e a todas chama pelo 
nome. Tão grande é o seu poder e tão 
imensa a sua força, que nenhum a delas 
deixa de comparecer!
Isaías 40:25,26
O TAMANHO DO MEU DEUS
"Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à som- 
bra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é 0 meu 
Deus, 0 meu refúgio, a minha fortaleza, e Nele confiarei."
Salmo 91:1,2
sse cântico é uma declaração de fé que contém uma oferta 
de proteção e de descanso mesmo em situações de perigo. 
A sombra do Todo-Poderoso pode abrigar qualquer um que nela 
se refugiar em todas as épocas, cenários e conjunturas. Em resu- 
mo, é um acordo firmado na eternidade e registrado nas Escritu- 
ras com a promessa de cuidado do Altíssimo.
Dentre as garantias de segurança, existe um abrigo perfeito 
para quando o homem é ameaçado por uma potência do mal, 
um refúgio contra aborrecimentos, uma cobertura contra perigos 
naturais ou provocados, uma proteção contra inimigos que ferem 
sem serem vistos, um livramento contra vários tipos de ataques e 
pragas e a blindagem contra tribulaçÕes e calamidades.
O Dr. Thomas L. Constable, membro da Sociedade Evangé- 
lica de Teologia e Professor Sênior Emérito de Exposição Bíblica 
do Seminário Teológico de Dallas, no Texas, expõe isso com a 
seguinte referência:
“O salmista fala com grande confiança, mas seu tom é um 
pouco de instrução, como se quisesse tranquilizar alguém que não 
tem certeza de sua própria segurança. No entanto, a garantia não 
é apenas didática, mas confessional. É um testemunho pessoal de 
alguém cuja experiência própria faz a segurança da fé convincente 
e autentica. ' 17
17 C O N ST A B L E , T hom as L. Thom as C onstable’s Notes on the Bible. Vol. I: G enesis- 
-D euteronom y. Vol. I ll: Job-Song o f S o lom on (Página 2 5 9 8 ). D allas, Texas: Tyndale 
Sem inary Press, 1996 .
43
Blindagem Contra As Trevas
O salmista encontra-se absolutamente confiante contra ame- 
aças mortais, pois toda a promessa é combinada com uma ampla 
proteção militar para ataques de todo e qualquer inimigo, onde 
não existe nenhum poder ou força que possa mostrar-se eficaz. 
Em suma, ele está em um lugar onde o caos não tem permissão 
para tocá-lo.
A escritora norte americana, Peggy Joyce Ruth18, define com 
grande clareza o porquê da despreocupação otimista contida na 
declaração do autor do Salmo 91, pois ele “é a medida preventiva 
da parte de Deus para Seus filhos contra cada mal conhecido pela 
humanidade. Não há em outro lugar essa garantia de proteção 
(incluindo a ajuda de anjos e promessas, assegurando-nos nossa 
autoridade), acumulada em uma aliança, oferecendo um paco- 
te completo para viver neste mundo. É uma medida ofensiva e 
defensiva para evitar qualquer mal antes que ele tenha tempo de 
atacar. Essa não é apenas uma cura, mas também um plano de 
prevenção completa”.
REFÚGIO: O LUGAR SECRETO
Os dois primeiros versos do salmo mostram o tipo de prote- 
ção oferecida por Deus ao homem, combinando duas palavras: 
refúgio e esconderijo.
Refúgio é traduzido literalmente como um “lugar secreto”19, 
que significa principalmente um véu que esconde ou uma cober- 
tura que torna inatingível. E a cláusula condicional para o Senhor 
realizar a segurança perfeita, é que o homem deve “habitar no 
esconderijo do Altíssimo”.
18 RUTH, Peggy Joyce. Salmo 9 1 —0 Escudo de Proteção de Deus (Página 46). Rio de 
Janeiro: Graça Editorial, 2008.
19 JONES, William. BURN, J. W. BARLOW, George. Homilética Completa do Prega- 
dor - Comentário no Livro de Salmos VOLUME II - SALMOS 88-109 (Página 16). 
Nova Iorque: Funk & Wagnalls Company, 1892.
44
2. O Tamanho do Meu Deus
Esconderijo é um lugar guardado em segredo, onde nunca 
poderão encontrar o que foi escondido, onde o mistério não po- 
derá ser revelado, onde ninguém pode encontrar o que foi ocul- 
tado. Ali os segredos estão protegidos e o que tem valor não será 
encontrado.
Conheço histórias de pessoas que esconderam tão bem seus 
valores, objetos, cartas, segredos e senhas, que nem mesmo elas 
conseguiram de novo encontrar, seja pelo fato de terem esquecido 
o local do esconderijo, seja por perderem a chave ou a lembrança 
de acesso do que foi ocultado.
NO ESCONDERIJO SECRETO
Durante a Segunda Guerra, estimativas contam que, somente 
na Holanda, aproximadamente 28.000 judeus refugiaram-se por 
longos períodos de tempo da perseguição alemã para não irem 
para a prisão ou a um campo de concentração nazista.
Além da vida dos judeus, os trabalhadores da resistência tam- 
bém estavam em risco e necessitavam de um abrigo para se pro- 
teger. Alguns retiraram-se para a cidade e outros para a província 
rural. Outros se esconderam atrás de documentos e identidade 
falsos. Quem saía do esconderijo poderia se tornar mais uma ví ti- 
ma do genocídio de Hitler.
O mais famoso dos esconderijos descobertos, chamado de 
“anexo secreto”, era o refugio da adolescente alemã Anne Frank, 
que ficava no prédio do escritório do seu pai, em Amsterdã. Foi lá 
que a família Frank e outras quatro pessoas das famílias Van Pels e 
Fritz Pfeffer, todos judeus, viveram clandestinamente, num a ten- 
tativa de se esconder dos nazistas durante a guerra, até serem des- 
cobertos e levados para o campo de concentração de Auschwitz, 
na Polônia e mais tarde transferidos para o campo de Bergen- 
-Belsen, na Alemanha, onde Anne e sua irmã Margot morreram 
de tifo, em 1945.
45
Blindagem Contra As Trevas
A verdade é que nenhum esconderijo humano é suficiente- 
mente forte para prover proteção total em todo o tempo. Somen- 
te Deus pode garantir uma segurança completa e para isso o ho- 
mem deve “habitar” no esconderijo do Altíssimo.
O verbo habitar tem, como tradução literal, a ideia de: “aque- 
le que está sentado no”. O cristão não pode ser um visitante espo- 
rádico do esconderijo, não deve ir ao lugar secreto de Deus como 
uma visita para passar um breve período de tempo como em um 
hotel ou pousada, mas deve permanecer como um habitante que 
se estabelece em sua própria residência para sempre e sem nenhu- 
ma intenção de abandoná-la.
É justamente sobre o desejo de permanecer para sempre nesse 
lugar maravilhoso, que trata o famoso Salmo 23. A sua conclu- 
são é extraordinária porque, depois de ser conduzido para pastos 
verdejantes e águas tranquilas, ser protegido através de vales de 
sombra e morte, alcançar as “mesas” fartas do Senhor e receber 
todo o cuidado necessário para se sentir plenamente protegido e 
satisfeito, ele deseja apenas permanecer nesse ambiente para todo 
o sempre:
"...habitarei na casa do Senhor enquanto eu viver"
Salmo 23:6.
UM PACTO SEGURO, MAS CONDICIONAL
Preciso fazer um alerta aqui: vejo muitas pessoas empregando 
esse salmo como uma promessa destinada a qualquer um, mas 
isso não é verdade, como veremos mais adiante. Habitar é ficar 
permanentemente sob a proteção ou sob a sombra do Todo-Po- 
deroso. Jones cita Hengstenberg,20 que traduz a expressão como
20 JONES, William. BURN, J. W. BARLOW, George. Homilética Completa do Prega- 
dor - Comentário no Livro de Salmos VOLUME II - SALMOS 88-109 (Página 18). 
Nova Iorque: Funk & Wagnalls Company, 1892.
46
2. O Tamanho do Meu Deus
alguém que “passa a noite”, pois essa é a sua casa, o lugar onde ele 
passa naturalmente suas noites.
Habitar é colocar a vida sob a responsabilidade de seu pro- 
tetor. Homens desobedientes queabandonam a Palavra de Deus, 
que desprezam os conselhos do Senhor, que não creem em Seus 
princípios e ordenanças, na verdade nunca estarão totalmente 
protegidos. O pecado afasta o homem de Deus e consequente- 
mente do abrigo de Deus:
Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e 
0 vosso Deus.
Isaías 59:2
O filho pródigo (Lucas 15) é uma das figuras exemplificadas 
na Bíblia de alguém que escolhe viver fora do esconderijo do 
Altíssimo. Ele deixa a segurança da casa do pai e vai para uma 
terra distante. Lá encontra falsos amigos, desproteção, abandono, 
fome e sua vida vira um chiqueiro.
Jacó, conhecido também como Israel, sofreu muito ao ser in- 
centivado por sua mãe a enganar o pai, já velho e cego, com o 
intuito de roubar para si a bênção que era destinada a seu irmão 
Esaú. A escolha de sair de baixo da autoridade paternal acabou 
desprotegendo-o, e por fim, tornou-se um fugitivo, ameaçado de 
morte, em uma terra longe do abrigo do seu pai.
Essa decisão insensata custou o alto preço de ser enganado 
por um sogro maligno que o lançou em uma arena de um ca- 
sarnento bígamo com as suas próprias filhas e o escravizou por 
quatorze anos, e ainda o explorou por mais sete anos, trocando 
propositadamente seus salários.
Um outro modelo desse princípio encontra-se na vida de 
Davi. Ele era conhecido como um “homem segundo o coração de 
Deus” (Atos 13:22), entretanto, acreditou que poderia abando- 
nar, por alguns instantes, o esconderijo do Altíssimo e que mesmo 
assim, ficaria imune aos ataques do mal.
47
Blindagem Contra As Trevas
Assim, em um m omento de tórrida paixão, deita- se com a 
mulher de seu vizinho, em uma única noite de prazer e atrai para 
o resto de sua vida experiências amargas compostas de tragédia 
familiar, ódio entre os seus filhos, competição pelo trono, abusos 
sexuais dentro de sua casa, praga na sua descendência, vinganças 
de morte e divisão do seu reino.
Não se engane, desobedecer é viver o sofrimento como esses 
exemplos de crentes notáveis que saíram de baixo da cobertura 
protetora de Deus, como outros que ainda hoje apenas repetem 
os atos daquele que tem, há m uito tempo, enganado a humanida- 
de. O Diabo sabe perfeitamente que, se o homem desobedecer a 
Deus, ficará desprotegido e será alvo de dores, perseguições, pra- 
gas, setas e outros sofrimentos de contornos cruéis:
Quem subirá ao monte do Senhor? Quem estará no seu 
tabernáculo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, 
que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosa- 
mente. Este receberá do Senhor a bênção e a justiça do Deus 
da sua salvação.
Salmo 24:4 -5
Lúcifer, um anjo que andava no Éden, foi o primeiro ser cria- 
do a sair debaixo da proteção do Altíssimo para tentar construir o 
seu próprio reino fora da habitação de Deus e acabou se transfor- 
mando em Satanás, o inimigo de Deus:
E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das 
estrelas de Deus exaltarei 0 meu trono, e no monte da con- 
gregação me assentarei, aos lados do Norte. Subirei sobre as 
alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E, con- 
tudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.
Isaías 14:13-15
48
2. O Tamanho do Meu Deus
QUEM HABITA NO ESCONDERIJO?
Em meu ministério tenho visto muita gente de Deus, crentes 
sérios, mas que em algum momento da caminhada de fé fizeram 
a tola escolha de sair de baixo da proteção de Deus em troca de 
dinheiro, sexo, um ministério a qualquer custo, sucesso e outras 
tentações, e, por isso, têm sofrido consequências terríveis da des- 
proteção como o filho pródigo, Jacó e Davi.
Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis 
no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os 
mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
João 15:10
REFÚGIO NO PRINCÍPIO 
DA OBEDIÊNCIA
Quando observo alguma área na vida de alguém em que há 
alguma demora ou processo de rebelião em relação a obedecer 
às Escrituras, também percebo justamente um ciclo de derrotas 
especificamente naquele ponto da vida dessa pessoa. Sonegar o 
dízimo produz dívidas. Abortos, assassinatos e derramamento de 
sangue inocente atraem a morte e a falência financeira. Roubos 
atraem maldição e miséria. Pornografia atrai a insensibilidade 
moral. O adultério produz cegueira espiritual e endemoniamen- 
to do leito conjugal. A prostituição gera alianças com espíritos 
imundos:
E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo 
cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu 
hoje te ordeno, 0 SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas 
as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e 
te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus 
(...) Entretanto, se vocês não obedecerem ao Senhor, ao 
seu Deus, e não seguirem cuidadosamente todos os seus 
mandamentos e decretos que hoje lhes dou, todas estas
49
Blindagem Contra As Trevas
maldições cairão sobre vocês e os atingirão: Vocês serão 
amaldiçoados na cidade e serão amaldiçoados no campo.
Deuteronômio 28:1-2; 15-16
Não podemos nos enganar: habitar no esconderijo do Altíssi- 
mo é a única condição para o cumprimento do pacto prometido 
de viver descansado à sombra do Onipotente. Deve-se reparar que 
o primeiro verso anuncia a nossa responsabilidade antes mesmo 
de mencionar as promessas da parte que cabe a Deus. Lembre- 
-se que a nossa parte deve vir primeiro, e o esconderijo secreto é 
condicional.
Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá 
morar no teu santo Monte? Aquele que é íntegro em sua 
conduta e pratica 0 que é justo, que de coração fala a verda- 
de e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz 
ao seu semelhante e não lança calúnia contra 0 seu pró- 
ximo, que rejeita quem merece desprezo, mas honra os que 
temem ao Senhor, que mantém a sua palavra, mesmo 
quando sai prejudicado, que não empresta 0 seu dinhei- 
ro visando lucro nem aceita suborno contra 0 inocente. 
Quem assim procede nunca será abalado!
Salmo 15:1-5
UMA PROMESSA PARA FILHOS 
OBEDIENTES
A moldura que envolve todas as promessas apresentadas do 
início ao fim desse salmo é a obediência. Sem obediência a Deus 
é inútil ter qualquer esperança de que as proteções apresentadas 
serão ativadas em nosso favor.
As palavras desse cântico são exclusivas para quem tem uma 
aliança com o Senhor e que precisa ser banhada no sangue do 
Cordeiro de Deus, Jesus Cristo de Nazaré, o único caminho para
50
2. O Tamanho do Meu Deus
a santidade que confirma uma vida de obediência transformada 
pela fé:
Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; nin- 
guém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que 
as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode 
arrancar da mão de meu Pai. Eu e 0 Pai somos um.
João 10:2830־
Só assim, o filho de Deus experimentará os dois segredos do 
Altíssimo. O primeiro, como vimos, é que Ele é um esconderijo e 
que o crente passou a ficar protegido em Sua habitação. O segun- 
do é que a intimidade da presença de Deus projeta uma sombra 
protetora sobre sua vida.
UM DEUS INCOMPARÁVEL
Para aprimorar o entendimento, precisamos apelar para as 
palavras que o profeta Isaías recebeu do Espírito Santo e que 
anunciam, de maneira muito clara, o incontestável tamanho de 
Deus. Por metáforas, ele descreve o Deus Altíssimo ao fazer com- 
parações que deixam muitíssimo pequeno o nosso mundo e os 
nossos problemas.
A DIMENSÃO DAQUELE QUE 
CRIOU O UNIVERSO
A Bíblia apresenta todos os argumentos relativos aos atos do 
Criador dos Confins da Terra e que revelam, pouco a pouco, a 
enormidade do Seu tamanho. O profeta começa apontando para 
o passado, num tempo em que só a Trindade de Deus era presen- 
te. E através de algumas perguntas apresenta a dimensão de Deus, 
sob o ponto de vista da própria criação:
Quem mediu as águas na concha da mão, ou com 0 
palmo definiu os limites dos céus? Quem jamais calculou 0
51
Blindagem Contra As Trevas
peso da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas 
nos seus pratos?
Isaías 40:12
Deus tirou o mundo de dentro das águas,num tempo em 
que o “Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gênesis 
1:2). Assim, o mar, a terra e os céus são construídos como os três 
andares do universo criado.
Inicialmente mensurou as águas que estão acima do firma- 
mento, aquelas sobre as quais a terra repousa e os oceanos que 
cobrem a terra. Depois o Criador passou uma fita métrica na ex- 
pansão dos céus, que são o andar superior, ou o piso de cima do 
universo. E por fim, através de uma pergunta retórica revela que 
a terra foi firmada e milimetricamente alicerçada em suas fron- 
teiras, com as montanhas fixadas como os apoios fundamentais 
sobre os quais está o firmamento.
UM DEUS DESSA ENVERGADURA PRECISA
DE AJUDA?
Quem definiu limites para 0 Espírito do Senhor, ou 0 
instruiu como seu conselheiro? A quem 0 Senhor consultou 
que pudesse esdarecê-10, e que lhe ensinasse a julgar com 
justiça? Quem lhe ensinou 0 conhecimento ou lhe aponta 0 
caminho da sabedoria?
Isaías 40:13,14
Quem guiou o Espírito de Deus? O Grande Deus não preci- 
sou de conselheiros, porquanto não suportariam a Sua sabedoria 
infinita. Nenhum ser de nenhuma espécie podería ter prestado 
auxílio, porquanto ainda nem existia. Deus não precisou consul- 
tar ninguém a fim de receber compreensão quanto a planos e 
idéias; pois todos eles procederam de Sua própria sabedoria.
52
2. O Tamanho do Meu Deus
Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu 
conselheiro? Quem primeiro lhe deu, para que ele 0 recom- 
pense? Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele 
seja a glória para sempre! Amém.
Romanos 11:34-36
A ENORMIDADE DE DEUS E A PEQUENEZ 
DAS NAÇÕES
Diante de tais palavras já podemos imaginar o tamanho do 
Altíssimo, que é capaz de medir as nações do m undo inteiro com 
um instrumento muito singular: um pequeno balde. E se essa 
medida de água já é realmente uma pequena quantidade, imagine 
tirar dali apenas uma gota. Uma gota não é absolutamente nada.
Qualquer objeto colocado em uma balança de precisão já 
será uma coisa pequena. Mas, se nesta balança não há nenhum 
peso, mas somente um pouco de poeira, então isso na verdade 
será como se nada fosse. Resumindo, Deus é enorme! As nações 
são como uma gota ou como poeira sem peso:
Na verdade, as nações são como a gota que sobra do 
balde; para ele são como 0 pó que resta na balança; para 
ele as ilhas não passam de um grão de areia. Nem as fio- 
restas do Líbano seriam suficientes para 0 fogo do altar, nem 
os animais de lá bastariam para 0 holocausto. Diante dele 
todas as nações são como nada; para ele são sem valor e 
menos que nada.
Isaías 40:15-17
Esse breve esboço compara a grandeza de Deus com o ho- 
mem que, individual ou coletivamente, é como nada diante do 
Criador. De fato, o quadro é muito maior do que imaginamos. 
As nações são tão pequenas que o Altíssimo é capaz de aferir com 
a palma de suas mãos a distância entre o Brasil e o Japão. E pesar 
a quantidade de areia do m undo inteiro num a balança é tarefa tão
53
Blindagem Contra As Trevas
simples quanto queimar as soberbas florestas de um país inteiro 
como combustível do Seu altar.
Champlin chama esse texto das Sagradas Escrituras como as 
“Metáforas do Nada”21 e considera pelo menos quatro pontos: pri- 
meiro, sendo pequenas como quase nada, as nações não ameaçam 
a Deus e Ele dirige a história humana como quer. Em segundo 
lugar, Deus só presta atenção aos povos por causa de Sua própria 
graça. O terceiro ponto, todas as pretensões que os homens levam 
muito a sério são tolas. E por fim, a história humana só tem valor 
por causa daquilo que Deus faz com os homens.
O ser humano em si vale muito pouco. O homem é pó! E a 
menos que Deus lhe dê valor, vai continuar valendo o que vale, 
um pouquinho de pó, ou seja: nada. Na verdade, Deus valorizou 
o homem ao morrer por ele na cruz. E seja como for, as nações, 
tão pequenas e insignificantes como são, naturalmente terão de 
curvar-se diante de Sua grandeza.
COM QUEM COMPARAREI DEUS?
A quem vocês compararão Deus? Como poderão repre- 
sentá-lo? Com uma imagem que funde 0 artesão, e que 0 ou- 
rives cobre de ouro e lhe modela correntes de prata? Ou com 
0 ídolo do pobre que pode apenas escolher um bom pedaço 
de madeira e procurar um marceneiro para fazer uma ima- 
gem que não caia?
Isaías 40:18-20
A ideia de compará-Lo a ídolos feitos de pedaços de madeira 
ou esculpidos em forma de imagens, é simplesmente impensável. 
E o texto prossegue aumentando ainda mais a superioridade de 
Deus ao utilizar uma figura com a qual o planeta Terra parece
21 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: Versículo por 
Versículo. Volume 3 (Página 2897). São Paulo: Hagnos, 2001.
54
2. O Tamanho do Meu Deus
muito menor, o que continua a reduzir a raça humana a uma in- 
significância comparada a menos do que nada:
Será que vocês não sabem? Nunca ouviram falar? Não 
lhes contaram desde a antiguidade? Vocês não compreende- 
ram como a terra foi fundada?
Isaías 40:21
Andromeda, a vizinha mais próxima da Via Láctea (se é que 
podemos definir dessa forma a distância de 2,54 milhões de anos- 
-luz de distância da Terra), é uma imensa galáxia formada como 
um cacho de planetas, sistemas estelares, nebulosas de enorme 
grandeza e que contém em torno de cem bilhões de sóis, cada 
qual maior do que o nosso próprio sol, e que perto de Deus, tam- 
bém não é nada:
Ele se assenta no seu trono, acima da cúpula da terra, 
cujos habitantes são pequenos como gafanhotos. Ele es- 
tende os céus como um forro, e os arma como uma tenda 
para neles habitar.
Isaías 40:22
Por isso somos comparados a insetos, ou seja, o Altíssimo está 
tão acima, que os homens ficam pequenos aos Seus olhos. E Ele 
quem estende as cortinas dos céus, mostrando toda a familiarida- 
de com o Universo, da mesma forma como o homem tem com a 
cortina de sua casa.
Ao particularizar, coloca-nos em um microscópio e dentre 
todos os humanos, destaca os grandes da terra, os poderosos, os 
príncipes e os juizes. E declara que não os vê de maneira especial, 
pois Ele mesmo reduz a nada os poderosos. Reconhece que até 
príncipes que têm algum poder, mal começam a ter solidez e são 
arrancados:
Ele aniquila os príncipes e reduz a nada os juizes 
deste mundo. Mal eles são plantados ou semeados, mal 
lançam raízes na terra, Deus sopra sobre eles, e eles mur­
55
Blindagem Contra As Trevas
cham; um redemoinho os leva como palha. "Com quem vo- 
cês me compararão? Quem se assemelha a mim?", pergun- 
ta 0 Santo.
Isaías 40:23-25
Também apresenta a imagem de um oficial general que reú- 
ne seus exércitos, fazendo a chamada e dando ordens para cada 
um, que obedecem imediatamente para se deslocarem em uma 
marcha de guerra. Cada estrela, cada planeta, cada galáxia, cada 
cometa está exatamente em seu lugar por ordem de Deus. Cada 
uma tem sua característica singular em brilho, tamanho e lugar 
no Universo. Ele conhece cada detalhe de cada estrela e cada uma
chama pelo seu nome:
Ergam os olhos e olhem para as alturas. Quem criou 
tudo isso? Aquele que põe em marcha cada estrela do seu 
exército celestial, e a todas chama pelo nome. Tão grande é 
0 seu poder e tão imensa a sua força, que nenhuma delas 
deixa de comparecer!
Isaías 40:21, 26
Por tudo isso, confie no nome desse Deus incomparável e 
desfrute do descanso de Sua habitação. Acredite, o seu Deus é tão 
grande que o mal não poderá deliberadamente tocá-lo.
ORAÇAO
Senhor meu Deus e meu Pai, sei que todas as promessas de proteção 
são para filhos obedientes. Portanto, em nome de Jesus, quero entregar 
a minha vida ao Senhor. Eu reconheço que sou pecador e que preciso do 
Seu perdão. Quero confessar que Seu filho Jesus de Nazaré é 0 meu único 
e suficiente Salvador. Peço que me lave no sangue da cruz, me purifique 
de todas as minhas iniquidades e transgressões e me dê uma vida nova. 
Clamo por Sua ajuda para conseguir obedecer aos Seus mandamentos.
Meu Pai Celestial, decido viver, a partir de hoje, em Seu esconderijo e 
descansar à Sua sombra,pois reconheço a Sua grandeza e a obra de Suas 
mãos expressa na Sua magnífica criação. Diante do Senhor os meus pro-
56
2. O Tamanho do Meu Deus
b le m a s s ã o c o m o n ad a . N a S u a p re s e n ça a m in h a v id a e s tá a b s o lu ta m e n te 
seg u ra . P o r isso , e u c la m o p a ra q u e la n c e p a ra lo n g e d e m im to d a s a s 
a m e a ç a s e a s p e r s e g u iç õ e s d o s m e u s in im ig o s e m e d ê a S u a m a ra v ilh o s a 
p a z . O ro em n o m e d e Jesu s . A m é m .
57
C apítulo 3
Lá b i o s q u e 
C o n q u i s t a m 
V i t ó r i a s
Se com a tua boca confessares ao Senhor 
Jesus, e em teu coração creres que Deus o 
ressuscitou dentre os m ortos, serás salvo.
Visto que com o coração se crê para a 
justiça, e com a boca se faz confissão para 
a salvação.
Romanos 1 0 ־910:
LÁBIOS QUE
CONQyiSTAMVlTÓRIAS
"Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à som- 
bra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é 0 meu 
Deus, 0 meu refúgio, a minha fortaleza, e Nele confiarei."
Salmo 91:1,2
salmista canta vantagem de sua segurança e total con- 
fiança na proteção oferecida por Deus, mesmo diante 
de adversários cruéis; suas palavras iniciais formam sentenças que 
expressam a certeza de que não é preciso temer o mal seja de cará- 
ter natural, humano ou espiritual.
Da sua própria boca são liberadas palavras que garantem o 
caráter imutável e salvador de Deus que livrará Seus filhos de to- 
das as maquinações malignas, seja qual for a ferocidade, a estraté- 
gia ou a violência do ataque de seus inimigos.
A proteção de Deus funciona como imunidade para o ho- 
mem que está sendo ameaçado por calamidades e que precisa de 
um abrigo; mas somente os que aceitam a oferta de permanecer 
debaixo da sombra do Altíssimo podem descansar.
A SOMBRA PROJETADA
Só é seguro descansar quando se está certo de que a sua segu- 
rança não pode ser abalada por nenhuma ameaça. A sombra do 
Altíssimo representa uma presença tão próxima que nada pode 
afetar o homem, justamente porque é protegido pela presença 
constante do Deus Onipotente:
61
Blindagem Concra As Trevas
0 SENHOR é quem te guarda; 0 SENHOR é a tua sombra 
à tua direita.
Salmo 121:5
Nos momentos de tentação, aflição e trevas, o salmista deck- 
ra que pode descansar sob a sombra de Deus. Até mesmo durante 
as lutas do dia-a־dia, com toda a exigência de esforço e o calor das 
batalhas, há segurança na presença do Todo-Poderoso.
Está claro que é na proximidade de Deus que a segurança re- 
side e que a Sua sombra é o lugar mais seguro da Terra e nenhum 
mal pode acontecer, contudo, se a proximidade d’Ele significa 
segurança, igualmente, ficar a distância significa estar vulnerável: 
Porque Tu tens sido 0 meu auxílio; então, à sombra das 
tuas asas me alegrarei.
Salmo 63:7
A decisão de descansar revela a confiança de deixar nas mãos 
de Deus o futuro com todos os seus interesses, crendo que “aquele 
que prometeu é fiel para cumprir” (Hebreus 10:23) a Sua pala- 
vra empenhada. Também comunica a intimidade com o Criador 
e quanto mais próximo, mais protegido estará sob à sombra do 
Onipotente:
Porque foste a fortaleza do pobre, e a fortaleza do ne- 
cessitado, na sua angústia; refúgio contra a tempestade, e 
sombra contra 0 calor; porque 0 sopro dos opressores é 
como a tempestade contra 0 muro.
Salmo 25:4
Essa sombra não diz respeito ao conceito literal do termo, 
mas apresenta o sentido numa linguagem figurada, que indica a 
influência exercida em favor do salvo em Cristo e o total e abso- 
luto controle sobre o protegido.
A sombra é uma correspondência exata do Altíssimo, que está 
colocado como um anteparo entre a ameaça e o filho de Deus.
62
3■ Lábios que Conquistam Vitórias
É o retrato da majestade divina e poderosa como uma enorme 
montanha cuja presença ressalta uma sombra ou esconderijo se- 
guro para abrigar o crente22. O nosso Deus é grande, portanto a 
Sua sombra é grande e os seus nomes, Altíssimo e Onipotente, 
anunciam toda a base que sustenta a segurança do salmista.
QUATRO BLINDAGENS CONTRA 
QUATRO ATAQUES
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à som- 
bra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é 0 meu 
Deus, 0 meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
Salmos 91:1,2
De acordo com o dicionário da língua portuguesa23, blindar 
significa revestir, cobrir ou proteger. Para melhor compreensão, é 
preciso entender o que a blindagem acarreta quando se está sob a 
sombra do Altíssimo.
O Salmo 91 traz quatro blindagens que são credenciadas pe- 
los nomes que atribuem a Deus todo poder necessário para defen- 
der o ser humano contra quatro ataques que se seguirão logo nos 
versos posteriores.
Quatro palavras representam o tipo de proteção que Deus 
oferece aos que habitam em Sua presença: esconderijo, sombra, 
refúgio e fortaleza.
Altíssimo, Onipotente, Senhor e meu Deus são os quatro no- 
mes que endossam o caráter de Deus e definem como o Eterno 
garante toda a proteção necessária.
22 RADMACHER, Earl. ALLEN, Ronald B. HOUSE, H. Wayne. O Novo Comentário 
Bíblico do Antigo Testamento, Com Recursos Adicionais - A Palavra de Deus ao 
alcance de todos (Página 824). Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2009.
23 MICHAELIS, Henriette. Dicionário Prático - Língua Portuguesa - Nova Ortogra-
fia (Página 82). Rio de Janeiro: Editora Melhoramentos, 2011.
63
Blindagem Contra As Trevas
Você não temerá 0 pavor da noite, nem a flecha que 
voa de dia, nem a peste que se move sorrateira nas tre- 
vas, nem a praga que assola ao meio-dia.
Salmos 91:5,6
As quatro ameaças que intentarão contra a vida do crente 
são chamadas de “pavor da noite”, “flecha que voa de dia”, “pes- 
te sorrateira das trevas” e “praga que assola ao meio-dia” (Salmo 
91:5,6). Por causa da previsão desses ataques e a fim de não ser 
atingido pelos intentos malignos, o homem precisa estar protegí- 
do em um lugar absolutamente secreto:
Tens sido fortaleza para os pobres, refúgio para 0 
necessitado em sua aflição, abrigo contra a tempestade e 
sombra contra 0 calor quando 0 sopro dos cruéis é como 
tempestade contra um muro.
Isaías 25:4
AS CREDENCIAIS DO MEU DEUS 
PROTETOR
“Altíssimo”
Como já visto, as quatro metáforas de proteção: esconde- 
rijo, refúgio, sombra e fortaleza ligam-se a quatro nomes que 
identificam a Deus. Ele é um “refúgio” como um lugar secreto. 
Um “esconderijo” tranquilo e seguro que abriga das calamidades. 
Ele também é uma “fortaleza” que dá uma ideia de lugar de defesa 
para resistir aos ataques de forças opostas. E uma sombra proteto- 
ra que dá descanso:
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo...
Salmo 91:1
O salmo apresenta também quatro nomes divinos que se es- 
premem nos versos iniciais. Esses títulos são lembranças do tem­
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po dos patriarcas da Bíblia e endossam a identidade e o caráter de 
Deus.
Altíssimo (em hebraico Eliori), nome que aparece pela pri- 
meira vez em Gênesis 14:18-20 e sua tradução O apresenta como 
alguém que é mais exaltado do que os reis da Terra e do que os 
falsos deuses das nações.
Como superlativo de alto, Altíssimo é um título capaz de 
reduzir todas as ameaças ao seu tamanho certo, pois nada pode se 
comparar a Sua grandeza e majestade.
É significante entender que não existe uma escada, um salto, 
um avião ou até mesmo um ônibus espacial que possa chegar até 
alguém que está num lugar altíssimo. É um lugar inalcançável e 
onde todos os problemas, o caos, todas as loucuras e as dificulda- 
des não interferem na paz consequente do descansar no Altíssimo.
NÃO INTERESSA O QUE OS OUTROS
DIZEM
“Deus, Onipotente e Senhor”
Ao confessar quem é Deus, independentemente do que ou- 
tras pessoas possam dizer a Seu respeito, o salmista declara que o 
Senhor não falhará com ele, pois o Altíssimo é uma fortaleza e um 
castelo forte que pode escondê-lo. Não há nenhuma razão para 
questionar a Sua suficiência, basta apenas confiar.
Onipotente {El Shaddai)24, o Deus quenão depende de pes- 
soas, nem de coisa alguma e que é suficiente para atender a todas 
as necessidades (Gênesis 17:1; 28:3; 33:11). O Todo-Poderoso 
foi quem sustentou os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Eles tive- 
ram experiências em comum, uma vez que não tinham terra, não 
tinham um teto sobre suas cabeças, nem mesmo um lugar para
2 4 K ID N E R , D erek. Salmos 73 - 150: In trodução e C om entário aos Livros dos Sal-
m os (Página 3 5 5 ). São Paulo: Editora M u n d o Cristão, 1984.
3. Lábios que Conquistam Vitórias
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Blindagem Contra As Trevas
repouso. Dependiam exclusivamente do Deus que faz todas as 
coisas em favor de quem Nele crê.
Ele é o Senhor, o Deus da aliança fiel às Suas promessas. Foi 
por esse nome que Moisés recebeu a certeza do “EU SOU”, e 
“EU estou contigo” (Êxodo 3:14, 12) que libertou Israel das mãos 
do faraó e do Egito.
A palavra “senhor” no Brasil tem um significado muito inte- 
ressante. Utilizamos esse tratamento ao nos dirigirmos a qualquer 
pessoa, chamando-os educadamente de senhor ou senhora. Mas, 
na Bíblia, esse vocábulo é uma tradução da palavra Jeová25, que 
significa dizer “aquele que tem domínio absoluto”.
Muitos cristãos do Novo Testamento morreram ao dizer que 
“Jesus é o Senhor”. Naquele tempo apenas César detinha o título 
de “senhor”, era ele quem exercia o domínio e o controle sobre 
todo seu Império. Então, quando os primeiros cristãos passaram 
a anunciar que Jesus era o verdadeiro Senhor, estavam desprezan- 
do o imperador e, ao mesmo tempo, declaravam que toda a sua 
confiança estava em Deus.
O último e mais conhecido título é Deus {Elohim), aque- 
le cujo poder, grandeza e glória sobrepujam qualquer coisa que 
possamos imaginar26, mas que se torna íntimo pelo acréscimo do 
pronome possessivo “meu”.
Deus empresta o nome Dele para que o cristão o use como 
sua possessão e diga: “esse é o meu Deus, Nele eu confio, Ele é a 
minha fortaleza, Ele é o meu refúgio, eu vou esperar Nele, eu vou 
apelar para Ele, eu vou me envolver com Ele e eu vou me mover 
em fé Nele”.
25 HARMAN, Allan M. Comentários do Antigo Testamento — Salmos I (Página 331). 
São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
26 WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo, Antigo Testamento Volume
III — Poéticos (Página 243). Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.
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3■ Lábios que Conquistam Vitórias
O PODER DO NOME DE DEUS
Fazer referência ao nome ê tratar do caráter da pessoa. Deus 
se importa com o Seu próprio nome e dá um mandamento a esse 
respeito:
Não tomarás em vão 0 nome do Senhor teu Deus, pois 
0 Senhor não deixará impune quem tomar 0 seu nome em 
vão.
Êxodo 20:7
A Bíblia não diz para o homem deixar de falar no nome de 
Deus. Existem muitas pessoas que interpretam esse mandamento 
equivocadamente. O nome de Deus deve ser invocado, aliás Jesus 
dá vida eterna aos que o invocam:
Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do 
céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo 
qual devamos ser salvos.
Atos 4:12
Porque todo aquele que invocar 0 nome do Senhor 
será salvo.
Romanos 10:13
O fato é que o nome de Deus carrega a Sua própria iden- 
tidade. Quando Jesus nos convida a orar ele declara: “tudo que 
pedirdes em meu nome recebereis” e quando for batizar, batize 
“no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Existe poder no 
nome e Jesus recebeu um nome sobre todo nome:
Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Je- 
sus é 0 Cristo, 0 Filho de Deus e, crendo, tenham vida em 
seu nome.
João 20:31
A carta à igreja de Pérgamo revela que os vencedores de Deus 
receberão um nome em uma pedra branca e que ninguém vai 
conhecer este novo nome, porque dar nome significa controlar o
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Blindagem Contra As Trevas
destino, produzindo uma direção para a vida. Quando por exem- 
pio, escolhemos o nome para nossos filhos, estamos dizendo que 
existe um sonho por trás daquele nome.
Quem tem ouvidos, ouça 0 que 0 Espírito diz às igrejas:
Ao que vencer (...) dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pe- 
dra um novo nome escrito, 0 qual ninguém conhece senão 
aquele que 0 recebe.
Apocalipse 2:17
Por todo o restante do salmo aparecerão inimigos ameaça- 
dores, atacando sozinhos ou em hordas, e tentando de alguma 
forma destruir o homem, porém esbarrarão nas grandes muralhas 
de proteção do Altíssimo. Ao invocar cada um desses nomes, o 
salmista procura construir uma fé que animará os filhos de Deus 
ao apontar para o tamanho da proteção que se forma sobre quem 
habita em Sua presença.
PALAVRAS PODEROSAS
As palavras que liberamos não são a simples soma de sons e 
ar em forma de sopro saindo de nossa boca, mas também funcio- 
nam comunicando ordem e autoridade ao mundo espiritual. São 
ferramentas acionadas em favor ou contra pessoas e circunstân- 
cias, podendo trazer vida ou morte, bênção ou maldição:
Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os 
homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo. Por- 
que por tuas palavras serás justificado e por tuas pala- 
vras serás condenado.
Mateus 12:36-37
Palavras são poderosas e devem ser usadas com cautela. Ex- 
pressões liberadas sem pensar duas vezes podem funcionar como 
armas nocivas e prejudiciais que poderão trazer sofrimento e dor. 
O profeta Jeremias ensina que “a língua é uma flecha mortal” 
(9:8).
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Por isso, precisamos tomar muito cuidado e evitar algumas 
colocações. Pragas liberadas contra filhos e expressões de maldi- 
ção contra pessoas que amamos tem o incrível poder de aprisioná- 
dos em cadeias inquebráveis:
A morte e a vida estão no poder da lingua­
Provérbios 18:21
O poder de sentenciar com a “morte e a vida” não se refere 
apenas a uma forma simbólica ou ilustrativa de ponderação, mas 
exprime um princípio ativo com consequências reais, poderosas e 
tangíveis sobre a conjuntura e vida das pessoas.
DIGA COM FÉ E SERÁ FEITO
O Senhor Jesus apontou o enorme poder que reveste cada 
uma de nossas palavras quando argumentou que “qualquer que 
disser a este monte: ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em 
seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que dis- 
ser lhe será feito” (Marcos 11:23). O destaque na afirmação está 
em dizer, crer naquilo que diz e se cumprirá o que tiver dito. Por 
três vezes Jesus evidencia o poder do que é dito em palavras que 
saem da boca do homem.
O salmista empregou esse princípio ao declarar logo de início 
quem é o seu Deus e que poder Ele tem para ser considerado um 
refugio secreto e uma fortaleza militar preparada para defender. 
Por isso ele não temeria mal algum, as armas do inimigo seriam 
desativadas, as investidas espirituais das trevas seriam desautoriza- 
das e assim estaria protegido de qualquer desgraça.
Esse conceito de pronunciar palavras proféticas é ignorado 
por muitos filhos de Deus e, por não praticarem essa verdade, 
acabam por desperdiçar grandes oportunidades de ver o agir de 
Deus e a operação de milagres em suas histórias.
3. Lábios que Conquistam Vitórias
6 9
Blindagem Contra As Trevas
Jesus explicou mais sobre esse princípio ao ensinar que “a 
boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34). Pois, se 
na língua está a chave da vitória ou da derrota, é no coração (no 
entendimento inteligente) que se encontra a fé que nos enche das 
palavras de esperança que saem da nossa boca. Compreender isso 
e usar a língua para fazer declarações de vitória, poderá transfor- 
mar circunstâncias de histórias arruinadas em vitoriosas.
PALAVRAS QUE REPREENDEM,
CURAM E MOVEM
Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada 
toda a autoridade no céu e na terra."
Mateus 28:18
Quando Jesus ressuscitou após a Sua morte na cruz, rece- 
beu autoridade total sobre todo principado, potestade, domínio 
e poder. Sua obediência ao Pai foi recompensada, “por isso Deus 
o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de 
todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no 
céu, na terra e debaixo da terra” (Filipenses 2:9,10).
Além da autoridade dada ao Seu nome, todos os inimigosde 
Deus foram postos debaixo dos Seus pés e essa vitória vai mais 
além e não acaba por aqui. Jesus delegou essa mesma autoridade 
à Igreja e a todo aquele que crê em Seu nome.
Dessa maneira, quando enfrentamos o mundo espiritual, não 
estamos expostos ou enfraquecidos. Muito pelo contrário, rece- 
bemos a mais poderosa arma contra o mundo espiritual, capaz 
de destruir fortalezas espirituais e aniquilar todos os planos das 
trevas. Pelo Espírto Santo liberamos o poder de Deus através de 
palavras de autoridade contra Satanás e os seus demônios:
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Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre cobras e 
escorpiões, e sobre todo 0 poder do inimigo.
Lucas 10:19
Ao liberar um a ordem no m undo espiritual, fazemos recuar o 
reino das trevas e colocamos Satanás em fuga. O que declaramos 
verbalmente tem uma influência extraordinária na guerra travada 
contra o Diabo.
PALAVRAS DE PODER SAEM 
DA MINHA BOCA
O centuriao romano era o comandante de uma tropa de cem 
homens, a chamada centúria — fazendo uma comparação com 
os dias do exército atual, era um nobre capitão, à frente de uma 
companhia. Esse oficial era treinado para liderar as suas guarni- 
ções de soldados com uma autoridade inegociável. E foi diante de 
um desses militares que conhecia intensamente esses princípios, 
que Jesus ficou absolutamente impressionado:
E 0 centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou dig- 
no de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somen- 
te uma palavra, e 0 meu criado há de sarar. Pois também 
eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas 
ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele 
vem; e ao meu criado: Faz isto, e ele 0 faz. E maravilhou-se 
Jesus, ouvindo isto, e disse aos que 0 seguiam: Em verdade 
vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé (...) 
Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja 
feito. E naquela mesma hora 0 seu criado sarou.
Mateus 8:8-13
O Senhor Jesus foi procurado por um desses oficiais na es- 
perança de que pudesse curar um de seus servos. Mas houve algo 
diferente dos outros no clamor desse centurião, pois ele compre- 
endia o que ninguém em Israel ainda entendia: que o poder da
3. Lábios que Conquistam Vitórias
71
Blindagem Contra As Trevas
palavra falada podería ativar o milagre. Ele mesmo tinha auto- 
ridade sobre seus homens e dizia apenas uma palavra a eles: “vai”, 
“vem” ou “faz”, e iam, vinham e faziam conforme o poder de sua 
autoridade pronunciada.
O raciocínio é lógico. Assim como um centurião tem auto- 
ridade sobre as tropas sob seu comando e que lhe obedecem ao 
ouvir apenas uma ordem, Jesus também tem autoridade sobre as 
enfermidades as quais são obrigadas a obedecerem-nO.
Por isso mesmo o militar respondeu a respeito da proposta 
de Jesus, de ir à sua casa: “Senhor, não sou digno de que entres 
debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu 
criado há de sarar”. Ou seja, basta uma palavra de fé liberada para 
que o mundo espiriual obedeça:
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os 
mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de gra- 
ça dai.
Mateus 10:8
Ao se voltar aos evangelhos, verifica-se que não há em nenhu- 
ma só passagem, alguma menção de qualquer um dos discípulos 
orando por uma pessoa enferma. Isso é impressionante: Jesus não 
orava para curar ninguém, mas simplesmente liberava palavras de 
ordem de cura e as pessoas eram curadas. Essa mesma autoridade 
de falar e comandar o mundo espiritual foi dada ao que crê hoje:
Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu 
nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão 
em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes 
fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e 
estes ficarão curados.
Marcos 16:17,18
No Novo Testamento inteiro e em passagens como a de Tiago 
5:15, quando alguém estava enfermo, deveria convidar os presbí- 
teros (ou pastores), que então iam até o doente, ungiam com óleo
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3. Lábios que Conquistam Vitórias
e curavam os enfermos. Não havia nenhum a reunião de oração 
pelos doentes, apenas a imposição de mãos e uma palavra de or- 
dem para ocorrer a cura:
E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas 0 que 
tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, 0 Nazareno, 
levanta-te e anda. E, tomando-o pela mão direita, 0 levan- 
tou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram.
Atos 3:6,7
PALAVRAS QUE CONSTROEM E 
DESTROEM
Nas Escrituras, as palavras são fontes de poder para o bem 
ou para o mal. Um exemplo disso é a história de Jacó e Raquel. 
Jacó amava Raquel, mas, sem saber, acabou profetizando a morte 
de sua esposa ao lançar uma palavra de maldição sobre a pessoa 
que havia roubado os ídolos de seu sogro Labão, justamente a sua 
esposa amada:
Enquanto Labão tinha saído para tosquiar suas ovelhas, 
Raquel roubou de seu pai os ídolos do clã (...) [Disse La- 
bão] agora, se você partiu porque tinha saudade da casa de 
seu pai, por que roubou meus deuses?
Gênesis 31:19; 30
Quanto aos seus deuses, quem for encontrado com 
eles não ficará vivo. Na presença dos nossos parentes, veja 
você mesmo se está aqui comigo qualquer coisa que lhe per- 
tença, e, se estiver, leve-a de volta. Ora, Jacó não sabia que 
Raquel os havia roubado.
Gênesis 31:32
Quando um pai, um pastor ou líder fala com autoridade, ele 
libera no m undo espiritual uma palavra de ordem que deve ser 
cumprida. Jacó inconscientemente sentencia à morte a mulher 
que amava, e, quatro capítulos adiante, as Escrituras descrevem
73
Blindagem Contra As Trevas
que “assim morreu Raquel e foi sepultada junto do caminho de 
Efrata, que é Belém” (Gênesis 35:19).
O contrário também é verdadeiro. Ezequiel profetizou como 
Deus ordenou e, apesar de todas as impossibilidades que a morte 
pode trazer, liberou uma palavra diante de um cemitério de solda- 
dos e trouxe à vida o que já estava morto no Vale de Ossos Secos.
Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos 
secos ouvi a palavra do SENHOR. Então, profetizei segun- 
do me fora ordenado; enquanto eu profetizava, houve um 
ruído, um barulho de ossos que batiam contra ossos e se 
ajuntavam, cada osso ao seu osso (...) Profetizei como ele 
me ordenara, e 0 espírito entrou neles, e viveram e se 
puseram em pé, um exército sobremodo numeroso.
Ezequiel 37:4 -10
Moisés fracassou quando agiu sozinho, na força da própria 
carne e sem Deus, pois ele “viu também um egípcio espancar um 
dos hebreus. Correu o olhar por todos os lados e, não vendo nin- 
guém, matou o egípcio e o escondeu na areia” (Êxodo 2:11-12). 
Ao tomar as suas próprias decisões e viver segundo a sua própria 
vontade, não conseguiu sequer enfraquecer o poder do inimigo e 
teve que fugir assustado, para longe.
Mas no tempo de Deus, no poder do Espírito e com a auto- 
ridade da Palavra de Deus, foi até o Faraó e não apenas libertou 
toda a sua nação, mas sepultou um exército inteiro do inimigo no 
Mar Vermelho:
Moisés estendeu a mão sobre 0 mar, e ao raiar do dia 
0 mar voltou ao seu lugar. Quando os egípcios estavam fu- 
gindo, foram de encontro às águas, e 0 Senhor os lançou ao 
mar. As águas voltaram e encobriram os seus carros de guer- 
ra e os seus cavaleiros, todo 0 exército do faraó que havia 
perseguido os israelitas mar adentro. Ninguém sobreviveu.
Êxodo 14:27-28
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A Bíblia relata que Josué, diante de seus exércitos e de todo 
Israel, deu uma ordem e o “sol se deteve, e a lua parou, até que 
o povo se vingou de seus inimigos” (Josué 10:12-14). Impres- 
sionante, pois o sol parou! Apenas uma voz de comando foi o 
suficiente para suspender o movimento dos planetas, do sistema 
solar, das galáxias e de todo o Universo criado.
Existe poder na voz da autoridade e, se o crente profetizar e 
anunciar no mundo espiritual segundo a vontade de Deus, que é 
expressa nas Escrituras, será isso mesmo o que vai acontecer.
Tenho experimentado diversas vezes profetizar em favor de 
uma causa e ensinado à igreja sobre a verdade da palavra de fé 
liberada no mundo espiritual para curarenfermos, soltar grilhões 
do pecado e anunciar a chegada do Reino dos Céus com absoluta 
vitória.
No meu primeiro ano de pastorado, tive uma experiência que 
marcou a minha vida para sempre. Uma senhora veio conversar 
comigo e me pediu que orasse por ela após um de nossos cultos 
de libertação. Ela tinha feridas horríveis em suas pernas e con- 
fidenciou ter ido a vários médicos, mas não havia tido nenhum 
diagnóstico claro sobre sua enfermidade. Eu não tinha nenhuma 
outra alternativa senão liberar uma palavra de cura sobre ela.
Confesso que fiquei de certa maneira enojado ao tocar nas fe- 
ridas daquela pobre senhora. E, ao orar, repreendí a enfermidade, 
dizendo que ela era ilegal no corpo daquela mulher, pois Cristo 
havia levado sobre si todas as nossas enfermidades. Ungi com óleo 
e liberei uma palavra de bênção e de reconstrução daqueles teci- 
dos infeccionados.
No mesmo instante, todos que estavam perto de nós perce- 
beram que nada havia acontecido e as feridas ainda estavam lá 
sem nenhum sinal de que haviam sido curadas e assim, da mesma 
forma como chegou, aquela mulher foi embora. Eu havia feito 
exatamente como Jesus ensinou, impus as minhas mãos e repre-
3■ Lábios que Conquistam Vitórias
75
Blindagem Contra As Trevas
endi a enfermidade com toda a minha fé, mas nada aconteceu. 
Até que cheguei em casa e li o que as Escrituras haviam revelado:
E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver 
se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou 
senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falan- 
do, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti.
E os seus discípulos ouviram isto.
Marcos 11:13,14
Da mesma maneira Jesus falou à figueira, dando uma ordem 
que aparentemente não havia sido obedecida. Os discípulos ouvi- 
ram tudo e também não perceberam qualquer reação da figueira, 
entretanto o mundo espiritual havia ouvido per feitamente. En- 
tão, no dia seguinte, a figueira já havia secado desde a raiz como 
fora ordenado:
E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se 
tinha secado desde as raízes. E Pedro, lembrando-se, disse- 
-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoaste, se 
secou. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus; 
porque em verdade vos digo que qualquer que disser a 
este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu 
coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo 0 que 
disser lhe será feito.
Marcos 11:20-23
Essa é a garantia que Jesus deu ao declarar que “se tiverdes 
fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui 
para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível” (Mateus 
17:20).
Da mesma maneira, duas semanas depois, aquela senhora 
tornou a me procurar após o culto e me mostrou as suas feridas 
somente como cicatrizes secas e sem nenhuma infecção. Fiquei 
maravilhado com o seu testemunho e com o que meus olhos viam 
e então compreendí que a mesma autoridade que foi transmitida
76
3■ Lábios que Conquistam Vitórias
no passado aos seus discípulos, também funciona nos dias hoje 
para “proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos 
presos” (Isaías 61:1).
Abra a sua boca com fé e diga à m ontanha aonde ela deve ir. 
Sei que é impossível uma m ontanha voar, mas é justamente isso 
que Jesus está ensinando. Se aprendermos a liberar ordens com os 
nossos lábios até o impossível vai acontecer, como uma m ontanha 
voar.
ORAÇÃO
Em nome de Jesus Cristo, eu peço perdão por toda palavra frívola que 
saiu de minha boca. Eu retiro toda praga ou expressão de maldição que 
lancei sobre a minha família, meu cônjuge e meus filhos. Eu rejeito tudo 
0 que eu disse contra mim mesmo, contra a minha vida e 0 meu futuro. 
Também recuso toda palavra de maldição que foi lançada contra mim por 
meus pais, avós, professores ou qualquer autoridade.
0 meu Deus é 0 Senhor, 0 Altíssimo que é Todo Poderoso, portanto 
em nome de Jesus Cristo eu ordeno que 0 inferno recue. Eu desautorizo 
0 acesso de Satanás e de todos os seus demônios à minha vida, à minha 
casa e à minha família. Meus filhos e meu futuro pertencem ao Senhor e 
nenhuma arma forjada pelas trevas prosperará, pois sou guardado pelo 
Senhor Deus dos Exércitos.
Em nome de Jesus de Nazaré, eu profetizo sobre a minha vida a bên- 
ção do Eterno Deus e que nenhum dos Seus planos de amor e de pros- 
peridade deixarão de se cumprir em minha história. Eu declaro no mundo 
espiritual que a bondade e a misericórdia do Senhor me perseguirão e me 
alcançarão por todos os dias da minha vida. Amém!
רד
C apítulo 4
Livre das 
Ar m a d ilh a s
Bendito seja o Senhor, que não nos deu 
por presa aos seus dentes. A nossa alma 
escapou, como um pássaro do laço dos 
passarinheiros; o laço quebrou-se, e nós 
escapamos. O nosso socorro está no nome 
do Senhor, que fez o céu e a terra.
Salmo 124:6-8
livre das Arm ad ilh as
"Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro..."
Salmo 91:3a
Armadilhas são preparadas como mecanismos normal- mente simples, que contam com algum tipo de isca que 
atraia ou satisfaça um desejo primário de uma vítima, mas que 
contém um sistema de aprisionamento escondido e que engana 
os olhos, os sentimentos, os sentidos, os pensamentos e a inteli- 
gência que a presa julga ter.
Entrar em uma armadilha é muito fácil. Alguns são distraídos 
ou inocentes. Outras tantas vítimas presumem serem capazes de 
entrar e sair dela sem serem pegos, mas a verdade é que, ao caírem 
nesse artifício traiçoeiro que é o laço do passarinheiro, terão um 
destino fatal. E por essa razão que o cristão não deve tentar testar 
sua capacidade de resistência ou sua espiritualidade colocando-se 
em situações em que se deixe aprisionar.
Basta apenas um drinque, um trago, uma experiência com 
drogas, um flerte proibido, uma noite romântica de sexo ilegal, 
uma tentativa de saciar uma curiosidade proibida, ou um peque- 
no deslize no pecado, para que o homem experimente uma vida 
de escravidão ou mesmo de destruição. Basta apenas cair uma vez 
no laço para ficar enjaulado uma vida inteira:
Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo 
por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engra- 
vidado, dá à luz ao pecado; e 0 pecado, após ter-se consu- 
mado, gera a morte.
Tiago 1:14-15
8 1
Blindagem Contra As Trevas
ENTRANDO DENTRO DE UMA JAULA
Tenho tratado de inúmeras pessoas que ficaram aprisionadas 
em relacionamentos sexualmente pervertidos. Elas sempre con- 
tam a respeito de suas inclinações iniciais e seus desejos secretos, 
sejam eles pretensões homo ou heterossexuais.
As tentações têm por objetivo arrastar o homem para a prisão 
do pecado. Moças e rapazes permanecerão livres, apenas se man- 
tiverem suas vidas em pureza, persistindo em vencer o pecado 
“que jaz à sua porta e pelo qual devem dominá-lo” (Gênesis 4:7). 
Isso porque a única coisa que verdadeiramente os pode prender 
em calabouços sexuais, é justamente a própria experiência de sexo 
ilícito.
E comum ver pais que não entendem a razão pela qual seus 
filhos adolescentes se tornam tão violentos, grosseiros, desobe- 
dientes, rebeldes e arredios ao Evangelho após iniciarem um na- 
moro. Pois bem, a resposta é muito simples: ao experimentarem a 
relação sexual com seus parceiros, eles automaticamente quebram 
a aliança com seus pais, deixando-os, para serem leais a uma nova 
pessoa em uma outra aliança. Em Gênesis 3:16, Deus sentencia 
contra Eva o destino que a aguardava após o pecado: “...o teu de- 
sejo será para o teu marido, e ele te governará.”
Este é um princípio claríssimo e fundamental da quebra da 
autoridade paternal: “o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua 
mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gênesis 2:24). Ao se 
relacionar sexualmente com alguém, o ser humano quebra a auto- 
ridade que os pais anteriormente exerciam, e sendo enfraquecida 
esta aliança anterior, “deixa” seus pais e constrói um novo pacto 
com seu novo parceiro.
A palavra “solteiro” representa bem esse estado de liberdade 
quando o homem estálivre, ou solto de qualquer laço. Porém, 
ao contrair um matrimônio, ele automaticamente entra em uma
82
4. Livre das Armadilhas
situação de casado ou “amarrado junto” a outra pessoa. Portanto, 
quando uma relação sexual ocorre fora do ambiente protegido de 
um casamento, a pessoa passa a criar um novo vínculo fora de sua 
família.
A expressão “foi só sexo” é muito comum para quem acha que 
uma relação casual é uma pequena brincadeira que não carrega 
nenhum perigo. Entretanto, não se deve deixar enganar, quanto 
maior o número de relações sexuais que uma pessoa tiver, maior 
será a solidão dela:
Como a ave que vagueia longe do seu ninho, tal é 0 
homem que anda vagueando longe da sua morada.
Provérbios 27:8
O apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios e alertou a respei- 
to da gravidade de uma vida sexual leviana. Na verdade, o sexo 
estabelece vínculos físicos, morais e espirituais entre as pessoas, 
seja para o bem, no caso do casamento, ou para o mal, quando 
é praticado fora dele. Inequivocamente trará como consequência 
uma ligação espiritual severa, mesmo que não haja nenhum en- 
volvimento afetivo:
Tomarei, pois, os membros de Cristo, e os farei membros 
de uma meretriz? De modo nenhum. Ou não sabeis que 0 
que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, 
como foi dito, os dois serão uma só carne.
1 Coríntios 6:16
LIBERTANDO DOS CATIVEIROS
Em processos de libertação, costumo conduzir as pessoas ar- 
rependidas a um período de confissão de seus pecados através de 
uma oração específica para que se desliguem espiritualmente de 
todos os parceiros que se envolveram sexualmente em relações de 
caráter perverso.
83
Blindagem Contra As Trevas
Ao citar os nomes de cada um dos parceiros, peço que eles 
declarem a quebra de todo vínculo que os aprisionou em uma ca- 
deia de lembranças românticas e que ainda persistem em mantê- 
-los presos à solidão e a uma vida afetiva infeliz. Essa oração traz 
grande alívio e liberdade a todos os que têm as consciências presas 
ao pecado.
Também conheci muitas pessoas que destruíram seus casa- 
mentos ao buscarem apenas uma rápida diversão em outro leito. 
A partir dali, daquela primeira experiência, ficaram cativos em 
um romance adúltero, ou num caso de prostituição que machu- 
cou, feriu, dividiu, quebrou a família, destruiu suas histórias lin- 
das e aniquilou um futuro de alegria:
Descobri que muito mais amarga do que a morte é a 
mulher que serve de laço, cujo coração é uma armadilha 
e cujas mãos são correntes. 0 homem que agrada a Deus 
escapará dela, mas ao pecador ela apanhará.
Edesiastes 7:26
Se o cristão se permitir provar da atraente isca apenas uma 
vez, isso será o suficiente para prendê-lo e torná-lo prisioneiro do 
laço. Por isso é que não se deve enfrentar a tentação, mas deve-se 
fugir dela. Os laços são como uma linha fina, quase imperceptí- 
veis e, ao identificá-los, deve-se imediatamente escapar:
Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é 
Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes 
com a tentação dará também 0 escape, para que a possais 
suportar.
1 Coríntios 10:13
No caso de pessoas que foram vítimas de abusos ou que fo- 
ram molestadas sexualmente, oriento a se desligarem através de 
um processo de oração e renúncia, desligando-as dos seus agresso- 
res. Esse método é libertador.
84
4. Livre das Armadilhas
LAÇOS FINANCEIROS: COMPRE AGORA E 
PAGUE PARA SEMPRE
O dinheiro é um chamariz muito frequente para uma prisão. 
A sua isca é muito atraente e utiliza-se de algum tipo de transação 
de caráter fraudulento, tráfico ilegal, negócio financeiro arrisca- 
do, propagandas tentadoras de empréstimos bancários, financia- 
mentos consignados aparentemente benéficos, cartões de crédito 
com limites além das possibilidades de pagamento, empréstimos 
e negócios escusos. Tudo em nome de um bom lucro ou um livra- 
mento de uma calamidade financeira.
Exemplos bíblicos são abundantes, como o de Judas que teve 
tanta ambição por dinheiro que acabou traindo o próprio Jesus. 
Muitos líderes, pastores, bispos e apóstolos têm seguido os passos 
deste famigerado discípulo que vendeu a sua alma por moedas de 
prata:
Torne-se-lhes a sua mesa diante deles em laço, e a pros- 
peridade em armadilha.
Salmo 69:22
Essas propostas se apresentam como prêmios brilhantes para 
os gananciosos. Não conseguem enxergar que é um laço escon- 
dido em uma porção aparentemente generosa e fácil. Enquanto 
isso, os anzóis do Diabo agem implacavelmente, atraindo com 
um discurso de satisfação econômica, mas visam apenas tirar a li- 
berdade do homem, colocando-o em uma prisão cheia de perdas, 
privações e ruínas financeiras:
Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e 
em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que 
submergem os homens na perdição e ruína.
1 Timóteo 6:9
85
Blindagem Contra As Trevas
LAÇOS E NÓS
Desde cedo aprendemos a dar nós nos sapatos ou os usamos 
para enfeitar presentes, mas sua razão primeira é servir para amar- 
rar. Por exemplo, o laço citado nesse salmo é um tipo de armadi- 
lha para aves. Todos sabem do grande desafio que é capturar um 
pássaro, por isso, na falta de velocidade e de agilidade, o passari- 
nheiro usa a astúcia. O laço nada mais é que um nó frouxo, feito 
com um fio de nylon que é imperceptível aos olhos27 e armado de 
uma forma que prenda automaticamente a ave que nele encostar: 
Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha 
para ela? Levantar-se־á da terra 0 laço, sem que tenha apa- 
nhado alguma coisa?
Amós 3:5
Jesus comparou a pesca de peixes ao evangelismo de homens 
ao comissionar Pedro que passou a ser treinado para ser um “pes- 
cador de homens” (Lucas 5). O Diabo também faz suas compara- 
çoes e declara que aves e homens podem ser capturados da mesma 
forma. E como uma boa caça, tudo começa com uma isca, uma 
curiosidade ou um pequeno desejo que atrai:
Assim como os peixes são apanhados numa rede fa- 
tal e os pássaros são pegos num laço, também os homens 
são enredados pelos tempos de desgraça que caem inespe- 
radamente sobre eles.
Edesiastes 9:12
Primeiro, o homem é convidado a se aproximar e se envoi- 
ver experimentando algum tipo de sabor que trará uma satisfação 
imediata. Finalmente, quando pensar que pode fugir, será tarde 
demais, pois poderá encontrar-se preso a diversas pendências do 
passado, relacionamentos mal resolvidos, filhos indesejados e dis­
27 CHAPMAN, Milo L.; PURKISER W. T ; WOLF, Earl C . ; HARPER, A. F. Comentá- 
rio Bíblico Beacon, Volume 3 — Jó a Cantares de Salomão (Página 256). Rio de Janeiro: 
Editora CPAD, 2005.
8 6
4. Livre das Armadilhas
tantes, pensões alimentícias, dívidas impagáveis e processos judi- 
ciais:
Quanto ao ímpio, as suas iniquidades 0 prenderão, e 
com as cordas do seu pecado será detido.
Provérbios 5:22
A corda pode ser usada como uma metáfora para uma co- 
nexao que libera bênção ou para um enredo triste que aprisiona 
como um nó corredio que pode ser apertado. Existe uma grande 
diferença entre uma conexão que são laços chamados de familia- 
res, matrimoniais, fraternos, afetivos e sociais e um nó corredio28 
que estrangula, aperta, vincula e aprisiona.
Esses são problemas que vão apresentar, na grande maioria 
das vezes, um caráter oculto, do tipo que ferem sem serem vistos, 
e contra os quais os fortes são tão indefesos quanto os fracos29.
Alguns desses nós são apertados por laços malignos exem- 
plificados nas Escrituras como laços da idolatria (Êxodo 23:33), 
laços de morte (Salmo 18:4-5), laços de armadilhas (Jeremias 
5:26, Jó 18:8, Provérbios 12:13), laços de prostituição (Eclesias- 
tes 7:26), laços da iniquidade (Atos 8:23) e laços de receio do 
homem (Provérbios 29:25).
A TENTAÇÃO É COMO UM LAÇO
A tentação não mata, o que mata é o pecado. Da mesma 
forma, o laço não mata, apenas prende, até que o passarinheiro 
venha apanhar a presa. Quando um homem cai em uma cilada da 
alma, ou no laço da iniquidade, ele não morre instantaneamente, 
mas é enlaçadoaté que o salário do pecado venha cobrar seu pre-
2 8 M A C D O N A L D , W illiam . C om entário Bíblico P opular — N o v o testam ento (Página 
4 6 4 ); São Paulo: M u n d o Cristão, 2 0 0 1 .
29 K ID N E R , D erek. Salmos 73 - 150: In trodução e C om entário aos Livros dos Sal-
m os (Página 3 5 5 ). São Paulo: Editora M u n d o Cristão, 1984.
87
Blindagem Contra As Trevas
ço para destruí-lo com a morte, “porque o salário do pecado é a 
morte” (Romanos 6:23).
A tentação é uma ação ardilosa que constrói, na mente da 
vítima, uma fantasia ao sequestrar o seu juízo com uma promessa 
de saciar alguns apetites, atraindo para algo aparentemente sabo- 
roso e prazeroso, mas que esconde um veneno mortal.
Como a ação do gatilho da armadilha visa iludir, enganar ou 
levar ao erro por astúcia, a cilada só funciona a partir da conquista 
da confiança de sua vítima,30 31 e é neste momento que a presa cai 
num ponto cego e perde suas faculdades emocionais, volitivas e 
racionais. As pessoas que caem no laço do passarinheiro ficam 
absolutamente cegas.
Um dos casos mais impressionantes que conheci, foi o tes- 
temunho de um pastor amigo que me contou sobre um jovem 
médico casado que foi transferido para um hospital na região 
amazônica. Chegando lá, atraiu os olhares e foi alvo de desejo 
de uma mulher índia que, para seduzi-lo, procurou o pajé de sua 
tribo que fez uma “poção mágica” em pó, denominadapuçanga?1, 
utilizando-se de pedaços da roupa e de alguns fios de cabelo do 
homem desejado.
O pajé a orientou para ir até ao hospital onde o médico aten- 
dia e, ao vê-lo, deveria se aproximar e soprar a tal poção discreta- 
mente nas costas dele. E foi assim que ela fez. A partir daí, de uma 
maneira humanamente inexplicável, aquele homem foi seduzido 
por aquela índia, abandonou a família, a medicina, seus sonhos e 
foi morar na tribo com ela. Eu fiquei completamente estarrecido 
com a história, mas a Bíblia já havia alertado contra esses ataques:
30 RADMACHER, Earl. ALLEN, Ronald B. HOUSE, H. Wayne. O Novo Comentário 
Bíblico do Antigo Testamento, com Recursos Adicionais — A Palavra de Deus ao 
alcance de todos (Página 824). Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2009.
31 Termo regional usado especialmente na região Norte do Brasil e é empregado para sig- 
nificar um líquido ou poeira feita em rituais ocultistas, com a finalidade de enfeitiçar.
8 8
4. Livre das Armadilhas
Porque ímpios se acham entre 0 meu povo; andam es- 
piando, como quem arma laços; põem armadilhas para 
prenderem os homens. Como uma gaiola está cheia de 
pássaros, assim as suas casas estão cheias de engano.
Jeremias 5:26-27
Essa história apresenta um alerta óbvio sobre a ação macabra 
do império espiritual maligno e suas armas que podem ser fatais 
contra todas as pessoas que não habitam no esconderijo do Altís- 
simo e, que, por isso, ficam à mercê de seus ataques.
Lembre-se de que a tentação também recebe apoio da opera- 
ção do erro (2 Tessalonicenses 2:11) que atua através da mentira 
e de encantamentos malignos32. Isso não é uma história de mal- 
dições de contos de fadas e o próprio salmista, sentindo-se preso 
pelas forças do mal, disse:
As cordas do inferno me envolveram; os laços da 
morte me alcançaram. Na minha aflição clamei ao Senhor; 
gritei por socorro ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a 
minha voz; meu grito chegou à sua presença, aos seus ou- 
vidos.
Salmo 18:5-6
Sansão, um grande guerreiro cheio do poder do Espírito San- 
to de Deus, foi enlaçado por Dalila e acabou nocauteado de uma 
forma muito triste. O laço da sensualidade o levou, primeiro para 
um lugar de cegueira espiritual, depois de prisão espiritual e de- 
pois de morte espiritual. Como não conseguiu se libertar a tempo, 
ficou cego, prisioneiro e acabou encontrando, de fato, a morte:
Os filisteus 0 prenderam, furaram os seus olhos e 0 le- 
varam para Gaza. Prenderam-no com algemas de bronze, 
e 0 puseram a girar um moinho na prisão.
Juizes 16:21
32 HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry do Antigo Testamento - 
Jó a Cantares de Salomão, Volume III - Edição Completa (536 a 540). Rio de Janeiro: 
Editora CPAD, 2010.
89
Blindagem Contra As Trevas
Existem laços espirituais e situações que a Bíblia chama de 
“astutas ciladas do Diabo” (Efésios 6:11) e que só podem ser que- 
bradas pelo poder de Deus. Em outras ocasiões em que discer- 
nirmos homens aprisionados pela tentação, somos advertidos a 
comunicarmos a eles a verdade em amor:
Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se 
porventura Deus lhes dará arrependimento para conhece- 
rem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se 
dos laços do Diabo.
2 Timóteo 2:25-26
Deve-se lembrar que a tentação sempre atuará na escuridão 
dos desejos secretos e na penumbra das carências malcuidadas e 
não supridas do ser humano. O laço da tentação implica em lan- 
çar a presa em um universo atrativo, onde ela perde a noção da 
realidade e dos valores. E quando ela estiver no meio da armadi- 
lha, o objeto do seu desejo se tornará a única realidade satisfatória 
e até mesmo uma obsessão:
Vigiem e orem para que não caiam (entrem) em ten- 
tação. 0 espírito está pronto, mas a carne é fraca.
Mateus 26:41
No contexto desse capítulo, o laço é usado como um símbo- 
lo de vínculos prejudiciais que são relacionados à vida humana. 
Mas, de uma maneira geral, nem sempre significa isso. A ausência 
ou rompimento de laços sanguíneos e familiares podem causar 
problemas de orfandade espiritual que podem durar a vida toda. 
As amizades são laços construídos importantes, mas também po- 
dem ser perigosos:
Não se associe com quem vive de mau humor, nem 
ande em companhia de quem facilmente se ira; do contrário 
você acabará imitando essa conduta e cairá em armadilha 
mortal.
Provérbios 22:24,25
90
4. Livre das Armadilhas
É preciso que se tenha muito cuidado, pois relacionamen- 
tos afetivos são uma das conexões mais fortes que o ser humano 
pode experimentar. Acima de tudo, o nosso vínculo deve estar em 
Deus. Não devemos viver soltos e independentes. Tudo aquilo 
que afasta o cristão de Deus e o impede de fazer a Sua vontade, 
seja uma pessoa ou uma circunstância, é um laço. E o objetivo 
disso é desviar da verdade, neutralizar, aprisionar e impedir o seu 
crescimento moral e espiritual.
PEQUENOS LAÇOS, GRANDES CATIVEIROS
Um engano comum é pensar que os laços do passarinheiro 
são apenas aquelas situações que se apresentam ostensivamente 
ameaçadoras e que por serem tão claras, todos podem facilmente 
identificar como ações do inimigo caçador.
Isso apenas faz parte do engodo do passarinheiro, pois é mais 
fácil escapar de uma grande e aparente armadilha do que de pe- 
quenos laços preparados com iscas aparentemente inofensivas. 
As iscas mais bem escondidas são as ideais para se pegar a presa. 
E não são apenas os mais desatentos e inocentes que caem em 
laços, também os mais sábios e espertos podem ser apanhados33.
O laço vai direto num ponto frágil ou vulnerabilidade pelo 
qual a presa nem imagina que possa ser apanhada. E quando a 
pessoa se enxerga de uma forma tão acima do bem e do mal, ou 
tão perfeita a ponto de achar que não poderá jamais cair.
Ouço muita gente discursar da seguinte maneira: “isso pode 
acontecer com qualquer um, menos comigo”. Cuidado! Existe 
um tipo de laço com isca para cada tipo de pessoa. Homens e mu- 
lheres, valentes de Deus, sucumbiram ao superestimar a si mes- 
mos e subestimar a força das armadilhas satânicas.
33 CALVINO, João. O Livro dos Salmos, Volume 3 - Salmos 6 9 -1 0 6 (Página 458). São 
Paulo: Edições Parakletos, 2002.
91
Blindagem Contra As Trevas
Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que 
não caia!
1 Coríntios 10:12
O CRUEL PASSARINHEIRO
Ao comparar Satanás a um passarinheiro, a Bíblia nos auxi- 
lia a entender seus métodos e enxergar como ele posiciona suas 
armadilhas sutis para tentar nos apanhar e levar à ruína espiri- 
tual e à destruição. As suas ciladas não são colocadas aoacaso e 
suas táticas carregam sua assinatura de crueldade34. Assim, para 
nossa proteção, devemos identificar as várias armas do “passari- 
nheiro”.
MEU NOME É LAÇO, FIQUE QUIETO PARA 
EU TE PRENDER
Basicamente, existem quatro tipos de armadilhas para pás- 
saros: o laço com corda, a arapuca, o alçapão e a cola. Todas as 
técnicas têm algo em comum que seguem uma mesma sequência 
de artimanhas: colocar a armadilha num local apropriado onde 
o caçador sabe ser a passagem da presa ou seu habitat preferen- 
ciai, inserir uma isca, preparar um disparador para ser acionado e 
construir uma estrutura que visa impedir a sua fuga35.
1 - LIVRE DO LAÇO NO ESCONDERIJO DO
ALTÍSSIMO
Caçadores armam um laço grande com uma linha finíssima 
de nylon e muito resistente que é imperceptível, chamado de laço
34 RUTH, Peggy Joyce. Salmo 9 1 - 0 Escudo de Proteção de Deus (Página 23). Rio de 
Janeiro: Graça Editorial, 2008.
35 WALTON, John H. MATTHEWS, Victor H. CHAVALAS, Mark W. Comentário 
Bíblico Atos: Antigo Testamento (Página 566). Belo Horizonte: Editora Atos, 2003.
92
4. Livre das Armadilhas
com corda. Dentro desse laço, colocam uma comida saborosa 
para atrair o pássaro para descer das alturas e então possa ser fis- 
gado pela corda ou capturado por uma rede36.
Trata-se de um convite perfeito para que o pássaro desça das 
alturas para alcançar valores mundanos desta vida, mas que o 
prenderá em uma gaiola. Somente convencendo a abandonar o 
esconderijo do Altíssimo para descer até o chão é que esta arma- 
dilha terá sucesso contra o cristão. Ele só cairá diante do seu ini- 
migo, se passar a dar valor aos princípios das trevas e aliar-se aos 
pensamentos do inferno:
0 laço 0 apanhará pelo calcanhar, e a armadilha 0 
prenderá.
Jó 18:9
E notável lembrar que o lugar mais seguro da terra para 
o ser humano é uma sombra37 num lugar inalcançável, que é 
a presença do Deus Todo-Poderoso. Ali a corda do mal não 
apanhará o homem, por isso, o cristão permanecerá livre se 
perseverar nos princípios de Deus e cultivar somente pensa- 
mentos do alto:
Quanto ao mais, irmãos, tudo 0 que é verdadeiro, tudo 
0 que é honesto, tudo 0 que é justo, tudo 0 que é puro, tudo 
0 que é amável, tudo 0 que é de boa fama, se há alguma 
virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.
Filipenses 4:8
36 SCHOKEL, Luis Alonso; CARNITI, Cecilia. Salmos II - Grande Comentário Bíbli- 
co dos Salmos (Página 1163). São Paulo: Editora Paulus, 1988.
37 WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositive, Antigo Testamento Volume
III — Poéticos (Página 245). Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.
93
Blindagem Contra As Trevas
2 - VIGIE E ORE PARA NÃO CAIR NA 
ARAPUCA
O segundo artifício chama-se arapuca38, um artefato que tem 
origem entre os indígenas sul-americanos e que consiste num a 
armadilha rudimentar, em formato piramidal, destinada a pegar 
aves vivas ou pequenos animais. Sua estrutura é feita como uma 
gaiola de gravetos cada vez menores na parte superior, em geral 
amarrados tradicionalmente com fibras de cipó ou linhas finas.
H á aqui uma revelação espiritualmente muito singular, pois 
assim como o laço com corda usa o alimento como isca, a tenta- 
çao também funciona como um anzol para capturar a sua presa.
Eva foi tentada a comer um alimento que lhe era proibido. 
Satanás, o verdadeiro passarinheiro, também tentou a Cristo para 
comer pedras transformadas em pães. Tudo isto por uma razão 
muito simples: porque até por um prato de comida o homem pre- 
varicará (Provérbio 28:21). O u seja, o homem é capaz de se ven- 
der e se corromper apenas por um pouco de alimento e, sabendo 
disso, Satanás usará os desejos do homem como isca.
A palavra original para o termo “arapuca” tornou-se uma 
expressão de largo uso no Brasil para referir-se a uma trapaça. 
Esaú caiu nela, ao trocar o dom espiritual por um desejo carnal. 
Em um m omento de vulnerabilidade e necessidade, chegou do 
campo cansado e faminto. Ao sentir o cheiro do guisado que es- 
tava pronto, escolheu solucionar o seu problema imediato e mo- 
mentâneo, mas trouxe para si mesmo o dissabor de perder o que 
lhe era mais caro:
Não haja nenhum imoral ou profano, como Esaú, que 
por uma única refeição vendeu os seus direitos de he- 
rança como filho mais velho. Como vocês sabem, posterior- 
mente, quando quis herdar a bênção, foi rejeitado; e não
38 Confraria do A H G P. Revista do In stitu to Arqueológico, H istórico e Geográfico Per- 
nam bucano, volum e 18, edições 9 1 . Recife, PE: T ipografia A H G P, 1916 .
94
4. Livre das Armadilhas
teve como alterar a sua decisão, embora buscasse a bên- 
ção com lágrimas.
Hebreus 12:16,17
Profanar é desprezar o que é sagrado. A fome e a necessidade 
da carne foram tão grandes que ele desprezou aquilo que tinha 
um valor incalculável - que era o direito de ter seu nome na li- 
nhagem de Jesus - por um prato de comida. O preço do cardápio 
de Satanás é sempre absurdo.
Quando a Bíblia cita a palavra “carne”, faz referência ao ho- 
mem e seus desejos profanos. A “carne” tem o poder de transfor- 
mar um homem que nasceu para ser uma bênção em um maldito 
e que, além de perdê-la, conseguiu abortar os planos de Deus para 
sua vida ao vender seu direito de primogenitura pelo preço de um 
prato de lentilhas e ensopado vermelho.
Por isso, a estratégia para não cair nas arapucas é manter-se 
vigilante em oração. Sem vigilância e sem oração o homem de 
Deus não poderá enxergar os caminhos para fugir das armadi- 
lhas. Elas são sutis. Pedro, um gigante da fé, junto com todos os 
discípulos, não percebeu a armadilha que estava encoberta com 
as folhas secas da negligência na oração e disfarçada com os grave- 
tos do descuido da vigilância. E muito simples cair, pois é muito 
difícil enxergar o laço para quem está desatento espiritualmente: 
Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e dis- 
se a Pedro: Assim nem uma hora pudestes vigiar comigo? 
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; 0 espíri- 
to, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
Mateus 26:40-41
95
Blindagem Contra As Trevas
3 - DISCERNIMENTO PARA DISTINGUIR 
OS ALÇAPÕES
Deus nos criou em liberdade. Já no Éden disse a Adão: “co- 
merás livremente” (Gênesis 2:16). Não fomos criados para viver 
em prisões, porém o pecado pode nos enredar. É necessário pedir 
a Cristo discernimento para viver livre para voar nas alturas, nas 
asas do Espírito Santo de Deus e longe dos alçapões do Diabo.
O terceiro tipo de armadilha que pode prender o cristão é o 
alçapão39 que funciona como um dispositivo projetado para apri- 
sionar um intruso dentro de uma espécie de gaiola. Nesse caso, o 
atrativo principal é que a isca é outro pássaro da mesma espécie 
que canta como se fosse livre, mas também está preso. É um bom 
exemplo para aqueles que se importam apenas com a aparência, 
sem se preocupar em discernir o fruto do Espírito na vida das 
pessoas:
0 homem que lisonjeia 0 seu próximo arma um laço aos 
seus passos.
Provérbios 29:5
FALSOS AMIGOS E SUAS FALSAS 
DOUTRINAS
O passarinheiro tem suas artimanhas: fazer com que o ho- 
mem confie ou faça associações com pessoas que não ligam para 
Deus e que nem se importam com o Seu Reino; propor que o 
filho de Deus invista seu tempo e seus recursos tentando ajudar 
quem não quer ajuda; sugerir que o cristão possa se envolver com 
pessoas que não conhece profundamente para fazer alianças per- 
versas; empurrá-lo para um envolvimento com pessoas carnais e
3 9 PE A R L M A N , Myer. Salm os. O rando com os Filhos de Israel. I a Edição (Página 129) 
— R io de Janeiro: Casa Publicadora das A ssem bléias de D eu s, 1996 .
96
4. Livre das Armadilhas
movidas pelo impulso da paixão; e levá-lo a tomar decisões em 
meio a fortes emoções:
Laços de perversos me enleiam; contudo, não me es-
queço da tua lei.
Salmo 119:61
Conheço homens e mulheres que selaram pactos, fixaram 
alianças, fizeram negócios, se envolveram com pessoas que fingi- 
ram que os amavam e, por fim, caíram em laços com contornosdramáticos, pois não tiveram o cuidado espiritual de discernir um 
agente maligno disfarçado de filho de Deus:
E não é de admirar, porquanto 0 próprio Satanás se 
disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que também os 
seus ministros se disfarcem em ministros da justiça; 0 fim 
dos quais será conforme as suas obras.
2 Coríntios 11:14-15
O Diabo fez isso com Eva, com Esaú e desejou fazer o mesmo 
com Jesus na tentação do deserto: transformar a fome em uma 
dieta indigesta e em um calabouço.
A grande estratégia não é tentar se livrar de um alçapão, mas é 
nunca entrar nele. Jesus discerniu as artimanhas do passarinheiro 
antes que elas pudessem atingi-lo porque conhecia a verdade das 
Escrituras e respondeu contra as mentiras satânicas, em três opor- 
tunidades, da mesma forma: “está escrito” (Mateus 4).
Em segundo lugar, Jesus não precisava, como diz o ditado po- 
pular, comer “o pão que o Diabo amassou”, pois já estava saciado 
da Palavra de Deus, pois “nem só de pão viverá o homem, mas de 
toda palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4).
Parte deste livro foi escrito durante um propósito que eu fiz 
de jejuar por 40 dias40. Eu havia sido desafiado pelo meu pastor 
para que parasse um pouco e dedicasse um tempo para ouvir a
40 Leia sobre a experiência desse jejum ao final deste capítulo.
97
Blindagem Contra As Trevas
voz de Deus. Nesse tempo, abstive־me de pregar, ministrar ou en- 
sinar. Dediquei-me totalmente à oração, não experimentei qual- 
quer comida e apenas bebi água, suco e leite.
Em algumas ocasiões dessa minha caminhada espiritual, tive 
fraqueza, dores no corpo e fome, mas, nesses momentos, apelei 
para a leitura das Escrituras. É impressionante como a Bíblia nos 
alimenta! Ao dedicar-me a sua leitura, a fome incrivelmente pas- 
sava. Pois “nem só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra 
que sai da boca de Deus” (Deuteronômio 8:3).
O passarinho que cai na armadilha é aquele que está com 
fome. O bem alimentado nao cai em nenhuma armadilha. Por- 
tanto a minha orientação para as minhas ovelhas é que passem 
a experimentar a Bíblia por alimento todos os dias e que saiam 
imediatamente da companhia de pessoas perversas:
A doutrina do sábio é uma fonte de vida para se des- 
viar dos laços da morte.
Provérbios 13:14
4 - COLADO A ALÇAPÕES CONCEITUAIS
O último exemplo de armadilha mortal é o visgo, onde o ali- 
mento ou a isca são agarrados a uma espécie de cola. Nesse estra- 
tagema, Satanás não trabalha sozinho, mas tem um forte aliado: 
o próprio homem.
Sim, ele opera com a ajuda da própria razão humana, a sua 
dura cerviz e o seu orgulho. Em suma, a falta de temor do Se- 
nhor com suas motivações desconectadas dos princípios de Deus, 
aprisionam a pessoa em um sofrimento atrás do outro, uma dor 
seguida de outra e com um abismo que chama outro abismo (Sal- 
mo 42:7), como uma cola que, depois de atrair a presa, lambuza-a 
com o visgo e, quanto mais se mexer, mais ela vai se prender.
98
4. Livre das Armadilhas
0 temor do SENHOR é fonte de vida para evitar os 
laços da morte.
Provérbios 14:27
Os indícios da presença de alçapões são identificáveis quan- 
do os conceitos que povoam a mente da vítima se associam com 
as proposições e princípios das trevas. Ao serem confrontadas, 
imediatamente rejeitam a verdade e as consequências do engano. 
Passam a andar, pensar e viver como um ímpio e, se não se arre- 
penderem, o seu destino final será a morte, pois estão presas, ou 
coladas a uma armadilha conceituai:
Bem-aventurado 0 homem que não anda segundo 0 
conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecado- 
res, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Salmol :1
Aqui a prisão é progressiva: andar, deter, assentar. São pe- 
quenas concessões morais, leves autorizações de quebra de algum 
mandamento ou pequenas fugas para o pecado que levam a presa 
para um lugar onde fica colada, sem chance de ser libertada.
Nesse caso, a armadilha ocorre na mente. A consciência fica 
cauterizada e não enxerga problema algum em viver como o ímpio 
vive. Um cerco se fecha em seu entendimento e não interessam 
mais os caminhos de Deus, nem as disposições que se apresen- 
tam na Sua Palavra, pois as perspectivas que são ventiladas estão 
trancadas a sete chaves por uma espécie de armadilha na mente. 
A Bíblia chama esse quadro de fortaleza espiritual:
As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo 
contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. 
Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta 
contra 0 conhecimento de Deus, e levamos cativo todo 
pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.
2 Coríntios 10:4,5
99
Blindagem Contra As Trevas
Uma fortaleza funciona na mente como uma prisão construí- 
da com uma trama de conceitos malignos que ignoram a verdade 
e se rebelam contra Deus, pois está totalmente estruturada sobre 
mentiras. A única forma de destruí-la é apelar para Deus e para 
que a verdade da Sua Palavra seja misturada à fé daquele que está 
preso no alçapão:
Porque também a nós foram pregadas as boas novas, 
assim como a eles; mas a palavra da pregação nada lhes 
aproveitou, porquanto não chegou a ser unida com a fé,
naqueles que a ouviram.
Hebreus 4:2
O SENHOR TE LIVRARA
Muitas vezes o livramento do laço do passarinheiro custa ape- 
nas uma decisão correta. Alguns buscam uma libertação sobrena- 
tural, quando ela está nas suas próprias mãos através da obediên- 
cia a Deus:
Livra-te, como a gazela da mão do caçador, e como a 
ave da mão do passarinheiro.
Provérbios 6:5
Há ainda uma enormidade de laços que o inimigo usará para 
enredar o homem e cada um conhece suas próprias fraquezas, 
deslizes e desobediências que acabarão por enjaulá-lo em cativei- 
ros malignos.
E ainda que a liberdade não seja imediatamente possível de 
alcançar, há uma promessa que vem do alto, do trono de Deus, do 
esconderijo do Altíssimo: o Senhor vai atacar os que atacam seus 
filhos e reagir para a libertação daqueles que o temem.
Há um cântico de alegria que podemos ouvir hoje e que 
anuncia a forte confiança ao homem que, mesmo preso, poderá 
ser liberto de perigos de toda espécie. Basta temer ao Senhor e
1 0 0
4. Livre das Armadilhas
acolher em seu coração a esperança que tem sido anunciada para 
todos os aprisionados e cativos:
Bendito seja 0 Senhor, que não nos deu por presa aos 
seus dentes. A nossa alma escapou, como um pássaro do 
laço dos passarinheiros; 0 laço quebrou-se, e nós esca- 
pamos. 0 nosso socorro está no nome do Senhor, que fez 
0 céu e a terra.
Salmo 124:6-8
ORAÇAO
Meu Deus, eu confesso que a minha vida não foi perfeita, que me 
desviei dos Seus caminhos e acabei entrando em prisões espirituais. Por 
isso eu peço perdão e renuncio a qualquer iniquidade que aprisionou a 
minha vida. Eu me arrependo de ter me feito uma só carne com todo par- 
ceiro (a) sexual fora do sagrado casamento. Eu me desligo de cada uma 
dessas pessoas e torno sem efeito todo laço de alma que me aprisionou, 
tomando de volta a pureza de minha vida, em nome de Jesus.
Eu também confesso ter me envolvido com pessoas ímpias que me 
levaram a práticas de caráter perverso que prenderam a minha vida finan- 
ceira, familiar, emocional e afetiva.
E declaro também que Jesus Cristo levou sobre Si todos os meus pe- 
cados e, portanto, todos os laços das trevas, todos os cativeiros malignos 
e todas as prisões espirituais de acusação estão desautorizados de atingir 
a minha vida a partir de agora através desta confissão.
Em nome de Jesus, declaro que todos os vícios ligados ao fumo, ao 
alcoolismo, às drogas, aos jogos de azar, ao consumismo e ao fracasso 
não têm nenhuma permissão de aprisionarem mais a minha vida.
Eu me cubro com 0 sangue do Cordeiro que foi derramado para per- 
dão de meus pecados e por isso, declaro que Jesus Cristo de Nazaré é 0 
meu Senhor, 0 meu Salvador, 0 meu Rei e 0 único Deus a quem eu sirvo, 
e não sirvo a nenhum outro. Declaro que Cristo me libertou para eu viver 
em paz. Amém.
1 0 1
Blindagem Contra As Trevas*O jejum é uma prática espiritual séria e fundamentada nas 
Escrituras. Normalmente o jejum bíblico tem duração máxima de 
um dia. Em poucas situações são de três dias, não passando disso. 
Apenas em três ocasiões Jesus, Moisés e Elias fizeram jejum total 
de 40 dias apenas com água. E esse não foi o meu caso.
Todos devem tomar muito cuidado antes de realizar essa prá- 
tica. Quem toma medicamentos regularmente não deve realizá-lo 
sem uma autorização de uma autoridade médica no assunto. Pes- 
soas mais velhas, doentes, jovens em idade de formação e aqueles 
que trabalham em situações perigosas como motoristas, pilotos 
de aeronaves, operadores de máquinas pesadas, entre outros, de- 
vem ter especial precaução.
Sou um militar preparado durante toda a m inha vida e mante- 
nho um bom condicionamento físico. Durante os 40 dias de meu 
jejum me mantive hidratado com água, suco e leite. No vigésimo 
sexto dia fui conduzido ao médico para exames que constataram 
m inha saúde em perfeita ordem. Sem falar que certamente não 
fiz nenhum a loucura. Orei muito e fui conduzido pelo Espírito 
Santo de Deus. Além disso, recebi em todo tempo a cobertura 
espiritual de orações incessantes do meu pastor, do ministério de 
intercessão e toda a liderança de m inha igreja.
Antes de fazê-lo, peça a orientação de Deus, de sua família e 
de seu pastor. Jejuar não é passar fome, nem mesmo fazer regime. 
E dedicar todo o tempo à busca de Deus em oração, leitura da 
Bíblia e fé no nosso Salvador Jesus Cristo.
1 0 2
C apítulo 5
ANTÍDOTO CONTRA 
O VENENO
Tragada foi a morte na vitória. Onde 
está, ó morte, a tua vitória? Onde está, 
ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da 
morte é o pecado, e a força do pecado é a 
lei. Mas graça a Deus que nos dá a vitória 
por nosso Senhor Jesus Cristo.
1 Coríntios 15:55-57
An t íd o t o Co n t r a o v e n e n o
"Porque Ele te livrará ... do veneno mortal."
Salmo 91:3b
o tempo em que não havia antibióticos, nem vacinas, 
nem cuidados médicos significativos, a peste era um 
espanto no meio dos povos e agia sempre coletivamente. O rei 
Salomão chegou a orar em favor de Israel, pedindo uma resposta 
de Deus como um antídoto protetor sobre a nação:
Se houver na terra fome ou peste, se houver crestamen- 
to ou ferrugem, gafanhotos ou lagarta; se 0 seu inimigo os 
cercar na terra das suas cidades; seja qual for a praga ou 
doença que houver; toda oração, toda súplica que qualquer 
homem ou todo 0 teu povo Israel fizer, conhecendo cada um 
a chaga do seu coração, e estendendo as suas mãos para 
esta casa, ouve então do céu, lugar da tua habitação, per- 
doa, e age, retribuindo a cada um conforme todos os seus 
caminhos, segundo vires 0 seu coração (pois tu, só tu conhe- 
ces 0 coração de todos os filhos dos homens).
1 Reis 8:37-38
A peste é uma terrível ameaça que tem sua força na facilidade 
de contágio e em na cruel taxa de morte. A “peste negra”, por 
exemplo, cobriu metade do continente Europeu durante a Idade 
Média e foi caracterizada pela pandemia de peste bubônica que 
assolou o século XIV e dizimou cerca de 75 milhões de pessoas.
Algumas versões bíblicas traduzem o terceiro verso do salmo 
91 com as seguintes palavras: “Porque ele te livrará do laço do 
passarinho, e da peste perniciosa”. Nesse caso, o termo “peste” 
significa primariamente destruição41. O Antigo Testamento usa
41 C H A M P L IN , Russel Ν . Enciclopédia d a Bíblia. Teologia e Filosofia. V olum e 5 (Pá- 
gina 3 4 7 ). São Paulo: H agnos, 2 0 0 2 .
105
Blindagem Contra As Trevas
essa palavra apontando para coisas como a fome, animais fero- 
zes, enfermidades e destruições. As pragas do Egito, por exemplo, 
foram recheadas de pestes notáveis, em um termo que é frequen- 
temente empregado em conexão com o juízo divino contra o pe- 
cado42:
Ora, se andardes contrariamente para comigo, e não 
me quiseres ouvir, trarei sobre vos pragas sete vezes mais, 
conforme os vossos pecados (...) Trarei sobre vós a espada, 
que executará a vingança do pacto, e vos aglomerareis nas 
vossas cidades; então enviarei a peste entre vós, e sereis 
entregues na mão do inimigo.
Levítico 26:21; 25
Mas a peste que se lê aqui no verso 3 desse salmo é associada 
especialmente a uma toxina venenosa. Por isso, apenas no capítu- 
lo 8 desse livro trataremos desse vocábulo como uma ação coletiva 
que atemoriza como a “peste que anda na escuridão”43.
Por enquanto, iremos analisar esta ameaça com a tradução 
que retrata um certo tipo de veneno de morte que é inoculado 
no ser humano, contra o qual dispomos de pouca ou nenhuma 
proteção, pois age em combinação com o pecado44.
Este ataque peçonhento exibe a fraqueza hum ana diante da 
iniquidade, ao mesmo tempo em que ilustra a dependência da 
providência de Deus que detém o único antídoto capaz de rever- 
ter esse mortífero ataque.
4 2 H A R M A N , A llan M . C om entários do A ntigo Testam ento - Salm os I (Página 2 3 2 ). 
São Paulo: Cultura Cristã, 2 0 1 1 .
4 3 SC H O K E L , Luis A lonso; C A R N IT I, C ecilia. Salmos II — G rande C om entário Bíbli- 
co dos Salmos (Página 1156). São Paulo: Editora Paulus.
4 4 C A L V IN O , João. O Livro dos Salmos, Volume 3 - Salm os 6 9 - 1 0 6 (Página 4 4 5 ). São 
Paulo: Edições Parakletos, 2 0 0 2 .
106
5. Antídoto Contra o Veneno
A VISÃO DISTORCIDA
Ora, a serpente era 0 mais astuto de todos os animais 
do campo.
Gênesis 3:1
Uma das figuras com mais caricaturas da Bíblia, é Satanás. 
Artistas, escritores e comediantes distorceram tanto a sua imagem 
através de filmes fantásticos, piadas e histórias estúpidas que boa 
parte das pessoas não acredita que ele existe de fato. Também exis- 
tem aqueles que acreditam em sua existência, mas não o levam 
tão a sério quanto deveríam. Outros vão além e envolvem-se em 
perigosas práticas de culto e adoração ao demônio.
Alguns retratos antigos marcaram tão profundamente o ima- 
ginário popular que resistem até os dias de hoje. Dante45, escritor 
da obra “Inferno”, ignorou completamente as Escrituras Sagradas 
ao registrar um inferno com rios de piche borbulhante e demônios 
com garras afiadas dando punição aos homens, em nove regiões, 
divididas segundo as ofensas e os pecados que estes cometeram.
Apesar de não passar de um folclore e por tentar substituir a 
salvação de Cristo pela salvação através das obras, esse poema épi- 
co de Dante, continua a estimular o pensamento da humanidade. 
Essa ideia, apesar de tola e completamente desmentida pela Bíblia 
Sagrada, permeia tanto o pensamento pagão, quanto o de alguns 
cristãos, por incrível que pareça.
A SERPENTE NO MUNDO PAGÃO
Muitas culturas antigas têm no registro de suas histórias a 
serpente como uma espécie de autoridade a ser respeitada e até 
adorada. Thoth, por exemplo, era um conhecido deus egípcio que 
atribuía qualidades divinas à serpente ou ao dragão, ao qual os 
egípcios chamavam de Cneph, o deus-serpente. Na mitologia fe-
45 DANTE, Alighieri. A Divina Comédia. São Paulo: 34 Editora, 2009.
107
Blindagem Contra As Trevas
nícia, a serpente representava um demônio benévolo, uma espécie 
de deus de uma classe inferior46.
Heródoto47 mencionou várias serpentes sagradas entre os po- 
vos que ele investigou. Justino M ártir mencionou pinturas pagas 
que retratavam deuses-serpentes. A teologia judaico-crista revelou 
a serpente da história da tentação como o próprio Satanás, sendo 
ele confirmado no Novo Testamento como o “deus deste século”: 
Nos quais 0 deus deste século cegou os entendimentos 
dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evan- 
gelho da glória de Cristo, 0 qual é a imagem de Deus.
2 Coríntios 4:2
DENUNCIANDO A FACE OCULTA DA SERPENTE
De fato, os autores bíblicos não nos deixam cegos a respei- 
to desse inimigo venenoso. Inspirados pelo Espírito Santo, dão 
um retrato exato desse ser que, por ser invisível, tem enganado o 
m undo por tanto tempo.
Desde o princípio ele se esforçou para não aparecer como um 
inimigo e se disfarçou em alguém que realmente não é,ou seja, 
em uma serpente, para esconder suas intenções mortais.
Ele prendeu 0 dragão, a antiga serpente, que é 0 Dia- 
bo e Satanás, e 0 amarrou por mil anos.
Apocalipse 20:1-2
Dentre outras de suas identidades mais conhecidas, a ser- 
pente recebe a alcunha de “Satanás” que significa “Adversário”; 
e “Diabo”, nome também famoso que quer dizer “caluniador”. 
Em João 8:44, Jesus o chamou de “homicida” e “pai da men-
46 W IE R SB E , W arren W . C om entário Bíblico Expositive, A ntigo Testam ento Volume
III — Poéticos (Páginas 85 e 86). Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.
47 D E H A L IC A R N A S S O , H eródoto . H istó ria de H eródoto . Versão para e-B ook, tradu- 
zida do grego por Pierre H enri Larcher (Página 167). São Paulo: Editora eBooksBrasil, 
2006.
108
5. Antídoto Contra o Veneno
tira”. Apresentou-o ainda como “maligno” (Mateus 13:19) e de 
“príncipe deste m undo” (João 12:31). A Bíblia também o chama 
“príncipe das potestades do ar” (Efésios 2:2) e “príncipe do m un- 
do destas trevas” (Efésios 6:12).
Essa comparação entre a imagem do Diabo e da serpente se 
repete em diversas passagens, mas, em Apocalipse, a sua verda- 
deira identidade é revelada quando ele é chamado de dragão e 
“antiga serpente”, sendo usados em conjunto:
Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos ba- 
talhavam contra 0 dragão. E 0 dragão e os seus anjos ba- 
talhavam, mas não prevaleceram, nem mais 0 seu lugar se 
achou no céu. E foi precipitado 0 grande dragão, a antiga 
serpente, que se chama 0 Diabo e Satanás, que engana 
todo 0 mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos fo- 
ram precipitados com ele.
Apocalipse 7-9
O apóstolo Pedro mostra claramente que Satanás não é ape- 
nas uma serpente enganadora, mas também é um leão que ruge e 
devora (1 Pedro 3:8). João revela que dentre outros de seus nomes 
estão “Abadom” e “Apoliom”, o mesmo que “destruidor” (Apoca- 
lipse 9:11).
Em resumo, Satanás não é a representação de um mal não 
específico, de um sistema cruel ou de um m undo perverso. Ele é 
uma pessoa real, é nosso inimigo, é perigoso e é um ser absolu- 
tamente empenhado em matar, roubar e destruir (João 10:10). 
Os filhos de Deus devem cuidar-se conhecendo a verdade da Pala- 
vra de Deus e as estratégias da serpente para que “Satanás não leve 
vantagem sobre nós, porque não ignoramos as suas intenções” 
(2 Coríntios 2:11). Por isso, muito cuidado, não podemos dar 
espaço algum para ele em nossas vidas:
Não deis lugar ao Diabo.
Efésios 4:27
109
Blindagem Contra As Trevas
ARMANDO O BOTE:
A ESTRATÉGIA DE SATANÁS
Entre as diversas habilidades de uma cobra, está a capacidade 
de se enrolar para poder dar um bote, o que possibilita estender-se 
em até dois terços de seu comprimento e lançar seu veneno que 
está guardado em glândulas especiais e que é injetado através dos 
canais nos seus dentes.
A Bíblia conta que o veneno sai de seus “lábios” ou de línguas 
afiadas que podem causar o mal através da tentação que tem por 
único objetivo levar o homem ao pecado.
Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis.
Gênesis 3:4
A tentação nada mais é do que uma estratégia satânica de ofe- 
recer ao homem a oportunidade de fazer uma coisa boa de uma 
forma errada. E muito bom ser promovido no trabalho ou passar 
com boas notas nas provas da faculdade, mas é errado conseguir 
isso trapaceando. E uma bênção poder dizimar na igreja, mas não 
é certo roubar para fazer uma oferta. E muito bom ser feliz, mas 
não é correto fazer isso de forma que outros sofram, por exemplo, 
sendo desleal a seu cônjuge ou abandonando os filhos que são sua 
responsabilidade:
Porquanto deste ouvido à voz de tua mulher, e comeste 
da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; mal- 
dita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos 
os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e 
comerás das ervas do campo. Do suor do teu rosto comerás 
0 teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; 
porquanto és pó, e ao pó tornarás.
Gênesis 3:17-19
1 1 0
5. Antídoto Contra o Veneno
PECADO, UM VENENO MORTAL
O Diabo escolheu se manifestar particularmente no corpo 
da serpente para usá-la como um vetor para inocular um veneno 
mortal: o pecado.
Portanto, assim como por um só homem entrou 0 pe- 
cado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a 
morte passou a todos os homens, porquanto todos peca- 
ram.
Romanos 5:12
LÁBIOS VENENOSOS
A tentação sempre vem embrulhada em um disfarce. Ela em- 
prega o artifício de oferecer ilegalmente ao homem o que ele pre- 
cisa e deseja, para ter e desfrutar agora, juntam ente com uma 
promessa enganadora de que não haverá nenhuma consequência 
dolorosa de seus atos. O u seja, a tentação é uma espécie de más- 
cara que se utiliza de um ardil imitador para dissimular o verda- 
deiro caráter da mentira, de modo que a vítima não veja nada de 
ameaçador por trás dela:
Livra-me, ó Senhor, dos homens maus; guarda-me 
dos homens violentos, os quais maquinam maldades no co- 
ração; estão sempre projetando guerras. Aguçaram as lín- 
guas como a serpente; peçonha de áspides está debaixo 
dos seus lábios.
Salmo 140:13־
O VENENO ESTÁ EM DISTORCER SÓ UM 
POUQUINHO A PALAVRA DE DEUS
Satanás gosta de trabalhar com a incerteza, a confusão, a des- 
confiança e, principalmente, questionando a Palavra de Deus.
111
Blindagem Contra As Trevas
Desde o princípio o seu alvo foi o intelecto de Eva e a sua arma 
foi tentá-la, contradizendo o que Deus havia falado, levantando 
dúvidas sobre a verdade da Palavra de Deus e trazendo suspeitas 
sobre a bondade do coração do Senhor.
Podemos conjecturar a respeito do diálogo que ocorreu na- 
quele dia no Jardim do Éden:
— Está brincando?! Não pode comer de nenhuma árvore 
desse jardim? - deve ter sido o conteúdo sagaz da lorota em forma 
de uma pergunta.
— Se Deus a amasse de verdade, teria sido muito mais gra- 
cioso... Ele está sonegando uma felicidade a você e sendo muito 
mau.
De qualquer forma, a resposta da mulher à serpente, refletiu 
em grande parte a instrução de Deus dada a respeito da árvore do 
conhecimento, mas foi adicionado um comentário que Deus não 
havia feito: “você não deve tocar no fruto” (Gênesis 3:3).
Essa pequena variação na ordem de Deus, aparentemente im- 
perceptível, transmite uma intenção no coração da mulher que 
vê a Palavra e as instruções de Deus abertas à modificação hu- 
mana. Por isso, a serpente subtraiu alguns elementos da Palavra 
de Deus, acrescentou outros, mudando apenas um pouquinho a 
ordem que Deus havia dado.
Satanás, então, inoculou o seu veneno ao negar a Palavra de 
Deus e colocar no lugar da verdade a sua própria mentira, “por- 
que é mentiroso e pai da mentira” (João 8:44). Contaminados 
pelo mesmo veneno e pelo estado de rebelião, os seres humanos 
passaram a trocar a verdade de Deus pela “mentira” (preste aten- 
ção no termo, no singular) e seguiram a Satanás, o pai “da menti- 
ra” (novamente no singular).
E qual é “a mentira” que tem dirigido a civilização desde a 
queda do homem? É a falsa certeza de que o ser humano pode ser 
seu próprio deus e viver sem sofrer qualquer dano. O homem se
1 1 2
5. Antídoto Contra o Veneno
recusa a submeter-se à verdade de Deus, preferindo acreditar nas 
mentiras e sem se dar conta de que o Diabo é o seu mestre e que 
seu destino final é o lago de fogo:
0 Diabo, que as enganava, foi lançado no lago de 
fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados 
a besta e 0 falso profeta. Eles serão atormentados dia e 
noite, para todo 0 sempre (...) e cada um foi julgado de 
acordo com 0 que tinha feito. Então a morte e 0 Inferno fo- 
ram lançados no lago de fogo. 0 lago de fogo é a segunda 
morte. Se 0 nome de alguém não foi encontrado no livro 
da vida, este foi lançado no lago de fogo.
Apocalipse 20:10; 13-15
Ao rever a sequência da queda, é possível compreender me- 
lhor como o inimigo conduz as pessoas a uma atitude de deso- 
bediência. Primeiro dando uma sugestão para que comecemosa 
questionar a Palavra de Deus. A partir de então estaremos abertos 
para negá-la e em seguida passaremos a crer nas mentiras de Sa- 
tanás.
Como tentador, ele dá sugestões perversas, conselhos enga- 
nosos e leva o homem à desobediência a Deus. Seu principal foco 
não é fazer com que o homem obedeça a ele, mas que simples- 
mente se rebele e desobedeça a Deus. A rebelião basta para trazer 
morte à vida do ser humano:
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa 
não comerás; porque no dia em que dela comeres, certa- 
mente morrerás.
Gênesis 2:17
As palavras mentirosas no Jardim do Éden, de alguma manei- 
ra fizeram com que a mulher ficasse descontente com o cardápio 
extenso que continha todas as árvores autorizadas, e focasse o seu 
desejo em um único fruto que era proibido. Além disso, levou 
Adão a preferir agradar a sua mulher e se rebelar conscientemen­
113
Blindagem Contra As Trevas
te contra Deus, falhando em cumprir suas responsabilidades de 
proteger a criação.
O apóstolo Paulo ainda relatou os seus temores a respeito dos 
ataques do Diabo, que poderíam “de alguma sorte corromper o 
entendimento” dos irmãos da igreja em Corinto de modo que eles 
“se apartassem da simplicidade e da pureza que há em Cristo, da 
mesma forma como a serpente enganou a Eva com a sua astú- 
cia” (2 Coríntios 11:3).
A SERPENTE MENTE SOBRE QUEM É DEUS
Satanás foi um anjo que se rebelou contra o governo de Deus 
e foi lançado fora do céu e passou a comer poeira da terra. Disfar- 
çado de serpente no Jardim do Éden, ele disse ao homem: “Deus 
mentiu e enganou vocês!”
Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão! 
Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos 
se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do 
bem e do mal".
Gênesis 2:3-5
O modus operandi da serpente é sempre o mesmo. Ela dá o 
bote inicial lançando uma pergunta duvidosa em cima de uma 
afirmação definitiva de Deus. Foi assim com Adão e Eva e tem 
sido assim desde então. O seu objetivo é distorcer a opinião sobre 
o caráter de Deus.
Ele pintou Deus como um egoísta, mesquinho, indiferente 
e inseguro diante da latente possibilidade humana de ser “como 
Deus”. E, a partir daí, todas as suas palavras venenosas têm sido 
animadas apenas como uma extensão da primeira mentira de que 
o homem pode ser igual ao seu Criador.
A serpente astuta que apareceu em meio ao Jardim do Éden, 
ofereceu a alternativa de desconsiderar as instruções de Deus, em
114
5. Antídoto Contra o Veneno
um ato de rebelião deliberado que teve consequências terríveis 
para toda a criação. A partir daqui, a criação de Deus entrou em 
um caos que resultou na ruptura de todas as relações harmoniosas 
que Deus havia previamente estabelecido, e encontrou a morte.
CONFUNDINDO A VOZ DE DEUS COM A 
DA SERPENTE
Eva foi enganada, mas Adão, não. E como nós podemos saber 
se a voz que ouvimos não fala da parte de Deus? A resposta correta 
não tem nada a ver com o sentimento, nem com o gosto do fru- 
to, nem mesmo com a opinião de alguém em quem confiamos, 
a não ser que seja a voz do próprio Deus. Assim, o único recurso 
para impedir a ação do veneno seria comparando as palavras da 
serpente com as de Deus, expressas nas Escrituras Sagradas:
Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão 
não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em 
transgressão.
1 Timóteo 2:13-14
A mentira é sempre a mesma até hoje. A serpente se apresenta 
como alguém íntimo de Deus e comunica “revelações” iguais, ou 
nesse caso, superiores as de Deus. Mas se Eva foi enganada, Adão 
agiu conscientemente, pois conhecia a vontade de Deus e decidiu 
embarcar em uma aventura que trouxe a violência, a maldade, a 
traição e, por fim, a morte aos seus descendentes.
A Bíblia é suficiente para dar o caminho da vida eterna. 
O homem não precisa de nenhuma outra orientação, nem crer 
em nada além das Escrituras para a sua salvação. Qualquer visão 
espiritual deve ser desconsiderada, mesmo que a de anjos, de pa- 
rentes mortos, consultados através de cultos de necromancia, ou 
de santos da antiguidade ou do presente.
115
Blindagem Contra As Trevas
Muita gente, em nome de Deus, tem “profetizado” pala- 
vras e mensagens que Deus nunca disse. São chamados de falsos 
profetas, pois acabam arrastando homens vulneráveis para longe 
da fé.
Qualquer conselho, informação ou discernimento que estiver 
em desacordo, ou que negar a Bíblia como a Palavra de Deus e 
como a única regra de fé e prática, deve ser imediatamente rejei- 
tado, sob pena de morte eterna.
A SERPENTE MENTE SOBRE QUEM É O
HOMEM
Já sabemos que as palavras na língua da serpente contradizem 
diretamente o que Deus diz e mentem a respeito da Sua identi- 
dade. E como se isso não bastasse, o Maligno também trapaceia a 
respeito da autoridade que o homem detém para impedir e vencer 
o mal (Gênesis 3:4-5).
Não deve ser menosprezado o entendimento correto a respei- 
to da autoridade. O homem foi feito à imagem de Deus (Gênesis 
1:26-27) e sendo a imagem de Deus, deveria exercer autoridade 
sobre todos os animais do campo, incluindo a própria serpente.
Porém, ao obedecer a serpente, ele não meramente desobe- 
deceu a Deus, mas, também, cometeu um ato de traição. Aquele 
que foi criado para governar a terra em nome de Deus, rebelou-se 
contra seu divino Rei e acabou obedecendo a uma outra criatura, 
e encontrou a morte.
O DIABO VEM PARA MATAR
A maior arma de Satanás contra nós é a nossa própria igno- 
rância. Apesar de lutarmos contra um ser que tem todas as limi- 
tações de uma criatura, insistimos em cair em suas armadilhas 
tentadoras. E a arma que ele mais emprega é a mentira. Ele mente
116
5. Antídoto Contra o Veneno
sobre quem ele é, sobre quem é o homem e, também, sobre quem 
é Deus:
Vós tendes por pai 0 Diabo, e quereis satisfazer os de- 
sejos de vosso pai; ele é homicida desde 0 princípio, e nunca 
se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quan- 
do ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é 
mentiroso, e pai da mentira.
João 8:44
Por trás da aparente inocência da pergunta da serpente, existe 
um mortífero veneno em sua boca. Essa víbora, que subitamente 
aparece na história da humanidade, é uma das bestas do campo 
e, até aqui, Adão e Eva não conheciam a sua verdadeira natureza.
Será que a serpente não entendeu o que Deus havia dito? 
A sutileza da forma como abordou a mulher é capturada pela 
narração bíblica que a chama de “astuta”.
Isso é um indício de que sua presença no jardim apresenta 
uma ameaça, por isso, a sua pergunta cheia de contradição com a 
afirmação de Deus não deixa dúvidas sobre o motivo e a finalida- 
de da serpente.
A SERPENTE MENTE SEMPRE
"...no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, 
e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal".
Gênesis 3:5
A serpente gosta de falar meias-verdades (ou mentiras intei- 
ras), prometendo muito, mas sempre entregando pouco. Comer 
do fruto transformou o casal, mas, não para melhor. E em vez 
de serem iguais a Deus, seus olhos foram realmente abertos, mas 
apenas para enxergar a realidade de se tornarem escravos do mal. 
A vergonha de sua nudez e o medo do seu Criador os atingiu.
117
Blindagem Contra As Trevas
As consequências desastrosas de crer na mentira da serpente 
nunca podem ser subestimadas. O resultado foi a queda da huma- 
nidade, o início de todo o tipo de violência, injustiça, sofrimento 
e dor, bem como a morte física e espiritual para toda a raça hu- 
mana.
Ao serem confrontados pelo pecado, homem e mulher cul- 
param-se um ao outro e à serpente também, mas acabaram sen- 
do expulsos do jardim plantado e da presença de Deus. Por fim, 
foram cortados do acesso à fonte da vida e à árvore da vida e 
tornaram-se parte do reino dos mortos. Saíram da dimensão da 
eternidade e passaram para o plano mortal. O que eles vieram a 
experimentar fora do Éden não foi a vida como Deus planejou, 
mas a morte espiritual.
AO PÓ TORNARÁS!
O homem foi formado do pó da terra e voltarápara a terra. 
Durante um culto fúnebre, é costume o pregador dizer: “tu és pó 
e ao pó tornarás”. O Antigo Testamento é quase mudo quanto à 
esperança futura da eternidade e é incapaz de dar esperança à ruí- 
na produzida pela passagem do tempo e o final inevitável da vida.
Três tipos de morte ocorreram com o início da ação do veneno 
da serpente: a física, a espiritual e a eterna. Primeiramente, a hu- 
manidade começou a morrer no mesmo momento em que ex- 
perimentou do fruto proibido. Naquele instante, a morte física 
começou a operar em seus corpos, em uma deterioração lenta e 
inevitável:
Porque 0 salário do pecado é a morte.
Romanos 6:23a
Em seguida, a morte espiritual os tocou com um golpe fa- 
tal, quando foram separados de Deus e destituídos da Sua gló­
118
5. Antídoto Contra o Veneno
ria. Finalmente, o veneno agiu poluindo a mente de Adão e Eva, 
tornando-os alienados da presença de Deus.
A toxina do pecado abriu um caminho para a corrupção no 
coração do homem. E se Deus não interviesse, a próxima parada 
seria a morte eterna:
Mas também 0 retorno à sensatez, livrando-se eles dos 
laços do Diabo, tendo sido feitos cativos por ele para 
cumprirem a sua vontade.
2 Timóteo 2:26
O plano de Lúcifer, ao inocular o veneno do pecado na hu- 
manidade, era manter a criação permanentemente debaixo das 
garras da morte, portanto, desde a queda do homem, começou 
uma dramática batalha para extrair a peçonha da serpente.
Se as presas da víbora liberam através do pecado o veneno 
capaz de causar grandes danos e levar as suas vítimas à morte, o 
antídoto por sua vez, tem que ser um soro capaz de desfazer a ação 
da peçonha já instalada no corpo.
Na verdade, não existe nenhuma vacina que produza uma 
imunidade contra a peçonha de víboras e serpentes, mas a aplica- 
ção do soro antiofídico cria a capacidade de reação do organismo 
aos agentes da infecção produzindo anticorpos e desfazendo a ati- 
vidade venenosa.
O HOMEM PRECISA DE UM ANTÍDOTO
Não existe nenhuma “autorredenção” e nenhuma chance de 
“autossalvação” com relação aos efeitos do veneno inoculado pelo 
pecado. Nem um bom comportamento, nem boas obras podem 
redimir, “porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto 
não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que 
ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9):
119
Blindagem Contra As Trevas
Antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim 
nenhum haverá. Eu, eu sou 0 Senhor, e fora de mim não há 
salvador.
Isaías 43:10
Também não existe nenhuma outra forma meritória, com a 
qual o homem possa alcançar a cura de seus pecados. Em resumo, 
nem aqueles que confiam em investimentos ou em riquezas po- 
derao ser salvos, pois “é mais fácil um camelo passar pelo fundo 
de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (Marcos
10:25):
Quem pode, então, ser salvo? Jesus, fixando os olhos 
neles, respondeu: Para os homens é impossível, mas não 
para Deus; porque para Deus tudo é possível.
Marcos 10:2627־
E impossível que o homem se salve. O homem não pode 
redimir a si mesmo, pois não poderá voltar ao jardim do Éden 
em busca da árvore da vida. Depois de expulso, ele passou a ser 
obrigado a depender unicamente da ação remidora de Deus. 
O antigo paraíso foi irreversivelmente perdido para o homem:
0 Senhor Deus, pois, 0 lançou fora do jardim do Éden 
para lavrar a terra, de que fora tomado. E havendo lançado 
fora 0 homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os queru- 
bins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os 
lados, para guardar 0 caminho da árvore da vida.
Gênesis 3:23-24
Mas esse não é o ponto final da história da humanidade. Deus 
já havia preparado um novo paraíso que surgirá apenas no final da 
história. E assim como a Bíblia começa com o paraíso perdido no 
livro de Gênesis, de outra forma termina no Apocalipse, onde o 
paraíso será reconquistado48.
48 LUTZER, Erwin W. A Serpente do Paraíso - A Incrível História de como a Rebelião 
de Satanás Serviu aos Propósitos de Deus (Página 90). São Paulo: Vida, 1998.
1 2 0
5. Antídoto Contra o Veneno
Ali temos a visão “no meio da sua praça, e de ambos os lados 
do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando 
seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a cura das 
nações” (Apocalipse 22.2):
Quem tem ouvidos, ouça 0 que 0 Espírito diz às igrejas.
Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que 
está no paraíso de Deus.
Apocalipse 2:7
JESUS CRISTO: O SORO ANTIOFÍDICO
A queda lançou uma maldição sobre toda a criação, mas a 
serpente sobretudo ficaria em estado de miséria. Ela teria de ar- 
rastar-se no próprio ventre e comer o pó da terra. Isso implica, 
metaforicamente, em sua posição de humilhação e em seu destino 
que recebeu um golpe esmagador. Também recebeu o anúncio de 
que o poder de seu veneno seria anulado.
As Escrituras Sagradas relatam, em diversas oportunidades, 
que Deus traria salvação ao homem, vencendo e esmagando a 
velha serpente e aniquilando seu veneno.
A primeira referência a esse golpe, que seria desferido na ca- 
beça da víbora venenosa, encontra-se bem do início do livro de 
Gênesis, logo após o evento do pecado de Adão e Eva. Essa passa- 
gem tem sido rotulada de “protoevangelho”49, ou seja, o primeiro 
anúncio do Evangelho:
Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descen- 
dência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu 
lhe ferirás 0 calcanhar."
Gênesis 3:15
49 EUA. The ESV Study Bible, English Standard Version (Página 68). Wheaton, Illi- 
nois: Good News Publishers - Crossway Bibles, 2007.
1 2 1
Blindagem Contra As Trevas
Algo que a própria narrativa anunciou é que um filho especial 
estava em vista. Um descendente da mulher. Ou seja, no âmbito 
bíblico mais amplo, toda a esperança estaria em Jesus Cristo, o 
filho do Altíssimo.
Ele é claramente apresentado no Novo Testamento como 
aquele que derrotou Satanás, pois “para isto o Filho de Deus 
se manifestou: para destruir as obras do Diabo” (1 João 2:8), 
enquanto que, ao mesmo tempo, seria machucado na cruz. E por 
causa da obra sacrificial de Cristo, o julgamento pode ser tempe- 
rado com misericórdia e vida eterna para todos aqueles que acei- 
tam Jesus como seu Salvador.
A SEMENTE DA MULHER É O ANTÍDOTO
A murmuraçao é forma maligna de se queixar da própria sor- 
te, falar mal dos propósitos divinos e apontar falhas nos planos do 
Senhor para a sua vida. As reclamações contra Deus sao poderosas 
em fazer o crente andar para trás. Em poucas palavras, murmu- 
ração é uma oração feita para o Diabo e que envenena quem a 
pratica e também a todos os que estão ao seu redor.
O livro dos Números reapresenta esse velho hábito do povo 
de Deus que aparentemente nunca foi erradicado. Israel, mais 
uma vez, reclamou de sua sorte atraindo sobre si mais disciplina e 
dessa vez se reencontrou com um antigo inimigo: as cobras vene- 
nosas. Como antídoto, Moisés fez uma serpente de bronze, que 
curava qualquer um que olhava para ela:
A alma do povo impacientou-se por causa do caminho.
E 0 povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos 
fizestes subir do Egito, para morrermos no deserto? Pois aqui 
não há pão e não há água: e a nossa alma tem fastio 
deste miserável pão. Então 0 Senhor mandou entre 0 povo 
serpentes abrasadoras, que os mordiam; e morreu muita 
gente em Israel. Pelo que 0 povo veio a Moisés, e disse:
1 2 2
5. Antídoto Contra o Veneno
Pecamos, porquanto temos falado contra 0 Senhor e con- 
tra ti; ora ao Senhor para que tire de nós estas serpentes. 
Moisés, pois, orou pelo povo. Então disse 0 Senhor a Moi- 
sés: Faze uma serpente de bronze, e põe-na sobre uma 
haste; e será que todo mordido que olhar para ela viverá. 
Fez, pois, Moisés uma serpente de bronze, e pô-la sobre uma 
haste; e sucedia que, tendo uma serpente mordido a alguém, 
quando esse olhava para a serpente de bronze, vivia.
Números 21:4-9
O termo hebraico traduzido por “bronze” significa “cobre”. 
A serpente é um símbolo do juízo de Deus e a vermelhidão do 
cobre sugerea expiação do sangue de Cristo. O próprio Jesus 
compara a sua morte na cruz à serpente levantada no deserto por 
Moisés. Pois na sua morte Ele matou a morte:
E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim 
importa que 0 Filho do homem seja levantado; para que 
todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. Porque 
Deus amou 0 mundo de tal maneira que deu 0 seu Filho uni- 
gênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas 
tenha a vida eterna.
João 3:14-16
A MORTE DA MORTE
O homem pecou deliberadamente sem calcular o altíssimo 
preço de sua desobediência. Ele cometeu erros precipitados e to- 
los que foram devastadores e, por isso, teve que enfrentar as con- 
sequências amargas deste pecado com a escravidão do medo da 
morte. Mas tanto o Diabo quanto o pecado e a morte não terão 
a última palavra:
Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e san- 
gue, ele também participou dessa condição humana, para 
que, por sua morte, derrotasse aquele que tem 0 poder
123
Blindagem Contra As Trevas
da morte, isto é, 0 Diabo, e libertasse aqueles que durante 
toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte.
Hebreus 2:14-15
A serpente sempre esteve por detrás do dramático quadro de 
desobediência no qual a humanidade desaguou. Com o poder da 
morte em suas mãos, infligia o terror cruel sobre todos os mortais 
seres humanos. Porém, foi derrotada por Jesus Cristo, o Filho de 
Deus, que assumiu a mortalidade humana e foi crucificado; mas, 
como a morte não pôde segurá-lo, junto com a ressurreição trou- 
xe a vida eterna a todos os que creem em Seu nome:
Mas Deus 0 ressuscitou dos mortos, rompendo os Ia- 
ços da morte, porque era impossível que a morte 0 reti- 
vesse.
Atos 2:24
Com o pecado julgado na cruz, Jesus fez desaparecer tanto a 
origem quanto o efeito da morte. Sabemos que, tendo sido ressus- 
citado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez: a morte não 
tem mais domínio sobre ele (Romanos 6:9) e por isso mesmo, a 
fonte da morte secou e se alguma correnteza ainda flui, não de- 
morará muito para que, tendo secado o seu manancial, também 
não haja mais morte:
E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não ha- 
verá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; por- 
que já as primeiras coisas são passadas.
Apocalipse 21:4
Anunciando a sua vitória, Jesus exclamou: “Eu sou a ressur- 
reição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, vive- 
rá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente” (João 
11:25-26) e, a despeito de todo o temor que ainda possa produzir, 
a morte se tornou um cântico de desprezo do apóstolo Paulo que 
zombou de seu poder:
124
5. Antídoto Contra o Veneno
Porque é necessário que isto que é corruptível se revista 
da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da 
imortalidade. Mas, quando isto que é corruptível se reves- 
tir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da 
imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: 
Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, a tua 
vitória? Onde está, ó morte, 0 teu aguilhão? O aguilhão da 
morte é 0 pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças 
a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.
1 Coríntios 15:53-57
Nenhum prêmio ou exaltação momentânea pode compensar 
uma condenação de tormento e desprezo na eternidade. Nenhum 
caminho pode ser considerado bom se a eternidade alerta que ele 
é ruim. O homem julga baseado em seu conhecimento do tempo, 
mas Deus julga segundo a eternidade, porque Ele é o Eterno.
O apóstolo Paulo ensinou que Deus aboliu a morte ao trazer 
a vida e a imortalidade por meio do evangelho (2 Timóteo 1:10). 
Ele tinha a certeza de que um dia o ferrão da morte seria elimi- 
nado e que perdería a vitória temporária sobre nós. Essa vitória 
nos será dada por Deus, através do evangelho do seu Filho Jesus 
Cristo, mediante a ressurreição:
Sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos, Cris- 
to não pode morrer outra vez: a morte não tem mais 
domínio sobre ele.
Romanos 6:9
ORAÇAO
Meu Deus e meu Pai, eu creio que a Bíblia é a Sua Palavra e que esta 
Palavra é a verdade. Eu reconheço que fui enganado e atraído pela menti- 
ra para longe do Senhor. Confesso que me afastei da verdade e não resisti 
a tentação. Por isso, caí em pecado e perdi a Sua glória.
125
Peço em nome do Seu Filho Jesus que derramou 0 Seu sangue na cruz 
que purifique 0 meu coração de todas as minhas iniquidades. Me perdoe 
por dar ouvidos à mentira e duvidar de Suas promessas.
Eu recebo, no fundo meu coração, a salvação que Jesus conquistou 
para mim e clamo para que retire de minha vida todo 0 veneno da mentira 
que foi um dia inoculado e destruiu a minha história. Eu escolho a partir 
de hoje crer na verdade da Sua Palavra expressa na Bíblia Sagrada.
Confesso 0 Seu nome, Senhor, como meu Deus e peço para que escre- 
va 0 meu nome no Livro da Vida do Cordeiro e me dê a vida eterna. Oro 
em nome de Jesus, Seu Filho que venceu e me salvou.
126
b
C apítulo 6
Pr o t e g id o So b as
Ele o protegeu e dele cuidou; guardou-o 
como a m enina dos seus olhos, como a 
águia que desperta a sua ninhada, paira 
sobre os seus filhotes, e depois estende 
as asas para apanhá-los, 
levando-os sobre elas.
Deuteronôm io 32:10,11
p r o t e g id o Sob as Asas
"Ele 0 cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas 
você encontrará refúgio."
Salmo 91:4
Anatomicamente as asas são para as aves o mesmo que os braços são para os seres humanos. Embora sejam usadas 
pelas aves como cobertura e locomoção, e não para efeito de tra- 
balho50, talvez a única coisa que tenham em comum é que ambos 
podem ser muito úteis na defesa. Essa é a razão pela qual o uso 
simbólico das asas envolve os mais belos e significativos textos da 
providência divina que existem nas Escrituras Sagradas.
As asas são retratadas como fonte de inspiradoras imagens 
poéticas. Foi após o dilúvio que as asas da pomba trouxeram de 
volta a folha da oliveira e a esperança à arca construída por Noé 
e sua família. Esse mesmo desejo de esperança foi expresso pelo 
salmista que declarou: “Quem me dera ter asas como de pomba! 
Voaria, e acharia pouso” (Salmo 55:6).
A restauração espiritual na vida dos crentes é expressa como: 
“os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com 
asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se 
fatigam” (Isaías 40:31).
Moisés escreveu: “como a águia que desperta a sua ninhada, 
paira sobre os seus filhotes, e depois estende as asas para apanhá- 
-los, levando-os sobre elas” (Deuteronômio 32:11); enquanto 
a moabita Rute encontrou refúgio debaixo das asas do Senhor 
(Rute 2:12).
50 C H A M P L IN , Russel N . Enciclopédia d a Bíblia. Teologia e Filosofia - V olum e 1 
(Página 3 3 1 ). São Paulo: H agnos, 2 0 0 2 .
129
Blindagem Contra As Trevas
Protege-me como à menina dos teus olhos; esconde- 
-me à sombra das tuas asas, dos ímpios que me atacam 
com violência, dos inimigos mortais que me cercam.
Salmo 17:8,9
Os passarinhos, quando saem de seus ovos, não abandonam 
o ninho em nenhuma circunstância. Nenhum pretexto deve tirá- 
-los daquele lugar onde são permanentemente cuidados. Ali, a 
própria mãe traz a quantidade necessária de comida e os alimenta 
na boca. A sombra de suas asas é o refugio contra o mau tempo e 
qualquer tipo de perseguição.
A SEGURANÇA DO NINHO
Dentro do ninho protetor existe a cobertura das penas e das 
asas do Altíssimo que funciona como uma defesa para todos os 
que necessitam de abrigo. Esse sempre foi o desejo de Deus desde 
o princípio: de recolher todos, inclusive aqueles que sistemática- 
mente o rejeitaram, protegidos na segurança de Sua própria mo- 
rada:
Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e 
apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis 
reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos 
debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram.
Mateus 23:37
No evangelho de Mateus, Deus se apresenta decepcionado e 
transbordando de tristeza. Suafrustração é endereçada a “Jerusa- 
lém”, a cidade que, sendo a capital, retrata o coração e o espírito 
da atitude de toda a nação. A repetição da palavra Jerusalém é 
uma expressão carregada de emoção, abalada por um desaponta- 
mento insondável.
A nação era culpada de rebelião ao rejeitar, apedrejar e até 
matar os embaixadores oficiais, ignorando os constantes apelos de
130
Deus que, em diversas ocasiões, quis “reunir seus filhos debaixo 
de suas asas”. Essa palavra profética de Jesus está mergulhada na 
melancolia de quem ama e quer proteger, mas que vai ter que 
assistir a desgraça que o pecado produz na vida de seus filhos ama- 
dos, que se recusam a voltar e abrigar-se Nele.
ASAS INVIOLÁVEIS
Diz-se que, por mais distante que a mãe avestruz esteja de seu 
ninho, ao primeiro sinal de tempestade ou chuva, ela volta apres- 
sadamente a fim de se certificar de que os ovos não serão expostos 
à água. Da mesma forma, Deus nos preserva mais do que uma 
mãe avestruz que cuida de seus ovos51.
Esse sentimento de proteção é representado por, pelo menos, 
duas características relativas à proteção divina. A primeira é a ter- 
nura52, que indica o caráter amoroso que agasalha seus filhotes 
como é simbolizado na figura de uma pequena, jovem e indefesa 
ave que é guardada carinhosamente sob uma cobertura de penas 
das asas de sua mãe.
Misericórdia, ó Deus; misericórdia, pois em ti a minha 
alma se refugia. Eu me refugiarei à sombra das tuas asas, 
até que passe 0 perigo.
Salmo 57:1
A segunda característica é lembrada por Jones53 quando com- 
para o fato de estar protegido debaixo das asas, a obediência à 
autoridade. Já vimos que a obediência à autoridade é a única
51 A D E Y E M O , T okunboh. C om entário Bíblico A fricano (Página 7 1 8 ). São Paulo: Edi- 
tora M u n d o Cristão, 2 0 1 0 .
5 2 B R O W N , R aym ond E.; FIT Z M Y E R , Joseph A .; M U R P H Y , R oland E. Novo Com en- 
tário Bíblico São Jerônim o: A ntigo Testam ento (Página 10 6 4 ). São Paulo: Editora 
A cadem ia Cristã e Editora Paulus, 2 0 0 7 .
53 JO N E S , W illiam . B U R N , J. W . BARLOW , G eorge. H om ilética C om pleta do Prega- 
do r — C om entário N o Livro D e Salmos — V O L U M E II — SA L M O S 8 8 -1 0 9 (Página 
114). N ova Iorque: Funk & W agnalls C om pany, 1892 .
6. Protegido Sob as Asas
131
Blindagem Contra As Trevas
condição para receber a promessa da proteção divina. Ela tem o 
poder de conferir quatro bênçãos ao homem: o esconderijo fora 
do alcance do mal, a inviolabilidade contra as investidas de pre- 
dadores, a cobertura saudável e refrescante do calor insuportável e 
o suprimento carinhoso de todas as carências.
Apesar de as asas aparentemente serem frágeis e sujeitas à 
quebra, a segurança divina é tão forte quanto uma blindagem de 
guerra e tão eficiente quanto o Seu caráter imutável que funciona 
como uma armadura para o Seu povo, preservando-o dos ataques 
de seus inimigos. Essa inviolabilidade protetora é, na verdade, co- 
nhecida como autoridade.
O PRINCIPIO DA AUTORIDADE
Autoridade não é uma pessoa, pelo contrário, é uma função 
delegada por Deus e que deve funcionar para a proteção. Etimo- 
logicamente, a palavra “autoridade” é de origem latina, auctoritas, 
e é derivada do radical “autor” que significa “aquele que causa”54. 
O u seja, a origem de toda a autoridade é Deus, pois Ele é o Autor 
da Vida, o Criador do Universo e tem toda a autoridade nos céus 
e na terra:
Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude 
da divindade, e, por estarem nele, que é 0 Cabeça de todo 
poder e autoridade, vocês receberam a plenitude.
Colossenses 2:9-10
O Reino de Deus, por sua vez, não é uma democracia. Não 
escolhemos se vamos ou não viver sob a proteção de uma autori- 
dade. Na verdade, já nascemos sob autoridade e aquele que resiste 
a ela pratica, segundo a Bíblia, o terrível pecado da rebelião e traz 
como consequência imediata, a desproteção.
54 L O B O JR, O sw aldo. A utoridade Sobre as Trevas — G uia Prático de Libertação e 
B atalha E sp iritual (Página 2 0 ). Curitiba: Editora A D Santos, 2015·
132
6. Protegido Sob as Asas
Adeyemo faz menção de Musibi55, sobre esse assunto ao de- 
clarar que: “os indivíduos vivem dentro do contexto de autorida- 
des instituídas por Deus, a saber, a família, a igreja e o Estado. To- 
das essas instituições estão subordinadas e respaldadas por Deus” 
e servem, primordialmente para proteção do indivíduo.
AUTORIDADE: ASAS DE PROTEÇÃO
O primeiro domínio que representa a figura da autoridade 
protetora do homem é apresentado no âmbito do governo fami- 
liar e o símbolo dessa autoridade é a vara.
O exercício dessa autoridade foi dado por Deus ao homem 
como uma forma de proteger os filhos através do ensino e mantê- 
-los debaixo da bênção, como forma de amor e que produzirá 
fartura de dias quando obedecida, pois: “aquele que poupa a vara, 
aborrece a seu filho; mas quem o ama, diligentemente o corrige” 
(Provérbios 13:24).
Deuteronômio endossa, como mais uma testemunha, o valor 
dessa autoridade doméstica para construir uma proteção sobre a 
história de uma descendência que é guardada de forma abençoada 
e em paz sobre a face da terra:
E agora, ó Israel, ouça os decretos e as leis que lhes 
estou ensinando a cumprir, para que vivam e tomem posse 
da terra, que 0 Senhor, 0 Deus dos seus antepassados, dá a 
vocês (...) Contem-nas a seus filhos e a seus netos. Hou- 
ve um dia em que vocês estiveram diante do Senhor, 0 seu 
Deus, em Horebe, quando 0 Senhor me disse: "Reúna 0 povo 
diante de mim para ouvir as minhas palavras, a fim de que 
aprendam a me temer enquanto viverem sobre a terra, e as 
ensinem a seus filhos".
Deuteronômio 4:1; 9-10
55 A D E Y E M O , T okunboh e M U S IB I, Patrick M . In: C om entário Bíblico A fricano (Pá- 
gina 8 0 ). São Paulo: M u n d o Cristão, 2 0 1 0 .
133
Blindagem Contra As Trevas
O nível seguinte de autoridade protetora é o governo eclesiás- 
tico e seu símbolo são as “chaves do Reino”. Biblicamente a chave 
é símbolo da autoridade, como as chaves de uma casa ou um cofre 
que sao mecanismos que têm o poder de proteger e impedir uma 
violação:
Porei sobre os ombros dele a chave do reino de Davi;
0 que ele abrir ninguém conseguirá fechar, e 0 que ele 
fechar ninguém conseguirá abrir.
Isaías 22:21-22
Jesus tem “as chaves da morte e do inferno” (Apocalipsel:18), 
ou seja, possui autoridade para proteger o homem dos ataques das 
trevas. E ele entregou, por delegação, as “chaves do reino dos céus 
para ligar e desligar na terra” (Mateus 16:19) para serem usadas 
pela sua Igreja. Essa autoridade tem o poder de afetar o mundo 
que vemos e o mundo dos céus, ou seja, o m undo espiritual, e 
impedir o avanço do inferno, protegendo todo aquele que perma- 
nece debaixo da autoridade da Igreja:
E sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas 
do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as 
chaves do reino dos céus; e tudo 0 que ligares na terra 
será ligado nos céus, e tudo 0 que desligares na terra será 
desligado nos céus.
Mateus 16:18,19
Quando essa autoridade é rejeitada através da rebelião, ou 
quando o homem se recusa a viver debaixo da obediência da Igre- 
ja, a segurança pessoal e familiar é retirada, podendo causar danos 
pessoais aos membros de uma comunidade.
A última esfera de autoridade é o governo civil e é esta a ins- 
tituição que normalmente vem ao pensamento das pessoas quan- 
do se pensa em uma pessoa como “autoridade”. O símbolo da 
autoridade do Estado é a espada que a empunha para castigo por 
transgressões civis e criminais:
134
Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade
está se colocando contra 0 que Deus instituiu, e aqueles que 
assim procedem trazem condenação sobre si mesmos (...) 
Pois é serva de Deus para 0 seu bem.
Romanos 13:2; 4
Para que o homem permaneça protegido debaixo das asas de 
Deus, ele deve submeter-se a cadeia de autoridade legal, a qual 
Deus delegou com o fim de guardar o homem do poder e dosataques do mal.
QUANTAS VEZES EU QUIS E 
VOCÊ NÃO QUIS
Abraham Maslow56 foi um psicólogo cristão que desenvol- 
veu uma teoria conhecida como “hierarquia das necessidades”, 
que trata de uma espécie de pirâmide de cinco níveis. Segundo a 
sua tese, as imposições fisiológicas são a base da necessidade do 
homem, e o primeiro degrau da hierarquia da necessidade huma- 
na, ou seja, alimentação, sono, abrigo e água devem ser buscados 
como objetivo primário de sobrevivência do ser humano.
No segundo degrau de sua pirâmide de valores, vem a segu- 
rança. A estabilidade pessoal, a defesa contra a violência, a prote- 
ção para saúde e a garantia para os recursos financeiros são o foco 
da busca do homem que tenta se prevenir contra a desordem e 
o caos. Por isso, buscamos alianças de fidelidade em nossos ca- 
sarnentos, casas protegidas contra ladrões e intempéries, planos 
de saúde, seguros contra acidentes e bancos que guardem nossos 
recursos.
Quando as circunstâncias ficam ruins, e antes que se pense 
em qualquer outra coisa, é fundamental ter uma segurança dispo- 
nível e imediata contra calamidades, ameaças e inimigos.
56 K IV IT Z , Ed René. Vivendo C om Propósitos - A Resposta C ristã p ara o Sentido da 
V ida (Página 3 5 ). São Paulo: Editora M u n d o Cristão, 2 0 0 3 .
6. Protegido Sob as Asas
135
Blindagem Con era As Trevas
Somente depois que as necessidades de segurança são satisfei- 
tas é que as necessidades seguintes da escala de valores serão bus- 
cadas. O suprimento de carências afetivas, a provisão das necessi- 
dades sociais de afeição, aceitação, convivência, amizade, amor e 
auto realização pessoal, só aparecerão como necessidades quando 
o homem puder de fato sobreviver em segurança.
Podemos entender essa questão imaginando uma furiosa 
tempestade que se aproxima. Os relâmpagos faíscam e tornam-se 
cada vez mais e mais frequentes, enquanto os ruídos assustadores 
dos trovões agravam o seu volume e as descargas elétricas aumen- 
tam de intensidade. As gotas de chuva transbordam num aguacei- 
ro e o pé-d’água transforma-se num a tormenta.
Nesse momento, ninguém pensa em suas vaidades, ou na re- 
putação, ou em buscar qualquer outro conforto que não seja um 
lugar de segurança, um abrigo forte, firmado sobre uma fundação 
sólida e que permita sobreviver:
Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica 
é como um homem prudente que construiu a sua casa 
sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, so- 
praram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não 
caiu, porque tinha seus alicerces na rocha.
Mateus 7:24, 25
Nas palavras de Cristo existem princípios liberados em seu 
ensino que, se praticados, funcionarão como fundamentos segu- 
ros em favor da proteção da vida do homem contra toda sorte de 
sofrimentos que possam tentar atingi-lo.
Existe um exemplo que pode ser inesquecível e ser usado para 
definir o tipo de proteção que Deus quer proporcionar ao ho- 
mem. Pense que, de repente, surge um predador feroz que avança 
com suas garras afiadas e presas à mostra sobre um animalzinho 
indefeso. Imagine que o seu alvo é um pintinho, um dos animais 
mais inofensivos e frágeis de toda a criação.
136
Mirando sobre ele, mantém os seus olhos centrados na granja, 
pronto para agarrar a pequena ave. Porém, nesse momento ame- 
açador, a galinha chama seus pintinhos que rapidamente buscam 
seu lugar de abrigo e ela os oculta debaixo de suas asas protetoras. 
E exatamente isso que acontece no m undo espiritual.
Deus faz o papel do protetor em face da fraqueza do ser hu- 
mano e do seu despreparo para conseguir sobreviver diante das 
ameaças que a natureza e o próprio m undo espiritual maligno po- 
dem apresentar. O Altíssimo “chama” seus pintinhos para perto, 
para debaixo de suas asas.
DEUS TEM TUDO SOB CONTROLE?
Sim! E às vezes não. Não é uma ambiguidade, mas são pala- 
vras da própria Bíblia que narra, em diversas sentenças, o absolu- 
to controle de Deus em relação a cada mínimo detalhe da vida e 
da história.
Entretanto, ao contrário dos chavões proclamados pela boca 
dos crentes e dos púlpitos, as Escrituras também revelam que, 
por incrível que pareça, existem momentos em que a vontade de 
Deus não foi cumprida. Isso acontece por causa do livre arbítrio, 
ou seja, a liberdade que Deus deu ao homem para amar, obedecer 
e adorar a Deus. A vontade de Deus é que nós O amemos de todo 
o coração, porém, a liberdade permite que o homem também 
odeie, rejeite, rebele-se ou ignore o Criador.
Os indivíduos possuem liberdade para dar as costas ao con- 
selho ou à vontade de Deus. Os religiosos fariseus e os mestres da 
lei rejeitaram o propósito de Deus para eles, não sendo batizados 
por João (Lucas 7:30).
A vontade de Deus para cada homem pode ser frustrada pelo 
próprio homem. O lamento de Jesus sobre Jerusalém é emble- 
mático: Jerusalém, Jerusalém! Quantas vezes eu quis. Eu, o Deus
6. Protegido Sob as Asas
137
Blindagem Contra As Trevas
da Glória quis. Eu o SEN H O R dos Senhores quis. Eu, o Todo- 
-Poderoso quis... mas vocês não quiseram! (Lucas 13:34).
O estupro seguido de morte não é da vontade de Deus. A mi- 
séria hum ana não é da vontade de Deus. A criança recém-nascida 
que morre de fome não é da vontade de Deus. O dinheiro sujo 
desviado para um paraíso fiscal não é da vontade de Deus. 
Nenhum a dessas obscenidades é da vontade de Deus.
Entenda que Ele não está no controle da chacina, do assalto 
a banco, do campo de concentração. Acreditar nisso é achar que 
Deus podería de alguma forma ser um parceiro de facínoras.
Deus tem outros tipos de desejo: de salvar o homem de sua 
natureza brutal; de dar vida eterna a todos que colocam toda fé 
em Seu Filho Jesus; de redimir a criação que se entregou para fazer 
o mal; de aniquilar finalmente o último inimigo, a morte.
Deus é Todo Poderoso? Sim, é claro. Mas, Ele não pode fazer 
o mal. Esse é o verdadeiro significado do poder. Ele é tão pode- 
roso que “não pode negar-se a si mesmo”, por isso, também não 
pode quebrar as leis poderosas que Ele mesmo estabeleceu. E a 
Sua lei declara que nenhum outro “deus” é capaz de livrar como 
o SEN H O R DEUS livra os que se aninham sob suas asas (Daniel 
3:29).
Qual a vontade de Deus? E reunir Seus filhos e protegê-los. 
Quantas vezes o Senhor insistiu e continua até hoje insistindo em 
guardá-los em segurança? Quantas oportunidades deu ao homem 
para que se aninhasse debaixo de suas asas poderosas? Quantas 
vezes desejou a felicidade do homem? Porém alguns não querem 
e resistem em rebelião.
A REBELIÃO DESPROTEGE
Cristo falou sobre nossas vidas frágeis que precisam de segu- 
rança, mas disse que “nenhum passarinho cairá em terra sem a
138
vontade de vosso Pai” (Mateus 10:29). Suas palavras tinham uma 
razão ao fazer o convite para voltarem à segurança.
As ameaças não eram sem sentido. As vozes de atenção não 
eram falsas. Os profetas foram enviados para anunciar o perigo 
de um ataque iminente, mas o resultado dos alertas emitidos foi 
a constante negativa e o endurecimento do coração do povo de 
Deus.
Por essa razão, Jesus declara que, de agora em diante, não 
mais o verão, ou seja, depois da semana da paixão, Jesus não se 
revelará novamente em público aos judeus até o dia de sua se- 
gunda vinda, quando toda a nação dirá: “Bendito o que vem em 
nome do Senhor”:
Eis que a casa de vocês ficará deserta. Pois eu lhes digo 
que vocês não me verão desde agora, até que digam: "Ben- 
dito é 0 que vem em nome do Senhor".
Mateus 23:37-39
A rebelião faz parte de um processo reiterado de desprezo às 
palavras de precaução e de anúncios de “profetas, sábios e mes- 
tres” (Mateus 23:34). A revolta de Israel foi muito além da pos- 
sibilidade de qualquer verdadeiro arrependimento. Jesus ilustra 
que as relações entre Deus e o Seu povo já haviam se deteriorado 
de tal forma, que se tornou impossível qualquer reconciliação ou 
ajustamento entre eles.
Essas amargas palavras lembram a voz de João Batista, cia- 
mando: “Raça de víboras!”(Mateus 3:7). Também foi assim que 
Cristo se dirigiu às autoridades rebeldes qualificando-as de falsas, 
insensatas, cegas e hipócritas as quais eram combinadas com um 
caráter iníquo e venenoso que produzia morte no seu sacerdócio. 
Ele os comparou a serpentes e a uma geração de cobras venenosas 
que costumam ocultar-se e que atacam sem advertência e miseri- 
córdia, mas que um dia sofrerão os horrores no inferno:
6. Protegido Sob as Asas
139
Blindagem Contra As Trevas
Serpentes! Raça de víboras! Como vocês escaparão da 
condenação ao inferno?
Mateus 23:33
A palavra no original grego para inferno é Geena, e se refere 
ao vale de Hinom , um vale estreito e escuro, localizado ao sul 
de Jerusalém, e onde o fogo queimava continuamente. Naqueles 
tempos, os judeus ímpios haviam usado esse local para sacrificar 
a seus próprios filhos e, mais tarde, passou a ser usado como lixao 
da cidade onde eram lançados os cadáveres dos animais e dos cri- 
minosos. O fogo que queimava o lixo subia continuamente e, por 
isso mesmo, o lugar se tornou símbolo do inferno.
Ao descrever a natureza interior de tais homens como vene- 
nosos, mortíferos, sutis, ímpios e traiçoeiros, Jesus pronunciou a 
maior de todas as advertências, a ameaça do inferno. A rebelião 
tem o poder de retirar a criação de baixo da proteção das asas de 
Deus e lançá-la no inferno.
REBELIÃO CONTRA DEUS
A rebelião é um processo muito sutil e pode apresentar múl- 
tiplas faces. Em diversas ocasiões esse pecado se manifestou no 
meio do povo de Deus trazendo medo, sofrimento, abandono 
e morte. Isso acontece porque a proteção das asas de Deus vai 
embora:
Somente não sejam rebeldes contra 0 Senhor. E não
tenham medo do povo da terra, porque nós os devoraremos 
como se fossem pão. A proteção deles se foi, mas 0 Senhor 
está conosco. Não tenham medo deles!
Números 14:9
Essa iniquidade se revela através da incredulidade, da rejeição 
ao governo divino, do desprezo à sua lei e aos seus conselhos, da 
rebeldia contra os líderes nomeados por Deus, da desconfiança
140
quanto ao cumprimento de suas promessas, da murmuraçao, da 
recusa em dar-lhe ouvidos e do afastamento de Deus.
Entre todas as expressões que o sentimento hum ano pode 
proporcionar através do pecado da rebelião, a culpa talvez seja 
o mais forte, pois é agravada pelos cuidados paternais de Deus e 
pelos incessantes convites para que o rebelde retorne a Ele:
Estendí as minhas mãos 0 dia todo a um povo re- 
belde, que anda por caminho, que não é bom, após os seus 
pensamentos (...) Que diz: Fica onde estás, e não te che- 
gues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são 
fumaça no meu nariz, um fogo que arde todo 0 dia.
Isaías 65:2-5
A REBELIÃO NO CÉU
Como exteriorização do pecado contra Deus, a rebelião teve 
como seu precursor um anjo chamado Lúcifer, aquele mesmo que 
um dia habitou no céu e por causa da rebelião tomou um tombo 
espetacular, inaugurando o caminho para o inferno com seus de- 
mônios:
Como caíste desde 0 céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como 
foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu di- 
zias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de 
Deus exaltarei 0 meu trono, e no monte da congregação me 
assentarei, aos lados do Norte. Subirei sobre as alturas das 
nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado 
serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.
Isaías 14:12-15
Na eternidade passada, em algum tempo fora da capacida- 
de hum ana de cálculo, um dos mais exaltados anjos da criação 
de Deus transgrediu em orgulho e revoltou-se contra o Senhor. 
Nessa revolta, Satanás (tradução do hebraico para a palavra
6. Protegido Sob as Asas
141
Blindagem Contra As Trevas
“adversário”)57 causou uma separação irreparável de Deus e a sua 
queda acabou por arrastar cerca de um terço de todos os outros 
anjos (os quais passaram a denominar-se “demônios”), lançando- 
-os muito longe da proteção do Altíssimo (Apocalipse 12:4).
Apesar de ter recebido por sentença inicial pela sua rebelião o 
afastamento da presença de Deus ao ser lançado na terra, Satanás 
será mais uma vez sujeitado a um julgamento ainda mais severo, 
e acabará expulso para mais longe ainda, em lugar denominado 
“abismo” ou “fogo eterno”, região sobre a qual a Bíblia fala muito 
pouco:
Apartai-vos de mim, malditos, para 0 fogo eterno, pre- 
parado para 0 Diabo e seus anjos.
Mateus 25:41
A partir dessa condenação, Satanás passou a trabalhar inin- 
terruptamente em um novo projeto: influenciar o homem no ca- 
minho do mesmo pecado da rebelião, restringindo o livre-arbítrio 
do homem de escolher entre o bem ou o mal e, assim, levar a toda 
criação para o seu mesmo destino dramático de condenação no 
lago de fogo, sua habitação eterna:
0 Diabo, que as enganava, foi lançado no lago de 
fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a 
besta e 0 falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, 
para todo 0 sempre.
Apocalipse 20:10
A DRAMÁTICA AÇÃO DESTRUIDORA DA
REBELIÃO
O desejo de poder é a grande motivação por trás de toda re- 
belião e produz a imediata perda do temor a Deus e a frieza com 
qualquer assunto espiritual. Quando Israel veio de uma aparente
5 7 L U T Z E R , Erwin W . A Serpente do Paraíso. A Incrível H istó ria de com o a Rebelião 
de Satanás Serviu aos P ropósitos de D eus (Página 2 6 ). São Paulo: V ida, 1998.
142
grande conquista contra os seus inimigos, o profeta Samuel tarn- 
bém saiu ao encontro do “vitorioso” rei Saul e seu exército:
De madrugada Samuel foi ao encontro de Saul, mas lhe 
disseram: "Saul foi para 0 Carmelo, onde ergueu um mo- 
numento em sua própria honra e depois foi para Gilgal". 
Quando Samuel 0 encontrou, Saul disse: "0 Senhor 0 aben- 
çoe! Segui as instruções do Senhor". Samuel, porém, per- 
guntou: "Então que balido de ovelhas é esse que ouço com 
meus próprios ouvidos? Que mugido de bois é esse que es- 
tou ouvindo?" Respondeu Saul: "Os soldados os trouxeram 
dos amalequitas; eles pouparam 0 melhor das ovelhas e 
dos bois para 0 sacrificarem ao Senhor seu Deus, mas des- 
truímos totalmente 0 restante".
1 Samuel 15:12-15
Quando perguntou por qual razão o rei deixou de fazer tudo 
o que Deus mandara a respeito de aniquilar o inimigo, Saul cul- 
pou os soldados e o povo pela sua própria rebelião. Assim como 
Saul, muitos que se dizem filhos de Deus resistem a destruir o 
pecado dentro de suas vidas. Separam-se, em parte, de algumas 
iniquidades, mas, deixam “sobreviver” pecados secretos e, por 
vezes, considerados inocentes apresentando as mais esfarrapadas 
desculpas.
O fingimento leva o pecador a culpar a situação econômica, a 
fraqueza emocional, a criação que recebeu de seus pais, a própria 
condição familiar, os seus cônjuges, os seus pastores desprepara- 
dos, a frieza da igreja e, muitas vezes, até a Deus declarando: “foi 
Ele quem me fez assim”.
Esse cinismo é o fundamento de todo ato de rebelião. É atra- 
vés dele que Satanás luta para sobreviver na história e conta sem- 
pre com uma forcinha do próprio crente. O inimigo trabalha para 
m anter o pecado na vida do homem com o seu próprio consen- 
timento. Essa desobediência obstinada é chamada de feitiçaria.
6. Protegido Sob as Asas
143
Blindagem Contra As Trevas
A feitiçaria é um pacto que pede o favor das trevas. Em últi- 
ma análise, é também uma saída voluntária de dentro do ninho 
do Senhor com um pedido formal para que Deus se afaste, ao 
mesmo tempo que é um convite aos espíritos imundos para que 
se aproximem. Ao se rebelar, o homem sai de baixo das asas de 
Deus e se alia a demônios que cobram um preço exorbitante pelos 
seus serviços:
0 Espírito do Senhor se retirou de Saul, e um espírito 
maligno, vindo da parte do Senhor, 0 atormentava.
1 Samuel 16:14
O rei Saul trocou Deus pelo poder e barganhou a unçao do 
Espírito por uma estátua para ser glorificado pelo seu povo. Por 
isso, Deus não apenas o rejeitou como rei sobre Israel, mas tam- 
bém retirou dele o Seu Espírito e ele se tornou um homem perdi-do, sem perdão e atormentado por espíritos imundos.
Esse episódio deixa claro um princípio das Escrituras: toda 
rebelião é sustentada por um demônio que, em troca de um pre- 
tenso prazer fora das asas de Deus, cobrará um preço caríssimo 
pelos seus serviços.
Trechos bíblicos trazem à tona a percepção de quem é o gran- 
de arquiteto do mal e da rebelião: o próprio Satanás. Algumas 
passagens incluem descrições da rebelião de Lúcifer, como por 
exemplo: “eu subirei...”; “exaltarei o meu trono...”; “me assenta- 
rei...” em Isaías 14:13-14. Essas expressões descortinam o nível 
de opulência que ele a si mesmo atribuía, ignorando o trono e a 
autoridade de Deus.
Ele tentou manter-se como um falso rei e se autodescreveu 
como “cheio de sabedoria e formosura... perfeito... desde o dia em 
que foi criado...” (Ezequiel 28:12,15). E foi por isso mesmo que 
foi lançado fora da presença de Deus.
O sistema m undano jaz no Maligno e está sob a sua autorida- 
de, por isso, a desobediência tem sido instigada por esse domínio
144
6. Protegido Sob as Asas
povoado por espíritos invisíveis e caídos que esperam igualmente 
por uma rebelião de nossa parte.
Por essa razão, devemos “ficar firmes contra as ciladas do Dia- 
bo, pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e 
autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, con- 
tra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Efésios 6:11־ 
12), e que, em sua campanha cruel de frustrar os propósitos do 
Deus verdadeiro, esses espíritos maus são dirigidos por Satanás, o 
“deus deste século” (2 Coríntios 4:4).
Esse pecado abominável é baseado na sugestão mentirosa e 
maligna de que o homem pode manipular a realidade existente e 
seguir a sua própria vontade. Ao acreditar que pode achar e trilhar 
um caminho de felicidade longe do Senhor, passa a ter como des- 
tino as trevas, pois se desviou da luz de Deus.
Porque a rebelião é como 0 pecado de adivinhação, e a 
obstinação é como a iniquidade de idolatria. Porquanto 
rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou, a ti, 
para que não sejas rei.
1 Samuel 15:23
MEDO, EXÍLIO E PERDIÇÃO
Não se pode acreditar que a desobediência é inofensiva, pois 
ela quer levar o homem à mesma rebelião que foi realizada no céu 
pelo Diabo. Isso o afastou irremediavelmente de Deus e o levou 
à destruição e à vergonha eterna. Jesus explicou muito bem essa 
questão ao orar ao Pai e relacionar a obediência à uma espécie de 
proteção que guarda da perdição eterna:
Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu 
nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum 
deles se perdeu, senão 0 filho da perdição, para que a 
Escritura se cumprisse.
João 17:12
145
Blindagem Contra As Trevas
Judas Iscariotes se perdeu porque escolheu sair debaixo da 
obediência da autoridade. Adão foi lançado fora do jardim do 
Éden pela mesma razão (Gênesis 3:23). Jacó, filho e neto de ho- 
mens cheios de fé, teve que fugir para muito longe do abrigo da 
casa de seu pai, em Harã, e submeter-se à autoridade perversa de 
seu tio Labão que o roubou sistematicamente e quase destruiu sua 
vida amorosa entregando-o a um casamento desconfortavelmente 
bígamo (Gênesis 27:43).
Diversos exemplos recheiam as páginas da Bíblia. Moisés, 
que talvez seja a figura mais assombrosa de autoridade do Antigo 
Testamento, experimentou dias de desobediência e também fugiu 
e foi morar na terra de Midiã, onde permaneceu por anos longe 
dos propósitos de Deus (Êxodo 2:11-15).
Jesus conta a parábola do filho pródigo que se rebelou contra 
o pai, reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distan- 
te e acabou desejando jantar no chiqueiro com os porcos (Lucas 
15:16).
A SUBMISSÃO É MELHOR
H á uma mentira sendo lançada dos púlpitos cristãos de que o 
homem, uma vez tendo entregue a sua vida a Cristo, não sofrerá 
mais nenhum tipo de ataque, influência ou ação contrária das tre- 
vas. O texto que sustenta essa argumentação é do apóstolo João:
Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não 
peca; mas 0 que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, 
e 0 maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus e 
que 0 mundo todo está sob 0 poder do Maligno.
1 João 5:18-19
A Bíblia não fala sobre proteção incondicional. Isso é uma 
heresia. Na verdade, o que o texto declara é que aqueles que nas- 
ceram de Deus não vivem no pecado, por isso as asas de Deus o 
protegem e o Maligno não pode invadir e nem sequer tocar na 
146
6. Protegido Sob as Asas
vida do crente. Não viver em pecado é condição para a proteção 
de Deus contra o Maligno.
Se pelo contrário, o homem escolher o pecado e a desobediên- 
cia, o Maligno terá autorização do próprio homem para atingi-lo 
impiedosamente. Assim, por mais religioso, dedicado e aparente- 
mente espiritual que o homem seja, isso não lhe dá nenhuma li- 
cença para pecar. Ofertas generosas, trabalhos árduos, dedicações 
e toda forma de tentativa de agradar a Deus, não se comparam à 
obediência como forma de manter-se debaixo das asas de Deus: 
Acaso tem 0 Senhor tanto prazer em holocaustos e em 
sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obe- 
diência é melhor do que 0 sacrifício, e a submissão é me- 
Ihor do que a gordura de carneiros. Pois a rebeldia é como 
0 pecado da feitiçaria, e a arrogância como 0 mal da ido- 
latria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, ele 0 
rejeitou como rei.
1 Samuel 15:22-23
Somente a desobediência à autoridade do Senhor basta para 
a derrota do homem. Por quê? Porque desobedecendo a Deus, o 
homem sai debaixo da cobertura de proteção do Senhor e, sem 
proteção, sua vida é atingida por toda sorte de dores e sofrimen- 
tos.
Com todas as muralhas de proteção que Deus coloca em vol- 
ta de seus filhos, o inimigo só poderá vencer ou atingi-los se eles 
saírem debaixo da cobertura de Deus. Por isso, o inimigo buscará 
uma vitória recebida sem qualquer competição ou luta, bastando 
seduzir o homem para que abandone o ninho do Altíssimo em 
busca de uma vida independente de Deus para o sofrimento tocar 
nele.
147
Blindagem Contra As Trevas
ORAÇÃO
Senhor meu Deus, eu Sou seu filho, pois Jesus me salvou na cruz, 
porém quero confessar que existem áreas em minha vida que ainda es- 
tão em rebelião contra os Seus mandamentos. São circunstâncias em que 
tenho sido sistematicamente derrotado. Perdão por ter negado 0 perdão 
a quem me ofendeu, isto tem me adoecido. Perdão por ter sonegado os 
Seus dízimos e ofertas, isto tem me levado à ruína. Perdão por ter insisti- 
do em viver em frieza espiritual e longe do Senhor, isto tem me arrasado 
espiritualmente. Perdão por ter negligenciado a minha vida devocional de 
leitura bíblica de oração, isto tem me enfraquecido.
Sei que 0 Senhor tem enviado pessoas para me alertar, que tenho lido 
livros e tido conhecimento da verdade de Sua Palavra, mas ainda resisto à 
condição do pecado que ja z à minha porta e sobre 0 qual não tenho domí- 
nio. Por isso, meu Deus, quero convidá-Lo para entrarem minha vida e em 
meu coração e me libertar de toda cadeia que me prende na iniquidade. 
Salve-me e acolha-me em Seu ninho. Cubra-me com as Suas asas e livre- 
-me dos meus muitos inimigos. Em nome de Jesus, amém.
148
y
C apítulo
O ESCUDO DO 
SENHOR
O Senhor é a m inha rocha, a m inha 
fortaleza e o m eu libertador; o meu Deus 
é o m eu rochedo, em quem me refugio. 
Ele é o m eu escudo e o poder que me 
salva, a m inha torre alta.
Salmo 18:2
O Esc u d o d o Se n h o r
"...a sua verdade será 0 teu escudo e broquel."
Salmo 91:4b
/ ^ \ uando eu era mais jovem, assistia a uma série de TV
V _ /o n d e era comum ouvir a frase: “Spock, levante os escu- 
dos defletores”58. Nessa ficção, os escudos forneciam à nave estelar 
a proteção necessária contra os ataques das armas dos diversos 
inimigos e dos fenômenos espaciais que poderíam ser prejudiciais 
à tripulação. Os escudos absorviam ou dissipavam a energia e im- 
pediam que os tripulantes ficassem vulneráveis aos ataques.
Em inúmeros episódios,o Comandante Jim Kirk e a sua tri- 
pulação foram protegidos. De uma forma análoga ao emprego dos 
escudos da nave USS Enterprise, a Bíblia também está recheada de 
passagens em que Deus se mostrou como um escudo intransponí- 
vel para o Seu povo em batalhas e combates contra seus inimigos.
Nas Escrituras não há registros de ficção. Pelo contrário, exis- 
te uma guerra espiritual que os olhos humanos não veem, mas 
que ocorre, diariamente, no m undo invisível e atinge o homem, 
a sua família, os seus bens, a sua saúde e a sua salvação. O cristão 
sempre necessitará de ações de defesa que serão empregadas como 
contramedidas às estratégias de ataque do inimigo:
E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua se- 
mente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe 
ferirás 0 calcanhar.
Gênesis 3:15
Desde o Éden existe uma inimizade entre os filhos de Deus 
e a serpente. H á uma realidade de batalha espiritual descrita cia-
58 J O H N S O N , Shane. M undos d a Federação. Coleção Star Trek (Página 2 8 ). São Pau- 
lo: Editora A leph, 1994 .
151
Blindagem Contra As Trevas
ramente nas Escrituras Sagradas que define o nosso inimigo que 
quer ferir, como um leão bramando e que anda ao derredor, bus- 
cando devorar o filho de Deus (1 Pedro 5:8). Temos um adversá- 
rio muito bem preparado, invisível, mas real, que quer nos matar, 
pois é homicida desde o princípio (João 10:10).
UMA ARMADURA PARA A GUERRA
Tudo o que está registrado no Antigo Testamento, inclusive 
as guerras que envolveram o povo de Deus, foi escrito “para o 
nosso ensino” (Romanos 15:4) e “essas coisas ocorreram como 
exemplos para nós” (1 Coríntios 10:6). As lutas, os combates e os 
enfrentamentos contra as nações inimigas eram “sombras” do que 
havería de ser revelado.
Israel e Judá invadiram posições cercadas por fortalezas, ven- 
ceram gigantes, desbarataram exércitos de milhares de inimigos, 
resistiram a adversários poderosos, defenderam-se de cercos, re- 
chaçaram soldados aparelhados com carros de guerra e armamen- 
to sofisticado e conquistaram vitórias inacreditáveis no campo de 
batalha.
Em algumas ocasiões, especialmente quando o povo de Deus 
não tinha forças, nem armas, nem estratégias, nem amigos a quem 
pudesse apelar por socorro ou em situações quando não havia ne- 
nhum a maneira de se livrar da ameaça e de uma vergonhosa der- 
rota frente a um inimigo poderoso e disposto a vencer a qualquer 
custo, Deus foi um verdadeiro escudo para Seu povo.
Nessas ocasiões, os filhos de Israel apelavam para a proteção 
divina, e, invariavelmente, a situação se invertia, e o que poderia 
ser um ato de covardia do inimigo, acabava tornando-se uma vi- 
tória esmagadora de Israel e Judá:
Portanto, assim diz 0 Senhor acerca do rei da Assíria: 
"Ele não invadirá esta cidade nem disparará contra ela 
uma só flecha. Não a enfrentará com escudo nem construi-
152
7. O Escudo do Senhor
rá rampas de cerco contra ela. Pelo caminho por onde veio 
voltará; não invadirá esta cidade", declara 0 Senhor. "Eu a 
defenderei e a salvarei, por amor de mim mesmo e do meu 
servo Davi".
2 Reis 19:32-34
Deus declara repetidamente o seu cuidado e amor para com 
o Seu povo, utilizando-se, como já vimos, de metáforas como a 
de uma fortaleza inexpugnável (Salmo 62:7); de um alto refugio 
(Salmo 18:2); ou ainda de um pastor que protege as ovelhinhas 
no vale da sombra e da morte (Salmo 23). Essas figuras revelam o 
caráter imutável de Deus e proveem garantias ao homem que crê 
para que não tema o inimigo:
Pois eu, diz 0 Senhor, serei para ela um muro de fogo 
em redor, e para glória estarei no meio dela (...) Porque 
assim diz 0 Senhor dos Exércitos: Depois da glória ele me 
enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que 
tocar em vós toca na menina do seu olho.
Zacarias 2:8
O ESCUDO DO CÉU
Além disso, usem 0 escudo da fé, com 0 qual vocês po- 
derão apagar todas as setas inflamadas do Maligno.
Efésios 6:16
Depois da espada, o escudo é o símbolo que mais representa 
o armamento clássico e continua, ainda hoje, sendo um a peça 
militar fundamental. Entretanto, foi na antiguidade que as ar- 
maduras tiveram seu ponto máximo e eram usadas desde os mais 
humildes camponeses até os mais nobres e ricos guerreiros.
O escudo sempre foi muito valorizado e algumas citações de 
textos remotos descrevem essa realidade. Tácito59 escreveu que
59 T Á C IT O , C ornélio . G erm ân ia (Página 12). São Paulo: E dições e Publicações Brasil 
Editora S.A , 2 0 0 2 .
153
Blindagem Contra As Trevas
“é suprema torpeza abandonar o escudo” e uma mãe da Grécia 
antiga repreendeu seu filho dizendo: “Espartano, volte com seu 
escudo, ou sobre ele”60.
A referência da carta do apóstolo Paulo aos Efésios era a um 
escudo romano, feito de madeira e coberto por um couro curtido 
que protegia inteiramente o corpo do combatente. Quando os 
soldados lutavam lado a lado, juntavam seus escudos e formavam 
uma espécie de parede contra o adversário61. Esse dispositivo de 
defesa era muito eficaz contra uma das mais terríveis munições: os 
dardos de fogo. Esse armamento, além de ferir, era utilizado para 
incendiar e atingir um alvo mais amplo.
Aplicando a ideia aos nossos dias, percebemos que os dar- 
dos embebidos em substância combustível e acesos com fogo do 
inferno, atingem diretamente o coração e a mente hum ana com 
mentiras, lógicas perversas, raciocínios blasfemos, pensamentos 
de vingança, medos, dúvidas e compreensÕes enganosas sobre o 
pecado. E, se não forem imediatamente apagados, podem produ- 
zir incêndios que logo causarão a desobediência e levarão à sepa- 
ração de Deus.
Quanto maior o tamanho do escudo, maior será também a 
capacidade de o cristão frustrar os planos diabólicos e proteger-se 
do fogo inimigo. Para obter um escudo maior deve haver uma 
fé maior e ela só poderá ser produzida pela confiança em Deus 
que vem pelas Escrituras. Crentes que não conhecem as Escritu- 
ras também não conhecem o poder de Deus para protegê-los das 
setas inflamadas do mal (Marcos 12:24):
Consequentemente, a fé vem por ouvir a mensagem, e a 
mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo.
Romanos 10:17
6 0 R U T H , Peggy Joyce. Salmo 9 1 —0 Escudo de Proteção de D eus (Página 2 8 ). São 
Paulo: Graça Editorial, 2 0 0 8 .
61 L O PE S, H ernandes D ias. Efésios - Igreja, a N oiva G loriosa de C risto (Página 184). 
São Paulo: H agnos, 2 0 0 9 .
154
7. O Escudo do Senhor
Em outras palavras, a fé vem por ouvir e dar crédito à Bíblia 
como a Palavra de Deus. Podemos confiar na fidelidade anuncia- 
da nas promessas pois são a garantia que Seu escudo estará firme e 
disponível para sempre. Só assim o crente de fato estará protegido 
desse tipo de ataque que fatalmente receberá das milícias satâni- 
cas.
VERDADE SERÁ TEU ESCUDO
A palavra “verdade” tem uma vasta aplicação nas Escrituras 
Sagradas. Diversas passagens sobre esse tema apresentam o vocá- 
bulo como a doutrina da verdade, o conhecimento da verdade ou 
a fé verdadeira. Jesus Cristo se autodenominou “a Verdade” (João 
14:6) e outorgou aos homens o Evangelho da Verdade. No he- 
braico esse termo aparece 92 vezes no Antigo Testamento e é des- 
crito como Emeth62.
Em quase toda a antiga aliança, essa palavra e suas deriva- 
das cognatas são traduzidas como verdade, mas também indicam 
outras interpretações como: constância inabalável, firmeza, esta- 
bilidade, fidelidade, ou de alguma base fidedigna de apoio que 
aponta para uma qualidade atribuída especialmente a Deus:
Israel, confia no Senhor; ele é 0 seu auxílio e 0 seu es- 
cudo.
Salmo 115:9
Deus é fiel e está firmado na verdade, pois Ele é a verdade 
(João 14:16). Por isso, o termo “escudo” tem o seu significado li- 
gado, frequentemente, às diversas afirmações relativas às condutas 
morais ou promessas vindas de Deus.
Agora, pois, Senhor DEUS, tu és 0 mesmo Deus, e as tuas 
palavras são verdade, e tens falado a teu servo este bem.
2 Samuel 7:28
6 2 BEALE, G . K.; C A R S O N , D . A . C om entário do Usodo A ntigo Testam ento no 
Novo Testam ento (Página 1029). São Paulo: V ida N ova, 2 0 1 4 .
155
Blindagem Contra As Trevas
No grego63 a palavra Alétheia é usada por 110 vezes e também 
pode ser traduzida como “verdade”. Porém, apesar de as páginas 
do Novo Testamento, similarmente ao Antigo Testamento, apre- 
sentarem a ênfase desse termo como noção de fidelidade, etimo- 
logicamente também pode sugerir que alguma coisa tenha sido 
descoberta ou revelada, segundo a sua verdadeira natureza, dando 
a ideia daquilo que é real e genuíno, em contraposição com o que 
é imaginário ou fantasioso.
Diversos exemplos dessa expressão permeiam a Bíblia. O Es- 
pírito Santo é o Espírito da verdade (João 14:17); e nos guia a 
toda verdade (João 16:13). Jesus, por sua vez, nos ensina sobre a 
verdade, pois ele é a verdade (João 14:6); estava repleto da verda- 
de (João 1:14); e falou a verdade (João 8:45).
Jesus é a própria Palavra — o Verbo — que se fez carne e habi- 
tou entre nós (João 1:14). Por essa razão, em sua oração interces- 
sória, clama para que seus discípulos conheçam a verdade: 
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
João 17:17
A Palavra de Deus é a verdade e os seus juízos também são 
segundo a verdade (Salmo 96:13); a igreja de Jesus é a coluna e 
o baluarte da verdade (1 Timóteo 3: 15); e os santos que a com- 
póem devem servir a Deus na verdade (1 Samuel 12:24); andar 
diante de Deus na verdade (1 Reis 2:4); regozijar-se na verdade 
(1 Coríntios 13:6) e, falar a verdade uns com os outros (Efésios 
4:25).
Militarmente, a verdade faz parte da armadura cristã e fun- 
ciona como um escudo contra o m undo espiritual maligno (Efé- 
sios 6:14). Um homem cheio da Palavra de Deus está protegido. 
Esse é o apelo em diversas outras passagens das Escrituras, pois se
6 3 V IN E , W. E. U N G E R , M erril F. JR, W illian W h ite . D icionário V ine — O Significado 
Exegético e Expositivo das Palavras do A ntigo e do Novo Testam ento - I a Edição 
(Página 1054). R io de Janeiro: Editora C P A D , 2 0 0 2 .
156
7. O Escudo do Senhor
há um inimigo querendo nos ferir, devemos nos defender. Se ele 
pode nos atacar, então certamente precisaremos de um escudo.
MENTIRA, A ARMA DE ATAQUE DAS 
TREVAS
Ao contrário da verdade, a mentira é uma das mais poderosas 
armas de Satanás e é por isso que ele é chamado de “mentiroso 
e pai da mentira”. Esse ser perverso é despido de verdade (João 
8:44) e os ímpios que o seguem também estão destituídos da ver- 
dade (1 Timóteo 6:5), se afastam da verdade (2 Timóteo 4:4) e 
resistem à verdade (2 Timóteo 3:8).
Quando tratamos do tema “Batalha Espiritual”, m uita gente 
me pergunta se há algum tipo de confronto entre Deus e Satanás, 
como se os dois estivessem dentro de uma arena de combate, em 
uma disputa pela alma da humanidade.
Não existe nenhuma ideia mais fantasiosa ou equivocada. 
Deus é criador e o Diabo apenas uma criatura. Não existe nenhu- 
ma chance para o Maligno, pois “o Senhor o desfará pelo assopro 
da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (2 Tessalo- 
nicenses 2:8):
Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e 
sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam 
soberanias, quer principados, quer potestades.
Colossenses 1:16a
Realmente, há uma luta, mas o único combate espiritual que 
existe é entre a verdade e a mentira. A Palavra de Deus é a Verdade 
e o Diabo odeia a verdade porque é mentiroso desde o princípio 
(João 8:44). A Palavra de Deus é uma potentíssima arma para 
vencer o Maligno, por isso, o inimigo vai tentar destruir essa fon- 
te de defesa e de proteção para o filho de Deus.
157
Blindagem Contra As Trevas
ESCUDO CONTRA AS FLECHAS 
INCANDESCENTES
A fé é uma poderosa arma de defesa e o elemento base na 
fabricação do escudo espiritual. Contra a fé são lançadas as arti- 
lharias do inimigo. A fé é a prova das coisas que não vemos e sem 
ela é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:1; 6). Por isso, as tre- 
vas vão investir em toda sorte de mentiras para que o filho da luz 
desconfie das promessas de Deus e ignore o poder defensor da fé: 
Em que você baseia sua confiança? Você pensa que 
meras palavras já são estratégia e poderio militar. Em quem 
você está confiando para se rebelar contra mim?
2 Reis 18:20
DESPIDO NA GUERRA
À exceção da espada, todos os elementos que compõem a 
armadura determinada pelo apóstolo Paulo são preparados para 
a defesa do cristão. A couraça protetora, o capacete, as botas, o 
cinturão e o escudo, fazem parte da proteção primária de todo 
cristão contra os ataques ferozes do inimigo.
Sabemos muito bem o valor de um escudo em um ambiente 
de combate. Na formação de jovens graduados e praças, ensinei, 
durante anos, que, da maneira como se cuida do equipamento vai 
depender todo o sucesso de um soldado em uma batalha.
Sem cobertura de proteção, o homem mais preparado fisica- 
mente perde todo seu valor em combate. Por isso, o inimigo vai 
tentar impossibilitar todo o acesso ao escudo de Deus, produzin- 
do vulnerabilidades e despindo o crente de sua armadura, para 
que as setas flamejantes do inimigo o atinjam diretamente.
158
7. O Escudo do Senhor
DEFESA CONTRA O INIMIGO ESPIRITUAL
A primeira ação consistente de defesa, antes de entrar em 
um combate espiritual, é tomar “sobretudo o escudo da fé, com 
o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” 
(Efésios 6:16).
A fé é a matéria-prima da fabricação de um escudo suficien- 
temente forte para barrar o ataque das flechas inimigas. A forja 
de um grande escudo é diretamente ligada à qualidade da fé e 
somente será possível encher o coração dela com a Bíblia, pois 
“a fé vem pelo ouvir e dar ouvidos à Palavra de Deus” (Romanos 
10:17).
A forma como Satanás tenta desarmonizar as Escrituras com 
lógicas falsas é a estratégia que retira a confiança do cuidado e 
do suprimento do Senhor; e que afasta o homem das promessas 
do Pai, aniquilando toda a defesa para poder promover seu cruel
ataque:
Porque também a nós foram pregadas as boas novas, 
como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes apro- 
veitou, porquanto não estava misturada com a fé naque- 
les que a ouviram.
Hebreus 4:2
H á muito tempo o inimigo tem repetido suas ciladas, levan- 
do o homem a desconfiar da fidelidade Deus a ponto de conside- 
rar que o Senhor não fará o que prometeu. Essa mentalidade en- 
ganosa é que abrirá as brechas dos escudos e permitirá os ataques 
aos filhos do Reino.
No hebraico, a palavra tsinnah6A, significa escudo grande e 
longo, apropriado para o uso por parte de uma pessoa de grande 
estatura. Esse escudo visava proteger o corpo inteiro do soldado, 64
64 C H A M P L IN , Russel N orm an. O A ntigo Testam ento In terpretado: Versículo po r 
Versículo, V olum e 4 (Página 2068). São Paulo: Editora H agnos, 2001.
159
Blindagem Contra As Trevas
pelo que é devidamente referido como símbolo da completa pro- 
teçao oferecida aos homens bons.
Lutero, uma das figuras centrais da Reforma Protestante, fez 
uso desse simbolismo durante o período em que enfrentava perse- 
guições em Augsburgo e recebia a proteção do eleitor da Saxônia. 
Mas em uma ocasião ao ser indagado sobre quem o protegeria se 
ele o abandonasse, replicou: “O escudo do céu”.
DEUS É NOSSO BALUARTE
A sua fidelidade é escudo e baluarte.
Salmo 91:4b
Em uma das traduções possíveis da língua portuguesa, a pa- 
lavra broquel é substituída por “baluarte”65. Baluarte é uma cons- 
trução, notadamente, da arquitetura militar. E uma obra pura- 
mente defensiva que se situa nas esquinas de uma fortificação, 
como uma torre posicionada ao longo das muralhas de uma ci- 
dade.
Dentro de um baluarte, arqueiros lançam flechas, soldados 
derramam óleo quente e atiradores arremessam grandes pedras 
contra os inimigos. Ao raciocinarmos nesse sentido, podemos 
constatar que a verdade de Deus, além de ser um escudo, opera 
como uma torre de onde percebemos a aproximação do inimigo, 
o qual não conseguirá entrar por nenhumponto cego.
Deus é fiel e se apresenta como símbolo de fortificação e 
defesa, a exemplo de uma torre de proteção para seus filhos. Ele 
é a nossa torre, o nosso muro para nos resguardar de maneira 
coletiva, e nosso escudo, uma peça de proteção individual. Desse 
modo, o versículo indica dupla segurança.
65 W IE R SB E , Warren W C om entário Bíblico Expositive, A ntigo Testam ento - V olu- 
m e III — Poéticos (Página 2 4 4 ). Santo A ndré, SP: Geográfica Editora, 2 0 0 6 .
160
7. O Escudo do Senhor
O BROQUEL
Um escudo sempre assumiu o formato como conhecemos 
hoje em dia, por vezes triangular ou cobrindo todo o corpo do 
combatente, recebia a pintura de um brasão que exibia a identi- 
dade do guerreiro ou do exército a que pertencia.
Mas, apesar desse modelo ser o mais popular, havia outros 
formatos, como o escudo circular, conhecido como pavés ou bro- 
quel. Estes eram muito utilizados por arqueiros e flecheiros, pois 
facilitavam o deslocamento.
Existiam praticamente dois principais tipos de escudo: o 
grande, usado nos duelos e o broquel, um pequeno escudo, pouco 
conhecido por nós hoje em dia, mas muito popular nos tempos 
antigos.
John Clements escreveu um artigo denominado The Sword 
and Buckler Tradition66 — A Tradição da Espada e do Broquel — em 
que relaciona várias fontes que falam sobre os broquéis e como 
foram empregados. Seu propósito foi demonstrar o quão versátil 
era essa arma de proteção no combate corpo a corpo.
Suas funções principais eram: proteger e esconder a mão que 
empunhava a espada, impedindo o oponente de perceber o pró- 
ximo ataque; desviar os ataques do oponente; atuar como uma es- 
pécie de punho de metal para atingir o rosto, o braço ou o tronco 
do adversário; ou para travar ou agarrar os braços do oponente.
O salmista apresentou até aqui um conjunto de imagens as- 
sociadas à guerra. Deus será o protetor e escudo das ameaças que 
virão. E sob Sua guarda, não precisaremos temer nenhum dos 
avanços das armas que nossos inimigos empunham de dia ou de 
noite. Isso quer dizer que se aplicam a qualquer enfrentamento
6 6 h ttp://w w w .thearm a.0rg/essays/SwordandBuckler.htrn#.VskcnZwrLcc
161
http://www.thearma.0rg/essays/SwordandBuckler.htrn%23.VskcnZwrLcc
Blindagem Contra As Trevas
contra adversários humanos ou espirituais dos poderes das tre- 
vas67.
Ao apresentar a verdade — ou fidelidade — como um escudo e 
broquel, Deus quer que seja entendido que a “Sua fidelidade é sua 
certeza de segurança”68 que detém qualquer dardo inflamado do 
Maligno. O u seja, Deus é capaz de defender aqueles que são seus 
filhos como um guerreiro em armadura:
Mas 0 Senhor está comigo, como um forte guerreiro!
Jeremias 20:11
A imagem é militar e apresenta-se em termos hiperbólicos. 
Quem é capaz de tentar aproximar-se de alguém protegido por 
tão grande poder? Na verdade, “pavês e escudo” representam, res- 
pectivamente, a proteção que era grande e estática, e a que era 
pequena e móvel. Para toda e qualquer circunstância da vida ou 
de combate, a fidelidade de Deus é infalível, e o Senhor sempre 
cumpre o que promete. Portanto, a Palavra de Deus serve tanto 
de pavês, quanto de escudo ao cristão.
SEGURO NO FRAGOR DA BATALHA
Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que pos- 
sam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois 
de terem feito tudo (...) Além disso, usem 0 escudo da fé, 
com 0 qual vocês poderão apagar todas as setas inflama- 
das do Maligno.
Efésios 6:13-16
Em grego o termo “escudo” deriva da palavra thura, que signi- 
fica “porta”, pois se assemelhava, quanto à sua forma, a uma porta
6 7 A D E Y E M O , T okunboh. C om entário Bíblico A fricano (Página 7 1 9 ). São Paulo: Edi- 
tora M u n d o Cristão, 2 0 1 0 .
68 C H A P M A N , M ilo L.; P U R K ISE R W. T ; W O LF, Earl C . ; H A R PE R , A. F. Com entá- 
rio Bíblico Beacon, V olum e 3 — Jó a Cantares de Salom ão (Páginas 2 5 5 e 2 5 6 ). R io de 
Janeiro: Editora C P A D , 2 0 0 5 .
162
7. O Escudo do Senhor
de tamanho comum. Nos dias de Paulo, esses eram os escudos 
mais usados e destinavam-se a soldados pesadamente armados: 
Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar 
firmes contra as ciladas do Diabo, pois a nossa luta não é 
contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, con- 
tra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças 
espirituais do mal nas regiões celestiais.
Efésios 6:11,12
O propósito é ilustrar o equipamento espiritual necessário 
para agir em um conflito contra o mal. O sentido da palavra é 
“combate” e devemos entender um quadro real de conflito pessoal 
ou uma luta de corpo a corpo em que todo cristão está envolvido.
As palavras do apóstolo Paulo, que combateu o bom combate 
(2 Timóteo 4:7), apelam para uma batalha real em que, infeliz- 
mente, muitos crentes têm sido derrotados pelo simples fato de 
não a levarem muito a sério, mostrando-se por demais indiscipli- 
nados como soldados de Cristo.
OS DARDOS INFLAMADOS DO DIABO
A necessidade do escudo não diz respeito a defender-se de 
outros soldados de um exército inimigo. Nossa luta não é contra 
“carne e sangue”. O verdadeiro alvo da batalha é o Maligno, e suas 
tropas são designadas como principados, potestades, príncipes do 
m undo das trevas e hostes espirituais da iniquidade nas regiões 
celestes.
Por causa do alto poder de fogo do Maligno, o apóstolo reve- 
lou cada um dos poderes das trevas para que possamos perceber a 
intensidade da guerra e a necessidade de estarmos equipados com 
o próprio poder de Deus. Esses agentes espirituais que habitam 
nos lugares celestiais são especialistas na construção de armas e de 
ciladas para atacar o homem.
163
Blindagem Contra As Trevas
As ciladas do Diabo são as astúcias perversas, os planos ma- 
quiavélicos, os esquemas traiçoeiros e, em linguagem militar, os 
estratagemas. Tais palavras indicam os maus desígnios de Satanás, 
o comandante das forças malignas. Ele é o mestre do disfarce, que 
capitaneia as forças do mal contra o bem. Por isso, fica bem óbvio 
que toda a armadura espiritual é necessária para o crente, com 
toda a oração e súplica, para que qualquer avanço seja derrotado.
O homem deve tomar ou “estender a mão” para segurar o es- 
cudo posto à sua disposição e empunhá-lo com firmeza. A ordem 
é que nos apropriemos do poder espiritual a nós oferecido.
TOMANDO O ESCUDO DA FÉ
Essa parte da armadura não pode ser esquecida, pois o adver- 
sário de nossas almas sabe como tomar partido de nossas fraque- 
zas; nem mesmo os mais hábeis recursos humanos, as resoluções 
morais, o sistema religioso e o filosófico em que estamos inseri- 
dos, não nos servirão de ajuda em nada. Somente o escudo do 
Senhor pode garantir a vitória nesse combate mortal.
Os dardos inflamados fazem referência às flechas munidas de 
uma mecha em chamas. Esse é um método de combate que se 
prolonga até os tempos modernos. Ao utilizá-lo, o inimigo ataca 
repentinamente e com todo o vigor, fazendo com que as chamas 
obriguem o soldado a desfazer-se de seu escudo, deixando-o sem 
defesa e vulnerável a outro ataque. Tais como flechas em chamas, 
um pecado atrai outro pecado que também ataca o combatente 
de Cristo espalhando-se por toda a sua vida.
APAGANDO OS DARDOS COM A FÉ
O escudo grande, usado pelos infantes romanos, apesar de ser 
fabricado de madeira, era recoberto de couro ou com uma lona
164
7. O Escudo do Senhor
grossa, que não queimava facilmente, o que significava que quais- 
quer dardos inflamados não surtiam nenhum efeito incendiário.
Entendendo a analogia bíblica, a fé é o revestimento necessá- 
rio e capaz de desbaratar os assaltos inflamados das trevas. Como 
um pesado escudo preparado para o confronto espiritual, tem um 
valor singular para resistir aos ataques e ciladas do mal:
Deus é 0 que me cinge de força e aperfeiçoa 0 meu ca- 
minho. Faz os meus pés como os das cervas, e põe-me nas 
minhas alturas. Ensina as minhas mãos para a guerra, de 
sorte que os meus braços quebraram um arco de cobre.Tam- 
bém me deste 0 escudo da tua salvação; a tua mão direita 
me susteve, e a tua mansidão me engrandeceu.
Salmo 18:32-35
A aplicação da proteção de Deus como um escudo e broquel 
deve ser entendida como a fidelidade de Deus que jamais abando- 
nará Seu povo no tempo de suas necessidades. Deus é comparado 
com um escudo que ficará entre nós e todos nossos inimigos com 
o fim de nos proteger de seus ataques69. Não importa a intensida- 
de da batalha, não importa a lista das ameaças, o crente sobrevi- 
verá sem um arranhão70.
ORAÇÃO
Querido Pai Celestial, creio que 0 Senhor quer me treinar para resistir 
ao Maligno e todas as suas hostes do mal. Portanto, em nome de Jesus 
Cristo, eu recebo 0 escudo da fé, com 0 qual apagarei as setas inflamadas 
do inferno.
Eu decido rejeitar a mentira das trevas de que sou apenas uma frágil 
vítima e me posiciono como um (a) guerreiro (a) do Senhor. Escolho me 
encher da Palavra de Deus e aumentar cada vez mais 0 meu escudo da fé
69 C A L V IN O , João. O Livro dos Salmos, Volume 3 - Salm os 6 9 - 106 (Página 4 5 8 ). São 
Paulo: Edições Parakletos, 2 0 0 2 .
7 0 B R U C E , E E C om entário Bíblico NVI: A ntigo e Novo Testam ento (Página 8 54). 
São Paulo: Editora V ida, 2 0 0 8 .
165
Blindagem Contra As Trevas
e garantir que nenhuma arma forjada pelo mal prospere contra a minha 
vida, minha família e meu ministério.
Agradeço ao Senhor por guardar-me quando os meus inimigos disfar- 
çados se aproximam de mim para me fazerem mal e por me livrar de todos 
os seus ataques. Em nome de Jesus, amém.
166
Ik
Por isso não tema, pois estou com ־י—״ ■ 
nao tenha medo, pois sou o seu De 
o fortalecerei e o ajudarei; Eu o segurar! 
com a m inha mão direita vitoriosa.
. :
Isaías 41:10
D o Q ue Terei m e d o ?
"Você não temerá 0 pavor da noite, nem a flecha que 
voa de dia, nem a peste que se move sorrateira nas trevas, 
nem a praga que devasta ao meio-dia."
Salmo 91:5,6
medo, assim como a mentira, é parte do arsenal de ata- 
ques satânicos. Por ser exatamente o oposto da fé, tra- 
balha como uma ferramenta que aprisiona o ser humano a um 
m undo de impossibilidades. No instante em que é abrigado no 
coração, passa a disparar uma série de pensamentos que levam à 
dúvida, à incredulidade, à desobediência, ao pecado e, finalmen- 
te, à ruína.
O medo opera como um circuito fechado de raciocínios que 
impede o homem de crer nas promessas do Senhor, enclausuran- 
do-o em um sentimento de incapacidade:
Não poderemos subir contra aquele povo, porque é 
mais forte do que nós (...) todo 0 povo que vimos nela são 
homens de grande estatura (...) éramos aos nossos olhos 
como gafanhotos; e assim também éramos aos seus olhos.
Números 13:31-33
O livro de Números conta a triste experiência de doze per- 
sonagens denominados “espias”. Eram homens maduros, escolhí- 
dos entre os mais capazes dentre as doze tribos de Israel e envia- 
dos para investigar a terra de Canaa. Mesmo com tal preparo, ao 
observarem a terra, só conseguiram perceber as dificuldades, as 
enormes fortalezas e os gigantes.
O fato é que o medo os havia ferido profundamente e a partir 
daí uma lógica cheia de engano operou como um reflexo em suas
169
Blindagem Contra As Trevas
mentes e atingiu quase a totalidade do povo de Deus, inviabili- 
zando a conquista da terra prometida.
Ao compararem o poder e o tamanho dos gigantes com as 
suas próprias forças, simplesmente passaram a ignorar o fato de o 
Deus Todo-Poderoso estar presente no seu meio e lutando a favor 
deles. Dessa forma, começaram a se enxergar menores do que re- 
almente eram, ou seja, como gafanhotos.
Um dos maiores efeitos colaterais do medo é a “amnésia”. 
Ao contaminar o cristão, produz um imediato esquecimento a res- 
peito das promessas inquebráveis de proteção do Senhor. O medo 
atua sutilmente no coração ao iniciar um processo de dúvidas 
para que a mente comece a desconfiar de Deus. Ao suspeitar que 
o Senhor não fará o que prometeu, o medo desconsidera a Palavra 
imutável e passa a crer nas mentiras do inferno.
Esteja, hoje, certo de que 0 Senhor, 0 seu Deus, ele 
mesmo, vai adiante de você como fogo consumidor. Ele os 
exterminará e os subjugará diante de você. E você os ex- 
pulsará e os destruirá, como 0 Senhor lhe prometeu.
Deuteronômio 9:3
O medo é um sentimento tão poderoso que fez Israel recuar 
na fronteira da terra prometida e desistir de tomar para si o lugar 
que o Senhor já havia dado. Ele invalida as promessas de Deus, 
que são justamente as garantias de sucesso sobre qualquer adver- 
sário ou cenário contrário.
NO PRINCIPIO HOUVE O MEDO DE DEUS
Deus concebeu o universo e a vida sem que o medo fizesse 
parte da obra da sua criação. Somente após a rebelião do Éden, 
ocorrida em volta da árvore do conhecimento do bem e do mal, 
que esse mal atingiu a humanidade. Antes do pecado, o homem 
não o sentia e nem sabia o que era o medo, pois não fazia parte
170
8. Do Que Terei Medoi
de sua realidade. A primeira citação a seu respeito vem pela boca 
de Adão:
Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque 
estava nu; por isso me escondi.
Gênesis 3:10
Enquanto o homem vivia para a glória de seu Criador, essa 
sensação não havia sequer sido percebida. No momento da ruptu- 
ra do relacionamento que o pecado operou, a alma do ser humano 
foi infectada e o vírus do medo atingiu em cheio as suas emoções, 
estabelecndo uma cisão entre o homem e Deus. Passando a exis- 
tir, nem mesmo os animais seriam isentos dele, pois foi estendido 
para toda a criação:
Todos os animais da terra tremerão de medo diante 
de vocês: os animais selvagens, as aves do céu, as criaturas 
que se movem rente ao chão e os peixes do mar; eles estão 
entregues em suas mãos.
Gênesis 9:2
Assim, o “temor” do Senhor teve seu início no Antigo Testa- 
mento e veio da separação entre a criação e o Criador. Quando 
Adão e Eva pecaram, o sentimento de culpa os impregnou e o 
medo os levou a se esconderem de Deus. Isso tem afetado a hu- 
manidade até os dias de hoje.
O ciclo do medo que o pecado provoca funciona assim: pri- 
meiro, o homem desobedece à Palavra do Senhor, perdendo a sua 
comunhão com Ele; depois, é invadido pela solidão espiritual que 
é colocada no lugar da esperança da vida eterna; por fim, vem a 
trágica expectativa do medo da consequência do seu pecado.
O MEDO BOM
M uita gente cresce ouvindo que é vergonhoso sentir medo. 
Alguns se sentem embaraçados em expressar seus medos porque
171
Blindagem Contra As Trevas
consideram uma fraqueza, por isso evitam que descubram o que 
sentem. Porém, essa emoção adquirida no Éden, pode ser usada 
como um aliado.
O medo pode funcionar como um agente protetor ou como 
um sinalizador para precaução contra perigos iminentes. Como 
uma espécie de alerta, anuncia a aproximação de ameaças reais. 
É comum ter medo de lugares altos, de manusear produtos peri- 
gosos, dirigir em alta velocidade, avançar sinais fechados e outras 
situações que podem colocar em risco a própria sobrevivência.
Um pai deve ensinar seu filho advertindo-o sobre perigos. 
Uma criança sem limites está, fatalmente, condenada ao sofri- 
mento. Como Pai, Deus nos admoesta e disciplina através de 
mandamentos que nos protegem de tomarmos caminhos que po- 
dem trazer tristeza e dor: “o que retém a vara, aborrece a seu filho, 
mas o que o ama, cedo o disciplina” (Provérbios 13:24).
O MEDO RUIM
Porém, existe o medo ruim, aquele que aterroriza e é nor- 
malmente chamado de “fobia”. Esse é um medo exagerado e ir- 
real que causa uma espécie de ansiedade antecipatória num grau 
excessivo71. É um desequilíbrio que paralisa, de forma total ou 
parcial, e interfere em outras áreas da vida.
H á pessoas que temem viajar de avião, e isso está relacionado 
a diversas perspectivas, como o medo de um acidente, de ficar fe- 
chado na aeronave (claustrofobia), da altura ou da instabilidade. 
Pode existir um raciocínio de que se o avião cair, terá perdido a 
chance de ser feliz, ou porque não equacionoutodos os seus pro- 
blemas, ou ainda não fez tudo o que queria.
Pelo contrário, um piloto não deve ter medo de voar. Como 
oficial da Força Aérea, recordo-me de uma ocasião em que viajei
71 O M S , Organização M undial da Saúde. C ID -1 0 : Classificação de Transtornos M entais e 
de C om portam ento (Página 18). Porto Alegre: Editora Artes M édicas, 1995 .
172
8. Do Que Terei Medo?
com outros 180 oficiais, a maioria deles comandantes muito ex- 
perientes. E, em um dado instante, na hora da decolagem de nos- 
sa aeronave, o comandante deixou de realizar um determinado 
procedimento de segurança que foi notado por todos. Isso causou 
uma enorme tensão e trouxe medo entre todos nós.
Normalmente o medo tem a raiz na necessidade de controle 
da situação. No caso do avião, isso não é possível e se acontecer al- 
guma falha no aparelho ou um descuido da tripulação, ninguém 
conseguirá fazer nada. O medo, então, surge da impotência de 
poder reagir e sobreviver.
Inúmeras pessoas apresentam outras fobias como falar em pú- 
blico, ficar preso no elevador, de insetos como aranhas, ou outros 
animais como cobras, gatos, sapos, ratos e até mesmo de animais 
menos típicos, como inocentes passarinhos.
É compreensível, por exemplo, ter medo de cães, especial- 
mente de algumas raças violentas, mas é inexplicável alguns escân- 
dalos por causa de uma barata. Um inseto que é inúmeras vezes 
menor do que um ser humano não deveria apresentar nenhuma 
ameaça. Mas, neste caso, existe um medo inconsciente, que é de 
uma doença que o inseto possa transmitir e levar à morte.
Assim, a característica essencial de um medo acentuado e per- 
sistente é um falso julgamento. E Satanás é professor em fazer 
o homem olhar sempre pela perspectiva negativa, induzindo-o a 
um pensamento que superestime a probabilidade de as coisas não 
darem certo. Nesse tipo de raciocínio, pode-se diagnosticar algum 
fundamento espiritual maligno, quando a pessoa, geralmente, fica 
presa dentro de uma fortaleza mental das trevas.
MEDO É FÉ NO DIABO
A dúvida é o componente iniciador do medo. Foi através des- 
sa comum estratégia do Maligno que, no princípio da criação, a 
humanidade foi atingida. A dúvida contraria a fé e leva o homem
173
Blindagem Contra As Trevas
à rebelião contra o Criador ao gerar a desobediência, que provoca 
uma vida aprisionada longe de Deus.
Esse caminho, permeado pelo medo e pela dúvida, sempre 
exige o pagamento de um preço altíssimo. Por causa dele, Adão e 
sua esposa perderam o acesso ao Paraíso. E o povo de Israel, por 
sua vez, permaneceu quarenta anos em sofrimento no deserto.
A dúvida nada mais é do que a fé no Diabo. Em outras pa- 
lavras, ao suspeitar de que a Escritura Sagrada não é verdadeira, 
o homem passa a crer que Deus não é capaz de fazer o que Ele 
prometeu, assim, ele acaba acreditando na mentira de Satanás, ou 
seja, põe a sua fé no Maligno:
Eis que eu sou 0 Senhor, 0 Deus de toda a carne; acaso 
havería alguma coisa demasiado difícil para mim?
Jeremias 32:27
O grande segredo da vitória sobre o medo é a fé em Deus. 
Não há nenhum problema grande demais para Deus, não há ne- 
nhum fardo demasiadamente pesado que Ele não possa carregar, 
não existe nenhum inimigo ou batalha que Deus não possa ven- 
cer. Deus é grande o suficiente!
Eis que Deus é a minha salvação; nele confiarei, e não 
temerei, porque 0 SENHOR DEUS é a minha força e 0 meu
cântico, e se tornou a minha salvação.
Isaías 12:2
Quando Deus é colocado em primeiro lugar, a fé torna-se 
uma cura para matar a doença da incredulidade, convertendo-se 
em um poderoso antídoto que mantém o ser humano livre de ser 
infectado pela dúvida.
174
O MEDO ATIVADO POR UM ESPÍRITO 
IMUNDO
Muitas vezes, o que chamamos e consideramos medo não é 
medo, mas simplesmente a preocupação com os problemas desta 
vida. O medo não é causado apenas pelas circunstâncias, mas é 
também uma entidade espiritual que vem de um outro mundo e 
que planeja a destruição do homem72.
Normalmente, esse espírito tem permissão de atacar o ho- 
mem usando como porta de entrada uma ameaça de catástrofe ou 
uma conjuntura ruim. Normalmente aparece quando passamos a 
fazer comparações entre tamanhos ou poderes. Nesse momento, 
uma brecha é aberta para o ingresso de um poder maligno que 
age ao deformar a mente, roubar a alegria da salvação e destruir a 
esperança.
Certa vez, atendi uma jovem senhora que passava por sérios 
problemas em diversas áreas de sua vida. Finanças desestruturadas, 
casamento falido e um desejo incontrolável de vingança. Ao re- 
cebê-la em meu gabinete, ela confessou que tinha medo de mim 
e de Deus. Então pensei rapidamente comigo mesmo: - Tudo 
bem, ela não me conhece e toda essa história de Evangelho é tudo 
muito diferente para ela, mas como alguém podería ter medo de 
Deus? Ele é a pessoa mais amorosa do Universo!
O meu discernimento imediato foi que havia um espírito 
imundo causando medo em sua mente. Foi então que coloquei 
as minhas mãos sobre a sua cabeça e repreendí todo espírito de 
medo que havia contaminado aquela moça e imediatamente um 
espírito imundo se manifestou e seu corpo começou a se con- 
torcer enquanto a sua cabeça tentava escapar da imposição de 
minhas mãos.
7 2 M C A L IST E R , Robert. M E D O - Um exame das causas e efeitos deste grande pro- 
blem a espiritual e um a orientação sobre as soluções (Página 7). R io de Janeiro: C ru- 
zada de N ova V ida, 1973 .
8. Do Que Terei Medo?
175
Blindagem Contra As Trevas
Então, dei uma só ordem em nome de Jesus para que o de- 
mônio se calasse e saísse dela, e na mesma hora o espírito imundo 
que produzia o medo saiu e ela disse: — Não tenho mais medo, 
pastor, podemos continuar?
Então fiz com que repetisse uma oração recebendo Jesus Cris- 
to como seu salvador e hoje ela é uma mulher livre de todo o mal 
e uma serva abençoada do Senhor.
O Diabo usa o medo para retirar a coragem e, principalmen- 
te, a verdade. Quando tratamos de batalha espiritual há uma or- 
dem que deve ser atentada por cada um dos filhos de Deus e 
que aborda um princípio que é repetido por centenas de vezes na 
Bíblia: “não temas”. O u seja, se Deus está comigo, vou ter medo 
do quê?
Quando chegar a hora da batalha, 0 sacerdote virá à 
frente e dirá ao exército: "Ouça, ó Israel. Hoje vocês vão lu- 
tar contra os inimigos. Não se desanimem nem tenham 
medo; não fiquem apavorados nem aterrorizados por 
causa deles, pois 0 Senhor, 0 seu Deus, os acompanhará 
e lutará por vocês contra os inimigos, para lhes dar a 
vitória".
Deuteronômio 20:2-4
Uma questão financeira ou uma dívida insolúvel podem 
apresentar-se como um problema de proporções insuperáveis; 
uma enfermidade sem possibilidade de terapia pode ser um de- 
safio invencível para a medicina; um amante no meio da aliança 
entre os cônjuges ou um filho mergulhado nas drogas também 
podem caracterizar um quadro de desesperança inclemente aos 
nossos olhos.
O medo quer comparar um grande problema com a peque- 
nez física do filho de Deus. A fé confronta o impossível aos olhos 
do homem com a grandeza do Deus Todo-Poderoso. Haveria al- 
guma coisa impossível ao Senhor? (Lucas 1:37).
176
8. Do Que Terei Medo?
O apóstolo Paulo denuncia o medo como um espírito imun- 
do e revela que o fato de sermos filhos e permanecermos na pre- 
sença do Criador é a razão para que todo o medo bata em reti- 
rada, visto que “nao recebeste o espírito de escravidão, para 
outra vez estardes com medo, mas recebeste o espírito de adoção 
de filhos” (Romanos 8:15).
Jesus encarou o medo orando junto ao Pai, enquanto suou 
sangue no Jardim do Getsemani. Contra um inimigo espiritual, o 
Pai respondeu com uma ação espiritual e “apareceu-lhe então um 
anjo do céu que o fortalecia” (Lucas 22:43).
Por ser um elemento espiritual, o medo resiste a toda espécie 
de tratamento clínico ou médico. Não existe nenhum a terapia 
medicamentosa capaz de curá-lo. Nem a psicologia, nem a psi- 
quiatria, nenhuma área da medicina tem capacidade de eliminá--10. Existe apenas um remédio, e ele não vem das mãos dos ho- 
mens.
Confiar em Deus é a grande chave da vitória. É crendo nas 
promessas do Pai “em cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho 
a m inha confiança e nada temerei” (Salmo 56:4). Não se deve 
recuar diante desse inimigo espiritual “porque Deus não nos deu 
o espírito de medo, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” 
(2 Timóteo 1:7).
NÃO TEMAS!
Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agra- 
do do Pai dar-lhes 0 Reino.
Lucas 12:32
Abraão, Sara, Agar, Josué, Davi, Pedro, Tiago, João, entre ou- 
tros personagens bíblicos, estiveram frente a frente com ameaças 
e perigos, diante dos quais permaneceram com sua fé inabalável.
177
Blindagem Contra As Trevas
Eles não venceram o medo por causa de sua valentia ou cora- 
gem pessoal, mas, porque creram na verdade, o fio condutor que 
percorre toda a Bíblia e repete a mesma promessa que expulsa 
tudo o que nos amedronta: a presença de Deus. “Não tenham 
medo - Eu estou com vocês”.
Por isso, não tema, pois estou com você; não tenha 
medo, pois sou 0 seu Deus. Eu 0 fortalecerei e 0 ajudarei; Eu 
0 segurarei com a minha mão direita vitoriosa.
Isaías 41:10
Essa é a base fundamental para vencer o medo: confiar, antes 
de tudo, na promessa de que o nosso Pai cuida de nós e “ainda 
que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temería mal 
algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me con- 
solam” (Salmo 23:4).
A SALVO DE TODOS OS PERIGOS
Cada uma das frases e símbolos empregados nesses versos, de- 
ciaram que não importa a ameaça, o filho de Deus está a salvo de 
todos os perigos, conhecidos ou não. A lista pode ser desdobrada 
em assaltos de espíritos imundos, todas as formas de contágio fa- 
tais, ataques de malfeitores, doenças dolorosas, pragas mortíferas 
e outras espécies de males.
A variedade de figuras apresentadas mostra que Deus é ca- 
paz de livrar qualquer pessoa de perigos de todo tipo, vindos de 
qualquer fonte, apresentados de todas as formas possíveis. Mesmo 
diante dessa riqueza de exemplos, há uma expressão de confiança 
de que nada poderá atingi-lo e fazê-lo temer, pois o cristão é mais 
que vencedor em Cristo:
Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Romanos 8:31
178
A segurança é presente em todos os momentos. De noite e de 
dia; nas trevas e ao meio-dia; em todo o tempo e ocasião; a pro- 
teçao divina é igualmente exercida e o cuidado do Eterno é inin- 
terrupto. H á um a proteção perene em qualquer situação contra 
as ameaças do terror da noite, da seta que voa de dia, da peste que 
anda sorrateiramente na escuridão e da mortandade que assola ao 
meio-dia:
0 Senhor é 0 seu protetor; como sombra que 0 protege, 
ele está à sua direita. De dia 0 sol não 0 ferirá, nem a lua, 
de noite. 0 Senhor 0 protegerá de todo 0 mal, protegerá a 
sua vida. 0 Senhor protegerá a sua saída e a sua chegada, 
desde agora e para sempre.
Salmo 121:5-8
Aos olhos do salmista, os inimigos recebem muita atenção e 
são identificados em quatro figuras malignas. O espanto, o obje- 
to e a causa de medo que atua de noite; a seta, um artifício militar 
capaz de atingir mesmo quem está a longa distância; a peste, que 
se aproveita da escuridão para seus movimentos mortais; e a epi- 
demia, à espreita mesmo quando o sol está a pino.
Esses inimigos apresentam-se como quatro aliados confedera- 
dos que formam um esquadrão terrível, avançando contra o ho- 
mem com suas armas incontroláveis73. Mas, mesmo assim, o cren- 
te estará plenamente seguro debaixo das rajadas desses atacantes.
NÃO TE APAVORARÁS COM O TERROR 
NOTURNO
“Você não temerá o pavor da noite”
Ao fazer menção do medo da noite ou do terror noturno, há 
uma alusão de perigos aos quais todos são naturalmente expostos
7 3 S C H O K E L , Luis A lonso; C A R N IT I, C ecília. Saímos I I - G rande C om entário Bíbli- 
co dos Salmos (Página 1160). São Paulo; Editora Paulus, 1998 .
8. Do Que Terei Medo?
179
Blindagem Contra As Trevas
na escuridão, que pode ser muitas vezes mais assustadora do que 
o dia.
Em algumas traduções, a referência é a um momento de es- 
curidao que traz espanto até ao homem mais corajoso74. Furtos, 
injustiças, brutalidades, assassinatos, violências sexuais, são fatos 
comuns que ocorrem sob a proteção das sombras das trevas.
Homens impiedosos e cruéis operam sob a escuridão. 
Um exército invasor pode tirar vantagem de um adversário desa- 
tento que esteja dorm indo75. Mas se existem tantos perigos, qual 
é a razão da confiança do salmista?
0 seu protetor se manterá alerta, sim, 0 protetor de 
Israel não dormirá, ele está sempre alerta!
Salmo 121:3-4
Apesar de a escuridão da noite esconder os mais terríveis ma- 
les, a lealdade divina para com a aliança com os homens é o pe- 
nhor de toda segurança. A falta de luz aumenta os terrores e assu- 
me contornos exagerados, além de impedir de ver claramente os 
perigos que ameaçam e inspiram o pânico; entretanto, a presença 
do Senhor é reconfortante: não é necessário temer, pois “estarei 
convosco todos os dias, até o fim” (Mateus 28:20).
Nem adversários espirituais como o demônio da noite chama- 
do de Lilite76, ao qual o profeta Isaías faz menção (Isaías 34:14), 
nem os medos imaginários como o “terror das trevas”, anunciado 
por Salomão (Cantares 3:8), nem qualquer outra forma de inti- 
midação perigosa da escuridão poderá violar a blindagem prote- 
tora de Deus:
7 4 C H A P M A N , M ilo L ; P U R K ISE R W. T ; W O LF, Earl C ; H A R PE R , A. E C om enta- 
rio Bíblico Beacon, V olum e 3 — Jó a Cantares de Salom ão (Página 2 5 6 ). R io de Janeiro: 
Editora C P A D , 2 0 0 5 .
75 C A L V 1N O , João. O Livro dos Salmos, V olum e 3 - Salm os 6 9 - 1 0 6 (Página 4 5 7 ). São 
Paulo: E dições Parakletos, 2 0 0 2 .
7 6 B R U C E , F. F. C om entário Bíblico NVI: A ntigo e Novo Testam ento (Página 8 54). 
São Paulo: Editora V ida, 2 0 0 8 .
180
Então andarás confiante pelo teu caminho, e 0 teu pé 
não tropeçará. Quando te deitares, não temerás; ao con- 
trário, 0 teu sono será suave ao te deitares. Não temas 0 
pavor repentino, nem a investida dos perversos quando vier.
Provérbios 3:23-25
8. Do Que Terei Medo?
N Ã O TEMERÁS A SETA Q U E VOA D E DIA
“Você não temerá a seta que voa de dia”
Ao especificar os mais diferentes males, o salmista encoraja 
o povo do Senhor a continuar visualizando os livramentos que 
Deus proporciona e a suportar em fé, mesmo em meio às mais 
diversas e acumuladas calamidades.
A seta é a segunda das quatro ameaças personificadas no mun- 
do que o crente não compreende nem controla. A citação desse 
mal leva o leitor de volta à referência militar e que, apesar de ter 
nome e função definida, a seta não leva assinatura nem destinatá- 
rio, atingindo a todos indistintamente.
O texto sagrado repete em diferentes termos a mesma prote- 
ção anterior, pois não há gênero de calamidade que o escudo do 
Eterno não evite e repila:
No Senhor me refugio. Como então vocês podem 
dizer-me: "Fuja como um pássaro para os montes"? Vejam!
Os ímpios preparam os seus arcos; colocam as flechas con- 
tra as cordas para das sombras as atirarem nos retos de 
coração.
Salmo 11:1-2
A seta que voa de dia é invisível em seu trajeto. Sua ação não 
denuncia o sujeito, nem oferece o endereço de onde veio, nem a 
razão de quem a lançou, o que leva a interpretá-la como todos os 
tipos de males que atingem de longe sem que percebamos:
181
Blindagem Contra As Trevas
De repente, um soldado disparou seu arco ao acaso,
e atingiu 0 rei de Israel entre os encaixes da sua armadura.
1 Reis 22:34
A flecha de um soldado desconhecido que atirou despreten- 
siosamente a esmo, encaixou-se mortalmente entre as brechas de 
sua armadura e esse foi o fim de um rei perverso que achou que se 
manteria seguro sem a proteção do escudo do Altíssimo. Acabe se 
afastou de tal maneira do Senhor, seu escudo e sua fortaleza (Sal- 
mo 18:2), que permitiu que sua esposa e rainha, Jezabel, promo- 
vesse a idolatria emIsrael. Por isso, ficou para sempre conhecido 
por ter sido vítima desse mal.
NÃO RECEARÁS A PESTE QUE SE PROPAGA
NAS TREVAS
“Você não temerá a peste que se move 
sorrateira nas trevas”
A partir daqui o coração do homem de Deus começa a ser 
preparado para vencer a mais terrível das ameaças: a praga. Esse 
versículo faz uma alusão à isenção dos israelitas do ataque das 
pragas do Egito, onde esse mal não tocou a habitação do justo. 
Porém, trataremos especificamente desse sentido, apenas no capí- 
tulo 10.
Por enquanto, observaremos esse verso como uma forma co- 
m um de poesia hebraica conhecida como “paralelismo poético”. 
Ele ratifica os versos anteriores confirmando a ameaça dos perigos 
noturnos e diurnos. Contudo, há entre alguns teólogos algumas 
diferenças nas traduções e interpretações dessa passagem.
Perowne traduz como “a peste que devora”; Barnes trata como 
“a peste fatal, que espalha a morte em sua marcha”; e Hengsten-
182
8. Do Que Terei Medo?
berg indica como “a peste da impiedade”77. Apesar das distinções, 
todos entendem esses ataques como adversários que se ampliam 
e transformam-se em repentinas enfermidades que se propagam 
sorrateiramente tomando proporções epidêmicas e que atacam 
durante o tempo de escuridão buscando vítimas.
A praga se propaga nas trevas, pois esse é o lugar onde o Dia- 
bo e seus demônios estão. Muitos estudiosos e teólogos discorrem 
sobre o assunto, mas a verdade é que a escuridão é o local preferi- 
do de seus ataques:
Aos anjos [caídos ou demônios] que não guardaram 0 
seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reser- 
vou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele 
grande dia.
Judas 1:6
A praga anda na escuridão porque ali é a habitação do seu 
autor, Satanás. Ele vive nos pecados escondidos, nas feitiçarias 
que manipulam poderes espirituais do ocultismo, nas sombras 
dos desejos desonestos, na escuridão dos segredos perversos e na 
penumbra das derrotas morais dos filhos de Deus. E é nesse tipo 
de ambiente que a praga tem seu poder máximo:
A noite está terminando, e 0 dia vem chegando. Por isso, 
paremos de fazer 0 que pertence à escuridão e peguemos as 
armas para lutarmos na luz.
Romanos 13:12
Somente nas trevas, Satanás tem poder de acesso e de ataque. 
Enquanto o homem viver sob a luz da verdade, da confissão de 
seus pecados e no quebrantamento que o arrependimento verda- 
deiro produz, ele não poderá sequer tocá-lo.
7 7 JO N E S , W illiam . B U R N , J. W. BARLOW , George. H om ilética C om pleta do Prega- 
d o r - C om entário N o Livro D e Salmos — V olum e II - Salm os 8 8 -1 0 9 (Página 26 ). 
N ova Iorque: Funk & W agnalls C om pany, 1892 .
183
Blindagem Contra As Trevas
Isso porque, as trevas e, todo o mal que se move nela, não 
toleram a luz. Ela é insuportável para qualquer demônio, inclusi- 
ve para as suas pragas que andam na escuridão. E a verdade aqui 
é muito simples: quem anda em trevas não têm comunhão com 
Deus e possibilita a aproximação de pragas. Portanto, viva na luz 
e não tema!
NÃO TE APAVORARAS COM A 
MORTANDADE AO MEIO-DIA
“Você não temerá a mortandade que assola 
ao meio-dia”
A mais pavorosa e conhecida figura da morte é personificada 
como um homem assustador, trajando uma longa vestimenta pre- 
ta que segura uma foice e persegue, trazendo medo, a cada uma 
de suas vítimas.
Durante meus estudos na faculdade teológica, meu professor 
de hermenêutica, o pastor Ed René Kivitz, costumava dizer que 
“vencer o medo da morte é vencer todos os medos”. Sua afirma- 
ção era acompanhada do argumento de que todos os medos são 
animados por um só, o medo de morrer.
Gênesis (2:17) é o primeiro livro a ensinar que a morte é a 
punição contra o pecado. E para estabelecer esse princípio geral, 
liga-o à narrativa do Éden, quando Adão se rebela contra o man- 
damento protetor de Deus e recebe, como “salário”, a morte física 
e espiritual (Romanos 6:23).
Ao analisar esses dois tipos de morte, percebe-se que a pri- 
meira é biológica, pois o corpo físico, atingido pelo pecado origi- 
nal, tornou-se incapaz de resistir à ruína produzida pela passagem 
do tempo. A segunda morte é espiritual e o seu conceito é baseado 
na alienação do homem em relação a Deus. O pecador fica sepa­
184
8. Do Que Terei Medo?
rado da vida de Deus e, por definição bíblica, está espiritualmente 
morto.
A segunda morte também é vinculada ao juízo final que ame- 
aça o ser hum ano com a separação eterna de Deus, como devido 
castigo pela sua iniquidade. Por isso, Jesus Cristo viveu como ho- 
mem, foi crucificado e castigou os pecados de toda a humanidade 
na cruz, derrotando o poder da morte:
Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e san- 
gue, ele também participou dessa condição humana, para 
que, por sua morte, derrotasse aquele que tem 0 poder 
da morte, isto é, 0 Diabo, e libertasse aqueles que durante 
toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte.
Hebreus 2:14-15
A morte de Cristo é o portal para a vida eterna. E ao ressus- 
citar dos mortos, Jesus venceu a morte e devolveu ao homem a 
condição de vida eterna que havia no princípio. Dessa forma, o 
que temerei, se não há mais morte para temer? A mortandade foi 
morta por Aquele que a venceu:
Eu sou 0 Alfa e 0 Ômega, 0 princípio e 0 fim, diz 0 Se- 
nhor, que é, e que era, e que há de vir, 0 Todo-Poderoso. E 0 
que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo 0 
sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.
Apocalipse 1:17-18
Assim o “temor” de Deus do Antigo Testamento deu lugar ao 
“amor” a Deus no Novo Testamento. Esse é o antídoto derradeiro 
para o medo: o amor, pois “no amor não existe medo, antes, o per- 
feito amor lança fora o medo. Ora o medo produz tormento; 
logo, aquele que teme não é perfeito no amor” (1 João 4:18): 
Tragada foi a morte na vitória. "Onde está, ó morte,
0 teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, 0 
aguilhão da morte é 0 pecado, e a força do pecado é a lei.
185
Blindagem Contra As Trevas
Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor 
Jesus Cristo.
1 Coríntios 15:54-57
ORAÇAO
M e u D e u s e Pa i, eu d o u g ra ç a s a o S e n h o r p o rq u e e n v io u 0 S eu F ilh o 
Je su s C r is to q u e se s a c r if ic o u n a c ru z e m o rre u em m e u lugar. P o r ca u sa 
d o S eu g ra n d e am or, e u d e c id o n ã o te m e r a q u e le s q u e m e am e a ça m , n em 
a s p ra g a s q u e m e ro d e ia m e n em a v io lê n c ia q u e se le v a n ta a o m eu la d o . 
Em S eu s b ra ç o s e u e s to u s e g u ro e s e i q u e 0 S e n h o r n ã o m e a b a n d o n a rá 
ja m a is .
Ó Senhor, m a n te n h a o s S eu s e s cu d o s s o b re m im , m e re v is ta -m e co m 
a S u a a rm a d u ra in q u e b rá v e l e le v a n te em v o lta d e m in h a v id a a s m u ra lh a s 
d e d e fe sa d o A lt ís s im o . D e c la ro n o m u n d o e s p ir itu a l q u e e u te m o a p e n a s 
a o Senhor, p o r ta n to em p a z ta m b é m m e d e ita r e i e d o rm ire i, p o rq u e s ó 0 
S e n h o r m e fa z h a b ita r em s e g u ra n ç a e p o r is so , n ã o te re i p e s a d e lo s , n em 
s o n h o s d e m o n ía c o s .
C o m a a u to r id a d e d o n o m e d e Jesu s , re je ito to d o s o s a ta q u e s d e m o - 
n ía c o s e re p re e n d o 0 b ra m id o d o s m e u s in im ig o s e sp ir itu a is . A c o r re n to 
to d a s a s c r ia tu ra s d a s tre va s q u e q u e re m a ta c a r a m im , a m in h a fa m ília , a 
m in h a d e s c e n d ê n c ia , o s m e u s s o n h o s e a s m in h a s fin an ça s .
D e u s é 0 m e u e s c u d o e fo r ta le z a e n ã o te m e re i a s e ta q u e v o a d e d ia , 
n e m a m o rte q u e a s s o la a o m e io d ia , n e m a p ra g a q u e a n d a s o rra te ira n a 
e scu r id ã o , p o is 0 S e n h o r é qu e m g u a rd a a m in h a v ida . S e i q u e p o s s o v iv e r 
p le n a m e n te to d o s o s d ia s d a v id a q u e 0 S e n h o r m e deu . O ro e a g ra d e ç o 
em n o m e d e J e su s C r is to d e N a za ré . A m é m !
186
C apítulo 9
O n z e M i l C a i r ã o
Q uando o Filho do hom em vier em sua 
glória, com todos os anjos, assentar-se-á 
em seu trono na glória celestial. Todas as 
nações serão reunidas diante dele, e ele 
separará umas das outras como o pastor 
separa as ovelhas dos bodes. E colocará 
as ovelhas à sua direita e os bodes à sua 
esquerda. “Então o Rei dirá aos que 
estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos 
de m eu Pai! Recebam como herança o 
Reino que lhes foi preparado desde a 
criação do m undo’ (...) Então ele dirá aos 
que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, 
apartem-se de m im para o fogo eterno, 
preparado para o diabo e os seus anjos.’”
M ateus 25:31-34; 41
Onze M il Cairão
"Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não 
chegará a ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e 
verás a recompensa dos ímpios."
Salmo 91:7,8
capítulo anterior revelou como quatro mortíferos ini- 
migos são impedidos pelo Senhor de tocar ou mesmo 
amedrontar o homem de Deus. Porém, esses mesmos inimigos 
aliados derrubarão milhares de vítimas que tombarão diante dos 
olhos daqueles que estão sob a proteção do Altíssimo.
Ao olharmos os nossos dias, podemos ter a impressão imedia- 
ta de que os soberbos são felizes e que o mal nunca os alcançará. 
Aqueles que cometem impiedade, prosperam e escapam; aqueles 
que abusam dos mais fracos continuam recolhendo muitos be- 
nefícios; ateus e incrédulos que declararam abertamente que a fé 
em Deus é somente um refúgio para mentes fracas, continuam 
conseguindo tudo o que querem.
Enquanto isso, vemos muitos justos entregues à miséria, pa- 
decendo flagelos, envoltos em infortúnios, desconsolados, amar- 
gurados e aflitos; inclusive o profeta declara que os orgulhosos 
são felizes, enquanto os humildes estão desolados, por isso ousa 
perguntar: “onde está o Deus do juízo?” (Malaquias 2:17).
Mesmo crendo no conceito bíblico-cristão que apresenta 
Deus como “Justo e Fiel”, muitas vezes, é difícil de engolir algu- 
mas realidades que são aparentes. Enormes sofrimentos, torturas, 
covardias, crueldades gratuitas, derramamento de sangue inocen- 
te e injustiças irracionais dão a impressão que o mal está absolu- 
tamente descontrolado.
189
Blindagem Contra As Trevas
E quando comparamos bons e maus, honestos e trapaceiros, 
leais e hipócritas, a balança parece pender para o lado da iniquida- 
de, pois o juízo aparentemente não os alcança. Isso não é verdade? 
Sim, aparentemente, mas só aparentemente, pois nenhum ímpio 
escapará:
E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam 
diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, 
que é 0 da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas 
que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
Apocalipse 20:12
Deus é amor e seu caráter é longânimo e paciente, mas existe 
um arquivo de lembranças, como um registro permanente das 
ações de justos e ímpios. Esses dados nunca serão esquecidos. 
H á uma promessa inquebrável que traz conforto aos oprimidos: 
haverá uma ocasião em que a luz do dia perfeito brilhará. A reve- 
lação do Apocalipse retrata o Livro da Vida como uma espécie de 
memorial, quando as obras boas e más serão submetidas a Deus, 
o Justo Juiz.
Os justos são caracterizados por aqueles que retiveram as 
esperanças mesmo quando não havia nenhum a razão para crer; 
conservaram a fé quando o raciocínio frio dizia para abandoná-la; 
perseveraram no temor ao Senhor, quando todos os outros aban- 
donaram a lealdade a Deus; arrependeram-se de suas más obras 
e purificaram-se de seus pecados no sangue do Cordeiro, Jesus 
Cristo de Nazaré.
Ainda hoje, perseveram como igreja, sustentando-se, amando 
e perdoando-se uns aos outros. Guardam a esperança da volta glo- 
riosa do Senhor diante de seus olhos, quando todo olho o verá, e 
honram o Nome do Deus dos Exércitos, acima de todo o nome.
Assim, as Escrituras Sagradas os denominam como justos, e, 
também por isso, Deus os chama de “particular tesouro”, “posses- 
são especial do Senhor” e “tesouro do Senhor”.
190
9. Onze Mil Cairão
No dia do juízo, quando o Reino do Messias for estabele- 
cido, Deus será o Pai, e eles, Seus filhos prediletos. E como um 
pai mostra misericórdia para com seu filho, os justos receberão a 
misericórdia do Senhor e serão eternamente beneficiados:
Vocês dizem: "É inútil servir a Deus. 0 que ganhamos 
quando obedecemos aos seus preceitos e andamos 
lamentando diante do Senhor dos Exércitos? Por isso, 
agora consideramos felizes os arrogantes, pois tanto pros- 
pera 0 que pratica 0 mal como escapam ilesos os que 
desafiam a Deus!" Depois aqueles que temiam ao Senhor 
conversaram uns com os outros, e 0 Senhor os ouviu com 
atenção. Foi escrito um livro como memorial na sua pre- 
sença acerca dos que temiam ao Senhor e honravam 0 seu 
nome. "No dia em que eu agir", diz 0 Senhor dos Exércitos, 
"eles serão 0 meu tesouro pessoal. Eu terei compaixão 
deles como um pai tem compaixão do filho que lhe obe- 
dece". Então vocês verão novamente a diferença entre 0 
justo e 0 ímpio, entre os que servem a Deus e os que não 
0 servem.
Malaquias 3:14-18
A RECOMPENSA DOS ÍMPIOS
As palavras desse verso sugerem que existe uma clara distin- 
ção entre o sofrimento do justo e do ímpio. Aparentemente, as 
mesmas aflições podem atingir a ambos, mas para os justos há um 
valor educacional, enquanto, para os ímpios, são punitivas:
Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois 0 
que 0 homem semear, isso também colherá.
Gálatas 6:7
A Bíblia é a verdade. Podem passar os Céus e Terra, mas a 
Palavra de Deus não passará (Mateus 24:35). Cada vírgula e til es- 
critos serão cumpridos em meio ao desenrolar da história. As Es­
191
Blindagem Contra As Trevas
crituras garantem que há um juízo já sentenciado contra o ímpio 
e um galardão para o crente em Jesus Cristo. E isto não diz res- 
peito apenas para o final da narrativa da história da humanidade. 
O justo verá mil tombando ao seu lado e muito mais à sua direita 
e os seus próprios olhos serão testemunhas.
Existe uma lei espiritual da colheita que seguirá fielmente o 
caráter da semente lançada durante o cultivo. Então, na hora da 
ceifa, os piedosos que viveram no caminho de retidão, alcançarão 
o prêmio da eterna alegria; enquanto os ímpios, que já têm os seus 
dias contados, receberão a morte como salário de sua iniquidade:
Moisés estendeu a mão para 0 céu, e por três dias hou- 
ve densas trevas em todo 0 Egito. Ninguém pôde ver 
ninguém, nem sair do seu lugar durante três dias. Todavia, 
todos os israelitas tinham luz nos locais em que habita- 
vam.
Êxodo 10:22,23
A passagem do Êxodo do Egito foi apenas um avant-première 
do Dia do Juízo, onde Deus fez distinção entre Israel e o Egito, 
durante o episódio da praga da escuridão. Da mesma forma, o 
homem verá a diferença entre o justo e o perverso. Nesse dia, a 
indiferença contra Deus desaparecerá, e ficará claro que não é em 
vão que se serve ao Senhor. O mau será castigado decisivamente e 
o bom receberá a devida recompensa:
Mas, ai dos ímpios! Pois tudo lhes irá mal! Terão a 
retribuição pelo que fizeram as suas mãos.
Isaías 3:11
O ÍMPIO É COMO A SEMENTE DO JOIO
Jesus denuncia um veneno mortal dentro da igreja de Esmir- 
na, ao falar de alguns homens blasfemos “que se afirmam judeus, 
e não o são, mas são a sinagoga de Satanás” (Apocalipse 2:9).
192
9■ Onze Mil Cairão
Assim, eles também estão em nosso trabalho, escola e vidas secu- 
lares, e ainda bem mais próximos do povo de Deus.
Eles não são filhos de Deus, contudo se assemelham aos que 
são. Vão à igreja, oram, leem a Bíblia como os cristãos, mas vivem 
uma religião de fachada e de aparência, sem fé e sem Cristo. Pare- 
cem trigo, mas são joio.
Na realidade, o joio éum incômodo tipo de capim que nasce 
exclusivamente em meio às plantações de grãos. Em essência, é 
uma erva daninha muito similar ao trigo, contudo, contém um 
fungo mortalmente venenoso para toda a plantação.
A semelhança entre as duas sementes dificulta a sua distinção, 
de maneira que nem mesmo uma análise minuciosa é capaz de 
detectar a diferença entre elas78. Essa tentativa de enganar é des- 
crita em uma das parábolas que Jesus narrou:
Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: "0 Reino dos 
céus é como um homem que semeou boa semente em 
seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio 0 seu ini- 
migo e semeou 0 joio no meio do trigo e se foi. Quando 0 
trigo brotou e formou espigas, 0 joio também apareceu. Os 
servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: Ό 
senhor não semeou boa semente em seu campo? Então, de 
onde veio 0 joio?' ,Um inimigo fez isso', respondeu ele. Os 
servos lhe perguntaram: '0 senhor quer que vamos tirá-lo?'
Ele respondeu: ׳Não, porque, ao tirar 0 joio, vocês poderão 
arrancar com ele 0 trigo. Deixem que cresçam juntos até à 
colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem 
primeiro 0 joio e amarrem-no em feixes para ser queima- 
do; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro'".
Mateus 13:24-30
Esse tipo de semente que imita uma outra sem ser percebida, 
só pode ter sua identidade desvendada no tempo da colheita. O
78 V IN E , W . et al. D icionário V ine. L ed . O Significado Exegético e E xpositivo das Pala- 
vras do A ntigo e do N o v o Testam ento (Página 7 2 8 ). R io de Janeiro: C P A D , 2 0 0 2 .
193
Blindagem Contra As Trevas
joio é oco e leve, enquanto o trigo é pesado. Quando chega o 
tempo da colheita os dois são colhidos juntos e levados para serem 
peneirados ao vento, então o joio, por ser leve, é espalhado pelo 
vento, enquanto o trigo fica na peneira. Então o joio é separado e 
queimado no fogo e o trigo é levado para o celeiro.
Existe um método de infiltração e permanência do ímpio no 
meio do povo do Eterno. Sua ação ocorre através da imitação, do 
engano ou da sabotagem do verdadeiro pelo falso. Só assim o ím- 
pio consegue se misturar e caminhar até o fim na vida do cristão.
Jesus interpreta o joio da parábola como os filhos do Malig- 
no (Mateus 13:38); estes são pessoas que moldaram seu caráter à 
vontade do Diabo e são assim chamados porque desejam satisfa- 
zer o desejo de sua aliança mortal com as trevas:
Vocês pertencem ao pai de vocês, 0 Diabo, e querem 
realizar 0 desejo dele.
João 8:44
H á muito sofrimento na vida de quem pensa que pode fazer 
vista grossa e “ouvidos de mercador” para os princípios de Deus. 
O orgulhoso acredita que pode fazer todo o tipo de acordo com 
o mal, pensando que sairá ileso. Engano! O ímpio pode não ter 
qualquer temor do Senhor, mas quando a conta do pecado bater à 
sua porta para fazer a cobrança, a decepção entrará em cena e não 
haverá como escapar das consequências daquilo que foi semeado.
H Á U M REI Q UE SEN TENC IA
Não existe nenhuma possibilidade de se fugir ao juízo de Deus. 
Deus não perde o controle de nada no Universo e qualquer espe- 
rança de que o Senhor de toda a Terra possa deixar passarem des- 
percebidas as ações malignas dos ímpios contra Ele e o Seu povo, 
são meras conjecturas tolas. Deus é juiz e Seu nome é “Jeová Tsidi- 
kenu”, ou seja, o Senhor é Justiça! Deus não vai deixar barato:
194
9. Onze Mil Cairão
Porque 0 dia do SENHOR está perto, sobre todos os 
gentios; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua re- 
compensa voltará sobre a tua cabeça (...) E subirão salva- 
dores ao monte Sião, para julgarem 0 monte de Esaú; e 0 
reino será do SENHOR.
Obadias 1:15-21
H á m uita gente que acha que a impiedade é assunto para 
quem está fora de sua denominação ou igreja. Não se importa 
com a santidade e fecha os olhos ignorando os seus próprios pe- 
cados. Algum talvez esteja lendo este capítulo imaginando o juízo 
de Deus sobre alguém que o traiu, abusou, esmagou e o fez sofrer 
muitíssimo.
Outros fazem de conta que Deus é um bonachão que não 
presta atenção e não liga para a vida de seus filhos aqui na Terra. 
Contudo, o Senhor mesmo faz o alerta de que muitos homens 
que se dizem filhos de Deus, mas que insistem em viver em peca- 
do, supondo que receberão a bênção, acabarão obtendo a maldi- 
ção (Malaquias 2:2).
Eli, por exemplo, era um homem de grande influência espi- 
ritual e ordenado com a bênção de Deus e sob os olhos do povo 
como sacerdote em Israel, contudo, os seus filhos ignoraram a 
Palavra de Deus e fizeram o que era mau aos olhos do Senhor. 
Insistiram em desprezar todas as advertências recomendadas para 
o exercício do sacerdócio e trouxeram desgraça, maldição e morte 
para si e para toda a sua família:
Os filhos de Eli eram ímpios; não se importavam com 
0 Senhor nem cumpriam os deveres de sacerdotes para 
com 0 povo (...) 0 pecado desses jovens era muito grande à 
vista do Senhor, pois eles estavam tratando com desprezo 
a oferta do Senhor.
1 Samuel 2:12-13; 17
195
Blindagem Contra As Trevas
Deus não pactua com nenhuma religião singular, nem com 
uma determinada denominação cristã por mais que um específico 
segmento da fé tenha tido um passado glorioso. Ao lançarmos um 
olhar para trás, percebemos igrejas que, no passado, foram cheias 
do Espírito de Deus, hoje estão simplesmente mortas.
Deus é comprometido apenas com a verdade da Bíblia, que é 
a Sua própria Palavra, e por isso, os membros e os seus sacerdotes 
devem fazer clara distinção entre o pecado e a iniquidade:
E a meu povo ensinarão a distinguir entre 0 santo e 0 
profano, e 0 farão discernir entre 0 impuro e 0 puro.
Ezequiel 44:23
A RELIGIÃO MISTURADA COM A 
IMPIEDADE
M uita gente dentro e fora das igrejas imagina que o Evange- 
lho é um seguro de vida, capaz de livrar de desastres e calamidades 
e que garante todo tipo de conforto aqui na Terra. Isso nem de 
longe é parecido com a verdade. Aliás, seria muito bom que todos 
os cristãos perguntassem a si mesmos: “Por que o mal não me 
toca?”, ou, ao contrário, “Por que a desgraça me atingiu?” “Que 
tipo de cobertura eu tenho, de vida ou de morte?”
Talvez não haja uma resposta específica para cada uma dessas 
questões, contudo existe uma conclusão geral de que a Palavra de 
Deus é mais do que apenas um escape do inferno, é um manual 
para desfrutar de uma vida abundante, hoje mesmo.
Na verdade, a vida cristã não é moleza. Os testemunhos 
triunfalistas de pastores que anunciam: “venham para Cristo e 
sua vida será só vitória”, não são verdade. Às vezes, as coisas até 
pioram. Filhos são deserdados pelos pais, cônjuges são rejeitados, 
empregados são desprezados, amigos são excluídos, para não dizer
196
9. Onze Mil Cairão
o mínimo, pois dependendo da nação, o cristão novo convertido 
poderia ser morto cruelmente.
Existe uma diferença entre a ação do inimigo e a perseguição 
por causa do Evangelho. Paulo avisa a Timóteo que “todos os que 
piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” 
(2 Timóteo 3:12).
Haverá épocas em que poderemos ser maltratados por causa 
de Cristo. O Salmo 91 distingue esse conceito e lida com desas- 
tres, acidentes, doenças, mortandade e ataques espirituais malig- 
nos. Jesus sofreu perseguição, mas não foi atingido por calami- 
dades. Acidentes jamais chegaram perto d’Ele. A distinção é fácil 
de entender se conseguirmos separar a perseguição de ocorrências 
estranhas e catástrofes.
ESTÁ M U IT O RUIM , MAS AO LADO ESTÁ 
D EZ VEZES PIO R
Eis que 0 justo é punido na terra; quanto mais 0 ímpio 
e 0 pecador.
Provérbios 11:31
Às vezes é ruim viver, especialmente quando passamos por 
momentos difíceis, mas o sofrimento não é prerrogativa de ape- 
nas alguns. Uns sentem mais e outros o percebem com menos in- 
tensidade, mas todos os habitantes do planeta Terra, sem exceção, 
participam dos tempos de dor.
O drama da tristeza cedo ou tarde bate na porta de todas as 
pessoas. Todos passarão por aflição e não há ninguém isento dis- 
so.Quando há uma endemia, ela atinge ricos e pobres. Quando 
o país quebra economicamente, todos ficam apertados financei- 
ramente.
Quando chove demais, ou existe seca em uma região, ela 
atinge a todos e não há nenhuma diferença se são pessoas fiéis
197
Blindagem Contra As Trevas
ou ateus. Ninguém tem o especial privilégio de ser isento desses 
males.
Porém, toda a similaridade entre crentes e ímpios acaba aqui. 
Porque mesmo nas calamidades ou quando a ruína universal pre- 
valece ao redor, os filhos do Senhor são objetos de seu cuidado e 
sao preservados em meio à total destruição79.
A lição aparente é que, embora estejam sujeitos aos males co- 
muns que se propagam, os crentes são alvo de um favor especial 
que garante a sua segurança no meio dos perigos. O filho de Deus 
perceberá e verá, com seus próprios olhos que Deus age em sua 
defesa80.
H á uma insinuação aqui nos versos que são alvo deste capítu- 
lo que revela: em meio ao caos, poderemos enxergar não apenas o 
que é o juízo divino, mas também o que é o livramento de Deus 
que não frustra as expectativas de Seu povo. Por isso, quando está 
ruim para o povo de Deus, tente olhar ao redor e perceberá que 
estará vendo os ímpios caindo aos milhares de um lado e aos dez 
milhares de outro.
EXERGANDO APENAS A PROSPERIDADE
DO ÍMPIO
O rei Davi também se preocupou com a prosperidade dos 
ímpios. Em sua mente, as mesmas perguntas de hoje também 
buscavam uma solução justa. Será que Deus não vê a iniquidade, 
a violência e o crime, adicionados ao roubo, à opressão e à cor- 
rupção? Como podem prosperar os perversos, enquanto os justos 
sofrem a ruína? As suas meditações apresentam algumas respostas
79 M A C D O N A L D , W illiam . C om entário Bíblico P opular - N o v o testam ento (Página 
3 7 0 ). São Paulo: M u n d o Cristão, 2 0 0 1 .
80 H E N R Y , M atthew. C om entário Bíblico de M atthew H enry do A ntigo Testam ento —
Jó a Cantares de Salom ão, V olum e III — E dição C om pleta (Página 2 1 4 ). R io de Janeiro: 
Editora C P A D , 2 0 1 0 .
198
9. Onze Mil Cairão
de Deus à justiça e ao destino dos ímpios, contrastados com a 
recompensa dos justos:
Não te indignes por causa dos malfeitores, nem te- 
nhas inveja dos que praticam a iniquidade. Porque cedo se- 
rão ceifados como a erva, e murcharão como a verdura.
Confia no Senhor e faze 0 bem (...) Quanto aos transgresso- 
res, serão destruídos, e as relíquias dos ímpios serão des- 
truídas. Mas a salvação dos justos vem do Senhor; ele é a 
sua fortaleza no tempo da angústia. E 0 Senhor os ajudará 
e os livrará; ele os livrará dos ímpios e os salvará, porquanto 
confiam nele.
Salmo 37:1-3; 39-40
Dentre as respostas vemos que o filho de Deus não deve gas- 
tar tempo e preocupação com ímpios a ponto de se indignar com 
a aparente injustiça, “pois eles dentro em breve definharão como 
a relva e murcharão como a erva verde”, ou seja, não se preocupe 
se os maus prosperam. A felicidade deles é passageira e eles mur- 
charão eternamente:
Os olhos do Senhor estão em toda parte, observando 
atentamente os maus e os bons (...) a casa do justo con- 
tém grande tesouro, mas os rendimentos dos ímpios lhes 
trazem inquietação. (...) O Senhor detesta 0 sacrifício dos 
ímpios, mas a oração do justo 0 agrada. O Senhor detesta 0 
caminho dos ímpios, mas ama quem busca a justiça.
Provérbios 15:3-9
Também não se deve ter inveja da prosperidade, apesar da 
aparente vida fácil e confortável que proporciona. A inveja é uma 
atração pelo que é mau e deve-se ter atenção para que uma suposta 
indignação não seja apenas um lamento por não poder estar na 
mesma posição dos ímpios, pois isso atrairía igualmente o juízo 
de Deus.
199
Blindagem Contra As Trevas
Por fim, quando perceber a impiedade prosperando enquan- 
to a justiça vai de mal a pior, apenas confie no Senhor. Jó sofreu 
e foi acusado pelos amigos sem saber o porquê e José experimen- 
tou a dor de ser um filho amado que se tornou escravo em país 
estrangeiro.
Por essa razão, o profeta questionou indignado: “por que 
prospera o caminho dos perversos e vivem em paz todos os que 
procedem perfidamente?” (Jeremias 12:1). Entretanto, é Deus 
quem tem nas mãos o juízo final. E tanto Jó, quanto José, apesar 
de não entenderem, receberam o prêmio de Deus por sua fideli- 
dade.
O justo deve esperar no Senhor. Ninguém gosta de esperar, 
mesmo que seja por Deus. Aliás, quando vejo alguns irmãos oran- 
do percebo a impaciência daqueles que até dizem que Deus os 
decepcionou. Mas quem espera tem a resposta da promessa: “o 
Senhor os ajudará e os livrará; ele os livrará dos ímpios e os salva- 
rá, porquanto confiam nele” (Salmos 37:40).
O DESTINO DOS ÍMPIOS
Este é 0 destino que Deus determinou para 0 ímpio, 
a herança que 0 mau recebe do Todo-poderoso: Por mais 
filhos que tenha, 0 destino deles é a espada; sua pro- 
le jamais terá comida suficiente. A epidemia sepultará 
aqueles que lhe sobreviverem, e as suas viúvas não cho- 
rarão por eles. Ainda que ele acumule prata como pó e 
amontoe roupas como barro; 0 que ele armazenar ficará 
para os justos, e os inocentes dividirão sua prata. A casa 
que ele constrói é como casulo de traça, como cabana feita 
pela sentinela.
Jó 27:13-18
Como poderá o ímpio escapar? Como sentir-se seguro dian- 
te de tamanha ameaça? Como ignorar essa sentença de Deus?
200
9. Onze Mil Cairão
Por que recusa-se a voltar-se para o Senhor? Por que insiste em 
aproximar-se da iniquidade? Será que não percebe que sua vida é 
desastre e seu futuro é a perdição eterna?
Quando 0 Filho do homem vier em sua glória, com to- 
dos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. 
Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará 
umas das outras como 0 pastor separa as ovelhas dos bo- 
des. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua 
esquerda. "Então 0 Rei dirá aos que estiverem à sua direita: 
'Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança 0 
Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo' (...) 
Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: 'Malditos, 
apartem-se de mim para 0 fogo eterno, preparado para 0 
Diabo e os seus anjos."'
Mateus 25:31-34; 41
A RECOM PENSA D O FIEL
O final já está decidido e não falhará. O filho de Deus estará 
em segurança e também verá a justiça ser feita. Aqueles que mo- 
lestam e prejudicam não terão permissão de escapar. Deus criou 
todas as coisas e também intervém em Sua criação. Ele pune, mas 
também recompensa. E assim como Israel passou pelas águas do 
mar Vermelho sem ser prejudicado, também viu a destruição dos 
egípcios, o que prova existir tanto um juízo como a justiça:
E, eis que cedo venho, e 0 meu galardão está comigo, 
para dar a cada um segundo a sua obra. Bem-aventurados 
aqueles que guardam os seus mandamentos, para que 
tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade 
pelas portas. Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os 
que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qual- 
quer que ama e comete a mentira.
Apocalipse 22:12; 14-15
201
Blindagem Contra As Trevas
O MAL PERTO D E M IM
A mídia, através de jornais, revistas e internet, veicula dia- 
riamente notícias que mostram imagens chocantes contendo aci- 
dentes fatais, assassinatos impiedosos, catástrofes, doenças incu- 
ráveis, mortes em conflitos, rebeliões em presídios, entre outras
Sobre isso, Charles Spurgeon81, o mais famoso pastor batista 
do século XIX, conhecido como “Príncipe dos Pregadores”, es- 
creveu um breve esboço ressaltando que “o mal pode estar perto, 
mas não próximo; pois Deus impõe limites às intenções nocivas e 
preserva aos seus filhos.”
Por vezes, esses fatos fazem parte de meu país, de m inha ci- 
dade, de um bairro próximo e até mesmo na casa de um vizinho 
meu. Nesse momento, eu percebí que a morte se aproximou de- 
mais algumas vezes, mas nunca havia me atingido.
Até que um dia, meu filho caçula, com pouco mais de um ano 
de idade, foi acometido com um raro tipo de câncer no sangue. 
Suamedula, por alguma razão que fugiu da compreensão médica 
e científica, começou a produzir células cancerosas. O processo de 
intervenção terapêutica durou anos e foi muito difícil, com pas- 
sagens cruéis pelas salas de quimioterapia e ameaçadoras sessões 
de radioterapia.
Durante o tratamento, a morte rondou bem próximo de nós, 
visitando e ceifando muitas vítimas naquele hospital. Algumas 
crianças que caminhavam semanalmente com o mesmo diagnós- 
tico médico do meu filho, simplesmente sumiam daqueles corre- 
dores. E a razão era muito óbvia: a morte os havia atingido.
A maneira como a morte ataca e toma para sempre as vidas 
parece absolutamente aleatória e indiscriminada. Vi crianças, jo­
81 S P U R G E O N , C . H . Esboços Bíblicos de Salmos — I a Edição (Página 134). São Paulo: 
Shedd Publicações, 2 0 0 5 .
202
9. Onze Mil Cairão
vens, velhos, brancos, pretos, índios, brasileiros, estrangeiros, ho- 
mens e mulheres serem igualmente e irremediavelmente mortos.
D EU S BEM MAIS PER TIN H O D E M IM
Certa ocasião, estava com meu filho internado na UTI, quan- 
do, no quarto em frente, deu entrada um adolescente acompa- 
nhado de sua mãe. Esses quartos eram chamados de enfermarias 
e tinham a metade da porta de vidro, o que permitia ver a intimi- 
dade de qualquer pessoa que estivesse neles.
Nesse dia, quando aquele adolescente chegou andando, bem 
à tardinha, parecia que seria apenas mais um paciente como qual- 
quer outro naquele hospital de câncer. Porém, de madrugada, 
acordei com o choro daquela mãe que, aos prantos, lamentava a 
morte de seu amado filho. Seu grito e sua dor ecoaram naquela 
enfermaria e o terror tomou conta de mim. Fiquei estupefato e 
minhas pernas tremeram, a ponto de pensar que iria cair. Porém, 
naquele mesmo momento, assustado com o terrível quadro de 
dor, ouvi claramente a voz do Senhor: “Mil cairão ao teu lado e 
dez mil a tua direita, mas não chegará a ti”.
Aquelas palavras, que soaram como o “som de muitas águas”, 
me encorajaram no meio daquele vale de sombra e de morte. 
De fato, hoje, meu filho, aos vinte anos, está curado, faz enge- 
nharia, é um discípulo fiel e um jovem que ama a Jesus e enche a 
nossa família de alegria.
Não cheguei a conhecer a fé daquela mãe, nem a de inúme- 
ras outras famílias machucadas por suas perdas. Vi bons crentes 
perderem filhos e parentes queridos em outras ocasiões. Arão, o 
sumo sacerdote escolhido por Deus, perdeu dois dos seus herdei- 
ros fulminados diante do altar. Davi, o homem segundo o cora- 
ção de Deus, perdeu quatro filhos. Seria leviano e cruel dizer que 
a minha fé era maior ou melhor do que qualquer outra pessoa que 
confiou no Senhor e mesmo assim perdeu alguém que amava.
203
Blindagem Contra As Trevas
Justamente por isso, quando conto essa parte de m inha his- 
tória para pais e mães que sofrem por seus filhos, ouço expressões 
como: “Nossa! Como é grande a sua fé!” Respondo imediatamen- 
te: “Não! Essa não é a história da m inha grande fé. E a história do 
meu grande Deus, que está sempre bem pertinho de m im .”
ORAÇÃO
M e u Q u e r id o P a i q u e e s tá n o s céus, b e n d ito é 0 S eu n o m e p o rq u e 
0 S e n h o r fa z s e p a ra ç ã o e n tre o s ím p io s e o s S eu s filh o s . S e i q u e o s S eu s 
o lh o s e s tã o c o n t in u a m e n te s o b re m im p a ra m e l iv r a r e m e fa z e r ju s t iç a . 
M a s eu c o n fe s so q u e in v e je i 0 h o m e m p e rv e rs o e p e ç o p e rd ã o p o r d u v id a r 
d e S ua ju s t iç a .
S e i q u e u m d ia 0 S e n h o r m e le v a rá p a ra 0 S eu re in o e h a b ita re i s e g u - 
ro n a m o ra d a d o Pa i, m a s c la m o q u e m e liv re d a s m ã o s d o s h o m e n s m a u s 
e d a s a rm a s le v a n ta d a s co n tra m im . A b e n ç o e -m e , g u a rd e -m e , fa r te -m e de 
b e n e v o lê n c ia e m u lt ip liq u e -m e c o m o a s e s tre la s d o céu e co m o a a re ia d o 
lito ra l.
Em n o m e d e Je su s , c o n v e rta c a d a m a ld iç ã o d e m e u c a m in h o em b ên - 
çã o e fa ça re s p la n d e c e r 0 S eu ro s to s o b re m im , p a ra q u e e u co n h e ça n a 
Terra a S u a ju s t iç a e p a ra q u e S ua s a lv a ç ã o g o v e rn e a m in h a v ida .
S e i q u e o s S eu s o u v id o s e s tã o a b e r to s p a ra a s o ra çõ e s d o s ju s to s , 
e n tã o le m b re -S e d e m im Senhor, co m a b o n d a d e q u e tra z a S eu s f ilh o s 
e v is ite -m e co m a s a lv a çã o . Q u e 0 S eu a u x í l io a t in ja to d a a m in h a d es- 
ce n d ê n c ia c o m o a n u v e m d a ch u v a s e rô d ia e q u e o s m e u s o lh o s v e jam a 
re co m p e n sa co n tra o s ím p io s .
F o rta le ça -m e S e n h o r n a fo rça d o S eu pode r, p o is n ã o te n h o fo rça s 
p a ra v e n ce r o s m e u s a d v e rsá r io s . N ã o p e rm ita q u e a p o r ta d a d e s tru iç ã o 
s e ja a b e rta co n tra a m in h a v ida . M a s O c o n v id o p a ra lu ta r e v e n ce r ca d a 
u m a d e m in h a s b a ta lh a s . 0 S e n h o r d á v itó r ia a o h u m ild e e, p o r is so , d e - 
p o s ito a m in h a fé em D eus. Em n o m e d e Jesu s , am ém .
204
C apítulo 1 0
Pr a g a n ã o At i n g e a 
M i n h a C a s a
L· aquele sangue vos sera por sinal nas 
casas em que estiverdes; vendo eu o 
sangue, passarei por cima de vós, e não 
haverá entre vós praga de mortandade, 
quando eu ferir a terra do Egito.
Êxodo 12:7,13
Praga Não a tin g e a M in h a
Casa
"Porque tu, ó Senhor, és 0 meu refúgio. No Altíssimo 
fizeste a tua habitação. Nenhum mal te sucederá, nem praga 
alguma chegará à tua tenda."
Salmo 91:9,10
er uma família bendita e viver em paz dentro de casa não 
é fruto do acaso. E ao escrever este capítulo, pensei em 
minha própria família. Tenho muito o que agradecer e reconhecer 
como Deus tem sido a nossa segurança, por isso, nenhum mal 
tem tocado em nós. Sei perfeitamente que essa proteção vem de 
andar e de viver para o Senhor.
Mas, como posso ter a garantia de que nenhuma praga atin- 
girá a m inha descendência? Como posso me precaver para que 
meus filhos não sejam atingidos? H á algum requisito especial para 
o casamento feliz? Talvez deva existir uma religião certa para obter 
a harmonia no lar? Quem sabe algum amuleto peculiar ou uma 
oração forte? Será que Deus privilegia apenas alguns com a felici- 
dade? Como ter imunidade e escapar de ver a m inha família em 
ruínas?
A resposta está na Páscoa. Os hebreus já eram escravos no 
Egito há quatro séculos quando Deus chamou Moisés para que 
reclamasse a independência e a libertação do povo de Israel.
Digam a toda a comunidade de Israel que no décimo dia 
deste mês todo homem deverá separar um cordeiro ou um 
cabrito, para a sua família, um para cada casa.
Êxodo 12:3
207
Blindagem Contra As Trevas
Moisés recebeu a autoridade do Senhor dos Exércitos para 
lançar juízo sobre o Egito através de diversas pragas, entretanto, a 
despeito de nove duríssimos atos de julgamento misturados com 
a operação de sinais e prodígios de poder contra toda aquela na- 
ção, o coração do Faraó não se dobrou.
Foi então, através da mais poderosa das armas, o sangue do 
Cordeiro, que houve o golpe final na escravidão e o início da ca- 
minhada de liberdade do povo de Israel. Ao estabelecer a Páscoa 
como pacto celebrado com as famílias de Israel, a praga de morte 
não teve qualquer permissão para atingir as famílias, nem entrar 
nas casas dos judeus:
Disse então 0 Senhor a Moisés: Enviarei ainda mais 
uma praga sobre 0 faraó e sobre 0 Egito (...) Disse, pois, 
Moisés ao faraó: Assim diz 0 Senhor: "Por volta da meia- 
-noite, passarei por todo 0 Egito. Todos os primogênitos do 
Egito morrerão, desde 0 filho mais velho do faraó, herdeiro 
do trono, até 0 filho mais velho da escravaque trabalha no 
moinho (...) Haverá grande pranto em todo 0 Egito, como 
nunca houve antes nem jamais haverá".
Êxodo 11:1; 4-6
Perceba que não eram casas de cristãos, de batistas, de católi- 
cos, de luteranos, de metodistas, de assembleianos ou de qualquer 
outra denominação religiosa. Eles eram escravos judeus e cada 
porta de residência que recebeu a marca do sangue do Cordeiro 
contou com a proteção total contra a praga. A marca do sangue 
blindou as famílias de Israel:
E tomarão do sangue e pô-lo-ão entre ambas as ombrei- 
ras e na verga da porta, nas casas em que comerem (...) e 
aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiver- 
des; vendo eu 0 sangue, passarei por cima de vós, e não 
haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a 
terra do Egito.
Êxodo 12:7,13
208
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
Ao amanhecer, Israel estava livre e Moisés tornara-se um lí- 
der extraordinário. H á muitas expressões que poderíam designar 
o caráter desse servo de Deus que tom ou um povo escravo, sem 
esperança, sem forças e sem identidade, e transformou-o, no final 
da sua história, em uma nação livre, poderosa em fé, escolhida 
como o “primogênito do Senhor” e que tom ou o nome do Eterno 
sobre si: o Israel de Deus.
PE R D E N D O A PRÓPRIA FAMÍLIA
Ao sair do Egito, o libertador Moisés carregou consigo toda a 
nação de hebreus, além de outros povos escravos que se aprovei- 
taram do caos após a derradeira praga que se abateu sobre aquele 
povo. Foram mais de seiscentos mil homens de guerra libertados, 
sem contar as mulheres e crianças que, somados, chegavam a cerca 
de três milhões de pessoas82. E, apesar de Moisés ser um homem 
festejado e reconhecido em seu ministério e trabalho, dentro de 
sua própria casa as coisas não iam assim tão bem:
Numa hospedaria ao longo do caminho, 0 Senhor foi ao 
encontro de Moisés e procurou matá-lo. Mas Zípora pegou 
uma pedra afiada, cortou 0 prepúcio de seu filho e tocou 
os pés de Moisés. E disse: "Você é para mim um marido 
de sangue!" Ela disse "marido de sangue", referindo-se à 
circuncisão. Nessa ocasião 0 Senhor 0 deixou.
Êxodo 4:24-26
Nem o Faraó e toda a força do exército da nação mais forte 
da terra foram páreo para vencer Moisés, que acabou tornando-se 
um grande homem aos olhos de todo Israel. Porém, algo grave 
havia acontecido, pois ele ficou tão preocupado com a obra de 
Deus, em libertar os filhos de Israel, enfrentar o poder escraviza-
82 R A D M A C H E R , Earl. Et al. O Novo C om entário Bíblico do A ntigo Testam ento 
com Recursos A dicionais (Página 147). A Palavra de D eus ao A lcance de Todos. R io 
de Janeiro: Editora Central G ospel, 2 0 0 9 .
209
Blindagem Contra As Trevas
dor e não deixar ninguém para trás, que acabou se esquecendo de 
sua própria casa.
Seu filho não conhecia a Deus, nem havia entrado na aliança 
do povo de Israel. E se não fosse a sua esposa Zípora, o menino 
teria se perdido para sempre. Logo na vida do homem que havia 
profetizado diante do maligno Faraó que todos sairíam livres e 
que “nenhuma unha” ficaria no Egito (Êxodo 10:26), aconteceu a 
desgraça de deixar, em segundo plano, o seu próprio filho.
Isso tem sido fato corriqueiro no meio do povo do Senhor. 
Pastores, diáconos, presbíteros e líderes da igreja encontram-se 
tão atarefados fazendo a obra de Deus e investindo toda a energia 
nos perdidos de fora que acabam perdendo os que estão dentro 
de sua própria casa.
Flá gente que acusa o Diabo de ter levado sua família, con- 
tudo, isso muitas vezes não tem sido ação desse ser maligno, mas 
deve-se à indolência do próprio chefe da casa. A negligência, a 
indiferença e a falta de atenção familiar acaba roubando e anulan- 
do a fé dos seus filhos. No caso de Moisés, a situação foi tão grave 
que a Escritura registra que até “o Senhor o deixou” (Êxodo 4:26).
Os presídios estão repletos de filhos de obreiros; os bolsões de 
crackeiros são uma área comum para encontrar parentes de crentes 
e é comum pastores que estão no terceiro ou quarto casamento. 
É também comum ouvir alguns dizerem: “eu cuido das coisas de 
Deus e Deus cuida da m inha família”. Besteira! A Bíblia diz cia- 
ramente: aquele que “não cuida de seus parentes, e especialmente 
dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente” 
(1 Timóteo 5:8).
210
SOBRE A MINHA CASA NÃO VALE 
ENCANTAMENTO?
Pois contra Israel não vale encantamento, nem adivi- 
nhação contra Israel!
Números 23:23
Um dos textos mais mal compreendidos da Bíblia está na 
primeira carta do apóstolo João que assevera: “Sabemos que todo 
aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nas- 
ceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge” (1 João 5:18).
Essa passagem em si não protege ninguém. Recitá-la não atrai 
nenhum benefício guardador de Deus. Repeti-la não impedirá o 
Maligno de tocar no crente. Sei que talvez o leitor fique descon- 
fortável com essas palavras, contudo, são a mais pura verdade.
O texto faz promessas de proteção sim, mas precisamos aten- 
tar para o que realmente está escrito. Em primeiro lugar não 
é uma palavra de esperança para todo m undo, é somente para 
quem nasceu de novo. Se a pessoa não teve uma experiência de 
conversão e de mudança de natureza pelo Espírito Santo, está 
automaticamente fora desse enquadramento.
Em segundo lugar, mesmo sendo uma nova criatura, não 
deve viver no pecado, pois também não usufruirá dessa bênção. 
Simplificando, o Maligno não pode tocar em crentes que vivem 
em santidade, pois no resto, ímpios ou crentes que andam no 
pecado, ele toca quando quer, pois, o pecado o autoriza a tocar.
Não estou falando de tropeços, de escorregões, de ocasiões 
de destemperos que levam a pecar. Todos pecam. Mas falo da op- 
ção de permanecer no pecado, insistindo em viver na iniquidade. 
Muitos cristãos continuam deliberadamente atuando em desvios 
financeiros, são adúlteros contumazes, são violentos de palavras 
e ações, e não expressam nenhum tipo de arrependimento. Esses
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
211
Blindagem Contra As Trevas
são aqueles que convidam a praga para dentro de casa, como o 
povo de Israel fez em Sitim.
TRAZENDO A PRAGA PARA DENTRO DE
CASA
Israel havia acabado de sair do Egito e vencido os inimigos 
amalequitas sob a bênção de Moisés e com a espada de Josué. 
Ao chegar na região de Moabe, acabou impressionando o rei lo- 
cal, chamado Balaque, por causa da grande quantidade de pessoas 
que representavam uma enorme ameaça de invasão às suas ter- 
ras. O rei, então, contratou um famoso profeta, chamado Balaão, 
para amaldiçoar Israel.
Todavia, esse profeta sabia muito bem que jamais podería 
amaldiçoar um povo a quem o Senhor cobrira de bênçãos. Con- 
tudo, a fim de não perder os prêmios e os favores do monarca, o 
profeta desviado mostrou-lhe que só havia um meio de vencer 
Israel: levando-o a pecar contra o seu Deus.
A sua conversa com o rei foi mais ou menos assim: “Sinto 
muito Rei, mas não vai dar. Nossa amizade é antiga, mas Vossa 
Majestade não poderá amaldiçoar esse povo. Praga nenhuma vai 
atingi-lo. Nem macumba, nem feitiço, nem bruxaria, nem des- 
pacho na encruzilhada vai funcionar. Não pega mau olhado, não 
funciona trabalho’ para prejudicar, nem acender vela preta no 
terreiro.”
O rei por sua vez disse: “Mas eu te pago o dobro. Te faço 
enriquecer com uma m ontanha de ouro, faça alguma coisa! Esse 
povo é numeroso, soube como escaparam das mãos do Faraó e 
venceram os vizinhos guerreiros amalequitas!”
Então, seduzido pelo dinheiro oferecido, Balaão resolveu dar 
a dica de vitória para o rei inimigo de Israel: “Vossa Majestade não 
pode amaldiçoar o povo do Senhor, mas pode fazer Israel atrair
212
a maldição sobre si mesmo. Faça uma festa com lindas mulheres 
assanhadas, elas os levarão para cama e farão com que adorem ao 
deus Baal-Peor, assim o Deus de Israel os deixará, e a maldição 
tocará em suas casas”:
E Israel deteve-se em Sitim e 0 povo começou a pros- 
tituir־se com as filhas dos moabitas. Elas convidaram0 
povo aos sacrifícios dos seus deuses; e 0 povo comeu, e in- 
clinou-se aos seus deuses.
Números 25:2-3
Nesse episódio, temos duas duras lições. Primeira, nenhum 
espírito imundo, ou demônio, ou feitiço tem qualquer poder so- 
bre o povo de Deus. Segunda, se o filho de Deus se deixar conta- 
minar pelo pecado, estará em sérios problemas e completamente 
exposto.
Sim, ele será atacado pelo mal. Não, a culpa não é do Dia- 
bo. Não, a culpa não é de Deus. Sim, o responsável é o próprio 
crente. Sim, é o pecado que faz separação entre Deus e o homem. 
Portanto a praga e a maldição o alcançarão. E foi isso o que acon- 
teceu à nação de Israel:
Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, 
deram ocasião aos filhos de Israel de transgredir contra 0 
SENHOR no caso de Baal-Peor; por isso houve aquela praga 
entre a congregação do SENHOR.
Números 31:16
A praga foi tão virulenta que, num único dia, morreram 23 
mil pessoas. Mas por quê? Por que a praga atinge o povo de Deus? 
Simples, porque o povo de Deus convida a praga para entrar em 
sua casa.
Israel aceitou o convite para a festa cheia de mulheres desa- 
vergonhadas, que levaram os homens à prostituição e, logo em 
seguida, à idolatria. Desta forma, os filhos de Deus, que deviam
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
213
Blindagem Contra As Trevas
viver debaixo de sua proteção, escolheram o pecado que os des- 
graçou.
A M A L D IÇ O A N D O A PRÓPRIA CASA
O pecado é a matéria-prima para a produção de chaves es- 
pirituais que abrem as portas da vida do homem para a entrada 
da maldição. A iniquidade que abriga pensamentos contrários à 
Palavra de Deus, a motivação em desobedecer a Deus e a quebra 
deliberada dos mandamentos têm, cada um deles, um enorme 
poder capaz de abrir brechas espirituais para a atuação satânica 
na família:
Entretanto, se vocês não obedecerem ao Senhor, ao 
seu Deus, e não seguirem cuidadosamente todos os seus 
mandamentos e decretos que hoje lhes dou, todas estas 
maldições cairão sobre vocês e os atingirão: Vocês serão 
amaldiçoados na cidade e serão amaldiçoados no cam- 
po. A sua cesta e a sua amassadeira serão amaldiçoadas.
Os filhos do seu ventre serão amaldiçoados, como tam- 
bém as colheitas da sua terra, os bezerros e os cordeiros 
dos seus rebanhos. Vocês serão amaldiçoados em tudo 0 que 
fizerem.
Deuteronômio 28:15-19
A M ALDIÇÃO D E N T R O D E CASA
Longe dos conceitos ocultistas a respeito do princípio da mal- 
dição e rejeitando qualquer ligação que a mídia faz ao apresen- 
tar filmes e outros conteúdos de terror ligados a essa palavra, a 
maldição é uma palavra bíblica e, no texto em questão, significa 
“aprisionar”.
O termo “maldição” tem várias formas cognatas tanto no he- 
braico como no grego. No entanto, o vocábulo usado para desig- 
nar a maldição em plena ação, é “arar”, que significa “capturar ou
214
prender”, como que em uma armadilha, ou cercar com obstácu- 
los, de forma a “deixar sem forças para resistir”83.
Bênção e maldição são princípios espirituais antagônicos e 
paradoxais84. Ambos produzem efeitos opostos na vida de alguém. 
A bênção vem pela obediência a Deus e a maldição pela desobe- 
diência. A bênção produz multiplicação e vitória; já a maldição, 
pelo contrário, empobrece, amarra, impede e prende de todas as 
formas:
Como 0 pardal que voa em fuga, e a andorinha que es- 
voaça veloz, assim a maldição sem causa não se cumpre.
Provérbios 26:2
A receita para uma vida de felicidade ou de tragédia no lar 
está, respectivamente, em obedecer ou desobedecer aos manda- 
mentos de Deus. A maldição não atinge as pessoas indistinta e 
indiscriminadamente. Deve haver uma razão para entrar em uma 
casa, deve existir um motivo justo para atingir uma família, pois, 
se não houver, ela não entrará na casa e não se apegará a ninguém.
M O TIV O 1: A IR R EPO N SA BILID A D E 
D O S PAIS
A primeira e fundamental razão para a praga atingir uma fa- 
mília é a ausência do sacerdócio doméstico do pai e da mãe. Pais 
desviados, displicentes e profanos são um canal de infestação de 
demônios na sua casa. Por exemplo: um pai assassino ou que in- 
veste dinheiro para provocar um aborto traz perseguição de espí- 
ritos de morte à descendência. O crime de Caim é um modelo 
clássico dessa realidade espiritual:
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
83 H A R R IS, R. Laird; A R C H E R JR, G leason L.; W ALTKE, Bruce K. D icionário In ter- 
nacional de Teologia do A ntigo Testam ento - V olum e 1 (Página 2 2 0 ). São Paulo: 
Editora N ova V ida, 1998 .
8 4 E M E R IC H , A lcione. Saindo do Cativeiro: Com o A judar Pessoas a Se L ibertarem de 
Alianças do Passado (Página 3 5 ). R io de Janeiro: D anprew an, 2 0 0 2 .
215
Blindagem Contra As Trevas
Disse 0 Senhor: '0 que foi que você fez? Escute! Da terra 
0 sangue do seu irmão está clamando. Agora amaldiçoado 
é você pela terra, que abriu a boca para receber da sua mão 
0 sangue do seu irmão. Quando você cultivar a terra, esta 
não lhe dará mais da sua força. Você será um fugitivo 
errante pelo mundo'.
Gênesis 4:10-12
O sangue inocente derramado trouxe, como consequências 
sobre sua vida, a maldição pessoal e familiar, a incapacidade pro- 
dutiva, a marginalidade, uma história de perambulaçao irrequie- 
ta, o fim da posse em caráter permanente, o afastamento de Deus 
e a perseguição da morte.
Da mesma forma, a pornografia, a prostituição, o adultério 
e os pecados sexuais de um dos pais podem conferir ao m undo 
espiritual maligno a autorização para “endemoniar” o leito conju- 
gal, levar filhos a serem abusados ou a começarem envolvimentos 
sexuais fora do casamento. Uma vida de promiscuidade dos pais 
atrai espíritos de sensualidade para os filhos.
Jesus alerta sobre essa realidade espiritual ao usar uma pará- 
bola sobre o cuidado que o sacerdócio doméstico deve exercer 
para a proteção de sua casa: “se o pai de família soubesse a que 
vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar 
a sua casa” (Mateus 24:43).
Um dos atendimentos mais difíceis que existem são aqueles 
com crianças e adolescentes que tentaram o suicídio. Nesses ca- 
sos, é muito comum encontrar, na vida dos pais, alguma ligação 
com a morte de pessoas e com o sangue inocente derramado.
Certa vez, recebi um jovem que tinha tentado se jogar da 
janela de seu apartamento. Ao tentar compreender as razoes para 
aquela atitude radical, o Espírito Santo me fez entender que um 
dos pais já havia se envolvido em um aborto. Então, chamei-os 
e eles confessaram ter realizado um aborto quando eram mais
216
jovens e ainda solteiros. Em seguida, levei-os a confessarem o pe- 
cado e rejeitarem a perseguição de morte sobre o seu filho. Eles 
saíram perdoados pelo Senhor Jesus e seu filho nunca mais pen- 
sou em morrer.
MOTIVO 2: PRÁTICAS ESPIRITUAIS 
MALIGNAS
A Bíblia não é um manual de sugestões as quais o homem 
pode selecionar o que deve ou não seguir, pelo contrário, é um 
guia infalível para uma vida de paz e de bênção. Seguindo os 
mandamentos e princípios contidos nela, o homem será capaz de 
bloquear todo acesso maligno à sua família.
Uma das maiores razões da vitória espiritual de uma família 
está em eliminar toda forma de ocultismo dentro de casa. A praga 
somente poderá entrar ou se m anter em uma família se os víncu- 
los de pecado preservarem as portas abertas às incursões do mal.
Todas as famílias que quiserem viver na bênção, devem, in- 
sistentemente, eliminar tudo o que se contrapõe aos conceitos 
de uma vida de pureza com Deus, como o livro do Deuteronô- 
mio ensina: “não procurem imitar as coisas repugnantes que as 
nações de lá praticam. Não permitam que se ache alguém entre 
vocês que pratique adivinhação, ou dedique-se à magia, ou faça 
presságios, ou pratique feitiçaria ou faça encantamentos; que 
seja médium ou espírita ou que consulte os mortos. O Senhor 
tem repugnância por quem pratica essas coisas” (Deuteronô- 
m io l8 :9 1 2 ־ ):
Não recorram aos médiuns, nem busquem os espí- 
ritas, pois vocêsserão contaminados por eles. Eu sou 0
Senhor, 0 Deus de vocês.
Levítico 19:31
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
217
Blindagem Contra As Trevas
Vejo pessoas sofrendo e que utilizam “mandingas” que apren- 
deram até mesmo em algumas igrejas cristãs, como caminhar pelo 
sal grosso, tomar banho com sabonetes “consagrados”, usar rou- 
pas ungidas no altar, ações de descarrego e mais uma centena de 
tolices que não ajudam nenhum a família a se libertar.
Em casos mais graves, onde há possessão demoníaca de uma 
pessoa, sempre tomo o cuidado de realizar o atendimento indi- 
vidual para libertação na igreja, no gabinete pastoral ou em um 
ambiente espiritualmente neutro, sempre evitando a casa da ví- 
tima. Entretanto, se isso não for possível, primeiramente retiro 
do ambiente os objetos ocultistas e ligados à feitiçaria ou outras 
legalidades como roupas de rituais malignos e outros fetiches liga- 
dos à magia. Essas preocupações tornam o processo de libertação 
muito mais simples e rápido.
M O TIV O 3: IDOLATRIA
Dentre todos os pecados praticados contra Deus, a idolatria, 
ou uso de imagens para adoração, é a única a qual Deus afirma 
que produz uma espécie de perseguição sobre as gerações futuras 
(até a quarta geração). Esse pecado funesto abre uma possibilida- 
de de visitação da iniquidade sobre filhos, netos, bisnetos e tata- 
ranetos.
A idolatria aparece como uma segunda proibição nas tábuas 
dos dez mandamentos, vindo apenas atrás do primeiro que alerta 
que só existe um verdadeiro Deus que deve ser adorado:
Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem 
de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da 
terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás 
culto, porque eu, 0 Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que 
castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a tercei- 
ra e quarta geração daqueles que me desprezam.
Êxodo 20:4-5
2 1 8
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
Deus é incomparável e qualquer tentativa de construir uma 
figura que lembre ou faça referência a Sua grandeza é chamada 
de abominação. Mas, muito pior que isso, é o fato de que os 
praticantes da idolatria, acabarem fazendo uma sociedade, ou um 
acordo com demônios:
Será que 0 sacrifício oferecido a um ídolo é alguma 
coisa? Ou 0 ídolo é alguma coisa? Não! Quero dizer que 0 
que os pagãos sacrificam é oferecido aos demônios e não a 
Deus, e não quero que vocês tenham comunhão com os 
demônios. Vocês não podem beber do cálice do Senhor e 
do cálice dos demônios; não podem participar da mesa do 
Senhor e da mesa dos demônios.
1 Coríntios 10:1921־
A Bíblia também revela outras formas sutis de idolatria que 
trazem, em sua prática, o juízo de maldição como em Isaías: “aos 
que confiam no poder místico dos amuletos, mas não aten- 
tam para Deus, nem buscam ao Senhor” (31:1). Por isso, rejeite 
todo desejo de buscar as rápidas soluções e os atalhos “mágicos” 
de Satanás.
O inimigo buscará sempre seduzir o crente a levar para dentro 
de sua vida elementos perniciosos de adoração como amuletos, 
objetos energizados em rituais ocultistas ou ídolos de qualquer 
espécie. Esses objetos, em vez de produzirem riqueza, fama, poder 
e paz, trarão miséria, tristeza, humilhação e guerra:
Vocês queimarão as imagens dos ídolos dessas na- 
ções. Não cobicem a prata e 0 ouro de que são revestidas; 
isso lhes seria uma armadilha. Para 0 Senhor, 0 seu Deus, 
isso é detestável. Não levem coisa alguma que seja de- 
testável para dentro de casa, se não também vocês serão 
separados para a destruição. Considerem-na proibida e 
detestem-na totalmente, pois está separada para a des- 
truição.
Deuteronômio 7:25-26
219
Blindagem Contra As Trevas
A idolatria é uma forma gravíssima de abandonar ao Senhor e 
perder a proteção divina. Ao tolerar algumas práticas ecumênicas 
em nome do bem-estar e da boa convivência familiar, o crente 
poderá dar razão para a sua própria derrota.
EX TR A IN D O A PRAGA PARA FORA 
D E CASA
Ezequias foi um rei que “fez o que o Senhor aprova” (2 Reis 
18:3) e eliminou toda a possibilidade de idolatria, de tolerância 
ecumênica e ainda fez em pedacinhos a serpente de bronze que 
Moisés havia feito, pois o povo de Deus passou a adorá-la e carre- 
gá-la em seus ombros em procissões:
Ezequias (...) fez 0 que 0 Senhor aprova, tal como ti- 
nha feito Davi, seu predecessor. Removeu os altares idóla- 
tras, quebrou as colunas sagradas e derrubou os postes 
sagrados. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés 
havia feito, pois até àquela época os israelitas lhe queima- 
vam incenso. Ela era chamada Neustã."
2 Reis 18:1-4
Neustã era o nome dado a uma serpente de metal construída 
em uma haste feita por Moisés por ocasião de uma rebelião de 
Israel contra Deus. Não era um ídolo, mas acabou tornando-se 
em um ídolo.
Essa figura de bronze era apenas uma sombra que apontava 
para Jesus que viría para vencer o pecado. Porém, acabou se tor- 
nan do objeto de culto e as pessoas, em vez de adorarem e confia- 
rem em Deus, passaram a confiar naquele pedaço de metal.
Contextualizando, Neustã é tudo aquilo que tem o primeiro 
lugar na vida do homem e o separa da verdadeira adoração ao 
Senhor. E tudo o que é idolatrado, seja uma coisa, uma pessoa ou 
uma instituição. Não é pecado ter carro, emprego ou dinheiro,
220
contanto que a primazia do louvor esteja em Deus que deve estar 
sempre em primeiro lugar:
Eu sou 0 Senhor; esse é 0 meu nome! Não darei a outro 
a minha glória nem a imagens 0 meu louvor.
Isaías 42:8
Ezequias, o rei de Judá, deixou um ensino de como vencer 
e despojar a praga, além de trazer a recompensa e os benefícios 
do Senhor para sua casa e sua pátria: uma vida reta aos olhos de 
Deus, com uma fé que deu crédito à Sua Palavra como verdade 
absoluta85.
Em segundo lugar, buscou a santidade e desprezou os ca- 
minhos perversos das tradições religiosas de seus antepassados e 
familiares. E, por fim, cumpriu com zelo e dedicação os manda- 
men tos “que o Senhor tinha dado a Moisés” (2 Reis 18:6b).
Com coragem moral e bênção espiritual, enfrentou um ini- 
migo que era maior do que Judá e Israel em força, mas menor do 
que o Deus em quem confiou, pois, “o Senhor estava com ele; era 
bem-sucedido em tudo o que fazia” (2 Reis 18:7a).
A casa de Judá estava cercada por um exército de 185 mil sol- 
dados aparelhados com carros de guerra e armamento sofisticado 
para aquela época, e que deveríam trazer uma fácil vitória para os 
seus inimigos, a Assíria e seu rei.
Judá, ao contrário, não tinha forças, nem armas, nem estra- 
tégias, nem vizinhos amigos ou nenhuma outra maneira de se 
livrar da fatal invasão de seu reino e suas casas. Mas ao confiar no 
Senhor, recebeu um dos livramentos mais extraordinários regis- 
trados nas Escrituras:
Portanto, assim diz 0 Senhor acerca do rei da Assíria: 
"Ele não invadirá esta cidade nem disparará contra ela
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
85 B R O W N , R aym ond E.; FIT Z M Y E R , Joseph A.; M U R P H Y , R oland E. Novo Com en- 
tário Bíblico São Jerôn im o: A ntigo Testam ento (Página 1065). São Paulo: Editora 
A cadem ia Cristã e Editora Paulus, 2 0 0 7 .
221
Blindagem Contra As Trevas
uma só flecha. Não a enfrentará com escudo nem construi- 
rá rampas de cerco contra ela. Pelo caminho por onde veio 
voltará; não invadirá esta cidade", declara 0 Senhor. "Eu a 
defenderei e a salvarei, por amor de mim mesmo e do meu 
servo Davi".
2 Reis 19:32-34
Deus declara insistentemente todo o Seu amor e cuidado 
para com o Seu povo. Ele revela o Seu caráter imutável e provê 
garantias de que o homem que santifica e purifica a sua vida e seu 
lar, viva sem temer a praga:
Pois eu, diz 0 Senhor, serei para ela um muro de fogo 
em redor, e para glória estarei no meio dela (...) Porque 
assim diz 0 Senhor dos Exércitos: Depois da glória ele me 
enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que 
tocar em vós toca na menina do seu olho.
Zacarias 2:8
C O M O IM PED IR A EN TR A D A D A PRAGA?
A praga é ligada frequentemente, senão sempre, ao pecado86. 
Ela é o resultado natural do afastamento e de uma vida longe dos 
conceitos de felicidade da Bíblia. Entretanto, o seu propósito é 
gerar arrependimento e obediência ao Criador.
O livro do Apocalipse fala sobre os dias do fim e sobre as 
sete pragas que serão derramadas sobre toda a humanidade, e que 
não atingirão o povo de Deus. Apesar de serem causas de imensa 
dor, as desgraças não serão suficientes para o arrependimento dos 
ímpios, da mesma forma como aconteceu no tempo do Êxodo.
No passado, o Egito foi palco do mais catastrófico ataque 
de pragas. Chamadas de “julgamento” (Êxodo 7:4) e também de
86 S C H O K E L , Luis A lonso. C A R N IT I, Cecilia. Salmos II - G rande C om entário Bíbli- 
co dos Salmos (Página 1166). São Paulo: Editora Paulus, 1998 .
222
“sinais” e “maravilhas” (Êxodo 7:3), essas pragas foram a reação da 
justiça de Deus contra a iniquidade e a obstinação.
Águas tornam-se em sangue, rãs invadiram o país, piolhos 
e moscas infestaram as casas, a peste atingiu os animais, úlceras 
atacaram todos os seres viventes, uma chuva de pedras castigou 
ferozmente a nação, gafanhotos dizimaram as plantações e as tre- 
vas cobriram a face daquela terra por três longos dias, mas, apesar 
disso, não houve nenhum sinal de arrependimento.
Já ao término da oitava praga, a dos gafanhotos, as calamida- 
des sofridas até então tinham sido tão severas que o Egito estava 
completamente arruinado. Os próprios servos do Faraó lhe ha- 
viam dito: “Acaso não sabes ainda que o Egito está arruinado?” 
(Êxodo 10:7). Porém, mesmo assim, não houve arrependimento.
Contudo, ainda havia um ataque final ao qual nenhuma das 
pragas anteriores foi capaz de comparar-se: a morte dos primogê- 
nitos, tanto dos homens quanto dos animais. Essa praga entrou 
dentro da casa dos egípcios e ficou conhecida como o “anjo des- 
truidor” que trouxe a morte exatamente à meia-noite a toda a 
terra do Egito.
Todos e somente os primogênitos morreram, tanto os dos ho- 
mens quanto os dos animais. Isto foi a maior calamidade familiar 
já ocorrida. Um grande clamor de desespero ouviu-se por todo o 
Egito. Contudo todas as casas de Israel foram poupadas, pois a 
praga não teve permissão de entrar ali.
U M A HABITAÇÃO BLIN D A D A
Como as casas de Israel conseguiram evitar todas as coisas 
más que atingiram o Egito? Como puderam evitar o medo? Como 
puderam atravessar aquele tempo difícil sem desmaiar? A resposta 
está na ponta da língua: eles fizeram do Altíssimo, um refúgio87.
8 7 C A L V IN O , João. O Livro dos Salmos, Volume 3 - Salm os 6 9 —106 (Página 4 5 7 ). São 
Paulo: Edições Parakletos, 2 0 0 2 .
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
223
Blindagem Contra As Trevas
Mais do que isso, Israel fixou o sangue de Cristo nos umbrais 
de suas residências. Ao fazerem isso, eles fizeram uma comunica- 
ção expressa ao m undo espiritual maligno: “Aqui você não entra! 
O Senhor é a m inha habitação e nenhum mal me sucederá e pra- 
ga nenhuma está autorizada a passar destes batentes!”
Eles anunciaram a presença de Deus em suas tendas, por isso, 
nenhum mal os alcançou88. A tenda representa um abrigo passa- 
geiro. Assim como este m undo é para nós uma morada transito- 
ria, porque esperamos a morada definitiva no céu. Em breve, o 
Rei Jesus voltará e nos levará para sua habitação onde já preparou 
um lugar de paz.
E, por enquanto, devemos fazer de Deus a nossa habitação 
através da aliança com Jesus. Só o pacto desse sangue manterá 
a praga distante89. Repito, essa é única razão do enorme poder 
protetor: o sangue do Cordeiro, Jesus de Nazaré. Se tão somente 
o homem permanecer Nele, continuará vencendo a praga hoje e 
protegendo o futuro e a eternidade de sua família:
Eles, pois, 0 venceram por causa do sangue do Cor- 
deiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, 
mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.
Apocalipse 12:11
SÓ A MARCA D O SANG UE
E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que 
estiverdes (...) vendo eu sangue, passarei por cima de vós, 
e não haverá entre vós praga de mortandade, quando 
eu ferir a terra do Egito (...) Porque 0 SENHOR passará para 
ferir aos egípcios, porém quando vir 0 sangue na verga da
88 H A R M A N , A llan M . C om entários do A ntigo Testam ento — Salm os I. São Paulo: 
C ultura Cristã, 2 0 1 1 .
89 C H A P M A N , M ilo L ; PU R K ISE R W. T.; W O LF, Earl C ; H A R PE R , A . E C om entá- 
rio Bíblico Beacon, V olum e 3 — Jó a Cantares de Salom ão (Página 2 5 6 ). R io de Janeiro: 
Editora C P A D , 2 0 0 5 .
2 2 4
porta, e em ambas as ombreiras, 0 SENHOR passará aquela 
porta, e não deixará 0 destruidor entrar em vossas casas, 
para vos ferir.
Êxodo 12:12-13 e 23
O sangue é uma moeda de troca espiritual pela qual Jesus ad- 
quiriu nossa liberdade (Atos 20:28). Nós fomos comprados com 
o sangue da cruz para permanecermos livres, especialmente para 
nunca mais voltar ao pecado que aprisiona e abre brechas à entra- 
da da praga.
Qualquer espírito imundo só se alimentará da sujeira da ini- 
quidade. O pecado atrai o Diabo e a única forma de a praga per- 
manecer na vida de uma família é encontrando habitação no lixo 
da iniquidade. Conseguir extinguir a prática do pecado através da 
Palavra de Deus, que é a verdade, trará, simultaneamente, liberta- 
çao de qualquer contaminação de Satanás.
O arrependimento e a confissão dos pecados são bases da li- 
bertação espiritual de uma família. Essas atitudes de conversão 
a Deus são insuportáveis para todos os demônios, que são obri- 
gados a bater em retirada. Em minha caminhada no ministério 
de libertação, tenho visto inúmeros casos de lares em ruínas que 
foram restaurados pela obediência a esses princípios. Arrependa- 
-se e “creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa” 
(Atos 16:31).
ORAÇÃO
S e n h o r m e u D eus, em n o m e d e Je su s m e u S a lvado r, q u e ro p e d ir pe r- 
d ã o p o r te r s id o n e g lig e n te e ir re s p o n s á v e l co m re la çã o à v id a e s p ir itu a l 
d e m in h a fa m ília e p e rm it ir q u e se a b r is s e m p o r ta s p a ra a e n tra d a d e 
p ra g a s n a m in h a d e s c e n d ê n c ia .
C o n fe s so o s m e u s e n v o lv im e n to s q u e d e ra m p e rm is s ã o p a ra q u e 0 
m a l m e a t in g is s e e re n u n c io a o p e c a d o d a id o la t r ia . C a n ce lo to d a a ve- 
n e ra çã o e a d o ra ç ã o q u e d e i à s im a g e n s d e e s cu ltu ra e d e s a u to r iz o to d o
10. Praga Não Atinge a Minha Casa
225
Blindagem Contra As Trevas
0 e fe ito e s p ir itu a l d e s se s p e c a d o s s o b re a m in h a v ida . R e n u n c io ta m b é m 
a to d o s o s a m u le to s , p a tu á s , ta lism ã s , a lé m d e q u a is q u e r o u tro s o b je to s 
q u e u s e i co m 0 f im d e " d a r s o r te " o u liv ra r-m e d e q u a lq u e r m a l, p o is 
s o m e n te 0 S e n h o r p o d e re a lm e n te p ro tege r, s a lv a r e a b e n ç o a r a m in h a 
fam ília .
Tam bém co n fe s so to d o s o s m e io s o c u lt is ta s e d e a d iv in h a ç ã o q u e 
c o n su lte i e p e ç o p e rd ã o p e la s e x p e r iê n c ia s m ís t ic a s q u e p e rm it ira m q u e 
q u a lq u e r p ra g a d e m a ld iç ã o a ta c a s s e a m in h a h is tó r ia . A s s im , a tra v é s d e s - 
sa c o n f is s ã o d a s m in h a s in iq u id a d e s , e u d e s lig o a g o ra , em n o m e d e Je su s 
C ris to , to d o 0 e fe ito e s p ir itu a l d e s se s p e c a d o s s o b re a m in h a v id a e d a 
m in h a fam ília .
P eço p e rd ã o p o r q u a lq u e r e n v o lv im e n to co m 0 E s p ir it ism o K a rd e c is - 
ta, a U m b a n d a , 0 C a n d o m b lé , a Q u im b a n d a , a M a g ia N e g ra e to d a s a s 
o u tra s lin h a s d a fe it iç a r ia , d a m a cu m b a r ia e do u so d e p o d e re s m á g ico s . 
Em n o m e d e Jesu s , re n u n c io a to d a s a s c o n sa g ra ç õ e s d a m in h a p e s so a 
q u e fo ram fe ita s à s q u a is q u e r e n t id a d e s e d e s fa ço e s p ir itu a lm e n te to d o 
p a c to co m a s tre va s e s e u s e s p ír ito s im u n d o s q u e m e a t in g ira m e e n v o lv e - 
ram a m in h a fa m ília e m in h a lin h a g e m .
Eu in v o c o 0 s a n g u e d e Je su s C r is to e 0 p o d e r d a c ru z n o s u m b ra is 
d a m in h a ca sa e d a m in h a fa m ília , e to rn o s e m e fe ito to d o s o s te rm o s d e 
a lia n ç a s m a lig n a s , d e s a u to r iz a n d o to d o e q u a lq u e r d ire ito d e p e r s e g u iç ã o 
s a tâ n ica , su a s c o n se q u ê n c ia s e in f lu ê n c ia s em re la çã o à s m in h a s su ce ss i- 
va s g e ra çõ e s . Eu e s ta b e le ç o u m d iv is o r d e á g u a s co m u m n o v o cé u s o b re 
a s m in h a s fu tu ra s d e s c e n d ê n c ia s e u m a n o v a re a lid a d e e sp ir itu a l, l iv re d a s 
p e rn ic io s a s in f lu ê n c ia s d e S a ta n á s a tra v é s d e s s a co n fis sã o .
D e b a ix o d o p o d e r d o s a n g u e d e C r is to e u fa ç o u m a c o m u n ic a ç ã o 
e xp re ssa a o m u n d o e s p ir itu a l m a lig n o : N ã o to q u e em m in h a v id a n e m 
na m in h a fa m ília ! N a m in h a ca sa n e n h u m m a l en tra rá , p o is 0 S e n h o r é a 
m in h a h a b ita ç ã o e n e n h u m m a l m e s u c e d e rá e p ra g a n e n h u m a p a s s a rá 
p e lo s m e u s b a te n te s ! Em n o m e d e Jesu s , am ém .
226
b
C apítulo 1 1
NVENCÍVEIS 
PROTEGEM
m .O anjo do Senhor é sentinela ao redor 
daqueles que o temem, e os livra.
Salmo 34:7
Ex ér c ito s in v en c ív eis 
me Pro teg em
"Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, 
para que 0 protejam em todos os seus caminhos; com as 
mãos eles 0 segurarão, para que você não tropece em algu- 
ma pedra."
Salmo 91:11,12
Λ crença na existência de mensageiros angelicais é de ca- ráter universal. Negar essa verdade é negar a própria Bí- 
blia. Esses seres ocupam posição de destaque como ministros a 
serviço de Deus para livrar, julgar, executar e proteger desde o 
início da história da humanidade. Entretanto, tratar desse tema 
só será possível se investigarmos um vasto campo de abordagens, 
testemunhos e passagens bíblicas.
O começo da trajetória do ser hum ano é marcado pelo pecado 
e pela presença de um anjo com uma espada de fogo guardando o 
Jardim do Éden. O Antigo Testamento apresenta diversas outras 
aparições como no episódio do profeta Balaão que quase perdeu 
a sua vida ao encontrar com um anjo no caminho para Moabe. 
E, nos tempos do rei Ezequias, quando o reino de Judá recebeu o 
livramento de um anjo que aniquilou o iminente ataque de um 
exército inimigo.
O início do Novo Testamento também conta com uma enor- 
midade de aparições de anjos. Um apareceu para Maria, avisan- 
do da concepção e nascimento do Salvador; também apareceram 
para José, seu esposo, e para os pastores na noite de Natal, que os 
ouviram cantar com alegria e anunciar a paz na Terra aos homens; 
Jesus, por sua vez, foi servido por anjos após os dias de deserto,
229
Blindagem Contra As Trevas
de jejum e de tentação; e também foi confortado no Jardim do 
Getsemani, na véspera de sua crucificação.
Mas é no último livro das Sagradas Escrituras - o Apocalipse 
- onde se encontra o ápice da visão de anjos. De início, o anjo do 
Senhor aparece e sua glória aterroriza o apóstolo João, mas, depois 
entrega mensagens para as igrejas da Ásia. Em diversas passagens, 
o tamanho desse exército de seres angelicais é contado como de 
milhões de milhões; e milhares de milhares (Apocalipse 5:11).
Eles lançam pragas, abrem juízos selados, tocam trombetas, 
derramam taças de ira, ajuntam os justos e os ímpios para o julga- 
mento diante do trono do Altíssimo e apresentam os salvos para a 
vida eterna. E essa é a ênfase do Salmo 91, a poderosíssima atua- 
ção desses seres como protetores do povo do Altíssimo.
O INCRÍVEL T O M B O D E U M ANJO
Como caíste desde 0 céu, ó Lúcifer, filho da alva! 
Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!
Isaías 14:12
Lúcifer foi um dos mais poderosos e extraordinários seres de 
toda a criação de Deus. O profeta Isaías traz, à lembrança, a his- 
tória desse anjo que caiu do céu e o compara a uma estrela que 
brilhou tão poderosamente que era capaz de anunciar a chegada 
do alvorecer.
Porém, o singular destaque está na forma pela qual foi reti- 
rado daquele lugar alto. Repare que esse anjo não foi derrubado, 
mas foi “cortado por terra”. Isso não diz respeito a alguém que 
caiu da cama ao chão, mas a história da sua queda é muito mais 
grave. A comparação é com uma estrela que estava no mais alto 
céu e que caiu para um lugar tão baixo e tão profundo, que além 
de perder todo o brilho de sua luz, terminou batendo no assoalho
230
mais baixo do inferno. A partir do evento desse tombo, recebeu o 
nome de Satanás que, traduzido, significa “Adversário”.
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
SURGE U M ANJO ADVERSÁRIO
A razão da queda foi a rebelião dessa criatura contra o seu 
Criador. Sua extrema perfeição, sua beleza exuberante e o seu ca- 
minhar embelezado, encheram o seu próprio coração de orgulho, 
a ponto de imaginar, em seu íntimo, o absurdo de que não preci- 
sava mais de Deus ou que poderia ser Deus.
Esses sintomas encontrados em Lúcifer, têm, como caracte- 
rísticas, um a combinação de elementos: a revolta misturada ao 
desejo natural de difamar a autoridade do Criador; a vontade per- 
versa de ter autonomia em relação a Ele; um vício crônico de insa- 
tisfação, demonstrado pela constante reclamação contra qualquer 
autoridade; a autopromoção revestida de culto “a si mesmo”90; e, 
por fim, a aparência despretensiosa de servo “superstar”, mas que 
esconde o ardente desejo de poder:
E tu dizias no teu coração: "Eu subirei ao céu, acima 
das estrelas de Deus exaltarei 0 meu trono, e no monte 
da congregação me assentarei, aos lados do Norte. Subirei 
sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssi- 
mo". E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profun- 
do do abismo.
Isaías 14:13-15
Deus não inventou o Diabo, pelo contrário, ele foi criado 
como um ser “perfeito em seus caminhos”, mas o seu coração 
elevou-se por causa da sua formosura que o levou a corromper a 
sua sabedoria aguçada por causa do seu resplendor; por isso foi re- 
tirado do céu e da presença de Deus e foi humilhado no desprezo 
(Ezequiel 28:17).
90 FÁ B IO , C aio. Síndrom e de Lúcifer - I a Edição (Página 8). B elo H orizonte: Betânia, 
1988 .
231
Blindagem Con era As Trevas
Por causa de sua arrogância, foi lançado para fora do Céu 
como objeto imundo que alcançou uma trajetória chamada pelos 
teólogos de “queda”. A cobiça doentia em querer subir ao Céu, 
rivalizando com Deus, e a inútil tentativa de colocar o seu próprio 
trono mais alto que as estrelas de Deus, levou-o a um afastamento 
eterno:
Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, 
mas, havendo-os lançado no inferno, entregou-os às ca- 
deias da escuridão, ficando reservados para 0 juízo.
2 Pedro 2:4
Cabe aqui uma advertência. Pessoas que estampam tama- 
nha formosura, inteligência e carisma, que se tornam arrogantes 
e transformam-se em seres sem a necessidade de mais ninguém, 
nem mesmo de Deus, correm sério perigo. E se não forem con- 
frontadas, se não encontrarem um lugar de arrependimento em 
seus corações, se não se humilharem diante do seu Criador, terão 
o mesmo final trágico e irremediável do anjo Lúcifer: o inferno.
O ANJO DAS TREVAS N Ã O CAIU SO Z IN H O
Então apareceu no céu outro sinal: um enorme dragão 
vermelho com sete cabeças e dez chifres, tendo sobre as ca- 
beçassete coroas. Sua cauda arrastou consigo um terço 
das estrelas do céu, lançando-as na terra.
Apocalipse 12:3,4
O termo “dragão vermelho” é empregado dentro dos escritos 
judaicos como um símbolo de Satanás. Esse ser é contextualizado 
dentro do livro do Apocalipse por um conjunto de idéias: a sua 
cor faz referência a um dos os quatro cavaleiros do segundo juízo 
selado, o grande homicida (João 8:44), que vem galopando sobre 
o cavalo vermelho e que trará a guerra e a violência em proporções 
jamais experimentadas pela humanidade.
232
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
O chifre é um símbolo de poder, representado como um do- 
mínio descomunal que, com um único golpe de sua gigantesca 
cauda, varreu os céus e derrubou dali um terço de todos os anjos 
que estavam sob sua autoridade. Toda essa visão altamente simbó- 
lica tem, como foco, os bastidores da revolta original de Satanás.
Durante essa rebelião contra Deus, uma terça parte de todos 
os poderes angelicais prestou lealdade a Satanás, e passaram a ser 
denominados nas Escrituras como demônios, os quais Jesus nor- 
malmente chamava de “espíritos imundos”, que são escalonados 
em posições hierárquicas muito bem definidas:
Pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os 
poderes e autoridades, contra os dominadores deste 
mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas 
regiões celestiais.
Efésios 6:12
EM M EIO A U M A GUERRA ESPIRITUAL
Há um dramático quadro de guerra espiritual que atinge toda 
a história desde o princípio. Deus nos criou após um processo de 
rebelião de seres celestes componentes de uma ordem hierárquica 
que era totalmente distinta da humanidade, e que detinha um 
lugar exaltado acima da posição do ser humano.
Essa revolta que começou a partir do m undo espiritual, ainda 
hoje, busca, no lado humano, seus aliados. Por isso, somos con- 
vocados a lutar. H á uma decisão a ser tomada por todos os seres 
criados que definirá para quem prestarão lealdade, se a Cristo ou 
ao inimigo.
A Bíblia não nos deixa ignorantes quanto ao lado certo da 
peleja, mas também revela que precisaremos de apoio do mun- 
do espiritual. Primeiro necessitaremos da santidade que vem da 
aliança com Cristo, bem como da cobertura do Seu sangue que 
nos guarda do mal. Em segundo lugar, precisamos da armadura
233
Blindagem Con era As Trevas
de Deus, com a qual poderemos “estar firmes contra as astutas 
ciladas do Diabo” (Efésios 6:11) e, por fim, carecemos do apoio 
tático dos anjos, os exércitos invencíveis do Senhor dos Exércitos.
M U IT O C U ID A D O C O M ELES
A adoração aos anjos é um fato relativamente comum que 
vem ocorrendo de maneira sistemática dentro da experiência de 
vida religiosa de algumas pessoas. Porém, esse é um erro grave que 
tem atingido em cheio, até mesmo alguns segmentos da fé crista.
Por trás dessa distorção esconde-se uma grande mentira. Exis- 
te um conceito pervertido de que Deus está ocupado demais ou 
distante demais para perceber e se importar com o drama huma- 
no. Aceitar essa lógica seria o mesmo que dizer que os anjos são 
mais atenciosos e responsáveis que o próprio Deus, que é amor 
em essência e que é Todo-Poderoso. Adorar a anjos é um enorme 
erro e uma grande heresia.
Deus é onisciente, onipotente e onipresente. Sabe, pode e 
está em toda circunstância, situação e lugar. Mas isso não significa 
que ele falará, responderá ou agirá como o homem, ou o seu dis- 
cernimento deseja. Por isso, na pressa em aliviar um sofrimento 
pessoal, ou diante de uma crise, alguns incautos buscam legitimar 
a prática de pedir auxílio diretamente a algum anjo.
Mas ao procurarem amparo em seres espirituais, através de 
orações, rezas, invocações ou velas, ainda que dirigidas a anjos 
“do bem”, são levados à terrível prática do pecado da idolatria. 
Um pecado tão grave que é comparado a um rito de feitiçaria (1 
Samuel 15:23).
O caso também ocorre quando há o desejo de expressar gra- 
tidão em ocasiões semelhantes em que existe uma percepção clara 
de que houve uma interferência do Céu na Terra. Esse é outro 
erro cometido por alguns que imaginam os anjos como uma es­
234
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
pécie de intercessores e, por isso, acabam tornando-se enganosa- 
mente plausíveis de devoção.
Cultos e rezas que pedem graça ou revelam louvores a São 
Miguel Arcanjo, a Gabriel, ou qualquer outro anjo, são erros co- 
muns em nosso tempo, mas que infelizmente também atingiram 
a igreja da antiguidade:
Não permitam que ninguém que tenha prazer numa 
falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de al- 
cançar 0 prêmio.
Colossenses 2:18
Os que se envolvem nesse tipo de prática, não apenas estão 
pecando contra Deus, como também estão caindo em uma antiga 
armadilha que pode impedir o filho de Deus de “alcançar o prê- 
mio” da vida eterna. Por isso, as Escrituras advertem gravemente 
contra esse tipo de perturbação religiosa, denunciando que tal 
atitude é culto a demônios:
Portanto, que estou querendo dizer? Será que 0 sacrifí- 
cio oferecido a um ídolo é alguma coisa? Ou 0 ídolo é algu- 
ma coisa? Não! Quero dizer que 0 que os pagãos sacrificam 
é oferecido aos demônios e não a Deus, e não quero que 
vocês tenham comunhão com os demônios.
1 Coríntios 10:19,20
A tentativa de reconhecer e honrar esses seres por ter recebido 
algum benefício, um favor ou mesmo um milagre em momentos 
de aflição é rejeitada até mesmo pelos próprios anjos.
João, o discípulo mais próximo de Cristo, e um gigante espi- 
ritual no meio da Igreja, chamado de Apóstolo do Amor, também 
caiu na tentação de exaltar e adorar um desses seres, mas foi du- 
ramente repreendido:
Eu, João, sou aquele que ouviu e viu estas coisas. Ten- 
do-as ouvido e visto, caí aos pés do anjo que me mostrou 
tudo aquilo para mim, para adorá-lo. Mas ele me disse:
235
Blindagem Contra As Trevas
"Não faça isso! Sou servo como você e seus irmãos, os pro- 
fetas, e como os que guardam as palavras deste livro. Adore 
a Deus!"
Apocalipse 22:8,9
U M EXÉRCITO V E N C E D O R
O Deus que nos chamou para lutar e vencer as trevas tem 
um time que nunca perdeu, um esquadrão invicto que jamais 
experimentou a derrota, mas que se colocou no lado vencedor na 
história: os anjos poderosíssimos que compõem o contingente do 
Senhor dos Exércitos e que fazem parte do Reino de Deus:
Houve então uma guerra no céu. Miguel e seus an- 
jos lutaram contra 0 dragão, e 0 dragão e os seus anjos 
revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, 
e assim perderam 0 seu lugar no céu. 0 grande dragão 
foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou 
Satanás, que engana 0 mundo todo. Ele e os seus anjos 
foram lançados à terra.
Apocalipse 12:7-9
No conflito entre o bem e o mal, os anjos capitaneados pelo 
Arcanjo Miguel, que aparece como o anjo guardião, venceram a 
batalha no céu porque juntos receberam um poder emanado dire- 
tamente do trono de Deus para triunfar sobre as trevas.
E isso também aconteceu porque os demônios nunca foram 
suficientemente fortes contra eles: “Guerrearão contra o Cordei- 
ro, mas o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o 
Rei dos reis; e vencerão com ele os seus chamados, escolhidos e 
fiéis” (Apocalipse 17:14).
Precisamos lembrar que os anjos têm um lugar muito mais 
importante na Bíblia do que os demônios. Se os demônios nos 
atacam, os anjos nos defendem. Os anjos têm a capacidade ex- 
traordinária de intervenção em assuntos que envolvem todos os
236
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
filhos de Deus. Eles têm autoridade de Deus e, por isso, guiam, 
consolam e cuidam do povo do Eterno em meio ao sofrimento e 
perseguição.
D EU S O R D E N A ANJOS EM N O SSO FAVOR
Apesar de nem sempre termos consciência da presença desses 
seres, as Escrituras falam por si mesmas. Por isso, devemos nos 
ater à verdade da Palavra de Deus antes de prosseguirmos, pois, 
algumas tradições são ensinadas como se fossem a própria verdade 
e, não são.
Certas visões místicas e antibíblicasdistorcem algumas por- 
ções dos Livros Sagrados no esforço de obterem uma teologia 
sustentável que atenda à necessidade hum ana de uma providên- 
cia espiritual em casos de emergente aflição. Por isso, vemos in- 
cluídos, desde a literatura infantil dos gibis em quadrinhos até 
em material esotérico destinado ao público adulto, o uso da figu- 
ra de um anjo protetor para cada ser humano.
Prescindir da Bíblia e basear o assunto em experiências hu- 
manas dá ao tema uma interpretação particular absolutamente 
fora dos recursos hermenêuticos. O movimento pagão conhecido 
como Nova Era, por exemplo, toma figuras do Antigo e do Novo 
Testamento e as espiritualizam, transformando-as em falsas pro- 
teções, semelhantes às usadas pelas magias ocultistas. Sugerem até 
rituais e rezas capazes de produzir a substituição ou a troca de um 
“anjo da guarda” por outro em caso de insatisfação. Nada mais 
tolo! Pois os anjos estão sob a autoridade exclusiva do Senhor:
Porque a seus anjos Ele dará ordens...
Salmo 91:11
Os anjos, biblicamente referenciados, não são do jeito que as 
literaturas fantasiosas contam, nem como as figuras natalinas ou
2 3 7
Blindagem Contra As Trevas
as imagens barrocas sugerem. E também não são “anjos da guar- 
da”. Aliás, não há nenhum a referência a protetores espirituais de 
crianças ou indefesos. Parte dessa doutrina vem do conceito de 
que cada pessoa tem um guia ou um ajudador espiritual, que cui- 
da de seus caminhos e que pode oferecer uma proteção imediata: 
Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores 
enviados para servir aqueles que hão de herdar a salva- 
ção?
Hebreus 1:14
O M INISTÉRIO D O S ANJOS
O serviço prestado pelo ministério dos anjos de Deus pode ser 
variado e diz, inicialmente, respeito à obra e à adoração a Deus. 
Mas esses seres espirituais também têm o propósito de servir às 
pessoas que chegam à salvação por Jesus Cristo, sempre sob as 
ordens de Deus.
No Novo Testamento, essas criaturas são mencionadas por 
175 vezes91, sempre servindo aos crentes. Nesse caso, o anjo guar- 
dião é especialmente destinado ao cuidado, pois recebe as seguin- 
tes ordens específicas em favor dos homens: “para que o protejam 
em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para 
que você não tropece em alguma pedra” (Salmo 91:11,12).
Agora, imagine a imensidão de anjos, cujo número existente 
é de “milhares de milhares” e “milhões de milhões” (Apocalipse 
5:11), com ordens recebidas específicas para socorrer a nossa vida. 
Somente a alusão relativa a essa multidão incontável e que ultra- 
passa a imaginação já é motivo para nos tranquilizar.
91 R O B E R T S O N , A . T. C om entário D o Novo Testam ento À Luz D o Novo Testam ento 
Grego (Página 8 0 ). R io de janeiro: Casa Publicadora das A ssem bléias de D eu s, 2 0 1 1 .
238
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
O O FÍCIO D O S ANJOS
Porque na ressurreição nem casam nem são dados em 
casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu.
Mateus 22:30
Todos os anjos foram criados de uma só vez e, por não se 
reproduzirem, podemos dizer que cada um deles é uma obra ori- 
ginal. E, ao contrário do que alguns argumentos de estudiosos 
enfatizam, a Bíblia não diz que eles não têm sexo, mas diz que eles 
não se casam no céu.
Curiosamente, a Palavra de Deus também não faz nenhuma 
alusão à identidade de anjos do gênero feminino, pois são sempre 
citados no sentido masculino.
Os nomes pelos quais os anjos são conhecidos dão uma ideia 
do poder e do ofício exercido por cada uma de suas castas hierár- 
quicas. Seus nomes são poucos e limitados: “arcanjos” (Judas 9), 
“intérpretes” (Jó 33:23), “ministros” (Salmo 104:4), “espíritos” 
(Hebreus 1:14), “estrelas” (Apocalipse 12:4), “filhos de Deus” (Jó 
1:6), “hostes” (Salmo 103:20), “querubins” (Gênesis 3:24), “se- 
rafins” (Isaías 6:2-6), “principados” (Efésios 1:21), “potestades” 
(Efésios 1:21), “poderes” (1 Pedro 3:22), “domínios” (Efésios 
1:21), “santos” (Daniel 4:13), “mensageiros” (Jó 33:23) e “prínci- 
pes” (Josué 3:13,14), entre outras identidades menos conhecidas.
U M EXÉRCITO FORM IDÁVEL
Sei muito bem admirar um exército, trabalhei em um deles 
por mais de 30 anos. Estudei sobre eles. Visitei países como a 
França e a Inglaterra e conheci seus caças, seus blindados e seus 
homens de guerra. Também recebi algumas vezes contingentes da 
Argentina, Venezuela, Canadá, Chile e Uruguai em eventos de 
exercícios aéreos em solo brasileiro.
239
Blindagem Contra As Trevas
Em 2007, durante uma viagem de estudos, enquanto realiza- 
va o Curso de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica, visitei 
algumas das mais impressionantes Escolas de Formação Milita- 
res em West Point e no Alabama, nos EUA. No Pentágono, em 
Washington, pude ver a grandeza e a organização de uma tropa 
formada por soldados determinados e que só pensam em vencer.
Contudo, apesar do poder do US ARMY — o Exército dos 
EUA - os americanos já experimentaram o dissabor de algumas 
vergonhosas derrotas, como ocorreu na invasão frustrada da Baía 
dos Porcos, no sul de Cuba e na Guerra do Vietnam. E a despeito 
de uma defesa aérea extraordinária, foi atacado pelos homens de 
Bin Laden que covardemente derrubaram as Torres Gêmeas em 
Nova York e outros alvos na América. Hoje, sei que não existe 
nenhum exército imbatível entre as nações da humanidade.
No entanto, é quando olho para as páginas da Bíblia que en- 
contro razões para dizer que somente o Senhor tem um invencível 
Exército. Jacó, por exemplo, a caminho de Padã-Arã, estava em 
um lugar sem escapatória, cercado por dois exércitos angelicais e 
disse: “Este é o exército de Deus. E chamou o nome daquele lugar 
Maanaim”, que significa dois bandos (Gênesis 32:1,2).
Semelhantemente, o profeta Micaías também teve a visão do 
formidável Exército de Deus separado em duas frentes poderosís- 
simas: “Vi o Senhor assentado sobre o seu trono, e todo o exér- 
cito do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda” 
(1 Reis 22:19).
O rei Davi faz uma declaração admirável num a visão de Deus 
no meio do Seu Exército e a retratou em forma de canção poéti- 
ca: “Os carros [de guerra] de Deus são vinte milhares, milhares 
de milhares. O Senhor está entre eles, como em Sinai, no lugar 
santo” (Salmo 68:17).
O profeta Eliseu orou para que seu discípulo Geazi pudesse 
ver e se maravilhar com o poderoso destacamento de guerra que
240
os protegia contra um covarde e desproporcional ataque do ini- 
migo Sírio: “Então o Senhor abriu os olhos do rapaz, que olhou e 
viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu” 
(2 Reis 6:17).
Os pastores de Belém viram e ouviram “uma multidão dos 
exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus 
nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens” (Lu- 
cas 2:13,14).
Jesus não precisou apelar para um reforço de tropas celestiais, 
mas declarou abertamente que existem legiões de anjos ao dispor 
do Pai que está nos céus para a sua defesa e que podem ser acio- 
nadas em uma pequena fração de segundos:
E ele não colocaria imediatamente à minha disposição 
mais de doze legiões de anjos?
Mateus 26:53
U M EXÉRCITO INTEIRO A M EU FAVOR
0 anjo do Senhor é sentinela ao redor daqueles que 0 
temem, e os livra.
Salmo 34:7
H á uma enormidade de referências às ações de anjos invencí- 
veis que exercem papéis vencedores e favorecem os filhos de Deus 
contra as forças do mal. No Salmo 91, Deus apresenta esses seres 
magníficos em poder, dando quatro excelentes vantagens táticas 
ao servo de Deus92.
A primeira é que, da mesma forma como temos inimigos in- 
visíveis que atuam em combates além do m undo natural, também 
recebemos a necessária defesa que vem igualmente do campo do 
sobrenatural. Porém, isso não significa um empate técnico, por­
9 2 JO N E S , W illiam . B U R N , J. W. BARLOW , G eorge. H om ilética C om pleta do Prega- 
d o r — C om entário N o Livro D e Salmos VO LU M E II — SA L M O S 8 8 1 0 9 ־ (Página 
2 7 ). N o v aIorque: F U N K & W agnalls C O M P A N Y , 1892 .
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
241
Blindagem Contra As Trevas
que sempre estaremos em vantagem numérica de dois contra um, 
pois o Maligno tem apenas um terço de liderados contra outros 
dois terços fiéis ao Cordeiro.
Em segundo lugar, os anjos recebem ordem a nosso respeito. 
Isso significa singularidade na ordem de comando de Deus. Exis- 
tem detalhadas ações específicas em nosso favor dadas através do 
Trono do Senhor a anjos especialmente nomeados como guardi- 
Ões celestiais para nos auxiliar quando formos atacados por forças 
sobrenaturais:
Na noite anterior ao dia em que Herodes iria submetê-lo 
a julgamento, Pedro estava dormindo entre dois soldados, 
preso com duas algemas, e sentinelas montavam guarda à 
entrada do cárcere. Repentinamente apareceu um anjo do 
Senhor, e uma luz brilhou na cela. Ele tocou no lado de 
Pedro e 0 acordou. "Depressa, levante-se!", disse ele. Então 
as algemas caíram dos punhos de Pedro (...) Tendo saído, 
caminharam ao longo de uma rua, e de repente, 0 anjo 0 
deixou.
Atos 12:6-7; 10
Em terceiro lugar, esses anjos nos guardam em todos os nos- 
sos caminhos. E como sentinelas silenciosas, m ontam guarda 
sobre os que buscam refugio no Senhor, preservando os nossos 
passos e tomando conta de nós contra qualquer ataque das trevas.
Por fim, os anjos são supervisores e ajudadores que te susten- 
tarao em suas mãos. Isso tem o sentido de carregar e no contexto 
do Salmo, os anjos atendem as nossas necessidades naturais e es- 
pirituais, porém também recebemos uma tranquilidade emocio- 
nal que nos faz descansar em paz, sabendo do tamanho cuidado 
de Deus conosco.
Anjos não estão a nossa disposição. Estão à disposição de 
Deus, para servir conforme a ordem de Deus. Eles não servem 
qualquer um, mas apenas os salvos. Os anjos são seres criados,
242
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
caracterizados como espíritos que ministram a favor dos que 
herdarão a vida eterna, apresentados como conservos de todos 
aqueles que guardam o testemunho de Cristo e de sua Palavra, e, 
portanto, protetores a serviço dos filhos de Deus, sob as ordens 
do Senhor.
N Ã O TROPECE EM PEDRA
Os anjos têm um objetivo muito bem definido de apoiar o 
homem para que não tropece e caia. A maneira mais comum de 
tropeçar é pecar. O pecado afasta o homem de Deus e gera a 
morte. Por isso, eles estão prontos para segurar o homem pelas 
mãos. Creio que em situações de tentação, eles podem estar bem 
presentes.
Em ocasiões em que o m undo tenebroso das trevas se levanta 
ferozmente contra as fraquezas humanas devemos experimentar 
pedir ao Pai que está nos Céus, que nos envie as Suas legiões de 
anjos, e clamar para que Ele dê ordens a nosso respeito para não 
tropeçarmos e cairmos.
A esse respeito, é muito interessante o fato de que os anjos 
estão atentos a detalhes, demonstram emoções com tudo o que 
acontece na Terra e se conformam com o Reino dos Céus.
Nas parábolas da Ovelha Perdida, da Dracma Perdida e do 
Filho Pródigo (que por sinal também se perdeu), descritas no ca- 
pítulo 15 do Evangelho de Lucas, há uma enorme expressão de 
alegria entre os anjos por causa de um detalhe: alguém que se 
arrepende. A conversão de um pecador produz uma festa enorme 
entre eles. Essa comemoração angelical não é motivada nem mes- 
mo por noventa e nove justos, a não ser pelo filho arrependido 
que volta às mãos do Pai.
Aparentemente, há uma alegre expectativa entre esses seres 
que aguardam, junto ao trono de Deus, o anúncio do nome dos 
salvos por Cristo: “E digo-vos que todo aquele que me confessar
243
Blindagem Contra As Trevas
diante dos homens também o filho do homem o confessará dian- 
te dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será 
negado diante dos anjos de Deus” (Lucas 12:8).
O apóstolo Paulo também revela pelo Espírito que os anjos 
são atentos observadores do ministério dos homens: “Porque te- 
nho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, 
como condenados à morte; pois somos feitos espetáculos ao m un- 
do, e aos anjos” (1 Coríntios 4:9).
Os anjos deixam marcas de suas pegadas em diversas outras 
passagens da Bíblia. Normalmente, aparecem quando tudo está 
aparentemente perdido, como ocorreu à escrava egípcia Hagar, 
no perigoso deserto de Sur, trazendo um incrível livramento da 
morte (Gênesis 1 6 ־712: ). Eles também anunciam vitórias impos- 
síveis aos homens, como o nascimento de Isaque, quando Abraão 
já estava com quase cem anos e impossibilitado de gerar filhos 
(Gênesis 18:1); e no anúncio de Jesus, quando sua mãe, Maria, 
era apenas uma moça virgem de Nazaré.
Os anjos também livraram a Ló e a sua família por ocasião da 
destruição das cidades de Sodoma, Gomorra, Admar e Zeboim 
(Gênesis 18:16-29; 19:1). Depois disso um anjo impediu que 
Abraão sacrificasse Isaque em Moriá (Gênesis 22:11,12).
Durante a saída do cativeiro egípcio, um anjo foi adiante de 
Moisés para libertar Israel do Egito (Êxodo 33:2); os guiou pelo 
deserto (Êxodo 14:19; 23:20); e a Lei foi dada por ordenação dos 
anjos (Atos 7:53).
Entre os valentes guerreiros de Deus, o Anjo do Senhor, co- 
nhecido como o Príncipe dos Exércitos do Senhor, falou a Josué 
quando se encontrava à entrada de Jerico (Josué 5:13-15); um 
outro comissionou Gideão a libertar o povo de Israel do jugo dos 
midianitas (Juizes 6:11); e um ainda anunciou o nascimento de 
Sansão a Manoá, seu pai (Juizes 13:1).
244
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
No tempo que se seguiu aos reis de Israel e Judá, os anjos 
também afloraram entre o povo de Deus, iminentemente livran- 
do-os de aflições. Um deles acudiu ao profeta Elias quando fugia 
das ameaças de morte de Jezabel (1 Reis 1 9 :5 8 ,logo depois ;(־
seu discípulo, o profeta Eliseu, foi cercado de anjos invisíveis aos 
olhos de seu criado e visíveis aos seus (2 Reis 6:14-17); e também 
um anjo livrou o profeta Daniel da cova dos leões (Daniel 6:22).
Jesus, que teve sua vida, desde o nascimento até sua morte e 
posterior ressurreição e ascensão, pontilhada pela presença desses 
seres, falou de anjos que subiam e desciam sobre Ele (João 1:51); 
que os anjos estarão com ele no julgamento das nações por oca- 
sião da sua segunda vinda (Mateus 25:31); os anjos separarão os 
ímpios dos justos por ocasião da ceifa (Mateus 13:41-49).
Q U A N D O O EXÉRCITO INVENCÍVEL N Ã O 
PO DERÁ VENCER?
Toda a criação e seus seres foram feitos para o serviço e para a 
glória de Deus. Jesus, por exemplo, veio para servir e não, ser ser- 
vido (Marcos 10:45). E significativo entender como esse conceito 
do Reino também afeta a realidade dos anjos: sempre a ordem 
mais elevada dos seres é feita para ministrar aos inferiores, a mais 
forte para ajudar os mais fracos, os iluminados para instruir os 
ignorantes.
Deus é profundamente interessado no bem-estar de cada um 
de Seus filhos e, apesar de sermos tantos, não se confunde e nem 
nos esquece no meio da multidão. Ele cuida como se não tivesse 
mais ninguém para cuidar, dando ordem a cada anjo a respeito de 
cada homem.
245
Blindagem Contra As Trevas
N Ã O ABUSE D A PROMESSA
Mas existe um ponto nevrálgico aqui: Deus nos guarda em 
todos os Seus caminhos, e não nos nossos descaminhos. O pró- 
prio Satanás cita esse verso para Jesus durante a tentação no de- 
serto e omite essa cláusula. Seu propósito maligno foi tentar Jesus 
para que presumisse que, mesmo abusando da promessa de Deus, 
recebería a proteção dos anjos de seu Pai.
Os caminhos de que fala o Salmo são os que levam à obedi- 
ência e não os caminhos da rebelião e do egoísmo. Nos caminhos 
que Deus estabeleceu para que andássemos, encontramos segu- 
rança, mesmo se estivermos fracos.
Se sairmos do caminho da obediência, ficaremos expostos a 
perigos de todos os lados e não apenas perderemos a ajuda dos 
anjos, mas ao invés disso, eles se oporão a nós, com o objetivo de 
levar-nos a refazer os nossos passos e voltarmos a trilhar o verda- 
deiro caminho:
Mas acendeu-sea ira de Deus quando ele foi, e 0 anjo 
do Senhor pôs-se no caminho para impedi-lo de prosse- 
guir.
Números 22:22
Jogar-se de um alto prédio não é um caminho de Deus, ou 
melhor, não é a vontade de Deus. Não faça bobagens e peça para 
Deus mandar seus anjos, pois Ele não será conivente com o mal. 
Não pratique um assalto a banco, pois Deus não será seu parceiro 
em um crime. O caminho de Deus, no qual Ele mesmo dá ordem 
aos anjos, é o caminho da obediência, da justiça e da pureza.
E N C O N T R A N D O ANJOS N O C A M IN H O
Lembro, há alguns anos, do testemunho de um jovem pastor 
que serviu comigo em uma União Evangélica. Ele foi um dos 
grandes homens de Deus que conheci. Um servo cheio do Espí­
246
11. Exércitos Invencíveis Me Protegem
rito de Deus e comprometido plenamente com a oração e com o 
Evangelho da graça de Cristo.
Certa vez, quando era apenas um recém convertido, saiu do 
culto onde o pastor havia pregado sobre a passagem do evange- 
lista Felipe, que foi transladado da cidade de Samaria para Azo- 
to, em Atos 8. Naquele mesmo domingo, atrasou-se e apanhou 
um ônibus que deveria levá-lo até uma outra cidade, onde tinha 
um compromisso relativo a um concurso para uma promoção 
que não poderia faltar. Porém o ônibus não conseguiría levá-lo 
a tempo. Foi aí que, motivado pela mensagem que ouvira, pediu 
ao motorista que parasse, para descer. E mesmo avisado que não 
haveria nenhuma possibilidade de chegar no tempo previsto, aca- 
bou descendo em um lugar absolutamente ermo.
Lá, saiu da estrada e começou a orar atrás de alguns arbustos, 
quando de repente ouviu um carro buzinando à beira da estrada. 
Ao aproximar-se do veículo, o motorista perguntou-lhe para onde 
estava indo e se gostaria de uma carona. E ele pensou: “Se pos- 
so ser transladado daqui, também posso ser de dentro do carro”. 
Ao sentar no banco do carona o motorista perguntou-lhe a que 
horas deveria chegar ao destino para o concurso e ele respondeu 
que deveria estar lá em uma hora.
Porém, a distância de carro até o local desejado era de 4 horas 
no mínimo, ao que o motorista disse: “Mas isso é impossível! Não 
dá para chegar lá em tão pouco tempo”. E olhando para os olhos 
do motorista, o rapaz disse: “Pois para Deus nada é impossível! ”
Imediatamente prosseguiram a viagem. Então ele começou 
a perceber que o veículo adquiriu uma velocidade muito acima 
do normal, mesmo para alguém que estivesse correndo e acabou 
caindo no sono. Então, o mais incrível aconteceu, ao ser desper- 
tado pelo tal motorista estava exatamente em frente ao local do 
destino, com quinze minutos de antecedência.
247
Blindagem Contra As Trevas
De uma forma rápida e instintiva pulou para fora do carro, 
deu alguns passos e aí pensou: “Mas eu nem agradecí ao motorista 
generoso” e foi quando se voltou olhando para trás e percebeu que 
não havia carro, nem motorista, nem ninguém!
Ele contou em lágrimas sobre essa interferência de Deus atra- 
vés de seus anjos na vida de um homem comum, lavado de seus 
pecados e que creu no Deus que dá ordem aos seus anjos a seu 
respeito.
ORAÇÃO
Em nome de Jesus, eu dou graças ao meu Deus, por guardar a minha 
vida em todo 0 tempo. Sei que sou protegido pelos anjos do Altíssimo e 
que Suas m ilícias celestiais têm ordens específicas ao meu respeito, para 
me protegerem dos ataques do mal.
Confesso que a minha luta não é contra as pessoas de carne e san- 
gue, mas contra seres espirituais malignos, contra os demônios e todas 
as suas castas. Por isso, recorro ao Senhor para que me livre dos ataques 
invisíveis das trevas e que acampe os Seus exércitos à minha direita e à 
minha esquerda; e que 0 Senhor seja a justiça à minha frente e a glória à 
minha retaguarda.
Meu Deus, não me deixe me separar do Senhor e andar em algum 
caminho mau a ponto de perder a bênção de desfrutar da Sua presença. 
Mas oro para que os Seus olhos estejam sobre mim e que cada uma das 
minhas carências e necessidades sejam supridas pelos anjos que estão às 
Suas ordens, em nome de Jesus, amém.
248
C apítulo 1 2
P i s a n d o n a C a b e ç a 
d a S e r p e n t e
Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre 
cobras e escorpiões, e sobre todo o poder 
do inimigo; nada lhes fará dano.
Lucas 10:19
Pisa n d o na Cabeça 
da Serpente
"Você pisará 0 leão e a cobra; pisoteará 0 leão forte e a 
serpente."
Salmo 91:13
/^-^ u a lq u e r um que puder imaginar que desafiar a Deus, 
V_״/ o u chegar ao ponto de estabelecer uma inimizade com 
o Criador, ealgum tipo de tarefa fácil, vai, mais cedo ou mais 
tarde, descobrir que escolheu para si mesmo um destino catastró- 
fico. O pecado de tentar enfrentá-Lo é tão grave que produz nada 
menos que um quadro trágico de desgraça eterna. A serpente foi 
aniquilada ao tomar essa infeliz decisão.
A degradante situação em que se encontra esse anjo caído, co- 
nhecido como Diabo, é muito pior do que as pessoas imaginam. 
Ele experimenta, dia após dia, o vexame como a marca de seu 
rebaixamento. O m undo espiritual conhece muito bem a curva 
descendente que o levou às profundezas do inferno:
Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago.
Lucas 10:18
Como um soldado valente, cheio de medalhas e de honras, 
entra na arena triunfante e vencedor para lutar contra um ad- 
versário, considerado por ele aparentemente mais fraco, mas que 
acaba saindo do ringue completamente humilhado e com seu or- 
gulho jogado pelo ralo. Assim foi a queda de Lúcifer.
Ele foi ultrajado, não apenas por ser vencido, mas por ter sido 
completamente despojado, desacreditado e eternamente incapaz 
de retornar ao seu estado original de glória.
251
Blindagem Contra As Trevas
E o vexame não parou por aí. Tendo sido anteriormente 
derrotado por ter pecado contra Deus, esse anjo foi aniquilado 
na cruz. Ali, houve uma vergonhosa agonia para esse ser rebelde: 
Para isto 0 Filho de Deus se manifestou: para destruir 
as obras do Diabo.
1 João 3:8
O Filho de Deus, que veio a este m undo como um ser hu- 
mano comum, destituído de qualquer qualidade de Deus, sem 
nenhum poder divino e muito mais fraco em força física, infligiu 
um golpe tão poderoso que acertou em cheio a cabeça da serpen- 
te, ferindo-a com uma chaga mortal e incurável:
Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e san- 
gue, ele também participou dessa condição humana, para 
que, por sua morte, derrotasse aquele que tem 0 poder da 
morte, isto é, 0 Diabo.
Hebreus 2:14
Jesus, sendo ser humano, desferiu um golpe tão impressio- 
nante que, além de fazer o adversário “beijar a lona”, produziu 
uma ferida tão profunda que aleijou o inimigo em toda a sua 
força. O Diabo teve toda a sua forte armadura retirada e foi im- 
pedido de voltar a lutar, tornando-se incapaz de revidar, e ficou 
submisso eternamente ao Senhor Deus:
E tendo despojado os poderes e as autoridades, fez 
deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na 
cruz.
Colossenses 2:15
Se isso não bastasse, Jesus ainda delegou a Sua própria auto- 
ridade sobre as trevas aos filhos de Deus para que subjugassem 
todo o poder do inimigo debaixo dos seus pés. O u seja, além de 
não poder mais se levantar, ficou para sempre colocado na parte 
inferior do sapato da Igreja de Jesus.
252
A CABEÇA FERIDA
Então 0 SENHOR Deus disse à serpente (...) porei ini- 
mizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua 
semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás 0 calcanhar.
Gênesis 3:14-15
Todas as vezes que saímos com uma tropa para a realização de 
exercícios militares, temos um cuidado muito grande em alertar 
nossos soldados sobre o perigo que vem das serpentes. Certa oca- 
siao em que estávamos acampados perto de um lago, uma cobra, 
de aproximadamente um metro e meio, aproximou-se de um de 
nossos homens, o qual adiantando-se, lançou uma grande pedra 
diretamente sobre a cabeça daquele animal peçonhento.
A partir daí, mesmo com sua cabeça esmagada e, desnorteada 
com a intensidade do impacto, permaneceu viva e aparentemente 
consciente, tentandopicar a qualquer um na proximidade. Aque- 
le animal que já havia perdido completamente o controle, passou 
então a apenas se retorcer. Vimos que permaneceu ali por muito 
tempo, e depois de muitas horas debatia-se, e depois ainda tentou 
atingir com suas presas uma pessoa que tentou aproximar-se.
Nesse caso, o simples fato de atingir a cabeça não significa 
que os nervos deixaram de funcionar. O que mata é a falta de oxi- 
gênio e de outros elementos químicos necessários à manutenção 
da vida e que vêm através da circulação sanguínea. O tempo até 
que a morte final aconteça dependerá de quanto oxigênio estava 
no cérebro no momento do golpe, e quanto de ar ainda chegará, 
mas até que isso seja definitivamente impedido, viverá, mas ape- 
nas de resquícios dos impulsos nervosos.
Um amigo biólogo me falou a respeito disso, dizendo que 
esta condição era uma espécie de efeito reflexo. Na verdade, esses 
movimentos descontrolados após o golpe são alimentados nervo-
12. Pisando na Cabeça da Serpente
253
Blindagem Contra As Trevas
samente e podem ocorrer mesmo por algum tempo depois que a 
cobra tenha sido terrivelmente ferida.
Os seus nervos ainda podem ser estimulados, permitindo 
criar impulsos elétricos que permitem ao músculo realizar uma 
ação reflexa, como uma picada. Por isso, deve-se ter muito cui- 
dado, mesmo em se tratando de cobras abatidas, pois, morder é 
um dos atos que podem ser ativados no cérebro mesmo depois de 
horas da morte do animal.
O FERIDO Q UER FERIR
E vi uma das suas cabeças como ferida de morte...
Apocalipse 13:1
Da mesma maneira como a cobra esmagada pela pedra, 
Satanás tem uma consciência de que a desgraça se abateu sobre 
si e de que o seu fim está selado, entretanto, ainda assim, a cobra 
nao desistirá de inocular seu veneno e procurará atingir qualquer 
um que chegar perto de seu raio de ação.
Foi exatamente isso que também aconteceu com o inimigo. 
Sabendo que lhe resta pouquíssimo tempo e tendo sido lançado 
na terra, tentará atingir a todos que puder com seu veneno mor- 
tal:
Mas, ai da terra e do mar, pois 0 Diabo desceu até vo- 
cês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta pouco 
tempo.
Apocalipse 12:12
Satanás continua com seu nariz empinado, seu jeito arrogan- 
te, contando vantagens e dizendo que ainda pode vencer. Mas, na 
verdade, ele esconde a sua ferida e continua tentando enganar as 
pessoas sobre sua capacidade de combate, no entanto, sabemos 
que ele não pode mais se levantar. Seu fim está próximo e seu
254
12. Pisando na Cabeça da Serpente
destino será o lago de fogo e enxofre. Essa será a sua casa pelos 
séculos dos séculos que se seguirão:
E 0 Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de 
fogo e enxofre, onde estão a besta e 0 falso profeta; e de 
dia e de noite serão atormentados para todo 0 sempre.
Apocalipse 20:10
AS DUAS SEMENTES: U M A FERIU, 
A O U TR A ESM AGOU
Então 0 Senhor Deus declarou à serpente: "Já que você 
fez isso, maldita é você entre todos os rebanhos domésti- 
cos e entre todos os animais selvagens! Sobre 0 seu ventre 
você rastejará, e pó comerá todos os dias da sua vida. Po- 
rei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendên- 
cia e 0 descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe 
ferirá 0 calcanhar".
Gênesis 3:14,15
A queda inspirou várias maldições e sentenças. Elas foram 
impostas de muitas formas sobre a terra (inclusive sobre todos 
os seres vivos) e também ao homem e à mulher. Mas foi contra a 
serpente que veio especialmente algo além de qualquer expecta- 
tiva e que a deixaria em estado de total miséria: a partir dali iria 
arrastar-se sobre o ventre e comeria pó.
Ao estudar esses seres do reino animal, observamos, inclusive, 
que sob a sua barriga, há duas pequenas cicatrizes que sugerem 
que em algum tempo no passado, originalmente a serpente tinha 
pernas. Mas a questão é que ela passaria a comer pó, indicando 
metaforicamente a sua posição humilhante e a sua falta de poder.
Porém a maldição também assinalou que a serpente passaria a 
arrastar-se rente ao chão, e, só por isso, podería atingir o calcanhar, 
mas consequentemente, também seria pisada e esmagada.
255
Blindagem Contra As Trevas
Champlin cita Ellicott93 e explica que “Ela obteve a palma 
da vitória sobre nossos crédulos primeiros pais, e continua à solta 
entre os homens, sempre trazendo consigo a degradação, sempre 
fazendo suas vítimas afundarem cada vez mais em abismos de 
vergonha e de infâmia. Mesmo assim, perpetuamente, ela sofre a 
derrota, e, em segundo lugar, tem de ‘lamber o pó’, por causa de 
sua astúcia maligna...”
Existe um ferimento menor, no calcanhar, e um outro feri- 
mento maior na cabeça. Estes ferimentos são metáforas. O cal- 
canhar ferido aponta para o calcanhar de Cristo ferido na cruci- 
ficação e, por extensão, a cabeça ferida é o golpe fatal dado pelo 
sacrifício da cruz e a expiação dos pecados da humanidade ao 
preço do sangue do Senhor.
UM A BATALHA SEM TRÉGUA
A maldição também trouxe uma inimizade que nos leva ao 
entendimento de um quadro de contínua hostilidade, sem ne- 
nhum a chance de trégua:
"...este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá 0 calca- 
nhar."
Gênesis 3:15b
O homem não deve ignorar que vive em meio à realidade 
de uma guerra espiritual. E o estopim dessa guerra não vem do 
Diabo, vem de Deus: [Eu] “porei inimizade”. E Ele não nos co- 
locaria em meio a um combate contra o ser mais violento, brutal 
e assassino, se não estivesse absolutamente certo de nossa vitória.
O tema “guerra espiritual” não deve trazer nenhum temor 
ao crente. Aliás, fico perplexo ao ouvir filhos de Deus, lavados no
93 C H A M P L IN , Russel N orm an . O A ntigo Testam ento In terpretado: Versículo p o r 
Versículo. V olum e 1 (Páginas 35 e 36 ). São Paulo: H agnos, 2 0 0 1 . C ita E llicott, Charles 
John. E llicott’s C om m entary on the W h o le Bible, 1954.
256
sangue da cruz, relatando seus temores a respeito do seu inimigo 
derrotado.
A guerra na verdade deve encorajar todos a se alistarem no 
Exército do Senhor e permanecer sob a Sua bandeira, onde rece- 
berão todo o treinamento e as armas necessárias para poder lutar 
e vencer:
Depois virá 0 fim, quando tiver entregado 0 reino a 
Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo 0 império, e 
toda a potestade e poder. Porque convém que reine até que 
haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.
1 Coríntios 15:24-25
T O D O CRENTE DEVE ESMAGAR
É fundamental saber que Jesus já posicionou os pés de todo 
filho de Deus sobre a cabeça da serpente e que esse alistamento 
o levará a uma batalha contra um inimigo humilhantemente já 
vencido debaixo dos pés do Senhor:
Sujeitai-vos, pois, a Deus, mas resisti ao Diabo, e ele 
fugirá de vós.
Tiago 4:7
E notável que o Salmo 91 declare que devemos pisar na cabe- 
ça da serpente. E isso, ao contrário do que alguns pensam, não é 
uma obra para Deus, mas é uma questão de responsabilidade do 
crente.
Como vimos, a Bíblia apresenta a realidade da vitória do Se- 
nhor sobre os demônios ao relatar que “o Deus da paz esmagará 
Satanás debaixo dos pés de vocês” (Romanos 16:20).
H á uma impressão de que Deus esmagou sozinho, mas o que 
o texto quis dizer é que o inimigo seria posto debaixo dos pés 
do crente e que então, seria esmagado. Não quer dizer que Deus
12. Pisando na Cabeça da Serpente
257
Blindagem Contra As Trevas
vai esmagar com Seus próprios pés, mas que vai esmagar com os 
nossos.
Simplificando, sendo apenas humanos, não temos força em 
nós mesmos para capturar, submeter e esmagar um anjo poderoso 
(Satanás) e as suas hostes das trevas. Então, Deus, o Todo-Pode- 
roso, captura-o, coloca-o sob os nossos pés e nos dá força para 
esmagá-lo. Toda a vitória vem do Senhor dos Exércitos, entretan- 
to, Ele faz questão de nos fazer triunfar sobre o Maligno.
C O L O C A N D O O IN IM IG O 
DEBAIXO D E M EUS PÉS
H á um exemplo disso, que relaciona um antigo costume bí- 
blico praticado ao fim de cada batalha pelo exército vencedor quesubmetia publicamente os inimigos vencidos. O livro de Josué 
apresenta esta humilhante cerimônia em que os capitães do povo 
de Israel subjugaram seus inimigos colocando os pés sobre o pes- 
coço dos derrotados.
Os cinco reis foram tirados da caverna. Eram os reis de 
Jerusalém, de Hebrom, de Jarmute, de Láquis e de Eglom. 
Quando os levaram a Josué, ele convocou todos os homens 
de Israel e disse aos comandantes do exército que 0 tinham 
acompanhado: "Venham aqui e ponham 0 pé no pescoço 
destes reis". E eles obedeceram. Disse-lhes Josué: "Não te- 
nham medo! Não se desanimem! Sejam fortes e corajosos!
É isso que 0 Senhor fará com todos os inimigos que vo- 
cês tiverem que combater".
Josué 10:23-25
Entenda que existem duas expressões reveladoras: a primeira, 
que os pés sobre as cabeças eram dos capitães de Israel. E a segun- 
da, a declaração de que “o Senhor fará com todos os inimigos”. 
Fica claro que o poder de Deus vai à frente do povo de Israel e 
que Ele vence o inimigo, mas faz questão de usar os pés de seus
258
12. Pisando na Cabeça da Serpente
filhos para o golpe final. Por isso, nenhum adversário espiritual 
será capaz de resistir ao crente fiel:
Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, di- 
zendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo 
teu nome! Mas Ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu 
como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para pi- 
sardes serpentes e escorpiões e sobre todo 0 poder do 
inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano.
Lucas 10:17-19
U M LEÃO FAJUTO
"Pisoteará 0 leão forte e a serpente."
Salmo 91:13
Em diversas passagens, o Diabo é identificado como uma ser- 
pente, mas o apóstolo Pedro mostra claramente Satanás como um 
leão que ruge e tenta devorar:
Sejam sóbrios e vigiem. 0 Diabo, 0 inimigo de vocês, 
anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem 
possa devorar.
1 Pedro 5:8
Denominá-lo como um leão que anda ao derredor, faz um 
certo sentido por duas razões: a primeira é que em Jó, ele mes- 
mo se revelou como aquele que “vagueia pela terra”, espiando a 
fraqueza dos homens como um prom otor (é exatamente isso que 
significa o nome Diabo: acusador) que oferece sérias denúncias 
carregadas de valor de sentença de morte contra os homens.
Em segundo lugar, anda como um leão porque o desejo do 
Diabo sempre foi “ser como Deus”. Ele gosta de sentar-se em seu 
falso trono, dar ordens aos seus súditos humilhados e fingir que é 
Deus, mas na verdade sabemos que é só um derrotado.
259
Blindagem Contra As Trevas
Ele é um imitador que gosta de blefar. Faz papel de leão, ten- 
tando plagiar Jesus, o verdadeiro e único “Leão da Tribo de Judá” 
(Apocalipse 5:5), mas será, eternamente, apenas a estrela que per- 
deu o brilho e que foi reduzida a cinzas no chão (Ezequiel 28:18).
Porém, o apelo do apóstolo não é sem fundamento. Estar 
vigilante é o mesmo que manter-se alerta. Esse mesmo manda- 
mento havia sido dado por Jesus ao próprio Pedro, no jardim, du- 
rante os momentos de Sua imensa agonia no Getsemani (Marcos 
14:38). Mas Pedro, que estava sonolento e não conseguiu vigiar 
nem por uma hora, não percebeu a aproximação do príncipe das 
trevas e acabou negando a Jesus.
O fato de estarmos no lado vitorioso da guerra e termos paz 
no íntimo, não nos dá direito de relaxar e sair para umas férias 
espirituais. H á um amargo conflito em progresso, e temos de 
combater “contra os principados, contra as potestades, contra os 
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da 
maldade, nos lugares celestiais” (Efésios 6:12).
TR E IN A D O PARA 
VENCER
Apesar de lutarmos no lado do Exército que enverga a ban- 
deira do Senhor dos Exércitos e que Ele jamais perdeu qualquer 
guerra, existe uma clara intenção de Deus em ensinar Seus filhos 
a viverem uma vida vitoriosa.
Em meu livro “Autoridade Sobre as Trevas”, apresento o pro- 
cesso de ensino em que o próprio Deus é professor e que prepara 
algumas provas com o propósito de treinar o Seu povo na prática 
da guerra e dar experiência contra os seus inimigos:
São estas as nações que 0 Senhor deixou para pôr à 
prova todos os israelitas que não tinham visto nenhuma 
das guerras em Canaã (fez isso apenas para treinar na
260
12. Pisando na Cabeça da Serpente
guerra os descendentes dos israelitas, pois não tinham tido 
experiência anterior de combate).
Juizes 3:1-2
A Bíblia levanta uma avalanche de alertas para que os cristãos 
se preparem para um combate que certamente virá, mais cedo ou 
mais tarde. E nenhum recruta se tornará um valente soldado se 
não treinar com diligência. Por isso, o melhor instrutor de com- 
bate nos exorta a vestir toda a armadura preparada por Deus, para 
podermos “ficar firmes contra as ciladas do Diabo” (...) e para que 
possamos “resistir no dia mau e permanecer inabaláveis” (Efésios 
6:11-13).
Esse apelo deixa claro que o inimigo é ardiloso e que não se 
pode enfrentá-lo sem o devido preparo e treinamento:
Deus é 0 que me cinge de força e aperfeiçoa 0 meu 
caminho. Faz os meus pés como os das cervas, e põe- 
me nas minhas alturas. Ensina as minhas mãos para a 
guerra, de sorte que os meus braços quebraram um arco 
de cobre. Também me deste 0 escudo da tua salvação; a tua 
mão direita me susteve, e a tua mansidão me engrandeceu.
Salmo 18:32-35
A indiferença e a desatenção no treinamento podem significar 
uma desastrosa e humilhante derrota. E preciso ficar atento e re- 
conhecer a gravidade do conflito em que o homem está vivendo, 
além de sempre manter-se pronto para lutar e vencer as pelejas: 
Bendito seja 0 Senhor, a minha Rocha, que treina as 
minhas mãos para a guerra e os meus dedos para a ba- 
talha.
Salmo 144:1
Um soldado não deve ter nenhum medo de lutar. Ao viver 
debaixo das asas e receber toda a armadura de Deus (como vimos 
nos capítulos 6 e 7), temos a proteção blindada do céu e as mais 
poderosas armas para derrotar o Maligno. Ele não poderá opor-se
261
Blindagem Contra As Trevas
à autoridade que o crente já recebeu do Senhor. Um a um, cada 
inimigo será colocado em seu devido lugar: debaixo dos pés do 
povo de Deus e todas as estratégias diabólicas serão derrubadas.
V E N C E N D O O VALENTE
Usar da violência contra alguém indefeso é uma covardia. 
Assim como atacar quem não pode se proteger ou prevalecer quan- 
do os adversários são fisicamente muito menores para destruí-los.
Um gigante é alguém que apresenta crescimento descomunal 
e quando comparado a um homem de estatura normal pode até 
provocar pavor, principalmente se for um inimigo.
Agora, imagine um garoto lutando contra um gigante. Isso 
pode parecer tanto uma covardia quanto uma irresponsabilidade, 
não é verdade? Nem sempre. O rei Davi disse que não:
E saberá toda esta congregação que 0 SENHOR salva, 
não com espada, nem com lança; porque do SENHOR é a 
guerra, e ele vos entregará na nossa mão.
1 Samuel 17:47
O pequeno Davi, quando ainda era apenas um jovem pastor 
de ovelhas, não foi enganado por uma visão deturpada, nem se 
comparou com o gigante Golias. Também não desconsiderou que 
a sua luta era contra alguém invencível, mas ao contrário, apenas 
discerniu a grandeza do Altíssimo diante da pequenez do gigante.
O próprio Deus de Israel havia prometido a vitória sobre os 
povos mais valentes e preparados para a guerra, não com armas 
humanas, mas através do Seu poder. Então, para que temer?
Esteja, hoje, certo de que 0 Senhor, 0 seu Deus, ele 
mesmo, vai adiante de você como fogo consumidor. Ele 
os exterminará e os subjugará diante de você. E você os 
expulsará e os destruirá, como 0 Senhor lhe prometeu.
Deuteronômio 9:3
262
12. Pisando na Cabeça da Serpente
Davi, apesar da tenra idade de quatorze anos, já havia lutado 
com leão e com urso e sua coragem vinha de saber que Deus der- 
rotava cada um de seus grandes inimigos. O Senhor dos Exércitos 
de Israel era o verdadeiro dono de cada uma de suas vitórias, por 
isso não temeu o gigante filisteu:
Teu servo é capaz de matar tanto um leão quantoum 
urso; esse filisteu incircunciso será como um deles, pois de- 
safiou os exércitos do Deus vivo. 0 Senhor que me livrou 
das garras do leão e das garras do urso me livrará das mãos 
desse gigante.
1 Samuel 17:36-37
A fé vencedora de Davi, sua confiança e amor no Altíssimo, a 
autoridade que tinha para vencer o gigante - e todos os inimigos 
que mais tarde apareceram em seu caminho - foram recompensa- 
dos com uma aliança com Deus, que prometeu que o seu descen- 
dente permanecería sob seu trono e o seu reino jamais teria fim: 
...farei levantar depois de ti 0 teu descendente, que 
será dos teus filhos, e estabelecerei 0 seu reino (...) 0 con- 
firmarei na minha casa e no meu reino para sempre, e 0 
seu trono será estabelecido para sempre.
1 Crônicas 17:4-14
D EU S É MAIS VALENTE!
A afirmação de que Jesus era o Messias já circulara por toda 
a parte. Os milagres realizados em nome de Cristo afirmavam a 
chegada o Reino dos Céus. As próprias autoridades religiosas já 
tinham ouvido falar de Jesus, embora negassem que ele fosse o 
Messias.
O povo, então, vendo a autoridade que possuía, começou a 
chamar Jesus de “Filho de Davi”, um título que indicava Jesus 
como o Messias, prometido como descendente daquele jovem 
pastor e que se tornaria Rei de Israel:
263
Blindagem Contra As Trevas
Jesus aproximou-se deles e disse: Foi-me dada toda a 
autoridade no céu e na terra.
Mateus 28:18
Ao libertar e curar um endemoniado que era cego e mudo 
(Mateus 12:22), Jesus mostrou que Suas obras eram sobre-hu- 
manas, pois estavam além da capacidade de qualquer indivíduo. 
Por isso, restava apenas uma única alternativa aos Seus opositores, 
a de reconhecer que os milagres de Jesus tinham origem em Deus 
e que o Reino dos Céus já chegara:
Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso de- 
mônios, então chegou a vocês 0 Reino de Deus. Ou como 
alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali 
seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar 
a casa dele.
Mateus 12:28-29
A própria frase: “como pode alguém entrar na casa do valen- 
te, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? Então 
lhe saqueará a casa” tem um argumento muito audacioso, pois 
revela que Jesus é mais poderoso do que Satanás, pois recebeu 
autoridade sobre o m undo espiritual (no céu) e o físico (na terra).
E também por essa ilustração que entendemos que o homem 
valente é usado como símbolo de Satanás, ao passo que aquele 
que entra na casa do valente e lhe saqueia os bens é Jesus, impeli- 
do pelo Espírito Santo, e por isso, é ainda mais valente.
A ideia por trás da declaração de que tem mais poder do que 
Satanás, ao ponto de poder “roubar-lhe os bens”, apresenta alguns 
importantes detalhes a respeito da investidura que nos foi dada 
para colocar o nosso inimigo debaixo dos nossos pés: Os “bens” 
são uma alusão aos homens que ele possui e controla.
No capítulo 11 do Evangelho de Lucas são empregadas pa- 
lavras ainda mais fortes para expressar o poder de “possuir e con- 
trolar” de Satanás: “Quando o valente, bem armado, guarda a sua
264
própria casa, ficam em segurança todos os seus bens. Sobrevindo, 
porém, um mais valente do que ele, vence-o, tira-lhe a armadura 
em que confiava e divide os seus despojos”.
Satanás não é somente como um homem valente que dispõe 
de meios para atingir os seus propósitos, mas também um guer- 
reiro muito bem armado que tem grande cuidado e ciúme de suas 
possessões. Além disso, não deixa seus valiosos bens ao encargo de 
ninguém, mas fica na porta do cativeiro, preparado para defender 
os seus direitos e suas “propriedades” com unhas e dentes. Seus 
bens são as almas dos homens.
E para que outra pessoa possa roubar-lhe as possessões, terá 
que ser ainda mais forte e valente, melhor preparado e com maior 
determinação para cumprir os seus propósitos. E é aqui que o 
cristão recebe poder para desmantelar o poder do valente.
A VITÓ RIA Q UE VEM 
D O T R O N O
0 Senhor disse ao meu Senhor: "Senta-te à minha direi- 
ta até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os 
teus pés". 0 Senhor estenderá 0 cetro de teu poder desde 
Sião, e dominarás sobre os teus inimigos!
Salmo 110:1-2
O poder para amarrar e saquear o inimigo forte vem do Tro- 
no de Deus, “que nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez as- 
sentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efésios 2:6). Como 
estamos ao lado d’Ele nos lugares celestiais, acabamos por receber 
a mesma autoridade que Jesus reconquistou na cruz:
Por meio da ressurreição de Jesus Cristo, que subiu ao 
céu e está à direita de Deus; a ele estão sujeitos anjos, 
autoridades e poderes.
1 Pedro 3:21-22
12. Pisando na Cabeça da Serpente
265
Blindagem Contra As Trevas
C O L O C A N D O O IN IM IG O DEBAIXO DE
SEUS PÉS
O próprio Jesus declara ser esse “homem mais valente” e me- 
diante o poder do Espírito de Deus, é mais poderoso do que o 
próprio Satanás. E a partir desse ponto que Jesus se prepara para 
transmitir a sua autoridade sobre as trevas para o crente:
Esse poder ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos 
mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões 
celestiais, muito acima de todo governo e autoridade, po- 
der e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não 
apenas nesta era, mas também na que há de vir. Deus co- 
locou todas as coisas debaixo de seus pés e 0 designou 
como cabeça de todas as coisas para a igreja, que é 0 seu 
corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em 
toda e qualquer circunstância.
Efésios 1:20-23
Cristo delegou a Sua própria autoridade que contém o poder 
para amarrar Satanás e capacitou o homem para exercer domínio 
sobre a serpente das trevas. Sua vitória na cruz deu ao ser huma- 
no, apesar de muito mais fraco, toda autoridade para m anter a 
serpente esmagada debaixo de seus pés.
U SA N D O A A U TO R ID A D E PARA 
SUBM ETER A SERPENTE
Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre cobras 
e escorpiões, e sobre todo 0 poder do inimigo; nada lhes 
fará dano.
Lucas 10:19
Muitas vezes em meu ministério tenho estado em situações 
de confronto espiritual. Alguns pastores e outras pessoas me en- 
caminham vidas aprisionadas por espíritos malignos e terrível-
266
mente possuídas. E comum haver manifestação com apenas um 
demônio ou com diversas falanges ou legiões. Também é habitual 
ouvir intimidações, ameaças de vingança ou palavras de reação e 
resistência. O espírito imundo fará de tudo para que o cristão não 
conheça a autoridade que Jesus deu ao crente. Inclusive, poderá 
tentar desautorizá-lo com alguma acusação ou mentira. Mas não 
se deve ter medo do Diabo.
A verdade é que o inimigo está sem defesa. Jesus retirou sua 
armadura e ele não tem escolha: deve se submeter a ordem do 
filho de Deus. Portanto, quando se encontrar em alguma situação 
envolvendo uma pessoa que está endemoniada, tome as medidas 
a seguir:
1. Em primeiro lugar, lembre-se de sempre usar o nome de Je- 
sus. Os demônios não podem suportar a autoridade deste 
Nome que está sobre todo nome.
2. Quando for atender alguém que esteja possesso por um es- 
pírito imundo, deve-se logo de início anunciar a chegada do 
Reino de Deus. Depois estabeleça em voz audível o domínio 
e a autoridade do Senhor Jesus sobre a pessoa e o lugar. Pro- 
íba o acesso de todo espírito não autorizado pelo Espírito 
Santo e corte toda a possibilidade de comunicação espiritual 
e todos os laços e vínculos malignos.
3. Diante de quadros de confronto com demônios, nunca per- 
mita que o demônio fale o que quiser. Ele não pode ter voz 
livre. Ordene que ele se cale e saia.
4. Demônios não são oniscientes, não conhecem os pensamen- 
tos e não saem por conta própria. E necessária uma voz audí- 
vel e uma ordem clara e firme.
5. O uso da autoridade para expulsar demônios não deve ser 
empregada como uma oração, mas sim como uma ordem 
expressa em nome de Jesus. Use poucas palavras e dê uma 
ordem clara: “saia em nome de Jesus!”
12. Pisando na Cabeça da Serpente
267
Blindagem ContraAs Trevas
6. Se o espírito imundo resistir, permaneça firme na ordem que 
foi dada ao demônio e não recue. Ele poderá tentar vencer o 
ministrador pelo cansaço. Certa vez atendi um ex-bruxo em 
um processo em que a ministração durou mais de quatro ho- 
ras, por isso não desista, e continue perseverando na ordem 
de expulsão. Ele é rebelde, mas terá que se submeter.
7. O demônio pode demorar a sair por três razoes principais: há 
um pecado encoberto o qual “alimenta o demônio” (lembre- 
-se que eles habitam no segredo da iniquidade); a vítima gos- 
ta e é aliada ao espírito imundo (o pecador deve querer ser 
liberto, caso contrário, permanecerá enjaulado); e por fim, o 
despreparo espiritual do ministrador (vida de oração e jejum 
são fundamentais).
8. Em outros casos de resistência espiritual peça para que o Se- 
nhor envie Seus anjos como reforço. Já sabemos que eles são 
ministradores enviados por Deus.
9. Em situações em que envolvam violência contra o ministra- 
dor, ou contra a própria vítima, acorrente e amarre o espírito 
imundo. Dê a seguinte ordem: “sem violência!”; “está amar- 
rado em nome de Jesus!” Esta ordem é impressionantemen- 
te obedecida e o espírito imundo imediatamente colocará as 
mãos atadas atrás do corpo.
10. Não acredite se o espírito imundo disser coisas como: “Ele é 
meu! Não vou sair!”. Lembre-se da Palavra de Deus que diz: 
“todas as almas são minhas, diz o Senhor.”
11. Não tenha medo e não acredite em ofensas, ameaças e intimi- 
dações. Ele é mentiroso e não pode tocá-lo.
12. H á uma enormidade de formas de manifestação demonía- 
ca: sonolência, desmaios, simulações de epilepsia, violência, 
agressões ao ministrador e à própria vítima, risos, choros, pa- 
lavrões, acusações, rastejamentos, imitações de animais, sur- 
dez, mudez, cegueiras momentâneas ou prolongadas e gritos.
268
12. Pisando na Cabeça da Serpente
Não se impressione com elas. Se os espíritos malignos implo- 
rarem, não negocie absolutamente nada com eles.
13. Seja qual for o caso, repreenda o demônio e peça ao Espírito 
Santo para devolver a consciência à vítima, pois a ela deve 
sempre ajudar na libertação.
14. Lembre-se que o inimigo vive nas trevas. Em caso de posses- 
são, olhe nos olhos do endemoniado. Se os olhos fecharem 
ou ficarem aparecendo apenas na sua parte branca, dê uma 
ordem para que voltem ao normal. As vezes é necessário abrir 
as pálpebras com as mãos. Seja cuidadoso.
15. Você pode expulsar todos os demônios da pessoa, mas a liber- 
tação precisa ser mantida pela vítima. Discipulado e santida- 
de são exigências para uma vida liberta.
As vezes você poderá perceber alguma presença maligna em 
algum ambiente ou alguma sugestão que o tente ao pecado. Peça 
sempre o discernimento do Espírito Santo e lembre-se, que, da 
mesma forma como o Maligno tentou Jesus a se jogar do pinácu- 
lo do templo e a separar-se da santidade, também poderá fazê-lo 
com você. Nesses casos, use a autoridade que Cristo conquistou 
na cruz e ordene que ele bata em retirada do ambiente em que 
estiver, da mesma forma que Jesus ensinou e fez: “Vai-te Satanás, 
em nome de Jesus!”
ORAÇÃO
Meu Pai Celestial, graças dou porque Cristo me redimiu da morte 
eterna e pelas Suas pisaduras fui sarado e perdoado. Me alegro em saber 
a verdade de que tenho 0 direito legal e toda a autoridade espiritual sobre 
todos os demônios. E conforme a Sua Palavra, em nome de Jesus, repre- 
endo Satanás e seus demônios.
Eu resisto em nome de Jesus, a todo espírito de opressão sobre mim. 
Em nome de Jesus, eu amarro, amordaço, e expulso da minha vida todo 
espírito de engano, acusação, desânimo, impossibilidade, insegurança,
269
Blindagem Contra As Trevas
tristeza, depressão, enfermidade, destruição, adultério, morte, medo, con- 
fusão, perturbação noturna, ataques na cabeça, crítica, inveja, mágoa, 
ódio, ressentimento, amargura, irritação, roubo, revolta, rebeldia, violên- 
cia, incredulidade e desautorizo todo 0 laço do inimigo, seja no meu corpo 
físico ou na minha mente.
Eu repreendo a todos os demônios das trevas, potestades, principa- 
dos e as forças espirituais da maldade. Dou uma ordem para que se reti- 
rem da minha vida e não voltem nunca mais. Dou uma voz de comando no 
mundo espiritual para que toda causa de sofrimento e enfermidade saia 
da minha vida, da minha casa, dos meus negócios, da minha história e do 
meu futuro. Oro em nome de Jesus Cristo. Amém!
270
y
C apítulo
D e u s m e O u v e
Na m inha angústia, clamei ao Senhor; 
clamei ao m eu Deus. Do seu tem plo ele 
ouviu a m inha voz; o m eu grito de socorro 
chegou aos seus ouvidos.
2 Samuel 22:7
M eu D eus me O uve
"Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu 
0 livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu 0 meu 
nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele 
na angústia; dela 0 retirarei, e 0 glorificarei."
Salmo 91:14,15
screver este capítulo foi uma experiência de singular ale- 
gria e devo reconhecer a enorme influência do meu que- 
rido pastor, Sebastião Brito Netto, em cada palavra dirigida aos 
leitores. Foi ele quem me ensinou a aprofundar a m inha relação 
com Deus através da oração e do jejum.
Foi através de seu exemplo e de sua vida espiritual que tomei 
a decisão de buscar ao Senhor Deus de joelhos e passei a investir 
mais de três horas de meus dias em vida devocional e oração. So- 
mente a partir desse tempo que descobri verdadeiramente o amor 
e o poder de Deus.
O A M O R Q UE VEM D E D EU S
A sociedade ocidental coloca muita ênfase naquilo que sen- 
timos. Somos ensinados, desde a infância, que devemos seguir o 
nosso coração e fazer tudo aquilo o que nos faz felizes. Contudo, 
esse conselho é muito perigoso, pois os sentimentos são mentiro- 
sos, inconstantes e transitórios.
Um exemplo disso é retratado na questão do amor que, ape- 
sar de ser normalmente retratado como sentimento, na verdade, é 
uma decisão. E uma escolha deliberada, tomada individualmente. 
E essa pequena palavra (amor) apresenta a ação que é capaz de 
liberar o poder de Deus em favor de todos os que creem em Seu 
Nome:
2 7 3
Blindagem Contra As Trevas
Amarás, pois, 0 Senhor, teu Deus, de todo 0 teu cora- 
ção, de toda a tua alma e de toda a tua força.
Deuteronômio 6:5
PO RQ UE ELE M E A M O U
Gramática nunca foi um ponto de grande importância para 
mim e sempre me pareceu uma grande perda de tempo. Ensinar 
alguém que já sabe se expressar através de palavras e da escrita, 
sempre pareceu um trabalho meio sem propósito. Mas eu estava 
errado.
Com o tempo descobri que é a gramática que orienta o em- 
prego correto da língua e ajuda a empregá-la com lógica, entendi- 
mento e bom senso. Não há nenhum a chance de expressar o ver- 
dadeiro sentido de uma palavra ou expressão sem essa ferramenta 
magnífica. Qualquer descaso com ela pode tornar uma palavra 
simples em um grave erro. Isso ocorre quando usamos um termo 
em lugar de outro, fazendo uma falsa associação de sentido entre 
eles ao ponto de deteriorar a qualidade do que queremos comu- 
nicar.
“Amor” é um desses vocábulos. Ele é associado a um estado 
da alma, como um sentimento que é forte, mas que pode passar, 
como uma ideia que exprime paixão ou bondade e cuidado pas- 
sageiros.
A Bíblia discorda disso e fala do amor eterno, sofredor e altru- 
ísta, completamente diferente de algo efêmero, egoísta, abusador 
e maltratante. Entendo que existe uma impropriedade semântica 
em algum lugar. De alguma forma, perdemos a noção do que é 
“amor” e passamos a empregar essa palavra de modo errado. Pre- 
cisamos então apelar para a gramática.
Jesus faz uma espécie de progressão ao explicar o que é o 
amor: devemos amar a Deus; amarmos uns aos outros na igreja
274
13■ Meu Deus Me Ouve
(irmãos em Cristo); amar o próximo (qualquer pessoa de quem 
geograficamente posso me aproximar); e amar os nossos inimigos 
(aqueles que desejam o meu mal).
Entretanto, se existe dificuldade em amar aqueles que, em 
teoria, fazem parte da mesma família, como pais,

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