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Derek Prince Os não! ou acreditem erqu atalhab , estan nvolvidose ts ãoe r tis ãosc GuerraEspiritual “GUERRA ESPIRITUAL” ©Copyright 6201 tradução portuguesa, erekD rinceP Portugal Originalmente publicado com o titulo: “ Spiritual Warfare” Copyright 1987 Derek Prince Ministries-International 56-1-501978-989-8ISBN: Publicado em português por: Editora Um Lda.pessoal UniÊxodo E-mail: umexodo@gmail.com Autor: Derek Prince Tradução: Alda Silva, Christina van Hamersveld Correção: Alda Silva, Christina van Hamersveld Redação: Christina van Hamersveld Layout capa: áM rio Pereira (Nova Grãfica, Lda.) Endereço Derek Prince contato: para Portugal Caminho Novo Lote X, 9700-360 Feteira GHA Tels.: (00351) 295 663738 / 927 992 157 E-mail: erekd rincep portugal@gmail.com Blog: www erek.d rincep ptportugal.blogspot. ÍNDICE PARTE 1 A NATUREZA DA GUERRA 1 - Dois Reinos Opostos 2 - O Quartel-General de Satanás 3 - A Batalha dos Anjos 4 - As Armas e o Campo de Batalha 5 - A Base da Nossa Vitória PARTE 2 A NOSSA ARMADURA DEFENSIVA 6 - A Armadura Completa de Deus 7 - O Cinto da Verdade 8 - A Couraça da Justiça 9 - Os Sapatos da Preparação do Evangelho 10 - O Escudo da Fé 11 - O Capacete da Salvação 12 - A Espada do Espírito 13 - A Área Desprotegida PARTE 3 ARMAS DE ATAQUE 14 - A Ofensiva 15 - A Arma da Oração 16 - A Arma do Louvor 17 - A Arma da Pregação 18 - A Arma do Testemunho Derek Prince Ministries Sobre o Derek Prince (1915-2003) Outros livros por Derek Prince (em Português) 7 11 16 20 25 33 36 38 42 45 47 53 57 61 66 71 76 82 89 91 93 Os não! ou acreditem erqu atalhab , estan nvolvidose ãoest tãoscris Parte 1 a NatUreZa Da GUerra 7 1 - DOIS REINOS OPOSTOS Há muitas imagens do povo de Deus no Novo Testamento. Em Efésios, por exemplo, o povo de Deus é apresenta- do através das seguintes imagens: como uma assembleia legislativa, uma família, um templo, e como a noiva de Cristo. No entanto, a imagem final do povo de Deus em Efésios é, a de um exército. Este exército está encarregado de combater numa guerra que é global nas suas proporções, o que afecta e inclui toda a parte deste mundo em que vivemos. De facto, mesmo a palavra “global” não faz justiça ao âmbito deste confli- to. Abrange não só a terra, mas estende-se para além da terra, dentro dos próprios céus. De facto, o adjectivo que descreve correctamente este conflito não é “global”, mas “universal”: inclui todo o universo criado. A Escritura que introduz mais claramente este conflito e descreve a sua natureza encontra-se em Efésios 6:10-12. Vou citar primeiro a versão de João Ferreira de Almeida, e em seguida, vou comparar com algumas outras versões. Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo. Paulo assume que como cristãos estamos garantidamente envolvidos numa guerra para a qual é necessário a armadura adequada, e que o nosso adversário é o próprio demónio. No versículo 12, é explicado mais claramente a natureza desta guerra: Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominado- 8 res deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Na Bíblia Viva, que não é exactamente uma tradução lite- ral, mas uma paráfrase, lê-se: Porque nós não estamos lutando contra gente feita de car- ne e sangue, mas contra pessoas sem corpo – os reis ma- lignos do mundo invisível, esses poderosos seres satânicos e grandes príncipes malignos das trevas que governam este mundo; e contra um número tremendo de maus espí- ritos no mundo espiritual. Independentemente da versão que desejar seguir, é claro que, como cristãos estamos envolvidos num gigantesco conflito, e quando nos apercebemos disto ficamos estupe- factos. Tenho meditado com muita frequência e durante muito tempo em Efésios 6:12 no original grego, tendo che- gado ao que se poderá chamar “A versão de Prince.” “A nossa luta não é contra a carne e o sangue, não é contra pessoas com corpos, mas contra os governantes em diver- sas áreas e descendentes ordens de autoridade, contra os dominadores do mundo das presentes trevas, contra as for- ças espirituais da maldade nas regiões celestes.” Deixe-me explicar-lhe porque escolhi algumas destas pa- lavras. Eu disse, “governantes em diversas áreas e descen- dentes ordens de autoridade”, porque essa imagem é a de um reino altamente estruturado e bem organizado, com vários níveis de autoridade e de diferentes governantes e subordinados responsáveis pelas diferentes áreas do seu território. Eu usei a palavra “dominadores” no “dominado- res do mundo das presentes trevas”, porque o termo “do- minam” descreve tão vividamente a forma como Satanás trata a raça humana. 9 Observe que todas as traduções, excepto na Bíblia Viva, enfatizam que o quartel-general deste reino altamente or- ganizado está nas regiões celestes. Aqui estão alguns pontos que surgem a partir de Efésios 6:12. Em primeiro lugar, o conflito envolve todos os cris- tãos – e não algum grupo especial como missionários, evangelistas ou pastores, mas a todos nós. Muitos cristãos não têm entendido isso desta forma. A Versão do Rei Tiago (como não temos esta versão na Língua Portuguesa, traduzimo-la à letra, pelo que achá- mos importante mencionar esta nota para não confundir o leitor), no versículo 12 afirma, “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne...” Uma vez ouvi alguém co- mentar que a maioria dos cristãos pontuam esses versícu- los erradamente. Lêem, “nós não lutamos - e ponto final” Por outras palavras, tudo o que precisamos fazer é de sen- tarmo-nos no banco da igreja e cantar hinos. No entanto, Paulo diz, “Porque não estamos a lutar contra a carne e o sangue.” Considere também a importância da palavra “lutar”, lutar é a mais intensa de todas as formas de conflito entre duas pessoas. Cada parte do corpo, todas as habilidades, e cada truque deve ser utilizado para o sucesso. É um conflito to- tal. Satanás tem um reino altamente organizado. Neste reino existem várias áreas e níveis de autoridade. O quartel-ge- neral deste reino está nas regiões celestiais. Isto é um facto surpreendente, mas é bastante claro. O facto de Satanás comandar um reino altamente organi- zado surpreende algumas pessoas, contudo existem indi- cações claras disso nas Escrituras. Em Mateus 12:22-28, 10 este incidente do ministério de Jesus está registado. Jesus curou um homem que era cego e mudo, expulsando um espírito maligno. E toda a multidão se admirava e dizia: É este porventu- ra, o Filho de David? Mas os fariseus, ouvindo isto, mur- muravam: Este não expele demónios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demónios. Belzebu significa, literalmente, “o senhor das moscas.” É o título de Satanás particularmente como o governante dos demónios, pois os demónios são comparados a todo o domínio dos insectos. Jesus responde aos fariseus no ver- sículo 25: Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos disse: Todo o reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda a cidade ou casa dividida contra si mesma não sub- sistirá. Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino? Existe uma clara indicação de que, em primeiro lugar, Sa- tanás tem um reino. Em segundo lugar, não é dividido, mas altamente organizado. Em terceiro lugar, permanece e ain- da não foi derrubado. Jesus continua: E, se eu expulso demónios por Belzebu, por quem os expul- sam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. Se, porém, eu expulso demónios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós. Jesus menciona aqui outro reino, o reino de Deus. Em par- ticular, Ele descreve um ponto em que se torna visível o conflito entre estes dois reinos. Ele diz, “quando eu expul- so demónios pelo Espírito de Deus,certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.” A implicação é que o minis- 11 tério de expulsar demónios põe a nu as forças do reino de Satanás e também demonstra a superioridade do reino de Deus, porque os demónios são expulsos, sob a autoridade do reino de Deus. Em última análise, há dois reinos em oposição: o reino de Deus e o reino de Satanás. Novamente, em Colossenses 1:12-14, Paulo refere: …dando graças ao Pai, que vos fez idóneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Repare novamente que existem dois domínios ou reinos: existe o reino da luz, no qual reside a nossa herança, mas também existe o domínio das trevas. A palavra traduzida “domínio” é a palavra grega “exousia”, que significa “au- toridade”. Por outras palavras, quer queiramos quer não, Satanás tem autoridade. Ele é o governante de um reino que a Bíblia reconhece. Portanto, estes dois reinos encon- tram-se envolvidos numa guerra mortal, e a guerra está a chegar ao seu clímax nos nossos dias, assim como estes tempos em que vivemos estão a chegar ao fim. 2 - O QUARTEL-GENERAL DE SATANáS Em Efésios 6:12, Paulo deixa muito claro que, como cris- tãos, estamos envolvidos numa luta entre a vida e a morte com um reino altamente organizado, povoado com seres do mal e com espírito de rebelião, e que o quartel-general deste reino está no reino celestial. 12 A expressão “o reino celestial,” provoca um dilema parti- cular na mente dos cristãos. Se Satanás foi expulso do céu há muito tempo, então como é que ele ainda pode ocupar um lugar no reino celestial? Permita-me responder a esta questão, salientando algu- mas passagens que descrevem acontecimentos que tive- ram lugar muito depois da primeira rebelião e expulsão de Satanás por Deus. Estas passagens indicam que Satanás continuou a ter acesso à presença de Deus no céu naquela altura: Job 1:6-7: Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles. En- tão, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Sata- nás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela. Então, até ao momento dos dias de Job, percebemos que Satanás ainda tinha acesso directo à presença do Senhor. Quando os anjos de Deus se apresentaram e comunicaram com o Senhor, Satanás estava ali entre eles. A passagem parece indicar que os outros anjos não identificaram Sata- nás. Posso compreender isto, porque em 2 Coríntios 11:14, Paulo diz que, Satanás se transforma num “anjo de luz.” Esta passagem cria na minha mente a impressão de que o único que poderia identificar Satanás era o Senhor. Apa- rentemente, ele poderia aparecer na presença de Deus mis- turando-se com os outros anjos, e não ser detectado. O Senhor disse, “De onde vens, Satanás?” Por outras pa- lavras, “O que estás a fazer aqui?” O Senhor não expulsa imediatamente Satanás da Sua presença, mas, na verda- de, teve uma conversa com ele. Portanto, sabemos que no tempo de Job, Satanás ainda tinha acesso à presença de Deus no céu. 13 Então, ouvi uma grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autori- dade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. (Apocalipse 12:10) O “acusador dos nossos irmãos” é Satanás. Observe que, neste momento ele ainda acusa o Povo de Deus diante do próprio Deus, dia e noite. Apocalipse 12:11-12 continua: Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta. Esta passagem indica que Satanás ainda tem acesso à pre- sença de Deus, e ele usa o seu acesso para acusar o Povo de Deus na Sua presença. Obviamente, todas as passagens que eu citei, referem-se a períodos longos após a original rebelião de Satanás. Então, qual é a resposta? Há mais do que um céu. Creio que isto está claramente indicado atra- vés de toda a Escritura. Por exemplo, no primeiro versícu- lo da Bíblia, Génesis 1:1, diz, “No princípio Deus criou os céus e a terra.” A palavra hebraica para céus é shamayim. “Im” significa plural. A primeira vez que o céu é referido, repare que é no plural. Em 2 Crónicas 2:6, temos esta expressão de Salomão, na sua oração ao Senhor com a dedicação do templo: 14 No entanto, quem seria capaz de lhes edificar a casa, visto que os céus e até os céus dos céus o não podem conter? O hebraico diz, de igual modo, “o céu dos céus.” Qualquer tradução indica claramente que, há mais do que um céu. A palavra “céu” da expressão “céu dos céus” sugere um céu que está tão acima do céu, como o céu está acima da terra. Em 2 Coríntios 12:2-4, Paulo é ainda mais específico: Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) e sei que o tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi arreba- tado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir. Antes de ser pregador, eu era perito em lógica e, por ve- zes, não consigo fugir dela. A lógica convence-me que, se houver um terceiro céu, deve haver um primeiro e um se- gundo. Portanto, há pelo menos três céus. Aparentemente, o terceiro céu agora está localizado: é o Paraíso, o lugar de descanso dos justos que partem. É também onde o próprio Deus habita. Efésios 4:10, fala sobre a morte e a Ressurreição de Je- sus: Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. Repare na expressão “todos os céus.” A palavra “todos” só pode ser utilizada correctamente no mínimo para três. Quando eu ensinava Inglês a estudantes africanos no Qué- nia, um aluno disse-me uma vez: “Todos os meus pais vie- 15 ram ver-me.” Eu disse-lhe: - Não pode dizer, T“ odos os meus pais”, porque ninguém tem mais do que dois pais. Se tem somente dois não se pode dizer “Todos.” O mesmo se aplica à expressão “todos os céus.” Deve haver pelo menos três, penso que é claramente indicado pelo teor de toda a Escritura. Isto conduz-nos à resposta de como o reino de Satanás ainda está no reino celestial. Numa conversa trivial, nós às vezes usamos a expressão “sétimo céu”, para descrever uma condição de grande fe- licidade. Alerto-o de que não está de acordo com as Escri- turas. Na verdade, esta expressão é retirada do Alcorão, o livro sagrado do Islamismo, e certamente não é apropriada para os cristãos. Em vez disso, se estiver a sentir-se parti- cularmente feliz, deixe-me sugerir que diga que está “nas nuvens.” Há muitas nuvens no céu, e esta expressão está mais em linha com a Escritura: Jesus virá nas nuvens. A existência dos três céus é a minha opinião e não uma doutrina estabelecida. No entanto, acredito que é uma opi- nião razoável que se ajusta a todos os factos conhecidos da Escritura e da experiência. Quais são os três céus? O primeiro céu é o céu visível e natural com o sol, a lua e as estrelas que vemos com os nossos olhos. O terceiro céu, sabemos a partir de 2 Coríntios 12, que é a morada de Deus. É o Paraíso, o local de descanso dos mortos virtuosos. É o lugar para onde o homem foi arre- batado e ouviu Deus falar as palavras que não podiam ser pronunciadas. Então só nos falta o segundo céu. Claramente, este deve estar entre o primeiro e o terceiro. Eu entendo que se trata de um intermediário entre o céu da habitação, do céu de Deus e do céu visível que vemos aqui na terra. Também acredito que este céu intermediário é onde o quartel-ge- neral de Satanás está localizado. Isso explicaria porque, 16 muitas das vezes encontramo-nos num jogode luta intensa quando oramos. Por vezes não nos apercebemos como é difícil chegar até Deus. Fazemos uma oração que está na vontade de Deus, acreditamos que Deus ouve e, no entanto, a resposta de- mora. Pode haver mais do que uma explicação para isso, mas uma razão importante para experiências deste tipo na vida dos crentes sinceros e comprometidos, é que estamos envolvidos numa guerra e que o quartel-general do reino de Satanás está localizado entre o céu visível e a habitação de Deus no céu. 3 - A BATALHA DOS ANJOS O livro de Daniel tem um exemplo específico de guerra espiritual que lança ainda mais luz sobre a localização do reino de Satanás. Na verdade, ele descreve a batalha dos anjos. No capítulo 10, Daniel descreve como ele se pre- dispôs para orar e buscar a Deus para obter uma revelação sobre o futuro do seu povo de Israel. Durante três semanas, dedicou-se com uma especial intensidade à oração e a es- perar em Deus. No final das três semanas um anjo do céu veio até Daniel com a resposta à sua oração. O anjo era tão glorioso e poderoso que todas as pessoas que estavam com Daniel dispersaram-se e ele foi o único que se manteve para receber a revelação. Daniel 10:2-6 afirma: Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entra- ram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras. No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à borda do grande rio Tigre, levantei os olhos e olhei, e eis um homem vestido de linho, 17 cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz; o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâm- pago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita gente. Como já referi, os companheiros de Daniel não podiam suportar essa gloriosa aparição e simplesmente desapare- ceram. Então o anjo começou a falar com Daniel, e a par- te em que eu me quero focar, encontra-se nos versículos 12 e 13: Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o pri- meiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim. É importante ver que no primeiro dia em que Daniel co- meçou a orar, a sua oração foi ouvida e o anjo foi enviado com a resposta. No entanto, o anjo demorou “três sema- nas completas” a chegar à Terra, junto a Daniel. O que é que impediu o anjo nesta viagem de três semanas? Ele foi contestado pelos anjos de Satanás. Algures no percurso entre o céu de Deus à terra, o anjo foi obrigado a passar por Satanás, no reino celestial. Lá ele resistiu aos anjos da maldade que o tentaram impedir de passar com uma men- sagem para Daniel. O versículo 13 continua: Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pér- sia. Tudo isto ocorreu nos reinos celestiais. O líder dos anjos de Satanás é chamado de “o príncipe do reino da Pérsia”, o principal governante sobre a Pérsia. Relacionados a ele e, 18 aparentemente, debaixo da sua autoridade estavam vários “reis” ou anjos menores. Em seguida, no lado de Deus, o anjo que veio para ajudar o anjo original era o arcanjo Miguel. Em Daniel 12:1, lemos isto sobre Miguel: Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angús- tia, qual nunca houve, desde que houve nação até aquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro. A expressão “grande príncipe” pode-se interpretar como “arcanjo”. Este especial arcanjo Miguel mantém a guarda sobre os filhos do povo de Daniel, os filhos de Israel. Miguel, de alguma maneira especial, é encarregado por Deus para vigiar os interesses e proteger Israel. Dado que toda esta revelação se centrava em torno do futuro de Is- rael, era de todo o interesse para Israel que o mensageiro conseguisse atravessar. Então, quando o primeiro anjo foi impedido, o arcanjo Miguel veio para ajudá-lo e eles com- bateram lá contra os anjos satânicos durante vinte e um dias. Os anjos satânicos foram representados por um que era conhecido como o príncipe do reino da Pérsia (o supre- mo governante) e sob as suas ordens diferentes reis ou subordinados governantes de várias áreas de autoridade. Por exemplo, pode haver um rei em cada grande cidade do império Persa, um grupo étnico mais importante, talvez também sobre cada uma das várias religiões pagãs do im- pério Persa. Ficamos com uma imagem de um reino com uma estrutura altamente organizada em diversas áreas e ní- veis de autoridade descendentes, com os quartéis-generais 19 nos lugares celestiais, o qual é o reino de rebeldes, seres espirituais descaídos. O anjo fala novamente sobre o conflito em Daniel 10:20: …Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas… Por outras palavras, a batalha contra o anjo satânico que dominou o império da Pérsia não foi ainda concluída; ha- verá mais guerra nos céus. O anjo continua: …e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia. Por outras palavras, uma vitória foi obtida durante sobre o anjo maligno, que rege o império da Pérsia; o próximo im- pério também vai ter o seu próprio anjo satânico específico que é o governante, ou príncipe, da Grécia. No Versículo 21, o anjo que fala com Daniel diz: Mas eu te declarei o que está expresso na escritura da ver- dade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aque- les, a não ser Miguel, vosso príncipe. Assim, vemos mais uma vez que o arcanjo Miguel está es- pecificamente associado a proteger e a guardar os interes- ses do povo de Deus, Israel. Vemos também que foi neces- sário unir as forças do primeiro anjo às forças do Miguel, para superar os anjos satânicos governantes do reino de Satanás, que se opuseram ao próprio trabalho e propósito de Deus para Israel. Poderá admirar-se com a referência à Pérsia e à Grécia. Deixe-me lembrá-lo de que havia quatro grandes impérios Gentios que sucessivamente dominavam Israel e a cidade 20 de Jerusalém, sensivelmente desde o século V a.C. e daí em diante: Babilónia, Pérsia, Grécia e Roma. De entre eles, a Pérsia e a Grécia foram significativas, porque naquela épo- ca eram os dois impérios Gentios mais dominantes. Vemos a partir destas passagens em Daniel, que a batalha se centra em torno do povo de Deus e dos Seus propósitos. Creio que isto ainda hoje é verdade. Sempre que o povo de Deus e os Seus propósitos são postos em prática, a batalha espiritual será mais intensa. Na minha opinião, nos dias em que vivemos hoje, o centro do conflito é mais uma vez sobre Israel e a cidade de Jerusalém. O efeito da oração de Daniel é algo de surpreendente. Quando Daniel começou a orar na terra, ele colocou todos os céus em movimento, tanto os anjos de Deus como os anjos de Satanás. Isso dá-nos um espectacular conheci- mento sobre o que a oração pode fazer. Também estou impressionado com o facto de que os anjos de Deus aparentemente necessitaram da ajuda das orações de Daniel para cumprirem as suas missões. Mais uma vez, isso dá-nos um tremendo discernimento sobre a eficácia da oração. 4 - AS ARMAS E O CAMPO DE BATALHA Vamos abordar agora dois aspectos relacionados com a ba- talha espiritual: em primeiro lugar, as armas que temos de usar; em segundo lugar, o campo de batalha na qual a guer- ra é travada. Ambos são revelados em 2 Coríntios 10:3-5: 21 Porque, embora andando na carne, não militamos segun- do a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais… (versão JFA) A Versão do Padrão Americano diz:* No entanto andamos na carne, não estamos na guerra de acordo com a carne, porque as nossas armas de guerra não são carnais… (*Não temos esta versão em Português, por isso traduzi-mo-la à letra). Note, que Paulo diz que estamos a viver na carne, envol- vidos numa guerra, mas a nossa guerra no reino não é car- nal. Por isso, usamos as armas que devem corresponder à natureza da guerra. Se a natureza da guerra for carnal ou física, então podemos usar armas carnais ou físicas, tais como tanques, bombas ou balas. Porque a guerra é espiri- tual e, num reino espiritual, as armas também devem ser espirituais. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhe- cimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obe- diência de Cristo. (Versão JFA) ... Porque as armas da nossa guerra não são da carne, mas divinamente poderosas para a destruição das forta- lezas. Estamos a destruir todas as especulações e nobres coisas que se levantam contra o conhecimento de Deus, e levamos cada pensamento cativo à obediência de Cristo... (Versão do Padrão Americano*) 22 Repare, que as nossas armas são apropriadas para a guerra, e estamos a lidar com fortalezas. Na versão do Rei Tiago lê-se: Apesar de andarmos na carne, não guerreamos segundo a carne, porque as armas da nossa guerra não são carnais (carnais ou físicas), mas poderosas em Deus para derru- bar lugares seguros; subjugar toda a imaginação, e cada altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, le- vando cativo todo o pensamento à obediência de Cristo... (de igual modo, esta tradução não existe em português, por isso, está traduzida à letra). A versão do padrão Americano diz “fortalezas” a versão do Rei Tiago diz “lugares seguros.” A guerra é no reino espiritual, consequentemente, as ar- mas, são espirituais e adequadas para o reino da guerra. Estas armas vão ser o meu tema principal, nos dois capí- tulos seguintes: “A nossa Armadura Defensiva” e “Armas de Ataque.” É extremamente importante que, entendamos que a bata- lha está a decorrer. Falando do campo de batalha e dos nossos objectivos, Paulo usa várias palavras. Eu escolheria entre as diferentes traduções as seguintes palavras: ima- ginações, raciocínios, especulações, argumentos, conheci- mento e pensamento. Repare, que cada uma destas palavras se refere ao mesmo domínio particular, o domínio da mente. É absolutamente necessário compreender que o campo de batalha é na esfera da mente. Satanás aposta numa guerra que cujo objectivo é cativar as mentes da raça humana. Ele está a 23 construir lugares seguros e fortalezas nas suas mentes e é da nossa responsabilidade, como representantes de Deus, usarmos as nossas armas espirituais para quebrar essas for- talezas, para libertar a mente dos homens e mulheres e, em seguida, levá-los cativos à obediência de Cristo. Que missão surpreendente que isso é! Satanás deliberada e sistematicamente constrói lugares se- guros nas mentes das pessoas. Estas fortalezas resistem à verdade do evangelho e da Palavra de Deus e impedem que elas sejam capazes de receber a mensagem do evan- gelho. Que tipo de fortalezas a Bíblia indica? Gostaria de sugerir duas palavras bastante comuns em Inglês que descrevem o tipo de fortificações na mente das pessoas: preconceito e pré-concepção. Não sei se já ouviu falar desta definição de preconceito: é estar perante uma situação ou assunto acerca do qual não domina e de antemão nem se dispõe a considerar. Por ou- tras palavras, senão souber nada acerca desse assunto, para si isso já é uma coisa que não lhe oferece credibilidade. Se não partir primeiro de si chegar a essa conclusão, então é porque é algo impensável. Se isto se aplicasse a algum grupo então seria a um grupo de pessoas religiosas, porque a maior parte do que as pessoas religiosas não ouviram falar, enfrentam com desconfiança imediata. Há um outro exemplo de preconceito que está contido na famosa declaração, “Não me confunda com os factos, nada vai mudar o que eu já sei disto!” Isto é preconceito. Quan- do a mente de uma pessoa já está preconcebida, nenhum facto, verdade, prova ou razão pode alterá-lo. Apenas as armas espirituais podem quebrar essas fortalezas. As pes- soas são motivadas e dominadas por preconceitos e pre- 24 concepções, o que muitas vezes as levará à sua própria destruição. Um exemplo que realmente me impressionou, talvez por ser inglês, aconteceu na Guerra Revolucionária Americana em que os soldados foram lutar contra os rebeldes ameri- canos. A ideia inglesa da guerra foi usar uniformes bastan- te coloridos e marchar em linha ao som dos tambores para a batalha. Os atiradores americanos escondiam-se nas ár- vores e pântanos e simplesmente atiravam sobre eles, sem serem vistos. Nos nossos padrões de hoje, isso seria con- siderado um suicídio militar. Nesse tempo, porém, as pes- soas não poderiam conceber o combate de qualquer outra forma. Foi uma fortaleza de preconceito e preconcepção que causou a morte desnecessária de milhares soldados in- gleses. Este é apenas um exemplo de como um preconceito mental pode conduzir as pessoas à sua própria destruição. Há outros exemplos de preconceitos que se apoderam das mentes do povo, tais como cultos religiosos, ideologias políticas, preconceitos raciais. Estes são encontrados, fre- quentemente, entre os cristãos professos. Há algum tempo atrás, eu estava a pregar na África do Sul. Fui convidado a pregar sobre o tema dos principados e batalha espiritual. À medida que meditava sobre ele, pare- cia que o Senhor me estava a revelar quem era o “homem forte” que estava dominando a África do Sul, e percebi que este homem forte é: o fanatismo. Procurei a palavra “fa- nático” no dicionário e esta foi a definição que encontrei mais apropriada: “Aquele que ocupa, independentemente do motivo, e atribui peso desproporcional a algumas cren- ças ou opiniões.” Também é uma fortaleza, é algo que Sa- tanás constrói na mente das pessoas. 25 Depois de ter falado sobre isso, um ministro que nasceu na África do Sul e conhecia bem o país, disse-me: “Não poderia ter descrito melhor os problemas da África do Sul. A África do Sul está cheia de intolerância religiosa, racial e confessional. A raiz dos problemas desta nação é o fana- tismo.” Os Sul-africanos, individualmente, são um grupo encantador de pessoas, mas as suas mentes foram cativa- das e ficaram presas na fortaleza do fanatismo. Não estou a insinuar que as pessoas da África do Sul são diferentes das outras pessoas, elas simplesmente têm a sua fortaleza muita própria. 2 Coríntios 4:4 afirma: Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evan- gelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. A fortaleza é algo que cega as mentes dos homens, para que a luz do evangelho não possa brilhar neles. Quando uma pessoa está nesta condição, é completamente inútil discutir com ela. Quanto mais se alega, quanto mais se tentar mostrar o seu erro, mais firmemente ficam presos nesse erro. A única forma de libertar essas pessoas é utili- zar as nossas armas espirituais para derrubar as fortalezas nas suas mentes. 5 - A BASE DA NOSSA VITÓRIA Agora, vou explicar o facto mais importante que precisa- mos de saber, a fim de garantir a vitória na nossa batalha espiritual. Em Colossenses 2:13-15, Paulo descreve o que Deus fez por nós, como crentes, através da morte de Cristo na Cruz em nosso nome. 26 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgres- sões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida jun- tamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, remo- veu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Permita-me primeiro avisar que Satanás está extremamen- te determinado em que não chegue ao conhecimento pleno deste facto. Ele quer manter todosos cristãos na ignorân- cia acerca desta verdade, pois é a chave para a sua derrota. A grande verdade essencial é esta: Cristo já derrotou Sa- tanás e todos os seus poderes e autoridades malignos totalmente e para sempre. Se não se lembrar de mais nada, ao menos lembre-se do seguinte: Cristo já derrotou Satanás e todos os seus pode- res e autoridades malignos totalmente e para sempre. Ele fez isso através da Sua morte na cruz, através do Seu san- gue derramado, e através da Sua ressurreição triunfante. Para perceber de que maneira é que foi alcançado, é preci- so reconhecer que a principal arma que Satanás usa contra nós é a culpa. Apocalipse 12:10 afirma: Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos ir- mãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Quem é o acusador dos irmãos? Sabemos que é Sa- tanás. Como já anteriormente referi, Satanás tem acesso à presença de Deus e a sua ocupação prin- 27 cipal é acusar-nos a nós que cremos em Jesus. Porque é que Satanás nos acusa? Qual é o seu objectivo? A resposta resume-se numa simples frase: para nos fazer sen- tir culpados. Enquanto Satanás nos conseguir manter com este sentimento de culpa, não o podemos derrotar. Culpa, é a chave para a nossa derrota e justiça é a chave para a nossa vitória. Deus, através da Cruz, resolveu este problema de culpa, tanto no passado como no futuro. Ele fez provisão com- pleta para ambos. Como é que Deus lida com o passado? Colossenses 2:13 diz: “…perdoando todos os nossos de- litos…” Através da morte de Jesus Cristo em nosso nome, como o nosso representante, transportando a nossa culpa e pa- gando a nossa pena, Deus é agora capaz de nos perdoar de todos os nossos actos pecaminosos. Porque a Sua justiça foi satisfeita pela morte de Cristo, Ele pode perdoar todos os pecados que temos cometido, sem nunca comprome- ter a Sua própria justiça. A primeira coisa que temos de compreender é que todos os nossos actos pecaminosos do passado, não importando quantos ou quão graves foram perdoados, quando pomos a nossa fé em Jesus. Então, Deus fez provisão para o futuro, como nos mostra em Colossenses 2:14: …tendo cancelado o escrito da dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz. O “escrito da dívida” é a lei de Moisés. Jesus, na Cruz aboliu lei de Moisés como sendo o requisito para a obten- ção da justiça com Deus. Enquanto a lei de Moisés foi a exigência, cada vez que não se cumpria um dos requisi- 28 tos por mais pequeno que fosse, éramos culpados perante Deus. Quando a lei deixou de ser o requisito para alcançar a justiça, tornou possível de imediato que nós vivêssemos livres de culpa, porque é a nossa fé que passou ser o requi- sito para a justiça. Relacionado a este assunto encontramos duas passagens. Uma delas está em Romanos 10:4: Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê. Esta é uma declaração importante. Judeu ou gentio, cató- lico ou protestante, não faz diferença. Cristo não é o fim da lei como parte da Palavra de Deus, ou como uma parte da história de Israel, ou em qualquer outro aspecto, Ele é o fim da lei como um meio de alcançar justiça com Deus. Nós não somos obrigados a manter a lei, a fim de sermos justos. A outra passagem está em 2 Coríntios 5:21: Aquele que não conheceu pecado, ele fez o pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. Isto é a troca divina. Jesus foi feito pecado com o nosso pecado, para que que possamos ser justos com a Sua jus- tiça. Depois de perceber o facto de que fomos feitos jus- tos com a justiça de Cristo, o diabo já não pode fazer-nos sentir culpados por mais tempo. Assim arma principal de Satanás foi-lhe retirada. Jesus desarmou os principados e potestades através da Sua morte na Cruz. Ele tirou-lhes a principal arma que tinham contra nós. 29 Agora eu quero mostrar-lhe o resultado da vitória de Cristo através de nós. Já vimos a declaração da vitória de Cristo em Colossenses 2:15: …e, despojando os principados e as potestades, [toda a maldição do reino de Satanás] publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Um triunfo não é realmente a conquista de uma vitória, é a celebração de uma vitória que já foi ganha. Jesus, através da Sua morte na Cruz, demonstrou a todo o universo a Sua vitória sobre todo o reino satânico. No entanto Jesus não ganhou esta vitória para Ele próprio. Não precisava dela para si, mas conquistou-a para nós. Os propósitos da vitória de Deus são para dar fruto e serem demonstrados através de nós. Em 2 Coríntios 2:14 (um dos meus versículos favoritos), Paulo diz: Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos con- duz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Não admira que Paulo diga, “graças a Deus.” Quando se consegue perceber a mensagem deste versículo, só nos resta mesmo render graças a Deus. Ele em todo o tempo partilha connosco o triunfo de Cristo sobre o reino de Sata- nás. Existem duas formas adverbiais, “sempre” e “em todo o lugar”. Isto significa que não há tempo e lugar onde não possamos partilhar visivelmente o triunfo de Cristo sobre o reino de Satanás. Em Mateus 28:18-20, Jesus declara: Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a auto- ridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei 30 discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos sécu- los. Aqui Jesus diz que, através da Sua morte na Cruz, Ele ar- rancou a autoridade de Satanás, obtendo-a para si mesmo, e Deus investe Nele toda a autoridade no céu e na terra. Então Ele diz: “Portanto ide e fazei discípulos...” Qual é a implicação da palavra “Ide? “ Jesus diz, “Eu conquistei a autoridade, agora chegou a tua vez de a usares. Demons- tra a Minha vitória a todo o mundo cumprindo a Minha missão.” Gostaria de fazer três declarações simples sobre a vitória de Jesus. Em primeiro lugar, a tentação no deserto, Jesus pessoalmente derrotou Satanás. Conheceu-o, resistiu à sua tentação, e derrotou-o. Em segundo lugar, na Cruz, Jesus derrotou Satanás em nosso lugar; não para Si próprio, mas para nós. Ele não precisava da vitória para Si, porque Ele já a tinha, mas ele ganhou a vitória para nós e o derrotou o nosso inimigo. Ele desarmou o nosso inimigo publicamen- te, “expondo-o a nu”, revelando-o tal como ele é, em nosso favor. Terceiro, agora a nossa responsabilidade é demons- trar e administrar a vitória de Jesus. Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos con- duz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. (2 Coríntios 2:14) Lembre-se que “sempre” e “em todo o lugar” Cristo tor- nou possível a vitória para nós. Parte 2 a NOSSa arMaDUra DeFeNSIVa 32 33 6 - A ARMADURA COMPLETA DE DEUS Já expliquei que nós como representantes do Reino de Deus aqui na terra, nos encontramos envolvidos numa guerra intensa contra o reino oposto, extremamente bem organizado e governado por Satanás. É um reino formado por seres espirituais malignos (pessoas sem corpos), cujo quartel-general está nos reinos celestiais. O campo desta batalha situa-se nas mentes das pessoas. Satanás construiu a fortaleza do preconceito e da incre- dulidade nas mentes da raça humana com o objectivo im- pedir de conhecer a verdade do evangelho. O nosso Deus, atribui-nos a tarefa de derrubar estas fortalezas mentais, libertando assim os homens e as mulheres do engano de Satanás e, em seguida, levá-los à submissão e obediência a Cristo. A nossa capacidade para cumprir esta tarefa que Deus nos incumbiu, depende principalmente de dois factores: Emprimeiro lugar, que nós aceitemos com base na Escritura que, na Cruz Jesus derrotou totalmente Satanás por nós, sendo agora da nossa responsabilidade demonstrar e ad- ministrar a vitória que Jesus já conquistou. Em segundo lugar, temos que utilizar de forma adequada as armas es- pirituais que Deus nos proporcionou. Estas armas espiritu- ais dividem-se em duas categorias principais: as armas de defesa e as armas de ataque. Nesta fase, vamos tratar da primeira categoria, as armas de defesa. Efésios 6:10-17 é a nossa base: Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque 34 a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores des- te mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da cou- raça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evan- gelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Ma- ligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Na passagem “Portanto tomai toda a armadura de Deus...”, Paulo refere-se ao assumir da armadura de Deus na sua to- talidade. Eu já comentei em diversas ocasiões, que quando se encontra a palavra “portanto” na Bíblia, é necessário descobrir o “porquê”. O “portanto” neste versículo está lá por causa do versículo anterior onde Paulo diz: “... Porque a nossa luta não é contra carne e o sangue, e sim contra os principados, contra os dominadores deste mundo te- nebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.”. É porque estamos envolvidos nesta luta de vida e morte com as forças espirituais malignas do reino de Sa- tanás que devemos a nós mesmos (e pelo que a Palavra de Deus requer de nós), colocar a armadura total de Deus. É significativo que por duas vezes nesta passagem (v. 11 e 13) Paulo alerte: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus” Na verdade, fomos claramente informados pela Escritura que nos de- vemos proteger com a armadura total de Deus. No versículo 13, Paulo dá mais um motivo: “Para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.” Reflicta na expressão “no 35 dia mau.” Eu não acredito que isto signifique a Grande Tri- bulação ou alguma catástrofe profética que irá surgir em todo o mundo (apesar de acreditar na existências dessas catástrofes). Neste contexto “no dia mau”, creio que se re- fere a algo menos bom que cada cristão irá enfrentar. Este será um momento em que ele tem que enfrentar as forças do mal, onde a sua fé estará a ser desafiada e onde todo o tipo de oposição e problemas será lançado sobre ele. Paulo não questiona a necessidade de enfrentar o dia mau. Não é uma opção, mas uma certeza. Penso muitas vezes na parábola que Jesus contou relativamente aos dois homens que construíram as suas casas. O homem insensato cons- truiu sobre a areia, mas o homem sábio construiu sobre a rocha. A casa do homem insensato acabou por cair, o que não aconteceu com a do homem sábio. A diferença entre essas duas casas não foi as intempéries, pois cada casa pas- sou pelas mesmas situações: vento, chuva, tempestades e inundações. A diferença foi a base sobre a qual elas foram construídas. Nada nas Escrituras indica que nós, como cristãos, iremos escapar a tribulações. Não vamos escapar ao “dia mau,” temos pois que estar preparados para passar por isso. Por isso Paulo nos alerta “tomai toda a armadura de Deus.” Paulo para transmitir esse alerta, usa a imagem de um le- gionário romano dos seus dias e enumera as seis peças do equipamento que normalmente um legionário usaria. Per- mita-me descrevê-las para si: Em primeiro lugar, o cinto da verdade; em segundo lugar, a couraça da justiça; terceiro, os sapatos da preparação do evangelho; em quarto lugar, o escudo da fé; quinto, o capa- cete da salvação e em sexto lugar, a espada do espírito. Irá entender, à medida que meditar sobre isto, que se co- locar todas estas seis peças do equipamento, estará total- 36 mente protegido desde o cimo da sua cabeça até às plantas dos pés com uma excepção. Não existe qualquer protecção para as costas, acerca disto explicaremos mais adiante. 7 - O CINTO DA VERDADE A primeira peça do equipamento é o cinto da verdade. Te- mos de compreender por que razão, um legionário romano iria precisar de um cinturão como parte do seu equipamen- to. Note-se que, naquela época, o vestuário dos homens (bem como o das mulheres) era composto por uma única peça de roupa, larga e cujo comprimento era pelo menos até aos joelhos. No caso do legionário romano, era uma espécie de túnica. Quando um legionário romano era obrigado a fazer algo activo, tal como a luta ou utilizar as suas armas, ele teria que ter cuidado com este vestuário. Se ele não o tivesse, as suas abas e pregas prejudicariam os seus movimentos e impediam-no de utilizar o resto do seu equipamento de forma eficaz. A primeira coisa que ele tinha que fazer era amarrar bem o cinto à volta da sua cintura, de tal forma que a túnica o deixasse livre e em nada pudesse dificultar ainda mais os seus movimentos. Isto era essencial, e foi a base para tudo o resto. É por isso que Paulo menciona o cinto da verdade antes de ele falar de qualquer outra coisa. Paulo transmite que para nós o cinto simboliza a verdade. Creio que não significa a verdade teológica e abstracta, mas a verdade que é praticada no dia-a-dia: ou seja a ho- nestidade, a sinceridade, a abertura e a franqueza. 37 As pessoas religiosas encontram-se frequentemente carre- gadas de muito fingimento e hipocrisia. Muitas das coisas que dizem não são propriamente o que pretendem dizer, mas dizem-no apenas porque lhes parece que ficará bem. Estamos cheios de clichês religiosos e insinceridades. Há coisas que fazemos não com o intuito de agradar a Deus ou porque realmente queremos fazê-las, mas para agradar a outras pessoas. Praticamente cada grupo religioso tem o seu próprio cliché particular, como por exemplo: “Jesus vai-te ajudar, meu irmão.” Normalmente isto é só da boca para fora, apenas para “ sacudir a água do capote”; porque não é Jesus que tem que ajudar o teu irmão, és TU que tens que ajudar o teu irmão. Conversa religiosa como esta é como uma túnica larga e solta (equipamento legionário romano), só atrapalha e impede-nos de pôr em prática o tipo de coisas que Deus realmente quer que façamos. Impede-nos de ser cristãos activos, enérgicos e eficazes. Também nos impede de usar o restante equipamento. Somos obrigados, antes de tudo, a colocar o cinto da verdade. Temos que pôr de lado o fin- gimento, a hipocrisia, os clichês religiosos e tudo o que dizemos e fazemos que na realidade não é o pretendemos. Muitas vezes a verdade é bastante dolorosa. Tens que co- meçar a mostrar às outras pessoas que tipo de pessoa que realmente és. Mesmo que tenhas fingido ou te escondido durante muito tempo atrás de uma máscara religiosa, agora estás a ser confrontado com a necessidade da verdade, da abertura e da franqueza. Tens que pôr o cinto, amarrá-lo à tua volta; para que com isso possas acabar com as in- sinceridades; e as falsidades religiosas não possam mais circular em torno de ti, impedindo de seres e fazeres o que na verdade Deus requer de ti. 38 8 - A COURAÇA DA JUSTIÇA A couraça do legionário romano protege, acima de tudo, um órgão absolutamente vital do corpo humano: o cora- ção. A Bíblia indica que o coração é de suma importância nas nossas vidas como declarou Salomão em Provérbios 4:23: Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, por- que dele procedem as fontes da vida. Fui professor, no Quénia,África Oriental, durante cinco anos. Familiarizei-me com algumas das tribos lá existen- tes e aprendi um pouco das suas línguas. Um dia, na pa- rede do dormitório de um estudante, eu li Provérbios 4:23 citado na língua Maragoli. Traduzi literalmente para mim e nunca me esqueci desta tradução. “Guarda o teu coração com toda a tua força porque todas as coisas da vida vêm daí.” O que tem no seu coração inevitavelmente determinará o rumo da sua vida, para o bem ou para o mal. É essencial proteger o nosso coração de todos os tipos de males. Paulo fala sobre a couraça da justiça como sendo uma protecção do coração. Temos que perguntar a nós mesmos o que se entende por justiça neste contexto. Felizmente, Paulo retoma este tema da armadura noutra epístola. Em I Tessalonicenses 5:8, ele diz o seguinte: Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestin- do-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capa- cete a esperança da salvação. 39 Aqui Paulo descreve a couraça, de um outro ponto de vis- ta. Ele chama-lhe “a couraça da fé e do amor.” Coloque essas duas passagens em conjunto: “a couraça da justiça” é uma “couraça da fé e do amor.” Isto revela o tipo de justiça que Paulo tem em mente. Não é a justiça de obras, ou de lei religiosa, mas é a justiça que vem somente pela fé. Paulo fala sobre este tipo de justiça novamente em Fili- penses 3:9: …[que eu] seja achado nele [Cristo], não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé… Paulo, coloca agora os dois tipos de justiça lado a lado. Primeiramente, ele fala de uma justiça própria, derivada da lei e diz que isto não é o suficiente. Como alternativa, ele fala da justiça que vem de Deus baseada na fé. Esse é o tipo de justiça que ele tem em mente quando fala sobre a couraça da justiça que protege o coração. Enquanto ves- tirmos uma couraça que provém da nossa própria justiça, Satanás pode encontrar muitos pontos fracos e muitas ve- zes pode penetrá-la com os seus ataques causando danos no nosso coração. Temos que colocar uma couraça que, não seja a nossa própria justiça, mas a justiça de Cristo. 2 Coríntios 5:21, diz: Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. Baseado na Escritura, tornamo-nos convictos e aceitamos pela fé que nos tornamos a justiça de Deus. Essa é a única espécie de couraça que pode proteger o nosso coração e a nossa vida. Este tipo de justiça, Paulo enfatiza que, vem somente pela fé. Portanto não há outra maneira de conse- gui-la. 40 Sempre que me relembro da oração de Jesus a Pedro, na noite antes da Sua paixão, quando Jesus advertiu Pedro que ele o iria trair naquela mesma noite, fico comovido. No contexto dessa advertência, Jesus disse: “Pedro, eu tenho orado por ti.”Jesus não orou para, que Pedro não O traísse. Nestas circunstâncias, sob as pressões que se desenvolvem e com as conhecidas debilidades na personalidade de Pe- dro, era inevitável que ele iria trair Jesus. Mas Jesus orou uma oração diferente: a única oração que poderia realmen- te ajudar Pedro. Jesus disse em Lucas 22:31-32: Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos pe- neirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfale- ça… Note, “para que a tua fé não desfaleça.” Mesmo que ele negasse o Senhor e se mostrasse muito fraco e cobarde, tudo ainda poderia ser recuperado desde que a sua fé não falhasse. Este é a couraça da fé e do amor. A fé é o elemen- to essencial para esta. A fé que estamos a analisar funciona somente através do amor. Gálatas 5:6, diz: Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incir- cuncisão têm valor algum, mas a fé que actua pelo amor. Pelo que entendi, o que Paulo no fundo pretende transmitir é: “Não há nenhuma espécie de ritual ou cerimónia, por si só, que seja suficiente. A única coisa essencial, sem o qual não podemos ter sucesso na vida cristã, é a fé, a que trabalha através do amor. Não é uma fé passiva ou teórica. Trata-se de uma fé activa que funciona apenas através do amor.” 41 Quanto mais medito sobre isso, mais impressionado fico com o poder irresistível do amor. Amo a passagem dos Cantares de Salomão 8:6-7, que diz: Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas. As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado. Pense na afirmação: “o amor é forte como a morte.” A mor- te é única coisa inevitável que todos nós iremos encontrar. Não há ninguém que lhe possa resistir; não há maneira de a evitar. A Escritura diz que o amor é forte como a morte. Pense nisso! O amor é imprescindível, vence sempre, não há nenhuma maneira que possa ser derrotado! O Amor protege-nos de todas as forças negativas como o ressen- timento, falta de perdão, amargura, desânimo e desespe- ro que podem corromper os nossos corações e estragar as nossas vidas. Lembre-se, tudo o que existe na vida vem do coração. Paulo descreve este amor em 1 Coríntios 13:4-8: O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ci- úmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará… 42 Esta é a couraça de que precisamos, a que nunca falha. Uma couraça onde não existem pontos fracos que permi- tam Satanás a possa penetrar. O que Paulo transcreve ca- racteriza fielmente a imagem da couraça: O amor sempre protege, sempre confia, sempre espera, sempre persevera. Quando tiver esta couraça de fé que actua através do amor, ela sempre o protegerá. Irá guardar o seu coração de cada ataque e tentativa de Satanás para penetrar nessa área vital da sua vida. 9 - OS SAPATOS DA PREPARAÇÃO DO EVANGELHO Os legionários romanos normalmente usavam sandálias altas e fortes, com tiras de couro para mantê-las seguras. Geralmente eram atadas com tiras de couro até aos gé- meos (músculos situados um pouco abaixo dos joelhos). Eram uma parte muito importante do equipamento do le- gionário, porque lhes permitia marchar longas distâncias em consideráveis velocidades. Isto deu-lhes mobilidade, permitindo assim estar ao dispor do seu comandante no momento e no lugar onde eles eram mais necessários. Pense nestas sandálias e na importância que é estar bem equipado para assim ter mobilidade e disponibilidade para o seu comandante, o Senhor Jesus Cristo. Isto aconteceu comigo, é real; faz parte da minha experiência pessoal. Durante dois anos, no decorrer da II Guerra Mundial, eu servi numa unidade hospitalar do exército britânico nos desertos do Norte de África. Houve alturas em que tra- balhávamos numa divisão armada muito perto das linhas inimigas, por vezes à noite. No deserto não é fácil saber exactamente onde estão as linhas inimigas, porque toda a guerra é muito móvel. Nessas situações, o nosso coman- 43 dante sempre nos deu ordens para que não descalçarmos as nossas botas durante a noite, por isso dormíamos com elas. Evidentemente, a razão é bastante óbvia. Normal- mente não fica no seu melhor quando é acordado com um som irritante. Se não tiver as botas calçadas e, há confusão à sua volta, corre o risco de perder alguns minutos precio- sos apalpando no escuro à procura delas, e seguidamente tentando colocá-las e atá-las. Se, no entanto, tiver as suas botas calçadas, estará imediatamente disponível. A chave para ter sucesso é: a disponibilidade e a mobilidade. Semelhantemente, é o que acontece no campo espiritual e percebemos isso quando Paulo se refere ao nosso equipa-mento. Os sapatos, ou as sandálias, são chamados de “a preparação do evangelho”. Por outras palavras, significa estar-se preparado com alguma coisa. Como cristãos, de- vemos ter uma compreensão clara do evangelho. Muitos cristãos dizem que estão salvos e que nasceram de novo, no entanto não conseguem explicar de uma maneira clara como foram salvos ou como alguém se salva. Penso que “preparação” inclui o estudo da Escritura, memorização das Escrituras, e a capacidade de transmitir com clareza a mensagem do evangelho. Repare também que, Paulo lhe chama “o evangelho da paz.” É um evangelho que pro- duz a paz do coração e da mente de quem nele acredita e obedece. Sobre a paz, uma coisa é certa: só podemos transmitir paz para os outros se nós próprios tivermos paz! Nós não po- demos transmitir algo que não experimentámos. Podemos falar sobre isso, podemos teorizar, mas não se pode trans- mitir. Há uma passagem muito significativa em Mateus 10:12- 13, onde Jesus deu instruções aos primeiros discípulos, 44 mais propriamente quando Ele os enviou pela primeira vez a pregar o evangelho. Eis uma parte da Sua instrução: Ao entrardes na casa, saudai-a; se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz. Repare no importante significado desta frase, “se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz…”. Ou seja, ao entrar numa casa deve conceder a sua paz, será que possui paz para dar ou transmitir? Porque, obviamente não se pode dar algo que não se esteja desfrutando. Deixe-me dar um pequeno exemplo de como isto pode funcionar. Suponha que é um(a) senhor(a) a fazer compras num supermercado. Enquanto espera na caixa, há uma se- nhora que está, obviamente, à beira de um colapso nervo- so. Ela está nervosa e trémula e Deus direcciona-o(a) para ajudá-la. O que vai fazer? Vai dizer: “Vamos à igreja no domingo de manhã?” Isso não irá satisfazer a sua necessi- dade. Se isto é tudo o que poderia dizer, então é porque não tem os seus “sapatos” calçados. Tendo os seus sapatos calçados significa que está sempre pronto para fazer qualquer coisa quando e como Deus o orientar. Primeiro de tudo, tem que ter paz. Deve deixar que a pessoa sinta que tem algo que ela não tem e que precisa desesperadamente. Pode-se sentir paz transmitida por outras pessoas. Quando alguém está desejando encontrar esta paz, você tem que ter capacidade para transmitir de uma maneira simples e sem recorrer a linguagem religiosa como ela pode encontrar a paz. Tem que saber transmitir o evange- lho. A isto se chama os “sapatos da preparação do evange- lho da paz.” 45 10 - O ESCUDO DA FÉ No Novo Testamento em Grego, há duas palavras diferen- tes para “escudo”. Uma refere-se a um pequeno escudo cir- cular, moldado mais ou menos como uma cesta de vimes grande, redonda e de superfície plana. A outra refere-se a um escudo rectangular longo e esta palavra tem origem na palavra porta, porque no fundo ele é parecido com uma porta. É este o tipo de escudo a que Paulo se refere quando ele diz “o escudo da fé.” Um legionário romano devidamente treinado poderia usar o escudo para que nenhuma parte do seu corpo pudesse ser atingida pelos mísseis do inimigo. Está completamente protegido; este é o tipo de fé que Paulo fala quando se re- fere a ela como um escudo. Quando fizer face a Satanás, se começar a causar-lhe al- gum problema, pode ter a certeza que ele vai contra-atacar. Primeiro, ele pode contra-atacar as nossas mentes, os nos- sos corações, os nossos corpos, ou as nossas finanças, por isso precisamos de ter um escudo que nos cubra. Ele irá atacar qualquer área que ele possa alcançar. Se ele não nos poder atacar, ele vai atacar os mais próximos de nós. Se é um homem casado, a primeira coisa que Satanás irá atacar é a sua esposa. É quase garantido. Esta é uma das maneiras que ele usará para atingi-lo a si, tal como era o seu objecti- vo inicial. É indispensável ter um escudo suficientemente grande para proteger tudo aquilo pelo qual Deus vos tor- nou responsáveis, incluindo-o a si, a sua família, e tudo o que Deus providenciou para si. Aprendi esta lição de uma maneira muito prática. Numa certa altura estava a ministrar para uma mulher que tinha um espírito de suicídio. Num determinado momento, 46 ela recebeu a libertação de uma maneira tão clara e radi- cal que imediatamente percebeu que estava livre. Ambos louvámos a Deus. No dia seguinte ela voltou para me ver e contar este notável incidente: num dado momento aquando da sua libertação, o seu marido estava a conduzir ao longo da estrada, no seu camião pick-up aberto, e o seu cão Pas- tor Alemão estava em pé (como sempre gostava de fazer) na parte traseira do camião. Sem razão aparente, enquanto o camião viajava em alta velocidade, o cão saltou para fora e morreu instantaneamente. No momento em que ela me contou aquilo, percebi que o espírito de suicídio, que a deixou, passou para o cão. Satanás atacou a coisa mais próxima que poderia atingir. Eu aprendi uma lição e confio que nunca mais a precisarei de aprender novamente. Sempre que eu ministro libertação para as pessoas, clamo pela protecção da fé no sangue de Jesus sobre tudo o que esteja ligado a elas. Isto ensinou-me a importância do escudo da fé como sendo um grande es- cudo na forma de uma porta, que protege tudo o que Deus nos providenciou. A fé é mencionada duas vezes na lista da armadura. A cou- raça é fé e amor, o escudo é o escudo da fé. Cada utiliza- ção de “fé” deve ser entendida de uma maneira um pouco diferente: a couraça é fé para a nossa própria justiça, mas o escudo é fé para a protecção e provisão de nós e de todos os que Deus nos tem confiado. E isso cobre tudo. Aprendi isto de uma maneira clara, no início do meu mi- nistério de rádio. Quando eu comecei este ministério, foi notável como muitas coisas ao mesmo tempo correram mal no escritório e na produção. Equipamentos que de- veriam ter funcionado perfeitamente de repente deixaram de funcionar. O pessoal ficou doente, as mensagens foram extraviadas. A confusão quebrou o que normalmente es- 47 tava bem organizado e ordenado. Então eu percebi que era necessário ampliar o escudo da fé. Satanás foi contra atacando e ele não poderia chegar a mim, pessoalmente, então atacou uma coisa da qual eu dependia, daqueles que apoiavam o meu ministério. Mas, agarrei o escudo da fé, repreendi este poder de confusão e a paz e a ordem foram restauradas. Mais uma vez, aprendi uma lição. Temos de erguer o escudo da fé para a plena protecção e provisão. 11 - O CAPACETE DA SALVAÇÃO A quinta peça do equipamento é o capacete da salvação. Vou compartilhar algumas verdades preciosas relativas a isso, que eu aprendi com os meus próprios conflitos. Quando olho reflicto nesses conflitos, recordo-me das pa- lavras de Paulo em Romanos 8:37: Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. O que significa ser mais do que vencedores? Isso significa não só ganhar a batalha, mas de facto sair dela com mais do que tínhamos quando fomos para lá. Já vi muitas vezes isto se tornar realidade na minha própria vida. Ao lidar com o escudo, vimos que ele protege o coração. Agora que nós estamos a olhar para o capacete, podemos ver que ele protege a cabeça e que a cabeça representa a mente. Com efeito, estamos a falar de um capacete que protege as nossas mentes. Vimos anteriormente que o campo de batalha espiritual onde decorre esta guerra é na mente da humanidade. Como 48 a mente é o campo de batalha, é óbvio que temos de ser especialmente cuidadosos em proteger as nossas próprias mentes. Na Segunda Guerra Mundial ao prestar funções em hos- pitais, por experiência tornei-me consciente disto. Natu- ralmente, uma pessoa ferida na cabeça, já não pode fazer uso efectivo do resto do seu equipamento. Ele pode ser um soldado muito corajoso e eficiente e ter excelentes equipa- mentos,mas quando ele é ferido na cabeça, torna-se muito difícil para ele fazer um bom uso da sua capacidade e do seu equipamento. No mundo espiritual, isto acontece muitos obreiros cris- tãos. Sinto-me privilegiado por ter estado ligado ao mi- nistério em diferentes tempos e em diferentes lugares com muitos servos maravilhosos de Deus, quer homens quer mulheres. Penso particularmente nos missionários que vi- vem sobre uma pressão espiritual extrema. Alguns missio- nários com quem trabalhei eram homens e mulheres de Deus, dedicados e qualificados com grande habilidade; percebia-se neles a verdadeira chamada. Muitas vezes, porém, permitiram que fossem feridos na cabeça. Quero com isto dizer que, eles permitiram que a depressão ou a desconfiança nos outros trabalhadores cristãos os mantivesse presos. Estes problemas nas suas mentes impediram-nos de ter o tipo de eficácia que os mis- sionários e os servos de Deus poderiam ter tido. Sendo feridos na cabeça, não podiam utilizar o resto do seu equi- pamento. Na minha própria vida, travei uma tremenda luta pessoal com a depressão por muitos anos. Era como uma nuvem cinza escura ou névoa que se estabeleceu sobre mim, ora estava bem, ora estava mal, tornou-se difícil para mim co- 49 municar com os outros. Deu-me um sentimento de deses- pero e, embora em muitos aspectos seja um talentoso e qualificado servo do Senhor, eu tinha esta impressão, “Os outros podem, mas eu não consigo. Nunca conseguirei fa- zer isto. Vou ter que desistir.” Eu lutei contra esta depressão durante muitos anos, fiz tudo o que podia: orei, jejuei, procurei Deus, li a Bíblia. Então um dia, Deus deu-me a revelação que resolveu o meu pro- blema. Eu estava a ler em Isaías 61:3, que diz: e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória… Quando li as palavras”espírito angustiado”, algo saltou dentro de mim. Eu disse: “Este é o meu problema! É disto que eu preciso de ser liberto. Li outras passagens da Es- critura sobre libertação, orei uma simples oração de fé, e Deus libertou-me sobrenaturalmente daquele espírito an- gustiado. Então entendi que precisava de uma protecção especial para a minha mente. Estava familiarizado com a passagem em Efésios 6 e disse para mim mesmo: “Tem que ser o capacete da salvação”. De seguida pensei: “Isso quer dizer que tenho o capacete porque sou salvo? É automático?” Vi que não podia ser assim, porque Paulo estava a escrever para as pessoas que eram cristãs, quando ele disse, “colocai o capacete da sal- vação”. Eu estava direccionado para uma passagem para- lela em 1Tessalonicenses 5:8: 50 Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestin- do-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capa- cete a esperança da salvação. E quando eu li esta frase, “a esperança da salvação”, tive uma revelação instantânea do Espírito Santo. Vi que a pro- tecção para a mente é a esperança, mas a protecção para o coração é a fé. Nós muitas vezes misturamo-las. A fé Bíblica está no coração: “Com o coração o homem crê na verdade.” A Fé bíblica é a couraça que protege o coração. Mas a protecção da mente é a esperança. Temos de ver a ligação entre a fé e a esperança. E isso afirma-se claramente em Hebreus 11:1: Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convic- ção de factos que não se vêem. A fé é a base sobre a qual a esperança é construída. Quan- do temos fé válida, também temos esperança válida. Quan- do não temos fé válida, também poderemos ter uma espe- rança não válida; a esperança pode ser um mero desejo. Mas quando temos um verdadeiro alicerce da fé, podemos construir uma esperança que é válida por isso sendo a pro- tecção da nossa mente. Gostaria de definir esperança de uma maneira muito sim- ples, de acordo com a Escritura. Esperança é uma calma e firme expectativa do bom baseado nas promessas da Pala- vra de Deus. Num certo sentido, ela é um optimismo contí- nuo. Esta é a protecção da mente. Esperança é uma atitude optimista que sempre escolhe por ver o melhor e que não cede à depressão, dúvida, e à auto-piedade. Para a esperança existe um fundamento bem claro na Pala- vra de Deus, em Romanos 8:28: 51 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daque- les que amam a Deus, daqueles que são chamados segun- do o seu propósito. Se nós realmente sabemos que tudo o que acontece nas nossas vidas está a ser aproveitado e orientado por Deus para o nosso bem, então não há motivo para pessimismo. Cada situação é sempre motivo para optimismo. Optimis- mo é o capacete. Enquanto nós nos mantivermos sob ele, as nossas mentes estão protegidas contra todos os ataques subtis de Satanás: seja a dúvida, o desânimo, a auto-pieda- de, a desconfiança, e por aí fora. Quando o Espírito Santo me mostrou que o capacete para proteger a nossa mente é a esperança, foi como uma espé- cie de sermão para mim. Subitamente reuni um número de passagens no Novo Testamento que têm haver com ela. Permita-me apenas falar de algumas. Em Romanos 8:24, lê-se: Porque, na esperança, fomos salvos… O que significa isso? Não há esperança, não há salvação. Esperança é uma parte essencial da nossa experiência de salvação. Veja o contraste da condição de não sermos sal- vos em Efésios 2:12: …[antes de conhecer a Cristo] naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estra- nhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Estar sem Cristo, sem esperança e sem Deus é a condição dos perdidos. Ela nunca deve ser a condição do cristão. Se temos Cristo, temos esperança e temos Deus. Colossenses 1:2 afirma: 52 Aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nos- so Pai. O verdadeiro mistério, o segredo do evangelho, é “Cristo em nós”. Se Cristo está em si, então tem esperança. Se não tem esperança, é como se Cristo não estivesse em si. Você não é uma alma perdida, mas quero dizer que não está a viver na experiência da salvação. Esperança na sua mente é uma parte essencial da sua experiência de salvação. Em Hebreus 6:17-20, há duas belas imagens de esperança: Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coi- sas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, for- te alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; A qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo-sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. A primeira imagem da esperança é um altar. Sob a Antiga Aliança, o altar era um lugar de protecção dos vingadores de sangue. Quando se fugia para o altar, estava-se seguro. O escritor de Hebreus diz que quando todas as pressões estão contra nós, que fujamos para o altar, agarremo-nos a ele com toda a força e que não deixemos que nada nos tire dali: o altar é esperança. Em segundo lugar, a esperança é como uma âncora a que nos agarramos no presente, mas cujos elos de corrente es- tão firmados na eternidade, na própria presença de Deus. Neste mundo, somos como uma pequena embarcação no mar, tudo o que nos rodeia é temporário, inconstante, pou- 53 co fiável e mutável. Não há nada que nos possa dar segu- rança e estabilidade. Se queremos ter segurança e estabili- dade, precisamos de uma âncora no presente mas firmada na eternidade, na Rocha que é Jesus. Quando temos espe- rança, estamos ancorados. Finalmente, em Hebreus 10:23, lemos: “Guardemos firme a confissão de esperança, sem vaci- lar…” Mantenha a esperança, não desista dela! Seja um optimis- ta, ela é a protecção para a sua mente. 12 - A ESPADA DO ESPÍRITO Há uma coisa quedistingue a espada das outras cinco pe- ças que temos examinado. A espada é a primeira peça que não é puramente defensiva. Sem ela, não temos maneira nenhuma de expulsar o demónio. Se nós nos equiparmos com todas as outras peças da armadura, podemos realmente até ser capazes de evitar que o diabo nos fira, mas não po- demos expulsá-lo do nosso redor. A única coisa que o pode fazer é a espada, que é chamada “A Palavra de Deus.” A Bíblia compara a Palavra de Deus a uma espada, por- que a Palavra de Deus trespassa e penetra. Hebreus 4:12, declara: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. 54 A Palavra de Deus penetra em todas as áreas da perso- nalidade humana. Ela penetra até à medula, a parte física mais íntima do nosso interior. Também penetra e divide entre alma e o espírito, a área mais secreta da personalida- de humana. É mais afiada do que qualquer espada de dois gumes. Em Apocalipse 1:16, onde se encontra registado que João teve uma visão de Jesus na Sua glória como o Senhor da Igreja, uma das coisas que ele viu foi uma espada a sair da boca de Jesus. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força. Esta espada de dois gumes é a Palavra de Deus que sai da boca de Jesus. Uma vez que é indicado nas Escrituras que o próprio Jesus usa a espada da Palavra de Deus, faríamos bem em estudar como Jesus a utilizava na Sua vida terres- tre. O panorama mais claro desta situação é encontrado em Mateus 4:1-11, que descreve a tentação de Jesus por Satanás no deserto. Permita-me salientar que, cada vez que Jesus encontrou Satanás pessoalmente, a única arma que usou contra ele foi, a espada do Espírito, ou a Palavra de Deus. A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então, o tentador, aproxi- mando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus. Então, o diabo o le- vou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque 55 está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto.Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram. Gostaria de frisar algumas coisas interessantes sobre esta passagem. Em primeiro lugar, nem Jesus, nem mesmo Sa- tanás questionaram a autoridade das Escrituras. Isto não é notável? Particularmente porque Jesus de cada vez citou Deuteronómio, um livro que os modernos teólogos e críti- cos adoptaram para pôr em causa as verdades teológicas. Pessoalmente, creio que Jesus e Satanás eram mais sábios do que os modernos teólogos. Ambos conheciam a autori- dade das palavras. Em segundo lugar, a base de toda a tentação contra Jesus era levá-Lo à dúvida. Cada vez que Satanás começava com as palavras “se és” ele pretendia claramente, provocar dú- vida em Jesus. Em terceiro lugar, como já foi indicado, Jesus não variou o Seu método de lidar com Satanás, utilizou sempre a mes- ma arma da Palavra de Deus contra ele. “Está escrito... está escrito... está escrito...” É importante sabermos que efectivamente o diabo pode citar a Escritura, mas ele aplica mal. Citou o Salmo 91, mas Jesus citou novamente Deuteronómio. O diabo tentou usar a Escritura contra o Filho de Deus. Se ele o fez con- 56 tra Jesus, ele certamente o fará contra si ou contra mim. Temos de conhecer as Escrituras minuciosamente, saber como aplicá-las e como lidar com o diabo. Temos que ter cuidado com as pessoas que aplicam mal a Escritura e que tentam seduzir-nos a fazer coisas erradas. Jesus não respondeu ao diabo com teologia ou filiação reli- giosa. Ele não mencionou que sinagoga frequentava, nem qual o sacerdote judaico que o tinha instruído. Ele sempre proclamou directamente a Escritura. “Está escrito ... está escrito ... está escrito ...” Após a terceira utilização desta espada de dois gumes, Satanás retirou-se derrotado, pois já tinha levado o suficiente. Você e eu temos o privilégio de ter esta arma à nossa disposição. Em Efésios 6:17, onde Paulo fala sobre a espada do Espí- rito, a Palavra de Deus, a palavra grega que ele usa para “palavra” é rhema, que basicamente significa sempre uma palavra falada. É significativo que a espada do Espírito não é a Bíblia na estante ou sobre a mesa-de-cabeceira. Isto não vai assustar o diabo. Mas quando proferir a Escritura com a sua boca e a citar directamente, então ela torna-se a espada do Espírito. Observe também o significado da expressão “a espada do espírito.” Isto indica a cooperação entre o crente e o Es- pírito Santo. Temos que erguer a espada, o Espírito San- to não o vai fazer por nós. Mas quando nós erguemos a espada em fé, então o Espírito Santo dá-nos o poder e a sabedoria para utilizá-la. 57 13 - A áREA DESPROTEGIDA O nosso estudo até aqui foi sobre as seis peças que com- põem a armadura protectora. Elas são, o cinto da verdade, a couraça da justiça, os sapatos da preparação do evan- gelho, o escudo da fé, o capacete da salvação, e a espa- da do Espírito, que é a Palavra de Deus. Se colocarmos e utilizarmos todo este equipamento de protecção que Deus providenciou, estamos totalmente protegidos desde o cimo da nossa cabeça até às plantas dos nossos pés, exceptuando uma área. Há uma área para a qual não existe qualquer protecção: as nossas costas. Penso que isto é muito importante e tem uma dupla aplicação. Em primeiro lugar, nunca virar as costas ao diabo, porque se o fizer, está a dar-lhe a oportunidade de ele o ferir nessa área desprotegida. Por outras palavras, nunca desista. Nunca vire as costas e diga: “Já tenho o suficiente. Eu não posso suportar isto. Não aguento mais.” Isto faz com que volte as costas, a área desprotegida, para o diabo e pode ter a certeza que ele vai aproveitar essa oportunidade para o ferir. Em segundo lugar, nem sempre somos capazes de proteger as nossas próprias costas. Nas legiões de Roma a infanta- ria lutava em fileiras cerradas. A palavra grega para fileira cerrada é “falange” Eles foram treinados para lutar desta forma e nunca quebrar as fileiras. Cada soldado conhecia o soldado posicionado à sua direita e à sua esquerda, para que, assim que fosse pressionado e não conseguisse pro- teger as suas próprias costas, outro soldado o fizesse por ele. Creio que o mesmo acontece connosco, como cristãos. Nós não podemos agir sozinhos, enfrentando e dominando o reino do demónio individualmente. Temos que nos su- 58 jeitar à disciplina, encontrar o nosso lugar no corpo (que é o exército de Cristo), e saber quem fica à nossa direita e quem fica à nossa esquerda. Temos que ser capazes de confiar nos nossos camaradas. Então, quando estamos sob pressão, temos de saber quem lá vai estar para proteger as nossas costas, quando nós não as podemos proteger. Estive no ministério quase quarenta anos e vi muita coisa. A verdadeira tragédia da nossa experiência cristã é que, a própria pessoa que protege as nossas costas, por vezes é a que nos fere. Quantas vezes nós como cristãos, somos fe- ridos nas costas pelos nossos irmãos. Isto é algo que nun- ca deveria acontecer. Reflictamos e optemos por decidir
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