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Universidade Federal da Paraíba – UFPB Centro de Tecnologia – CT Departamento de Engenharia Mecânica – DEM Materiais de Construção Mecânica II RELATÓRIO DAS AULAS EXPERIMENTAIS João Pessoa, Novembro de 2022 Josimar Ferreira Diniz Filho - 20190138056 PRÁTICA: Análise de Amostra Submetida a Sucessivos Tratamentos Térmicos e Termoquímico Relatório da aula prática feita em labo- ratório, para aprovação na disciplina Materiais de Construção Mecânica II. Orientador: Josinaldo Pereira Leite. João Pessoa, Novembro de 2022 1 Sumário 1.Introdução……................................................................3 2.Objetivo…........................................................................4 3.Materiais...........................................................................4 4.Procedimentos………..………………………………....6 4.1 Normalização…………………………………………………….7 4.2 Têmpera………..……………………………….………………..8 4.3 Recozimento Pleno………………………………………...…….9 4.4 Cementação….………………………………………………...10 4.5 Têmpera……………………………………………………......11 5.Conclusão.......................................................................12 6.BIBLIOGRAFIA ……………………….………….....14 2 1. Introdução Desde o início da civilização, os materiais e energia são utilizados para melhorar a condição de vida da espécie humana. Os primeiros registros da existência do tratamento térmico apontam a sua descoberta por meio da constatação que o processo de aquecer e resfriar metais os modificava de diferentes maneiras. Com o passar dos anos, os estudos foram evidenciando a conquista de mais dureza para o aço ao passar pelo processo. O estudo dos materiais visa conhecer suas composições, estruturas internas e propriedades, e também a regularidade de suas alterações sobre influência térmica, química ou mecânica. Não só revelando a estrutura interna e as propriedades, como também estabelece a dependência entre elas, determinando o processo de fabricação e a composição ideal para obter as características físicas e mecânicas desejadas. Portanto, o Tratamento Térmico envolve o aquecimento e resfriamento de ligas metálicas e leva em conta condições controladas de temperatura, atmosfera, duração e velocidade de resfriamento. Tudo isso resulta na alteração das propriedades ou de características físicas e mecânicas. Contudo as adequações podem ser feitas conforme a destinação da peça ou do produto final, podendo ressaltar as qualidades ou amenizar defeitos. Figura 1 : Esquema de Tratamentos Térmicos O tratamento térmico utilizado interfere no resultado da estrutura do átomo ou microestrutura do material. Todavia podem interferir fatores como movimento de deslocações, aumento ou redução na solubilidade de átomos, aumento no tamanho do grão, formação de novos grãos na mesma ou em diferentes fases, alteração na estrutura de cristalização, entre outros mecanismos. Tratamentos Termoquímicos são processos que visam à adição, por difusão, de elementos químicos na superfície do aço. Tem por objetivo, aumentar a dureza e a resistividade ao desgaste da superfície, ao mesmo tempo que o núcleo se mantém dúctil (pode ser aplicado para outros fins). 3 Figura 2 : Esquema de Tratamentos Termoquímicos 2. Objetivo Essa prática experimental tem por objetivo examinar e comparar o comportamento de uma amostra metálica de aço-carbono fornecida na disciplina de materiais de construção mecânica II, mediante tratamentos térmicos e termoquímicos. Os tratamentos ocasionaram à amostra mudança em suas propriedades mecânicas, que será averiguado por teste de dureza. Colocando em prática os conhecimentos obtidos durante o curso da disciplina e realizando conclusões diante do estudo da amostra. 3. Materiais Para esta prática experimental foram utilizados os seguintes materiais de laboratório: ○ 01 Amostra (aço-carbono); ○ 01 Lixadeira metalográfica manual (lixa 280); ○ 01 Forno Mufla elétrico; ○ 01 Durômetro de bancada para Dureza Rockwell; ○ 01 Balança digital; ○ 01 Óleo de cozinha; ○ 01 Recipiente de água; ○ 01 Carvão. 4 Figura 3 : Amostra Figura 4: Forno Mufla elétrico Figura 5: Lixadeira metalográfica manual 5 Figura 6: Durômetro de bancada 4. Procedimentos Descrever os procedimentos adotados nesta prática. i. Em primeiro instante a amostra cilíndrica foi obtida por uma operação de corte, realizado por alunos usando uma serra elétrica; ii. Para possibilitar uma uniformidade na face foi feito o torneamento, usando um torno mecânico automático. O objetivo seria possibilitar um melhor estudo da amostra; iii. Após isso foi feito o lixamento da face que seria feito o ensaio de dureza Rockwell, a fim de diminuir a rugosidade e promover um acabamento superficial; iv. Usou-se o durômetro para realizar três ensaios de dureza na amostra antes de serem realizados os tratamentos, para que se possa investigar os resultados após cada tratamento. Dureza Rockwell, penetrador cônico de diamante, com uma pré carga de 10 Kgf e uma carga de 150 Kgf; ⇨ Foram realizados 3 ensaios de dureza Rockwell mostrados na tabela abaixo. Sem Tratamento Leitura de Dureza (HRC) I II III Amostra 31 31 32 Tabela 1 : Dados obtidos inicialmente. 6 v. Seguindo a prática foi iniciado os tratamentos térmicos, primeiramente por Normalização da amostra. Concluído a normalização foi realizado um novo teste de dureza, três ensaios; vi. Por conseguinte a amostra foi submetida a uma Tempera e em seguida feito novamente o teste de dureza; vii. Em consecutivo iniciou-se o Recozimento pleno na amostra e analisado a dureza após recozimento; viii. Iniciou-se o Tratamento termoquímico na amostra, a Cementação. Para isto foi estudado a melhor mistura para se realizar este procedimento, então foram feitas as medições de massa da amostra, carvão ativado e do óleo lubrificante. Desta forma foi preparado a cementação e após feito o teste de dureza; ix. Em último instante foi realizado o Tratamento térmico, a Tempera. Realizado três ensaios de dureza na amostra. Figura 7: Esquema de procedimentos 4.1 Normalização A Normalização é o processo de tratamento térmico que consiste na completa austenitização do aço, seguida de resfriamento ao ar. Tem como objetivo diminuir a granulação do aço, refinando a estrutura do aço, dando propriedades melhores. 7 Sendo feito em duas partes, o aquecimento que o tempo depende da espessura da peça em atmosfera controlada e resfriamento ao ar. É feito o aquecimento a mais ou menos 900°C, fixando nessa temperatura para homogeneização. Na alteração de temperatura, a estrutura passa de austenita para perlita e ferrita. Neste processo o forno (figura 4) foi pré aquecido por cerca de meia hora, em seguida foi adicionada a amostra no forno, usando ferramentas e equipamentos adequados do laboratório. O forno foi aquecido a 850°C (limitação do forno). Após o aquecimento, a amostra foi retirada do forno e fez-se resfriamento a ar, temperatura ambiente. ⇨ Concluída a Normalização foram realizados 3 novos ensaios de dureza Rockwell, e obtido os dados pelo durômetro. Tratamento Térmico Leitura de Dureza (HRC) I II III Normalização 22 22 23 Tabela 2 : Dados obtidos após Normalização. 4.2 Têmpera Consiste em resfriar o aço, após austenitização, a uma velocidade suficientemente rápida para evitar transformações perlíticas e bainíticas da amostra, obtendo a estrutura metaestável martensítica, Aços e Ligas Especiais. Método: ○ Aquecimento acima da zona crítica (mais ou 50°C acima da linha A1 os hipereutetóides); ○ Manutenção à temperatura de tratamento para homogeneização; ○ Resfriamento busco, obter-se a estrutura final do material, a martensita. 8 Figura 8: Representação esquemática de Têmpera Neste processo, o forno foi aquecido a 850°C, após o aquecimento da peça foi feito o resfriamento brusco em água. ⇨ Concluída a Têmpera foram realizados 3 novos ensaios de dureza Rockwell, e obtido os dados pelo durômetro. Tratamento Térmico Leitura de Dureza (HRC) I II III Têmpera 64 64 65 Tabela 3: Dados obtidos após a Têmpera. Observou-sesurgimento de trinca em peça após o resfriamento brusco, gerado por tensões da expansão de martensita. Figura 9: Amostra com trinca após Têmpera 4.3 Recozimento pleno O recozimento pleno consiste em elevar lentamente a temperatura da amostra até cerca de 50ºC acima da zona crítica (austenitização total). A formação de austenita em alta temperatura destrói todas as estruturas existentes anteriormente ao aquecimento. No resfriamento formam-se a ferrita e a perlita grossa que garantem o amolecimento do material. O aço é mantido na temperatura por um tempo suficiente para que a estrutura se torne austenítica ou uma mistura de austenita e cementita, em seguida é resfriado dentro do forno com uma velocidade de aproximadamente 25 ºC/h. É importante que a passagem pela faixa de temperaturas em que ocorre a transformação seja bastante lenta para que se forme perlita grossa, perlita esferoidizada e cementita esferoidizada na estrutura do material. 9 Figura 10: Gráfico de Recozimento pleno Neste processo, o forno foi aquecido a 850°C (limitação do forno), após o aquecimento da peça foi feito o resfriamento lento dentro do forno. ⇨ Concluído o Recozimento foram realizados 3 novos ensaios de dureza Rockwell, e obtido os dados pelo durômetro. Tratamento Térmico Leitura de Dureza (HRC) I II III Recozimento Pleno 8 9 9 Tabela 4: Dados obtidos após Recozimento pleno. 4.4 Cementação É um processo de adicionar carbono à superfície. Ele é conseguido pela exposição da peça a uma atmosfera rica em carbono em alta temperatura, que permite a transferência de átomos de carbono para o aço. O processo de difusão só ocorre se o aço tiver baixo teor de carbono porque a difusão baseia-se no princípio do diferencial de concentração. 10 Figura 11: Esquema da Cementação Neste processo a peça é colocada numa caixa selada, contendo carvão granulado. O carvão é tratado com um ativador químico que promove a formação de CO2. O gás reage com o próprio carvão formando monóxido de carbono. O monóxido reage com a superfície da peça formando carbono atômico que se difunde para o aço, aumentando o teor de carbono até uma profundidade pré-determinada, a um nível suficiente para permitir um endurecimento em seguida, por têmpera. A mistura utilizado nesta cementação consiste em: ○ 202g de carvão ativado; ○ 13g de lubrificante (óleo girassol de cozinha); ○ 38g de carbonato de bário (promove a formação de CO2). O tratamento de cementação ocorreu a uma temperatura de 900ºC controlada no forno mufla, por cerca de 4 horas, buscando a obtenção de uma camada cementada de 0,5 mm, após isso, foi feito o resfriamento a ar (temperatura ambiente). ⇨ Concluído a Cementação foram realizados 3 novos ensaios de dureza Rockwell, e obtido os dados pelo durômetro. Tratamento Térmico Leitura de Dureza (HRC) I II III Cementação 8 8 9 Tabela 5: Dados obtidos após Cementação. 4.5 Têmpera Ao ser temperado após a cementação, a camada enriquecida em carbono se endurece, enquanto o núcleo, com uma dureza diferente. Deve-se levar em conta que o material apresenta duas seções distintas: uma correspondente à camada cementada, de alto carbono, muito dura e de alta temperabilidade e outra, central. O que significa que, no aquecimento para a têmpera, a temperatura crítica do núcleo pode ou não ser atingida eventualmente. A amostra foi posta no forno a 850°C, com duração de meia hora, após o aquecimento da amostra foi feito o resfriamento brusco em água. Observando uma acentuação na trinca da peça (surgiu após primeira têmpera) após o resfriamento brusco. ⇨ Em último instante foram realizados 3 novos ensaios de dureza Rockwell, e obtido os dados pelo durômetro. 11 Tratamento Térmico Leitura de Dureza (HRC) I II III Têmpera 44 46 46 Tabela 6: Dados obtidos após a Têmpera. Como resultado após resfriamento brusco em água, houve um aumento da trinca resultante da primeira têmpera, isto é constatado com as tensões geradas pela expansão da martensita. Figura 12: Imagem da amostra final 5. Conclusão Diante da série de processos obteve-se como resultados nas leituras de dureza: Tratamento Térmico Leitura de Dureza (HRC) Média Sem Tratamento 31 Normalização 22 Têmpera 64 Recozimento Pleno 9 Cementação 8 Têmpera 45 Tabela 7 : Dados obtidos após Tratamentos. 12 Com a aquisição de todos os dados e embasamento teórico prático apresentado, pode-se constatar que a amostra de aço-carbono pode ser: a. Um aço com teores altos de carbono b. Um aço de baixa liga e alta dureza, com elementos de liga de boa temperabilidade Diante da etapa 3 e 6 (figura 7) foi possível observar a elevação alta de dureza. Outro critério a ser usado, foi o surgimento de trinca numa têmpera (figura 9/12), aços com altos teores de carbono apresentam tendência a formação de defeito numa têmpera. No caso da transformação de austenita em martensita, a expansão volumétrica natural da formação da ferrita é aumentada pela presença do excesso de carbono em seu reticulado cristalino. Maiores níveis de carbono no aço implicam em maiores expansões volumétricas durante a transformação martensítica, levando a maiores distorções nas peças fundidas (Ricardo Fuoco). Investigando o processo de Cementação realizado na amostra de estudo, com base na tabela 7, é notório a diminuição de dureza após a cementação, o que se pode concluir que ocorreu uma descarbonetação. Se um aço de alto carbono é aquecido em um ambiente com menor concentração de carbono (como ar), a difusão do carbono tende a ocorrer no sentido inverso ( átomos de carbono saem do aço) , resultando na descarbonetação. Logo a amostra perdeu carbono para o meio, resultando em uma menor dureza (tabela 5). Diante do supracitado, pode-se supor que o material da amostra seja um aço de alto teor de carbono. Em virtude dos tratamentos e ensaios de dureza realizados durante o experimento, foi possível observar e entender como são feitos os tratamentos térmicos e termoquímicos de materiais na indústria, e a importância deles em todos os processos de produção no mundo. Pois a partir desses é possível obter as estruturas internas e propriedades, além de ser possível determinar o processo de fabricação e a composição ideal para obter as características físicas e mecânicas desejadas para sua utilização. 13 6. Bibliografia - Slides - Todos os materiais fornecidos pelo professor; - Livro - Aços e ligas especiais. / Mel, Paulo Roberto Silva, André Luiz da Costa e - 3ª edição revista. - São Paulo: Editora Blucher, 2010 - Livro - Aços e ferros fundidos: Características gerais, tratamentos térmicos, principais tipos. / Chiaverini, Vicente. - 7ª edição ampliada e revista. Associação brasileira de metalurgia, materiais e mineração (ABM); São Paulo, 2015 14 15
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