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1 SUMÁRIO 1 O CONCEITO DE IDADE MÉDIA ............................................................... 3 1.1 A Cronologia da Idade Média ............................................................... 4 1.2 Os Elementos da Transição da Idade Antiga para a Idade Média ....... 5 2 CONHECENDO AS FONTES DA HISTÓRIA ............................................. 8 3 O ISLAMISMO: MAOMÉ, ORGANIZAÇÃO DA RELIGIÃO E IMPORTÂNCIA PARA O EXPANSIONISMO, LEGADO CULTURAL. ...................... 11 3.1 Maomé e as Origens do Islamismo .................................................... 11 3.2 A Expansão do Islã ............................................................................ 12 4 AS TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS, ECONÔMICAS E SOCIAIS DA ALTA IDADE MÉDIA ................................................................................................. 14 4.1 Recuperação Econômica ................................................................... 15 4.2 Os Elementos Formadores do Feudalismo ........................................ 16 4.3 Questão da Terra na Idade Média ...................................................... 18 4.4 Os senhores ....................................................................................... 18 4.5 Os trabalhadores ................................................................................ 18 4.6 Os Domínios e os senhorios: A Divisão Interna ................................. 19 5 A SOCIEDADE FEUDAL .......................................................................... 20 6 O Renascimento COMERCIAL URBANO ................................................. 21 6.1 Renascimento Comercial ................................................................... 21 6.2 Renascimento Urbano ........................................................................ 23 7 A CULTURA MEDIEVAL E A INFLUÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA ....... 24 7.1 Educação ........................................................................................... 24 8 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 27 9 RESUMO .................................................................................................. 27 10 A QUESTÃO ECONÔMICA ................................................................... 28 11 A QUESTÃO MILITAR ........................................................................... 30 2 12 A QUESTÃO RELIGIOSA ..................................................................... 32 13 CONCLUSÃO ........................................................................................ 34 14 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 35 3 1 O CONCEITO DE IDADE MÉDIA Fonte: www.colegioweb.com.br Durante muito tempo a Idade Média ficou conhecida como Idade das Trevas. Isto significa dizer que ela não teria trazido nenhuma contribuição para a história do mundo, em especial do Ocidente. Teria sido um período dominado pela barbárie e pela cegueira do conhecimento. Os homens que construíram este conceito sobre a Idade Média buscaram condena-la em todos os aspectos que caracterizaram a vida social da mesma: a arte sob influência de povos ditos bárbaros, a vida social e política organizada segundo os parâmetros da fé católica, dentre outros fatores. No século XVI, os renascentistas estavam desenvolvendo um novo conceito de arte baseada no que havia sido produzido no mundo greco-romano. Para estes, a Idade Média, ao admitir outras influências sobre a sua arte, além da clássica, acabou por barbarizá-la, daí designarem a arte deste período como gótica. Foram alguns destes homens que primeiro utilizaram os termos “Idade Média” e “Idade das Trevas”. Nos séculos posteriores, o XVII e o XVIII, os intelectuais racionalistas, os protestantes, os burgueses e os iluministas acrescentaram novas críticas ao período e ampliaram ainda mais a visão negativa da Idade Média. Os historiadores do século XX, movidos pelo desejo de compreender o homem do passado em seu próprio tempo, desenvolveram métodos e novas teorias que, ao serem aplicadas ao estudo da Idade Média, levaram-nos a compreender a riqueza da produção cultural deste período e a forma como o mesmo influenciou na construção da Europa Ocidental. Seus estudos têm revelado a importante contribuição étnica, linguística, política, cultural que estas sociedades legaram para o mundo europeu moderno. 4 1.1 A Cronologia da Idade Média Fonte: jogadorpensante.com Neste tópico adotamos uma cronologia que consideramos mais completa, conforme nos alerta o autor do texto em que a extraímos, Hilário Franco Júnior, por trabalhar com a concepção de história como resultado de um processo e não de fatos isolados (Franco Júnior, 2001, p. 14-17). Este autor divide o período que compreende os séculos IV a meados do XVI em quatro momentos distintos que trazem uma relativa coesão interna: PRIMEIRA IDADE MÉDIA (séculos IV-VIII): é o período de encontro entre os elementos que vão fundamentar as sociedades medievais – a herança romana, a herança germânica e o Cristianismo. ALTA IDADE MÉDIA (séculos VIII-X): período de alianças entre o poder germânico e a Igreja, que culminou no Império Carolíngio, marcado pela recuperação econômica e pela expansão territorial e cristã. IDADE MÉDIA CENTRAL (séculos XI-XIII): período de apogeu da Idade Média, onde vigoram em sua máxima expressão o feudalismo, o renascimento urbano e comercial, as artes, o poder da Igreja, dentro outros fatores. BAIXA IDADE MÉDIA (Séculos XIV-XVI): período de crise, marcado por guerras, pestes e fome, pela recessão demográfica e monetária. Mas também se gestam os valores e as transformações do mundo moderno como a reforma 5 protestante, os descobrimentos, o renascimento artístico e cultural, numa resposta à crise do início do período. 1.2 Os Elementos da Transição da Idade Antiga para a Idade Média Fonte: www.google.com.br Pode-se verificar que os romanos conquistaram praticamente toda a região ao redor do Mar Mediterrâneo, consolidando um Império em que este foi seu eixo principal. Uma das mais significativas mudanças operadas na Europa Ocidental com a decadência do Império e o início da Idade Média foi o deslocamento do centro da sua vida social para o norte, sobrevivendo durante alguns séculos num ritmo de vida em que o mar, a vida urbana e as relações comerciais deixaram de ter na região a referência que tinham durante o mundo antigo. A decadência do mundo romano é atribuída a diferentes fatores, e aqui destacaremos alguns dos que consideramos mais significativos: Pax Romana: o fim das guerras de conquistas e de ampliação do Império põe fim aos recursos representados pelos saques e a fácil obtenção da mão-de-obra escrava, que desenvolvia o trabalho produtivo. Elevação do sistema tributário, para a manutenção do Estado, afetando os pequenos proprietários de terras e levando a concentração da riqueza e de poder aos grandes latifundiários. 6 Declínio do comércio e da vida urbana, movimento de ruralização. Como podemos ver, o Império Romano estava vivendo um grave momento de declínio interno quando se soma a estes fatores a invasão dos povos germânicos na sua parte ocidental. Os povos germânicos invadiram a Europa Ocidental em dois momentos distintos: Uma primeira geração - visigodos, suevos, burgúndios, ostrogodos e vândalos – ocupa diferentes territórios da Europa ocidental a partir de 406. Os visigodos e suevos fixaram-se na Península Ibérica organizando reinos na região. O que mais sobreviveu foi o dos visigodos,que foi destruído pelos árabes em 711. Os ostrogodos fixaram-se na península itálica sofrendo no século VI as ameaças do Império Bizantino e depois com as invasões de lombardos. Os vândalos fixaram-se e organizaram um reino no norte da África e os burgúndios no centro da Europa. Segunda geração de invasores – anglo-saxões, francos, alamanos, bávaros – ocupam a área da Grã-Bretanha, Gália e outros territórios do centro europeu a partir da segunda metade do século V. Composta de povos pagãos e conservando o contato com a pátria-mãe germânica tiveram mais oportunidade de estabilidade, graças à conversão ao catolicismo, o que facilitou o contato com os romanos, além de se caracterizarem pela superioridade militar. Fonte: 4.bp.blogspot.com 7 O Cristianismo, por outro lado, veio se desenvolvendo de forma significativa ao longo deste período. Em 313, o Imperador Constantino, através do Édito de Milão, tornou o Cristianismo uma religião livre de perseguições e em 380 o Imperador Teodósio transformou o Cristianismo em religião oficial do império através do Édito de Tessalônica. A partir de então, a religião cresceu em número de adeptos, vindos de diferentes grupos sociais, e teve a oportunidade, com a ajuda do Estado, de organizar- se internamente. Durante este período, a Igreja organizou seu clero regular, seu clero secular o seu patrimônio e a sua liturgia. Prestou, também, importante assistência a população durante as invasões germânicas, estabelecendo alianças com os invasores à medida em que estes conquistavam o poder. Como herdeira do legado cultural e do patrimônio do Império Romano, a Igreja tornou-se a mais homogênea e duradoura instituição do Ocidente. Podemos concluir, então, que a união dos três elementos descritos acima caracterizou o desenvolvimento das sociedades medievais no Ocidente: a herança do mundo romano, a herança do mundo germânico e o Cristianismo. Vejamos qual foi, segundo Fernand Braudel, a contribuição de cada um deles (Braudel, 1989, p. 3-5): Ao final deste período, os reis francos iniciaram um processo de expansão territorial e política, e da união de seus interesses com os da Igreja Católica nasceu o Império Carolíngio, que iremos estudar no próximo bloco. 8 2 CONHECENDO AS FONTES DA HISTÓRIA Fonte: sciart.eu ÉDITO DE MILÃO (313) Eu, Constantino Augusto, e eu também, Licíno Augusto, reunidos felizmente em Milão para tratar de todos os problemas que se relacionam com a segurança e o bem público, cremos ser o nosso dever tratar junto com outros assuntos, que merecem a nossa atenção para o bem da maioria, tratar também daqueles assuntos nos quais se funda o respeito à divindade, a fim de conceder tantos aos cristãos quanto a todos os demais a faculdade de seguirem livremente a religião que cada um desejar, de maneira que toda a classe de divindade que habita a morada celeste seja propícia a nós e a todos os que estão sob a nossa autoridade. Assim, temos tomado esta saudável e retíssima determinação de que a ninguém seja negada a faculdade de seguir livremente a religião que tenha escolhido para o seu espírito, seja a cristã ou qualquer outra que achar mais conveniente; a fim de que a suprema divindade a cuja religião prestamos está livre homenagem possa nos conceder o seu favor e benevolência. Por isso, é conveniente que vossa excelência saiba que temos resolvido anular completamente as disposições que lhe foram enviadas anteriormente com relação ao nome dos cristãos, por encontrá-las hostis e pouco apropriadas à nossa Clemência, e temos resolvido permitir a todos os 9 que queiram observar a religião cristã, de agora em diante, que o façam livremente sem ter que sofrer nenhuma inquietação ou moléstia. Assim, pois, acreditamos ser o nosso dever dar a conhecer com clareza estas decisões à vossa solicitude, para que saiba que temos concedido aos cristãos a plena e livre facilidade de praticar a sua religião ... Levou-nos a agir assim o desejo de não aparecer como responsáveis por diminuir em nada qualquer religião ou culto ... E além, disso, no que diz respeito aos cristãos, decidimos que lhes sejam devolvidos os locais onde anteriormente se reuniam, sejam eles propriedade do nosso fisco, ou tenham sido comprados por particulares, e que os cristãos não tenham de pagar por eles nenhuma classe de indenização ... e como consta que os cristãos possuíam não só locais de reuniões habitual, mas também outros pertencentes à sua comunidade ... ordenamos que lhe sejam devolvidos sem nenhum tipo de equívoco nem de oposição ... Em todo o dito anteriormente (vossa excelência) deverá prestar o apoio mais eficiente à comunidade dos cristãos, para que as nossas ordens sejam cumpridas o mais depressa possível e para que também neste assunto a nossa Clemência vale pela tranquilidade pública. Desta maneira, como já temos dito anteriormente, o favor divino que em tantas e tão importantes ocasiões nos tem sido propício, continuará ao nosso lado constantemente, para o êxito das nossas empresas e para a prosperidade do bem público. Lactancio. (De mortibus persecutorum) Sobre la muerte de los perseguidores. introd.., trab. Española e notas de R. Teja. Madrid: Gredos, 1982. XLVIII, p.2- 3. In: Apud Pedrero Sanchéz, p. 27-8. ÉDITO DE TESSALÔNICA (380) Os imperadores Graciano, Valentiniano e Teodósio Augusto: édito ao povo da Cidade de Constantinopla. É a nossa vontade que todos os povos regidos pela administração de nossa Clemência pratiquem a religião que o divino apóstolo Pedro transmitiu aos romanos, na medida em que a religião por ele introduzida tem prosperado até os nossos dias. É evidente que esta é a religião que professa também o pontífice Damaso, e Pedro, bispo de Alexandria, homem de apostólica santidade; isto é, que de acordo com a disciplina apostólica e a doutrina evangélica, devemos acreditar na divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo com igualdade de majestade e sob (a noção) da Santa Trindade. 10 Fonte: blogspot.com Ordenamos que todas aquelas pessoas que seguem esta norma tomem o nome de cristãos católicos. Porém, o resto, aos quais consideramos dementes e insensatos, assumirão a infâmia dos dogmas heréticos, os lugares de suas reuniões não receberão o nome de igreja e serão castigados em primeiro lugar pela divina vingança, e, depois, também, (por justo castigo) pela nossa própria iniciativa, que providenciaremos de acordo como juízo divino. Dado no terceiro dia das calendas de março, no ano de quinto consulado de Graciano e do primeiro consulado de Teodósio Augusto. (28 de fevereiro de 380). Código Teodosiano. XVI, 1-2. In: Tuñón de Lara, M. Textos y documentos de História Antigua, Media y Moderna. Barcelona: Labor, 1984. p.127 (Historiade EspañaXI). In: Apud Pedrero Sanchéz, p. 28-9. SOBRE A ORIGEM DOS FRANCOS (...) Muitos autores contam que estes povos saíram da Panômia e que se estabeleceram primeiro na margem do Reno; tendo em seguida atravessado este rio, passaram à Turíngia e aí, nas aldeias ou nas cidades, escolheram reis cabeludos, que foram buscar na primeira, e, se assim posso dizer, à mais nobre das suas famílias. (...) Mas este povo mostrou-se sempre entregue a cultos fanáticos sem ter qualquer conhecimento do verdadeiro Deus. Fez imagens das florestas e das águas, 11 dos pássaros, dos animais selvagens e dos outros elementos aos quais tinha por hábito prestar um culto divino e oferecer sacrifícios (...)” São Gregório de Tours [Bispo de Tours – 538-595 – 1º historiador da França]. Historiae Ecclesiasticae Francorum. Lib. II, IX-X. Trad. De Guadete Taranne. Paris, 1836. In: Apud Pedrero Sanchéz, p. 33. 3 O ISLAMISMO: MAOMÉ, ORGANIZAÇÃO DA RELIGIÃO E IMPORTÂNCIA PARA O EXPANSIONISMO, LEGADO CULTURAL. Agora, vamos sair um pouco da Europa Ocidental e deter o nosso olhar sobre outro espaço geográfico do mundo medieval, observando a Península Arábica, do outro lado do mar, lugar onde nascia uma nova sociedade que viria marcar de forma permanente, nos séculos futuros, a história da humanidade. Vamos seguir o nosso caminho em direção ao mundo islâmico. 3.1 Maomé e as Origens do Islamismo O Islamismo nasceu e expandiu-se, para além das fronteiras da Península Arábica, no período medieval marcando a história universal desde então. A Península Arábica teve um papel decisivo nas relações econômicas entre Ocidente e Oriente devido às caravanas que atravessaram os desertos transportando mercadorias e a navegação de cabotagem através de seu extenso litoral. Os árabes eram povos politeístas e nômades cuja língua era semita, a aramaica. 12 Fonte: www.geocities.ws O Islã nasceu no século VII com Maomé. Este nasceu em Meca em 570 d. C. Meca era um importante centro comercial da Arábia Ocidental e de peregrinação, devido ao santuário de Caaba, onde inúmeros deuses eram cultuados. Maomé era filho de mercadores da tribo coraixitas que mantinham acordo com tribos pastoris de Meca. Após sua experiência de revelação, - onde diz receber as profecias de Alá, que ele passa a reconhecer como o único deus - Maomé sofreu a perseguição da aristocracia mercantil de Meca, que não aceitava o monoteísmo de sua pregação. Ele fugiu para Medina em 16 de julho de 622 e esta data ficou conhecida como hégira marcando o início do calendário islâmico. Em Medina ocorreu a organização definitiva do Alcorão e a instituição da peregrinação, prece regular, esmola e jejum. Maomé foi o sintetizador de doutrinas e preceitos existentes em outras formas religiosas, como o judaísmo, com as quais manteve contato através de viagens à Palestina. O conteúdo que resultou desta experiência revestiu-se de um aspecto nacional (língua, origens, primeiros adeptos árabes) e um aspecto internacional (acolhendo todos os povos sem distinção de raça tal qual o Cristianismo). Após a morte de Maomé, em 632, os califas iniciaram o processo de expansão do Islã e do poder árabe sobre outros territórios. 3.2 A Expansão do Islã O sucesso da expansão dos árabes, e por consequência do Islamismo, pelo Oriente explica-se pela: Fraqueza dos adversários (Bizâncio e Pérsia estavam exauridos pelas contínuas lutas); O entusiasmo dos adeptos movidos por motivos religiosos e pela possibilidade de riqueza; O bom acolhimento dos povos dominados por Bizâncio (para sírios, judeus e egípcios os árabes foram considerados libertadores). 13 Os primeiros califas foram: Abu Bakr (632-34) – sogro de Maomé, conquista a Arábia e o sul da Palestina. Umar Ibn Abd al-Khattab (634-44) – avança até Damasco, parte do Império Sassânida (Pérsia), províncias sírias e egípcias do Império Bizantino; Uthman ibn Affan (644-56) – desloca o poder de Medina para as cidades do norte, da Síria e do Iraque, gerando conflitos com os conversos antigos e recentes do islamismo; Ali ibn Abi Talib (656-61) – primo de Maomé, tem um governo marcado pelos conflitos com Medina, que pretendia retomar o controle do império. Os conflitos levaram ao poder a família dos Omíadas, que não possuíam laços familiares com Maomé e tornaram a transmissão do califado hereditária. Estes levaram a capital do império para Damasco e avançaram até o norte da África e Península Ibérica e deram os primeiros passos em direção a Índia. A subida ao poder desta família dividiu os árabes em sunitas e xiitas. Os xiitas não concordavam com o califado nas mãos de não familiares de Maomé e pretendiam uma interpretação rigorosa dos preceitos do Alcorão. Após séculos os Omíadas foram substituídos pelos Abássidas, que transferiram a capital do império para Bagdá, no Iraque. No século X as contradições do sistema de governo centralizado e burocrático levaram a fragmentação do mesmo. A partir do séc. XI, iniciou-se a intolerância religiosa e a guerra santa. Este período foi marcado pelo declínio desta sociedade após aliança entre o califa de Bagdá e os turcos seldjúcidas. 14 4 AS TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS, ECONÔMICAS E SOCIAIS DA ALTA IDADE MÉDIA Fonte: afehistoria.ning.com No século IX várias transformações modificaram o cenário europeu ocidental. Abaixo, comentaremos algumas destas mudanças: Novas invasões desestabilizam o espaço europeu (islâmicos, normandos, húngaros): Ao norte e por mar - escandinavos ou normandos (vikings): seus objetivos eram a pilhagem; fizeram isto devastando o litoral, abadias e cidades europeias. Suecos atacaram a Rússia, noruegueses atacaram a Irlanda e dinamarqueses invadiram pelo mar do norte e Canal da Mancha Em 980, os normandos tornaram-se senhores da Inglaterra, conquistando-a definitivamente em 1066; em 911 criaram o reino da Normandia no norte da Gália de onde enxameiaram o ocidente e deixaram sua marca; e em 1029 ocuparam a Itália meridional e a Sicília. Os normandos controlavam o comércio através do mar do Norte. 15 Fonte: www.fatosdesconhecidos.com.br Ao sul e por mar - os islâmicos invadiram a costa italiana ao longo do século IX, controlando boa parte do mediterrâneo e o comércio nele realizado. Ao leste e por terra: húngaros ou magiares. Instalaram-se no território russo no século VII, de onde foram expulsos por povos turcos iniciando, a partir de 899, invasões sistemáticas nas fronteiras do leste da França Oriental e da Germânia, além de excursões na França e Itália também. A vitória sobre os húngaros em 955, pelo rei Otão I, ajudou no surgimento do poder da dinastia otoniana que restaurou o poder imperial carolíngio, fundando o Sacro Império Germânico, que durou de 936 a 1806, sob o território da Itália e Germânia. Otão I foi sagrado pelo papa João XII, em 961. Os húngaros sedentarizam- se e cristianizaram-se fundando o reino da Hungria. 4.1 Recuperação Econômica Segundo Jacques Le Goff, verificamos a partir do século IX uma recuperação da economia medieval no Ocidente, desestabilizada desde o século V pela decadência romana e invasões germânicas. Este século foi decisivo no campo das transformações econômicas para a Cristandade Ocidental (Le Goff, 1995, p. 80-5). Foi o início do renascimento econômico, resultado de uma renovação do comércio nos séculos VIII e IX, decorrentes do: Apogeu do comércio da Frísia e do porto de Duurstede; 16 Reforma monetária de Carlos Magno; Melhoria da produção agrícola: novos sistemas de atrelamento de animais, divisões de terrenos cultivados, avanços das técnicas de cultivo. O século X foi um período de novidades decisivas, especialmente no domínio do cultivo e da alimentação. Le Goff atribui este despertar do Ocidente ao: 1) Estímulo externo: formação do mundo islâmico – administrando metrópoles urbanas e consumidoras - que suscitaram no Ocidente germânico o aumento da produção de matérias primas para exportação para Córdoba, Fustat, Cairo, Damasco, Bagdá. São madeiras, ferro, estanho, mel e escravos. 2) Estímulo interno: progresso técnico verificado no próprio solo ocidental – agrícola, com aumento das áreas cultivadas e seu rendimento; militar, no uso do estribo que permitiu melhor domínio do cavalo e gerou uma nova classe de guerreiros, os cavaleiros. 3) Os grandes proprietários promoveram exploração intensa do solo e geraram pequenos excedentesde produção aos mercadores (Le Goff, 1995, p. 84-5). 4.2 Os Elementos Formadores do Feudalismo O Feudalismo não possuiu as mesmas características e nem teve uma evolução simultânea em toda a Europa. Embora concretamente só podemos falar de uma sociedade feudal na Idade Média Central, iniciamos a discussão sobre este tema neste espaço dedicado à Alta Idade Média para mostrar como sua consolidação dependeu de processos históricos deste período. Segundo Loyn, no Dicionário da Idade Média, “...as origens da sociedade feudal situam-se melhor na França setentrional dos séculos IX e X, com o declínio da monarquia carolíngia (na Inglaterra, de maneira mais dramática em 1066, com a conquista normanda), e seu desaparecimento no século XVI (Loyn, 1997, p.146). Considerando a visão deste autor, listamos alguns dos elementos que caracterizam o feudalismo e a sua origem, seguindo uma ordem de importância: 17 A supremacia de uma classe de guerreiros especializados, chamados cavaleiros, que formavam a classe dominante, surgindo o feudalismo deste processo de ascensão da cavalaria; Relações de suserania e vassalagem, marcadas por vínculos de obediência e proteção que ligam homem a homem e, dentro da classe guerreira, assumem a forma específica denominada vassalagem (Bloch, Marc APUD Loyn, 1997, p. 146). Esta relação foi originada de uma “forma de encomendação germância antiga, pela qual um homem livre se submetia a um outro por um ato de homenagem (as mãos juntas colocadas entre as do senhor), confirmado por um juramento sagrado de fidelidade e vassalagem e usualmente acompanhada pela outorga de um feudo” (Loyn, 1997, p.146). A existência do feudo, “que é a essência dominial do feudalismo e vincula o senhorio e as relações feudais à terra” (Loyn, 1997, p.146). O feudo era outorgado por investidura. Segundo Loyn, feudo era a terra de um senhor, confiada a seu vassalo em troca de serviços meritórios, os quais incluíam serviços militares, ajuda e conselhos. (Loyn, 1997, p.146). A existência da propriedade senhorial, representada no castelo que “era o símbolo e a essência do senhorio feudal, que se impunha à terra por meio dos homens montados que tinham sua base dentro de suas sólidas muralhas” (Loyn, 1997, p.146). A existência de um campesinato mantido em sujeição dentro de um senhorio. É bom lembrar que, além de cavaleiros, nobres possuíam relações feudalizadas com monarquia medieval e a Igreja. Esta última recebia a concessão de feudos “em troca do serviço de rezar” (Loyn, 1997, p. 146). Mas sobre isto falaremos no próximo bloco, ao tratarmos sobre a sociedade feudal. 18 4.3 Questão da Terra na Idade Média Fonte: www.google.com.br 4.4 Os senhores A posse dos domínios territoriais era de três grupos distintos: a Igreja, a Coroa e a nobreza. Os domínios da Igreja eram indivisos, ao contrário dos outros que sofriam divisões sucessivas devido a doações e partilhas sucessórias. Isto explica o fato de a Igreja possuir a maior parte das terras do Ocidente cristão ao final da Alta Idade Média. 4.5 Os trabalhadores Encontramos, nas propriedades feudais, os camponeses. Temos camponeses livre, não-livres e escravos. A tendência é que a partir do século XII os encontremos em sua maioria na condição de servos. Estes trabalhadores colocavam-se sob o domínio dos seus senhores em troca de proteção e de um pedaço da terra para usufruto pessoal. Para isto, sujeitavam-se ao cumprimento de obrigações pessoais e encargos como descreveremos no item abaixo, sobre as propriedades senhoriais. 19 4.6 Os Domínios e os senhorios: A Divisão Interna Vejamos como estavam divididas as propriedades do clero e da nobreza ao longo da Idade Média: A Alta Idade Média predominou a economia agrária dominial, baseada no modelo da villa romana. Neste período a grande propriedade era designada de domínio. O domínio era dividido em: terra indominicata (reserva senhorial) e terra mansionaria (mansus). Os mansus eram partes do território destinadas ao usufruto dos camponeses, desde quando estes cumprissem sua parte no contrato estabelecido com os seus senhores. As prestações pagas por servos ao senhor eram em forma de encargos em espécie e em dinheiro por ano e encargos em prestações de serviços na reserva (corvéia). O fundamento da economia dominial: prestação de serviços na reserva senhorial pelos camponeses livres, mas dependentes. No século IX este regime já se encontrava descaracterizado, sendo as corvéias substituídas por dinheiro. A Idade Média Central observamos a passagem da agricultura dominial para a senhorial. Segundo Hilário Franco Júnior o “senhorio era um território que dava a seu detentor poderes econômicos (fundiários) ou jurídicos-fiscais (banal)” e o feudo “era uma cessão de direitos, geralmente, mas não necessariamente sobre um senhorio” (Franco Júnior, 2001, p. 37). Portanto, não se deve confundir senhorio com feudo. O senhorio era assim caracterizado: “era um território que dava a seu detentor poderes econômicos (senhorio fundiário) ou jurídico-fiscais (senhorio banal), muitas vezes ambos ao mesmo tempo (Franco Júnior, 2001, p. 37)”. 20 Durante este período observamos a diminuição das terras destinadas aos camponeses, e os mansus foram transformados em tenências, lotes menores e com maiores encargos. Os encargos destinados aos camponeses eram de duas espécies: Senhorio fundiário: censive (pequena renda fixa – censo) paga em dinheiro ou espécie. Mão-morta - transferência hereditária. Champart - proporcional ao rendimento da colheita. Corveia. Senhorio banal: taxas pelo uso de moinhos, lagar, forno, bosques albergagem, alojamento, multas e taxas judiciárias, talha. Com o seu poder ampliado devido ao poder banal sobre o senhorio, que agora o senhor passava a possuir, este acabava aumentando a exploração sobre os camponeses através da criação das taxas listadas acima. Verificamos também uma diminuição da reserva senhorial devido a criação de novas tenências, ao progresso das técnicas agrícolas que não exigiam necessariamente terras tão extensas para manter o mesmo nível de produção e a cessão de feudos para os vassalos. Este foi um período marcado por um intenso crescimento da produção consequência da ampliação da mão de obra e de terras e da difusão de diferentes técnicas (sistema trienal, charrua, força motriz animal, adubo mineral, moinho de água e de vento). 5 A SOCIEDADE FEUDAL É preciso destacar a importância da Igreja na consolidação do modelo de sociedade feudal, pois é através do seu intermédio que se dá, segundo Franco Júnior, a conexão entre os vários elementos que compunham esta formação social. O autor lembra que a Igreja era a maior detentora de terras e detinha o controle da vida dos indivíduos, além de ser a legitimadora das relações de suserania e vassalagem e da dependência dos servos em relação aos seus senhores (Franco Júnior, 2001, p. 89). Que elementos caracterizam esta sociedade? Podemos lembrar, em primeiro lugar, da ideologia da ordem, que leva a mesma a ser pensada dentro de uma lógica de imutabilidade e dificulta a mobilidade social, além de promover a tradição e a obediência nas relações sociais. 21 Esta ideologia por outro lado, baseada na ideia de uma ordem celeste e imutável que inspiraria o modelo de vida dos homens, deu origem a uma forma de divisão social em que uns oram, outros combatem e outros trabalham. Fonte: www.miniweb.com.br Mas, principalmente a partir da Idade Média Central, outros grupos começam a crescer dentro deste: eram trabalhadores assalariados, artesãos,burgueses, resultado do renascimento comercial e urbano do período. Estas transformações viriam, séculos mais tarde, alterar profundamente este modelo de sociedade. 6 O RENASCIMENTO COMERCIAL URBANO 6.1 Renascimento Comercial As transformações na agricultura da Europa Ocidental a partir do século X levaram à produção de um excedente agrícola que gerou o revigoramento do comércio na região. Isto levou a um amplo crescimento demográfico e urbano na região: havia mais mão-de-obra e melhor qualidade na alimentação o que ampliava cada vez mais a produção. 22 Fonte: alunosonline.uol.com.br O crescimento demográfico e urbano gerou a ampliação das atividades artesanais em cidades próximas a rios e estradas, produzindo um progresso econômico. E o que resultou disto? Vejamos: Desenvolvimento do comércio marítimo e fluvial. Surgimento e o renascimento de muitas cidades europeias. Este processo era resultado do povoamento dos pontos de encontros das atividades comerciais - feiras, estimuladas por reis e nobres, através da emissão de salvo-condutos para os mercadores garantindo a sua segurança na região. Desenvolvimento da indústria da construção (igrejas, mosteiros, castelos, palácios, prédios públicos e militares). Desenvolvimento da indústria têxtil: panos de lã em Flandres, Itália e Inglaterra. Organização da produção nas cidades através das corporações de ofício. Monetarização da economia, promovendo o retorno da circulação da moeda. Nascimento das atividades bancárias: nasce na Itália - câmbio, depósitos, empréstimos, transferências, crédito. 23 6.2 Renascimento Urbano Segundo Jacques Le Goff as cidades medievais nasceram como sucessoras das antigas cidades, devido ao despertar da vida comercial e do desenvolvimento agrícola do Ocidente, desenvolvendo-se a partir desta função econômica: renovação das trocas de mercadorias. Nasceram ao longo dos rios ou estradas frequentadas por comerciantes, também por iniciativa senhorial, para poder taxá-las, ou de um entreposto comercial ou de um mercado rural (Le Goff, 1995, p. 102-13). Estas cidades foram também importantes espaços de trocas das grandes rotas comerciais. Aqui identificamos algumas destas cidades: Veneza e Gênova – cidades italianas, com parcas possibilidades agrícolas que empurram-nas para as atividades mercantis. As Cruzadas promoveram o seu crescimento pelo Extremo Oriente (especiarias, seda, perfumes), mar Egeu e mar Negro (matéria prima para indústria têxtil). Hansa Teutônica – associação formada por cidades alemãs do norte, ligada a expansão germânica sobre a Europa oriental. Em 1161, mercadores alemães criaram associações, que em meados do séc. XIV transformaram- se em associações de cidades. O eixo que caracterizou as atividades comerciais por elas desenvolvidas foi: Novgorod-Reval-Lubeck-Hamburgo-Bruges-Londres. Eram comercializados: mel e cera da Rússia, trigo e madeira da Polônia e da Prússia, minerais da Hungria, peixe da Noruega e da Islândia, cobre e ferro da Suécia, vinho da Alemanha do sul, sal da França e de Portugal, lã da Inglaterra e tecidos de Flandres. Os pontos de encontros entre o eixo mediterrânico, controlado pelas cidades italianas, e o eixo nórdico, controlado pelas cidades alemãs eram as feiras e os burgos, como o de Champanhe, que deu origem a uma cidade. As cidades são também áreas de produção “industrial”, ampliadas pelo desenvolvimento do artesanato urbano, devido as crescentes necessidades de uma população (rural e urbana) em expansão e mais exigente. Temos o desenvolvimento da indústria têxtil -Flandres, Itália e Inglaterra -, e da construção. 24 Devido às atividades artesanais e comerciais que ocorriam com cada vez maior intensidade nas cidades, vamos encontrar nestas a formação de corporações de ofícios, que derivaram de confrarias religiosas, destinadas a devoção e caridade. Estas corporações generalizaram-se após 1120. As mais antigas eram de mercadores e as mais recentes de artesãos. Elas funcionavam como um conjunto de oficinas com monopólio da atividade comércio ou artesanal para impedir concorrência. A leitura de dois textos, Le Goff (1995, p. 87-140) e Franco Júnior (2001, p. 36- 46) em especial permitiram a seleção das informações acima sobre o comércio e as cidades. 7 A CULTURA MEDIEVAL E A INFLUÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA Fonte: www.estudopratico.com.br A cultura e a arte na Idade Média desenvolvem-se principalmente no ambiente monástico. Segundo Hilário Franco Júnior, na Idade Média Central o primado cultural transferiu-se dos mosteiros para as cidades, principalmente no ensino e na arquitetura (Franco Júnior, 2001, p. 102-122). 7.1 Educação Devido ao crescimento das cidades e dos grupos sociais nela existentes, vemos a partir do século XI as escolas urbanas ganharem mais destaque que as 25 monásticas, transformando-se em universidades no século XIII, que funcionavam como corporações eclesiásticas. O método de estudo destas escolas urbana era a escolástica. A escolástica consistia num “conjunto de leis sobre como pensar determinado assunto” (Franco Júnior, 2001, p. 118). Quais eram estas leis? Vejamos o que nos diz este autor: A- Leis de linguagem para buscar o sentido exato da palavra; B- Leis de demonstração usando a dialética, uma forma de provar certa posição recorrendo a argumentos contrários; C - Lei da autoridade, recurso a fonte cristã e do pensamento clássico para fundamentar as ideias defendidas; D - Leis da razão: utilizável para uma compreensão mais profunda. . As etapas de estudo eram: Lectio, leitura, comentário e análise do texto. Disputatio ou debate sobre o assunto. Também verificamos neste período a revalorização do estudo do direito antigo, devido à necessidade das monarquias nascentes e da população urbana, e da medicina, num lento processo de dessacralização da natureza, que permitiu a ampliação dos estudos. Anterior a Idade Média Central: Arte românica. Esta arte marca o período posterior as invasões dos normandos, islâmicos e húngaros – séculos XI e XII, terminando por volta de 40-60. Inúmeras igrejas foram construídas. O que caracteriza este estilo artístico? Vejamos: Não havia arte pela arte, feita pelo seu valor estético e sim eram elaboradas com finalidade exclusivamente didática, marcada pelo simbolismo. Arte arquitetônica expressa na construção de templos a ideia de construir “fortalezas de Deus” (largas paredes, grossos pilares e poucas janelas), transmitindo a ideia de que somente dentro da igreja (edifício religioso) e da Igreja (instituição) era possível a salvação (Franco Júnior, 2001, p. 111). Idade Média Central: Arte gótica. O estilo gótico resultou do renascimento urbano e comercial verificado na Europa. Este estilo nasce por volta de 1140, no sul da França, e a primeira experiência verificou-se na construção da basílica de Saint- Denis (1132-44). Ocorreu um desenvolvimento importante da arquitetura que levou as 26 igrejas góticas a elevarem-se “a grandes alturas”, verificando-se também a introdução de vitrais, arcos ogivais e rosáceas. A escultura também adquire função decorativa e pedagógica (Batista Neto, 1988, p. 215). Neste período a arte não deixa de ser religiosa, inclusive estará sempre ligada ao sagrado, mas há influência da cultura popular na sua elaboração, da burguesia local e da monarquia. Quais as suas características? Vejamos: Novas necessidades espirituais e práticas, ligadas a valorização da relação entre fé e razão, e a cultura que está se desenvolvendo nas escolas urbanas. Deuscomo luz (vitrais) e valorização do seu lado humano (culto à Virgem); valorização da natureza como parte essencial da criação (realismo). Arquitetura busca equilíbrio entre a vida ativa e a contemplativa (Franco Júnior, 2001, p. 111). 27 8 LEITURA COMPLEMENTAR Nome do autor: Marcos Emílio Ekman Faber Fonte:http://historiali.dominiotemporario.com/revistahistoriador/espum/marcosf aber.pdf Data do acesso: 09/05/2016 O NASCIMENTO DA IDADE MÉDIA A PARTIR DA ANÁLISE COMPARATIVA DAS OBRAS: PASSAGENS DA ANTIGUIDADE AO FEUDALISMO E DECLÍNIO E QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO Marcos Emílio Ekman Faber 9 RESUMO Neste artigo analiso o fim do Império Romano do Ocidente e a consequente fragmentação de poder na Europa. Minha análise ocorre a partir de três pontos principais: os motivos do declínio econômico romano; as invasões bárbaras e; a cristianização do Império, assim como o papel desempenhado pela igreja cristã no processo de reestruturação européia. Como metodologia, utilizei a análise comparativa das obras Passagens da Antiguidade ao Feudalismo de Perry Anderson e Declínio e Queda do Império Romano de Edward Gibbon. Sendo o primeiro um autor marxista e o segundo um livro clássico, escrito no séc. XVIII, de um autor iluminista que influenciou as gerações que o seguiram. Palavras-chave: Crise do Império Romano. Nascimento da Idade Média. Mão- de-obra escrava. A proposta deste artigo é analisar o nascimento da Idade Média européia a partir da análise comparativa das obras Passagens da Antiguidade para o Feudalismo3 de Perry Anderson e Declínio e Queda do Império Romano de Edward Gibbon. Os autores foram escolhidos por serem representantes de vertentes históricas distintas, mas também por terem vivido em épocas diferentes. Enquanto o primeiro autor é um historiador contemporâneo adepto do materialismo histórico dialético em sua versão contemporânea, o segundo é fruto do século XVIII – Declínio e Queda do Império Romano foi escrito entre 1766-1788 – Gibbon, um iluminista, influenciou as gerações que o seguiram, principalmente os historiadores positivistas. 28 Neste artigo a versão de Declínio e Queda que será analisada é a edição abreviada. A comparação das duas obras será centralizada na análise de três aspectos principais: a questão econômica, procurando entender quais os motivos do declínio econômico romano; a questão militar, principalmente relacionada às invasões bárbaras e; a questão religiosa com a cristianização do Império e a proibição aos cultos pagãos. Para compreendermos as diferenças teóricas e metodológicas ente os dois autores é importante entendermos que existem três correntes distintas de pensamento sobre o final do Império Romano. Uma primeira corrente, que chamo de internalista, atribui a ruína do Império às questões internas, ou seja, o Império Romano chegou ao seu colapso devido a problemas estruturais no seio do próprio Império; outra corrente, que chamo de externalista, afirma que o Império Romano ruiu por causas externas ao Império, ou seja, pela cristianização do Império e/ou pelas invasões bárbaras5 , como é o caso de Edward Gibbon e; uma terceira corrente, que chamo de conciliadora, que imputa o final do Império Romano a uma combinação de causas internas e externas, como é o caso de Perry Anderson. Por motivos óbvios, analisaremos principalmente a segunda e a terceira hipóteses. Outro fator importante neste artigo é a preocupação com a compreensão do contexto histórico em que ocorreu o fim do Império Romano do Ocidente levando-o a fragmentação do poder político na Europa, para isso, analiso também outros autores que auxiliam na compreensão do fundo histórico aqui abordado. 10 A QUESTÃO ECONÔMICA A questão econômica, ou seja, os motivos que levaram à crise econômica do Império Romano são, por mais que possa parecer contraditório, o ponto em que os dois autores aqui analisados mais se aproximam. Apesar de Gibbon não atribuir muita importância às questões econômicas, suas afirmativas sobre a crise econômica romana se aproximam às de Perry Anderson, porém, este último, ao contrário de Gibbon, atribui à crise econômica um papel decisivo no queda do Império Romano. Para Anderson, o esgotamento do trabalho escrava foi o principal motivo do colapso romano (ANDERSON, 2004, p. 82-83). 29 Edward Gibbon afirma que o gigantismo, ou seja, a extensão territorial, do Império dificultava a administração e a proteção das fronteiras, representando gastos significativos ao Estado romano. O declínio de Roma foi a natural e inevitável consequência da grandeza imoderada. A prosperidade fez com que amadurecesse o princípio de decadência; as causas de destruição se multiplicaram com a extensão das conquistas; e, tão logo o tempo ou os acidentes removeram os sustentáculos artificiais, a estrutura desabou sob seu próprio peso. A história de sua ruína é simples e óbvia; em vez de perguntar por que o Império Romano foi destruído, devemos antes surpreender-nos de ele ter durado tanto (GIBBON, 2005, p. 538). Perry Anderson, que concorda com tal teoria, acrescenta que a Pax Romana representou, antes de tudo, o ápice do Império, mas também o início de sua ruína. Pois, os altos gastos estatais na modernização do Império – construção de estradas, diques, aquedutos, etc. –, crescia a cada ano, assim, a crise econômica que assolava Roma gerou uma série de conflitos internos no Império. Ao suspender as guerras de conquistas, também acabou por inviabilizar um sistema que era baseado na mão-de- obra escrava. O poder militar estava mais intimamente ligado ao crescimento econômico do que talvez em qualquer outro modo de produção, antes ou depois, porque a principal fonte de trabalho escravo eram normalmente prisioneiros de guerra, enquanto o aumento das tropas urbanas livres para a guerra dependia da manutenção da produção doméstica por escravos; os campos de batalha forneciam a mão-de-obra para os campos de cereais e viceversa – os trabalhadores capturados permitiam a criação de exércitos de cidadãos (ANDERSON, 2004, p. 28). Para o autor, o mais grave do modelo escravista romano era a inexistência de um mecanismo interno que possibilitasse sua renovação, assim, no momento em que a renovação de escravos fosse inviabilizada haveria uma grave crise no sistema, como de fato ocorreu (ANDERSON, 2005, p. 82). A saída encontrada para a crise da mão-de-obra foi criar o sistema de colonatos, porém, essa solução aparentemente positiva tornou-se um sério problema ao promover a ruralização da sociedade romana, pois ao conceder incentivos ao novo sistema, muitos trabalhadores urbanos abandonaram as cidades em busca de espaço no campo. O problema da mão-de- obra somente seria resolvido com o progressivo processo de transformação dos 30 trabalhadores livres em servos, o que somente se completaria muitos anos depois quando a nobreza carolíngia adotaria o sistema de servidão forçando os trabalhadores a submeterem-se a um sistema onde ficavam presos a terra que cultivavam, lançando, assim, os alicerces do feudalismo que iria dominar o cenário europeu nos séculos seguintes. A transferência de cidadãos para o campo e a ruralização da sociedade romana inviabilizaram a manutenção do exército, pois gerava indiretamente uma ausência de alistados, fato este que enfraquecia a defesa das fronteiras, possibilitando a entrada de bárbaros no território. A solução encontrada foi a de permitir o alistamento de estrangeiros nas legiões romanas. 11 A QUESTÃO MILITAR Neste ponto,os autores possuem divergências essencialmente no peso que atribuem às invasões bárbaras10 no processo de ruína do Império Romano. Ficando mais claro o contexto histórico em que cada um dos autores viveu, pois elementos de seus dias estão muito presentes nas teorias de cada um. Para Gibbon, um inglês que apoiou arduamente a Revolução Francesa, inclusive morando muitos anos na França durante a Revolução (GIBBON, 2005, p. 28-29), os bárbaros representavam um retrocesso, um atraso civilizacional. Para ele as hordas invasoras eram hostis aos ideais de liberdade, de igualdade e de propriedade, importantes itens do ideário iluminista. As leis e os costumes das nações modernas protegem a segurança e a liberdade do soldado vencido; o cidadão pacato, outrossim, raras vezes tem razões de queixar-se de que sua vida ou mesmo sua fortuna ficaram expostas à fúria da guerra. No desastroso período da queda do Império Romano, que pode ser justificadamente datada do reinado de Valente, a felicidade e a segurança de cada indivíduo eram atacadas, e as artes e as obras de séculos, rudemente desfiguradas pelos bárbaros da Cítia e da Germânia. (GIBBON, 2005, p. 446). Para este autor, os bárbaros representavam a desestabilização da civilização grecoromana e eram, portanto, os grandes vilões no processo de desintegração do 31 Império Romano. Para Gibbon, a Idade Média, um período terrível, fora o resultado da vitória da barbárie sobre a civilização (GIBBON, 2005, p. 544-545). Já Perry Anderson, um marxista – escreveu Passagens da Antiguidade ao Feudalismo ainda durante a Guerra Fria –, analisou as invasões bárbaras do ponto de vista socioeconômico. Para ele, a proteção militar às fronteiras gerava elevados gastos ao Império, sendo muito difícil a manutenção e sua preservação. Outro elemento importante foi ocasionado pela ruralização da sociedade romana em consequência da crise da mão-deobra escrava, fatores que enfraqueciam o exército, pois desestimulavam o alistamento militar. A solução foi permitir a entrada de bárbaros nas fileiras do exército romano. Já no século III, as legiões romanas estavam abarrotadas de soldados germânicos, com alguns ocupando importantes cargos de comando no exército (ANDERSON, 2004, p. 82-85). Portanto, nos séculos IV e V, quando ocorreram as invasões, o território romano já convivia há muito tempo com a maioria dos povos invasores. As tribos bárbaras que entraram no Império Romano eram basicamente tribos rurais e patriarcais divididas em clãs de famílias. Em geral, não tinham noções de Estado. A base agrária era formada por camponeses livres e a terra era coletiva, com raríssimas exceções tinham escravos (ANDERSON, 2004, p. 109-110). Já nesta época, o cristianismo não se restringia ao Império Romano, padres e bispos já tinham ultrapassavam as fronteiras do Império em direção aos territórios bárbaros. Assim, quando os invasores chegaram a Roma, a sua maioria era formada por cristãos. Se para Edward Gibbon, as invasões bárbaras tiveram papel decisivo na queda do Império Romano, com os germânicos representando a vitória da anarquia política sobre uma civilização mais avançada, para Anderson, os bárbaros fizeram parte de um processo de reconstrução da sociedade romana em ruína, não sendo os responsáveis pela queda do Império, que já estava em crise há muito tempo, mas os responsáveis pela sua reformulação ao possibilitar a síntese entre sua cultura e a romana. 32 12 A QUESTÃO RELIGIOSA É difícil imaginar um estudo sobre a Idade Média sem uma análise criteriosa da religiosidade que impregnou todo o período. Portanto, os autores aqui comparados analisaram exaustivamente o papel da Igreja Cristã12 no processo de formação do medievo. Mas também é neste ponto que os dois autores apresentam mais discordâncias. A começar pelo fato de que somente Gibbon descreve as causas de a Igreja tornar-se parte do Estado romano e como ela se sobrepôs ao paganismo. O autor afirma que isto somente foi possível com a vitória do cristianismo sobre a religião pagã romana. As causas, segundo ele, foram: I. O inflexível zelo e, se nos é permitido usar tal expressão, a intolerância dos cristãos – derivada, em verdade, da religião judaica, mas purificada pelo espírito acanhado e antissocial que, em vez de atrair, dissuadir os gentios de abraçar a lei de Moisés. II. A doutrina de uma vida futura, valorizada por toda e qualquer circunstância ocasional que pudesse dar peso e eficácia a essa importante verdade. III. Os poderes miraculosos atribuídos à Igreja primitiva. IV. A pura e austera moralidade dos cristãos. V. A união e a disciplina da república cristã, que formou aos poucos um Estado independente que se desenvolveu no coração do Império Romano (GIBBON, 2005, p. 236). Para o autor, os mesmos motivos que levaram a vitória do cristianismo sobre o culto pagão formaram as causas de sua interferência na queda do Império. Gibbon colocou a Igreja como a principal causadora da queda do Império Romano, para ele os cristãos foram o principal motivo da ruína e crise de Roma (2005, p. 539-540), pois a Igreja imobilizou o Estado romano ao desviar a atenção do imperador de questões relativas à manutenção estatal para o combate às seitas e heresias13 que surgiam no seio do cristianismo. Anderson, que não descarta esta teoria, completa afirmando que a Igreja ao tornar-se uma segunda burocracia mantida pelo Estado (2004, p. 126-127), onerava os cofres romanos a tal ponto que ajudou no colapso econômico romano. Porém, para Anderson, o papel da Igreja não foi tão decisivo e aponta que outros fatores foram mais importantes para a crise econômica romana, como os vistos anteriormente – principalmente a crise da mão- de-obra escrava. 33 Para ele, a Igreja desempenhou um papel muito mais ligado à transição entre dois modos de produção, um em extinção – o escravista – e outro na sua gênese – o feudal. Assim, a Igreja representou muito mais um processo de conciliação entre duas épocas do que o de desintegração de uma. Pois, a Igreja teve muita importância para o surgimento da sociedade medieval, sendo responsável pela preservação de parte importante da cultura e da legislação romana, desempenhando papel fundamental no processo de síntese entre as culturas romana e bárbara (ANDERSON, 2004, p. 130). Enquanto Gibbon denuncia que a Igreja, ao transformar a sociedade romana numa sociedade intolerante e austera, corrompeu a cultura clássica greco-romana, Anderson chama a atenção para o fato de que: Parte de um gigantesco processo de assimilação e adaptação dessa cultura por uma população mais vasta, que iria arruiná-la e salvaguardá-la no colapso de sua infraestrutura tradicional. A mais impressionante manifestação desta transmissão foi ainda outra vez a da linguagem.Com a cristianização do Império, os bispos e o clero das províncias ocidentais, assumindo a conversão em massa da população rural, latinizaram permanentemente sua fala durante os séculos IV e V. As línguas romanas foram o efeito desta popularização, um dos elos sociais mais essenciais de continuidade entre a Antiguidade e a Idade Média (ANDERSON, 2004, p. 130-131). Portanto, para Anderson, a participação da Igreja teve importante papel e lugar no processo de transição entre o final do Império Romano e o nascimento do medievo. Sua eficácia autônoma não seria encontrada na esfera de estruturas de relações econômicas ou sociais, onde às vezes tem sido equivocadamente procurada, mas na esfera cultural acima destas relações (ANDERSON, 2004, p. 131). A civilização clássica, definida por seu desenvolvimento superestrutural sem precedentesna história da humanidade, necessitava de um aparelho ideológico que a preservasse do colapso romano, a Igreja cumpriu este papel (ANDERSON, 2005, p. 131). Apesar de não discordar integralmente de Gibbon, que colocava a Igreja como uma das principais culpadas pelo fim do Império Romano, Anderson atribuiu à Igreja a sobrevivência da cultura romana, sendo esta essencial no processo de assimilação cultural dos povos bárbaros ao legado greco-romano. Desempenhando, assim, um importante papel no nascimento da Idade Média e no surgimento do feudalismo. 34 A Igreja foi a indispensável ponte entre duas épocas, numa passagem “catastrófica” e não “cumulativa” entre dois modos de produção. (...) Significativamente, foi o mentor oficial da primeira tentativa sistemática de fazer “renascer” o Império no Ocidente – a monarquia carolíngia. Com o Estado Carolíngio, começa a história do feudalismo propriamente dito. (ANDERSON, 2004, p. 131). Para Perry Anderson, o cristianismo foi peça importante no processo de desintegração do Império Romano, mas, ao mesmo tempo, foi de extrema importância na preservação da cultura latina. Sem o cristianismo não existiria a síntese entre a cultura romana e a germânica que resultaram na sociedade feudal (ANDERSON, 2004, p. 136-137). 13 CONCLUSÃO Ao lermos as obras aqui analisadas podemos perceber o quanto devemos, ainda hoje, aos clássicos da literatura historiográfica, trata-se de um grande exercício intelectual entrar em contato com livros que influenciaram e ainda influenciam o entendimento histórico hoje disponível. Como professor e historiador, lastimo que a maioria dos jovens estudantes de história pouco ou nada sabe sobre os autores clássicos. Assim, se faz necessário cada vez mais revisar e estudar essas obras. Ao lermos Declínio e Queda do Império Romano e Passagens da Antiguidade ao Feudalismo percebemos que mesmo sendo Edward Gibbon um iluminista e Perry Anderson um marxista, eles tiveram ideias e teorias em comum, mesmo que na maior parte das vezes tenham discordado. Ao acreditar que os motivos da queda do Império Romano estavam em questões externas, Gibbon retirou o peso da crise econômica que Roma enfrentava. Já Perry Anderson, conciliou as questões internas e externas como motivadoras da crise e queda de Roma, pois para ele, apesar da participação da Igreja como peso burocrático onerando os cofres públicos, o problema do esgotamento da mão-de-obra escrava foi tão ou mais importante para o colapso do Império. Já as três questões propostas pelo artigo – questões econômica, militar e religiosa –, percebemos o quanto os autores divergem ou se aproximam dependendo da situação analisada. Como é o caso da questão econômica, apesar das ideias de Gibbon se aproximarem das de Anderson no que se refere às causas da crise 35 econômica romana. Os dois se distanciam no grau de importância que dão a esta questão, já que, devido a sua orientação teórica, somente Perry Anderson analisou com profundidade os problemas relativos ao esgotamento da mão-de-obra escrava e, por consequência, do modo de produção assentado na escravidão. Na questão militar, principalmente com relação às invasões bárbaras, os autores apresentam diferenças significativas na leitura que fazem. Para Gibbon, as invasões representaram a vitória da anarquia sobre a civilização. Já para Anderson, o episódio representou um processo de reestruturação de uma sociedade em crise e sua consequente superação. Já a questão religiosa foi outra que gerou muita divergência entre os dois autores. Apesar de ambos considerarem a Igreja Cristã uma causa importante no processo de crise romana, foi Gibbon quem afirmou que a Igreja teve papel decisivo neste processo. Enquanto que Anderson defendeu a posição de que a Igreja, apesar de sua parcela na crise romana, desempenhou um importante papel como preservadora do legado romano, sendo responsável pelo processo de síntese entre as culturas romana e bárbara. Por fim, ler e comparar as duas obras se torna um exercício de percepção indispensável ao estudante do medievo, pois apesar das grandes diferenças teóricas e metodológicas, os dois autores são complementares para o entendimento do tema, o que torna o estudo de ambos, indispensável na compreensão dos motivos que levaram à queda do Império Romano e no consequente nascimento da Idade Média. 14 BIBLIOGRAFIA ALARCÃO, Jorge. Portugal Romano. Lisboa: Editorial Verbo, 1974. ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade para o Feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1998. AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal Econômico. 4º ed, Porto: Clássica, 1988. BALARD, Michel (org.). A Idade Média no Ocidente: dos bárbaros ao renascimento. 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