Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IMPACTOS DOS CUSTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E NO ORÇAMENTO Ângela Costa Carneiro Laudenilson Diniz Luna RESUMO Os custos e a decisão sobre o preço de venda de um produto ou serviço tem grande influência em como ele será aceito pelo mercado, com base podemos perceber que um bom controle de custos afeta diretamente o futuro de uma organização, sendo assim a gestão do custo de uma empresa se torna importante para compor controles, e a partir deles se pode tomar decisões com relações aos preços de concorrentes e como se obter lucro, auxiliando assim a uma boa gestão financeira administração e controles de gastos. Palavra chave: Custos, formação de preços, contabilidade de custos. INTRODUÇÃO A contabilidade de custos não é apenas uma obrigação fiscal e organização financeira, pois tem sido decisiva no gerenciamento e tomada de decisões e estratégias das instituições atuais. O Custeio por Atividades de uma empresa permite o mapeamento dos gastos de todas as atividades, otimizando os processos de uma empresa em todos seus departamentos. O termo preço refere-se ao valor monetário, expresso em moeda que corresponde ao valor de troca de um bem ou serviço prestado. Segundo leite (2008) o orçamento empresarial é o instrumento que formaliza as metas e os objetivos estabelecidos no planejamento, servindo para comunicar de onde e para onde a empresa está caminhando, além de focar a atenção nas operações e finanças da empresa, antecipando os problemas, sinalizando metas e objetivos que necessitem a atenção dos gestores, contribuindo, portanto, para a tomada de decisões com vistas ao atendimento da missão e ao cumprimento dos objetivos empresariais. GESTÃO DE CUSTOS Segundo Leone (2000, p. 21), a visão gerencial dos custos completa-se no momento em que visualizamos custos na empresa e/ou instituição como um centro processador de informações, que recebem (ou obtém) dados, acumulados de forma organizada, analisa-os, interpreta-os, produzindo informações de custos para diversos níveis gerenciais. Ainda segundo Leone (1987 p. 3), a contabilidade de custos pode ser conceituada como o ramo da função financeira que acumula, organiza, analisa e interpreta os custos dos produtos, dos estoques, dos componentes da organização, dos planos operacionais e das atividades de distribuição para determinar o lucro, para controlar as operações e para auxiliar o administrador no processo de tomada de decisão e de planejamento. Porter (1989, p. 31) diz que o eficaz processo de gestão de custos passa, necessariamente, pela eficiência e eficácia das atividades de planejamento, execução e controle. GASTOS, CUSTOS E DESPESAS Gasto é todo dispêndio financeiro, todo sacrifício que uma entidade arca para a aquisição de um bem ou serviço. O conceito de gasto é bastante amplo. Entre alguns exemplos de gastos, podemos citar a aquisição de máquinas, equipamentos, veículos, móveis, ferramentas, e entre outros. Um gasto pode se transformar num investimento que, sucessivamente, se torna um custo e uma despesa. Custo é o gasto, ou seja, o sacrifício financeiro que a entidade arca no momento da utilização dos fatores de produção para a realização de um bem ou serviço. Os custos podem ser entendidos conforme o segmento da entidade. No comércio, a aquisição de mercadorias é o custo, já na indústria, ele é entendido como a aquisição de matérias- primas, insumos e mão-de-obra na produção de um bem. As despesas estão relacionadas com os gastos usados para a obtenção de receitas. São entendidos como despesa, os gastos com salários, aluguel, telefone, propaganda, comissão de vendedores, entre outros. Na DRE (Demonstração do resultado do exercício), o “Custo das Mercadorias Vendidas” representa as despesas, embora possa haver confusão em relação à terminologia empregada. Para o autor Eliseu Martins, por exemplo, o correto deveria ser “Despesas das Mercadorias Vendidas”. CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS Para Rebelatto (2004 p. 115), os custos fixos são aqueles que mantêm o seu valor independente dos aumentos do volume de produção e de serviços realizados em um período: custos variáveis são aqueles cujos valores variam de acordo com o volume de produtos produzidos ou serviços realizados num período. CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS Rebelatto (2004 p. 115), diz que o custo direto é aquele que pode ser associado a produtos ou serviços de forma quantificável, enquanto o custo indireto não fornece condição de medida objetiva e qualquer tentativa de associá-la a um objeto de custo em análise deverá ser feita através da estimativa ou arbitrariamente. MÉTODOS DE CUSTEIO Os métodos de custeio atualmente são apresentados e discutidos sob a luz de duas correntes. Uma delas é representada pelos chamados métodos de custeio tradicionais, que tiveram sua origem na necessidade de se avaliar os estoques na indústria nascente, após a Revolução Industrial (século XVIII), que era uma tarefa mais simples, até então, na empresa tipicamente mercantilista, conforme MARTINS (2001, p.20). Guerreiro (2010, p. 4) os métodos de custeio de produtos são representados pelo Custeio por Absorção, Variável, Pleno ou o Custeio Baseado em Atividades. Custeio por absorção Segundo Martins (2003 p.4) o custeio de absorção deriva dos princípios contábeis usualmente aceitos, onde se baseia na apropriação dos custos de produção diretamente aos bens fabricados. Admitindo-se o conceito de que o produto absorva somente os custos de produção, o método da UEP (Unidade de esforço de produção) surge como complementação, visando trabalhar com os custos de transformação, que, segundo o mesmo autor são aqueles imputados durante os processos de produção, exceto os relacionados à matéria- prima, analisando centros produtivos e a cadeia produtiva da empresa e não analisando os custos das matérias-primas, que são obtidas em fichas técnicas individuais dos produtos (MARTINS, 2003 p 65). Numa perspectiva contábil, Horngren; Foster, Datar (2000, p 211) afirmam que custeio por absorção é o método de custeio do estoque no qual todos os custos de fabricação, variáveis e fixos, são considerados custos inventariáveis. Isto é, o estoque absorve todos os custos de fabricação. No mesmo sentido, Neves e Viceconti (1995 p. 25) acrescentam que “os custos dos produtos fabricados, depois de devidamente alocados, só farão parte do resultado do período quando o produto final for vendido”. Desse modo, estes custos apresentam-se contabilizados na conta de estoques da empresa, antes de sua venda. Ao se adotar essa metodologia, os custos dos produtos estarão absorvendo todos os custos de fabricação (LEONE, 2000 p. 141). Com relação aos princípios de custeio, Bornia (2002 p. 21) elenca o custeio por absorção integral, o custeio por absorção ideal e o custeio variável. Custeio por absorção integral No custeio por absorção ideal, todos os custos são computados como custos dos produtos. Contudo, os custos relacionados com insumos usados de forma não eficiente (desperdícios), não são alocados aos produtos. O autor salienta a importância desse princípio para o auxílio do controle dos custos e apoio ao processo de melhoria contínua da empresa. Sua característica principal é a separação dos custos fixos entre custos e desperdícios, ocorrendo a mensuração dos desperdícios verificados no processo produtivo. Dessa forma, a ineficiência não é repassada aos produtos (BORNIA 2002 p .22). Custeio variável O custeio variável é também conhecido como custeio direto, mas no entendimento de Leone (2007, p. 23), a primeira expressão é mais correta, pois o fundamento do critério não é a “diretibilidade” de despesas e custos, uma vez que este termo é utilizado para igualar-se ao termo usado pelos americanos, embora não seja encontrado no rol das palavrasda língua portuguesa. “Diretibilidade” significa a separação dos custos e despesas em diretos e indiretos, em relação ao objeto de custeio, contudo o autor salienta que o fundamento do critério é a variabilidade dos custos e das despesas. PRECIFICAÇÃO Para César (2009 p.1) o preço é um valor arbitrado para um bem ou um serviço. Qualquer transação de negócio envolve um valor monetário que é a precificação. Dentro da estrutura dos 4 P´s do Marketing os produtos e serviços oferecidos, aliados à política de preços das empresas determinam o posicionamento da empresa diante do mercado. A definição de preços segundo Barbosa (2010, p. 50), deve considerar o contexto geral do negócio: estrutura de custos, valor percebido pelo cliente, produtos alternativos, concorrência, tecnologia aplicada, além de valores intangíveis como marca, confiabilidade, localização etc. Muitas decisões de compras são feitas com base nos preços dos produtos. A maioria dos consumidores possui desejos e necessidades ilimitadas, porém recursos limitados. A alocação destes recursos de forma eficiente otimizará a satisfação dos indivíduos de uma sociedade. O comprador, portanto, de modo geral, somente comprará algum produto ou serviço se o preço justificar o nível de satisfação que poderá derivar de sua compra (CÉSAR 2009 p. 1). Para Barbosa (2010, p. 50), a única forma de garantir rentabilidade na precificação é por meio da prática de preços que sejam superiores aos custos. Apesar de essa afirmativa parecer óbvia, uma grande quantidade de empresas simplesmente não tem condições de colocá-la em prática por causa da incapacidade de estimar os custos de produção corretamente. CONTRIBUIÇÃO MARGINAL OU MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO A margem de contribuição pode ser definida como sendo o excesso das receitas sobre os custos e despesas variáveis, disponível para cobrir os custos e despesas fixas, e também, para contribuir com a geração do lucro (MAHER, 2001). Ao realizar uma venda, Barbosa (2010, p. 54) diz que parte da receita obtida é utilizada para pagar os Custos Variáveis de Produção e Venda (materiais, terceiros, impostos e comissões). A Contribuição Marginal é a diferença entre o preço obtido na venda e o total dos Custos Variáveis gerados. PONTO DE EQUILIBRIO Segundo Leone (1998, p. 377), o ponto de equilíbrio é o ponto da atividade da empresa no qual não há lucro nem prejuízo, isto é, o ponto em que a receita é igual ao custo total, assim, além do ponto de equilíbrio, a empresa obterá lucros. Segundo Barbosa (2010, p. 55) toda empresa deve conhecer seu ponto de equilíbrio e usar essa informação como um balizador nas decisões de venda. Para Martins (2003 p. 278), a principal limitação para o uso do conceito de ponto de equilíbrio reside no fato de que as empresas dificilmente trabalham com único produto. Quando a empresa trabalha com diversos produtos, o que é a situação mais comum, os preços, custos e despesas variáveis é diferenciado também para cada um, o que provoca a impossibilidade de cálculo de um ponto de equilíbrio global (MARTINS, 2003, p. 278). FORMAÇÃO E PREÇO DE VENDA Cálculo que tem por base a abrangência e cobertura de todos os custos da empresa e geração do lucro desejado. É como dizer que a partir da venda de qualquer produto você estará tirando os custos ligados à empresa, seja eles: Custo fixo, Custo Variável ou Não Operacional e, assim, obtendo determinado lucro (BARREIROS 2014, p.1). Para Barreiros (2014, p.1) primeiro se calcula a margem de lucro que se deseja, sendo que o lucro é o que sobra das vendas, menos o custo dos produtos ou serviços, menos as despesas variáveis e menos as despesas fixas. Salienta ainda que o lucro destina- se a remunerar o capital investido na empresa, é sempre desejável que esse valor seja entre 2% a 4% ao mês. Para Alves (2011 p.1) o preço deve ser suficiente para cobrir todos os custos, despesas e impostos e no final gerar um lucro na venda para manter a empresa ativa, desta forma podemos ver de uma forma simplificar a estrutura do mark-up onde o preço e igual a somatória de todos os elementos inclusive o lucro desejado. COMO CALCULAR O MARK UP Segundo Dal´Bó (2012) para encontrar o Mark Up, um multiplicador que aplicado sobre o preço do custo, teremos como resultado o Preço de Venda. A fórmula é: (+) Compra das 500 peças (70%) = R$ 8.000,00 ( R$8.000,00 / 70 * 100) (+) Impostos (25%) = R$ 2.857,14 (+) Lucro 5% = R$ 571,43 (=) Faturamento total (100%) = R$ 11.428,57 100% dividido por (100%-30%). Neste caso o 30% da fórmula é o total dos custos variáveis (25% impostos + 5% lucro estimado). Nosso Mark Up será 1,4285. Se multiplicarmos este número pelos R$ 8.000,00 encontraremos rapidamente o Preço de Venda. (R$ 11.428, 57) O preço unitário de venda, considerando que venderemos as 500 peças, será de R$ 22,86. CONSIDERAÇÕES FINAIS O entendimento sobre todos os formatos de custeio é estrategicamente fundamental para o sucesso de uma empresa. Em relação aos recursos utilizados na produção, a contabilidade de custos revela seu valioso auxilio para avaliação dos resultados. Ela se encontra em cada processo e está no controle dos gastos como também para a formação do preço, como também os impactos que os tributos podem trazer no resultado da empresa, determinar o melhor preço de venda é fator crítico para se alcançar o sucesso. Custo de produção, imposto, custo fixo ou variável pode ser esquecido na formação de preços, esses valores serão fundamentais para a aceitação do produto pelo mercado proposto. O público a ser atingido deve se identificar não só com o fator de marca, mas com o valor monetário que refletirá o valor de marca de determinado produto ou serviço e no final no lucro da empresa. REFERENCIAS LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: um Enfoque Administrativo. Edição 9ª. Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1987. DANTAS, Tiago. "Gastos, custos e despesas"; Brasil Escola. brasilescola.uol.com.br/economia/gastos-custos-despesas.htm. www.artigonal.com/administracao-artigos/o-que-e-mark-up-e-como-calcular-este- indice-5310070.html. PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Edição 12ª. Editora Campus, 1989 REBELATTO, Daisy. Projeto de Investimento. Edição 1ª. Editora Manole, 2004. VICECONTI, Paulo E. V; NEVES, Silverio das. Contabilidade de custos um enfoque direto e objetivo, Edição 4ª. Editora Frase, 1995. https://brasilescola.uol.com.br/economia/gastos-custos-despesas.htm http://www.artigonal.com/administracao-artigos/o-que-e-mark-up-e-como-calcular-este-indice-5310070.html http://www.artigonal.com/administracao-artigos/o-que-e-mark-up-e-como-calcular-este-indice-5310070.html
Compartilhar