Gabarito prova petição inicial

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Componente curricular: Pratica Jurídica I 
Docente Responsável: Micheline Carvalho 
GABARITO PROVA PETIÇÃO INICIAL – 7 A
1. Elabore a petição inicial, atendendo os requisitos exigidos pelo CPC a partir do caso concreto abaixo proposto:
a) Ao elaborar a peça crie os dados para a qualificação das partes;
b) Tereza procurou você, como advogado (a), para ajuizar ação;
c) A partir do caso abaixo desenvolva a articulação dos fatos e fundamentos da ação correspondente apontando as provas a favor do autor, solicitando todos os pedidos para proteger os seus interesses, bem como os direitos que lhe assistem nesse caso.
Autora: Tereza do Nascimento (nome fictício), professora da rede municipal, tem 60 anos de idade e mora em Campina Grande -PB.
Caso: (fictício)
Tereza comprou parcelado em 24 meses no site da Magazine Luiza um Macbook Pro 13,3” Apple M1 8GB - 256GB SSD, no valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), o produto tem a garantia contratual de um ano oferecido pelo fabricante. 
Após os doze meses de uso o computador passou a não carregar mais a bateria e por consequência não ligar, o que frustrou legitimamente Tereza que ao adquirir equipamento mais caro e sofisticado, de alto desempenho com memória unificada e maior rapidez nos fluxos de trabalho complexos em fotografia, programação, edição de vídeo etc., nunca imaginou que o produto viesse a falhar por uma questão simples e que não fosse coberto pela assistência técnica do produto. A assistência técnica cobrou o valor de R$ 1.200,00 para o reparo, não obedecendo as regras legais, uma vez que não houve mal uso ou desgaste natural do produto. 
Tereza de posse do protocolo e resposta da assistência técnica abriu procedimento diretamente no serviço de suporte oficial da appple, em São Paulo, para tentar resolver a questão e ter o devido reparo coberto, não obteve nenhuma resposta, após diversas tentativas por telefone e email a empresa. Os protocolos de atendimentos e e-mails demonstram as tentativas de resolução administrativa por Tereza e o descaso da empresa. 
A falta de resolução trouxe vários problemas e transtornos para Tereza, que além de professora é fotografa profissional, suas fotos e os últimos trabalhos de seus clientes ficaram armazenados no computador, fazendo com que Tereza perdesse o prazo de entrega das fotos armazenadas, pois ela utiliza o computador para finalizar a arte do trabalho. Teve que pagar uma multa contratual de R$ 30.000,00 a um cliente por não cumprir o contrato no prazo acordado.
Tereza passou semanas sem acesso a seus arquivos e material de trabalho, teve que se desdobrar para cumprir suas tarefas do trabalho. Após trinta dias sem solução do problema se viu obrigada a pagar o serviço de reparo para poder voltar a usar o equipamento e acessar seus arquivos pessoais e do trabalho.
1. Endereçamento – competência do juízo
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara... Da Comarca de... ou Ao Juízo da Vara ... da Comarca de .... VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINA GRANDE-PB 
2. Qualificação das partes (os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu).
TEREZA DO NASCIMENTO, nacionalidade, estado civil (união estável), profissão, inscrito no CPF sob nº 000.000.000-00, portador do RG nº 000000 SSP/DF, endereço eletrônico fulanodetaljunior@gmail.com, residente e domiciliado à Rua..., 
3. Após a qualificação da parte autora - indicação dos advogados com procuração anexa e endereço profissional indicado
....por intermédio de seu advogado subscrito, com endereço profissional à rua... E endereço eletrônico advogado@adv.com.br, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 319 e seguintes do Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, ajuizar...
4. Nome da Ação - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS 
5. Qualificação da parte ré( deve qualificar o réu ou os réus do caso concreto, conforme a responsabilidade solidária que existir no caso concreto). 
RÉUS - APLLE E MAGAZINE LUIZA – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – ART. 18 CDC.
em face de CICLANO SILVA, nacionalidade, estado civil (união estável), profissão, inscrito no CPF sob nº 000.000.000-00, portador do RG nº 000000 SSP/DF, endereço eletrônico ciclano_silva@gmail.com, residente e domiciliado à Rua..., pelos fatos e fundamentos expostos a seguir.
6. Pedido de assistência judiciária gratuita – A autora tem direito de pedir justiça gratuita.
Elenca razões de se pedir a gratuidade e requer, os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurados pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do novo CPC/2015, verbis:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
7. Do Pedido de Tramitação Prioritária – a autora tem 60 anos
Se o Autor é pessoa idosa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portador de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no7.713, de 22 de dezembro de 1988; deve ser feito o requerimento de prioridade da tramitação da demanda, nos termos do Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2013 e nos termos do art. 1.048, inciso I, do CPC/2015.
8. Fatos – Relatar os acontecimentos em ordem cronológica, especificando cada ponto;
Deixar o mais claro possível/ mostrar de forma evidente o ato/fato causador do dano.
Não é para copiar colar as informações dos fatos relatados na atividade/prova. Deve desenvolver uma narrativa contando os fatos na condição de subscritor da petição, representando o autor(es) apontando o que aconteceu com a indicação das provas.
Na ação de responsabilidade civil os fatos devem relatar o nexo de causalidade e a ilicitude da conduta do réu, pontuando o que aconteceu e as provas dos fatos aduzidos no caso concreto.
Quando a regra é de responsabilidade civil pelo CDC deve se preocupar em apontar o nexo causal da relação de consumo com o dano sofrido. 
No caso de vício apontar o que comprova o vício e o dano sofrido. Ou seja os fatos e provas que demonstram o ocorrido.
9. Fundamentação - Do Direito – indicar os dispositivos legais e explicar os mesmos, não só transcrever. Mostrando os fundamentos dos pedidos que serão apresentados no rol dos pedidos.
Da Violação do Código de Defesa do Consumidor 
No caso em exame estão claras as violações dos deveres das Empresas Rés aos regramentos do CDC. É nítida a configuração do vício do produto e o não cumprimentos dos direitos da autora, conforme relatos dos fatos. 
A demanda em questão se enquadra nos artigos 2º e 3º do CDC:
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Da responsabilidade Solidária e dever de indenizar
A Responsabilidade das Demandadas, além de Objetiva é também Solidária, como estabelece o caput do Art. 18, do CDC, in verbis:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição doproduto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
Tratando-se de vício do produto o CDC prevê que cabe ao consumidor escolher alternativamente se quer a restituição do valor pago ou a substituição, sendo solidariamente responsáveis os fornecedores.
O caso em exame está dentro da garantia legal prevista no CDC, pois o prazo decadencial para reclamação dos vícios é de 90 (noventa) dias, a contar da constatação do vício. Nos produtos em que o fornecedor oferecer garantia contratual , esse prazo da gantia legal só começa a fluir após o termino da garantia contratual. Conforme art. 26 e 50 do CDC.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
Do Dano Material
A autora tem direito a restuição do valor pago pelo produto, bem como aos danos materiais que porventura tenha sofrido em docorrência do vício do produto, conforme segunda parte do II do § 1° do art. 18 e inciso VI do art. 6º do CDC. 
Art. 18, § 1° , II- CDC
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
Art. 402 do CC – dano material emergente
Quem sofre danos materiais tem direito a reparação dos danos sofridos que são, danos materias emergentes que efetivamente sofreu, prejuízos diretos, bem como os que deixou de lucrar em razão do acidente , ou seja, os lucros cessantes.
No caso concreto a autora tem direito aos danos emergentes, dos prejuízos que comprovar.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Do Dano Moral 
Os danos de ordem moral causados decorrentes do ato ílicito devem ser reaparados de modo a compensar os valores atingidos pelo evento danoso, servindo também de desestímulo à prática de atos ilícitos semelhantes pelos fornecedores.
Art. 6,VI do CDC – 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Arts. 186 e 927 do CC –
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Valor da indenização – art. 944 e ss do CC
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Três fatores contribuem decisivamente para a ponderação da fixação do dano moral: capacidade econômica das partes, gravidade e repercussão do dano e nível de reprovação do ato culposo. 
Os parâmetros aludidos denotam que a indenização dos danos morais deve ser orientada, ainda, por dois sentidos: reparação do dano e punição ao seu causador. 
A reparação visa compensar, de alguma forma, a vítima, não obstante a natureza peculiar do dano. A punição visa coibir a repetição de atos não condizentes com a vida em sociedade.
As argumentações da fundamentação devem ser articuladas com os fatos do caso concreto demonstrando a pertinência da aplicação dos dipositivos indicados na fundamentação da peça com os pedidos feitos.
Em caso de relação de consumo: no diagnóstico dos fundamentos buscar identificar quais direitos básicos do consumidor, deveres de segurança e ou adequação foram descumpridos, bem como se houve violação dos deveres contratuais e de publicidade segundo as regras do CDC.
Conforme a identificação do direito violado pontuar separando os assuntos na fundamentação, apontando os fundamentos e argumentos jurídicos - deixando a peça objetiva e clara em relação aos pedidos que vai fazer.
Do Pedido de Inversão Do Ônus Da Prova – o caso é de relação de consumo e estão presentes os requisitos para a inversão devia ter um tópico dentro da fundamentação demonstrando o direito a inversão. 
Por exemplo:
Da Inversão do Ônus da Provas 
O presente caso trata-se de relação de consumo, sendo amparado pela Lei 8.078/90 a qual trata especificamente das questões originadas nas relações jurídicas entre fornecedores e consumidores, principalmente no que concerne a matéria probatória.
Tal legislação, faculta ao magistrado determinar a inversão do ônus da prova em favor do consumidor conforme seu Art. 6º, VIII:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
[...]
VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
Verifica-se ter o legislador conferido ao juiz, de forma subjetiva, a incumbência de, presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o consumidor for hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova. Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a hipossuficiência do(s) Autor (es), se faz presente o direito básico à inversão do ônus da prova, devendo o(s)s Réu(s) apresentar em juízo provas que rebatam as alegações da parte autora, desconstituindo o direito alegado.
A parte autora preenche os requisitos, considerando que ....
10. Tutela provisória de urgência – quando o caso concreto apresenta os requisitos para se pleitear a tutela de urgência. – Ocaso concreto não apresenta requisitos para a tutela de urgência.
apresentar os motivos da que demonstram a necessidade de antecipação da tutela pretendida, articulando com a indicação dos requisitos da tutela na forma do art. 300, CPC. 
Importante verificar se é caso de Tutela de Urgência Antecipada (art. 303, CPC/2015) ou Tutela de Urgência Cautelar (art. 305, CPC/2015).
Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
10. Dos Pedidos – os pedidos devem está de acordo com o que foi articulado na fundamentação – Deve conter os pedidos padrões exigidos pelo art. 319 do CPC e os pedidos específicos.
Diante do exposto vem requer a V. Exa:
1. Pedido Justiça Gratuita - O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 e seguintes do CPC/2015 ( no Juizados observar a instância, ver art. 54 da Lei 9.099/95);
2. Pedido de tramitação prioritária nos termos do art. 1.048, incisoI, do CPC/2015. – a autora tem 60 anos;
3. Pedido de Inversão do ônus da prova - Que seja deferida a Inversão do Ônus da Prova em favor da parte autora, conforme o Art. 6°, VIII do CDC;
4. Pedido de designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do art. 319, VII, do CPC/2015 – esse pedido não é feito em ação de procedimento dos Juizados Especiais; 
5. Não se fala mais na citação do réu como elemento obrigatório. No entanto, pode ser feito o pedido - a citação do requerido por meio postal, nos termos do art. 246, inciso I, do CPC/2015;
6. Pedido de tutela provisória de urgência (o caso não tem tutela de urgência);
7. Requerimento de procedência dos pedidos específcos – Seja julgada a presente ação totalmente procedente para reconhecer a responsabilidade solidária das Rés e condená-las, a RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS pelos produto e serviço de assistência técnica no valor de R$ 49.200,00 (quarenta e nove mil e duzentos reias), com a incidência de juros e correção monetária, na forma do inciso I do § 1º do Art. 18 do CDC; bem como a INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS sofridos no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais);
8. Condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios - A condenação da Promovida ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em 20% sobre o valor da condenação (não cabe esse pedido em sede de Juizados – ver art. 55 da Lei 9.099/95);
9. O pedido de produção de provas - Protesta ainda em provar os fatos alegados por todos os meios de provas admitidos em direito.
1. Valor da Causa - Art. 292 do Novo CPC, o valor da causa, em regra, é o valor do pedido (soma dos pedidos).
Dá-se a causa o valor de R$ 59.200,00 (cinquenta e nove mil e duzentos reais).
12. Nome do Advogado / OAB