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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO NÚCLEO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Emanuela do Vale Cordeiro João Lucas Lopes de Lima Renato Batista da Silva Silvania da Silva Santos Transparência Governamental e Controle Social OURICURI- PE 2022 Emanuela do Vale Cordeiro João Lucas Lopes de Lima Renato Batista da Silva Silvania da Silva Santos 2ª WEBQUEST-Transparência Governamental e Controle Social Trabalho apresentado a Universidade de Pernambuco, Polo Ouricuri, da Disciplina Orçamento Público como requisito para obtenção de nota da 2ª Webquest. Prof. Pablo Aurélio Lacerda de Almeida Pinto OURICURI- PE 2022 INTRODUÇÃO Ao longo da história, a administração pública passou por diversas transformações que auxiliaram no seu processo de evolução, na qual a fase seguinte procurou corrigir as falhas do formato anterior, sendo um dos elementos que proporcionaram o bom andamento das democracias ao redor do mundo. A participação da sociedade na gestão pública é um direito garantido pela Constituição Federal que permite que os cidadãos não apenas participem da elaboração das políticas públicas, como também fiscalizem de forma contínua a aplicação dos recursos destinados à realização de tais políticas. O direito do cidadão não fica, portanto, restrito à escolha, por meio do voto, dos seus representantes, abrangendo, ainda, o direito de de perto, durante todo o mandato, como esse poder delegado está sendo exercido, supervisionando e avaliando a tomada das decisões administrativas. Devido a isso o objetivo deste trabalho é transcrever a importância da transparencia e controle social na gestão pública. É através da participação na gestão pública que os cidadãos poderão intervir na tomada da decisão administrativa, seja instruindo a Administração para que adote medidas que atendam verdadeiramente ao interesse público, seja exercendo o controle sobre a ação do Estado, exigindo que os gestores públicos prestem contas de suas atuações. A gestão dos recursos públicos, portanto, é tarefa bastante complicada, exigindo conhecimento, ética, bem como vários outros requisitos que satisfazem a formação de bons agentes públicos e de uma gestão comprometida com as necessidades e demandas da sociedade. 1- TRANSPARÊNCIA GOVERNAMENTAL Antes de mais nada, é fundamental compreender que o termo transparência está ligado ao contexto das democracias modernas, ou, em outras palavras, à democracia representativa. Nesse sentido, analisar, ainda que resumidamente, as origens da democracia, sobretudo da democracia representativa, é fundamental para esclarecer os limites e as possibilidade da transparência na consolidação das democracias. A transparência é uma caracteristica imprescíndivel do orçamento público. Transparência das ações de governo e participação social ativa são importantes instrumentos para a promoção da eficiência da gestão pública e do combate à corrupção. As entidades que que fazem a estrutura da administração pública brasileira são obrigadas pela Constituição Federal a prestar contas do uso de recursos públicos e a respeitar o princípio da publicidade, entre outros princípios da administração pública. Desse modo, existe a necessidade de transparência das contas das entidades públicas e seus órgãos componentes nas administrações direta e indireta. Desse modo, foi Lançado pela Controladoria-Geral da União (CGU), em 2004, o Portal da Transparência do Governo Federal é um site de acesso livre, no qual o cidadão pode encontrar informações sobre como o dinheiro público é utilizado, além de se informar sobre assuntos relacionados à gestão pública do Brasil. Desde a criação, a ferramenta ganhou novos recursos, aumentou a oferta de dados ano após ano e consolidou-se como importante instrumento de controle social, com reconhecimento dentro e fora do país. Nesse sentido, é preciso acompanhar como os esforços legislativos estão sendo implementados e como a modernização imposta pela legislação e implementada pela https://portaldatransparencia.gov.br/pagina-interna/603246-portal-premiado administração pública repercutem no controle social e na demanda de informações contábeis. Com o advento do Estado Democrático de Direito, a cidadania passou aos poucos a se consolidar novamente em nosso país. A administração migrou de um Estado burocrático para um gerencial. O novo modelo de gestão prevê uma maior participação da sociedade na gestão da res publica. Para isso, mecanismos tinham que ser criados com o intuito de disponibilizar as informações necessárias para que os usuários (cidadãos) pudessem praticar seus atos de cidadania. Conforme disposto no site, o Portal da Transparência foi uma das formas encontradas pela CGU para promover o aumento da transparência na gestão pública, incentivar o controle social, fortalecer a democracia e prevenir a corrupção. Criado e gerido pela CGU – órgão central do sistema de controle interno do Poder Executivo Federal – possui informações sobre os recursos públicos federais transferidos pelo governo federal a estados, municípios e Distrito Federal, como também, dados sobre os gastos realizados pelo próprio governo Federal em compras ou contratações de obras e serviços. A transparência designa, inicialmente, a propriedade de um corpo que se deixa atravessar pela luz e permite distinguir, através de sua espessura, os objetos que se encontram atrás. Falar, neste sentido, de transparência administrativa significa que atrás do invólucro formal de uma instituição se perfilam relações concretas entre indivíduos e grupos percebidos pelo observador. Mas a transparência é suscetível de graus: um corpo pode ser realmente transparente, ou seja, límpido e fazer aparecer com nitidez os objetos que recobre, ou somente translúcido, se ele não permite, ainda que seja permeável à luz, distinguir nitidamente esses objetos, ou ainda diáfano, se a luz que ele deixa filtrar não permite distinguir a forma desses objetos. Por extensão, a transparência designará o que se deixa penetrar, alcançar levemente, o sentido escondido que aparece facilmente, o que pode ser visto, conhecido de todos ou ainda que permite mostrar a realidade inteira, o que exprime a verdade sem alterá-la (JARDIM, 1999, p. 51). Para que essa responsabilização se efetive, a transparência das ações governamentais, apesar de não esgotar a busca da accountability durante os mandatos, é um requisito fundamental para a efetivação de seus instrumentos institucionais, pois sem informações confiáveis, relevantes e oportunas, não há possibilidade de os atores políticos ativarem os mecanismos de responsabilização (Abrucio; Loureiro, 2004). Neste sentido, a responsabilidade democrática exige que os governos aumentem a transparência, divulgando mais informações para os cidadãos, para que eles possam controlar as ações dos agentes públicos. (LOURENÇO et al., 2013) De maneira geral, a transparência é definida com base em três elementos principais : abertura da informação por parte do governo, comunicação ou conhecimento por parte dos cidadãos e prestação de contas ou justificação das decisões adotadas. Sendo assim, exerce um papel de suma importância em um governo representativo democrático, visto que aproxima a população das ações governamentais, fortalecendo o ideal de soberania popular. Nesse sentido, as pessoas sentem-se efetivamente representadas, na medida em que lhes é disponibilizado o conhecimento das atividades que seu candidato desempenha no cargo. Portanto, os laços entre o eleitorado e a administração pública se fortalecem, uma vez que as decisões governamentais encontram-se ao alcance da população, que pode, de maneira embasada,aprovar ou criticar as medidas que vêm sendo tomadas.dessa forma observe a imagem abaixo : O primeiro elemento ou dimensão da transparência, assumido nessa incursão, é a publicidade. Por publicidade, entende-se a ampla divulgação de informações à população, propiciando-se o acesso em múltiplos meios de baixo custo e domínio dos usuários. Pressupõe-se, ainda, a oportunidade das informações fornecidas, com tempestividade e em tempo hábil ao apoio às decisões. Na seção 7, adiante, trata-se de estratégias e meios de divulgação de informações das contas públicas aos diversos usuários, os quais são recursos sugeridos para aumentar a publicidade das contas públicas. O segundo elemento da transparência é a compreensibilidade das informações. Essa dimensão relaciona-se à apresentação visual, incluindo a formatação das informações (demonstrativos, relatórios etc), e ao uso da linguagem. Busca-se idealmente a simplicidade, a linguagem acessível e orientada ao perfil dos usuários, no sentido de aumentar o entendimento das informações. De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC - CFC, 2012, p. 12), O sistema contábil representa a estrutura de informações sobre identificação, mensuração, registro, controle, evidenciação e avaliação dos atos e dos fatos da gestão do patrimônio público, com o objetivo de orientar e suprir o processo de decisão, a prestação de contas e a instrumentalização do controle social. 2. A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO NO BRASIL O Brasil inaugurou um novo paradigma cívico e administrativo. Ao implementar uma Lei de Acesso à Informação (LAI no 12.527/2011), o Estado passou da posição de detentor do monopólio de “documentos oficiais” para guardião de “informações públicas O direito de acesso à informação é um direito humano fundamental e está vinculado à noção de democracia. Em um sentido amplo, o direito à informação está mais comumente associado ao direito que toda pessoa tem de pedir e receber informações que estão sob a guarda de órgãos e entidades públicas. Dessa forma, para que o livre fluxo de ideias e informações sejam garantidos, é extremamente importante que os órgãos públicos facilitem aos cidadãos o acesso a informações de interesse público. A informação sob a guarda do Estado é, via de regra, pública, devendo o acesso a ela ser restringido apenas em casos específicos. Isto significa que a informação produzida, guardada, organizada e gerenciada pelo Estado em nome da sociedade é um bem público. O acesso a essas informações – que compõem documentos, arquivos, estatísticas – constitui-se em um dos fundamentos para o aprofundamento e consolidação da democracia, ao fortalecer a capacidade dos cidadãos de participar mais efetivamente do processo de tomada de decisões que os afetam. O direito de acesso à informação impõe dois deveres principais sobre os governos. Primeiro, existe o dever de receber do cidadão pedidos de informação e respondê-los, disponibilizando os dados requisitados e permitindo também que o interessado tenha acesso aos documentos originais ou receba as cópias solicitadas. Segundo, atribui um dever aos órgãos e entidades públicas de divulgar informações de interesse público de forma proativa ou rotineira, independentemente de solicitações específicas. Ou seja, o Estado deve ser, ao mesmo tempo, responsivo às demandas de acesso a informações e proativo no desenvolvimento de mecanismos e políticas de acesso à informação. O conteúdo das leis de acesso à informação varia de um país para outro. Mas alguns aspectos são recorrentes nas legislações de diversos países. Alguns desses tópicos são considerados, pelos especialistas do direito à informação, como padrões ou princípios que indicam o caminho a ser seguido por nações que pretendem elaborar suas leis específicas de garantia do acesso à informação pública, ou para as que precisam aperfeiçoar leis já existentes. Abaixo constam alguns dos princípios que orientam as melhores normas sobre acesso à informação. Posteriormente, veremos de que maneira esses princípios se manifestam na lei brasileira: • Máxima Divulgação O direito de acesso deve abranger o maior tipo de informações e órgãos possíveis e também deve alcançar o maior número de indivíduos possível. • Obrigação de Publicar Os órgãos públicos têm a obrigação de publicar informações de grande interesse público, não basta apenas atender aos pedidos de informação formulados pelos interessados. • Promoção de um Governo Aberto Os órgãos públicos precisam promover ativamente a abertura do governo. As diretrizes de um governo aberto estimulam a criação de processos e procedimentos governamentais mais transparentes. A mudança de uma cultura de sigilo, que muitas vezes está incorporada ao setor público, para uma cultura de abertura é essencial para a promoção do direito à informação. • Limitação das Exceções As exceções ao direito de acesso devem ser restritas e claramente definidas. Cada exceção deve estar fundamentada em uma razão de interesse público, pois o sigilo só pode ser justificado em casos em que o acesso à informação possa resultar em danos irreversíveis à sociedade ou ao Estado. • Procedimentos que Facilitem o Acesso Os procedimentos estabelecidos pelo Estado para o acesso à informação devem ser simples e de fácil compreensão pelo cidadão. Além disso, os pedidos de informação devem ser processados com rapidez e em linguagem cidadã, com a possibilidade de apresentação de recurso em caso de negativa de fornecimento da informação. • Moderação dos Custos: As pessoas não devem ser impedidas de fazer pedidos de informação As leis sobre acesso à informação podem até prever o pagamento de taxas para o fornecimento de informações, desde que sejam razoáveis e aplicadas somente em situações previamente definidas. 3. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Regulamentando, doze anos depois, o disposto no artigo 163 da Constituição Federal, que estabelece que “lei complementar disporá sobre (I) Finanças Publicas”, foi aprovada em 04 de maio de 2000 a Lei Complementar nº 101/2000, popularmente conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal. Com alto índice de votos favoráveis –385 votos a favor, 86 contra e 04 abstenções –a Lei de Responsabilidade Fiscal (doravante LRF) está estruturada por setenta ecinco artigos e promove uma mudança institucional no trato com o dinheiro público. Constituindo-se no principal instrumento regulador das contas públicas no Brasil, espera-se que a sua correta aplicação fortaleça o processo de accountabilityno Brasil. No Brasil, a LRF dispõe que a ação planejada e transparente e mecanismos eficientes de controle são condições necessárias para que se alcance o equilíbrio das contas públicas. No entanto, em geral, os estudos têm considerado apenas o pilar da responsabilidade no cumprimento de metas e limites. Não apenas os instrumentos legais, mas também textos acadêmicos sobre responsabilidade fiscal fazem referência ao fato de que o alcance de metas e limites está condicionado à existência de um sistema de gestão e controle que previnam riscos e corrijam desvios que possam afetar o equilíbrio fiscal. Para Vignoli (2002) a LRF introduz no Brasil o real entendimento do significado de transparência da gestão fiscal. Para este autor, como tem sido comum a simples prática da publicação dos atos oficiais, das leis relativas aos orçamentos e dos relatórios exigidos pela legislação vigente, restringindo-se, na maioria das vezes, ao mínimo necessário, a utilização do termo transparência no texto da LRF evidencia o desejo de estabelecer com rigor a distinção entre o termo utilizado e aquilo que a prática tem referendado. De fato, relatório elaborado pelo departamento de assuntos fiscais do Fundo Monetário Internacional consta a declaração deque nos últimos anos o Brasil atingiu um elevado grau de transparência fiscal e conseguiu implementar grandes melhorias na administração de suas finanças públicas elegendo a aprovação da LRF como o divisor de águas desse processo. A LRF foi introduzida como um instrumento para conter os déficits públicos e endividamento crescente das unidades da federação. Entretanto, ela não se restringe apenas a impor limites ao gasto e ao endividamento, mas também contempla o orçamento como um todo ao estabelecer diretrizes para sua elaboração, execução e avaliação, o que a torna o instrumento de controle fiscal mais abrangente já instituído no país. 3. CONTROLE SOCIAL O controle social é um importante instrumento democrático, pois é a partir dele que a sociedade pode participar das decisões tomadas, criando metas e compartilhando responsabilidades, ou seja, a sociedade e o Estado trabalhando conjuntamente para tornar mais eficazes alguns programas públicos. É de suma importância que cada cidadão assuma essa função de participar da gestão pública e de desempenhar o controle social dos gastos públicos. Para Evangelista (2010, p. 24): O controle social pressupõe um avanço na construção de uma sociedade democrática, e determina alterações profundas nas formas de relação do aparelho de Estado com o cidadão. Sustenta-se que por meio de um aparelho de Estado democrático é possível criar mecanismos capazes de viabilizar a inserção do cidadão no processo de definição, implementação e avaliação da ação pública. A existência de conselhos ou instâncias de controle social não garante a fiscalização das contas públicas. O controle social exercido pelo próprio cidadão é de suma importância, são milhares de olhos e ouvidos que tudo veem e ouvem, e possuem uma força transformadora que não pode ser subestimada. Além de serem os fiscalizadores mais próximos das ações e serviços prestados pelos entes federativos (EVANGELISTA,2010). Assim como o controle interno e o controle externo são fundamentais para o bom funcionamento da atividade administrativa, o controle social também tem seu papel fiscalizador. A sociedade vem ganhando espaço e força nas decisões e acompanhamento da gestão dos recursos públicos. Neste sentido, há diversas maneiras de participação popular junto à Administração. O orçamento participativo é um grande exemplo de instrumento de participação popular, uma vez que possibilita aos cidadãos indicar as necessidades e prioridades das suas regiões para integrar o orçamento do município ao qual fazem parte. O orçamento participativo ganhou força com a LRF, que traz na sua redação o incentivo à participação popular, e a necessidade de liberação de informações junto à sociedade que permita o acompanhamento pelos cidadãos em tempo real das informações públicas. A LRF implementou diversos mecanismos para assegurar o conhecimento da sociedade dos atos e fatos realizados pelo poder público. Os instrumentos de controle social Os meios de divulgação da gestão fiscal previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal são: publicação dos documentos orçamentários e fiscais e ações de participação popular. Assim, quanto aos instrumentos de controle social no Brasil o artigo 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal cita:Conselhos de Política Pública, Observatório Social, Orçamento Participativo, Audiências Públicas e Ouvidoria. Dessa forma observe a figura abaixo: O Controle Social no Ciclo do Gasto Público O controle social pode ser entendido como a “responsividade direta dos governantes às demandas da sociedade e à capacidade desta em responsabilizá-los em caso contrário”, sendo tal relação ampliada ao se incorporar aspectos que visem aumentar a eficiência econômica e social na utilização dos recursos públicos, mediante a descentrali-zação decisória sobre as políticas públicas (GOMES, 2003, p. 8) 3.1 Conselhos Municipais O efetivo controle social só será possível a partir do momento em que os conselhos se tornarem verdadeiramente um espaço de democracia participativa, ou seja, um espaço de mediação de interesses e conflitos entre os mais diversos atores da sociedade. Tendo em vista a importância desta institucionalidade no processo de democratização do controle direto da sociedade sobre as ações do governo, este trabalho se propõe a discutir as possibilidades e limites no exercício do controle social das políticas públicas pelos conselhos gestores Os conselhos municipais são produtos dessa evolução social. Suas estruturas integram a esfera pública e política, com o intuito de mediar rela-ções, mitigar conflitos e conferir maior interação entre governo e sociedade civil. São constituídos com objetivo de deliberar e definir políticas públicas específicas, a exemplo da educação básica, saúde, meio ambiente, patrimônio histórico-cultural, entre outras. Compõem-se por representantes do poder público e da sociedade civil organizada, que for-mulam, em conjunto, as políticas públicas em um processo de gestão descentralizada e participativa, resultando em uma maior cobrança na prestação de contas por parte dos gestores públicos (GOHN, 2001; SANTIN; FINAMORE, 2007). A participação social cria a demanda para que as instituições se tornem mais tempestivas, ágeis e efetivamente transparentes, o que passa a dar suporte e legitimidade às decisões de direção, abrindo espaço para reivindicações e objetivos sociais (PIRES, 2011). O controle é a forma do poder – dever que o cidadão possui que inclui o direito de inspeção, registro e acompanhamento, fiscalização da administração pública, e pela sociedade, como forma de garantir que a conduta e a atuação dos órgãos e agentes públicos estejam em acordo com a lei e com os padrões fixados pelo ordenamento jurídico de forma que o controle pode ser definido como a capacidade que a sociedade organizada tem de 12 intervir nas políticas públicas, interagindo com o estado, na definição de prioridades e na elaboração de planos de ação do município, estado ou governo federal (SOUZA, 2004). 3.2 Observatório Social Os denominados Observa-tórios Sociais (OS) utilizam uma “metodolo-gia de monitoramento das compras públicas” municipais, “desde a publicação do edital de licitação até o acompanhamento da entrega do produto ou serviço” Os Observatórios Sociais surgiram com objetivos iniciais de acompanhar o uso de recursos públicos por parte dos governos locais por via do engajamento de setores da sociedade para avaliar a qualidade da gestão pública em termos de transparência. Posteriormente, os Observatórios Sociais assumem papéis para além da análise da transparência pública, incorporando perspectivas de accountability, visando contribuir com a gestão pública para o desenvolvimento humano e a qualidade de vida em suas cidades. O termo “Observatório Social” surgiu a partir de uma Convenção das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná, realizada em 2005, na cidade de Maringá. A partir desta convenção, foi criado, em 2006, o Observatório Social de Maringá e em seguida o Observatório Social do Brasil. Este último assume o papel de orientar e controlar todos os Observatórios do Brasil, por via da Rede de Controle Social. O Observatório Social do Brasil é uma associação sem fins lucrativos que busca incentivar a qualidade na aplicação dos recursos por via de um processo de fiscalização dos governos locais e conscientização da sociedade para assumir esse papel, ação necessária para se alcançar a justiça social e educação fiscal. Atualmente, existem Observatórios Sociais em 17 Estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Goias, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro,Rio Grande do Sul e Santa Catarina e 1 Distrito Federal. No conjunto, os Observatórios Sociais estão presentes em 96 cidades. O Observatório Social prima pelo trabalho técnico, fazendo uso de uma metodologia de monitoramento das compras públicas, desde a publicação do edital de licitação até o acompanhamento da entrega do produto ou serviço, de modo a agir preventivamente no controle social dos gastos públicos. Além disso, o OS atua em outras frentes, como na educação fiscal, demonstrando a importância social e econômica dos tributos e a necessidade de o cidadão acompanhar a aplicação dos recursos públicos gerados pelos impostos, na inserção da micro e pequena empresa nos processos licitatórios, contribuindo para geração de emprego e redução da informalidade, bem como aumentando a concorrência e melhorando a qualidade e o preço nas compras públicas, e na construção de Indicadores da Gestão Pública, com base na execução orçamentária e nos indicadores sociais do município, fazendo o comparativo com outras cidades de mesmo porte (OSBRASIL, 2015). 3.3 Orçamento Participativo A participação popular é indispensável para o bom funcionamento de uma democracia. No Brasil, embora muita gente não saiba, já existem várias formas de participar da política. Uma delas é o orçamento participativo. O orçamento participativo é um mecanismo governamental de democracia participativa que permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os orçamentos públicos, geralmente o orçamento de investimentos de prefeituras municipais para assuntos locais, através de processos de participação da comunidade. Os resultados costumam ser obras de infraestrutura, saneamento, serviços para todas as regiões da cidade. No orçamento participativo, o poder de decisão passa da alta burocracia e de pessoas influentes para toda a sociedade. Isso reforça a vontade popular para a execução das políticas públicas. Outro benefício do orçamento participativo é a prestação de contas do Estado aos cidadãos. O Orçamento Participativo permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os orçamentos públicos. Por ser o município a menor célula dos entes da federação, é nele que os munícipes tem maior chance de se comunicar com os seus representantes eleitos para o Poder Legislativo (vereadores) e para o Executivo (prefeito, vice-prefeito). O Orçamento Participativo fortalece os objetivos da democracia ao assegurar a participação direta da população na definição das principais prioridades para os investimentos públicos. O prefeito e os vereadores passam a ouvir os líderes comunitários e os representantes dos bairros, propiciando-se desta forma que os interesses da população sejam inseridos no orçamento do exercício. Com a implantação do Orçamento Participativo, a população passa a fiscalizar a aplicação dos recursos do município, aumentando-se a satisfação dos cidadãos e diminuindo-se a possibilidade de ocorrer desvios de recursos. 3.4 Audiências Públicas A participação da sociedade em debates, em diálogos e por meio do controle social, é fundamental para garantir a efetividade dos objetivos das políticas públicas, que atendam às necessidades primordiais da sociedade, em prol da melhoria e segurança dos serviços disponibilizados à população. De fato, a atividade do controle social fornece uma compreensão do cenário atual, tanto para gestores quanto para os sujeitos insertos na sociedade, visto que diante deste envolvimento todos eles, através de suas necessidades individuais, analisam e identificam a relevância do diálogo. No que tange a audiência pública, esta em conformidade com o observatório social, é compreendida também como um instrumento de controle social, em que a população intervém com o poder público nas deliberações acerca de certa questão. Segundo Carvalho Filho (2013 p. 192): [...] a audiência pública é a forma de participação popular pela qual determinada questão relevante, objeto de processo administrativo, se sujeita a debate público e pessoal por pessoas físicas ou representantes de entidades da sociedade civil. A audiência pública é utilizada como um mecanismo para obter conhecimentos, de uma forma geral, ou seja, para adquirir depoimentos, sugestões, opiniões de especialistas, dados, documentos e críticas. A audiência pública, dessa forma, apresenta-se como um meio democrático disponível aos cidadãos, aos seus representantes, às fundações, aos sindicatos e aos conselhos de classe de exporem sua opinião, críticas e aprovações sobre um tema relevante a ser debatido. 3.5 Ouvidoria No Brasil, a despeito de a primeira iniciativa que se aproxima do que hoje se conhece por ouvidoria pública datar de 1823, em um projeto que previa a constituição de um juízo do povo, o tema só começou a ser discutido efetivamente a partir do terceiro quarto do século XX. Assim, a temática das ouvidorias públicas esteve presente nos debates que marcaram a transição para o regime democrático no Brasil. Apesar de suas raízes no modelo do ombudsman europeu, as ouvidorias públicas no Brasil adquirem contornos próprios. Seus principais traços distintivos são: i) integram a administração, vinculadas que são aos respectivos órgãos ou entidades; ii) atuam na mediação das relações entre sociedade e Estado; iii) oferecem subsídios ao aperfeiçoamento da administração pública; e iv) não possuem poder de coerção, e, dessa forma, sua ação se concretiza por meio da magistratura de persuasão e na autoridade moral de seus titulares. A verdadeira participação popular ainda está em construção, a exemplo do próprio sistema de saúde brasileiro, Educação e Assistência Social. Dessa forma, o Controle Social exercido pelos Conselhos segue a mesma tendência: ainda há fragilidades a vencer e iniquidades a superar. Todavia, o avanço democrático que experimentamos com sua criação e funcionamento é real. 4. MAPA MENTAL 5. A TRANSPARÊNCIA GOVERNAMENTAL, BEM COMO O CONTROLE SOCIAL E INSTITUCIONAL SÃO IMPORTANTES PARA A BOA GESTÃO PÚBLICA? POR QUÊ? A exigencia da transparência na gestão pública não é algo recente, cada vez mais a sociedade tem adquirido mais informações e conhecimento ao ponto de buscar compreender e fiscalizar a gestão dos recursos públicos. Falar sobre a importância da transparência na gestão pública, é reconhecer um direito do cidadão. A cobrança da sociedade por visibilidade está vinculada à necessidade de abrir acesso ao conteúdo informacional dos atos e gastos efetivados pelo governo. O conhecimento pleno daqueles atos, por si só, não atende às expectativas do cidadão, que, também, exige qualidade informacional, em espaço temporal. Uma sociedade participativa consciente da atuação dos seus representados desempenha, de forma mais satisfatória, o exercício da democracia quando tem o livre arbítrio de opinar e fiscalizar os gastos públicos. A adoção desses princípios aproxima a sociedade do poder público, fortalecendo a democracia e a participação social. A sua aplicação traz grandes benefícios para a coletividade. Logo, a transparência está associada à divulgação de informações que permitam que sejam averiguadas as ações dos gestores e a consequente responsabilização por seus atos. A transparência permite que o cidadão acompanhe a gestão pública, analise os procedimentos de seus representantes e favoreça o crescimento da cidadania, trazendo às claras as informações anteriormente veladas nos arquivos públicos. Um país transparente possibilita a redução dos desvios de verbas e o cumprimento das políticas públicas, proporcionando benefícios para toda a sociedade e para imagem do país nas políticas externas. A população, através desse trabalho poderá adquirir a consciência crítica necessáriapara o exercício do controle social. O fortalecimento dos instrumentos de participação depende do discernimento de cada cidadão a respeito da importância do seu envolvimento nas questões políticas. Formar um cidadão participativo é uma tarefa árdua e de longo prazo. Porém, o início da discussão sobre o tema participação social não deve ser adiado. As ferramentas de participação sociais estão disponíveis; no entanto, requerem da sociedade um maior envolvimento e compreensão da sua funcionalidade. CONCLUSÂO Os recursos públicos são bens de natureza coletiva e devem ser preservados de todas as ações cuja finalidade seja atender a interesses particulares. É necessário que haja transparência de qualquer parte, gestores, administradores ou beneficiários deve ser identificado e levado ao conhecimento de todos, para o devido freio e ação de controle. Em um Estado Democrático, em que os direitos fundamentais da pessoa humana e a soberania popular devem ser garantidos, não sendo admitido qualquer procedimento que vise ao desvio de interesse do que é do povo. A justiça social deve desenvolver-se por meio de atos políticos e de políticas públicas efetivas, que supere as desigualdades e ofereça meios de desenvolvimento pessoal. A administração pública necessita de instrumentos de controle eficazes e eficientes para cumprir com o seu papel de promover o bem-estar social. Tais instrumentos são o resultado da soma de um controle social efetivo, dotado de maior organização e autonomia da sociedade, e gestores mais dispostos a cumprirem o papel de representantes da vontade coletiva. Portanto, não resta dúvidas de que o controle social é um complemento imprescindível ao controle institucional realizado pelos órgãos fiscalizadores dos recursos públicos. Seu exercício é fundamental uma vez que contribui para a boa e correta aplicação dos recursos públicos, fazendo, assim, com que os anseios da sociedade sejam atendidos de forma eficiente. REFERÊNCIA Abrucio, F., & Loureiro, M. (2004). Política e Reformas Fiscais no Brasil Recente. 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