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Unar - Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson” Ciclo estral - Cadelas Professor Eugênio Yokoya Alunos: Adriene Souza Cintia Martins Felipe Betarelli O que é ciclo estral? O ciclo estral é a série de mudanças fisiológicas que são induzidas por hormônios reprodutivos, na maioria das fêmeas mamíferas. Os ciclos se iniciam após a maturidade sexual e são interrompidos por fases anestrais ou pela gestação, normalmente continuam até a morte e alguns animais apresentam secreção vaginal com sangue. Os mamíferos compartilham o mesmo sistema reprodutivo, incluindo o sistema hipotalâmico que produz hormônio liberador de gonadotrofina (hormônio peptídico liberado pelo hipotálamo que estimula a hipófise a liberar o hormônio folículo-estimulante de gonadotrofinas e hormônio luteinizante, necessários à gametogênese e a esteroidogênese de mamíferos), e o próprio ovário que libera hormônios sexuais. Os animais que tem os ciclos, reabsorvem o endométrio (que é uma camada responsável por revestir a parede uterina e a cada ciclo, um novo endometrial é formado) se a concepção não ocorrer durante o ciclo. Animais que têm ciclo menstrual eliminam o endométrio por meio da menstruação, as espécies que têm essa capacidade são chimpanzés, orangotangos, gorilas, algumas espécies de morcegos entre outros. O ciclo estral estende-se de uma ovulação a outra, o sangramento característico que ocorre no ciclo estral é decorrente do aumento de estrógeno e acontece no proestro. Nos ciclos estrais, as fêmeas geralmente são sexualmente ativas apenas durante o período do ciclo (durante o cio), que coincide com a ovulação. O ciclo estral pode ser dividido em quatro fases distintas: Pró-Estro, Estro, Metaestro ou Diestro e Anestro. A variabilidade do ciclo estral difere entre as espécies, mas os ciclos normalmente são mais frequentes em animais menores. Algumas espécies são poliestras, que significa que podem entrar no cio diversas vezes por ano, animais que têm mais de um ciclo estral durante uma época específica do ano podem ser divididos em reprodutores de dia curto e de dia longo. Animais de dias curtos são sexualmente ativos no outono ou inverno (quando os dias são mais curtos) e animais de dias longos são sexualmente ativos na primavera e verão (quando os dias são mais longos). As espécies que entram no cio duas vezes por ano, como os caninos, são diestras. As lebres e os coelhos são classificados como ovuladores induzidos, pois a ovulação ocorre com o ato do acasalamento. Os gatos, musaranhos e camelídeos também são ovuladores induzidos. Como dito anteriormente cadelas geralmente são diestras (entram no cio duas vezes por ano), embora algumas raças normalmente tenham um ou três ciclos por ano. O proestro é relativamente longo, em 5 a 9 dias, enquanto o estro pode durar de 4 a 13 dias, com um diestro de 60 dias seguido por cerca de 90 a 150 dias de anestro. As cadelas sangram durante o estro, que geralmente dura de 7 a 13 dias, dependendo do tamanho e da maturidade da cadela. A ovulação ocorre 24-48 horas após o pico do hormônio luteinizante, que ocorre por volta do quarto dia do estro; portanto, esta é a melhor época para começar a criar. O sangramento de pró-estro em cães é comum e acredita-se que seja causado por diapedese de glóbulos vermelhos dos vasos sanguíneos devido ao aumento do hormônio estradiol-17β. Ciclo estral em cadelas 1.Características Clínicas do Ciclo Estral de Cadelas: Dividido em quatro componentes: proestro, estro, diestro e anestro, cada ciclo tem duração de três meses, ocorrendo então o anestro. O estro clínico nessa espécie é detectável por até três semanas. O proestro e estro juntos são conhecidos como cio, representando a fase folicular do ciclo reprodutivo. A ovulação ocorre por volta do décimo - primeiro dia do cio, ou segundo dia do estro. A faixa etária média para que as cadelas entrem em puberdade oscila entre nove e dez meses, podendo variar de seis a 24 meses de idade. O intervalo entre um ciclo estral, desde seu inicio até o próximo, é em média de sete meses, podendo variar entre quatro e 12 meses. 2. Citologia vaginal A determinação do início e duração do período fértil recorre a meios complementares de diagnóstico que incluem a determinação da chave celular (citologia vaginal), obtida a partir de um esfregaço por aposição de uma zaragatoa vaginal, e a determinação das concentrações circulantes (séricas ou plasmáticas) da hormona luteinizante (LH) e/ou da progesterona. O início da fase de estro pode ser razoavelmente determinado recorrendo à citologia vaginal, a qual se baseia nas alterações quantitativas e qualitativas da chave celular. A mucosa vaginal e as células epiteliais vaginais sofrem alterações morfológicas sob a ação das concentrações crescentes de estrogénios. Estes estimulam a proliferação do epitélio vaginal, que passa de uma espessura de poucas camadas celulares no anestro para uma espessura de 20 a 30 (até 100-150) camadas de células no fim do pró-estro. A variação na percentagem de células superficiais - índice de cornificação celular – ao longo de esfregaços vaginais seriados pode ser usado na monitorização da evolução do ciclo éstrico. Em termos citológicos, considera-se que a cadela está em cio (estro) quando o esfregaço celular apresenta um índice de cornificação superior a 80 %. No entanto, a citologia vaginal não permite determinar com exactidão os momentos de ocorrência do pico de LH e da ovulação, para o que é necessário recorrer ao doseamento da LH e/ou da P4. Em termos práticos, após o início do corrimento vulvar sanguinolento realiza-se uma série de citologias vaginais seriadas até à identificação de um índice de cornificação próximo do característico do estro, momento em que se iniciam os doseamentos hormonais. A realização de citologias vaginais seriadas poderá manter-se durante o estro até à identificação do início do diestro, uma vez que não é possível distinguir, com base nas concentrações plasmáticas de P4, o momento da transição entre o estro e o diestro. 2.1 Proestro: O proestro dura em média 9 dias, podendo variar de tanto para mais, quanto para menos dias. É o período em que a fêmea está sexualmente atraente, mas rejeita a cópula. Ele termina quando a fêmea aceita a cobertura. Pode-se marcar o primeiro dia de proestro a partir do aparecimento de corrimento vaginal sanguinolento, além do edema vulvar que é utilizado para o reconhecimento desse estágio. Em critérios hormonais, ocorre o aumento contínuo das concentrações séricas de estradiol, que é o responsável pelo edema vulvar e sangramento uterino sanguinolento. Além disso, a atração e a receptividade em relação aos machos aumentam gradativamente ao longo do período de proestro. A origem do corrimento vulvar é a hemorragia endometrial causada pela diapedese eritrocitária e ruptura de capilares subepiteliais. No inicio do proestro o epitélio vaginal apresenta predominância de células epiteliais vaginais parabasais e intermediárias (acima de 80%). O estrogênio faz com que as células epiteliais proliferem e amadureçam (cornificação). No final do proestro as células escamosas superficiais e anucleares representam até 80% das células epiteliais. Os eritrócitos são numerosos em todo o proestro e os neutrófilos são achados ocasionalmente. O muco cervical e vaginal flui abundantemente, diluído no corrimento uterino sanguinolento. No final do estro ocorre a queda da concentração sérica de estradiol e aumenta a de progesterona. 2.2 Estro: O estro tem duração média de 10 dias e nesta fase a fêmea assume o comportamento de permitir a monta pelo macho e permanece com a cauda desviada para o lado enquanto há a tentativa de penetração. O final do período ocorre quando a fêmea não aceita mais o macho. Nessa fase, a cadela apresenta o pico de queratinização do epitélio vaginal e o de crenulação. É nessa fase que ocorre a ovulação cerca de 48 a 60 horas após o pico de LH. A citologia vaginal também permite acompanhar a evolução do estro, no entanto não é precisa para determinar o momentoda ovulação. O corrimento vaginal pode alterar-se de sanguinolento a claro ou cor de palha. O aumento da progesterona no final do proestro leva à indução da onda pré-ovulatória de secreção de FSH e LH, sendo este último responsável pelo inicio da ovulação. Na maioria das cadelas a ovulação ocorre até 48 horas após a onda de LH. A mucosa vaginal só se altera ao final do estro, apresentando perda da definição gradual e arredondamento das pregas. Os folículos no dia da ovulação apresentam um diâmetro médio de 4,6 mm em cadelas com pesos de 6 a 10 Kg. O estro na cadela ocorre em resposta ao declínio do estrógeno que normalmente começa pouco antes do aumento do LH e continua durante todo o estro. 2.3 Diestro: A duração do diestro está definida entre 56 e 58 dias em cadelas gestantes, e 60 e 75 dias em não-gestantes. O término do diestro é determinado pelo declínio da progesterona abaixo do necessário para manter uma gestação (1 a 2 ng/mL). O diestro representa a fase lútea do ciclo, tendo predominância hormonal da 8 progesterona, declinando gradualmente até o final do período. A cadela que ovula e não gesta, não retorna imediatamente a um novo estro, pois ela não sofre luteólise abrupta como no pré-parto. Nesse caso, o corpo lúteo regride por um processo lento de luteólise, em que os primeiros sinais de degeneração foram vistos por microscopia eletrônica no dia 60 do diestro não gestacional, acompanhados por alguns eventos apoptóticos. Assim, esta espécie não possui nenhum sinal endócrino anti-luteolítico como encontrado em outras espécies que modulam a função uterina durante o período crítico do estabelecimento da gestação. No entanto, alguma comunicação embrião-materna deve ocorrer a fim de evitar a rejeição embrionária. Dentre os animais domésticos, a cadela é a única com uma fase lútea cuja duração em animais não gestantes excede a observada durante a gestação. Em animais não gestantes, o corpo lúteo completa seu tempo de vida útil, passando lentamente por mudanças morfológicas e funcionais que, desprovidas de um princípio luteolítico ativo, parecem estar mais relacionadas ao envelhecimento do corpo lúteo. A regulação hormonal do diestro de cadelas gestantes e não gestantes é similar, exceto pela produção de PGF2α antes do parto. Nas gestantes, a PGF2α é responsável pela luteólise e é produzida pela unidade úteroplacentária antes do parto, no entanto, não é produzida no endométrio de cadelas não gestantes e o corpo lúteo regride lentamente nesses animais. Um estudo recente tentou elucidar esse complexo mecanismo envolvido no processo de luteólise e de regressão do corpo lúteo da cadela. Os autores verificaram que injeções repetidas de baixas doses de PGF2α podem induzir mecanismos luteolíticos em cadelas não gestantes e que alguns aspectos da regulação molecular da luteólise em cadelas não gestantes são semelhantes à de outros animais domésticos. No diestro, o corpo lúteo deve estar visível à ultrassonografia, sendo comum encontrar um número maior de corpos lúteos do que de filhotes. Diferentemente do que ocorre em outras espécies como a porca, a mulher e a rata, a relaxina na cadela é detectável apenas durante a gestação, o que torna este hormônio um marcador diagnóstico da gestação nesta espécie. A relaxina torna-se detectável no sangue por volta do dia 20-25 da gestação; tem um pico 2- 3 semanas antes do parto. 2.4 Metaestro A cadela não apresenta a fase de metaestro como ela é classicamente definida (período de instalação do corpo lúteo), posto que ela é uma espécie que apresenta uma luteinização precoce, ainda na fase de folículo préovulatório. No entanto, a fase de metaestro pode ser muito bem caracterizada do ponto de vista citológico pela presença das células do metaestro e pelas células espumosas (foam cells) que são células intermediárias ou células parabasais com múltiplos vacúolos citoplasmáticos claros. O metaestro citológico é curto, durando em torno de dois dias. 2.5 Anestro: Por fim, o anestro que é uma fase obrigatória no ciclo estral da cadela e é a fase de maior duração. Em média o anestro canino dura 150 dias. É o período de transição entre um ciclo e outro. Caracteriza-se por concentrações séricas basais de progesterona. O eixo hipofisário-ovariano e o útero continuam ativos. O endométrio descama e o tamanho e a atividade das glândulas endometriais, além da espessura do miométrio e endométrio, diminuem, mas não tanto quanto em fêmeas prépúberes. Os ovários estão pequenos e o útero encontra-se pequeno e difícil de ser visualizado à ultrassonografia. O intervalo interestro é extremamente variável. Herdabilidade, gestação, raça e idade são fatores que podem influenciar esse intervalo. Cadelas que estiveram gestantes podem exibir intervalos interestrais significativamente mais longos do que as que não estiveram gestantes. As características do ciclo estral de cadela estão apresentadas resumidamente na tabela 1. Exames complementares Os exames complementares são utilizados para acompanhar a ciclicidade e identificar a ovulação e, consequentemente, o momento ideal da monta ou da inseminação artificial. Os exames empregados em reprodução canina são: citologia vaginal; endoscopia vaginal; ultrassonografia de útero e de ovários; análise das concentrações séricas ou plasmáticas de progesterona e termografia. Esses métodos foram otimizados graças a numerosos estudos e eles podem revelar resultados bem-sucedidos. A eficácia deles, no entanto, depende de alguns fatores, tais como frequência de utilização, habilidade do profissional, qualidade do equipamento utilizado, dentre outros. Referências: Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Hiperplasia Endometrial Cística em Cadelas e Gatas - Bruna de Souza Barni, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalho apresentado como requisito parcial para graduação em Medicina Veterinária. Aspectos da fisiologia reprodutiva da cadela - Lúcia Daniel Machado da Silva£ , David Baruc Cruvinel Lima Faculdade de Veterinária/Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil.
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