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Estudo de Caso - A Família Almeida (1) (1)

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A HISTÓRIA DA FAMÍLIA ALMEIDA
Dona Maria do Carmo é casada com o senhor Marcos há 11 anos, com quem tem três filhos, Paulo Henrique, Mariana e João Pedro. De outro casamento, que não deu certo, porque o marido a agredia diariamente, inclusive na gravidez, trouxe Patrícia, na época com um ano de idade. Ambas vieram para casa do senhor Marcos desnutridas e machucada, pois o antigo marido da senhora Maria do Carmo, além de agredir a ela e a criança, ainda as deixava passar fome. Na infância, dona Maria foi criada por parentes que também a agrediam quando não cumpria as tarefas a ela determinadas. Os pais da mesma moravam no interior de Pernambuco e a mandaram para os parentes a fim de não passar fome onde estavam.
O atual companheiro de Maria do Carmo não a agride e, apesar de estar desempregado, sempre faz bicos para tentar sustentar a casa, esforçando-se ao máximo para por comida na mesa. Infelizmente, ele é usuário de álcool e acaba, quando bêbado, ofendendo Dona Maria. Além disso, ele sempre tratou bem sua filha Patrícia, como se fosse filha dele. Sempre gostou de cuidar dos filhos, até banho com as crianças ele tomava (quando eram pequenos). Para a menina, comprava roupas, sapatos e, depois que ela fez seis anos, começou a comprar-lhe enfeites. Às vezes, Dona Maria se recente disso, e fica um pouco enciumada porque ele nunca comprou nada para ela. Ele gosta muito de ficar em casa sozinho com a menina, que hoje tem 14 anos. Dona Maria do Carmo prefere sair e ir para a casa de uma vizinha conversar e tentar esquecer as coisas que às vezes, passa pela cabeça dela.
Dona Maria gosta de ficar sempre quieta, fala só quando é necessário, principalmente porque o marido anterior a deixou com três dentes quebrados e ainda não conseguiu arrumá-los. Esse é seu maior sonho. Mas já desistiu dele. Queria também trabalhar, talvez de costureira, mas é analfabeta, porque teve que trabalhar cedo para ajudar os pais. Quando casou, o marido mandou que ficasse em casa e ela obedeceu, apesar de querer ao menos voltar a estudar, coisa que já desistiu. 
Paulo Henrique, o filho de Maria, é muito revoltado, sai e não fala pra onde vai. Anda com uma turma de barra pesada, envolvida com traficantes. A família não sabe se ele usa drogas e, quando o pai tenta questioná-lo, ele fica furioso e até já tentou agredir o mesmo. Sua revolta é grande, porque sabe que o pai vem abusando de sua irmã Patrícia, e a mãe nada faz para impedir. Ele também se revolta contra todos que estão à volta, os vizinhos, a escola, a igreja, porque ele acha que todo mundo sabe e ninguém faz nada. Busca atividades perigosas, usa drogas, fica pelas ruas, envolve-se em confusão, mas na verdade, queria que alguém olhasse para ele e visse seu sofrimento. Seu maior medo é pela irmã de 04 anos.
O senhor Marcos Almeida, quando criança, sofreu abuso sexual de um vizinho. Quando cresceu, apresentou problemas sexuais, mas tentou de qualquer forma escondê-los. Abusa da sua enteada desde quando tinha 05 anos. Acha errado, mesmo assim continua. Sabe que em sua casa quem manda é ele, e este poder lhe dão o direito sobre todos. Está desempregado há oito anos, mas sempre foi trabalhador. Os vizinhos tem orgulho de tê-lo por perto. É prestativo e respeitador para com os outros, nunca arrumou uma briga fora de casa, e nunca ergueu um dedo contra a mulher. Sabe que ela e a filha devem dar graças a Deus por terem vindo morar com ele. Infelizmente não consegue controlar a bebida, mas não reconhece isso, pois acha que pode parar quando quiser. Foi um excelente padeiro, porém depois que foi mandado embora, nunca mais conseguiu emprego, também não se qualificou, e hoje não sabe mexer com as máquinas mais modernas de padaria. Sente-se um lixo, humilhado e envergonhado por causa disso. E quando vai procurar emprego, sabe que não vai conseguir. Então, para aguentar a humilhação e a frustação, acaba bebendo alguns goles.
O Senhor João é viúvo, perdeu a mulher há dois anos. Antes vivia somente ele e a esposa. Está na cidade há dez anos e ainda não se acostumou, pois morava no interior de Pernambuco. A filha Maria do Carmo, junto com o marido, senhor Marcos Almeida, não conseguiram mais pagar o aluguel e tiveram que vir morar com ele há cerca de um ano. Apesar de ser diabético e viver apenas com o benefício, ele conseguia comprar comida e os medicamentos, além daqueles que conseguia no posto. Agora, a coisa ficou difícil, porque são muitas bocas em casa alimentar, e juntando o seu dinheiro com o pouco que o genro ganha, mal dá para a comida. A alimentação que o médico recomendou ele não pode mais fazer e isso o tem deixado mais debilitado. Acha que sua família tem muitos problemas, mas ninguém dá muita atenção ao mesmo. Ele está com depressão, sente falta da mulher e às vezes pensa na morte, porque seria uma libertação. Tem pena dos netinhos que terão que trilhar todo o caminho de sofrimento que essa vida oferece.
SANTOS, Adriana Aparecida. et al. Trabalho com famílias vulnerabilizadas: dinâmicas orientadas na perspectiva do SUAS. Londrina: Ed. Mídia, 2006.

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