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AVALIAÇÃO-FÍSICA-E-NUTRICIONAL-DE-IDOSOS

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AVALIAÇÃO FÍSICA E NUTRICIONAL DE IDOSOS 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
Sumário 
Unidade 1: Avaliação do Estado Nutricional de Idosos ........................................ 4 
Seção 1.1: Conceitos e métodos ............................................................................ 4 
Seção 1.2: Métodos possíveis para avaliar o estado nutricional nos vários níveis de 
atenção à saúde ..................................................................................................... 6 
Seção 1.3: Considerações sobre a avaliação nutricional em idosos ..................... 10 
Unidade 2: Avaliação nutricional de idosos: desafios da atualidade................. 12 
Seção 2.1: Breve síntese dos desafios atuais ...................................................... 12 
Seção 2.1: Avaliação nutricional de idosos no SUS.............................................. 13 
Seção 2.2: Processo de envelhecimento e avaliação nutricional .......................... 19 
Seção 2.3: Processo de envelhecimento e avaliação nutricional .......................... 21 
Unidade 3: A avaliação física em idosos .............................................................. 23 
Seção 3.1 A importância da avaliação e do acompanhamento físico de idoso ..... 23 
Seção 3.2 A Capacidade Funcional (CF) dos idosos ............................................ 24 
Seção 3.3 A importância da avaliação funcional em idosos .................................. 26 
Unidade 4: Teorias do envelhecimento e atividades físicas ............................... 31 
Seção 4.1: O Envelhecimento .............................................................................. 31 
Seção 4.2: O Envelhecimento biológico ............................................................... 32 
Seção 4.2: Envelhecimento ativo e qualidade de vida .......................................... 39 
Seção 4.3: Envelhecimento e atividade física ....................................................... 40 
Seção 4.3: Considerações sobre a atividade física e a prevenção de doenças .... 46 
Referências............................................................................................................. 49 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Unidade 1: Avaliação do Estado Nutricional de Idosos 
 
Seção 1.1: Conceitos e métodos 
 
Segundo a Associação Americana de Saúde Pública, o estado nutricional é 
definido como a condição de saúde de um indivíduo influenciada pelo consumo e uti-
lização de nutrientes e identificada pela correlação de informações obtidas através de 
estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos. 
Portanto, o estado nutricional é detectado a partir de vários parâmetros, que 
podem ser utilizados e avaliados de forma isolada ou associada. 
Para o idoso, a determinação do seu estado nutricional deve considerar, entre 
outros, uma complexa rede de fatores, onde é possível relatar o isolamento social, a 
solidão, as doenças crônicas, as incapacidades e as alterações fisiológicas próprias 
do processo de envelhecimento. 
É de fundamental importância conhecer as mudanças corpóreas normais que 
ocorrem durante o processo de envelhecimento, principalmente nos países em de-
senvolvimento, onde a população idosa apresenta um envelhecimento funcional pre-
coce. 
As alterações biológicas próprias deste processo incluem a progressiva dimi-
nuição da massa corporal magra e de líquidos corpóreos, o aumento da quantidade 
de tecido gorduroso, a diminuição de vários órgãos (como rins, fígado, pulmões) e, 
sobretudo, uma grande perda de músculos esqueléticos. Todos esses aspectos justi-
ficam a busca de condutas e diagnósticos nutricionais que visem a melhora da quali-
dade de vida desse grupo etário. 
Alguns métodos que podem fazer estimativas, ou mesmo determinar as altera-
ções acima descritos são: peso; estatura; dobras cutâneas; circunferências corporais 
e bioimpedância elétrica. Estas medidas de forma isolada ou em associação buscam 
a determinação da composição corpórea com relação ao tecido adiposo e muscular. 
Para uma avaliação nutricional adequada devem ser utilizados parâmetros bi-
oquímicos, dietéticos e clínicos, além dos antropométricos, que se referem às medi-
das das dimensões corporais que determinam os depósitos de tecido adiposo e massa 
magra, a avaliação subjetiva do estado nutricional e a avaliação da força de preensão 
palmar. 
5 
 
 
 
Algumas das medidas antropométricas recomendadas na avaliação nutricional 
do idoso são peso, estatura, circunferência do braço e dobras cutâneas tricipital e 
subescapular. Estas medidas permitem predizer, de forma operacional, a quantidade 
de tecido adiposo e muscular. 
Nos últimos dez anos o uso da força de preensão palmar vem sendo discutido 
como um instrumento adequado nas avaliações clínicas, qualificando-se como um 
preditor de força total do corpo. 
Segundo vários autores, a força de preensão palmar também é um importante 
pré-requisito para a identificação das condições de funcionalidade dos membros su-
periores. 
A avaliação nutricional do idoso é parte integrante da Avaliação Geriátrica Am-
pla (AGA) por ser uma ferramenta sensível de detecção dos fatores de risco associa-
dos à desnutrição. Assim, torna-se relevante o desenvolvimento de métodos que uti-
lizem questões simples e rápidas que permitam destacar sinais de alerta do estado 
nutricional e direcionem as intervenções que devem ser realizadas pelos profissionais 
da área da saúde. 
Das duas formas de má alimentação que afetam o idoso, desnutrição e obesi-
dade, a desnutrição merece especial atenção por sua grande associação com a mor-
bimortalidade. Os Indivíduos acima dos 65 anos passam por mudanças que aumen-
tam as chances de desenvolver desnutrição. 
Em geral, as causas de perda de peso e possível desnutrição em idosos são: 
• presença de doenças altamente consumptivas como o câncer; 
• doenças ou alterações do trato digestório; 
• depressão, alterações cognitivas (demência); 
• dificuldade para deglutir, presença de disfagia; 
• alteração do paladar; 
• viver sozinho em geral está associado a uma alimentação mais monótona, 
podendo assim tornar-se deficiente tanto em qualidade quanto em quantidade de nu-
trientes; 
• perda da capacidade funcional pode dificultar a compra e/ou o preparo da 
alimentação; 
• problemas bucais e/ou dentários alteram a escolha dos alimentos; 
• efeitos colaterais dos medicamentos; 
6 
 
 
• fatores sociais como a pobreza; 
• outros problemas de saúde (ex., infecções). 
A hospitalização merece atenção especial como situação de risco associada à 
desnutrição. Segundo dados nacionais, a prevalência de desnutrição neste caso é de 
53% e está associada ao aumento da mortalidade, maior tempo de internação, desfe-
cho desfavorável da internação, readmissões, maiorsusceptibilidade às infecções e 
à redução da funcionalidade. 
 
Seção 1.2: Métodos possíveis para avaliar o estado nutricional nos vários 
níveis de atenção à saúde 
 
Medida de peso – avaliação isolada: mesmo considerando que a medida de 
peso isolada não é um bom indicador do estado nutricional para a população idosa, 
esta medida é útil, pois permite verificar a velocidade de perda de peso no decorrer 
do tratamento. 
O conhecimento deste dado é importante pelo fato de uma alta velocidade de 
perda de peso estar associada à redução da massa muscular, que constitui um dos 
principais marcadores de desnutrição. Alguns pesquisadores consideram a evolução 
ponderal o elemento mais importante na avaliação do risco de desnutrição em idosos. 
(Quadro 1) Para uma pesagem correta os indivíduos deverão estar descalços, 
usando o mínimo de roupa possível e os braços deverão permanecer estendidos ao 
longo do corpo. A pesagem deverá ser efetuada em todas as consultas. 
 
7 
 
 
Figura 1: Quadro 1 – pesagem correta
 
Mini Avaliação Nutricional (MNA): MNA é uma ferramenta de avaliação nu-
tricional que pode identificar em pacientes com idade maior ou igual a 65 anos, que 
estão desnutridos ou com risco de desnutrição. Consiste em um questionário que 
pode ser completado em 10 minutos. Ele é dividido, além da triagem, em quatro par-
tes: avaliação antropométrica (IMC, circunferência do braço, circunferência da pantur-
rilha e perda de peso); avaliação global (perguntas relacionadas com o modo de vida, 
medicação, mobilidade e problemas psicológicos); avaliação dietética (perguntas re-
lativas ao número de refeições, ingestão de alimentos e líquidos e autonomia na ali-
mentação); e autoavaliação (a autopercepção da saúde e da condição nutricional) 
A soma dos escores da MNA permite uma identificação do estado nutricional 
além de identificar riscos. A sensibilidade desta escala é 96%, a especificidade 98% 
e o valor prognóstico para desnutrição 97%, considerando o estado clínico como re-
ferência. 
Para a triagem o máximo de pontos a ser atingido é de 14. O escore de 12 
pontos ou mais considera o idoso como normal, sendo desnecessária a aplicação de 
todo o questionário; para aqueles que atingem 11 pontos ou menos, deve ser consi-
derada a possibilidade de desnutrição e, portanto, o questionário deve ser continuado. 
Para o questionário total da MNA os escores que devem ser considerados são: 
– estado nutricional adequado: MNA ≥ 24; 
– risco de desnutrição: MNA entre 17 e 23,5; 
– desnutrição: MNA < 17. 
8 
 
 
 
Índice de Massa Corpórea (IMC): O IMC é um bom indicador do estado nutrici-
onal do idoso e consiste em uma medida secundária obtida através de duas medidas 
primárias: peso (kg) dividido pela estatura (m) ao quadrado. 
Para a classificação do estado nutricional do idoso a partir do índice de massa 
corpórea utilizam-se os pontos de corte que podem ser visualizados na Figura 2, qua-
dro 3: 
 
Figura 2: Quadro 3 
 
 
O IMC quando se apresenta com valores superiores às faixas de normalidade 
representa um aumento no risco de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, en-
quanto um valor inferior à estas faixas associam-se positivamente com doenças infec-
ciosas e fome. 
Circunferência da cintura: a circunferência da cintura apesar de ser uma me-
dida ainda sem pontos de cortes específicos para a população idosa é uma medida 
prática e útil na monitoração do estado nutricional. Ela deve ser feita no ponto médio 
entre a crista ilíaca e a última costela. 
Para indivíduos adultos, consideram-se como riscos aumentados para proble-
mas cardíacos os pontos ≥ 80 cm para as mulheres e ≥ 90 cm para os homens. Estes 
mesmos pontos devem ser aplicados à população idosa. 
Circunferência do Braço (CB): é utilizada como indicador de reserva calórica 
e proteica. Deverá ser feita no braço esquerdo, no ponto médio entre o acrômio da 
escápula e o olécrano da ulna. O ponto médio é obtido com o braço fletido a 90o e o 
valor da CB é obtido com o braço relaxado, tendo-se o cuidado para não se comprimir 
partes moles. 
9 
 
 
A classificação desta medida pode ser pela distribuição em percentil, sendo 
considerados desnutridos aqueles idosos que se encontrarem no percentil igual ou 
abaixo de 5% e obesos aqueles que se encontrarem igual ou acima de 85%. 
Circunferência da panturrilha (CP): de acordo com a Organização Mundial 
de Saúde, a circunferência da panturrilha é aquela que fornece a medida mais sensí-
vel da massa muscular nos idosos. Esta medida indica alterações na massa magra 
que ocorrem com a idade e com o decréscimo na atividade física. 
É particularmente recomendada na avaliação nutricional de pacientes acama-
dos. 
A medida deverá ser realizada na perna esquerda, com uma fita métrica ine-
lástica, na sua parte mais protuberante. Deverá ser considerada adequada a circun-
ferência igual ou superior a 31 cm para homens e para mulheres. 
Dobra cutânea Tricipital (DCT): é uma medida utilizada como indicador de 
reserva calórica. Deverá ser realizada no braço esquerdo sobre o músculo tríceps, no 
ponto médio entre o acrômio e o olécrano. O braço deverá estar relaxado e paralelo 
ao tronco, com o indivíduo em pé ou deitado. O aparelho utilizado para a realização 
desta medida é um “Skinfold Caliper” que deverá exercer pressão de 10 gramas por 
mm2 de prega cutânea. O “caliper” deverá estar posicionado paralela ou perpendicu-
larmente ao piso para a medida realizada nos indivíduos em pé ou deitados, respec-
tivamente. 
São considerados desnutridos aqueles idosos com valores abaixo do percentil 
5% e obesos aqueles acima de 85%. 
Dobra cutânea subescapular (DCSE): é utilizada como indicador de reserva 
calórica. O instrumento utilizado para a realização desta medida é o mesmo “caliper” 
utilizado para a medida da DCT. O indivíduo deverá flexionar o braço esquerdo atrás 
das costas de modo a formar um ângulo de 90o na parte posterior do corpo. Após 
demarcação do ponto anatômico, o indivíduo deverá ficar com os braços distendidos 
ao longo do corpo. Com os dedos polegar e indicador da mão esquerda, o examinador 
deverá destacar a dobra e coletar a medida em direção diagonal à escápula. 
Serão considerados desnutridos aqueles idosos que se encontrarem abaixo do 
percentil 5% e obesos aqueles acima de 85%. 
10 
 
 
Força de Preensão Palmar: como ressaltado anteriormente, a força de preen-
são palmar (dinamometria) é um indicador de funcionalidade. Sua perda pode ser in-
dicativo de desnutrição, caracterizada por perda de massa magra, principalmente em 
indivíduos idosos acamados, hospitalizados ou em instituições de longa permanência. 
A dinamometria vem sendo descrita como um teste funcional sensível de de-
pleção protéica e consequentemente um indicador de desnutrição. 
Desde 1981, a “American Society of Hand Therapists” recomenda que, para a 
realização da medida da preensão palmar, o indivíduo permaneça com o ombro adu-
zido em posição neutra, cotovelo fletido a 90º e que as medidas sejam realizadas nos 
dois braços. Devem ser feitas três medidas e considerado o maior valor obtido. 
Klidjian et al (1980) sugeriram, que valores abaixo de 85% dos valores médios 
de uma população de indivíduos saudáveis seriam um indicativo de desnutrição em 
indivíduos hospitalizados. 
Figueiredo et al, em 2000, sugeriram a utilização de equações na predição de 
valores normais para a medida de força de preensão palmar (National Isometric Mus-
cle Strength Database Consortium). 
Na realidade, ainda falta uma maior compreensão sobre a distribuição dessa 
variável na população para que seja definido um ponto de corte que consiga predizer 
o estado nutricional de um indivíduo. 
 
Seção 1.3: Considerações sobre a avaliação nutricional em idosos 
 
A prevenção e/ou controle da desnutrição em idosos, seja em nível ambulato-
rial ou hospitalar, deve ser uma meta considerada por toda a equipe desaúde envol-
vida nos serviços de atendimento a esta população. 
A aplicação de métodos de avaliação nutricional que permitam uma vigilância 
do estado nutricional deve englobar os três níveis de controle do processo saúde-
doença. 
Assim, propomos que a vigilância nutricional, objetivando uma intervenção pre-
coce por parte dos serviços de saúde, seja dividida em: 
Nível I – o controle dos condicionantes e determinantes da desnutrição que 
podem ser exemplificados por: Condição bucal inadequada; dificuldade de acesso aos 
11 
 
 
alimentos e preparo dos alimentos, diminuição da capacidade funcional; pobreza, iso-
lamento social, alcoolismo, entre outros. 
Nível II – controle dos riscos: Alimentação inadequada; doenças crônicas não 
transmissíveis como Diabetes, Dislipidemias, Hipertensão Arterial descompensadas; 
baixa ingestão de alimentos; uso excessivo de medicamentos. 
Nível III – controle dos danos: Internação hospitalar; quedas; infecções de re-
petição; institucionalização; doença consumptiva; cirurgias. 
Para tanto, é necessário que os serviços apliquem rotineiramente instrumentos 
sensíveis na identificação de alterações do estado nutricional, a fim de que se possa 
identificar de forma mais precisa o déficit nutricional existente. Este procedimento per-
mitiria intervenções nutricionais mais precocemente. 
A natureza qualitativa e quantitativa da MNA, permite o monitoramento de mu-
danças nutricionais nos três níveis da vigilância nutricional, sendo portanto um instru-
mento prático e rápido para avaliar o estado nutricional de idosos em ambulatórios, 
hospitais e instituições de longa permanência. Ela é uma ferramenta sensível o sufi-
ciente para detectar pequenas mudanças no estado nutricional que podem ocorrer ao 
longo do tempo, além de poder ser aplicada por qualquer profissional bem treinado. 
Sempre que possível, o profissional nutricionista deve completar a avaliação nutricio-
nal com os inquéritos dietéticos, que possibilitarão maior compreensão dos déficits de 
nutrientes que podem ocorrer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
Unidade 2: Avaliação nutricional de idosos: desafios da 
atualidade 
 
Seção 2.1: Breve síntese dos desafios atuais 
 
Entre os problemas de saúde pública no país atualmente, a maioria está rela-
cionada com o estado nutricional. Há uma crescente demanda de saúde atrelada à 
dupla carga de doenças – doenças não transmissíveis como obesidade, diabetes e 
doenças coronarianas; e fome/desnutrição e anemia. Esse cenário díspar e complexo 
está relacionado com outra particularidade: o envelhecimento populacional. O enve-
lhecimento populacional é uma realidade nos países em desenvolvimento, o que traz 
grandes desafios para a sociedade e especialmente para o setor saúde. 
No Brasil, esse processo é acelerado e se dá de maneira desigual entre as 
diferentes regiões do país. Dessa forma, torna-se premente o desenvolvimento de 
ações intersetoriais articuladas de assistência e estímulo à inserção social de idosos 
para a promoção de envelhecimento ativo. A atenção integral à saúde do idoso cons-
titui uma das prioridades no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a Política 
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. 
Nesse contexto, avaliação e monitoramento das condições de alimentação e 
nutrição dos idosos são fundamentais. A avaliação nutricional nesse grupo etário deve 
ser realizada de forma reflexiva, crítica e mais humanizada. Isso porque deve ser le-
vada em consideração uma rede complexa de fatores determinantes diretos e indire-
tos inerentes ao processo de envelhecimento, tais como: isolamento social, doenças, 
incapacidades, alterações fisiológicas e biológicas. 
Além dessas especificidades, os métodos de avaliação nutricional e o contexto 
de vida da atualidade exigem a incorporação de uma perspectiva ampliada. Visto que 
a nutrição tem papel importante na modulação do processo do envelhecimento, na 
etiologia de doenças associadas com a idade, bem como no declínio funcional e sur-
gimento de deficiências, a avaliação e o monitoramento nutricional de idosos são ne-
cessários para uma assistência adequada e para o planejamento de ações de promo-
ção da saúde. 
13 
 
 
A avaliação nutricional é a interpretação de informações obtidas de dados so-
cioeconômicos, dietéticos, bioquímicos, antropométricos e clínicos. Essas subsidiam 
o diagnóstico coletivo, a identificação de indivíduos em risco, a vigilância nutricional, 
o estabelecimento e avaliação de políticas e programas 
No Brasil, ainda nos deparamos com importantes desafios para garantir o mo-
nitoramento da situação nutricional dos idosos. Questões relacionadas ao perfil epi-
demiológico, ao processo de envelhecimento, às alterações nos modos de vida e às 
preocupações da vida moderna, incluindo a demanda por um corpo jovem e belo, os 
valores simbólicos associados à comida, exemplificam a complexidade do tema. 
O ajuste de indicadores do estado nutricional adequados às diversas modali-
dades de cuidado também são aspectos que merecem atenção, especialmente por-
que o enfoque central é promover a identificação de risco e a intervenção precoce, a 
fim de reduzir o impacto da perda de funcionalidade. 
 
Seção 2.1: Avaliação nutricional de idosos no SUS 
 
O Ministério da Saúde lançou, em 2006, a Caderneta de Saúde da Pessoa 
Idosa como instrumento de acompanhamento do idoso na atenção básica de saúde.8 
A função primordial da Caderneta é permitir um monitoramento periódico de algumas 
condições do indivíduo idoso e de outros aspectos que possam interferir em sua saúde 
e bem-estar. Com relação às informações nutricionais, essa versão contém apenas o 
registro de peso, pressão arterial e glicemia. 
Em paralelo, a publicação do Caderno de Atenção Básica no.19 – Envelheci-
mento e Saúde da Pessoa Idosa reforçou a importância do uso da Caderneta, tra-
zendo orientações para os profissionais sobre a avaliação e a atenção integral à saúde 
do idoso. Nesse são recomendados o registro semestral das medidas antropométricas 
na Caderneta e/ou prontuário e o uso do Índice de Massa Corporal (IMC) como indi-
cador para o diagnóstico nutricional com pontos de corte diferenciados. 
Destaca-se que a Antropometria Nutricional tem sido amplamente utilizada na 
prática clínica e epidemiológica. É o método mais utilizado para avaliação do estado 
nutricional por ser prático, de baixo custo, com uso de equipamentos portáteis e por 
detectar alterações nutricionais precocemente. Dessa forma, a antropometria tem sido 
priorizada nas ações de vigilância nutricional, cuja história está mais consolidada na 
rede de saúde no monitoramento do crescimento infantil. 
14 
 
 
Na população adulta, a antropometria tem como principal objetivo avaliar a 
composição corporal, porém surgem mais dificuldades na sua aplicação quando se 
trata de indivíduos idosos. Alterações físicas e de composição corporal observadas 
com a idade, tais como: redução da estatura, problemas posturais ou de mobilidade, 
presença de edema ou desidratação, redução de massa muscular e de densidade 
óssea, aumento e redistribuição da gordura corporal, perda da elasticidade e com-
pressibilidade da pele, interferem na coleta e análise de medidas antropométricas. 
Alterações fazem parte do processo fisiológico do envelhecimento humano, po-
rém, em dado momento e de acordo com a história do indivíduo, podem estar relaci-
onadas a riscos de agravos importantes para a saúde do idoso. 
A tendência de aumento de massa corporal com a idade parece alcançar seu 
platô aos 65 anos em homens e 75 anos em mulheres, quando esta começa a diminuir 
associada à redução de água corporal e massa muscular, sendo maior em homens. 
Nesse grupo é importante o acompanhamento da velocidade de perda de 
massa corporal, sendo essa considerada um indicador de risco nutricional quando 
relatada como mudança involuntária ou recente de peso. Naprática clínica, normal-
mente utiliza-se a classificação de gravidade pela porcentagem de perda de peso so-
bre o peso total do indivíduo relacionada ao tempo. 
Há uma redução da estatura com a idade devido ao aumento da curvatura da 
coluna em consequência do achatamento dos discos intervertebrais e devido a alte-
rações, tais como: osteoporose, cifose dorsal, escoliose, perda do tônus muscular, 
arqueamento dos membros inferiores e/ou achatamento do arco plantar. Não existe 
consenso quanto ao valor da redução da estatura com a idade, que parece ser de 0,5 
a 2 cm/ década, após os 60 anos, acentuando-se nas idades mais avançadas, em 
ambos os sexos. 
Em situações posturais acentuadas que dificultam a obtenção da estatura ou 
na impossibilidade de sua aferição (idoso acamado ou cadeirante), recomenda-se o 
uso da medida “Knee height” – altura do joelho – para estimativa da estatura. Nos 
casos em que o indivíduo não pode ser pesado com o auxílio de uma balança, pode-
se também estimar a massa corporal por meio da obtenção de outras medidas corpo-
rais (perímetros, dobras subcutâneas, altura do joelho). 
O IMC tem sido apontado como importante preditor de morbimortalidade, apre-
sentando boa correlação com a massa corporal e gordura corporal nos indivíduos. De 
acordo com publicação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do documento 
15 
 
 
Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN do Ministério 
da Saúde, o IMC é o índice preconizado para classificar o estado nutricional tanto de 
adultos como idosos. Esse protocolo define para triagem e acompanhamento de ido-
sos em risco à saúde os seguintes parâmetros antropométricos: IMC ≥30 kg e perda 
de peso não intencional ≥4,5 kg ou de 5% do peso corporal no último ano. 
A recomendação do Protocolo SISVAN é a utilização de pontos de corte espe-
cíficos de IMC para idosos: <22 kg/m²– baixo-peso; ≥22 e <27 kg/m² – eutrofia; ≥2 
kg/m² – sobrepeso. Esses se diferenciam dos pontos de corte de adultos, conside-
rando as modificações físicas e de composição corporal que ocorrem com o envelhe-
cimento. No entanto, a definição do critério de classificação mais adequado é polê-
mica, visto os diversos pontos indicados na literatura. 
Ainda que o IMC seja um índice de fácil utilização na rotina dos serviços e um 
bom preditor de saúde, sua análise apresenta algumas limitações em idosos: 
a) Avaliação do real excesso de gordura corporal – esse índice não diferencia 
massa gordurosa de massa magra (músculos) ou outros tecidos (exemplo: ósseo). Há 
mudanças importantes na composição corporal a partir dos 60 anos que ocorrem em 
proporção diferente com o avançar da idade; 
b) decréscimo de estatura – mudanças no IMC não necessariamente refletiriam 
uma mudança na massa corporal, como entre os adultos, mas poderiam refletir essa 
mudança na estatura; 
c) avaliação da distribuição de gordura – a não estimativa do real aumento (ou 
diminuição) da gordura corporal, especialmente a gordura central, em indivíduos de 
idade mais avançada, pode comprometer a avaliação do risco de muitas doenças. 
Portanto, torna-se necessário complementar a avaliação do IMC com o acom-
panhamento de outras medidas antropométricas e informações obtidas por outros mé-
todos. 
Em 2012, iniciou-se uma revisão e atualização da Caderneta de Saúde da Pes-
soa Idosa, objetivando a ampliação, instrumentalização e articulação das equipes da 
Atenção Básica para o cuidado da pessoa idosa, à luz da necessidade de aperfeiço-
amento dos instrumentos no contexto atual do SUS. 
A proposta de uma nova versão da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa pas-
sou por consulta pública no início de 2014 e está atualmente no prelo para publicação. 
16 
 
 
No que diz respeito à avaliação nutricional, essa nova versão traz mudanças impor-
tantes com a possibilidade de registro em tabela e/ou gráfico de medidas e índices 
antropométricos, como: peso; estatura; IMC com a classificação nutricional para ido-
sos, recomendada no Protocolo SISVAN; perda de peso não intencional (4,5 kg em 
um ano, 6 kg em seis meses e 3 kg em um mês) e perímetro da panturrilha com os 
pontos de corte de 34 e 31 cm para avaliar redução de massa muscular e risco de 
sarcopenia. Caso seja realmente implantada, a nova Caderneta se constituirá em um 
avanço para o monitoramento nutricional da população idosa na atenção primária de 
saúde. 
A perda de peso, como já mencionado, é um importante indicador na prática 
clínica, porém pode ocultar importantes mudanças que ocorrem no estado nutricional 
de idosos. Segundo a OMS, o perímetro da panturrilha é indicado para avaliação de 
idosos por ser considerado mais sensível às alterações de massa muscular com a 
idade, decréscimo da atividade física e da mobilidade. 
A Caderneta contempla ainda importantes indicadores que complementam a 
avaliação do estado nutricional, como o monitoramento de parâmetros clínicos e bio-
químicos, principalmente glicemia e pressão arterial. O Protocolo SISVAN propõe pa-
râmetros bioquímicos de glicemia (≥126 mg/dl); pressão arterial (pressão arterial sis-
tólica e diastólica ≥120 mmHg e 80 mmHg, respectivamente); colesterol (Low Density 
Lipoproteins Oulipoproteínas de baixa densidade – LDL ≥160 mg/dl) ou outra altera-
ção no lipidograma. Todos esses parâmetros devem ser avaliados, mesmo que só 
haja campo específico para o registro de glicemia e pressão arterial. 
Outros pontos também abordados pela nova Caderneta são fundamentais para 
entendermos o contexto socioeconômico, familiar e clínico-funcional do idoso. Desta-
cam-se as seguintes informações por sua relação com a situação alimentar e nutrici-
onal: sociodemográficas (escolaridade, situação conjugal, origem, raça/ cor, religião); 
sociofamiliares (arranjo domiciliar, convívio social, situação de trabalho e fontes de 
renda); condições de saúde; uso de medicamentos (fitoterápicos, suplementos ou vi-
taminas); Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional para Atenção Básica (IVCF-AB), 
que utiliza marcadores de idade, autopercepção de saúde, atividades de vida diária, 
cognição e humor, mobilidade, comunicação e comorbidades múltiplas; hábitos de 
vida (tabagismo, álcool, atividade física e de lazer); e avaliação da equipe de saúde 
bucal. 
17 
 
 
Mesmo reconhecendo a importância da Caderneta, vale ressaltar que a avali-
ação nutricional de idosos deve ir além, englobando diferentes aspectos de forma in-
tegrada e multidisciplinar, em distintos níveis. Em relação à questão alimentar, tanto 
no Caderno de Atenção Básica como no Protocolo SISVAN é destacada a necessi-
dade dos profissionais atentarem às seguintes questões: 
• perda da autonomia para comprar os alimentos, inclusive financeira; 
• perda da capacidade/autonomia para preparar os alimentos e para alimentar-
se; 
• perda de apetite e diminuição da sensação de sede e da percepção da tem-
peratura dos alimentos; 
• perda parcial ou total da visão que dificulte a seleção, o preparo e consumo 
dos alimentos; 
• perda ou redução da capacidade olfativa, interferindo no seu apetite; 
• algum motivo que a faça restringir determinados tipos de alimentos, como 
dietas para perda de peso, diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia; 
• dificuldade de mastigação por lesão oral, o uso de prótese dentária ou proble-
mas digestivos. 
Em nível individual, para avaliação do consumo alimentar, os instrumentos 
mais utilizados para a obtenção de dados (grupos de alimentos, tipos de refeições, 
locais e horários das refeições, tipos de preparações utilizadas) são o questionário de 
frequência alimentar, o registo ou diário alimentar e o recordatório de 24 horas. 
Diante da impossibilidade do emprego de métodos mais completos para análise 
da dieta, podem ser usados métodos mais indiretos para caracterizar padrões de con-
sumo. Entre as possibilidades, encontram-se inquéritos que buscam identificar carac-
terísticas dadieta e/ou do comportamento alimentar reconhecidos como fatores de 
risco e/ou de proteção para doenças crônicas e, também, aspectos associados à 
maior longevidade com qualidade de vida. Esses itens podem ser analisados sob a 
forma de questões isoladas e/ou combinadas e ser definidos como marcadores de 
padrões alimentares. Como exemplos, têm-se: a associação do consumo de frutas e 
hortaliças com desfecho favorável; e, por outro lado, o consumo diário ou quase diário 
de refrigerantes, consumo habitual de alimentos fontes de gorduras saturadas de ori-
gem animal e consumo abusivo de bebidas alcoólicas, empregadas como marcadores 
de desfecho desfavorável. 
18 
 
 
O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crôni-
cas não Transmissíveis por Inquérito Telefônico, o Vigitel, exemplifica o emprego des-
ses marcadores de padrão alimentar. É um sistema de monitoramento que acompa-
nha essas condições por meio de entrevistas telefônicas realizadas continuamente 
em amostras probabilísticas da população adulta de capitais brasileiras. Alguns des-
ses marcadores foram incorporados em questionário de avaliação de frequência de 
consumo de itens alimentares para atenção básica, proposto no Protocolo SISVAN. 
Entre os idosos, a escolha dos métodos para a avaliação do consumo precisa 
considerar as características associadas ao processo de envelhecimento, como difi-
culdades de cognição, concentração, memória, visão ou audição. Nesse contexto, a 
escolaridade, o arranjo domiciliar, o acesso aos alimentos (segurança alimentar ou 
autonomia financeira e operacional quanto a aquisição, transporte e preparo de ali-
mentos) e o prazer associado ao consumo alimentar são também aspectos que me-
recem atenção. 
 Vale ressaltar que compreender a prática alimentar vai além desses métodos 
de avaliação de consumo. As questões de natureza socioculturais influenciadas pela 
história de vida, preferências e aversões construídas, tradição culinária, tabus e cren-
ças; e, na atualidade, pela industrialização e marketing de alimentos processados, o 
consumo de alimentos fora de casa, valorização de alimentos considerados funcio-
nais, trazem novos elementos a essa complexa rede. A análise dessas informações 
reforça a percepção de que as questões alimentares e nutricionais transcendem a 
necessidade biológica e se constituem em um complexo sistema simbólico de signifi-
cados sociais, políticos, religiosos, éticos e estéticos. 
Por outro lado, uma dimensão relevante se relaciona às modificações corporais 
associadas com o envelhecimento, que incluem alterações da quantidade e distribui-
ção do tecido adiposo e de massa muscular. Essas podem ser analisadas de forma 
quantitativa e qualitativa, por exemplo, por meio de métodos antropométricos e de 
percepção da imagem corporal, respectivamente. A busca pelo corpo perfeito e reju-
venescido está entre as características da sociedade contemporânea e, em conse-
quência, a negação das transformações corporais associadas ao envelhecimento 
pode contribuir para a piora do bem-estar e perda da identidade. Nesse sentido, a 
análise das questões simbólicas e da percepção corporal, construção multidimensio-
nal que representa como a pessoa percebe seu próprio corpo, pode ser importante 
19 
 
 
componente da identidade pessoal dos idosos na atualidade. A associação entre es-
tado nutricional e a insatisfação da autoimagem corporal tem revelado que indivíduos 
com IMC elevado tendem a ser mais insatisfeitos com sua imagem corporal. Tal fato 
merece mais aprofundamento sobre os determinantes e os significados dessa insatis-
fação na complexa relação corpo, beleza, saúde e envelhecimento. 
 
Seção 2.2: Processo de envelhecimento e avaliação nutricional 
 
O envelhecimento é considerado o período da vida que sucede a fase da ma-
turidade e que é caracterizado pelo declínio das funções orgânicas e da capacidade 
funcional do indivíduo, tornando-o mais suscetível à eclosão de doenças, que termi-
nam por levá-lo à morte. As alterações observadas ocorrem em todos os sistemas e 
órgãos, atingem de maneira significativa seu estado nutricional e não ocorrem de ma-
neira uniforme em todos os indivíduos. Considerando a prevalência crescente dos 
distúrbios nutricionais no idoso, torna-se imprescindível o conhecimento das altera-
ções morfológicas e das mudanças na composição corpórea que ocorrem nessa po-
pulação e o conhecimento de como elas devem ser interpretadas em uma avaliação 
clínica nutricional. 
Entre tantas mudanças, a sarcopenia, a osteopenia e a diminuição da água 
corporal repercutem de maneira importante no estado nutricional do idoso e em parâ-
metros que são utilizados frequentemente na avaliação nutricional. A água é o princi-
pal componente da composição corpórea e com o envelhecimento há redução de 20% 
a 30% da água corporal total. Além do exposto, o envelhecimento provoca diminuição 
de 20% a 30% da massa muscular (sarcopenia) e da massa óssea (osteopenia), cau-
sada pelas alterações neuroendócrinas e inatividade física8. 
A sarcopenia é definida como perda involuntária de massa, força e função mus-
culoesquelética, limitando a capacidade funcional do indivíduo. Ela interfere na capa-
cidade de locomoção e na força mandibular necessária para a oclusão mandibular, 
afetando diretamente o consumo alimentar. Também está associada ao maior risco 
de desenvolvimento de desidratação, pois a ocorrência de sarcopenia diminui a quan-
tidade de líquido do organismo. 
Em relação à osteopenia, a redução da estatura observada nos idosos é uma 
das suas consequências. A cifose torácica, a redução dos discos intervertebrais e o 
20 
 
 
achatamento plantar contribuem nesse processo. A redução chega a ser de 1 cm nos 
homens e 1,5 cm nas mulheres por década, a partir dos 40-50 anos. Por outro lado, a 
osteopenia, a diminuição da água corporal e, principalmente, a sarcopenia contribuem 
na redução do peso, e essa última, especialmente, na redução dos tecidos metaboli-
camente ativos. Como consequência, há diminuição do metabolismo basal, que leva 
à anorexia e à redução da ingestão alimentar. Essas mudanças no organismo do ge-
ronte o tornam mais suscetível a desenvolver um quadro de desnutrição. 
Apesar da suscetibilidade para desenvolver desnutrição, o idoso tem um au-
mento de 20% a 30% na gordura corporal total (2% a 5%/década, após os 40 anos) e 
modificação da sua distribuição, tendendo a uma localização mais central. No sexo 
masculino, a gordura se deposita na região abdominal e, no feminino, na região das 
coxas e nádegas. Há diminuição do tecido gorduroso nos membros superiores e di-
minuição da massa magra nas pernas. Em virtude dessas mudanças, o idoso pode 
apresentar alterações em algumas variáveis antropométricas, como aumento da cir-
cunferência da cintura e diminuição da CB e da dobra cutânea triciptal. 
Podem ser citadas outras alterações fisiológicas do envelhecimento que com-
prometem as necessidades nutricionais do idoso8: 
- redução do olfato e paladar, devida à redução nos botões e papilas gustativas 
sobre a língua; 
- aumento da necessidade proteica; 
- redução da biodisponibilidade de vitamina D; 
- deficiência na absorção da vitamina B6; 
- redução da acidez gástrica com alterações na absorção de ferro, cálcio, ácido 
fólico, B12 e zinco; 
- xerostomia; 
- dificuldade no preparo e ingestão dos alimentos; 
- tendência à diminuição da tolerância à glicose; 
- atividade da amilase salivar reduzida; 
- redução da atividade de enzimas proteolíticas como a amilase e a lipase pan-
creáticas; 
- redução do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular. 
Outros fatores contribuem para o desenvolvimento da desnutrição: menor 
acesso ao alimento devido a causas físicas, como sequela de acidente vascular en-
21 
 
 
cefálico, ou sociais, como a institucionalização; uso de medicações que causam ina-
petência; depressão;desordens na mastigação, causadas por próteses mal adapta-
das; alcoolismo; entre outros. 
O idoso, portanto, passa por uma série de alterações, que são, na verdade, 
fisiológicas e naturais ao processo de envelhecimento, mas que, sem dúvida, o tornam 
mais frágil ao desenvolvimento de distúrbios nutricionais e podem, por fim, agravar 
seu estado de saúde e levá-lo à morte. 
 
Seção 2.3: Processo de envelhecimento e avaliação nutricional 
 
Uma das dificuldades de estudar o perfil nutricional do idoso é a utilização de 
diferentes métodos de avaliação nutricional, dificultando a comparação entre os diver-
sos estudos. No entanto, no início do século XXI, diferentes estudos mostravam o 
perfil nutricional que vem prevalecendo entre os idosos brasileiros: aumento da obe-
sidade, principalmente no sexo feminino. 
Uma pesquisa realizada em 2001 com idosos ambulatoriais com 60 anos ou 
mais retratou maior prevalência de obesidade entre as mulheres (23,8%), em relação 
aos homens (9,3%). Na análise de acordo com a idade, foi observada menor preva-
lência da obesidade em homens octogenários e em mulheres. 
Em 2004, um estudo realizado na cidade de Veranópolis evidenciou que a obe-
sidade, apesar de ser menos prevalente entre os octogenários, apresenta crescimento 
relevante nesse segmento populacional. Neste estudo, foi encontrada prevalência de 
23,3% de obesidade, sem diferença entre os sexos, quando utilizados os critérios da 
OMS. 
Em 2005, um trabalho realizado com mulheres entre 60 e 89 anos mostrou que 
25,6% das idosas eram obesas, havendo um predomínio da obesidade na faixa etária 
dos 60 aos 79 anos, com uma taxa de 28,8% na faixa de 60 a 69 anos e 24,6% entre 
70 e 79 anos. Na zona da mata mineira, em 2006, a obesidade atingiu 40,8% dos 
idosos estudados, sendo também o sexo feminino o mais atingido. Neste trabalho, a 
desnutrição esteve presente em 15,1% dos idosos. 
Em 2007, alguns autores identificaram maior prevalência de obesidade em re-
lação à desnutrição em idosos, com destaque para o sexo feminino. No ano seguinte, 
um estudo realizado em um município da região metropolitana de Curitiba confirmou 
22 
 
 
essa tendência e mostrou que 57,4% dos idosos apresentaram obesidade e 9,6%, 
baixo peso. 
Quanto aos idosos hospitalizados, uma pesquisa realizada com 41 idosos hos-
pitalizados em Minas Gerais mostrou que 48,8% estavam em risco nutricional e que 
36,6% estavam desnutridos. 
O elevado índice de desnutrição em pacientes hospitalizados também é verifi-
cado em pacientes institucionalizados. Um estudo realizado em instituições privadas 
e públicas de Santa Catarina, com 167 idosos (média de idade de 80 anos) de ambos 
os sexos, mostrou uma prevalência de 45,5% de baixo peso, 7,85% de sobrepeso e 
13,2% de obesidade. Foi observada uma taxa de desnutrição de 42,2% entre as mu-
lheres e 59,4% entre os homens. Em concordância com trabalhos mais antigos, este 
estudo mostrou uma menor prevalência de obesidade e sobrepeso em idosos longe-
vos. 
Em 2009, um estudo realizado com 596 idosos do município de Pelotas retra-
tou, como as demais pesquisas, um aumento da obesidade no idoso, em especial no 
sexo feminino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
Unidade 3: A avaliação física em idosos 
 
Seção 3.1 A importância da avaliação e do acompanhamento físico de 
idoso 
 
São cada vez mais os estudos que evidenciam a importância da atividade física 
na minimização da degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao 
idoso manter uma qualidade de vida ativa. O American College of Sports Medicine 
(ACSM, 1998) refere que as causas que provocam o declínio físico, à medida que 
envelhecemos, são múltiplas: vão desde o envelhecimento biológico, passando pelas 
doenças, até aos níveis muito baixos de atividade física provocados por estilos de vida 
muito sedentários. Sendo este, atualmente, referido como um dos principais fatores 
que contribui para o envelhecimento precoce e o surgimento de doenças crónicas 
degenerativas, como as doenças cardiovasculares (Spirduso et al., 2005). 
 Segundo Geis (1994), alguns estudos demonstram que a atividade/exercício 
físico podem, no mínimo, atrasar algumas modificações decorrentes do declínio hu-
mano, e por isso, quanto mais cedo se começar a prática de atividade/exercício físico, 
melhores serão os resultados obtidos. 
 O exercício físico apresenta benefícios ao nível da melhoria ou manutenção 
de gestos e movimentos indispensáveis na realização de tarefas do dia-a-dia, bem 
como no aumento da aptidão física através do aumento das capacidades de força, de 
equilíbrio, de coordenação, de flexibilidade e de resistência (Carvalho & Mota, 2002). 
Passando também a ter uma melhor relação com o mundo que o rodeia, diminuindo 
os sentimentos de solidão e as frequentes depressões (Geis, 1994). 
 Uma prática regular de atividade/exercício físico produz efeitos positivos no 
sistema musculoesquelético, cardiovascular, endócrino e respiratória, reduzindo a 
prevalência de algumas doenças que mais afetam os idosos, levando assim a uma 
diminuição dos internamentos, hospitalização e da mortalidade (Duarte & Nahas, 
2003), reduzindo, consequentemente, os gastos ao nível da saúde. 
 A avaliação física é sempre necessária para quem quer iniciar uma pratica 
regular de atividade/exercício físico. De várias existentes a utilizada foi a bateria de 
24 
 
 
testes "Fullerton Functional Fitness Test" (Rikli e Jones, 1999), por ser uma bateria 
validada. 
 
Seção 3.2 A Capacidade Funcional (CF) dos idosos 
 
O envelhecimento é um assunto que tem sido tema de várias pesquisassem 
todo mundo, principalmente ligadas aos profissionais da área da saúde que buscam 
respostas para uma melhor qualidade de vida na terceira idade. 
Com o avançar da idade os danos causados pelo processo do envelhecimento 
são irreversíveis, progressivos e de soma gradativas das diminuições de vários seg-
mentos atribuídos à Capacidade Funcional (CF) e autonomia do ser humano, ocasio-
nados por perdas lentas identificadas a partir da terceira década de vida4 e impercep-
tíveis até os cinquentas anos, outros estudos apontam que a partir da 7° década de 
vida o declínio e as perdas fiquem mais aceleradas. 
Nesse período contínuo de transformações biológicas o corpo humano sofre 
perdas as quais alteram os níveis de massa muscular e da capacidade funcional con-
trátil7 , acarretando a diminuição da agilidade, coordenação motora, mobilidade arti-
cular, flexibilidade e equilíbrio. Além destas mudanças há modificações também no 
estado psicológico e social que somadas com as anteriores aumentam a susceptibili-
dade do idoso a doenças crônicas degenerativas e a dependência de terceiros. 
A frente disso pressupõe que o envelhecimento e a diminuição da CF, acarrete 
na vida do idoso problemas relacionados à autonomia para realizar com eficiência as 
Atividades Básicas da Vida Diária (ABVDs), direcionadas com o autocuidado pessoal, 
como se vestir, se alimentar, locomover-se, além das Atividades Instrumentais da Vida 
Diária (AIVDs), ligadas a participação social do idoso, como por exemplo, realizar 
compras, atender ao telefone e utilizar os meios de transporte pessoal ou público. 
Nos países emergentes como o Brasil percebe-se uma mudança nos dados 
demográficos relacionados ao envelhecimento, com o aumento da população adulta 
atingindo a terceira idade, somando 5% nos últimos 60 anos, totalizando um acrés-
cimo de 15 milhões de pessoas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas 
(IBGE), ressalva que em 2013 a expectativa de vida da população brasileira chegou 
a atingir74 anos em média, muito diferente da década de 50 quando essa expectativa 
era apenas de 50 anos. 
25 
 
 
Corroborando com os dados do IBGE, a Organização Mundial de Saúde 
(OMS), estima que o país se torne até 2025 o sexto no mundo com o maior número 
de idosos. 
Nessa perspectivaalguns estudos evidenciam para esse grupo especifico a 
participação do idoso em programas de exercícios físicos que incluem trabalhos de 
força, flexibilidade, coordenação motora, resistência aeróbica, agilidade e equilíbrio, 
sendo pontos básicos para o idoso prolongar a sua independência por maior tempo 
possível o que possibilitaria maior autonomia e saúde física. Neste contexto nota-se 
também o maior controle de doenças coronarianas, obesidade, diabetes, além dos 
níveis de estresse, a melhora do condicionamento cardiorrespiratório e as medidas 
antropométricas. 
O conceito atual de saúde envolve não somente a ausência de doença, mas 
uma condição de completo bem-estar físico, mental. Sendo assim, tal conceito requer 
uma abordagem holística do paciente e de modo específico o idoso. Por outro lado, o 
desaparecimento da CF compõe uma das maneiras de apresentação de doenças 
neste mesmo grupo, que se apresenta num conjunto formado por sintomas na esfera 
física, psicológica e social. Apresenta seu pico com a imobilidade, ou seja, quando o 
idoso fica confinado ao leito. 
O conceito de CF pode ser compreendido como a eficiência do idoso em aten-
der às demandas físicas do seu dia a dia que envolve desde as atividades básicas 
para uma vida independente até as ações mais difíceis de sua rotina. Na velhice é 
comum a pessoa apresentar baixos níveis de CF, sobretudo em razão da diminuição 
das funções físicas, como a redução da função dos sistemas osteomuscular, cardior-
respiratório e nervoso, circunstância que pode limitar os idosos de realizar suas ativi-
dades cotidianas com eficiência. 
No entanto, para atender essas transformações, alguns estudos tem mostrado 
a importância da realização dos testes de avaliação funcional, a fim de traçar melhores 
estratégias e a criação de programas e métodos que otimizem as repostas frente as 
deficiências identificadas pelo envelhecimento, pode balizar as intervenções direcio-
nadas a essa população, o que torna ponto fundamental para determinação do risco 
de dependência futura, de complicação ou instauração das doenças crônicas, de pro-
babilidade de quedas e de índices de morbidade e mortalidade. 
Os métodos habituais de se realizar uma avaliação funcional estruturada con-
sistem na observação direta (testes de desempenho) e por questionários aplicados ou 
26 
 
 
concebidos para entrevistas em contato com idoso, sistematizados por meio de uma 
série de escalas que aferem os principais componentes da dimensão. 
Tais escalas compõem o que se tem denominado instrumentos de avaliação 
funcional. Dentre os métodos de avaliação funcional destacam-se duas escalas apre-
sentadas por Lawton e Brody, que classificam as atividades cotidianas de acordo com 
o seu nível de complexidade. A classificação das AIVDs careteriza com oito ativida-
des: preparar refeições, fazer tarefas domésticas, lavar roupas, manusear dinheiro, 
usar o telefone, tomar medicações, fazer compras e utilizar os meios de transporte. 
Um dos testes mais utilizado para avaliar as ABVDs é chamado de índice de 
Katz e foi criado por Sidney Katz, em 1963, sendo ele instrumento para mensurar a 
capacidade funcional do indivíduo idoso. Katz elaborou uma lista de seis itens que se 
relacionam entre si de maneira sobrepostas que refletem os padrões de desenvolvi-
mento infantil, isto é, o qual demonstra que a perda da função no idoso começa pelas 
atividades mais complexas, como vestir-se, banhar-se, até chegar as de autorregula-
ção como alimentar-se e as de eliminação ou excreção. 
O autor parte da ideia que o declínio funcional e a perda da capacidade para 
executar as atividades da vida diária nos pacientes idosos ocorrem no mesmo padrão 
de evolução, isto é, primeiro se perde a capacidade para banhar-se e, a seguir, para 
vestir-se, transferir-se da cadeira para a cama (e vice-versa) e alimentar-se. Já a re-
cuperação acontece de modo inverso. 
A avaliação da mobilidade é caracterizada por incluir estímulos mais específi-
cos para agilidade e equilíbrio, a partir da combinação de várias ações cotidianas. A 
mobilidade também se estabelece como ponto fundamental da avaliação funcional, 
pois se relaciona intimamente com a probabilidade de quedas e, por consequência, 
impacto negativo na CF. Assim, este estudo teve como objetivo levantar informações 
sobre a importância da avaliação funcional em idosos na prescrição de exercícios. 
 
Seção 3.3 A importância da avaliação funcional em idosos 
 
Vários estudos têm demonstrado a importância da avaliação funcional em ido-
sos. Isso porque se tem reconhecido que como passar dos anos a CF da pessoa 
nessa faixa etária começa a entrar em declínio e assim a atividade da vida diária que 
são consideradas ações muito simples, começam a se tornar difíceis. 
27 
 
 
Conforme demonstrado em Farias através de revisão da literatura a pessoa 
idosa precisa de cuidados específicos no auxílio em todas as suas necessidades e 
que para tanto se torna necessário desenvolver sistemas que possam oferecer a com-
pleta reintegração e ressocialização desse segmento para que por meio desse pro-
cesso os idosos possam usufruir de vários benefícios, inclusive de cuidados referen-
tes à autonomia em todos os seus aspectos. Tais cuidados são importantes, pois, a 
diminuição da capacidade funcional é também um fator de aumento no risco de que-
das, principalmente devido ao comprometimento na realização de tarefas do dia a dia, 
com limitações de força muscular, equilíbrio, marcha entre outros. 
Barbosa em estudo utilizando Escala de Lawton e Brody junto a 286 idosos 
com faixa etária entre 60 a 103 anos concluiu que mais da metade apresentaram in-
dependência no que se refere à CF. Em relação aos demais, o estudo sugeriu uma 
maior atenção no que diz respeito à prevenção de doenças, e ainda recomenda inter-
venções terapêuticas que possam minimizar os fatores que se refletem na capacidade 
funcional. 
Câmara et al, em revisão bibliográfica realizada para identificar os testes mais 
utilizados e o potencial de cada prova para identificação do nível de capacidade fun-
cional do idoso relatou que essa avaliação tende a ser mais completa quando inte-
grada com abordagens descritas, embora tais abordagens possam gerar custos e di-
ficultar um estudo mais aprofundado. Silva Neto5 buscou caracterizar o perfil sócio 
demográfico dos idosos da área de abrangência das Unidades Saúde da Família do 
Município de Jataí – Goiás (GO) com duzentos e noventa e nove idosos, de ambos 
os sexos, com idade ≥ 60 anos, inscritos na referida UBS. Os resultados deste estudo 
demonstram que a avaliação da CF é muito importante como indicador de qualidade 
de vida dos idosos, isso porque essa avaliação permite mensurar minuciosamente a 
capacidade que uma pessoa tem para desempenhar atividades da vida diária. 
Outro estudo como o de Ferreira e colaboradores, buscaram avaliar a ocorrên-
cia da incapacidade funcional com relação aos níveis sociodemográficos em 47 paci-
entes idosos residentes no abrigo Pão de Santo Antônio em Belém – PA, apontaram 
com o teste de Medida de Independência Funcional (MIF) a independência por maior 
parte dos idosos com idade avançada e baixo grau de escolaridade. Paixão e Reiche-
nheim demonstraram por meio de revisão sistemática a utilização e adaptação dos 
instrumentos de avaliação em nível internacional e nacional. 
28 
 
 
O amplo estudo realizado pelos autores demonstrou que esse tipo de pesquisa 
ainda é pouco sistematizada no Brasil. Já a pesquisa de Frank et al junto aos idosos, 
seus familiares e seus cuidadores em unidade de saúde e no domicílio com Older 
Americans Resourcesand Services – OARS revelou que os idosos pesquisados ne-
cessitam de uma assistência voltada para recuperação ou promoção das Atividades 
da Vida Diária e das Atividades Instrumentais da Vida Diária. Tal cuidado envolve 
maior comprometimento da família e o auxíliode profissionais capacitados. 
Bispo e colaboradores avaliaram a capacidade funcional de idosos cadastrados 
na estratégia de saúde da família na comunidade do Pontal da Barra em Maceió/AL 
com 43 idosos do sexo masculino e 52 do sexo feminino. Os resultados da pesquisa 
demonstraram que a maior parte desses idosos não são considerados como incapa-
citados sendo que a maioria deles consegue desenvolver suas atividades da vida di-
ária. 
Tenório e colaboradores ao avaliarem a capacidade funcional de idosos a partir 
de pesquisa descritiva na Comunidade Alto das Estrelas, Moreno-PE, com 30 idosos 
cadastrados no Programa Saúde da Família concluíram que dentro dessa amostra 
foram encontrados três idosos dependentes do devido comprometimento por: aci-
dente vascular encefálico, doença osteoarticular e doença psiquiátrica. Ao constata-
rem tal realidade os autores sugeriram que fosse elaborada proposta de reabilitação 
e manutenção da capacidade funcional de idosos atendidos em unidades de saúde a 
fim de melhorar não somente a CF, como também proporcionar melhor qualidade de 
vida a esse grupo. 
Estudos têm confirmado a importância da avaliação funcional em pessoas ido-
sas. Tal importância se dá porque com o avanço da idade o idoso perde suas capaci-
dades funcionais e começa a sentir dificuldades para realizar atividades de vida diária. 
Muitos idosos também apresentam outras complicações na saúde como doenças os-
teomoleculares, sequelas de acidente vascular encefálico entre outros que compro-
metem ainda mais a capacidade funcional. 
Frente a essa realidade ressalta-se a importância de se realizar a avaliação da 
capacidade funcional de idosos, pois a dependência nas ABVDs compromete e limita 
o idoso além de reduzir a qualidade de vida. Estudos sobre capacidade funcional 
neste grupo especifico sugerem a potencialização de ações e políticas de saúde pú-
blica e do apoio das redes sociais em atendimento à demanda da população idosa. 
29 
 
 
Segundo o American College of Sports Medicine, citado por Mazo & Lopes & 
Benedetti (2001), torna-se imprescindível avaliação da saúde para a prática de ativi-
dade física, como também, a avaliação da eficiência dos programas de atividades, 
para tanto há necessidade de conhecimento dos testes específicos para a realização 
das avaliações em idosos em termos funcionais e físicos. 
Os objetivos principais das avaliações com os idosos são: 
• Diagnosticar e verificar eficiência dos programas quanto à aptidão física, ca-
pacidade funcional, aspectos psicossociais, ingestão alimentar e nível de atividade 
física; 
• Verificar a evolução da aptidão física e da capacidade funcional, em relação 
ao processo de envelhecimento; 
• Verificar as associações existentes nos aspectos antropométricos, neuromo-
tores e metabólicos da aptidão física, capacidade funcional, aspectos psicossociais e 
nutricionais dos idosos; 
• Determinar as variáveis que devem ser priorizadas na elaboração dos progra-
mas de intervenção (atividades físicas, exercício ou treinamento) 
Considerando as diferenças apresentadas entre idosos, em relação ao pro-
cesso de envelhecimento que é individual e único, o que se deve levar em considera-
ção na escolha dos testes é as capacidades em realizar as atividades diárias com 
competência (capacidade funcional), sua aptidão física, como também seu desempe-
nho para os esportes. 
Levando em conta a classificação da capacidade funcional e de aptidão física 
apresentada nos módulos anteriores serão abordados alguns protocolos de avaliação 
específicos para cada nível de classificação. 
NÍVEL I: Fisicamente Incapaz: tem dependência total de terceiros. Avaliação 
de competência da equipe médica (geralmente composta pelo médico geriatra, enfer-
meiro (a) e dependendo do grau de incapacidade pelo fisioterapeuta e outros). São 
levantados indicadores de severidade da doença, quantificação das necessidades e 
uso dos serviços médicos, escalas específicas de classificação da doença, função 
cognitiva e afetiva. Se houver melhora do quadro clínico é necessário aplicar as es-
calas das atividades da vida diária (que funções, o idoso já é capaz de executar, como 
exemplo, alimentar-se com pouca ajuda). 
NÍVEL II: Fisicamente Dependente: Segundo Spirduso (2005), a extensão da 
incapacidade física sofrida por esses adultos muito idosos é medida pelo grau de sua 
30 
 
 
capacidade em realizar atividades da vida diária como se vestir, deitar-se e levantar-
se da cama levantar-se de uma cadeira, lavar o rosto e as mãos, comer e beber, 
banhar-se, usar o toalete, mover-se dentro de casa, subir e descer escadas, andar 
pelos arredores, em terreno plano e fazer mãos e pés. Dos instrumentos de avaliação 
utilizados para essa população são os de autoavaliação, como também testes de fun-
ção motora para predizer a capacidade de um indivíduo de manter as atividades da 
vida diária. 
 
Testes usando autoavaliação ou avaliação por terceiros por meio de entrevis-
tas: 
- Índice de AVD Katz: tomar banho, vestir-se, ir ao toalete, transferir-se, conti-
nência, alimentar-se. A ordem dos itens reflete a progressão natural na perda e recu-
peração da função. 
- Classificação de cuidado pessoal de Barthel: Beber de uma xícara, alimentar-
se no prato, vestir-se, colocar uma atadura ou prótese, arrumar-se, lavar-se ou tomar 
banho, continência, controle do períneo/ vestir-se no banheiro, transferir-se para uma 
cadeira, transferir-se até ao toalete, transferir-se para a banheira ou chuveiro, cami-
nhar 50 metros, subir escadas, cadeira de rodas, caminhar do lado de fora. 
- Older American Resources and Services (OARS) AVD físicas: Alimentar-se, 
vestir-se arrumar-se, caminhar, deitar-se e levantar-se da cama, tomar banho de ba-
nheira ou chuveiro, ir ao banheiro a tempo, continência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
Unidade 4: Teorias do envelhecimento e atividades 
físicas 
 
Seção 4.1: O Envelhecimento 
 
O envelhecimento é um processo inevitável do ser humano, que lida com a 
perda progressiva da aptidão funcional do organismo e aumenta o risco de doença 
(Kallinen & Markku, 1995). Estas alterações comprometem, os domínios biopsicosso-
ciais e a qualidade de vida da pessoa idosa, limitando a capacidade de realizar vigo-
rosamente as atividades do dia-a-dia e aumentam-lhe a vulnerabilidade do ponto de 
vista da saúde (Spirduso, 1995). 
Sabemos que com a idade existe uma perda de estatura, peso e tecido mus-
cular, uma modificação da textura da pele e uma diminuição da espessura das pregas 
dos membros superiores e inferiores, embora pareça haver um aumento da gordura 
subcutânea e interna do tronco (Fragoso & Vieira, 1993). 
Os efeitos cumulativos da idade sobre o funcionamento orgânico são expressos 
pelo declínio gradual das capacidades funcionais do indivíduo a partir da terceira dé-
cada de vida (Fragoso & Vieira, 1993). A título de exemplo, McArdle et al., (1981) 
verificaram a diminuição de 10% a 15% na velocidade de condução do estímulo ner-
voso, o decréscimo de 20% a 30% da frequência cardíaca (entre os 30 e os 80 anos), 
o declínio de 37% do número de axónios medulares, o decréscimo de 40 a 50% da 
capacidade funcional do fígado e dos rins (entre os 30 e os 70 anos). E ainda a redu-
ção de 15 a 30% do tecido ósseo (a partir dos 70 anos), a diminuição da força mus-
cular em quase todos os músculos, atingindo-se aos 70 anos valores 30% inferiores 
aos registados aos 20 anos. 
Desta forma, verificamos que a senescência pode ser entendida como a perda 
progressiva da capacidade homeostática do idoso, ou seja, redução do equilíbrio de 
todos os processos e fenómenos adaptativos do organismo. O idoso responde mais 
lentamente e menos eficazmente às alterações ambientais, devido a uma deteriora-
ção dos mecanismos fisiológicos, tornando-se mais vulnerável. 
O processo de senescência, ou seja a perda progressiva das funções celulares 
e corporais,possui uma elevada complexidade para ser descrita apenas por uma te-
oria. 
32 
 
 
Seção 4.2: O Envelhecimento biológico 
 
As teorias biológicas tendem a focalizar os problemas que afetam a precisão 
do sistema orgânico durante o processo de envelhecimento sejam eles de origem ge-
nética, metabólica, celular ou molecular, para Fonseca (2006) o envelhecimento bio-
lógico é um processo cujos efeitos são visíveis, mas cujo mecanismo interno perma-
nece, em grande medida, desconhecido. Com base em Farinatti (2002) as teorias bi-
ológicas podem-se dividir em duas categorias: as de natureza genético-desenvolvi-
mentista e as de natureza estocástica. No primeiro caso, o envelhecimento é visto 
como uma caraterística geneticamente programada. Já as teorias estocásticas assu-
mem o envelhecimento como a acumulação de danos moleculares e da manutenção 
das funções orgânicas e da vida. 
A abordagem analítica das várias teorias biológicas explicativas do envelheci-
mento está, segundo as palavras de Rattan (2006), desatualizada e obsoleta. Deveria, 
antes, ser proposta uma teoria biológica do envelhecimento unificadora, que fosse 
inclusiva dos vários mecanismos, proporcionando as bases para testar e desenvolver 
efetivas formas de intervenção, prevenção e modulação do envelhecimento. Com a 
consciência de que será esse o caminho, no âmbito do presente trabalho não se pre-
tende uma reflexão a esse nível, pelo que serão analisadas separadamente as teorias 
genéticas, as teorias dos danos ou do stress oxidativo e as teorias do desequilíbrio 
progressivo. 
De fato, ainda que a discussão seja efetuada de forma independente, parece 
existir uma linha de entendimento mais ou menos consensual de que as várias teorias 
não são independentes entre si. Alguns aspetos das várias teorias são complementa-
res e não exclusivos entre si, pelo que o envelhecimento será um processo que ocorre 
sofrendo as consequências da interação genética, dos danos e dos desequilíbrios dos 
sistemas. 
Teorias com base genética 
As teorias genéticas partem do princípio que a taxa de envelhecimento corporal 
é determinada pela hereditariedade. É proposto que o processo de envelhecimento 
está programado nos genes, e eventos como a puberdade, a menarca ou a meno-
pausa são regulados por relógios biológicos celulares. Assim, estas teorias sugerem 
que o processo de envelhecimento, desde o nascimento até à morte, está programado 
pelos nossos genes. Acontecimentos relacionados com a idade, como a puberdade 
33 
 
 
ou a menopausa, são sinais do relógio biológico programado dentro de cada célula. 
Nestas teorias, a esperança de vida, como outros fatores relacionados com a idade, 
deve estar controlada por um ou mais genes específicos que atuam independente-
mente ou com outros para a longevidade. Contudo, estes genes ainda não foram iden-
tificados. No entanto, estas teorias sugerem que um ou mais genes ditam a idade 
celular dentro do núcleo das células ou que certos genes são desenvolvidos ou repri-
midos durante o desenvolvimento normal da vida. 
Uma das teorias mais atuais dentro deste género é a das mutações do ADN na 
mitocôndria, estas mutações aumentam durante a vida do indivíduo causando o en-
velhecimento do mesmo. Uma das teorias genéticas mais antigas sugere que o enve-
lhecimento celular tenha lugar a partir do momento em que, naturalmente, começam 
a ocorrer erros em processos, tais como, a transcrição e transporte de material gené-
tico ou mutações somáticas. Esses erros trariam consequências negativas à renova-
ção celular, gerando células defeituosas ou empobrecendo a sua população repercu-
tindo, a longo prazo, na função de sistemas orgânicos inteiros. 
 Esta teoria recebeu o nome de teoria de Acúmulo de Erros ou Teoria dos Erros 
Catastróficos (Spirduso, 1995). Outra destas teorias e uma das mais conhecidas, é a 
do Doutor Lenard Hayfick (1965), a qual, sugere que as células se dividem e reprodu-
zem num número limitado de vezes geneticamente programado. Uma célula seria fi-
siologicamente tão mais jovem quão mais distante estivesse desse limite. Assim, a 
idade fisiológica das células (o número de divisões permitidas antes de parar a repro-
dução) é determinado pelo material genético do núcleo das células, por exemplo, 
como o processo da puberdade é ativado durante o período de crescimento, o pro-
cesso de senilidade é ativado em algum momento da meia-idade. 
Esta teoria tenta fazer um paralelo entre os possíveis mecanismos de controlo 
da senescência e o controlo da puberdade, ambas disparadas por um “gatilho” depen-
dente da distância do limite preestabelecido. O problema é que, enquanto o momento 
do início da puberdade parece respeitar um padrão mais ou menos constante em to-
dos os indivíduos, o mesmo não se pode dizer do processo de envelhecimento 
(Hayflick, 1985). Um outro argumento contra esta teoria afirma que ao longo e gradual 
processo de envelhecimento não é de todo similar ao desenvolvimento acelerado que 
acontece nos jovens. É mais provável que este crescimento acelerado na puberdade 
seja causado pela ativação dos genes ao contrário do processo de envelhecimento 
que é lento e progressivo. 
34 
 
 
A teoria de Hayflick tem sido posta em causa por alguns autores, uma vez que 
são conhecidas diferentes taxas de replicação e envelhecimento para células de teci-
dos diversos. Por exemplo, é sabido que as células dos sistemas imunitário e endó-
crino se dividem poucas vezes, enquanto os neurónios e as fibras musculares pare-
cem nem sequer se dividirem, como pode ler-se em Jones e Rose (2005). As teorias 
genéticas são, igualmente, questionadas num trabalho estimulante efetuado com 
gémeos suecos (Ljungquist et al., 1998). 
Os resultados indicaram reduzidos efeitos genéticos na longevidade e, para os 
homens, talvez mesmo nulos. Os dados mostraram ainda que a maior parte da vari-
ância da longevidade é explicada por fatores ambientais. Os autores concluem que, 
no máximo, um terço da variância é atribuída a fatores genéticos e a quase totalidade 
remanescente é devida a fatores específicos do envolvimento, individuais e não par-
tilhados. A genética desempenhará, certamente, um papel na longevidade que contri-
buirá para explicar a disparidade existente entre as poucas semanas de vida de alguns 
insetos e as centenas de anos de algumas árvores. Contudo, a controvérsia existe e 
a validade dos argumentos dirimidos não parece permitir, no estado atual do conhe-
cimento, atribuir-lhe um papel definitivo. 
Ainda dentro das teorias genéticas encontramos a teoria dos telómeros que nos 
refere que em cada replicação do cromossoma, e considerando que a enzima telome-
rase fica reprimida, o telómero encurta, o que motiva a perda de algumas sequências 
(Chui & Harley, 1997). Finalmente, deve-se ressaltar que a aceitação de um controle 
eminentemente genético para o processo de envelhecimento implica aceitar que 
pouco se pode fazer, em termos de intervenção, para retardá-lo. No nosso caso, difi-
cilmente estratégias como o exercício físico poderiam influenciar significativamente 
em uma função celular geneticamente programada (Farinatti, 2002). 
Teorias com base em dados de origem química 
Este grupo de teorias aproxima-se da corrente genética no sentido de que a 
senescência seria decorrente de disfunções no código contido nos genes. A diferença 
entre as correntes reside no facto de que, para as teorias baseadas nos danos de 
origem química, os problemas de funcionamento na reprodução e regeneração celular 
não se encontrariam especificamente em sua programação. Os problemas de codifi-
cação genética seriam causados por subprodutos das reações químicas orgânicas 
habituais que, pouco a pouco, causariam danos irreversíveis às moléculas das célu-
las. Tais reações poderiam ser potencializadas por fatores como a poluição, padrões 
35 
 
 
de alimentação ou AF (Farinatti, 2002). Desta forma,as teorias dos danos ou agressão 
são baseadas no conceito de que as reações químicas que acontecem de forma na-
tural no corpo começam a produzir uma quantidade irreversível de deteriorações nas 
moléculas (Llano et al., 2006). 
Para além disto, deveremos considerar também a pequena, mas diária quanti-
dade de substâncias químicas que introduzimos no nosso organismo através de nu-
merosas fontes, tais como, o ar que respiramos, o tabaco, os alimentos e outras subs-
tâncias que ingerimos incluindo os próprios processos metabólicos do corpo. A ideia 
dos defensores destas teorias é de que se todo este prejuízo fosse minimizado, tam-
bém o processo de envelhecimento poderia ser retardado e as pessoas poderiam vi-
ver mais tempo. Uma das teorias dos danos consiste na “Teoria dos Filamentos Cru-
zados”, na qual, alguns dos componentes celulares altamente reativos em forma de 
átomos ou moléculas, têm zonas quimicamente ativas que podem unir-se ao ADN 
dentro da célula. 
Quando uma destas ligações se une a um filamento de ADN, os mecanismos 
de defesa do corpo cortam a zona afetada de ADN (onde o agente está ligado) depois 
repara o filamento usando o outro filamento da hélice. Mas se o processo de repara-
ção for muito lento ou se o agente do filamento cruzado também se une com outro 
filamento do ADN, ambas as zonas são cortadas e entre as moléculas, formam uma 
espécie de teia que impede o transporte intracelular de nutrientes e de informação o 
que impede o reparo da porção comprometida em função de ausência de “espelho” 
adequado. Isto acontece porque as ligações se produzem nos filamentos de ADN, 
zonas de comunicação para as células, produzindo mudanças consideráveis nas mes-
mas (Spirduso, 1995). 
Muitos destes agentes de ligações cruzadas são moléculas chamadas radicais 
livres, produto do metabolismo do oxigénio. Estes componentes químicos contêm na 
sua órbita um eletro impar desemparelhado de forma que podem fazer reações com 
os tecidos provocando grandes danos. Os radicais livres oxidam e atacam outros com-
ponentes celulares causando alterações e disfunções que se acumulam ao longo da 
nossa vida. Muitas agressões celulares acabam por matar as células, facto frequente 
à medida que a idade aumenta. Esta é a “Teoria dos Radicais Livres” (Spirduso, 1995). 
Muitos dos agentes reativos associados ao processo de ligação cruzada do ADN são 
moléculas produzidas no metabolismo oxidativo, denominadas radicais livres de oxi-
génio. 
36 
 
 
Assim, quanto maiores as taxas metabólicas ou exposição a radiações exter-
nas (como os raios ultravioleta), maior a formação de radicais livres. Os radicais livres 
oxidam os componentes celulares provocando alterações e disfunções, que se acu-
mulam, até o ponto em que a própria célula morre. Com a idade, isso tende a aconte-
cer em número cada vez maior de células, por efeito de acumulação. 
Na mesma linha Johnson (1985, cit. Llano et al., 2006) refere-nos que a partir 
do momento em que nascemos estamos sujeitos a micro-agressões inevitáveis das 
quais o corpo se defende de forma natural. Por outro lado, quanto o sistema de defesa 
deixa de ser efetivo, como consequência do envelhecimento, pode levar a uma perda 
de funcionalidade dos órgãos afetados e, no fim, pode acontecer uma falha no sis-
tema. Por isso, o autor argumenta que se a doença é considerada uma acumulação 
gradual de “feridas” curadas de forma incompleta, devido a inumeráveis micro-agres-
sões, o envelhecimento em si deveria ser considerado como uma doença. Esta última 
teoria, também conhecida por teoria do stress oxidativo, tem por base o conceito de 
acumulação progressiva e irreversível de danos oxidativos causados por espécies re-
ativas de oxigénio, que tem impacto em aspetos críticos do processo de envelheci-
mento e contribui para a diminuição da função fisiológica para o aumento da incidência 
de doença e redução do tempo de vida (Kregel & Zhang, 2007). 
Teorias com base no desequilíbrio gradual 
Este grupo de teorias levanta a hipótese dos sistemas corporais envelhecerem 
a diferentes ritmos, muito particularmente no que respeita ao sistema nervoso central 
e ao sistema endócrino, provocando desequilíbrios nas várias funções. Ou seja, o 
sistema nervoso central, o sistema endócrino e também o sistema imunitário, que tra-
balham em estreita colaboração, à medida que envelhecem, vão diminuindo a sua 
capacidade funcional, mas a diferentes taxas, o que desencadeia desequilíbrios entre 
os próprios sistemas, assim como perda de eficiência de cada um deles. 
A regulação neuro endócrina assume um papel central nesta visão do envelhe-
cimento. O hipotálamo e a hipófise são os locais principais de interação do sistema 
nervoso e endócrino, cabendo ao hipotálamo a regulação secretora da hipófise. Como 
consequência, o eixo hipotalâmico-hipofisário tem sido um alvo privilegiado das teo-
rias do envelhecimento, chegando mesmo a ser defendida a existência de uma espé-
cie de relógio biológico no hipotálamo, que controlaria a taxa de envelhecimento. Por 
sua vez, a hipófise é uma glândula major que segrega um conjunto de hormonas que 
regulam muitas das funções do organismo e a atividade secretora de várias outras 
37 
 
 
hormonas. As hormonas tiroideias exercem ação num vasto conjunto de tecidos do 
organismo, embora provocando respostas diferenciadas. Enquanto em alguns tecidos 
o principal efeito se relaciona com o metabolismo, noutros tem a ver com questões 
relacionadas com o crescimento ou a maturação. Num quadro de hipotiroidismo veri-
fica-se um conjunto de alterações que incluem a diminuição da atividade metabólica, 
da força muscular, lentificação dos movimentos, apatia, sonolência ou a diminuição 
de parâmetros cardiovasculares, que podem ser associados a uma aceleração dos 
sintomas do envelhecimento (Widmaier et al., 2006). 
A constatação de que níveis adequados de estrogénios parecem exercer um 
efeito protetor contra alguns efeitos do envelhecimento como, por exemplo, a deterio-
ração da força muscular, também implica o sistema neuro endócrino. Após a meno-
pausa, e num cenário de diminuição brusca dos níveis de estrogénios, o envelheci-
mento biológico parece sofrer uma aceleração. Numa interessante revisão de estudos 
que analisaram a relação entre a terapia hormonal de substituição e a preservação da 
massa muscular, Meeuwsen et al. (2000) verificaram que, embora a massa muscular 
no idoso seja sensível à estimulação pela atividade física, esta não é suficiente para 
compensar os decréscimos relacionados com a idade, pelo que será recomendável o 
desenvolvimento de outros métodos preventivos. 
Consideraram ainda que, à luz do conhecimento atual, existem todos os indí-
cios que esse outro método poderia passar pela terapia hormonal de substituição. 
Contudo, em 2003, Kenny e a sua equipa observam que a sarcopenia é um fenómeno 
tão comum nas mulheres com reposição de estrogénios como nas que não se sub-
meteram à reposição, o que sugere que a terapia de substituição de estrogénios não 
exerceu efeitos protetores contra a perda de massa muscular, durante o processo de 
envelhecimento. Com o avançar da idade parece verificar-se uma quebra do equilíbrio 
entre os vários sistemas hormonais e fisiológicos. Este processo foi descrito por Finch 
(1976), num trabalho que resultou de uma extensa análise da literatura existente, 
como uma cascata de distúrbios metabólicos. Propôs o autor que as alterações rela-
cionadas com a idade, após a maturação, resultam de uma extensão dos mecanismos 
endócrinos e neuronais que controlaram o desenvolvimento, que vão desencadear 
uma cascata de alterações nas interações endócrinas, neuronais e tecidos-alvo. As 
teorias imunológicas estão, igualmente, incluídas neste grupo de teorias do desequi-
líbrio progressivo. 
38 
 
 
A capacidade do sistema imunitário produzir anticorpos e certos tipos de linfó-
citos T diminui, o que

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