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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DAREGIÃO TOCANTINA DO MARANHÃO CENTRO DE CIENCIAS AGRÁRIAS Profa.: Mauricélia Ferreira Almeida MORFOLOGIA GERAL EXTERNA DOS INSETOS 2.3. APARELHOS BUCAIS O aparelho bucal é constituído de apêndices móveis, embriologicamente, originários do 3º, 4º, 5º e 6º segmentos cefálicos. Compõe-se, primitivamente, de um conjunto de peças, em número de oito, sendo duas, muitas vezes, atrofiadas. A morfologia das peças varia de espécie para espécie principalmente devido às adaptações alimentares. Assim, há insetos que se alimentam de nutrientes sólidos e outros de líquidos; há aqueles que encontram seu alimento facilmente na superfície, e outros que precisam introduzir o aparelho bucal para a retirada do alimento, como no caso da sucção de seiva das plantas ou do sangue dos animais. As peças bucais são: Labro ou lábio superior: é uma peça articulada ao clípeo pela sutura clípeo-labral. Sua forma é bastante variável (retangular, bilobada ou triangular). Pode movimentar-se para baixo e para cima, com função de proteção e manutenção dos alimentos, que são triturados pelas mandíbulas. Mandíbulas: duas peças localizadas lateralmente ao labro. Têm função trituradora, cortadora, moedora, perfuradora, modeladora e transportadora, além de defesa. Muitas vezes são extremamente modificadas na sua morfologia, em razão das exigências alimentares. Maxilas: duas peças auxiliares das mandíbulas durante a alimentação. As maxilas possuem várias funções como tátil, gustativa ou função mastigadora ou, quando extremamente modificadas, perfuradora. Lábio ou lábio inferior: peça ímpar, constituída pela fusão de duas maxilas nos artrópodes primitivos. Apresenta função tátil e de retenção de alimentos. Os palpos labiais articulam-se lateralmente, por meio de um esclerito chamado palpígero. Os palpos labiais apresentam normalmente 3 segmentos e têm função sensorial. Epifaringe: localizada na parte interna ou ventral do labro. É constituída por uma dobra membranosa recoberta por pêlos sensoriais, com função gustativa. Hipofaringe: inserida junto ao lábio. Possui função gustativa e tátil, sendo mais ou menos quitinizada, apresentando função de canal salivar em muitos insetos. Classificação dos aparelhos bucais 2 Triturador ou mastigador: é considerado o mais primitivo. Apresenta todas as oito peças bucais: labro, 2 mandíbulas, 2 maxilas, lábio, epifaringe e hipofaringe. Algumas peças podem ser levemente modificadas, mas isso não afeta suas funções, ou seja, a trituração ou mastigação de alimentos. Está presente na maioria das ordens. Sugador labial ou picador-sugador: apresenta as peças bucais modificadas em estiletes ou atrofiadas, com exceção do labro, que é normal e pouco desenvolvido. O lábio transforma-se num tubo, denominado haustelo, rostro ou bico, que aloja os demais estiletes. O lábio não tem função picadora. A sucção do alimento é função das mandíbulas, epifaringe e hipofaringe. As maxilas que possuem extremidades serreadas, têm função perfuradora. De acordo com o número de estiletes, tem-se: hexaqueta (pernilongos, mutucas e borrachudos), tetraqueta (cigarras, cigarrinhas, percevejos, pulgões, cochonilhas, moscas-brancas), triqueta (tripes, piolhos hematófagos e pulgas) e diqueta (moscas-dos-estábulos, moscas-domésticas). 3 Sugador maxilar: a modificação ocorre somente nas maxilas, sendo as demais atrofiadas. As maxilas transformam-se em duas peças alongadas e internamente sulcadas, de modo que, quando justapostas, originam um canal por onde o alimento é ingerido por sucção. O conjunto assume o aspecto de um tubo longo e enrolado (em repouso) denominado espirotromba. Encontrado somente nas mariposas e borboletas. Lambedor: labro e mandíbulas normais. As mandíbulas estão adaptadas para furar, cortar, transportar ou moldar cera. As maxilas e o lábio inferior são alongados e unidos, formando o órgão lambedor. As glossas são transformadas numa espécie de língua, com a qual os insetos retiram o néctar das flores, possuindo a extremidade dilatada (flabelo). Presente em abelhas e mamangavas. Aparelho bucal nas fases imatura e adulta Conforme o tipo de aparelho bucal apresentado nessas fases, os insetos podem ser divididos em três grupos: Menorrincos: aparelho bucal sugador labial tanto na forma jovem como no adulto. Ex.: tripes, percevejos, cigarras, pulgões, cochonilhas, moscas-brancas etc. 4 Menognatos: aparelho bucal mastigador nas larvas e adultos. Ex.: besouros, gafanhotos, baratas, cupins, louva-a-deus etc. Metagnatos: aparelho bucal mastigador na fase imatura e sugador maxilar (borboletas e mariposas), lambedor (abelhas e mamangavas) ou sugador labial (moscas, pernilongos etc.) na fase adulta. Classificação com relação a direção das peças bucais 1. Hipognata: peças bucais dirigidas para baixo e cabeça vertical, fazendo um ângulo de 90° com o eixo do corpo. Ex.: gafanhotos, baratas, abelhas, libélulas. 2. Prognata: peças bucais dirigidas para frente e cabeça horizontal em relação ao eixo do corpo (180°). Ex.: tesourinhas, cupins etc. 3. Opstognata: peças bucais dirigidas para baixo e para trás, formando um ângulo menor que 90°. Ex.: cigarras, percevejos, pulgas etc. 90º 180º <90º90º 180º <90º