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21/11/22, 14:10 História da arte contemporânea
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=18218 1/17
HISTÓRIA	DA	ARTE	CONTEMPORÂNEA
UNIDADE 3 – ARTE CONTEMPORA� NEA: NOVAS
VANGUARDAS?
Autoria: Márcia Merlo - Revisão técnica: Leandro da Conceição Cardoso
21/11/22, 14:10 História da arte contemporânea
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=18218 2/17
Introdução
Caro (a) estudante, nesta unidade, abordaremos o contemporâneo na arte e na produção artı́stica, buscando
reconhecer e compreender os aspectos que delimitam esse universo. O perı́odo histórico que consideraremos
será o dos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial. Analisaremos, de forma breve, os impactos da guerra
na arte e seus efeitos posteriores: a arte de transição para o contemporâneo e a produção artı́stica atual, indo
além dos juı́zos estéticos. Para entendermos mais esse perı́odo pós-guerra, nos ateremos especialmente às
décadas de 1950, 1960 e 1970, que foram os anos explosivos dos movimentos sociais, culturais e da aparição
de novas manifestações no campo da arte, inclusive no Brasil.
Alguns questionamentos guiarão nossas re�lexões. São eles: os contemporâneos são modernos? Como se
caracteriza a arte pop? No que consiste o minimalismo? Como ocorrem as relações mercadológicas nesse
contexto?
Após a compreensão da crı́tica à arte moderna, traçada pelos novos artistas e movimentos artı́stico-culturais,
acompanharemos uma abordagem teórica acerca da arte contemporânea e de seu poder comunicativo, crı́tico
e criativo. De forma sucinta, ainda estudaremos algumas relações entre arte contemporânea e mercado da obra
de arte.
Vamos lá? Bons estudos!
3.1 O contemporâneo
O contemporâneo é marcado profundamente pela modernidade, tanto que alguns pensadores continuam
de�inindo o tempo presente e a sociedade atual como modernidade-mundo, hipermodernidade, modernidade
lı́quida etc., mas um fato é inegável: os tempos modernos eram outros. A juventude	era bastante crítica	 à
sociedade, que prometeu liberdade e progresso, mas entregou guerras e relações sociais altamente
estrati�icadas, elitistas e preconceituosas. Assim, essa geração iniciou um forte movimento anticultural e
antiarte ou, em suma, contrário às regras vigentes. As gerações	 do	 pós-guerra impulsionaram os
movimentos	emblemáticos	dos anos 1950 e 1960, que reverberaram pelas décadas posteriores. Entre os
avanços e retornos desse contexto, encontra-se a arte	contemporânea.
Enquanto a Europa (incluindo o leste europeu) e parte da A� sia se recuperavam da destruição da guerra,
enfrentando novos desdobramentos dos con�litos internos e mundiais que resultariam em tantos outros
embates nas décadas seguintes, no continente americano havia um forte movimento cultural que marcaria a
história do pós-guerra e inauguraria uma nova era. A cidade de Nova	Iorque, nos anos	1950, foi palco das
primeiras ações artı́stico-culturais que rapidamente se internacionalizaram e germinaram uma crise	 da
modernidade. Isso veio a ser considerado como o perı́odo pós-moderno da arte norte-americana.
3.1.1 Contemporâneos: são modernos ou não?
A seguir, poderemos acompanhar uma re�lexão da autora Diana Crane (2011), que coloca uma questão
bastante profunda acerca dos movimentos culturais das vanguardas do século XX, aprofundada no perı́odo
pós-moderno quando se con�igurou em uma forte crı́tica social.
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O modernismo e a vanguarda, que presumem a existência de distinções bem de�inidas entre tipos
diferentes de esforços estéticos, são percebidos hoje como elitistas em comparação com o pós-
modernismo, no qual a alta cultura não é mais considerada esteticamente superior à cultura
popular e nem as culturas dominantes mais importantes que as culturas de minoria. A mudança
do estilo moderno para o pós-moderno é vista como consequência das mudanças sociais,
polı́ticas e culturais que alteraram a relação entre diversos grupos sociais e a cultura dominante,
bem como a maneira como esses grupos sociais podem ser representados de modo plausı́vel
pelas categorias culturais. (CRANE, 2011, p. 53)
A arte	 dos	 anos	 pós-guerra, como �icou conhecida a arte produzida após as vanguardas, principalmente
durante as décadas de 1950 e 1960, era basicamente formada “[...] por manifestações da literatura, da música,
das artes visuais e da produção cultural de forma geral, que tentavam reagir à predominância de tendências já
tradicionais, como o expressionismo abstrato e o modernismo literário” (HUYSSEN, 1992, p. 32). Essa reação,
mencionada por Huyssen (1992), refere-se à maneira pela qual os grupos sociais começaram a pensar a arte e
a agir culturalmente. Conforme aponta Crane (2011), apresentou-se a constituição de uma estrutura cultural
renovada, que se estruturou em torno da nova denominação do perı́odo: pós-modernidade. O berço da arte
contemporânea foi essa intermediação temporal entre a crise da modernidade e a pós-modernidade.
Nos anos 1950 e 1960, com a geração	beat e a Black	Mountain	College, nos Estados Unidos, já apareciam os
primeiros elementos da contracultura e da arte contemporânea, assim como as primeiras aparições dos
termos pós-moderno, pós-humanista e pós-histórico. Após o surgimento desses movimentos	 artístico-
culturais nos EUA, outros grupos de artistas deram cor e forma a novas artes. As ruas de muitas metrópoles
ao redor do mundo passaram a ser palco de encenações artı́sticas das mais diversas naturezas.
3.1.2 Anos 1950: começo da reviravolta  
O mundo não poderia ser o mesmo depois de tudo o que foi vivenciado na primeira metade do século XX. O
destaque nos 50 anos seguintes desse século foi a juventude, a arte, a polı́tica e o consumo. Respondendo
diretamente à cultura da guerra e ao sistema capitalista, surgiu a �iloso�ia	existencialista, o movimento dos
poetas, o rock-and-roll, os movimentos sociais e a contracultura. Contudo, vamos nos �ixar agora no legado
crı́tico e criativo da geração	beat, nos EUA, que marcou a cultura jovem em geral e, particularmente, as artes. 
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Allen Ginsberg (1926-1997) sintetizou as experiências dessa geração em sua produção textual criativa e
William Burroughs (1914-1997) escreveu sobre drogas, delı́rios, dependência e devaneios. Os beats
começaram a experimentar e querer tudo, movidos pelo	inconformismo	e	contestação. Carmo (2003) traz o
signi�icado do termo beat e ressalta a importância do movimento literário e poético iniciado pelos autores
supracitados, entre outros nomes. De acordo com o autor, o termo “[...] signi�ica não só a beatitude, beato,
santi�icação, como também a batida do jazz, o embalo, o ritmo compassado. Daı́ ter originado o nome Beatles,
uma fusão das palavras beat e beetles (besouro)” (CARMO, 2003, p.28). 
As crı́ticas a essa “juventude transviada” não demoraram a surgir e para cada ação ocorria uma reação. A cada
crı́tica se manifestava um novo movimento contrário ao instituı́do: a contracultura. Esta começava a mostrar
que os jovens não estavam dispostos a ceder facilmente. Eles não queriam mais ir a guerras que não eram
deles e muito menos seguir cegamente os pais. Assim, outros valores começaram a ser construı́dos pela
juventude pós-guerra. 
CASO
A geração	Beat contribuiu, de forma bastante signi�icativa, com a construção da ideia
de individualidade pós-moderna. Ela queria estar à margem da organização
produtiva e social, vivendo de forma bastante individualizada. Seu desapego pode ser
compreendido pela recusa da sociedade que prometeu um futuro próspero e livre,
porém, enviou os jovens para batalhas que não eram suas. Então, o almejado sucesso
da conquista da casa própria, poupança e planos robustos para o futuro não era mais
o sonho de muitos desses jovens. Isso, de�initivamente,abalou a estrutura da
sociedade moderna.
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De forma evidente, o cinema estava associado ao rock-and-roll e ao inconformismo, que extrapolou os anos
dourados e adentrou os anos	rebeldes, como foi considerada a década de 1960. Entretanto, os anos 1950
tiveram, sim, um brilho especial com Elvis Presley (1935-1977) e seu charme, voz e talento que
enlouqueciam as mocinhas, e com Marilyn Monroe (1926-1962) e sua beleza provocante que enlouquecia os
mocinhos.
O glamour, o brilho, a moda e os excessos que a guerra suprimiu retornaram no perı́odo pós-guerra,
associados ao “dourado” e à aceitação do moderno. Entretanto, também surgiu a descrença neste, com
lamentos, improvisações, inconformismo e rebeldia. Muito se criou e se produziu nesses anos e nas décadas
seguintes, como veremos na sequência da leitura. 
VOCÊ QUER VER?
Você conhece o �ilme Juventude	Transviada	(1955)? Essa famosa produção foi dirigida
por Nicholas Ray (1911-1979) e conta com o astro James Dean (1931-1955) como
protagonista. O roteiro retrata bem a revolta e o inconformismo da juventude na época.
Além disso, mostra os novos comportamentos e a tragédia de determinadas escolhas
de uma sociedade que se mostrava débil em relação aos novos anseios sociais e
culturais, começando a apresentar mudanças profundas. 
Figura 1 - Estátuas de Elvis Presley, Marilyn Monroe, James Dean e Betty Boop, nos EUA.
Fonte: Steve Lagreca, Shutterstock, 2020.
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#PraCegoVer: a imagem retrata quatro estátuas de personagens célebres da época. A de Elvis Presley está
cantando, em pose de dança, com um microfone à sua frente; a de Marilyn Monroe está em pose icônica, de
vestido branco esvoaçante; a de James Dean veste o �igurino do �ilme Juventude	Transviada (jaqueta de couro
e calça jeans); e a de Betty Boop está com vestido curto e sapatos vermelhos, em uma representação �iel ao
desenho.
 
As estátuas dessas celebridades dos anos 1950 estão em um local emblemático para a geração do perı́odo:
 Polk-a-Dot	Drive	In, na famosa Rota 66, nos EUA, cenário e contexto do livro de Jack Kerouac (1922-1969).
Cada imagem tem suas particularidades, representando a quebra de antigos padrões e valores sociais e
culturais dos “tempos de antes”. Esse perı́odo também foi um marco no campo do ensino das artes, com a
experiência da Black	Mountain e de um de seus integrantes, o professor John	 Cage (1912-1992). A peça
Theater	Piece	Nº.	1, apresentada em 1952, marcou a era das ações	performáticas	na arte contemporânea. Na
performance, os artistas se manifestaram livremente, ao mesmo tempo, em um ato colaborativo. Entre os
participantes estavam Cage, Charles Olson (1910-1970), Mary Caroline Richards (1916-1999), Merce
Cunninghan (1919-2009), entre outros, atuando ao som de um fonógrafo que tocava Edith Piaf (1915-1963). O
que podemos pontuar dessa ação do professor Cage é o princı́pio de um gênero artı́stico que tomou a cena da
arte contemporânea e mudou o conceito de arte de então, tirando o foco da pintura e da escultura e
introduzindo a ideia e o corpo como suportes da arte.
A cena cultural dos anos pós-guerra, portanto, apresentou com mais força outras manifestações artı́stico-
culturais, como música, cinema, literatura e performances vindas de uma geração que se voltava ferozmente
contra o passado e as instituições de maneira geral, incluindo a própria arte. Além disso, não estava alheia à
cena polı́tica, como poderia parecer, e os anos 1960 revelaram isso com grande ênfase. 
VOCÊ SABIA?
O Black	Mountain	College consistiu em um espaço de formação integral, operante
de 1933 a 1957, que tinha o ensino da arte como centro da proposta de
interdisciplinaridade, conectando-o às demais áreas de conhecimento. Essa escola
foi considerada um berço de experimentações da arte do século 20 e recebeu
vários professores da antiga Bauhaus.
Os princıṕios educacionais de John Dewey (1859-1952) �izeram da Black
Mountain uma escola de artes em que não havia cursos especı�́icos, os alunos
desenvolviam atividades que envolviam dança, pintura, literatura, artesanato,
design e até tarefas administrativas: uma referência para a pós-modernidade. 
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3.1.3 Anos 1960: rebeldias criativas
A arte contemporânea teve inı́cio nos anos 1960 com a pop	 art e o minimalismo, movimentos que
introduziram a arte	conceitual.	Aqui estamos considerando que a arte contemporânea é fruto de uma longa e
profunda mudança no pensar e fazer artı́sticos, ocorrida desde o século XIX. De fato, o que se entende por pós-
modernismo impactou a pauta da arte moderna. Nesse processo, os jovens foram estimuladores de muitas
mudanças que culminaram com essa quebra de antigos paradigmas. 
Os jovens americanos tornaram famosa a ideia de não con�iar em ninguém com mais de 30 anos, em plena
movimentação estudantil, na Universidade de Berkeley, nos EUA. Esse princı́pio representava a descrença nas
gerações anteriores, nos mais velhos e nas promessas. Música, teatro, cinema, esculturas e performances
começavam a mostrar que os emblemáticos anos 1960 trariam outros conceitos para a arte e a vida.
Os anos	rebeldes, de ditaduras militares, movimentos juvenis contra os governos e da revolta dos estudantes
na França, em maio de 1968, culminaram na internacionalização dessa postura contra a Guerra Fria e a Guerra
do Vietnã, em favor da paz. Esta era exigida, cantada e dançada nas ruas por jovens de cabelos compridos,
despenteados, calças rasgadas, camisas ou batas soltas, largas e coloridas. Ligados ao orientalismo,
musicalidades diversas e drogas recreativas, emplacaram o movimento	 hippie. Em contrapartida, outros
jovens entoavam canções diferentes e se armavam para a tomada do poder pelos, então, revolucionários ou
militantes de esquerda.
Esses foram os anos dos festivais de rock-and-roll, como o Woodstock, nos EUA, e os de MPB, no Brasil, por
exemplo. Um perı́odo de grande destaque para artistas da música, como Beatles, Jovem Guarda e Os Mutantes,
para a Tropicália, para o cinema de Glauber Rocha (1939-1981) e para as performances e instalações de Hélio
Oiticica (1937-1980), entre outros artistas brasileiros e internacionais. Foram tempos de inclusão, discussão
da democratização artı́stica, diversidade humana e sociocultural, e politização	das	artes.
Segundo Carmo (2003, p. 50-51) ocorreu uma verdadeira “revolução dos costumes”. 
Havia a necessidade de quebrar velhos tabus e destruir valores estabelecidos. Paz e amor;
desbunde; aqui e agora; contra o poder das armas, o poder da �lor (�lower power), o poder gay
(gay power), a liberação feminista (women’s lib) e o poder negro (black power). Manifestações e
palavras de ordem foram sedutoras o su�iciente para mobilizar multidões de jovens nas mais
diversas partes do mundo. Esse conjunto de manifestações novas que brotaram em diversos
paı́ses foi chamado de contracultura. Trata-se da reivindicação de um estilo de vida diferente da
cultura o�icial, valorizada e defendida pelo sistema Underground, no sentido de “à margem”, essa
cultura contestava e criticava radicalmente o que já havia sido produzido pela cultura ocidental,
pondo em xeque os valores tradicionais, de diferentes maneiras, e buscando novas formas e novos
canais de expressão. 
Dentro desse contexto cultural e polı́tico, outras liberdades estavam sendo reivindicadas e conquistadas,
inclusive no âmbito das relações interpessoais e das subjetividades, como a revolução sexual (com a
descoberta da pı́lula anticoncepcional) e a mudança comportamental no vestuário (mulheres usando calças
compridas e lançando a moda unissex).
No campo das artes, segundo Carmo (2003, p. 51), “[...] proliferaram grupos de teatro de rua,com curtas
encenações que contavam com a participação do público. Também pela primeira vez, palavrão e nudez eram
parte de muitos espetáculos teatrais”. De maneira geral, algo era signi�icativo para essa geração que mudou o
comportamento de uma época e fez história: ela queria mudar o mundo, sim, seja pela guerra, seja pela paz.
Entretanto, o lema “faça amor não faça guerra” se tornou forte entre esses jovens. Se o desejo era mudar o
mundo, então, deveriam iniciar pela sua própria realidade, cotidianamente. 
3.2 Música é pop? Arte é pop!
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O movimento hippie, dos jovens americanos de classe média, conquistou a juventude de quase todo o mundo
e, ainda hoje, é uma forte referência. Manifestou-se contra o consumismo, a favor da paz, do retorno à
natureza, do amor livre e das minorias. Ocorreu na época dos festivais de música e re�letiu os ı́cones dessa
geração: com visual colorido, pouco ou nenhum dinheiro no bolso, vivenciando a máxima do “sexo, drogas e
rock-and-roll”. Na cena	musical, vale rememorar grandes nomes e bandas, como Janis Joplin (1943-1970),
Jimi Hendrix (1942-1970), Rolling	Stones, The	Doors, Pink	Floyd, entre outros. Além da música negra, com o
blues, o jazz e outras tantas manifestações.
#PraCegoVer: a imagem é uma fotogra�ia do rosto de uma jovem sorridente, com um delicado cordão
amarrado ao redor da cabeça, na altura da testa, apresentando o visual tı́pico dos hippies.
 
Aqui, no Brasil, também ocorreram grandes festivais que revelaram muitos intérpretes, compositores e letras
que �izeram a história da MPB. Um movimento em particular marcou profundamente os anos 1960, trata-se da
já mencionada Tropicália, que dialogava com a arte de Oiticica; além do cinema novo de Glauber Rocha, no
teatro do Grupo O�icina. De todo esse movimento cultural e artı́stico surgiu o tropicalismo. Foram tempos
frutı́feros em que a arte se aproximava da vida com uma postura crı́tica, social e experimentalista. Porém,
podemos nos questionar: essas manifestações são arte? Gompertz (2013, p. 330) responde-nos:
Sim. São. Porque essa é sua intenção, seu único propósito, e a base sobre a qual estamos sendo
convidados a julgá-las. A diferença é que elas estão operando numa área da arte moderna que
envolve fundamentalmente ideias, não tanto a criação de um objeto fı́sico: por isso arte
conceitual. Mas isso não dá ao artista o direito de servir qualquer porcaria. Como o artista norte-
americano Sol LeWitt salientou num artigo para a revista Artforum em 1967, “A arte conceitual só
é boa quando a ideia é boa”.
A Tropicália foi um movimento que se iniciou no Brasil a partir da exposição de Oiticica,	intitulada por este
nome,	na mostra	Nova	Objetividade	Brasileira, no Museu de Arte Moderna, do Rio de Janeiro, em 1967. Com
ela, foi possı́vel conhecer o repertório inovador do artista que trazia uma ambientação em formato de
Figura 2 - Jovem hippie nos anos 1960
Fonte: Michelangeloop, iStock, 2020.
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labirinto, referenciando o ambiente tropical por meio de plantas, areia, aves, poemas, uma TV e capas de
parangolé. A novidade era a sensação que a instalação causava, além da própria obra-instalação em si, com
seu percurso de entrar, sair e caminhar pelas quebradas que poderiam ser de uma mata ou de favelas, como se
referia o artista sobre a intenção da obra. O objetivo era a penetração do público no “ambiente tropical”. O
processo de interação e as sensações provocadas pela instalação eram parte fundamental da obra. Para que
isso fosse possı́vel, também foram utilizados ruı́dos e imagens que provocavam os sentidos do público.
Nesse convite a sentir o ambiente tropical, a brasilidade, Oiticica retomou a ideia de antropofagia,
referenciada pelo modernista Oswald de Andrade (1890-1954), no “Manifesto antropófago”, de 1928, que se
tornou uma tradição na arte moderna brasileira. Ao revisitar o conceito oswaldiano, Oiticica fomentou uma
nova antropofagia na arte contemporânea brasileira, saindo dos cı́rculos artı́sticos mais fechados para uma
camada mais aberta a pensar, participar e sentir a arte-vida.
Além da instalação, que envolvia o público pelos sentidos e sensações, os parangolés propunham envolver os
corpos. Novamente, o corpo era colocado como suporte e, com movimentos de dança, as “capas-abrigo”
criavam outras estruturas que complementavam a obra ou se tornavam parte integral dela. A partir de
Tropicália, o artista inaugurou uma arte	conceitual contemporânea e se tornou referência para a sua geração
e as posteriores, como os próprios músicos e poetas tropicalistas: Gilberto Gil (1942), Caetano Veloso (1942),
Tom Zé (1936), Torquato Neto (1944-1972), Gal Costa (1945), Nara Leão (1942-1989), Rogério Duprat (1932-
2006) e Os Mutantes, criando referências para a música popular brasileira e o rock-and-roll, as artes plásticas,
o teatro, o cinema marginal, outras artes e a cultura pop em geral.
A partir da mudança de suporte e da introdução de novas linguagens, o corpo e outros projetos de
intervenções artı́sticas passam a ser um veı́culo poderoso da arte contemporânea, ganhando espaço e
audiência. Con�ira a seguir especi�icações sobre alguns gêneros. 
 
VOCÊ O CONHECE?
Hélio Oiticica foi um artista performático, pintor e escultor digno de uma obra
inquietante. Participou do Grupo Frente, entre os anos 1955 e 1956, passando a
integrar o Grupo Neoconcreto em 1959. Além de ser artista plástico, ele escrevia muito
sobre arte e teorizou o fazer artıśtico. Sua obra imprimiu um caráter experimental na
arte contemporânea brasileira. Durante sua existência, desenvolveu a arte concreta,
conceitual e sensorial, deixando um legado inestimável para a arte nacional. Também
expôs alguns projetos fora do Brasil, principalmente em Londres e Nova Iorque, no
�inal dos anos 1960 e 1970.
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Nessa nova arte, a ambientação de espaços e a intervenção artı́stica se tornaram cruciais para que esses
gêneros ganhassem adeptos e o próprio mercado: curadores de arte, galerias, museus, áreas urbanas ou mais
naturais. Nesse sentido, muitas instalações artı́sticas propõem interatividade com o público, utilizando vários
recursos, inclusive os multimidiáticos.
A arte de rua foi conquistando adeptos, assim, atores de teatro de rua, músicos, artistas do corpo, poetas,
escultores, pintores, atores circenses, entre outros, passaram a ocupar o espaço público e ganhar certa
notoriedade e reconhecimento. Isso exigia maior �lexibilidade do artista, da concepção de arte, da percepção
do espectador e dos negociantes. Ainda exigia novos textos, materiais e suportes que contribuı́ram para o
aprofundamento do debate sobre o que é arte e o que não é, sobre a aproximação entre arte e vida, sobre os
ambientes em que a arte se enquadrava e recriava-se. Dessa forma, a arte ia se tornando mais conceitual.
O pai da arte conceitual é Marcel Duchamp, cujos readymades – em especial seu mictório de 1917
– provocaram a ruptura decisiva com a tradição e forçaram uma reavaliação do que podia e devia
ser considerado arte. Antes da intervenção provocativa de Duchamp, arte era algo feito pelo
homem, tipicamente de mérito estético, técnico e intelectual, que havia sido emoldurado e
pendurado numa parede, ou apresentado sobre um plinto para parecer esplêndido. A alegação de
Duchamp era que artistas não deveriam ser limitados a um âmbito tão rı́gido de meios através
dos quais expressar suas ideias e emoções. Segundo ele, os conceitos deveriam vir em primeiro
lugar, e só depois se deveria considerar qual poderia ser a melhor forma de expressá-los. Ele
defendeu sua ideia com um mictório e transformou a arte. (GOMPERTZ,2013, p. 330)
Essas artes dos anos 1960 adentraram os anos 1970, em que a cena musical e as intervenções artı́sticas e
urbanas tomaram parte considerável da cena cultural contemporânea. O heavy	metal e os punks tornaram o
cenário bem mais crı́tico: da vida para a arte e da arte para a vida, o que se observou foi uma mudança
comportamental generalizada que atingiu a cultura em geral. A antimoda e a antiarte tomaram fôlego e se
desdobraram. Os festivais continuaram, mas os regimes ditatoriais assolaram o mundo e calaram muitos dos
A performance ou arte performática foi fortalecida em função do apelo conceitual e da alta
expressividade do artista. 
Por meio do improviso e da espontaneidade do artista, extrapolou a interatividade com o público. 
Reforçou a pele e o corpo como suportes da arte, muitas vezes tendo o corpo do próprio artista
como tela. Um bom exemplo disso são os trabalhos de Eva Hesse (1936-1970), em Hang	up, no ano
de 1966. 
•
•
•
Performance
Happening
Bodyart
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movimentos mais contestatórios. Os anos 1970 aprofundaram a arte conceitual, experimental e digital, por
meio das tecnologias	 multimidiáticas. Ou seja, os anos 1960 e 1970 ampliaram o repertório das
experimentações artı́sticas, por meio da arte conceitual, da valorização da ideia sobre um objeto artı́stico
fı́sico. Na década de 1970, foram ampli�icados os trabalhos com apoio do computador, das performances e
instalações. Os suportes utilizados pelo artista passaram a ser mais transitórios e reprodutı́veis, como a
fotogra�ia, os audiovisuais, entre outros recursos, instaurando o que viria a ser entendido como novas
linguagens artı́sticas. A arte digital começava a se apresentar como uma forte tendência pós-moderna.
3.2.1 A arte e o pop
A pop	art	surgiu na Inglaterra, por volta dos anos 1950, ganhando destaque em Nova Iorque em 1960. Os
artistas que se reuniram em torno dessa nova maneira de fazer arte eram crı́ticos à arte precedente e ao nı́vel
de consumismo exacerbado da sociedade industrial moderna. O mais curioso desse movimento foi o fato de
ter se referenciado em elementos artı́sticos que criticava. Isso se deu por meio da busca de inspirações no
cotidiano, no que consumiam as massas em termos de cultura e/ou produtos industrializados, algo que o
popularizou também. Assim, fez-se pontual a oposição	entre cultura	 erudita	 e	 cultura	 popular, questão
que já era discutida por outros grupos de artistas e passou a se caracterizar como contracultura. Ou seja,
contra a cultura elitizada e institucionalizada.
O próprio termo pop	já estava ligado ao que era popular na cultura, passando a ser na arte. Assim, o pop se
manifestou por meio de objetos que eram do cotidiano das pessoas, de uso diário, do gosto e da estética
populares. Entretanto, é preciso ressaltar que os elementos dessa arte têm a ver com o que se intencionava
ressaltar, como o uso de cores fortes, �luorescentes, alegres e brilhantes, e de formas arrojadas, provocativas,
irônicas e divertidas.
Figura 3 - Campbell's	Soup	Cans, Warhol,1962
Fonte: Luke W. Choi, Shutterstock, 2020.
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#PraCegoVer: a imagem apresenta a obra de Warhol que consiste na repetição de imagens emolduradas de
uma lata de sopa. As cores predominantes são o branco, como plano de fundo; o vermelho, na embalagem; e
um tom de bege nas molduras. Em primeiro plano, há um homem e uma mulher observando a obra.
 
Na �igura apresentada, podemos conferir uma das mais importantes obras de Warhol, que consiste na união
de 32 telas que representam 32 variedades da lata de sopa da indústria Campbell. A composição faz parte do
acervo do Museum	of	Modern	Art	(MOMA), de Nova Iorque, e se tornou um ı́cone da arte pop por transformar
um produto de massa em obra artı́stica. Sobre ela, Gompertz (2013, p. 320) nos diz o seguinte:
O poder da obra estava em sua frieza desapaixonada, comunicada pela aparente ausência da mão
do artista. Sua natureza repetitiva parodia os métodos da publicidade moderna, que pretende se
in�iltrar na consciência do público para doutrinar e persuadir, bombardeando-nos com múltiplas
exposições à mesma imagem. Com a estudada uniformidade de suas Latas	 de	 sopa	 Campbell,
Warhol está também contestando a convenção de que a arte deve ser original. Sua similaridade vai
contra as tradições do mercado da arte, que atribui valor – �inanceiro e artı́stico – à raridade e
unicidade percebidas. A decisão de Warhol de não criar seu próprio estilo grá�ico, mas imitar o
das latas de sopa Campbell, tem uma dimensão social e polı́tica.
De forma alguma devemos pensar que não havia conteúdo crı́tico na arte de Warhol, Roy Lichtenstein (1923-
1997), Claes Oldenburg (1929), Jasper Johns (1930), Robert Rauschemberg (1925-2008), entre outros nomes.
O que propunham era extremamente inovador e impactante: a comunicação	direta	com	o	público por meio
de suas obras. Os produtos, os desenhos e a publicidade ganharam força na pop	art devido ao apelo	visual	e
ao	 poder	 de	 comunicação	 com as massas. Temas considerados banais passaram a ser valorizados entre
esses artistas, que acabaram por criar um novo produto sedutor para o desenho industrial e adentrar as casas
com o design e as estéticas contemporâneas – pop	e	kitsch.
3.3 Minimalismo
Apesar das controvérsias conceituais sobre a arte	minimalista, trabalharemos com a ideia desenvolvida por
Gompertz (2013) de que os artistas minimalistas propuseram uma nova ordenação de formas, materiais,
cores e volumes para a arte contemporânea, envolvendo conhecimentos e projetos que se utilizavam das artes
aplicadas: design, arquitetura, moda, entre outras. O minimalismo fortalece a ideia de simplicidade,
despojamento e reutilização de materiais, aprofundando a relação entre arte e ambiente natural/humano.
Nesse sentido, a arte minimalista adentrou os espaços das casas, das áreas urbanas, assim como os das
galerias e museus. Foi um gênero que teve muita aceitação e demanda de negócios na arte e em outras áreas.
Exatamente por esse motivo alguns crı́ticos, artistas e historiadores de arte colocam em xeque a relevância do
movimento minimalista, bem como da pop	art – a reprodutibilidade das artes, a “perda da aura” do objeto de
arte, como era concebida anteriormente. Essas questões in�luenciaram profundamente a concepção do que é a
arte em tempos de cultura urbana e da indústria cultural.
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#PraCegoVer: na imagem podemos conferir uma escultura que consiste em grandes estruturas de madeira
em forma retangular e com uma inclinação de ângulo. As estruturas são ocas, como molduras ou nichos. Há
seis delas, posicionadas lado a lado.
 
A escultura de Donald Judd (1928-1994) remete a estruturas de paralelepı́pedos de madeira compensados,
trazendo materiais e formas bastante usadas pelos artistas minimalistas, tal qual a ambientação limpa e
harmônica, sob certa assimetria.
Judd, Robert Morris (1931), Carl Andre (1935) e Tony Smith (1912-1980) foram alguns dos artistas
minimalistas cujos trabalhos apresentam caracterı́sticas que se tornaram mais conhecidas no gênero, como a
simplicidade	 aparente, a neutralidade, o despojamento e o manejo de	 materiais	 reutilizados e/ou
industriais,	levantando uma bandeira de sustentabilidade, uso de cores claras e mais naturalidade na luz e na
ambientação.
Outros artistas se utilizaram do conceito de simpli�icação do minimalismo, mas negaram alguns outros
preceitos, constituindo o chamado pós-minimalismo. Entre eles, temos nomes como Richard Serra (1939),
Eva Hesse (já mencionada nesta unidade), Robert Smithson (1938-1973), Richar Long (1945), entre outros.
Esses artistas objetivavam formar uma nova sensibilidade por meio desuas obras e se dedicaram a pesquisar
outros materiais, cores e substâncias, introduzindo novidades na tendência minimalista. São elas: feltro,
chumbo, ferro e até neon, em evidente contraposição à simpli�icação dos minimalistas “clássicos”. Nesse
dinamismo cultural, as mudanças aconteciam, o potencial criativo dessas gerações revelava-se, assim como a
latente crise que isso efetivava no modernismo, escrevendo uma nova página na história da cultura e da arte.
Figura 4 - Escultura sem tı́tulo, Donald Judd, 1973
Fonte: Todamo, Shutterstock, 2020.
3.4 Arte contemporânea: o que é, afinal?
Talvez o mais certo a se dizer em relação às teorias	artísticas que tentam de�inir a arte contemporânea é que
“[...] não existe mais uma forma especial que determine como devem ser as obras de arte” (DANTO, 2006, p.
52).
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Algumas teorias antigas e outras atuais tentam de�inir a arte, mas desde o movimento moderno e,
principalmente, das vanguardas artı́sticas, com dadaı́stas e surrealistas, tudo foi repensado. E não poderia ser
diferente. As teorias da imitação (representacional ou neorepresentacional) ainda que deem conta de de�inir
ou explicar algumas obras de arte, não conseguem vislumbrar outras com cargas mais subjetivas ou que não
representem o que está convencionado como real, por exemplo. Mesmo que alguns crı́ticos ou historiadores
tenham �lexibilizado os alicerces que sustentavam a teoria da imitação, ela não dá conta de de�inir a
contemporaneidade da arte.
Já a teoria da expressão (COSTA, 2009; KOSLOWSKI, 2013) sustenta que a arte expressa as emoções do artista.
Assim, são consideradas arte as obras que despertam no público as mesmas emoções de quem a criou.
Entretanto, será que toda obra de arte consegue atingir a intenção do artista?
A teoria formalista reitera que a obra de arte é aquela que possui uma forma signi�icante, que produz emoção
estética, ou seja, que causa emoção no espectador pela sua forma (COSTA, 2009; KOSLOWSKI, 2013). Os
artistas modernistas apostavam fortemente nas formas. Para além da beleza, o que mais importa nessa teoria
é a emoção estética. Porém, será que ela também daria conta de de�inir outros movimentos artı́sticos além de
seu tempo?
Outra tentativa de de�inir a arte veio com uma teoria prototı́pica (KOSLOWSKI, 2013) que propõe a análise da
obra de arte por semelhança e familiaridade com outras obras, para que se chegue a alguma de�inição. Tal
ideia foi baseada na obra Investigações	Filosó�icas, publicada em 1953, por Ludwig Wittgenstein (1889-1951).
Contudo, o que se observa são as várias tentativas de se compreender as mudanças no campo da arte,
proporcionadas pelas crı́ticas dos modernistas à arte precedente ao século XX. As crı́ticas continuaram
acontecendo entre os pós-modernos e contemporâneos, exacerbando as intenções do artista em relação aos
momentos históricos – entre guerras e pós-guerra, por exemplo.
Ainda há a teoria institucional da arte (DANTO, 2006; COSTA, 2009; KOSLOWSKI, 2013), na qual se defende
que é a teoria, o conhecimento da história da arte e o ato de a pensar que fazem a obra, não somente seus
elementos visı́veis. Ou seja, para de�inir arte seria preciso viver o “mundo da arte”. A questão que se coloca
aqui também é a da importância que uma instituição social pode dar ao “artefato” ou “obra de arte”, elevando-o
ou não ao estatuto de arte. Nesse sentido, podemos relembrar a obra Fonte, de 1917, criada por Marcel
Duchamp (1887-1968). Então, quem de�ine se algo é arte ou não, é a instituição. Se o artefato vai para uma
galeria ou museu, consagra-se como um objeto de arte. Ao sair desses lugares aceitos socialmente ou
convencionados artisticamente como “santuários da arte”, deixa de ser uma obra artı́stica.
Diante disso, voltamos à pergunta: o que é arte? E como podemos localizar essa de�inição na
contemporaneidade? A resposta que conseguimos tecer é a de que di�icilmente uma única teoria dará conta de
de�inir ou analisar a arte, sobretudo, em suas manifestações mais atuais. Provavelmente, seria interessante
olharmos para o que o artista e a obra comunicam; como esta foi materializada, quais foram as técnicas,
formas e intencionalidades; como atinge o espectador e qual seu contexto; como foi ambientada sua
exposição, qual é o conceito transmitido e qual é a emoção proporcionada. Depois disso �ica perceptı́vel que
uma única teoria não pode trazer essa resposta ou de�inição, mas as diferentes propostas teóricas podem
complementar-se.
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O que a arte	conceitual proporcionou a essa discussão mais contemporânea foi exatamente a ideia de que
nem tudo precisa ter um único sentido, uma única via analı́tica. A multiplicidade do fazer artı́stico, assim
como os lugares de consagração das obras de arte, podem ser diversi�icados. O hibridismo cultural e as
experiências artı́sticas renovam a própria de�inição de arte e tornam essa tarefa um tanto mais complexa.
VOCÊ QUER LER?
Uma boa dica para que você aprofunde seus conhecimentos sobre essa temática tão
importante é ler o artigo “Acerca do problema da de�inição de arte”, de Adilson
Koslowski (2013). O conteúdo traz uma sıńtese bem estruturada da discussão, com
linguagem bastante acessıv́el. Boa leitura!
3.5 Arte contemporânea e mercado da arte: uma síntese
Assim como o conceito e a percepção do fazer artı́stico na contemporaneidade mudaram, outros valores
foram desenvolvidos para acompanhar o ritmo das transformações e da introjeção do gosto e de novos juı́zos
estéticos. O velho e o novo na arte, porém, continuavam a existir e até coexistir. No quesito valor	monetário
de uma obra de arte	contemporânea, alguns critérios seguiam sendo os adotados de forma mais tradicional,
outros condiziam com as novas orientações de um mercado que começava a se mostrar mais
internacionalizado e globalizado. Principalmente no campo das artes visuais, com novos conteúdos e
formatos multimidiáticos de apelo mais popular, com elementos do cotidiano e da cultura de massas, como,
por exemplo, as obras da pop	art, dos minimalistas e pós-minimalistas.
Dentre os critérios do mercado	da	obra	de	arte, que atende também as exigências da arte contemporânea
(guardadas suas singularidades artı́sticas, temporais e atemporais), temos os seguintes: qualidade intrı́nseca
da obra de arte; notoriedade do artista; aceitabilidade e receptividade da obra e do artista; caracterı́sticas de
novidade, singularidade, originalidade/autenticidade (ALMEIDA, 2009).
O status da obra de arte é dado pelo reconhecimento desta pelos colecionadores particulares, curadores das
galerias e museus e/ou agenciadores de arte. O valor atribuı́do a uma obra ou artista é
convencionado/acordado entre vários atores sociais envolvidos, assim como pelo crivo dos consumidores da
arte. Entretanto, nem sempre isso é feito de forma a contemplar plenamente os juı́zos das partes envolvidas,
ou seja, muitas vezes o mercado dita as regras e os valores. As mı́dias, dentro de uma cultura do consumo de
arte, também se con�iguram como mediadoras no processo de valorização e monetarização. Historicamente,
no entanto, sempre foi uma questão polêmica e complexa estipular o preço de uma criação artı́stica, por conta
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dela ser uma produção única, mas consistir em um produto comercializável. A problemática da
mercantilização da arte é uma questão sempre atual, mas a contemporaneidade trouxe a �igura do curador e do
artista-curador, ampliando o agenciamento da arte.
Conclusão
A arte contemporânea perpassa momentos de transformação na sociedade atual e é diretamente afetada por
eles. No entanto, os movimentos culturais e a artepós-moderna constituı́ram uma nova percepção da vida e
da arte, promovendo novas formas de pensá-la, considerando os processos de individuação, autoria,
originalidade, multiplicidade e heterogeneidade.
A obra de arte não consiste mais em um objeto material, como era na arte moderna. Agora outras formas e
manifestações da arte ocupam esse espaço, como ideias, performances, documentações visuais, intervenções
ou, até mesmo, projetos de intervenções, esboços do artista ou planos de execução da obra. Tudo ganha um
novo status com a arte contemporânea e, assim, apresenta-se uma visão renovada sobre o sistema da arte e
suas classi�icações.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
identificar elementos da arte contemporânea em suas
manifestações, como pop art, minimalismo, pós-minimalismo,
performance, intervenções artísticas e outros gêneros;
compreender como os movimentos sociais e culturais do pós-
guerra interferiram na visão de mundo e no fazer artístico;
conhecer outros gêneros artísticos que acrescentaram inovação e
democratização às artes, assim como geraram polêmicas em torno
do ser ou não ser arte;
retomar algumas teorias artísticas e localizar a passagem da arte
moderna para a contemporânea em termos estéticos e
conceituais;
conhecer alguns elementos e características do mercado da arte e
compreender, de forma sucinta, o processo de monetarização da
arte contemporânea.
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Bibliografia
21/11/22, 14:10 História da arte contemporânea
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