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APOSTILA 3 ANO

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1 
 
CENTRO EDUCA MAIS JOSÉLIA ALMEIDA RAMOS 
3° ANO / ESTUDANTE: 
2 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
ENTENDENDO A ARTE.....................................................................................................3 
pensandosobre o tema.......................................................................................................3 
Definição de arte.................................................................................................................3 
Elementos necessários para existir a arte..........................................................................3 
Funções da arte..................................................................................................................4 
A ARTE MODERNA: Contextualização histórica....................................................... . . . . .5 
Características gerais da Arte moderna ............................................................................8 
A construção, a desconstrução e a reconstrução da forma ..............................................8 
Principais Movimentos Artísticos Modernos - Século XX ...............................................11 
Fauvismo.............................................................................................................................11 
Futurismo.............................................................................................................................12 
Cubismo ...................................................................................................................... . . . . 1 3 
Expressionismo ................................................................................................................ 1 6 
Abstracionismo....................................................................................................................18 
surrealismo .........................................................................................................................21 
Dadaísmo ...........................................................................................................................23 
O Modernismo no Brasil ....................................................................................................26 
Modernidade e Identidade Nacional...................................................................................28 
Os/As Artistas Modernos/as Brasileiros ............................................................................30 
Semana de Arte Moderna....................................................................................................31 
Referências Bibliográficas .......................................................................................... . . . . .32 
Arte Contemporânea...........................................................................................................36 
Pop Art.................................................................................................................................37 
Arte Conceitual....................................................................................................................41 
Instalação............................................................................................................................41 
Performance........................................................................................................................42 
Minimalismo.........................................................................................................................43 
Body Art...............................................................................................................................43 
Video Art..............................................................................................................................44 
Land Art...............................................................................................................................44 
Roteiro para leitura de obra de arte .................................................................................46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
1 ENTENDENDO A ARTE 
 
 
1.1 PENSANDO SOBRE O TEMA 
 
Você já viu alguma imagem e ficou na dúvida se ela era ou não uma obra de arte? Quaisforam as 
imagens? 
Como você faria para distinguir a imagem de um cartaz de filme de cinema ou de umatela pintada 
como sendo arte? 
Você sabe o que é arte e para quê ela serve? 
 
1.2 DEFINIÇÃO DE ARTE 
 
O termo arte vem do latim “ars” que significa “arranjo”, “habilidade”. O mundo da arte é concreto 
e vivo podendo ser produzido, apreciado e compreendido. Através da experiência artística o ser humano 
desenvolve sua imaginação e criação aprendendo a conviver com seus semelhantes, respeitando as 
diferenças e sabendo modificar sua realidade. 
A arte é uma das primeiras manifestações da humanidade como forma do ser humano marcar sua 
presença criando objetos e formas (pintura nas cavernas, templos religiosos, roupas, quadros, filmes etc) 
que representam sua vivência no mundo, comunicando e expressando suas idéias, sentimentos e 
sensações para os outros. 
Desta maneira, quando o ser humano faz arte, ele cria um objeto artístico que não precisa nos 
mostrar exatamente como as coisas são no mundo natural ou vivido e sim, como as coisas podem ser, de 
acordo com a sua visão. 
A função da arte e o seu valor, portanto, não estão no retrato fiel da realidade, mas sim, na 
representação simbólica do mundo humano. 
Dentre os possíveis e variados conceitos que a arte pode ter podemos sintetizá-los do seguinte 
modo: 
 
Portanto, para apreciarmos a arte é necessário aprender sobre ela. Aprender a observar, a analisar, 
a refletir, a criticar e a emitir opiniões fundamentadas sobre gostos, estilos, materiais e modos diferentes 
de fazer arte. 
 
 
1.3 ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA EXISTIR A ARTE 
 
Para existir a arte são necessários três elementos: 
 O ARTISTA 
 O OBSERVADOR 
 A OBRA DE ARTE 
 
O primeiro elemento é o artista, aquele que cria a obra, partindo do seu conhecimento concreto, 
abstrato e individual transmitindo e expressando suas idéias, sentimentos, emoções em um objeto 
artístico (pintura, escultura, desenho etc) que simbolize esses conceitos. 
 
A arte é uma experiência humana de conhecimento estético que transmite e expressa idéias e 
emoções na forma de um objeto artístico (desenho, pintura, escultura, arquitetura, teatro, música, dança 
etc) e que possui em si o seu próprio valor. 
4 
 
as técnicas que melhor se encaixam à sua proposta de arte e como expor seu conhecimento de 
maneira formal no objeto artístico. 
O outro elemento é o observador, que faz parte do público que tem o contato com a obra, 
partindo num caminho inverso ao do artista – observa a obra para chegar ao conhecimento de mundo 
que ela contém. Para isso o observador precisa de sensibilidade, disponibilidade para entendê-la e 
algum conhecimento de História e História da Arte, assim poderá entender o contexto em que a 
obra foi produzida e fazer relação com o seu próprio contexto. 
Por fim, a obra de arte ou o objeto artístico, faz parte de todo o processo, indo da criação 
do artista até o entendimento e apreciação do observador. A obra de arte guarda um fim em si 
mesma, sem precisar de um complemento ou “tradução” desde que isso não faça parte da proposta 
do artista. 
 
 
1.4 FUNÇÕES DA ARTE 
 
Cada sociedade vê a arte de um modo diferente, segundo a sua função. Nas sociedades indígenas 
e africanas originais a arte não era separada do convívio do dia-a-dia, mas presente nas vestimentas, nas 
pinturas, nos artefatos, na relação com o natural e o sobrenatural, onde cada membro da comunidade 
podia exercer uma função artística. 
Somente no séc. XX a arte foi reconhecida e valorizada por si, como objeto que possibilita 
uma experiência de conhecimento estético. 
 
Ao longo da história da arte podemos distinguir três funções principaispara a arte: 
 a PRAGMÁTICA ou UTILITÁRIA; 
 a NATURALISTA; 
 a FORMALISTA. 
 
Função pragmática ou utilitária 
A arte serve como meio para se alcançar um fim não-artístico, não sendo valorizada porsi 
mesma, mas pela sua finalidade. 
Segundo este ponto de vista a arte pode estar a serviço para finalidades pedagógicas,religiosas, 
políticas ou sociais. 
Não interessa aqui se a obra tem ou não qualidade estética, mas se a obra cumpre seupapel 
social de atingir a finalidade a que ela se prestou. 
 
Função naturalista 
O que interessa é a representação da realidade ou da imaginação o mais natural possível para 
que o conteúdo possa ser identificado e compreendido pelo observador. 
A obra de arte naturalista mostra uma realidade que está fora dela, retratando objetos, 
pessoas ou lugares. 
Para a função naturalista o que importa é a correta representação (perfeição da técnica) para que 
possamos reconhecer a imagem retratada; a qualidade de representar o assunto por inteiro; e o poder de 
transmitir de maneira convincente o assunto para o observador. 
 
Função formalista 
Atribui maior qualidade na forma de apresentação da obra preocupando-se com seus 
significados e motivos estéticos. 
A função formalista trabalha com os princípios que determinam a organização da imagem – 
os elementos e a composição da imagem. 
Com o formalismo nas obras, o estudo e entendimento da arte passaram a ter um caráter menos 
ligado às duas funções anteriores importando-se mais em transmitir e expressar idéias e emoções através 
de objetos artísticos. 
 
 
5 
 
 
A ARTE MODERNA 
 
Contextualização histórica 
 
O século XX foi um período da história da humanidade em que ocorreram 
grandes transformações que ditaram decisivamente os rumos da humanidade. 
Mudanças no terreno científico, tecnológico, social, político e econômico, que 
aconteceram como desdobramento de outras transformações ocorridas no século 
XIX. Vamos lembrar e analisar alguns acontecimentos marcantes deste século como 
um todo, e depois, especificamente, os acontecimentos que influenciaram a arte 
moderna. 
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) devasta a Europa, causa desequilíbrio 
moral, econômico e político. Perde-se a fé nos valores humanos do século XIX e 
nasce a psicanálise. Esta, aliada às novas noções de movimento e velocidade 
trazidas pelas tecnologias emergentes (automóveis, eletricidade, cinema), 
transforma gradativamente o modo de vida urbana e o pensamento do homem deste 
século. 
Mais tarde, com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e os novos avanços 
científicos como a Teoria da Relatividade, a bomba atômica, os antibióticos, 
velocidade supersônica, a conquista do espaço, as novas tecnologias da 
comunicação (rádio, imprensa, televisão, fotografia, cinema, computador), os valores 
e as estruturas sociais são questionados e postos sob revisão. 
Nestes contextos de rápidas transformações, a arte no século XX sofre 
profundas mudanças de paradigmas. Podemos destacar dois importantes 
movimentos artísticos que representam essas mudanças: a arte moderna, no início 
do século, e a arte contemporânea, surgida na 2A metade do século. Vamos estudar 
agora a arte moderna. No contexto específico de criação da arte moderna, podemos 
destacar alguns acontecimentos que tiveram grande influência: 
6 
 
 
 
 
 
Pense bem, não são poucas as mudanças citadas acima e suas conseqüências 
na vida das pessoas. 
Comparando com os movimentos artísticos que estudamos nos anos anteriores, 
observamos que a arte do século XX já não está mais a serviço da Igreja (como na 
arte medieval e no período do Barroco), nem do poder régio ou da aristocracia (como 
no Neoclassicismo). Sua função também não é mais a de retratar fielmente a 
sociedade (como no Realismo); nem pretende construir nenhum ideal humano (como 
faziam os renascentistas) e tampouco deseja representar a natureza e suas 
aparências sob os efeitos da luz (como pretendiam os impressionistas). Qual passa 
a ser a função da arte a partir de então? Qual a sua razão de ser nestenovo mundo? 
Será o de retratar o belo do ideal clássico ou copiar o real tal comoa fotografia? 
Aproveitando-se da “porta aberta” pelos impressionistas e os pós- 
impressionistas, os artistas modernos desafiaram radicalmente os padrões clássicos 
de beleza e a estética naturalista. Afirmavam que para o novo mundoque surgia 
deveria haver uma nova arte que expressasse a nova sensibilidade humana que se 
criara, afinal, a arte é histórica. 
Na Paris efervescente do final do século XIX e início do século XX, Montmartre 
transforma-se no centro da vida noturna de artistas, boêmios e intelectuais. Múltiplas 
teorias e manifestos artísticos eram produzidos e consumidos para a criação de 
novas teorias e novos manifestos. Como é freqüente em momentos de 
As grandes invenções e acontecimentos do final do século XIX e do início do 
XX 
- Bell e o telefone 
- Thomas Edison e a lâmpada de incandescência 
- Pasteur e as leis da assepsia 
- Linhas ferroviárias se multiplicam 
- Santos Dumont e o avião 
- A Primeira Guerra Mundial 
- A disseminação do uso do automóvel 
- A popularização da fotografia 
- A criação do cinema 
7 
 
 
 
crise, a criatividade humana disparou no início do século XX: nascia a Arte Moderna. 
Nem todo o mundo concordava com a nova estética e a grande maioria mesmo 
da sociedade ainda preferia a arte tradicional. Aqueles que concordavam e 
defendiam a nova e “estranha” arte que surgia eram chamados de vanguarda, pois 
propunham uma arte à frente de seu tempo, de sua época. Por isso o termo “arte de 
vanguarda”. 
 
Abaixo, um pequeno glossário para que você se familiarize com palavras que usamos 
na teoria da arte: 
 
 
NOVO = desligado do tempo, “o novo de cada um” 
MODERNO = “novo” no tempo, de tempo novo 
CONTEMPORÂNEO = do mesmo tempo 
VANGUARDA = de “avant gard” (à frente da guarda); o que 
ainda está por vir; está à frente. Será vanguarda o que 
determina alguma mudança no futuro 
 
 
 
 
”... na arte, mesmo aquilo que parece cópia fiel do natural é, na verdade, apenas uma 
pintura. Como tal, mantém uma relação de afinidade com seu modelo, mas constitui 
uma realidade diferente da dele. A arte que surge nessa passagem de século vai aos 
poucos abandonando o contato com o mundo visível. Deixa de procurar a superfície 
visível das coisas para penetrar no seu interior. Em vez de criar imagens parecidas 
com a realidade, os artistas preferiam aquelas que expressassem o que sentiam 
diante da realidade, ou seja, suas angústias e críticas. Tal posição nem sempre 
resultava em obras agradáveis ou verossímeis, mas os artistas haviam descoberto 
uma nova função para a arte” (Cristina Costa, “Questões de Arte”). 
8 
 
 
Características gerais da Arte moderna e de seus movimentos (os 
“ismos”) 
As principais correntes ou movimentos da arte moderna foram o Fovismo, o 
Cubismo, o Futurismo, o Expressionismo, o Dadaísmo, o Surrealismo, o 
Abstracionismo. Apesar de muito diferentes entre si, os movimentos modernistas 
apresentam algumas características gerais e marcantes. São elas: 
 A liberdade de criação que fez surgir várias correntes artísticas que conviveram, 
divergiram e se enriqueceram com as diferenças; 
 A nova concepção do espaço plástico que deixa de ser perspectivo e torna-se 
cada vez mais plano, valorizando-se a exploração dos elementos plásticos ou 
visuais (o ponto, a linha, a cor, a forma, o volume e o espaço) que passam a ser 
utilizados sem tanta preocupação com a representação do mundo visível; 
 O tema da obra perde a importância que tinha no passado e passa a ser um 
pretexto para a criação artística; 
 A experimentação de novas técnicas e materiais provocou o surgimento de novas 
linguagens artísticas como a colagem e a assemblagem, por exemplo; 
 A incorporação de referências artísticas de povos não europeus: a arte oriental, 
a arte africana, a arte indígena, entreoutras. 
 
A construção, a desconstrução e a reconstrução da forma: as 
novas relações espaciais 
 
A grande transformação artística desencadeada pela arte moderna pode ser 
descrita pelas palavras do pintor Maurice Denis: 
 
 
“Um quadro, antes de ser um cavalo de batalha, uma mulher ou qualquer outra 
anedota, é essencialmente uma superfície plana coberta de cores dispostas 
segundo uma certa ordem.” 
9 
 
 
 
 
Esta é a grande revolução: A pintura não é mais apenas um veículo, um 
instrumento para o desenho ou o “assunto” abordado na tela. A pintura, assim 
como a escultura e outras formas artísticas, é, em si mesmo, o foco principal da arte. 
A sua superfície, sua textura, suas manchas de cor, sua matéria concreta se 
tornam o próprio “assunto” da arte. O tema inspirador deixa de ser representado por 
si próprio; ou seja, para ser avaliado de acordo com os critérios naturalistasque 
asseguravam qualidade à representação caso ela reproduzisse o assuntoescolhido 
com uma objetividade perfeita. Esse não é o ideal dos modernos. Para eles, cada 
vez mais o tema ou o assunto de uma obra trata-se de um meropretexto para criar 
composições artísticas onde os elementos visuais estejam se relacionando de 
maneira nova, criativa e sugerindo sensações visuais significativas. 
 
 
 
 
 
 
Atividade 1: 
Qual a diferença entre arte naturalista e arte figurativa? Será que toda arte 
figurativa é naturalista? E o inverso, será que toda arte naturalista é figurativa? 
Pesquise e discuta com seus colegas sobre o significado desses dois termos e 
responda as perguntas acima. 
10 
 
 
 
Atividade 2: Leitura de Obra de Arte 
 
 
 
 
A autonomia da obra de arte em relação ao mundo visível (o assunto ou o tema) 
foi ficando cada vez maior até chegar o ponto em que ele foi completamente abolido 
das composições artísticas. Cabe então perguntar: o que sobrou para os artistas 
representarem? 
A resposta é que os artistas que chegaram a esse ponto não queriam mais 
representar (representar = reapresentar, ou seja, apresentar de novo) o mundo 
visível. Para eles a arte não deveria ser de forma alguma apenas o reflexo da 
realidade visível. Ela é o espaço para a criação de novas realidades. 
E que realidades são essas? As realidades plásticas que os artistas criam usando 
apenas os elementos visuais que passam a se relacionar livremente no espaço (bi 
ou tridimensional) sem as imposições das leis da representação. A imagem figurativa 
foi totalmente desconstruída e liberou os artistas para a (re)construção de novas 
imagens (agora, às vezes, abstratas, pois não tinhammais nenhuma intenção de 
descrever o mundo visível e se distanciavam cada vez mais das referências deste 
mundo), totalmente livres de qualquer imposição representacional. 
Chegar a esse ponto parece ter sido a grande procura inconsciente da arte desde 
o Impressionismo. E, a partir daí, houve então um “divisor de águas” na arte moderna. 
Ela se dividiu entre os movimentos que, mesmo sem naturalismo, ainda faziam uso 
da representação (o fovismo, o cubismo, o futurismo, o expressionismo, o dadaísmo, 
o surrealismo) e os movimentos artísticos não representacionais (o abstracionismo, a 
arte concreta, a Op Art). 
 Analisar formalmente (verifique roteiro de leitura de obra no final da apostila) a 
obra “Mademoiselle D’Avignon”, de Pablo Picasso. Em seguida, relacione as 
observações feitas na sua leitura com as características da arte moderna 
destacadas anteriormente. 
11 
 
 
 
 
Principais Movimentos Artísticos Modernos - Século XX 
 
FAUVISMO 
 
O fauvismo é uma corrente artística do início do século XX aliada à pintura, tendo 
como uma das características a máxima expressão pictórica, onde as cores são 
utilizadas com intensidade, além de outras, como a simplificação das formas, o estudo 
das cores. Os seus temas eram leves, e não tinham intenção crítica, revelando 
apenas emoções e alegria de viver. 
 
 As cores eram utilizadas puras, para delimitar planos, criar a perspectiva e 
modelar o volume. O nome da corrente deve-se a Louis Vauxcelles. Esse chamou 
alguns artistas de Les Fauves” (que significa “feras” em português) em uma exposição 
em 1905, pois havia ali a estátua convencional de um menino rodeada de pinturas 
nesse novo estilo. Os princípios desse movimento foram: 
 
 Criar, em arte, não possui relação com o intelecto ou sentimentos; 
 Criar é considerar os impulsos do instinto e das sensações primárias; 
 Exaltação da cor pura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Henri Matisse, A dança, Henri Matisse, 1910. 
 
 
12 
 
Participaram do movimento fauvista os pintores: Henri Matisse, Maurice de Vlaminck, 
André Derain e Othon Friesz; principais responsáveis pelo gosto do uso de cores puras, 
presentes no cotidiano atual, em objetos e peças de vestuário. O principal 
representante do movimento Fauvista foi Henri Matisse, que tinha por característica a 
despreocupação com o realismo, onde as coisas representadas eram menos 
importantes do que a forma de representá-las. Por exemplo, “Natureza morta com 
peixes vermelhos”, pintado em 1911, quando se observa que o importante são as cores 
puras e estendidas em grandes campos, essenciais para a organização da 
composição. 
 
FUTURISMO 
 
O futurismo é um movimento de vanguarda europeu cuja perspectiva 
antiacadêmica foi responsável pelo surgimento do modernismo brasileiro. 
Ele surgiu em 1909, com a publicação do Manifesto futurista, de Filippo 
Tommaso Marinetti, em um contexto de tensão política entre as grandes potências 
que antecedeu a Primeira Guerra Mundial e de uma evidente evolução 
tecnocientífica. Assim, o movimento é conhecido pelo seu radicalismo ao propor 
a “destruição do passado”. 
São características do futurismo o antitradicionalismo e o culto à guerra e à 
velocidade, principalmente. Esse movimento, na Europa, foi representado por 
artistas como os pintores Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Giacomo Balla, Gino 
Severini e Luigi Russolo. No Brasil, ele foi responsável pelo surgimento do 
modernismo, que assimilou o seu antitradicionalismo, com vistas à criação de uma 
arte nova e libertária. 
→ Características: 
 Antitradicionalismo; 
 Liberdade de criação; 
 Renovação estética; 
 Otimismo; 
 Dinamismo; 
 Culto à guerra e à violência; 
 Iconoclastia; 
 Mecanização; 
 Culto à velocidade e à tecnologia. 
→ Principais artistas: 
 Filippo Tommaso Marinetti; 
Umberto Boccioni, Carga dos Lanceiros, 1915. 
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/primeira-guerra-mundial.htm
13 
 
 Umberto Boccioni; 
 Carlo Carrà; 
 Giacomo Balla; 
 Gino Severini; 
 Luigi Russolo; 
 Antonio Sant’Elia; 
 
CUBISMO 
 
 
Podemos dizer que o Cubismo é um movimento artístico decorrente da 
preocupação que Cezànne tinha em relação ao estudo da forma. Desenvolvido por 
Picasso (1881 – 1973) e Braque (1882 – 1963), rompeu com a idéia deimitação da 
natureza e abandonou as noções tradicionais de perspectiva. Esses artistas 
procuravam novas maneiras de retratar o que viam e, influenciados por Cézanne, 
passaram a valorizar as formas geométricas e a retratar os objetos e as pessoas 
como se estivessem partidos, ou multiplamente retratados segundo os diversos 
pontos de vista sob os quais eram observados. Todas as partes de um objeto (lados, 
parte superior e inferior) eram representados em um único plano, ao mesmo tempo, 
como se o artista visse esse objeto de vários ângulos diferentes simultaneamente. 
 
 
Essa forma de representação fragmentada e múltipla é a marca registrada do 
Cubismo. 
Uma outra importante característica trazida pelo Cubismo é a incorporação de 
outros materiais e técnicas. Com o Cubismo surgem as experimentações no campo 
da colagem, que passa a ocupar um lugar, digamos, mais nobre no universo da arte. 
Então, elementos como as palavras, pedaços de papel, de jornais, de rótulos, letras, 
números, pedaçosde vidro e de madeira, começam aser adicionados às pinturas.
É o “tudo-ao-mesmo-tempo-agora” de que falam os Titãs, 
concretizado na pintura. O Cubismo traz a 4A dimensão à pintura: O 
TEMPO! A VELOCIDADE! A possibilidade de se visualizar um objeto 
por todos os ângulos ao mesmo tempo. 
14 
 
 
 
 
 
 
“A mesa do músico”, Georges Braque 
 
 
 
COLAGEM 
Composição elaborada a partir da utilização de matérias de texturas variadas ou não, 
superpostas ou colocadas lado a lado, na criação de um motivo ou imagem a ele associada. 
No período entre 1912-1914, época da evolução do cubismo, o termo referia-se ao 
processo, adotado por Picasso e Braque, de aplicar no suporte pictórico tecidos, papéis 
pintados, recortes de jornal e outros materiais. O uso de elementos de texturas diversas 
na colagem estendeu-se, depois, ao domínio da escultura, vindo a influir em criações do 
surrealismo. 
Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Maria de Los 
Remedios Cipriano de La Santíssima Trinidad Ruiz y Picasso (1881-1973). 
Este é o nome completo daquele que se transformou no ícone da arte moderna, 
talvez o mais representativo de todos os pintores de sua geração. 
Para Apollinaire, famoso crítico de arte francês, Picasso com sua arte diferenciou 
o século XX do século XIX, destruindo com altiva insolência trinta séculos da arte 
ocidental para harmonizá-la com o mundo novo. 
15 
 
 
 
 
 
 
 
Em algumas obras cubistas, o artista se preocupou tanto em apresentar 
simultaneamente todos os lados de um objeto escolhido que, devido à fragmentação 
excessiva desse objeto, ficou quase impossível reconhecê-lo na pintura. 
 
O Cubismo, para Apollinaire, é o assassinato da anatomia. E Picasso foi o seu 
cirurgião-mor. O Cubismo é o abandono da rotina da pintura-sentimento e da pintura- 
tema.; transformando-a em linguagem exclusivamente pessoal, dentro da nova 
organização de espaço, estrutura e ritmo. Principalmente ritmo. 
 
Atividade 4 
 
Você vai experimentar agora a sensação de ser um pintor cubista. Escolha um objeto (ou 
pessoa) para ser o seu modelo. Agora corte uma folha do seu caderno Cansonem 
oito partes iguais. Desenhe em cada parte dessas o seu objeto visto de pontos de vista 
diversos. Mexa-se em volta dele, veja-o e desenhe-o de diversos ângulos diferentes, sem 
preguiça. Depois de realizada esta etapa, você vai cortar estes pequenos desenhos, 
fragmentos de imagens e montá-los, colando-os em outra folha de papel. Procure, em 
folhas de revistas, letras que possam formas a palavra que nomeia este objeto (ou nome 
da pessoa retratada) e cole estas letras no seu trabalho, da melhor maneira que achar. 
Mas lembre-se de que as palavras numa composição cubista são elementos visuais e 
não títulos ou legendas explicativas. Seja criativo, 
aproveite esta oportunidade 
16 
 
 
 
 
 
 
EXPRESSIONISMO 
 
 
O Expressionismo já indica, com seu próprio nome, a principal razão de sua 
existência: expressar os sentimentos e visões de mundo dos seus artistas. 
Representado principalmente por Munch, Kirchener, Dufy, Kokoschka, o 
Expressionismo já fora anunciado pelo pintor pós-impressionista Van Gogh, seu 
grande precursor. Os artistas expressionistas estavam inconformados com a 
aparência vulgar e convencional do mundo visível e com o modo descritivo com que 
a arte acadêmica representava este mundo. Passam então a distorcer as formas 
naturais para expressar suas emoções, seus sentimentos particulares e sua visão 
sobre o mundo. Para isso fazem uso de cores fortes, de traços e linhas marcados e 
vibrantes, que resultam em uma dramaticidade e expressividade extremas. 
 
 
 
 
Uma obra pictórica que é considerada um símbolo do Expressionismo é “O 
Grito”, do pintor alemão Edvard Munch, já vista anteriormente, na parte dois de nossa 
apostila. Outras obras trazem também características marcantes do Expressionismo 
na pintura: 
O expressionismo manifestou-se também no cinema alemão e 
russo do início do século. Assim como na pintura, os filmes 
expressionistas (o cinema ainda era em preto e branco nesta época) 
rompem também com o realismo das formas, através de imagens que 
fazem uso do exagero expressivo, imagens plenas de dramaticidade e 
teatralidade. Aí também os temas são soturnos e densos. 
17 
 
 
 
 
“Cinco mulheres na rua”, Kirchener. 
 
 
Atividade 5 
Observe esta outra obra de Munch. Ela não te lembra uma certa obra do 
mestre Van Gogh? Tanto Munch como Van Gogh, nas suas pinturas, distorcem as 
linhas e as cores de modo a submetê-las à expressão de suas emoções. Pesquise 
e cole aqui a obra de Van Gogh que se assemelha a esta pintura de Munch. 
 
“Fumaça do trem”, Edvard Munch 
18 
 
 
 
 
ABSTRACIONISMO 
 
 
De um modo amplo, a palavra abstrato pode ser aplicada a qualquer obra de arte 
que não faça uma representação imediata dos objetos. O artista abstracionista usa 
cores, linhas e manchas para criar formas indefinidas, não copiando mais a realidade. 
O pintor russo Vassily Kandinsky (1866-1944) é considerado por muitos historiadores 
o iniciador da pintura abstrata no sistema de arte ocidental (é importante não 
perdermos de vista que estamos estudando a história da arte ocidental e, neste 
momento, lembrarmos que representações abstratas já haviam sido exploradas pela 
arte indígena e pela arte africana, entre outros sistemas de arte). 
O termo abstracionismo geralmente é usado para designar algumas obras de arte 
do século XX de artistas que abandonaram a concepção tradicional de arte como 
imitação da natureza. Eles criaram em suas pinturas formas e cores que não estão 
imediatamente relacionadas com as formas e as cores dos objetos, ou seja, ao 
observamos uma pintura abstrata não identificamos de imediato o objeto ou a cena 
representada. 
 
 
 
 
 
É interessante perceber que alguns artistas que desenvolviam seu trabalho 
em outros movimentos modernos, como o Cubismo ou o Futurismo, por exemplo, 
radicalizaram tanto suas pesquisas nestes movimentos, que atingiram a abstração, 
mesmo não sendo este o seu objetivo primeiro. Há também artistasque misturam, 
numa mesma obra, formas figurativas e formas abstratas. Há também os que tiveram 
uma fase figurativa em sua carreira e outra abstrata. Os verdadeiros artistas estão 
sempre pesquisando, procurando novos caminhos e 
ABSTRAIR= SEPARAR 
ABSTRATA= SEPARADA DA FIGURA, DO MUNDO 
FIGURATIVO e IDENTIFICÁVEL 
19 
 
 
 
diferentes soluções para seu trabalho. Isso implica, muitas vezes, em mudança de 
rumo, em abandono de uma forma já estabelecida pela busca de uma nova forma de 
expressão. Correr o risco de caminhar por terrenos desconhecidos é umasituação 
que um artista não pode temer. 
Observando estas duas obras de Picasso, ambas “Naturezas Mortas”, 
perceba como o mesmo artista pode abordar de diferentes maneiras os elementos 
visuais em cada composição, chegando a dar-nos a impressão de que são obras 
de diferentes artistas. Observe também como a deformação pode levar a uma 
estilização das formas, aproximando-as de formas abstratas. 
 
 
 
 
 
“Fruteira”, Picasso “Copo e maço de cigarro”, Picasso 
 
O abstracionismo dominou a pintura moderna e se diversificou em duas 
tendências principais: o abstracionismo informal (que não faz uso de formas 
geométricas) e o abstracionismo geométrico. O abstracionismo informal, que tem em 
Kandinsky seu principal representante, expressa os sentimentos e idéias do 
20 
 
 
 
artista que, com total liberdade de expressão, utiliza cores, linhas e formas de 
maneira espontânea. 
Diferentemente do informal, no abstracionismo geométrico as formas e as 
cores são organizadas mais racionalmente e a base da composição é composta por 
linhas e figuras geométricas. O pintor e projetista russo Kazimir Malevich (1878 
–1935) e o pintor holandês Piet Mondrian (1878 – 1944) foram os pioneiros do 
abstracionismo geométrico. Podemos observar um desejo de objetividade,uma 
tendência antiindividualista e antiexpressionista, a busca de uma “arte pura”, das 
formas exatas e das cores puras (primárias), 
no abstracionismo geométrico. 
 
Observe as duas reproduções de pinturas abaixo, tentando perceber as 
características dos dois movimentos que fazem uso da abstração. 
 
 
 
 
 
 
“Primeira aquarela abstrata”, Vassili Kandinsky “Oito retângulos vermelhos”, Malevich 
21 
 
 
SURREALISMO 
 
 
O movimento Surrealista surgiu em Paris em 1924, fruto dos ideais de um grupo 
de escritores e artistas que, liderados por André Breton (1896 – 1966), valorizavam 
as pesquisas científicas, sobretudo a psicanálise. Esse grupo de artistas, que ficou 
conhecido como a vanguarda européia do início do século XX, baseava-se 
principalmente nos estudos de Freud e explorava o inconsciente e os sonhos nas 
expressões artísticas. Dessa maneira, as obras não seguiam nenhum padrão 
estético pré-determinado e não se prendiam à moral, à lógica e à razão.Elas muitas 
vezes parecem sem sentido, mas na realidade representam os pensamentos mais 
íntimos e verdadeiros do homem. Como representantes significativos do Surrealismo 
na pintura, podemos destacar, Salvador Dali (1904 – 1989). e René Magritte. 
Com o passar do tempo muitos artistas juntaram-se ao grupo, entre eles o pintor 
e designer russo Marc Chagall (1893 – 1983) e o pintor e artista gráfico espanhol 
Joan Miró (1893 – 1983). Este último foi um pintor representativo da linha 
abstrata dentro do Surrealismo. Como características formais de sua obra podemos 
destacar a linearidade e uso de sistemas simbólicos. 
 
Vejamos agora algumas pinturas surrealistas. Observe que alguns pintores 
surrealistas, na sua forma de representação, estão muito vinculados ainda à arte 
acadêmica, apesar de trazerem uma postura moderna na liberdade de expressão 
e abordagem do real (Dali e Magritte). Já outros, se distanciam do naturalismo das 
formas, chegando até a abstração (Juan Miró). Podemos dizer, porém, que as 
imagens do sonho e do subconsciente representam bem o universo surrealista, em 
ambos os casos. 
22 
 
 
 
 
“A Persistência da memória”, Salvador Dali “Composição”, Juan Miró 
 
 
 
 
 
“Violação”, Renè Magritte “O aniversário”, Marc Chagall 
 
 
Atividade 6: Leitura de obra de arte 
Escolha uma das obras surrealistas acima e faça, de acordo com o nosso roteiro, 
uma leitura formal desta obra. 
23 
 
 
 
 
DADAÍSMO 
 
 
Muitos artistas plásticos e escritores que eram contra a participação de 
seus países na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) se refugiaram em Zurique, na 
Suiça, e criaram em 1915 um movimento literário que propunha divulgar suas 
decepções diante da passividade das instituições em relação à guerra. Um desses 
artistas, o poeta romeno Tristan Tzara, para escolher um nome para este movimento, 
abriu aleatoriamente um dicionário e colocou o dedo sobre a palavra “dada”, que em 
francês significa “cavalinho de brinquedo”. A partir daí o movimento ficou conhecido 
como Dadá ou Dadaísmo. Com essa atitude Tzaraquis mostrar que tanto o nome 
quanto a própria arte do movimento não faziammais sentido num mundo irracional 
que estava devastado pela guerra. Tzara e seus contemporâneos, indignados com a 
falta de lógica dos acontecimentos políticos e sociais da época, criaram um estilo de 
arte considerado vazio de significado, pois era dessa forma que eles consideravam o 
mundo. O Dadaísmo surge então, resultando e confrontando não só a arte como o 
campo dos valores e do comportamento humano, propondo uma ruptura lógica com 
o nexo, buscando a incoerência. 
 
As idéias dadaístas (o manifesto do grupo foi escrito em 1918) foram divulgadas 
em vários países. Em Nova York, a segunda capital da arte moderna, o movimento 
foi fundado pelos artistas franceses Marcel Duchamp (1887 – 1968) e Francis Picabia 
(1879 – 1953) e pelo pintor, escultor e fotógrafo americano ManRay (1890 – 1977). 
Em 1912 Marcel Duchamp inventou um novo tipo de obra de arte, chamado “ready-
made”, que significa “já feito, pronto”. Seus ready-mades faziam uso de objetos 
industrializados (já prontos) para compor uma obra de arte. Ele construiu , por 
exemplo, uma obra com uma roda de bicicleta e a colocou sobre um banquinho. 
Mais tarde, 1917, ele trouxe a público em uma exposição um urinol, batizado de 
Fonte. Duchamp, com esses gestos provocativos, pretendia acabar 
24 
 
45 
 
 
com o conceito de beleza estética e questionar o papel da arte na sociedade 
moderna. Vamos ver futuramente como a apropriação dos objetos industrializados 
do Dadaísmo de Duchamp influenciou o movimento artístico que sucede a arte 
moderna: a arte contemporânea. 
 
“Presente”, Man Ray “A Fonte”, Marcel Duchamp 
 
 
PRINCIPAIS TÓPICOS 
Vamos agora recapitular as propostas trazidas pela Arte Moderna, enfatizando as 
principais características de cada movimento visto nesta apostila. 
Cubismo 
- Preocupa-se com o estudo da 
FORMA e do ESPAÇO 
-Quebra com o espaço perspectivo, 
mudando o código visual da arte. 
- Com o uso da colagem, desmistifica 
a idéia de que com materiais menos 
“nobres” não se pode fazer arte. 
- Estilo de arte racional baseado na 
geometria matemática. 
Principais artistas: Pablo Picasso e Georges 
Braque 
Expressionismo 
- Preocupa-se com a expressão dos 
sentimentos como a dor, a angústia, a 
raiva e a crítica. 
- Arte subjetiva. 
- Caráter emotivo e intenso. 
- As cores sugerem a profundidade e 
o modelado pictórico 
- Pinceladas fortes e marcadas. 
Principais artistas: Edvard Munch e 
Ernst Kirchener. 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Surrealismo 
- Liberta-se da moral e de questões 
sociais para expressar o que está no 
subconsciente. 
- Universo onírico e automatismo 
psíquico. 
Principais artistas: Salvador Dali, Juan 
Miró, Marc Chagall e René Magritte. 
Abstracionismo (geométrico 
informal) 
- Nega a figuração 
Busca a expressão pura das formas, 
cores e linhas. 
“Arte pura”. 
Principais artistas: Vassily Kandinsky (A. 
Informal); Piet Mondrian e Kazimir 
Malevich (A. geométrico) 
Dadaísmo 
Questiona os valores estéticos e 
morais através do sarcasmo e do 
nonsense. 
Criação dos ready-mades. 
Arte como provocação, proposta 
de atingir o público. 
Principais artistas:Marcel Duchamp 
e Man Ray. 
26 
 
 
 Modernismo no Brasil 
 
Modernismo, como nós já vimos, é o nome dado aos movimentos de renovação 
artística que surgiram no início do século XX na Europa. No Brasil, as tendências 
modernistas também se manifestaram e estão diretamente ligadas à Semana de Arte 
Moderna, exposição realizada no Teatro Municipal de São Paulo em 1922, da qual 
participaram poetas, artistas plásticos, músicos, romancistas etc. Esta exposição 
suscitou muitas críticas polêmicas, tanto da parte dos críticos de arte, como no âmbito 
do público de forma geral. Vamos ver como o Modernismo aconteceu por aqui. 
 
Modernidade e Identidade Nacional 
 
Até o advento do modernismo, nas ex-colônias portuguesas ou espanholas 
nunca houve uma arte verdadeiramente independente dos modelos oficiais da 
metrópole. A arte brasileira do século XIX estava vinculada ao poder do Estado e não 
era uma arte independente. Quando um artista pintava o seu país mostravaum Brasil 
idealizado, oficializado. Seguiam os esquemas neoclássicos adaptando- os aos 
assuntos nacionais: fatos da história do Brasil, retratos de personalidades e até 
mesmo cenas urbanas. A arte vigente, de acordo com uma estética ultrapassada, já 
não satisfazia os jovens pintores que realizaram a Semana de Arte Moderna de 22. 
 
 
 
 
Duas características marcaram o Modernismo no Brasil. 
1- Uma nova fase da nossa arte que se caracterizou em romper com o 
academicismo e atualizar (modernizar) o nosso meio artístico, pondo-o em 
 
 
 
 
 
 
“Um choque de modernidade!” 
27 
 
 
 
sintonia com a arte moderna que há duasdécadas já vinha sendo 
desenvolvida na Europa. 
2- Valorização das raízes da cultura brasileira, pondo em primeiro plano o 
povo brasileiro, suas crenças, seus costumes e seu folclore. 
O modernismo pretendeu atualizar o Brasil e foi inicialmente influenciado pelo 
Futurismo, o Expressionismo, o Cubismo e o Surrealismo. Ele surgiu em SãoPaulo 
devido ao início da industrialização, ao rápido desenvolvimento urbano da cidade na 
virada do século, às influências culturais trazidas pela massa de imigrantes e também 
por lá existir um ambiente cultural menos comprometido coma arte acadêmica do que 
o Rio de Janeiro, capital do país na época. 
Por outro lado, o clima da guerra (Primeira Grande Guerra Mundial) acirrou os 
ânimos nacionalistas. Intelectuais como Monteiro Lobato, Oswald de Andrade e Mário 
de Andrade, entre outros, preocupavam-se com a produção de uma arte com 
características brasileiras. 
Desenvolveram-se então vários movimentos, cada qual com sua proposta estética 
e seu manifesto. E o saldo de toda essa efervescência cultural foi o seguinte: 
 Houve uma atualização formal/estilística da arte brasileira. 
 Buscou-se retratar o povo brasileiro, sua cultura e sua natureza com o intuito 
de criar visualmente uma identidade nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que foi o Movimento Antropofágico? 
Este movimento foi iniciado no final dos anos 20 e afirmava a necessidade de 
“devorar” tanto as manifestações artísticas estrangeiras como a cultura popular 
brasileira. Pretendia-se, ao “digerir” esta mistura, produzir-se uma arte moderna e 
genuinamente nacional. Participaram desse movimento, entre outros, Oswald de 
Andrade, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. 
(Fonte:Calabria, C.P.B. & Martins, R. V. “Arte, História & Produção”. Editora FTD/Vol. 
I. SP, 1997) 
28 
 
 
Os artistas modernos brasileiros 
O primeiro momento modernista, durante os anos 20, é considerado como o 
momento da ruptura e introdução no cenário artístico brasileiro das novas estéticas 
européias. 
Lasar Segall, pintor, desenhista, escultor e cenógrafo, introduziu entre nós o estilo 
expressionista. 
Anita Malfatti (paulista), a partir das influências recebidas do surrealismo e do 
expressionismo foi pioneira na utilização arbitrária da cor na pintura. 
Di Cavalcanti (carioca), pintor e desenhista, transformou as influências cubistas e 
fauvistas numa arte pessoal associada aos temas nacionais, com destaque para a 
representação das mulata brasileira que passou a ser o símbolo da brasilidade. 
Vicente do Rego Monteiro (pernambucano), pintor, fez o seu “cubismo à brasileira”, 
uma arte interessada em retratar temas religiosos e mitos indígenas brasileiros. 
Vítor Brecheret (italiano radicado no Brasil) renovou a escultura brasileira criando 
peças com volumes geometrizados e poucas linhas que representavam figuras a 
partir da influência cubista. 
Muitas propostas, mas as novidades, no entanto, limitaram-se à arte figurativa. 
Nesse momento, ainda estávamos distante da experiência do abstracionismo, no 
âmbito da arte erudita (é bom lembrar que além da arte dita erudita, a arte indígena 
e de origem africana no Brasil sempre explorou formas abstratas nosseus trançados, 
cerâmicas, pinturas corporais, esculturas e ornatos). 
Mas não pense que a arte moderna se desenvolveu por aqui sem encontrar 
resistências por parte da crítica e do público. As coisas novas sempre incomodam 
e suscitam reações e questionamentos. A pintura pioneira de Anita Malfatti, por 
exemplo, causou grande comoção no meio artístico nacional quando foi apresentada 
ao público pela primeira vez. Ela dividiu a crítica de arte da época. Tente perceber 
esta polêmica a partir dos dois textos sobre sua obra que estão reproduzidos abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
Texto 1: 
“(...) todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que 
não dependem do tempo nem da latitude. (...) quando as sensações do mundo 
externo transformam-se em impressões cerebrais, nós ‘sentimos’;para que 
sentamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou quea harmonia 
do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em ‘pane’ 
por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sensorial se fizer 
normalmente no homem, através da porta comum dos cinco sentidos, um 
artista diante de um gato não poderá ‘sentir’ senão um gato, e é falsa a 
‘interpretação’ que do bichano fizer um totó, um escaravelho ou um amontoado 
de cubos transparentes.” 
 
Texto 2: 
 
 
“Belo da arte: arbitrário, convencional, 
transitório – questão de moda. Belo da 
natureza: imutável, objetivo, natural – tem a 
eternidade que a natureza tiver. Arte não 
consegue reproduzir natureza, nem este é seu 
Monteiro Lobato 
 
fim. Todos os grandes artistas, ora conscientes 
( ... ) ora inconscientes ( ... ) 
foram deformadores da natureza. 
Donde infiro que o belo artístico será tanto mais 
artístico, tanto mais subjetivo quanto mais 
se afastar do belo natural. Outros infiram o que 
quiserem. Pouco me importa.” 
Mario de Andrade 
 
 
E então, o que achou dos dois pensamentos? Qual dos dois está mais afinado com 
as propostas modernas? Você poderia identificar paralelos entre estes dois 
pensamentos do início do século passado com pensamentos atuais, a respeito da 
arte contemporânea? 
 
30 
 
 
 
 
Leitura da obra de arte 
Observe a reprodução da pintura “Retirantes” de Candido Portinari (Portinari fez 
uma série de pinturas sobre este mesmo tema e com o mesmo título) e faça, de 
acordo com o nosso roteiro, uma leitura formal desta obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
SEMANA DE ARTE MODERNA 
A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Theatro 
Municipal de São Paulo entre os dias 13 a 17 de fevereiro de 1922. O evento reuniu diversas 
apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras - pintura e escultura - e 
palestras. 
Os artistas envolvidos propunham uma nova visão de arte, a partir de uma estética 
inovadora inspirada nas vanguardas europeias. 
Juntos, eles buscavam uma renovação social e artística no país, evidenciada na "Semana de 
22". O evento chocou parte da população e trouxe à tona uma nova visão sobre os processos 
artísticos, bem como a apresentação de uma arte “mais brasileira”. 
Houve um rompimento com a arte acadêmica, contribuindo para uma mudança estética e 
para o Movimento Modernista no Brasil. Mário de Andrade foi uma das figuras centrais da 
Semana de Arte Moderna de 22. Ele esteve ao lado de outros organizadores: o escritor Oswald 
de Andrade e o artista plástico Di Cavalcanti. 
 
 
Características da Semana de Arte Moderna 
Uma vez que o intuito desses artistas era chocar o público e trazer à tona outras maneiras 
de sentir, ver e fruir a arte, as características desse momento foram: 
 
 Ausência de formalismo; 
 Ruptura com academicismo e tradicionalismo; 
 Crítica ao modelo parnasiano; 
 Influência das vanguardas artísticas europeias (futurismo, cubismo, dadaísmo, 
surrealismo, expressionismo); 
https://www.todamateria.com.br/vanguardas-europeias/
32 
 
 Valorização da identidade e cultura brasileira; 
 Fusão de influências externas aos elementos brasileiros; 
 Experimentações estéticas; 
 Liberdade de expressão; 
 Aproximação da linguagem oral, com utilização da linguagem coloquial e vulgar; 
 Temáticas nacionalistas e cotidianas. 
Veja também: Arte Moderna 
A Semana de 1922: Resumo 
Em 1922, quando a Independência do país completava cem anos, o Brasil passava por 
diversas modificações sociais, políticas e econômicas (advento da industrialização, fim da 
Primeira Guerra Mundial). Surge então a necessidade de recorrer a uma nova estética, e daí 
nasce a "Semana de Arte Moderna". 
Ela esteve composta por artistas, escritores, músicos e pintores que buscavam inovações. 
O intuito era criar uma maneira de romper comos parâmetros que vigoravam nas artes em 
geral. A maioria dos artistas era descendente das oligarquias cafeeiras de São Paulo, que junto 
aos fazendeiros de Minas, formavam uma política que ficou conhecida como “Café com Leite”. 
Esse fator foi determinante para a realização do evento, uma vez que foi respaldado pelo 
governo de Washington Luís, na época governador do Estado de São Paulo. 
Além disso, a maioria dos artistas - que tinha possibilidades financeiras para viajar e estudar 
na Europa - trouxe para o país diversas tendências artísticas. Assim foi se formando o movimento 
modernista no Brasil. Com isso, São Paulo demonstrava (em confronto com o Rio de Janeiro) 
novos horizontes e uma figura de protagonismo na cena cultural brasileira. 
Para Di Cavalcante, a semana de arte: 
Seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da 
burguesiazinha paulista. 
Foi assim que durante três dias (13, 15 e 17 de fevereiro) essa manifestação artística, política 
e cultural reuniu jovens artistas irreverentes e contestadores. 
O evento foi inaugurado pela palestra do escritor Graça Aranha: “A emoção estética da Arte 
Moderna”; seguido de apresentações musicais e exposições artísticas. O evento estava cheio e 
foi uma noite relativamente tranquila. 
No segundo dia, houve apresentação musical, palestra do escritor e artista plástico Menotti 
del Picchia, e a leitura do poema “Os Sapos” de Manuel Bandeira. Ronald de Carvalho fez a 
leitura, pois Bandeira encontrava-se em uma crise de tuberculose. Nesse poema, a crítica à 
poesia parnasiana era severa, o que causou indignação do público, muitas vaias, sons de latidos 
e relinchos. 
https://www.todamateria.com.br/arte-moderna/
33 
 
Por fim, no terceiro dia, o teatro estava mais vazio. Houve uma apresentação musical com 
mistura de instrumentos, exibida pelo carioca Villa-Lobos. 
Nesse dia, o músico subiu ao palco vestindo casaca e calçando em um pé sapato e no outro 
um chinelo. O público vaiou pensando que se tratasse de uma atitude afrontosa, mas depois foi 
explicado que o artista estava com um calo no pé. 
Principais Artistas 
 
 Mário de Andrade (1893-1945) 
 Oswald de Andrade (1890-1954) 
 Graça Aranha (1868-1931) 
 Victor Brecheret (1894-1955) 
 Plínio Salgado (1895-1975) 
 Anita Malfatti (1889-1964) 
 Menotti Del Picchia (1892-1988) 
 Ronald de Carvalho (1893-1935) 
 Guilherme de Almeida (1890-1969) 
 Sérgio Milliet (1898-1966) 
 Heitor Villa-Lobos (1887-1959) 
 Tácito de Almeida (1889-1940) 
 Di Cavalcanti (1897- 1976) 
 Guiomar Novaes (1894-1979) 
 Zina Aita (1900-1967) 
Repercussão da Semana de 22. 
A crítica ao movimento foi severa, as pessoas ficaram desconfortáveis com tais 
apresentações e não conseguiram compreender a nova proposta de arte. Os artistas envolvidos 
chegaram a ser comparados aos doentes mentais e loucos. 
Com isso, ficou claro que faltava uma preparação da população para a recepção de tais 
modelos artísticos. 
Monteiro Lobato foi um dos escritores que atacou com veemência as ações da Semana de 
22. Anteriormente, ele já havia publicado um artigo criticando as obras de Anita Malfatti, em 
uma exposição da pintora realizada em 1917. 
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas (..) A 
outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de 
teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos 
da cultura excessiva. (...) Embora eles se dêem como novos, precursores de uma arte a vir, nada 
https://www.todamateria.com.br/mario-de-andrade/
https://www.todamateria.com.br/oswald-de-andrade/
https://www.todamateria.com.br/graca-aranha/
https://www.todamateria.com.br/victor-brecheret/
https://www.todamateria.com.br/anita-malfatti/
https://www.todamateria.com.br/heitor-villa-lobos/
https://www.todamateria.com.br/di-cavalcanti/
34 
 
é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a 
mistificação(...) Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti onde se 
notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das 
extravagâncias de Picasso e companhia. 
 
 
35 
 
 
Fontes de pesquisa (Referências bibliográficas) 
 
 
 ALBERA, François. Eisenstein e o construtivismo russo. Cosac&Naify, São 
Paulo, 2002. 
 ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Editora Schwarcz, São Paulo, 1993. 
 BRITO, Ronaldo. Neoconcretismo. Cosac&Naify, São Paulo, 1999. 
 PROENÇA, Graça. História da Arte. Ed. Ática; SP, 2001. 
 VASCONCELLOS, T. & NOGUEIRA, L. Reviver nossa Arte. Vol. 2; São Paulo: 
ed. Scipione, 1993 
 Modernismo - Projeto Arte Brasileira. Rio de Janeiro, FUNARTE/Instituto 
Nacional de Artes Plásticas, 1986. 
 Enciclopédia Virtual “Caras”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
4. ARTE CONTEMPORÂNEA 
 
É a arte do nosso tempo. Marcada pela quebra de padrões, pela liberdade total de criar, representar 
e propor situações e também pela pesquisa e uso das novas tecnologias (vídeo, holografia, som, 
computador, etc.). A arte contemporânea se aproxima da vida, nela, tudo pode ser incorporado, o 
expectador é provocado e convidado às mais variadas reflexões sobre a arte e sobre a vida. A arte se 
integra à própria vida. Beleza, feiúra, ironia, política, percepções, sensações, sucata, lixo, e até o próprio 
corpo, tudo pode ser material artístico. Ainda na década de 60 surge a Arte Conceitual, cuja arte passa a 
questionar a própria função da arte. O suporte da arte passa a ser a idéia, o conceito. Em oposição à arte 
conceitual, na Arte Formal (principalmente a abstração geométrica) os artistas aprofundam as pesquisas 
dos elementos visuais iniciadas pelos pintores modernos. A arte é plural e permite uma multiplicidade 
nunca antes vista neste campo. As instalações imperam nas exposições contemporâneas. A arte não precisa 
mais ser eterna, nem é feita para perdurar. O efêmero, o momento, a passagem do tempo marcam boa 
parte das obras contemporâneas. 
A pesquisa e o uso de materiais variados e inusitados estão presentes nas obras. Na Arte Contemporânea 
há exploração de todos os sentidos, não só da visão, mas também o tato, paladar e audição, exigindo do 
público, muitas vezes, uma participação ativa para que a obra se realize. 
Mudaram os tempos, mudou a arte e sua função. Não esqueçamos que a arte é histórica, e cada 
vez mais, política e provocativa; porém sempre original e criativa. 
 
 
Vejamos alguns conceitos que se transformam na arte da contemporaneidade, no que diz respeito: 
1- Ao público 
Na Arte contemporânea, o espectador deixa de ser um contemplador passivo do estético, para se tornar 
um agente participante, um leitor ativo de mensagens. Muitas vezes a obra só se realiza na sua presença 
e com a sua participação. 
Sensibilizar o espectador é, então, menos importante do que fazê-lo refletir. 
2- Ao artista 
Este, além de ser um criador, passa a ser um propositor de idéias e/ou experiências, um manipulador de 
signos. 
3- À originalidade e a autoria 
A apropriação de objetos do cotidiano questiona o conceito de originalidade. 
A terceirização de etapas de construção da obra questiona o conceito de autoria. 
4- Às relações entre as obras e o tempo 
Obras efêmeras são criadas, fazendo-nos pensar sobre o conceito de obra-prima, que “dura para 
sempre”. 
Obras que se consomem no tempo, como as performances, permanecem apenas nos registros 
(fotografias, vídeos, etc.) e estes tomam o seu lugar como agentes nos espaços expositivos. 
 
A obra pode deixar de ser um objeto autônomo, resultado de um trabalho terminado, para se tornar um 
processo em desenvolvimento, inacabado por sua própria natureza (work in progress). 
37 
 
 
POP ART 
 
 
“Elvis I e II”, Andy Warhol 
 
Tudo o que vimos em História da Arte no Ensino Fundamental surgiu na Europa. No entanto,após 
a segunda-guerra mundial, o centro financeiro do mundo se desloca para os Estados Unidos. O mesmo 
aconteceu com a arte. Vários países estavam se recuperando das conseqüências da 2a guerra mundial, que 
havia arrasado a Europa, deixando-a em ruínas. Artistas de vanguarda, filósofos, intelectuais europeus 
migraram para os EUA fugindo da guerra e lá continuaram a produzir conhecimento. 
O Pop Art surgiu na Inglaterra em meados dos anos 50, mas foi nos Estados Unidos, no começo 
dos anos 60 que ele se popularizou, tendo como assunto os objetos de consumo da sociedade. A Arte 
Pop é considerado o primeiro movimento contemporâneo. 
De uma certa forma, o Pop Art surge como uma reação às obras de artes abstratas construtivas 
(abstracionismo geométrico) e ao expressionismo abstrato (abstracionismo informal), que tinha se 
popularizado no campo das artes plásticas naquela época. Os artistas do POP ART buscavam novamente 
a figuração. O tema das obras Pop eram as imagens do dia a dia da sociedade de consumo:“a arte elitista 
decai até os bastidores do cotidiano, enquanto os fenômenos ´subculturais´ se tornam apresentáveis”. A 
inspiração Pop vinha dos produtos industriais da sociedade da época. Objetos das indústrias de consumo 
(vestiário, alimentação, eletrodomésticos, automotivos, etc.) e também dos produtos culturais: cinema, 
história em quadrinhos, informação, ou seja, a vida urbana, trazendo para dentro das galerias de arte o 
comum, o “brega”, o popular (daí o nome POP, que em inglês significa também refrigerante). 
Entre os principais artistas do movimento POP ART encontramos Andy Warhol. Filho de 
imigrantes tchecos, Warhol passou sua infância em Pittsburg, rodeado da cultura tcheca com suas 
Babuskas, a comida típica e o idioma tcheco. Sua mãe pouco falava o inglês. Seu pai trabalhou nas minas 
e morreu cedo, deixando a família passando necessidades. Muito jovem Warhol trabalhou emuma loja 
onde, fora do gueto cultural em que vivia, travou seu primeiro contato com o consumo americano. Warhol 
viu a cultura americana com os olhos fascinados de um imigrante estrangeiro. 
Andy Warhol teve sua formação nas Artes Visuais inicialmente como decorador de vitrines. 
Depois estudou artes em Pittsburg e em 1949 se mudou para Nova York, onde fez sua carreira artística. A 
serigrafia foi seu principal meio de expressão plástica. Ele se interessava pela multiplicidade e, 
principalmente, pela reprodutibilidade de uma imagem. A gravura não é uma obra de arte única, pelo 
contrário, é feita em série. Dessa forma ele questionava a “aura” da obra de arte única. Ele não a fazia 
38 
 
sozinho. Ao invés de um atelier, Warhol dizia ter uma fábrica (“factory”) com 18 trabalhadores, que 
faziam as telas para serigrafia e imprimiam as gravuras a partir de suas idéias. Assim, Warhol repensava 
a questão da autoria da obra de arte e do trabalho artesanal do artista. É importante notar que as gravuras 
não eram perfeitas. Havia com freqüência borrões de tinta de impressão, como a reprodução de baixa 
qualidade de fotos de jornal. 
 
 
 
 
 
 
 
Andy Warhol Marilyn, 1962 
Andy Warhol, auto-retrato 
 
 
 
Andy Warhol entendeu como ninguém o funcionamento dos meios de comunicação de massa 
(Massmedia). É de sua autoria a frase e que “todo mundo deveria ter o direito de ficar famoso por 15 minutos”. 
Mais uma vez ele fala da superficialidade e da transitoriedade das coisas e antevê o que aconteceria de fato 
com a relação das pessoas com a mídia e a produção instantânea de celebridades (um exemplo grosseiro disso 
se dá no programa Big Brother). 
Warhol era, ele próprio, um pop star. Excêntrico com sua peruca branca, dizia que raramente artistas 
plásticos ficaram famosos, com exceção de Picasso, Salvador Dali e, é claro, ele próprio. De acordo com a 
ideologia de ascensão social americana do “self-made man” (aquele que se faz sozinho) ele se autodenominava 
um “business artist” (ao invés de um homem de negócios, um “artista de negócios”), já que nasceu pobre e 
enriqueceu aproveitando as oportunidades do mundo capitalista, em oposição à estagnação social do mundo 
comunista de onde vinham seus pais. (Vale à pena lembrar que o mundo vivia, neste momento, a guerra fria.) 
Warhol se dizia provocador, que a qualidade de um artista se media pelo dinheiro que ele obtinha com sua 
arte. Essas afirmativas seriam, no mínimo, constrangedoras para um outro artista qualquer. 
Andy Warhol sintetizava o espírito do Pop Art americano, que foi crítico enquanto chamou a atenção para a 
frivolidade da sociedade de consumo e foi acrítico quando aceitou, e até venerou esta realidade. Segundo 
Osterworld, “a idéia de Warhol não era apenas fazer do banal e do vulgar a substância da arte, mas de tornar 
a própria arte banal e vulgar. Não se contenta em transpor para a arte dados mediáticos ou industrias, a arte 
em si torna-se um produto mediático e industrial. Warhol inverte as noções de elevação e “baixeza”. 
Os grandes formatos também são típicos das obras do POP ART. Quando superdimensiona objetos de uso 
diário, o artista pop monumentaliza a banalidade da vida urbana, que tem tanto significado e profundidade 
quando um imenso hambúrguer de Claes Oldenburg, outro artista que se destacou dentro do movimento. 
39 
 
 
 
 
 
Claes Oldenburg Floor burger 1962 Oldenburg, Pregador de roupa Claes Oldenburg Patisserire e bolo 
 
 
Outro artista importante deste movimento foi Roy Lichtenstein. Nascido em Nova York em 1923, 
Lichenstein é pintor, gravador e escultor. Estudou arte na Universidade de Ohio e ficou conhecido por ampliar, 
em suas pinturas a óleo e em tinta acrílica as características de anúncios comerciais e das imagensde histórias 
em quadrinhos, reproduzindo, à mão e com fidelidade, os procedimentos gráficos em suas criações. São 
imagens de grande dimensão, nas quais o artista deixa visível a retícula do off-set (processo de impressão). 
Mais uma vez imagens da sociedade de consumo são trabalhadas enquanto arte. O quadrinho eratido como 
literatura de baixa qualidade (ainda hoje existe este pensamento). Trazer estas imagens para ao meio artístico 
significava, na época, uma transgressão de valores. 
 
Roy Lichehtenstein, Maybe -1963 
Roy Lichenstein, Whammm
 
 
5. OS REFLEXOS DE DUCHAMP E DO POP ART NO BRASIL 
Na arte brasileira, o interesse por construir obras a partir da apropriação de objetos do cotidiano data 
sobretudo dos anos 1960, seja pela „redescoberta‟ mundial da produção de Marcel Duchamp, seja pela 
influência direta do Pop Art americano, que trazia em seu repertório objetos de consumo banais. Daí em 
diante a distinção entre o „mundo cotidiano‟ e o da „arte‟ parece um terreno maleável e movediço. Mas é 
preciso que entendamos que a apropriação é uma postura de resistência contra aquilo visto como ligado 
40 
 
às instituições conservadoras, tais como convenções de um modo tradicional de se entender a arte, a 
pintura de cavalete, a escultura como estátua, entre outras. 
O Pop Art chegou no Brasil, segundo Rafael Cardoso, “alguns anos depois da Coca-Cola, no 
encalço de outro produto de exportação da Guerra Fria, a ditadura militar”. Segundo este autor, asexposições 
Opinião 65 (Rio de Janeiro) e Propostas 65 (São Paulo) ajudaram a renovar as vanguardas artísticas do país, 
revelando nomes como Antonio Dias, Carlos Vergara, Rubens Gerchman, Waldemar Cordeiro, entre outros. 
Estes artistas mudam a postura da intelectualidade da época frente à ordem e o rigor da arte vigente : “a 
rigidez geométrica e a fria racionalidade das tendências construtivas (abstracionismo geométrico) deram 
lugar a uma nova preocupação com a liberdade e o erotismo, com a brasilidade e o popular, com a rebeldia 
contra toda e qualquer forma de repressão”. Ao contrário dos artistas americanos que celebraram 
ironicamente os símbolos da sociedade de consumo e do capitalismo, o espírito pop no Brasil foi alimentado 
por um compromisso políticoprofundo, pela denúncia e pelo questionamento. “Se o Brasil não viveu da 
mesma forma a Guerra Fria, teve, porém sua guerra suja, o que talvez explique a reticência da maioria dos 
artistas citados de se filiar abertamente a um movimento tão identificado com a cultura norte-americana”. 
Mesmo recusando-se a serem chamados de Pop, é inegável a identidade visual do movimento na obra dos 
artistas brasileiros das vanguardas dos anos 60, que aconteceu numa época de totalitarismo, censura e 
violação aos direitos humanos. 
 
Nos aproximando mais da atualidade, artistas como Jorge Barrão, que trabalha com 
eletrodomésticos, ou Marcos Cardoso e suas guimbas de cigarro, ou ainda Farnese de Andrade com os 
objetos em madeira e brinquedos, garimpam „coisas‟ da vida cotidiana, que muitas vezes iriam para o 
lixo, fazendo com elas arte da melhor qualidade poética, a partir do momento que eles re-significam essas 
coisas em suas obras. Você pode imaginar como deve ser os ateliês destes artistas? Eles se tornam um 
observatório permanente do cotidiano, um depositário de coisas que, aos olhos destes colecionadoresde 
curiosidades e arqueólogos do contemporâneo, vão ganhando novos significados. 
Na história da arte do século XX não existem limites para as transformações de coisas banais e 
cotidianas em arte, nem para o exercício da imaginação. Vivemos numa era de coisas descartáveis, de 
consumo rápido, e na mesma velocidade entramos em desencantamento, tédio, e logo procuramos um 
novo modelo do mesmo produto. Por outro lado, nos apegamos às coisas que permanecem mais tempo 
nas nossas vidas: elas passam por uma metamorfose afetiva. „Vou levar meu tênis velho‟ – preferimos 
muitas vezes porque dá sorte! Essas relações com um coisário íntimo fazem parte de nossa história e 
identidade. Mas existem outras coisas em que nunca prestamos atenção. Coisas anônimas ou de ninguém 
que os artistas resolvem „reanimar‟ para uma nova vida de significados – como arte. Uma reanimação 
que, sem dúvida, nos proporciona um novo olhar sobre as coisas que nos cercam. 
Rubens Gerchman 
Não há vagas, 
1965 
Cláudio Tozzi 
Eu bebo chopp, 
ela pensa em 
casamento, 1968 
41 
 
Arte Conceitual 
A Arte Conceitual é aquela que considera a idéia, o conceito, como obra. O importante não é o 
resultado do processo artístico, mas o processo em si, a idéia que a obra encerra. Surgiu como vanguarda 
artística no final da década de 1960 na Europa e nos Estados Unidos. Esta é a época do movimento hippie, 
dos protestos contra a guerra do Vietnan e das grandes contestações sociais, como o feminismo, o 
homossexualismo e as questões ambientais. A arte buscava chocar, protestar, instigando o espectadora 
refletir sobre o papel da arte na sociedade e da arte como mercadoria. 
A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como 
idéia e pensamento, como objeto. As idéias de Marcel Duchamp foram de uma enorme importância para 
os artistas conceituais. Ao questionar a arte através de seus ready-mades Duchamp tornou-se o grande 
precursor da Arte Conceitual. 
Já que as idéias são o mais importante para a arte conceitual, não há exigência de que a obra 
artística seja construída pelas mãos do artista. Ele pode, muitas vezes, delegar o trabalho físico para outra 
pessoa que tenha habilidade técnica. O que importa é a invenção da obra, o conceito, que é elaborado 
antes de sua materialização. 
A arte conceitual utiliza diversas linguagens como a fotografia, o vídeo, e a própria linguagem 
verbal oral ou escrita, sendo muitas obras conceituais constituídas somente do texto linguístico. 
 
Joseph Kosuth (*Ohio 1945) 
Um importante artista da arte conceitual é Joseph Kosuth. Em sua instalação “Uma e três 
Cadeiras” ele expõe uma cadeira comum de madeira. Na parede do lado esquerdo da cadeira, ele cola uma 
fotografia dela em tamanho natural e do lado direito, o verbete do dicionário explicando o que é uma 
cadeira (substantivo feminino, assento com costas para uma pessoa, pode ser de palha, madeira, metal, 
plástico...). 
O que Kosuth quer dizer com essa instalação é que o conceito é superior ao objeto em si ou sua 
representação imagética (a fotografia); já que o significado de uma cadeira abrange toda e qualquer cadeira 
no planeta e a cadeira “real” é apenas um exemplo individual do seu conceito. A fotografia representa 
apenas uma cadeira ou cadeiras de uma só espécie e simboliza a pintura na História da Arte. Desta forma 
Kosuth critica a representação da realidade na arte e coloca a questão do conceito em primeiro plano. 
Segundo ele: “Ser um artista hoje significa questionar a natureza da arte”. E esta é, em última instância, a 
principal idéia da arte conceitual. 
 
 
NOVAS LINGUAGENS 
 
Na arte da contemporaneidade, novas linguagens artísticas são desenvolvidas (instalação, vídeo- 
arte, vídeo-instalação, assemblage, performance, body-art, arte digital, etc.) de acordo com a incorporação 
das novas tecnologias e de novas formas de pensar. Vejamos mais detalhadamente algumas dessas novas 
linguagens: 
 
Instalação 
É a partir da década de 60 que o termo “instalação”, que até então significava a montagem (a 
instalação) de uma exposição, passa a nomear essa operação artística em que o espaço, o entorno, torna- 
se parte constituinte da obra. A instalação como linguagem artística se popularizou na década de 70, 
designando ambientes construídos e ocupados por objetos diversos, podendo estimular outros sentidos 
além da visão, como olfato, tato e audição. 
42 
 
12 
Cildo Meirelles 
Exposição Arte/Cidade, 1997, SP 
“Os trilhos avançam através de uma área desativada e erma, 
cortando a cidade como uma chaga. Abandonados, deixados à 
margem da circulação, estes lugares são palco de uma ocupação 
provisória, de pessoas de passagem, em busca de esconderijo. 
Tornaram-se focos de tráfico e assaltos. Inscrições alertando 
forasteiros ou relatando cenas de agressão só acrescentam mais 
uma camada de violência às paredes. Ao cobrir as paredes do que 
restou de uma sala da Matarazzo com 7.000 seringas, Cildo 
Meirelles não está apenas aludindo às transações que se fazem por 
ali, mas amplificando o sofrimento que se afligiu aos lugares e às 
pessoas. As seringas, espetadas uma após a outra em paredes e 
pisos, formam um tapete que recobre tudo. A beleza resultante do 
líquido vermelho, destacado da parede, sangue e sublimação 
estética, é convulsiva”. 
A instalação nos traz algumas questões, como: 
Quando se trata de instalações no tempo/espaço definido de um museu ou espaço público aberto, 
podemos nos perguntar sobre o que resta de uma obra quando for desmontada? Ou ainda: é legítimo 
remontar uma instalação em lugar diverso do proposto inicialmente e que transformações isto traria para 
a obra? 
 
Performance 
Assim com a instalação, a performance é um termo que muda de sentido ao se tornar uma 
linguagem artística das artes visuais. Os saraus futuristas e os eventos dadaístas e surrealistas são os 
precursores do que viria a ser nomeado na década de 70 como performance, incluindo os “hapennings”, 
as “ações” e a “body art”. 
Performance é, então, uma forma de arte que pode combinar elementos do teatro, da música, da 
dança e das artes visuais. Situa-se no limite entre o teatro e as artes plásticas, onde o artista funciona como 
uma escultura viva, “interpretando” sua mensagem. 
 
 
 
Marcia X, Pancake 
Performance realizada em maio de 2001 
Duração: 2 horas 
 
 
Tipo de obra efêmera, a performance muitas vezes se perde 
no tempo pela inexistência de registros, mas como obra do 
instante ou do desenrolar de um processo pode, de certo 
modo, perdurar no tempo pela documentação fotográfica, 
por vídeos e filmes que perenizam o gesto fugaz. 
Assim, para o espectador, a performance é sempre uma 
visualização da consciência do tempo e, mesmo que haja 
registros, as percepções táteis, corporais e manipulatóriassão limitadas pelas imagens fotográficas ou videográficas. 
Essa associação com a fotografia e outras mídias eletrônicas 
traz mais uma questão na contemporaneidade: 
43 
 
Se vamos a um museu e vemos as fotos de uma performance realizada há alguns anos por um 
artista, que limites há entre obra e registro nesta situação, se este ocupa o lugar da obra e é a única forma 
de termos acesso à sua percepção? Essa “presença ausente” é o que caracteriza especialmente as 
performances, que dependem dos registros para se perpetuarem no tempo, contradizendo assim, sua 
própria estrutura fugaz. Mas a contradição não é um problema para a arte contemporânea, ela é, ao 
contrário, bem vinda, pois é parte da vida. A arte contemporânea suporta a coexistência de idéias e 
conceitos díspares, é parte de sua proposta a convivência com conceitos contraditórios, não havendo a 
necessidade de se optar por um ou outro para a legitimação de cada um. 
Dois artistas que marcaram presença nas décadas de 60 e 70 no Brasil com propostas artísticas 
experimentais foram Lygia Clark e Hélio Oiticica. 
 
Minimalismo 
"A palavra minimalismo reporta-se a um conjunto de movimentos artísticos e culturais que 
percorreram vários momentos do século XX, manifestos através de seus fundamentais elementos, 
especialmente nas artes visuais, no design e na música. Surgiu nos anos 60 nos Estados Unidos. As obras 
minimalistas possuem um mínimo de recursos e elementos. A pintura minimalista usa um número 
limitado de cores e privilegia formas geométricas simples, repetidas simetricamente. 
 
No decurso da história da arte, durante o século XX, houve três grandes tendências quepoderiam 
ser chamadas de “minimalistas”: (manifestações minimalistas: construtivismo, vanguarda russa, 
modernismo). Os construtivistas por meio da experimentação formal procuravam uma linguagem 
universal da arte, passível de ser absorvida por toda humanidade. A segunda e maisimportante fase do 
movimento surgiu de artistas como Sol LeWitt, Frank Stella, Donald Judd e Robert Smithson, cuja 
produção tendia ultrapassar os conceitos tradicionais sobre a necessidade do suporte: procuravam estudar 
as possibilidades estéticas a partir de estruturas bi ou tridimensionais." 
 
Body art 
 
Body Art (em português, “arte do corpo”) foi um estilo artístico que começou em 1960, nos Estados 
Unidos e Europa, e tinha o corpo como principal expressão artística. Ou seja, a tela foi substituída por 
corpos humanos, tornando a arte uma “obra viva”. 
Essa forma artística diferenciada foi mais uma vertente da arte contemporânea e ia de encontro a todo 
tipo de arte tradicionalista que era feita até aquele momento. A Body Art, que tem aspectos das culturas 
primitivas, deixou um legado que existe hoje no cotidiano de alguns povos, além de servir como 
ferramenta de reflexão da própria arte. 
Continua sendo usado também em diversas manifestações artísticas, como no mundo do circo, por 
exemplo, onde é uma ferramenta quase indispensável. 
A Body Art se caracterizava, principalmente, na utilização do corpo como principal forma de expressão, 
veículo portador de atitudes e ideias. Alguns outros aspectos importantes desse movimento artístico 
foram: 
- O corpo tornava-se uma “escultura viva” com o intuito de transmitir a ideia de transformação da vida 
em arte; 
- Ruptura radical com a arte tradicional; 
- Tatuagens, queimaduras, ferimentos, mutilações, deformações, maquiagens, tudo isso era usado como 
forma de arte com o intuito de chocar o expectador e transgredir às normas sociais e tabus; 
- Os artistas se utilizam de temas livres de qualquer tipo de preconceito, seja de gênero ou sexualidade, 
tendo a arte como uma forma de protesto; 
- Visava despertar o público com relação a importância da vida e da arte.
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Vídeoarte 
Linguagem artística que faz uso das imagens eletrônicas, rompendo com os padrões estéticos 
estabelecidos pelas narrativas da televisão e do cinema. No Brasil, o início da videoarte data do princípio 
da década de 70, em plena ditadura, quando a ficção estava em alta na TV e a videoarte surgecomo uma 
linguagem de contracultura, desmascarando uma realidade sufocante. 
Como exemplo citamos o ato do artista Paulo Herkenhoff de engolir páginas de jornal cujo texto 
fora adulterado pela censura vigente. Esta ação simbólica foi captada pela câmera em tempo real, sem 
cortes, em filmagem direta, onde as falhas são significativamente incorporadas à narrativa. 
 
 
 
Arte Ambiental (Land Art) 
A Arte Ambiental é exposta ao ar livre, aproveitando o ambiente externo, das ruas e a natureza. O artista 
Walter de Maria realiza a obra “O Campo de Luz” em 1977. O artista colocou 100 pára-raios no deserto 
de Quemados no Novo México, EUA. A obra acontece nos dias de tempestade. Os espectadorestêm que 
assinar um termo de responsabilidade, isentando o artista de culpa, caso sejam eletrocutados. 
 
 
Além das instalações, das performances, da vídeoarte e da arte eletrônica, outras linguagens e 
outros termos surgem para definir novas poéticas, como internet art, holografia, xerografia, vídeo- 
instalação, work in progress, site-specific, etc. Pergunte a sua professora os significados destes termos 
ou pesquise sobre essas novas linguagens contemporâneas. 
 
Os nomes vêm para designar as coisas e os fenômenos, logo, se estes se transformam e se 
ampliam, os nomes se transformam e se ampliam também. O importante é percebermos que as diversas 
técnicas ou as novas tecnologias são procedimentos que envolvem a utilização de materiais e recursos, 
sendo, portanto, meios que podem ser utilizados para o desenvolvimento de linguagens artísticas, 
mas não o são por si só. Para uma tecnologia se tornar uma linguagem artística é preciso que esteja 
inserida em um processo que envolve o desenvolvimento de uma linguagem. E este processo é de 
responsabilidade do artista. Os artistas estão sempre atentos aos novos meios e tecnologias que podem 
ser utilizados para que eles desenvolvam novas linguagens artísticas, são eles que fazem um simples 
objeto ou um material qualquer se transformar em uma obra de arte. 
45 
 
 
Fontes de pesquisa (Referências bibliográficas) 
 
 
 ALBERA, François. Eisenstein e o construtivismo russo. Cosac&Naify, São 
Paulo, 2002. 
 ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Editora Schwarcz, São Paulo, 1993. 
 BRITO, Ronaldo. Neoconcretismo. Cosac&Naify, São Paulo, 1999. 
 PROENÇA, Graça. História da Arte. Ed. Ática; SP, 2001. 
 VASCONCELLOS, T. & NOGUEIRA, L. Reviver nossa Arte. Vol. 2; São Paulo: 
ed. Scipione, 1993 
 Modernismo - Projeto Arte Brasileira. Rio de Janeiro, FUNARTE/Instituto 
Nacional de Artes Plásticas, 1986. 
 Enciclopédia Virtual “Caras”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
ROTEIRO PARA LEITURA DE OBRA DE ARTE 
 
Catalogação da obra 
Título: 
Autor: 
Data de realização: 
 
O que estou vendo? Descreva a imagem que você vê: 
 
 
 
 
Algum outro sentido é estimulado por esta obra (olfato, audição,tato)? 
 
 
É uma obra bi ou tridimensional? 
 
Esta é uma obra figurativa ou abstrata? 
 
No caso de ser figurativa: 
 
O que está representado nela? Qual é o seu tema? 
 
Esta é uma obra figurativa do tipo naturalista ou que faz uso da deformação? 
 
No caso de ter uma abordagem deformativa, tende ao idealismo ou ao 
expressionismo? 
ELEMENTOS VISUAIS 
 
1- SUPORTE 
 
a) Que tipo de trabalho é este (pintura, escultura, gravura, desenho, assemblage, 
etc.)? 
 
b) Que tipo de suporte é utilizado (material)? 
 
c) Qual o material usado (tinta a óleo, aquarela, etc.)? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
2- COR 
 
Que cores predominam na obra? 
Existe nesta obra mais harmonia cromática por contraste ou por analogia? 
O espaço é luminoso ou escuro? 
 
3- LINHAS 
 
Que linhas predominam nesta obra? (retas, curvas, mistas) 
 
 
São linhas dinâmicas ou estáticas?

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