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CARREIRAS JURÍDICAS CARREIRAS JURÍDICAS CERS CAPÍTULO 1 1 Olá, aluno! Bem-vindo ao estudo para os concursos de Carreiras Jurídicas. Preparamos todo esse material para você não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente. Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal, queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento, pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo sempre! Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo completo que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a estrutura do PDF Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar especificamente os assuntos que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada capítulo você tem a oportunidade de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto com a leitura de jurisprudência selecionada. E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou comentários, entre em contato através do email pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para a gente! O que você vai encontrar aqui? Recorrência da disciplina e de cada assunto dentro dela Questões comentadas Questão desafio para aprendizagem proativa Jurisprudência comentada Indicação da legislação compilada para leitura Quadro sinótico para revisão mailto:pdf@cers.com.br 2 Mapa mental para fixação Acreditamos que com esses recursos você estará munido com tudo que precisa para alcançar a sua aprovação de maneira eficaz. Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para o CERS, trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina. Faça bom uso do seu PDF! Bons estudos 3 SOBRE ESTA DISCIPLINA Daremos início ao estudo da disciplina Direito Eleitoral. Via de regra, nos concursos de outorga de delegações de Notas e Registros, esta disciplina não é tão cobrada, na primeira fase. A título de exemplo, nos últimos concursos dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal a matéria foi pouco cobrada. Todavia, vale lembrar que, as notas de corte, na fase inicial dos concursos, são altas, então, cada ponto e questão são de extrema importância. Ademais, vale destacar que, nos últimos certames promovidos no Estado de Minas Gerais, a prova foi dividida em “blocos”, sendo necessário que o candidato acertasse 50% das questões de cada bloco, sob pena de eliminação. O bloco composto pelas disciplinas de Direito Penal e Processual Penal tem sido um diferencial. Bons candidatos, que, todavia, desprezam o estudo dessas matérias, são eliminados por não atingirem o mínimo no bloco dessas disciplinas. Não bastasse, as Bancas são compostas por membros do Ministério Público, então, na prova oral da carreira, inevitavelmente, a disciplina é cobrada de forma bastante contundente, já que afeta à rotina de trabalho do examinador, por isso, seu estudo, em uma preparação completa do candidato, não pode ser renegado. Este material busca fornecer ao aluno um conhecimento amplo e suficiente, conforme os temas costumam ser cobrados, então, ao final dos capítulos, serão colacionadas questões para treinamento, sempre priorizando aos concursos da área. Vale acrescentar, por fim, que, como se constatará ao longo dos capítulos, os Examinadores dos concursos de outorga de Delegações de Notas e Registros, vem cobrando a disciplina de modo abrangente. Deste modo, em que pese alguns temas sejam mais recorrentes, nenhum capítulo deste material deve ser negligenciado. 4 Veja abaixo como se dá a distribuição macro da recorrência dessa disciplina: RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA A partir da análise das últimas provas das carreiras que compõem as Carreiras Jurídicas, verificou-se que a disciplina de Direito Eleitoral possui grande recorrência. Através destes dados, identificou-se quais os temas mais cobrados na disciplina de Direito Penal. TEMAS RECORRÊNCIA 7% 2% 19% 10% 7% 5% 26% 24% Princípios Penais Da aplicação da lei penal Do crime Das penas Dos crimes contra a pessoa Dos crimes contra o patrimônio Dos crimes contra a administração pública Aspectos penais dos textos normativos Você está aqui! 5 Teoria geral da pena Teoria do tipo Teoria geral da culpabilidade Extinção da punibilidade Crimes contra o patrimônio A lei penal Ilicitude Concurso de agentes Lei nº 11.343/2006 e suas alterações (Tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes) Lei nº 8.072/1990 e suas alterações (Crimes hediondos) Teoria geral do crime Crimes contra a fé pública Crimes contra a administração pública Lei nº 8.137/1990 e suas alterações (Crimes contra a ordem econômica e tributária e as relações de consumo) Lei nº 7.716/1989 e suas alterações (Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor) Lei nº 9.455/1997 e suas alterações (Crimes de tortura) Lei nº 9.605/1998 e suas alterações (Crimes contra o meio ambiente) Lei nº 8.666/1993 e suas alterações (Crimes nas licitações e contratos da administração pública) Lei nº 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto do desarmamento) Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente) Crimes contra a pessoa Lei nº 7.492/1986 (Crimes contra o sistema Financeiro Nacional) Lei nº 9.613/1998 e suas alterações (Lavagem de dinheiro) 6 Lei nº 13.869, de 2019 e suas alterações (Lei de abuso de autoridade) Lei nº 9.296/1996 (Interceptação telefônica) Lei nº 7.210/1984 e suas alterações (Execução penal) Lei 10.741/2003 e suas alterações (Crimes cometidos contra idosos) 7 Assim, os assuntos de Direito Eleitoral estão distribuídos da seguinte forma: CAPÍTULOS Capítulo 1 (você está aqui!) – Introdução ao Direito Eleitoral Capítulo 2 – Princípios do Direito Eleitoral Capítulo 3 – Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral Capítulo 4 – Alistamento Eleitoral Capítulo 5 – Elegibilidade e Inelegibilidade Capítulo 6 – Partidos Políticos Capítulo 7 – Eleições Capítulo 8 – Organização das Eleições Capítulo 9 – Pesquisas Eleitorais Capítulo 10 – Ações e Recursos Eleitorais Capítulo 11 – Processo Penal Eleitoral e Crimes Eleitorais 8 SOBRE ESTE CAPÍTULO Neste capítulo trataremos da Introdução ao Direito Eleitoral. Veremos os conceitos, fontes e classificações utilizadas por este ramo do direito. Esse capítulo é de fundamental importância para tomar-se conhecimento acerca da ideia central do Direito Eleitoral. Esse primeiro contato com a matéria exige esta abordagem como forma de introduzir você, aluno, na lógica utilizada pela legislação e a melhor compreensão dos assuntos futuros. Embora não seja excessivamente cobrado pelas carreiras jurídicas, o assunto precisa ser estudado porque, como já dito anteriormente, é essencial para base do aluno na matéria. Preste atenção no tópico de Fontes, pois quando o assunto cai em prova, geralmente é o mais cobrado em concursos. Você perceberá que o assunto é mais doutrinário, mas também envolve lei seca. Logo, não deixe de se dedicar à leitura da lei e da doutrina. Levando-se em consideração que o assunto é relativamente pequeno, estude com atenção e perceberáa importância ao decorrer dos capítulos. Vamos Juntos! 9 SUMÁRIO DIREITO ELEITORAL ............................................................................................................................... 10 Capítulo 1 ................................................................................................................................................ 10 1. Introdução ao Direito Eleitoral .................................................................................................... 10 1.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 10 1.2 Fontes ...................................................................................................................................................................... 12 1.2.1 Classificação. ......................................................................................................................................................... 13 1.3 Democracia ........................................................................................................................................................... 20 1.4 Sufrágio Popular ................................................................................................................................................. 21 QUADRO SINÓTICO .............................................................................................................................. 24 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 27 GABARITO ............................................................................................................................................... 37 QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 38 GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 39 LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 42 JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................................... 43 MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 46 10 DIREITO ELEITORAL Capítulo 1 Neste capítulo, trataremos sobre conceitos fundamentais que permeiam do Direito Eleitoral. A concepção inicial, conceitos, fontes e suas classificações, de modo a proporcionar uma base teórica para o início do estudo desse ramo do direito. 1. Introdução ao Direito Eleitoral 1.1 Conceito O Direito é dividido em vários ramos, como, por exemplo, o direito civil, o direito constitucional e o direito administrativo. O direito eleitoral, por exemplo, é apenas um, dentre vários outros ramos existentes no arcabouço jurídico brasileiro. Francisco Dirceu Barros define como o “(...) ramo do Direito Público que trata dos institutos relacionados com os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado”. O Direito Eleitoral, portanto, se dedica ao processo eleitoral, à garantia de legitimidade das eleições, disciplinando como ocorrerá o procedimento, de forma a tornar possível a democracia. Embora seja somente um dos vários ramos, o direito eleitoral apresenta peculiaridades e características próprias que o distinguem dos demais. Antes de estudar essas especificidades, vamos ler outro conceito desse ramo do direito? Marcos Ramayana afirma que o direito eleitoral é: 11 “Ramo do Direito Público que disciplina o alistamento eleitoral, o registro de candidatos, a propaganda política eleitoral, a votação, apuração e diplomação, além de organizar os sistemas eleitorais, os direitos políticos ativos e passivos, a organização judiciária eleitoral, dos partidos políticos e do Ministério Público dispondo de um sistema repressivo penal especial”.1 Em resumo, o direito eleitoral é aquele que disciplina e regulamenta todos os assuntos relacionados à eleição2. E, por tratar de um assunto de interesse da coletividade, é um ramo de direito público3. Logo, podemos dizer que o objeto do Direito Eleitoral, é normatizar o processo eleitoral, que tem início com o alistamento do eleitor e se encerra com a diplomação daqueles que forem eleitos. E quanto ao objetivo do Direito Eleitoral? Já consegue identificar? O objetivo é garantir a legitimidade e a normalidade do procedimento eleitoral e, consequentemente, proteger a democracia. A legitimidade diz respeito ao resultado das eleições, mais precisamente ao reconhecimento, a legitimação do resultado obtido nas urnas. Já a normalidade significa a harmonia entre o resultado das urnas e a vontade expressa pelo eleitorado. Você já consegue perceber que o Direito eleitoral nasce dentro de um contexto democrático? É necessário que haja democracia para sua existência, embora possam existir disposições que regulem eleições em ambientes não democráticos, essas normas não terão como objetivo a legitimidade e normalidade do exercício de sufrágio. Voltando a tratar do conceito de direito eleitoral, existe outro detalhe sobre o direito eleitoral que não foi tratado nesses conceitos: a sua autonomia. Esse ramo do direito que tem ligação direta com as eleições possui institutos e normas próprias (ex. código eleitoral, lei de 1 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 10ª edição, rev., ampl. e atual., Niterói: Editora Impetus, 2010, p. 14. 2 Código Eleitoral Art. 1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado. 3 Óbvio! Se o direito privado regula a relação entre pessoas ou entre pessoas e coisas no âmbito particular, como ocorre no direito civil, por exemplo, o direito eleitoral nunca poderia se encaixar nesse conceito. 12 inelegibilidade, lei dos partidos políticos). Essa normatividade específica dá ao direito eleitoral uma certa autonomia em relação aos demais ramos. Mas, cuidado para não confundir autonomia com independência. O direito eleitoral é autônomo, mas não é independente. Isso porque possui ligações diretas e essenciais com o direito constitucional e o direito administrativo, por exemplo. Essas ligações podem ser constatadas através das normas de direito eleitoral que estão presentes na Constituição, bem como as finanças e contabilidade dos partidos que possuem relação com o direito financeiro e tributário, ou até mesmo a organização da justiça eleitoral (veremos no capítulo 3), que possui natureza de direito administrativo. Isso decorre principalmente do fato de o ordenamento ser sistêmico. Entendido o conceito, vamos aplicá-lo na prática? Imagine uma pessoa que quer viajar ao exterior pela primeira vez e nunca votou. Na organização dos preparativos da viagem, ela percebe que não poderá obter o passaporte porque não está em dia com as suas obrigações eleitorais. Nessa situação, qual o ramo do direito que está regulando esse tema? O direito eleitoral! Afinal, é ele o responsável por regulamentar todos os assuntos relacionados à eleição. 1.2 Fontes Esse é um dos temas da parte introdutória mais cobrados em concursos públicos. Isso se deve ao fato da maioria dos alunos ser relapsa quanto as diferentes classificações dasfontes. Alguns alunos acreditam que as fontes do direito eleitoral se resumem à Constituição e ao Código Eleitoral, o que não é verdade. Portanto, atenção a esse tema!!!!! 13 Segundo o dicionário4, “fonte” significa “local de origem de alguma coisa; origem, procedência, proveniência”. Então, o que vamos estudar agora é o local de onde se origina o direito eleitoral. Vamos lá! 1.2.1 Classificação. Fontes Materiais x Fontes Formais As fontes materiais são os movimentos sociais, políticos e econômicos que levam ao surgimento da norma jurídica. Assim, todos os fatores que ensejam a criação de uma norma são considerados fontes materiais. Vamos para um exemplo prático! A Resolução n.º 23.457/15 do TSE, que dispõe sobre a propaganda eleitoral, assim dispõe: Art. 20. É vedada a propaganda eleitoral por meio de outdoors, inclusive eletrônicos, sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais) a R$15.000,00 (quinze mil reais). Essa norma jurídica elaborada pelo TSE não surgiu do nada, certo? Algum movimento político/social começou a ecoar nos corredores do TSE, e, após muita discussão e votação, o Tribunal concordou que a propaganda em outdoor é errada e elaborou a resolução normativa proibindo-a. 4 http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=fonte. Como você acha que ocorre esse “ecoamento”? Como você acha que esse movimento chega aos ouvidos dos Ministros do TSE? Por vários fatores! Alguém pode ter solicitado uma consulta pública sobre esse tema. Um Ministro pode ter lido algo na doutrina acerca do assunto. Enfim! 14 Conclusão: toda norma jurídica, seja ela uma lei ou uma simples resolução, sempre é fruto/resultado de alguma coisa, de algum movimento. Damos a esse “movimento” o nome de fonte material. Alguns exemplos desse tipo de fonte são a doutrina e a consulta pública. E a fonte formal? Então, se uma lei eleitoral for originada de argumentos trazidos no livro de um grande doutrinador, o livro é a fonte material, é o movimento que influenciou a criação da norma jurídica, e a lei é o resultado desse movimento influenciador, ou seja, é a fonte formal. Vamos falar um pouco sobre a competência para legislar sobre direito eleitoral. A CF atribui tal competência à União: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; Nós vimos há pouco que a fonte formal é o resultado da fonte material e que um dos exemplos de fonte formal é justamente a lei eleitoral. Pergunto: essa lei eleitoral, fonte formal, somente pode ser editada pela União? Antes de responder, dê uma olhada no parágrafo único do art. 22: Art. 22 Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Segundo esse dispositivo, a União pode delegar, por meio de lei complementar, questões específicas da sua competência legislativa para os Estados. É possível, então, afirmar que os Estados podem legislar sobre questões específicas de direito eleitoral? E de quem é a competência para elaborar essa fonte formal do direito eleitoral? Veja a resposta na próxima página! 15 NÃO! O objetivo do direito eleitoral é regular tudo aquilo relacionado às eleições, certo? Então, faria sentido o processo eleitoral ser diferente em cada Estado da federação? Não! As regras eleitorais precisam ser uniformes em todo o território nacional. E isso somente é alcançado através de uma lei nacional, editada pela União. Dessa forma, uma lei estadual jamais poderá tratar de matéria eleitoral, jamais poderá ser fonte formal do direito eleitoral. Baseando-se no que você leu agora, qual a resposta daquela pergunta? SIM! Ultrapassado o ponto da competência legislativa, vamos aprofundar mais um pouco o assunto “fonte formal”. São exemplos de fontes formais: Código Eleitoral Lei n.º 9.504/97 (Lei das Eleições) Resolução do TSE Medida provisória5 Vamos falar um pouco acerca da resolução do TSE? Antes, precisamos antecipar o tópico referente às competências do TSE. O Código Eleitoral atribuiu ao TSE a seguinte competência: Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior, IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código; Esse dispositivo, portanto, concedeu à Corte Superior Eleitoral um poder normativo, um poder de editar normas infralegais e regulamentares6. É aí que está o detalhe desse poder: é 5 Não é possível a edição de medida provisória sobre direito eleitoral. Há vedação expressa no artigo 62, §1º, I, a. 6 Vide questão 5 e 6. 16 um poder limitado. Afinal, os atos normativos dele emanados são secundários, pois servem para dar execução à lei e, por isso, jamais podem inovar o direito, jamais podem trazer novas regras, novos direitos, novas obrigações até então inexistentes na legislação eleitoral. Repito: as resoluções do TSE são atos normativos secundários! A jurisprudência do STF nem sempre entendeu que as resoluções do TSE seriam fontes secundárias. Antes, a maioria dos Ministros do Supremo entendiam o contrário: a natureza primária das resoluções. 1º entendimento: as resoluções do TSE têm caráter primário. No julgamento da ADI nº. 3.999 e ADI nº. 4.086, o STF entendeu pela constitucionalidade da Resolução TSE nº. 22.610/2007, que versava sobre o processo de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária. Ao decidir pela constitucionalidade, o Supremo estava reconhecendo que as resoluções do TSE têm caráter primário e, desse modo, podem inovar o direito7, pois somente normas jurídicas dessa natureza podem ser submetidas ao controle de constitucionalidade. As normas secundárias, ao contrário, por não ter seu fundamento de validade retirado da Constituição, não se submete ao controle de constitucionalidade, mas ao controle de legalidade. 2º entendimento: as resoluções do TSE têm caráter secundário. 7 A Resolução TSE nº. 22.610/2007 inovou o direito ao trazer novas hipóteses de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária que não existiam na legislação eleitoral. 17 Esse é o entendimento que prevalece atualmente na Corte Suprema. A mudança de entendimento se deu, em parte, pela alteração legislativa ocorrida no artigo 105 da Lei das Eleições (9.504/97). Leia atentamente a nova e a antiga redação: Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral expedirá todas as instruções necessárias à execução desta Lei, ouvidos previamente, em audiência pública, os delegados dos partidos participantes do pleito. Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) Percebeu as novidades? A nova redação deixou claro que as resoluções do TSE têm caráter regulamentar (infralegal) e, portanto, somente podem complementar/detalhar a lei (jamais inovar). Portanto, em provas objetivas8, adote esse posicionamento! Para resumir, vamos esquematizar? Fontes primárias x Fontes secundárias 8 Em relação as provas subjetivas, você precisasaber que o STF admite o controle de constitucionalidade de algumas resoluções do TSE que disciplinam assuntos estritamente constitucionais. Isso não significa, no entanto, que as resoluções têm caráter primário, apenas que elas podem sofrer controle de constitucionalidade em razão da importância da matéria que ela carrega. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12034.htm#art3 18 A distinção de fonte primária e secundária está relacionada ao chamado “fundamento de validade”. Se a norma jurídica foi elaborada com base na Constituição Federal, essa é uma norma primária. Mas, se a norma foi elaborada para complementar/detalhar uma lei já existente, o seu fundamento de validade é a lei e não a Constituição. Por isso, trata-se de uma fonte secundária. Vamos detalhar! Veja o que está previsto na Constituição Federal: Art. 14 § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. Essa lei complementar é uma fonte primária ou secundária? Fonte primária! Afinal, o que permitiu a sua criação foi a própria Constituição. O texto constitucional foi, portanto, o seu fundamento de validade. Seguindo essa linha de raciocínio, responda: se o TSE elaborar uma resolução detalhando/complementando os dispositivos dessa lei complementar, essa norma jurídica do TSE será uma fonte primária ou secundária? Muito bem... Secundária! Dê uma olhada nesse organograma: CF Fonte primária Fonte secundária 19 Entendeu melhor agora? Último detalhe: como o objetivo da fonte secundária é complementar a norma jurídica primária, ela não pode inovar, ou seja, ela não pode trazer nenhum conteúdo novo, nenhum conteúdo que extrapole aquele já contido na norma. Fontes diretas x Fontes indiretas A fonte direta é aquela que trata especificamente de matéria de direito eleitoral. É o caso, por exemplo, da Constituição Federal, do Código Eleitoral, da Lei das Eleições (9.504/97), da Lei dos Partidos Políticos (9.096/95), da Lei das Inelegibilidades (LC 64/90) e as Resoluções do TSE. A fonte indireta, ao contrário, é aquela que não está relacionada ao direito eleitoral, mas que, mesmo assim, é aplicada ao direito eleitoral subsidiariamente. São fontes indiretas, por exemplo, o Código Civil, o Código de Processo Civil, o Código Penal e o Código de Processo Penal. Há casos em que essa aplicação subsidiária está prevista expressamente no próprio CE, observe: Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal. Existe uma discussão doutrinária acerca da classificação quanto às resoluções do TSE. Alguns doutrinadores, como Joel José Cândido, consideram as resoluções do TSE como FONTES 20 DIRETAS DO DIREITO ELEITORAL. No entanto, outra parte da doutrina, a exemplo de Henrique Melo, considera como FONTES INDIRETAS DO DIREITO ELEITORAL. 1.3 Democracia Bobbio escreveu, em 1992, o seguinte: “as várias tradições estão se aproximando e formando juntas um único grande desenho da defesa do homem.” Na opinião dele, “direitos do homem, democracia e paz são três momentos históricos necessários do mesmo movimento histórico: sem direitos do homem reconhecidos e protegidos não há democracia; sem democracia não existem as condições mínimas para as soluções pacíficas dos conflitos.” Perceba, portanto, que o regime democrático se baseia nos direitos políticos do homem, fundamentando-se na busca por um ideal de sociedade construída com participação popular. Diante disso, vamos ver uma breve classificação quanto às espécies de democracia, para enriquecer a sua base na matéria. Como você pode perceber, o modelo de democracia adotado pelo Brasil (e pela maioria do mundo contemporâneo) nada mais é do que uma mistura dos modelos anteriores. As pessoas Democracia DIRETA Originada na Grécia Antiga, se baseia na participação popular direta. Não há representantes para intermediar a participação do povo nas escolhas políticas. INDIRETA Se desenvolveu principalmente a partir da Revolução Francesa. O povo escolhe representantes, periodicamente, para que estes tomem as decisões em nome da coletividade. SEMIDIRETA Mais comum no mundo atual. Neste modelo também há a figura do representante, mas isso não exclui a participação popular direta do povo (plebiscito, referendo e iniciativa popular de lei). É o modelo adotado pelo Brasil. 21 escolhem seus representantes, mas também participam diretamente por meio de instrumentos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular de lei. O plebiscito e o referendo são chamados de instrumentos da democracia direta e são utilizados para consultar o povo sobre determinados assuntos. Veja o que dispõe o art. 2º da lei nº 9.709/98: Art. 2º Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. A principal diferença entre esses instrumentos é que o plebiscito é convocado antes do ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido. Já o referendo é convocado depois do ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a confirmação ou rejeição daquele ato. A iniciativa popular consiste na possibilidade de apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. O projeto de lei de iniciativa popular deverá circunscrever-se a um só assunto. E não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à Câmara dos Deputados, por seu órgão competente, providenciar a correção de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação. 1.4 Sufrágio Popular Muita gente tem dificuldade com a definição de sufrágio, mas é só lembrar que consiste no direito concedido ao povo para influir nas decisões da vida pública. O sufrágio é dividido em espécies: Universal x Restrito 22 No sufrágio universal, basta que sejam cumpridos alguns requisitos básicos para que o direito seja concedido à pessoa. Importa dizer o direito é concedido a todos que cumprirem tais requisitos, sem discriminação. Por exemplo, pense na idade mínima para exercer o direito de votar. Atingidos os 16 anos, o cidadão tem o direito de exercer o sufrágio por meio do voto, sem que haja qualquer discriminação econômica ou intelectual. E o restrito? No sufrágio restrito, são impostas condições especiais para o exercício do direito ao voto. Por exemplo, se há uma restrição quanto ao direito de votar em razão da etnia, temos o chamado Sufrágio Racial (como exemplo, o Apartheid); se levar em consideração o grau de riqueza de uma pessoa, é censitário (adotado durante o Brasil Império). O direito de exercer o sufrágio por meio do voto só foi conquistado pelas mulheres, no Brasil, a partir de 1932, até lá tínhamos uma forma de Sufrágio por Gênero. Conseguiu entender? Vamos esquematizar para uma melhor compreensão: Censitário: é preciso ter uma determinada renda para poder votar. (Brasil Império); Racial: restrição ao poder de sufrágio em razão da etnia. (A restrição imposta aos negros no Apartheid); Capacitário: só pode votar quem tiver um certo grau de instrução. (Por exemplo, curso superior completo); Porgênero: só podem votar as pessoas de determinado sexo. (Por muito tempo a mulher não possuía direito de votar) Religioso: só pode votar quem pertencer a determinada religião. Plural x Singular No sufrágio plural uma mesma pessoa pode ter o direito de exercer mais de uma vez o seu direito de voto. Como consequência, algumas pessoas acabam tendo o poder de voto maior 23 que outras. Por exemplo, pode-se decidir que determinado grupo de pessoas tenha direito a votar 2 vezes. O sufrágio singular é o que você já conhece, pois é o adotado pelo Brasil, onde cada pessoa possui direito a um voto, logo temos uma igualdade quanto ao poder de cada um dos cidadãos. Direto x Indireto Essa também é uma classificação simples como a anterior. Você vai entender rapidinho. Vamos lá. No sufrágio direto, o poder de sufrágio é exercido diretamente pelo cidadão, como é o caso do Brasil. O eleitor vota diretamente nos seus candidatos. Já no indireto, é exercido por representantes do povo. É o caso dos EUA, que possuem o voto dos delegados nas eleições presidenciais. Atenção, não confunda sufrágio com voto! O sufrágio é exercido por meio do voto, logo, o voto é um instrumento de concretização do direito de sufrágio. Para completar o assunto, você precisa conhecer também o conceito de escrutínio, que nada mais é do que a forma pela qual se pratica o voto, por exemplo, no Brasil o escrutínio é secreto. Para finalizar, veja o que diz a constituição em seu artigo 60, §4º, II: § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: II - o voto direto, secreto, universal e periódico; Agora que você já conhece todos os significados, te espero no capítulo 2. Vamos Juntos! 24 QUADRO SINÓTICO CONCEITO CONCEITO DE DIREITO ELEITORAL - Ramo do Direito Público que disciplina o alistamento eleitoral, o registro de candidatos, a propaganda política eleitoral, a votação, apuração e diplomação, além de organizar os sistemas eleitorais, os direitos políticos ativos e passivos, a organização judiciária eleitoral, dos partidos políticos e do Ministério Público dispondo de um sistema repressivo penal especial. - Ramo do Direito Público que trata dos institutos relacionados com os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado. FONTES FORMAIS x MATERIAIS A fonte formal é o resultado da fonte material, é a forma que a fonte material adquire ao ingressar no mundo jurídico. As fontes materiais são 25 os movimentos sociais, políticos e econômicos que levam ao surgimento da norma jurídica. PRIMÁRIAS x SECUNDÁRIAS A distinção de fonte primária e secundária está relacionada ao chamado “fundamento de validade”. Se a norma jurídica foi elaborada com base na Constituição Federal, essa é uma norma primária. Mas, se a norma foi elaborada para complementar/detalhar uma lei já existente, o seu fundamento de validade é a lei e não a Constituição. Por isso, trata-se de uma fonte secundária. DIRETAS x INDIRETAS A fonte direta é aquela que trata diretamente de matéria de direito eleitoral. A fonte indireta, ao contrário, é aquela que não está relacionada ao direito eleitoral, mas que, mesmo assim, é aplicada ao direito eleitoral subsidiariamente. DEMOCRACIA DIRETA Originada na Grécia Antiga, se baseia na participação popular direta. Não há representantes para intermediar a participação do povo nas escolhas políticas. INDIRETA Se desenvolveu principalmente a partir da Revolução Francesa. O povo escolhe representantes, periodicamente, para que estes tomem as decisões em nome da coletividade. SEMIDIRETA Mais comum no mundo atual. Neste modelo também há a figura do representante, mas isso não exclui a participação popular direta do povo (plebiscito, referendo e iniciativa popular de lei). É o modelo adotado pelo Brasil. SUFRÁGIO POPULAR UNIVERSAL x RESTRITO Universal: o direito é concedido a todos que cumprirem certos requisitos básicos, sem discriminação. Ex: idade mínima para votar. Restrito: são impostas condições especiais para o exercício do direito ao voto. Censitário: é preciso ter uma determinada renda para poder votar. (Brasil Império); Racial: restrição ao poder de sufrágio em razão da etnia. (A restrição imposta aos negros no Apartheid); Capacitário: só pode votar quem tiver um certo grau de instrução. (Por exemplo, curso superior completo); Por gênero: só podem votar as pessoas de determinado sexo. (Por muito tempo a mulher não possuía direito de votar) 26 Religioso: só pode votar quem pertencer a determinada religião. PLURAL x SINGULAR No sufrágio plural uma mesma pessoa pode ter o direito de exercer mais de uma vez o seu direito de voto. O sufrágio singular é o que você já conhece, pois é o adotado pelo Brasil, onde cada pessoa possui direito a um voto. DIRETO x INDIRETO No sufrágio direto, o poder de sufrágio é exercido diretamente pelo cidadão, como é o caso do Brasil. O eleitor vota diretamente nos seus candidatos. Já no indireto, é exercido por representantes do povo. É o caso dos EUA, que possuem o voto dos delegados nas eleições presidenciais. 27 QUESTÕES COMENTADAS Prezado aluno, em razão da baixa recorrência do assunto em prova, há uma escassez de questões, por isso a maior parte foi retirada de concursos para cargos técnicos. Você perceberá que o assunto também foi cobrado por outras carreiras, mas a incidência é bem menor. No entanto, não há prejuízo para o seu aprendizado, uma vez que vamos comentar todas as alternativas e tentar apreender o máximo de informações possíveis. Questão 1 (FCC – 2017 – TRE/SP - TÉCNICO) Acerca das fontes de Direito Eleitoral, A) a função normativa da Justiça Eleitoral autoriza que sejam editadas Resoluções normativas pelo Tribunal Superior Eleitoral com a finalidade de criar direitos e estabelecer sanções, possibilitando a revogação de leis anteriores que disponham sobre o mesmo objeto da Resolução Normativa. B) as normas eleitorais devem ser interpretadas em conjunto com o restante do sistema normativo brasileiro, admitindo-se a celebração de termos de ajustamento de conduta, previstos na Lei n° 7.346/85, que disciplina a Ação Civil Pública, desde que os partidos políticos transijam, exclusivamente, sobre as prerrogativas que lhes sejam asseguradas. C) o Código Eleitoral define a organização e a competência da Justiça Eleitoral, podendo ser aplicado apesar de a Constituição Federal prever a necessidade de lei complementar para tanto. D) as Resoluções Normativas do TSE, as respostas às Consultas e as decisões do Tribunal Superior Eleitoral são fontes de Direito Eleitoral de natureza exclusivamente jurisdicional e aplicáveis apenas ao caso concreto dos quais emanam. E) o Código Eleitoral, a Lei de Inelegibilidades, a Lei dos Partidos Políticos, a Lei das Eleições, as Resoluções Normativas do TSE e as respostas a Consultas são fontes de Direito Eleitoral de mesma estatura, hierarquia e abrangência, podendo ser revogadas umas pelas outras. 28 Comentário: O tema das fontes do direito eleitoral sempre é o mais cobrado em prova, quando falamos dessa parte inicial da matéria, portanto, preste atenção. A) Incorreta. Traz aquilo que estudamos detalhadamente na apostila. As resoluções do TSE têm caráter infralegal e regulamentar, lembra? Por isso, jamais podem revogar uma lei, pois a sua função é justamente detalhá-la, complementá-la. B) Incorreta. A realização de termos de ajustamento de conduta previstos no art. 5º, § 6º, da Lei nº 7.347/85 não é admitida para regular atos e comportamentos durante a campanha eleitoral, consoante dispõe o art. 105-A da Lei nº 9.504/97. (Respe 32231, TSE). C) Correto. O CódigoEleitoral, na parte que trata da Justiça Eleitoral, foi recepcionado com status de lei complementar. D) Incorreta. Está errada ao atribuir a natureza jurisdicional às consultas do TSE. A função consultiva da justiça eleitoral será estudada no capítulo 3. Mas, vou adiantar que essa é uma função meramente administrativa. Na resposta à consulta, o TSE não está se manifestando sobre um caso concreto, mas sobre uma dúvida abstrata que lhe foi apresentada. E) As resoluções e as consultas não têm a mesma hierarquia das demais, pois são fontes secundárias do direito eleitoral. GABARITO: C Questão 2 (CESPE – TRE/RS - TÉCNICO) Com relação a esse assunto, assinale a opção correta. A) As resoluções do TSE, por tratarem de legislação mais específica, devem prevalecer sobre quaisquer das demais fontes do direito eleitoral, em se tratando de matérias relacionadas às eleições. 29 B) O princípio da anterioridade tem como escopo proteger o processo eleitoral, garantindo que qualquer lei que altere esse processo somente entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição seguinte à data de sua vigência. C) Os juízes eleitorais são órgãos da justiça eleitoral, juntamente com as juntas eleitorais, os tribunais regionais eleitorais e o TSE. D) A transferência de domicílio do eleitor, a adoção de medidas para coibir a prática de propaganda eleitoral irregular e a emissão de segunda via do título eleitoral são exemplos de funções judiciárias da justiça eleitoral que devem ser apreciadas por juiz eleitoral e, na ausência deste, por um juiz da respectiva seccional. E) As fontes do direito eleitoral têm como objetivo principal assegurar que não haja mudanças no ordenamento jurídico, mantendo-o estático, como deveria ser desde o princípio, pois se exige, cada vez mais, um ambiente legislativo seguro e simplificado. Comentário: Essa questão envolve vários assuntos, inclusive assuntos que ainda não foram vistos. No entanto, há uma alternativa que envolve um tema bastante recorrente: fontes do direito eleitoral. Perceba que o tema pode vir mencionado em questões mistas (que envolvem vários assuntos), não necessariamente sendo cobrado de forma isolada. Isso demonstra a necessidade de se estudar até os assuntos que não caem muito, pois pode ser decisivo para sua aprovação. Vamos lá! A) Incorreta. O erro está na afirmação de que as resoluções do TSE prevalecem sobre todas as demais fontes. A lei eleitoral, por exemplo, por ser fonte primária, prevalece sobre a resolução do TSE. Sendo assim, qualquer contrariedade entre ambos implicará na revogação da resolução e não da lei. B) Incorreta. Você verá esse assunto no próximo capítulo, mas já podemos adiantar que o princípio da anualidade ou anterioridade determina que as leis que alterem o sistema eleitoral entrarão em vigor na data de sua aplicação, mas só serão aplicadas para as eleições que ocorram após um ano da sua vigência, conforme dispõe o art. 16 da CF. 30 C) Correta. É o que dispõe o art. 118 da CF. Você verá sobre a organização da justiça eleitoral no capítulo 3. D) Incorreta. Esse assunto será melhor entendido no capítulo 3, mas atente-se desde já que essas atribuições fazem parte da função administrativa da justiça eleitoral. E) Incorreta. O objetivo da inclusão desta questão foi justamente por causa dessa alternativa. Vamos lá. A letra “e” está totalmente equivocada. Você acha mesmo que as fontes servem para impedir mudanças na legislação eleitoral? As resoluções do TSE, por exemplo, são uma fonte secundária cujo objetivo é dar a lei aplicação operacional. Isso, por si só, é uma mudança. GABARITO: C Questão 3 (FCC - 2015 - TRE-RR - TÉCNICO) Incluem-se dentre as fontes diretas do Direito Eleitoral: A) os entendimentos doutrinários relativos ao Direito Eleitoral. B) as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral. C) as leis estaduais. D) as leis municipais. E) os julgados que compõem a jurisprudência dos Tribunais Eleitorais. Comentário: Perceba, novamente temos uma questão acercas das fontes do direito eleitoral. Vamos relembrar? As fontes diretas são aquelas que tratam diretamente do Direito Eleitoral, enquanto as fontes indiretas são aquelas que versam sobre outro aspecto do Direito, mas 31 acabam sendo aplicadas ao Direito Eleitoral por trazerem conceitos importantes que são utilizados de forma acessória. É importante destacar que há uma divergência quanto a classificação das resoluções do TSE, como visto anteriormente no nosso material. (Se você não prestou atenção, volta lá pra ver!) A) Incorreta. A doutrina é considerada como fonte indireta. B) Correta. As resoluções do TSE vem ganhando uma grande importância prática ao longo dos anos, isso tem levado os doutrinadores e as bancas de concurso a classificar essas resoluções como fontes diretas, pois inovam o Direito Eleitoral. A FCC, por exemplo, considera as resoluções como fontes diretas. C) Incorreta. A competência para legislar sobre Direito Eleitoral é privativa da União, logo, não há como leis estaduais serem fontes diretas. D) Incorreta. Segue a mesma lógica da explicação anterior. A competência é privativa da União, como dispõe o art. 22, I da Constituição Federal. E) Incorreta. A doutrina entende que a jurisprudência é fonte indireta. GABARITO: B Questão 4 (PONTUA - 2011 - TRE-SC – TÉCNICO) Assinale a alternativa INCORRETA: A) O Direito Eleitoral é ramo do direito privado. B) É objeto do Direito Eleitoral a disciplina do registro de candidatos. C) O Direito Eleitoral disciplina o processo para escolha dos governantes. D) Compete privativamente à União legislar sobre Direito Eleitoral. 32 Comentário: Sempre, ao começar a ler uma questão, identifique se é pedido a alternativa correta ou incorreta! Acredite, por desatenção podemos perder muitas questões facílimas como esta. Essa questão traz assuntos que muitas vezes são cobrados em prova: o objetivo, o objeto e a competência para legislar sobre direito eleitoral. Vimos tudo isso bem lá no comecinho, portanto, vamos responder. Então, vamos lá: A) Incorreta. O direito eleitoral é ramo do direito público. Lembre-se que ele cuida de assuntos de interesse da coletividade. B) Correta. O registro de candidatos é um dos objetos do Direito Eleitoral, uma vez que constitui a inscrição na Justiça Eleitoral dos candidatos escolhidos na convenção para concorrerem aos cargos políticos. C) Correta. Uma das funções mais importantes do Direito Eleitoral é justamente disciplinar o processo de escolha dos candidatos. D) Correta. O art. 22, I da CF dispõe sobre essa competência privativa da União para legislar sobre Direito Eleitoral. Perceba como esse artigo é recorrente em questões de concurso! GABARITO: A Questão 5 (FCC - 2013 - TRE-RO – TÉCNICO) NÃO se incluem, dentre as fontes do Direito Eleitoral as: A) Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral. B) decisões jurisprudenciais. C) leis estaduais. 33 D) normas da Constituição Federal. E) leis federais. Comentário: De novo, uma questão pedindo a alternativa incorreta e sobre as fontes do direito eleitoral. Preste atenção e vamos lá! A) Correta. Já vimos que as resoluções são consideradas fontes diretas, logo é fonte do Direito Eleitoral. B) Correta. A jurisprudência é considerada fonte indireta, logo também é uma fonte. C) Incorreta. As leis estaduais não podem ser fontes em razão da competência privativa da União de legislar sobre Direito Eleitoral. Atenção, embora os estados possam receber, por meio de lei complementar, a delegação de competência para dispor sobre questões específicas do Direito Eleitoral, o entendimento doutrinário é que leis estaduais e municipais não são fontes do Direito Eleitoral. D) Correta. A Constituição é uma das principais fontes diretas doDireito Eleitoral. E) Correta. Como você já sabe, a competência para legislar é privativa é da União, logo, as leis federais são fontes do Direito Eleitoral. GABARITO: C Questão 6 (VUNESP - 2017 - Câmara de Porto Ferreira - SP – PROCURADOR JURÍDICO) No dia 23 de outubro de 2005, o povo brasileiro foi consultado a respeito da proibição do comércio de armas de fogo e munições no país, visando a alteração no art. 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), proibindo a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território 34 nacional, ou seja, consultava-se se estaria mantido ou não em vigor o dispositivo. Isso se deu por meio de: A) plebiscito. B) referendo. C) iniciativa popular. D) consulta pública. E) eleição ordinária. Comentário: Aqui temos uma questão sobre as formas de participação na democracia. A) Incorreta. Como dispõe a lei nº 9.709/98, o plebiscito é convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo. No caso em questão, buscava-se a alteração do Estatuto do desarmamento, logo a lei já existia, não sendo cabível o plebiscito. B) Correta. O referendo, segundo a lei nº 9.709/98, é o instrumento adequado para a consulta posterior ao ato legislativo, sendo a resposta da questão. C) Incorreta. Não é o caso de proposição de projeto de lei, o Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) já existia. D) Incorreta. A consulta formulada ao povo, segundo a lei nº 9.709/98 é o referendo. E) Incorreta. Não possui ligação com eleição de representantes. GABARITO: B Questão 7 (VUNESP - 2015 - SAEG – ADVOGADO) Assinale a alternativa correta: A) O sufrágio censitário é uma das espécies do sufrágio universal. 35 B) o plebiscito é o chamamento do cidadão para manifestar-se sobre ratificação ou rejeição de ato normativo já editado pelo legislador, enquanto que o referendo é a convocação do cidadão para manifestar-se sobre a aprovação ou reprovação de ato normativo a ser deliberado pelo legislador. C) A Justiça Eleitoral exerce exclusivamente as funções jurisdicional, normativa e consultiva. D) O eleitor que estiver no país e deixar de votar, não se justificando perante o Juiz Eleitoral até sessenta dias após a eleição, incorrerá em pena de multa. Diversamente, o eleitor que estiver no exterior e deixar de votar terá trinta dias contados de seu retorno ao país para se justificar perante o Juiz Eleitoral, sob pena de multa. E) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar originariamente os conflitos de jurisdição entre Juízes Eleitorais de Estados diversos. Comentário: Perceba como as questões abrangem o conteúdo visto e de forma variada: sufrágio, plebiscito e referendo, bem como assuntos que ainda serão estudados nos próximos capítulos como competência do TSE e as funções da justiça eleitoral. Mantenha-se atento a cobrança desses assuntos que você ainda verá, pois são de extrema importância. A) Incorreta. O sufrágio censitário é uma das espécies de sufrágio restrito. B) Incorreta. A afirmativa troca os conceitos, de modo que a primeira afirmação trata do referendo e a segunda do plebiscito, C) Incorreta. A justiça eleitoral exerce quatro funções: jurisdicional, consultiva, administrativa e legislativa. D) Correta. A afirmativa corresponde exatamente ao texto da lei. E) Incorreta. A competência é do TSE e está prevista nos arts. 22 e 23 do Código Eleitoral. GABARITO: D 36 37 GABARITO Questão 1 - C Questão 2 - C Questão 3 - B Questão 4 - A Questão 5 – C Questão 6 - B Questão 7 - D 38 QUESTÃO DESAFIO Sabendo da controvérsia que reveste o tema, quais são as principais posições doutrinárias a respeito das fontes primárias do Direito Eleitoral? 39 GABARITO QUESTÃO DESAFIO Parte da doutrina identifica a Constituição Federal como a Fonte Primária e todas as demais como Fontes Secundárias. Outra parcela entende que, além da CF, são fontes primárias o Código Eleitoral, a Lei das Eleições, Lei Orgânica dos Partidos Políticos e Lei das Inelegibilidades. Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta: Parte da doutrina identifica a Constituição Federal, em seus artigos 14 a 17 e 118 a 121, como a Fonte Primária e todas as demais como Fontes Secundárias. José Jairo Gomes leciona que a palavra fonte “designa o local onde algo é produzido, indicando, portanto, sua procedência, sua origem. Nesse sentido, por exemplo, significa a nascente, o olho ou a mina d’água. Na doutrina jurídica, expressa a origem ou o fundamento do direito”. "Compreendendo, portanto, as fontes do Direito Eleitoral como sendo o que nos remete à sua origem, especificamente normativa e de disposição, podemos classificá-las entre Fontes Primárias (Diretas) e Fontes Secundárias (Indiretas)", como aponta Savio Chalita. Segundo Thales Tácito Cerqueira e Camila Albuquerque Cerqueira, "as principais fontes formais do DE são a Constituição, como fonte primária; e como fonte secundária , o Código Eleitoral, Lei das Eleições, Lei das Inelegibilidades, Lei dos Partidos Políticos, Minirreforma Eleitoral (lei 11.300/2006), Consultas (atribuição do TSE e TRE's) e Resoluções do TSE. Considerável parcela da doutrina entende que, além da Constituição Federal, são fontes primárias o Código Eleitoral, a Lei das Eleições, Lei Orgânica dos Partidos Políticos e Lei das Inelegibilidades. A esse respeito, tratando da controvérsia, Savio Chalita ensina que "encontraremos na doutrina sensível diferença quanto a esta classificação. Em alguns manuais e cursos de direito eleitoral a 40 divisão é feita de forma a identificar a Constituição Federal (arts. 14 ao 17 e 118 ao 121) como a Fonte Primária (Direta) e todas as demais como Fontes Secundárias. Por Fontes Primárias (Diretas) do Direito Eleitoral poderíamos compreender, dentre outras: a) Constituição Federal. Fonte maior do Direito Eleitoral Brasileiro, pois é nela que se funda o processo de validação jurídica de todas as outras normas, ou seja, é na Constituição Federal que as demais normas encontram seu pressuposto de validade (dogmática jurídica). Além disso, o Texto Constitucional trata, especificamente, nos arts. 14 ao 17 e arts. 118 ao 121 sobre matéria ligada ao nosso objeto de estudos. b) Código Eleitoral (Lei 4.737/1965) e alterações vigentes. Muito embora o Código Eleitoral seja Lei ordinária, após sua recepção pela Constituição Federal de 1988, passou a ser classificado como Lei Complementar. Em sua redação trata da organização e composição da Justiça Eleitoral, procedimento a ser observado no alistamento eleitoral, transferência, segunda via, cancelamento e exclusão. Dispõe também acerca das eleições (atos preparatórios e dia das eleições, dia das eleições, locais de votação, apuração dos votos, contagem, publicação etc.), bem como garantias eleitorais, diplomação, recursos eleitorais, procedimentos penais eleitorais, crimes eleitorais, dentre outras disposições gerais. c) Lei das Eleições (Lei 9.504/1997). De maneira mais específica e detalhada, traz as normas gerais para as eleições, como cronologicamente observaremos, convenções partidárias, coligações e registro de candidatura, arrecadação e aplicação de recursos durante a campanha eleitoral, prestação de contas, pesquisas eleitorais, a propaganda eleitoral em seus diversos meios (com suas limitações, conforme se verá mais a frente), direito de resposta, sistema eletrônico de votação e suas implicâncias, condutas vedadas aos agentes públicos durante o período de campanhas eleitorais, sobretudo. d) Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP – Lei 9.096/1995). Também de maneira mais específica, a LOPP tratará sobre questões próprias de organização,criação, fusão e extinção dos partidos políticos, procedimentos a serem observados em cada uma destas fases. Também dispõe acerca do funcionamento parlamentar, estatuto, filiação partidária, acesso gratuito aos meios de comunicação pelas agremiações políticas, fidelidade partidária etc. e) Lei das Inelegibilidades (LC 64/1990). A LC 64/1990 estabelecerá as hipóteses infraconstitucionais de 41 inelegibilidade, em acordo com o art. 14, § 9º da CF, além de trazer prazos de cessação destas hipóteses, prazos de desincompatibilização e procedimento a ser adotado (art. 22 da LC 64/1990)". 42 LEGISLAÇÃO COMPILADA INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL Prezado aluno, como você deve ter percebido, esse assunto é predominantemente doutrinário. Foram destacados aqui alguns artigos que o ajudarão a visualizar o tema em questão. Em destaque de importância temos os artigos da Constituição Federal e a lei nº 9.709/98, que regulamenta a execução do art. 14 da Constituição Federal e colabora para o entendimento sobre plebiscito, referendo e iniciativa popular. Constituição Federal: artigos 14; 22, I; 60, §4º, II. Código Eleitoral: artigo 23, IX. Lei da Eleições: artigo 105. Lei nº 9.709/98: artigos 1º a 14. 43 JURISPRUDÊNCIA Prezado aluno, como já mencionado, esse é um assunto mais introdutório e não existem muitas jurisprudências acerca do tema. No entanto, foram destacados alguns julgados que utilizam a matéria durante a argumentação. Vamos lá! FONTES DO DIREITO ELEITORAL Ac. nº 25112, de 19.12.2005, rel. Min. Humberto Gomes de Barros. AGRAVO REGIMENTAL. Recurso Especial. Eleições 2004. Propaganda eleitoral. Divulgação. Registro. Informações. Multa. Art. 33, § 39 , da Lei n9 9.504/97. Aplicabilidade. A multa prevista no art. 33, §3º , da Lei nº 9.504/97 é aplicável na hipótese de divulgação de pesquisa sem o registro das informações previstas em seus incisos. A teor do Código Eleitoral (art. 23, IX), o TSE tem competência para baixar instruções regulamentando normas legais de Direito Eleitoral. Comentário: Apesar do núcleo central do julgado ser a multa eleitoral prevista no art. 33, §3º da Lei nº 9.504/97, há menção acerca da competência do TSE para criar instruções que regulamentem as normas do Direito Eleitoral, fazendo alusão às resoluções do TSE, conforme estudamos. Preste atenção: as instruções devem regulamentar, logo não podem criar novas disposições sobre direito eleitoral, ou seja, não podem inovar. Como já vimos, são atos normativos secundários. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO ELEITORAL TJ-SC - APL: 03023570920168240022 Curitibanos 0302357-09.2016.8.24.0022, Relator: Jaime Ramos, Data de Julgamento: 18/09/2018, Terceira Câmara de Direito Público http://www.tse.jus.br/sadJudInteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?tribunal=TSE&processoNumero=25112&processoClasse=RESPE&decisaoData=20051219&decisaoNumero=25112 44 APELAÇÃO CÍVEL EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. AFASTAMENTO DO CARGO PÚBLICO EFETIVO PARA DISPUTAR ELEIÇÕES MUNICIPAIS. LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL N. 26/2002 QUE PREVÊ O PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO INTEGRAL APENAS "A PARTIR DO REGISTRO DA CANDIDATURA E ATÉ O QUINTO DIA SEGUINTE AO DA ELEIÇÃO". LEI COMPLEMENTAR FEDERAL N. 64/1990 QUE ASSEGURA A REMUNERAÇÃO INTEGRAL DURANTE TODO O AFASTAMENTO. CONFLITO DE NORMAS. DIREITO ELEITORAL. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO (ART. 22, INCISO I, DA CF). DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA MUNICIPAL POR VÍCIO DE INICIATIVA. AUSÊNCIA DE OFENSA À CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO. PRECEDENTES DO STF. INADEQUAÇÃO DO WRIT PARA OBTER DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO INCIDENTAL AUTORIZADO. TESE REJEITADA. RECURSO E REMESSA DESPROVIDOS. "Segundo orientação firmada por esta Suprema Corte, a regra de reserva de Plenário é inaplicável se a matéria já tiver sido apreciada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal ou pelo órgão equivalente do Tribunal de origem" (STF - ARE n. 640438/RS, Rel. Ministro Joaquim Barbosa). "A norma municipal, ao restringir o direito à licença remunerada do servidor público que pretende concorrer a cargo eleitoral, viola competência da União a quem compete privativamente legislar sobre direito eleitoral" Comentário: O destaque desse julgado neste momento é com relação à competência privativa da união para legislar sobre direito eleitoral. Perceba que houve aqui um conflito de normas, entre uma lei complementar municipal e a lei complementar nº 64/90. Você deve estar se perguntando, mas e o parágrafo único do art. 22 da CF? ATENÇÃO, ele só se refere a delegação de questões específicas e aos ESTADOS, não aos municípios. Portanto, vale a regra geral de competência privativa da união. 45 MAPA MENTAL 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 10ª edição, rev., ampl. e atual., Niterói: Editora Impetus, 2010. BARROS, Francisco Dirceu. Direito Eleitoral. 10ª edição. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2011. NETO, Jaime Barreiros. Sinopses para Concursos: Direito Eleitoral. 10ª edição, rev., atual, e ampl., Salvador: Juspodivm, 2020. DIREITO ELEITORAL Capítulo 1 1. Introdução ao Direito Eleitoral 1.1 Conceito 1.2 Fontes 1.2.1 Classificação. 1.3 Democracia 1.4 Sufrágio Popular QUADRO SINÓTICO QUESTÕES COMENTADAS GABARITO QUESTÃO DESAFIO GABARITO QUESTÃO DESAFIO LEGISLAÇÃO COMPILADA JURISPRUDÊNCIA MAPA MENTAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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