Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas 1ª edição 2019 Autoria Parecerista Validador Samira Santos da Silva Sandra Gavioli Puga / José Leão *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 8 1Unidade 11. Histórico do Desenvolvimento de Software Para iniciar seus estudos Nesta unidade, será apresentado o conceito de metodologia de desenvolvimento de software, assim como as diversas metodologias de desenvolvimento que foram surgindo ao longo dos anos. Além disso, será contextualizado o surgimento de cada metodologia, de forma a justificar sua existência. Compreender a evolução das metodologias no decorrer do tempo ajudará você a assimilar melhor a aplicação das mesmas ao desenvolvimento de softwares em seu cotidiano. Objetivos de Aprendizagem • Definir o conceito de metodologia de desenvolvimento de sistemas. • Descrever a história e evolução no decorrer dos anos do conceito de metodologia de desenvolvimento de sistemas. 9 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software Introdução da unidade A compreensão do conceito de metodologia de desenvolvimento de sistemas é fundamental para qualquer profissional na área de TI atualmente. Mesmo quando o profissional não trabalha diretamente com a codificação de sistemas, isso se faz importante. Todas as outras áreas em uma empresa que desenvolve softwares participam desse processo e, portanto, devem conhecê-lo. Por esse motivo, nesta unidade será definido tal conceito. Por fim, será apresentado como a evolução das metodologias de desenvolvimento resultou nas técnicas mais utilizadas nos dias atuais. Assim sendo, compreender a história do desenvolvimento de sistemas possibilita assimilar melhor como as metodologias recentes surgiram. Também será possível perceber que o aprimoramento no modo como o software vinha sendo desenvolvido resultou em uma gama de métodos que atendem a diversos tipos de aplicações. 1.1 Histórico do desenvolvimento de software Ao longo dos anos, a utilização de softwares foi se tornando essencial no dia a dia das pessoas. Estão presentes em todos os segmentos, desde o gerenciamento de caixas de supermercado, no auxílio a médicos durante a execução de uma cirurgia em pacientes e até mesmo no controle de pouso e decolagem de uma aeronave. Por isso, o funcionamento correto de um software é de extrema importância, visto que erros desse sistema de processamento de dados podem causar tanto prejuízos financeiros como danos fatais. Devido ao fato de que o desenvolvimento de sistemas pode ser visto como algo complexo, diferentes metodologias foram sendo propostas no decorrer dos anos. Elas foram se adaptando ao ambiente em que o software seria construído, para garantir a qualidade do que estava sendo produzido. Nesta unidade, será abordada a definição do conceito de metodologia de desenvolvimento de software. Em seguida, será apresentada a forma como as metodologias de desenvolvimento de software evoluíram ao longo dos anos, até chegarem aos métodos mais recorrentes dos dias atuais. 1.1.1 Metodologia de desenvolvimento de software Define-se como metodologias de desenvolvimento de softwares a estrutura básica para se controlar o modo como um sistema deve ser construído. Uma metodologia contém regras, padrões, práticas e conceitos necessários para o desenvolvimento de um software, de forma que o mesmo atinja os padrões necessários de qualidade, minimizando-se os riscos e custos No decorrer dos anos, o uso de softwares foi se difundindo por vários segmentos, tanto técnicos como de negócios, fazendo com que as metodologias se adaptassem e evoluíssem. Sabendo-se que uma metodologia é um conjunto de métodos, deve-se, também, entender o que é um método e qual é a sua função. Um método pode ser definido como uma abordagem técnica detalhada passo a passo, a fim de executar uma ou mais tarefas estabelecidas pela metodologia. Em outras palavras, a principal função do método é basear-se em procedimentos para atingir um objetivo. 10 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software A metodologia a ser utilizada no desenvolvimento de um sistema deve ser escolhida de forma cautelosa, baseando-se na natureza do projeto e no produto final a ser desenvolvido, bem como dos métodos e ferramentas que serão empregados e dos controles e produtos parciais desejados. 1.2 Evolução das metodologias de desenvolvimento de software Desenvolver softwares nem sempre é uma tarefa fácil. Existe cada vez mais demanda por softwares que sejam eficazes, ou seja, que realizam de fato sua função e que sejam ao mesmo tempo eficientes, consumindo pouca memória e pouco poder de processamento computacional. Além disso, devem ser de fácil utilização pelo usuário final. Apesar dos grandes avanços em termos de tecnologia, pode-se perceber que muitas equipes de desenvolvimento ainda entregam softwares que acabam falhando com o usuário em algum momento da operação. Quando isso acontece, raramente é uma falha técnica. Pode-se dizer que, na maioria das vezes, a falha de um sistema é resultado da ausência ou utilização de forma errada de metodologias de desenvolvimento. Nos primórdios do desenvolvimento de software, o modelo básico utilizado foi o “codificar e corrigir”, que consistia nas seguintes etapas: 1. Escrever um código. 2. Corrigir os problemas deste código. O modelo básico de desenvolvimento de software consistia em uma espécie de “tentativa e erro”. Era um processo considerado artesanal, em que a produção consistia em gerar versões que seriam refinadas sucessivamente com o objetivo de eliminar falhas até que o cliente se mostrasse satisfeito. Também não existia uma documentação informando os requisitos do software. Tal levantamento era feito de maneira informal e dificilmente o problema era modelado, diferentemente do método ágil, em que aplicamos os conceitos de iteração. Além da ausência das boas práticas de engenharia de software, o trabalho era todo centrado no programador. Nesse cenário, não se fazia o uso de documentações. O software era visto como uma obra de arte e como produto central, portanto, não sendo planejado. Não obstante os problemas mencionados, o modelo dos primórdios trazia consigo ainda outras desvantagens. Após um grande número de correções, a estrutura do código se tornava fraca, levando a um alto custo nas próximas correções. Isso ressaltava a necessidade de projetar o software antes de codificá-lo. Outro problema é que esse tipo de software não contemplava todas as expectativas do usuário após a entrega. Isso evidenciava a necessidade do levantamento dos requisitos do software antes de sua codificação. Por fim, o código produzido nesse modelo era difícil de ser testado e de ser modificado, caso houvesse necessidade. Isso salientou a necessidade de haver uma fase de testes e modificações já planejadas desde o princípio. Partindo do cenário citado nos parágrafos anteriores, a necessidade de desenvolver softwares de maneira mais profissional e organizada se fez clara. A crise do software na década de 1970 foi o que impulsionou a discussão sobre formas metodizadas para o desenvolvimento de softwares. O termo “crise de software” diz respeito aos problemas enfrentados pelos desenvolvedores da época, devido à grande demanda por sistemas cada vez mais complexos, além da ausência de técnicas de desenvolvimento que facilitassem todo o processo. 11 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software Naquelaépoca, a Conferência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que reunia países ocidentais e capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, marcava o surgimento da engenharia de software. A reunião tinha como objetivo a definição de práticas que levassem a melhorias na construção de sistemas. Figura 1 – Donald Trump dando um discurso durante a OTAN do ano de 2018 Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Para saber mais acerca das metodologias de desenvolvimento de software, acesse a Internet e pesquise alguns temas sobre a crise do software da década de 1970. Saiba mais 12 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software A construção dos primeiros aviões passou pelas mãos dos irmãos Wright. Entretanto, até que a ideia funcionasse, houve muito desperdício de recursos, devido às inúmeras tentativas sem sucesso. O procedimento funcionava da seguinte forma: a aeronave era construída por completo e, ao final, era empurrada de um penhasco. Caso o teste falhasse, a aeronave seria destruída e começariam tudo outra vez. Imagine se o desenvolvimento de softwares também fosse assim?! Tendo como motivação inicial a crise de software dos anos 1970, diversos modelos de desenvolvimento foram propostos. O primeiro modelo de desenvolvimento proposto é denominado modelo em cascata (ROYCE, 1970), também chamado de clássico ou linear, foi um dos primeiros modelos de desenvolvimento de sistemas. Sua primeira descrição formal pode ser encontrada em um artigo publicado por Winston W. Royce no ano de 1970. Apesar disso, Royce não utilizava o termo “waterfall” ou cascata em seu artigo. Essa metodologia surgiu como uma nova forma de desenvolver software que pudesse minimizar os problemas da utilização do modelo artesanal da produção de sistemas. Figura 2 – Winston W. Royce, autor da primeira descrição formal do modelo cascata Fonte: WINSTON..., 2017. 13 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software Nesse modelo, o desenvolvimento de software é visto de forma sequencial, com um fluir constante para frente, como uma cascata, contendo as seguintes fases: levantamento e análise de requisitos, projeto (design), desenvolvimento, testes (validação) e operação (manutenção). Cada etapa é fechada em relação às suas próximas tarefas, permitindo que uma fase se inicie apenas após a finalização da fase anterior. Entretanto, existe a possibilidade de voltar à fase anterior da cascata, caso seja necessário, o que acontece principalmente em sistemas mais complexos. Nessa abordagem, é importante que todos da equipe compreendam bem todos os pontos que o software deve contemplar. A Figura 3 ilustra o processo proposto pelo modelo em cascata. Figura 3 – Modelo em cascata proposto por Royce em 1970 Requisitos Design Análise Desenvolvimento Testes Operação Fonte: Adaptada de ROYCE, 1970. Existe também outro modelo intitulado de desenvolvimento iterativo e incremental. Esse modelo surgiu em sequência ao modelo cascata. Muitos exemplos de sua utilização podem ser encontrados no artigo de Craig Larman e Victor Basili, chamado “Iterative and incremental development: a brief history”. O projeto Mercury, desenvolvido pela NASA, agência especial norte-americana, foi um dos primeiros a utilizá-lo. Alguns dos engenheiros do Mercury, mais tarde, formaram uma nova divisão dentro da International Business Machines (IBM), que utilizou o desenvolvimento iterativo e incremental para a construção do software de um ônibus espacial, entre os anos de 1977 e 1980. O software resultou em grande sucesso e contava com 17 iterações que duraram 31 meses, o que equivale a aproximadamente oito semanas por iteração. A motivação deles para evitar o modelo cascata foi que os requisito do software do ônibus mudavam constantemente durante o processo de desenvolvimento do software. A ideia principal do modelo iterativo e incremental é desenvolver um sistema por meio de repetidos ciclos (iterativo) pelas fases, que são semelhantes às fases do modelo cascata, porém, desenvolvendo pequenas partes (novas funcionalidades) por vez (incremental). Dessa forma, à cada iteração, novas informações em relação ao domínio do problema podem ser adquiridas, possibilitando que novas versões tenham funções adicionais sem causar grandes prejuízos ao desenvolvimento. 14 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software As fases básicas desse tipo de modelo são: análise, projeto, implementação e testes. Essa abordagem contrasta com o modelo cascata, visto que as fases são realizadas apenas uma vez. A Figura 4 ilustra o funcionamento desse modelo. Figura 4 – Modelo iterativo e incremental inicialmente utilizado em projetos da NASA entre 1977 e 1980 Fonte: Adaptada de PRESSMAN, 2016. O principal processo de desenvolvimento que contempla a metodologia iterativa e incremental é o Rational Unified Process - Processo Unificado Racional (RUP), que foi patenteado pela empresa Rational. De forma semelhante ao modelo iterativo e incremental, a abordagem de desenvolvimento de software denominada prototipação também visa resolver problemas recorrentes das alterações constantes em um software. Ela permite que versões iniciais do sistema sejam verificadas antes de prosseguir com o desenvolvimento. Sua prática foi um dos pontos que Frederick P. Brooks aborda em seu livro de 1975, chamado “The mythical man-month”, e o artigo do seu aniversário de 10 anos, denominado “No silver bullet”. Um dos primeiros exemplos de aplicação da prototipagem em softwares de grande escala foi na implementação do tradutor Ada/ED, da Universidade de Nova York, utilizado na linguagem de programação Ada. O tradutor foi implementado na linguagem SETL, privilegiando clareza de design e interface de usuário em detrimento à velocidade e eficiência. O sistema Ada/ED foi a primeira implementação Ada, certificada no dia 11 de abril de 1983. Figura 5 – Frederick P. Brooks, um dos precursores na consolidação da prototipagem como modelo de desenvolvimento de software Fonte: FRED..., 2016. 15 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software Existem três formas de criar uma aplicação protótipo para ser validada. • A primeira é criar o protótipo no papel ou mesmo no computador que retrate a interação homem- máquina. Nesse caso, pode-se entregar ao usuário um protótipo de uma interface gráfica de usuário, por exemplo, e pedir que ele interaja com o protótipo realizando sugestões sempre que necessário. • A segunda é implementar uma funcionalidade dentre as que estão no escopo do software que está sendo desenvolvido. • A terceira é utilizar-se de um software já pronto que tenha parte ou todas as funcionalidades necessárias. Essa última é mais utilizada em softwares que estão parcialmente prontos, mas que precisam de funções adicionais ou até mesmo melhorias. Na maioria dos casos, a prototipagem ajuda a encontrar requisitos ainda não descobertos, bem como garantir que funcionalidades individuais funcionem corretamente. Um ponto negativo desse modelo é que, em alguns casos, desenvolvedores realizam concessões temporárias, a fim de colocarem o protótipo do software em funcionamento, mas que acabam ficando até a versão final. Para sua utilização com eficiência, é necessário que usuário e desenvolvedor entendam que o protótipo é apenas uma versão que ajuda na definição dos requisitos de um software. A Figura 6 ilustra o funcionamento do modelo prototipagem. Figura 6 – Modelo prototipagem utilizado amplamente nos anos 80 Requisitos Definição Projeto de sistema Codificação, teste, ... Investigação inicial Implementação Manutenção Fonte: Adaptada de PRESSMAN, 2016. O modelo espiral (BOEHM, 1988) foi descrito por Barry Boehm em seu artigo de 1988, denominado “A spiral model of software development and enhancement”.Esse modelo busca acomodar as fases do modelo cascata em um ciclo mais dinâmico, que passa pelas mesmas fases diversas vezes, aumentando gradualmente os níveis de complexidade. Nessa abordagem, começa-se com entradas pequenas, calculando que alterações de funcionalidades específicas sejam realizadas antes do sistema todo estar pronto, visto que o custo da alteração da aplicação nesse ponto seria maior. 16 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software Figura 7 – Barry Boehm, criador do modelo espiral Fonte: O LENDÁRIO..., 2018. O modelo espiral consiste em uma sequência de iterações, em que cada iteração é uma volta em um espiral, e cada fase ou atividade no desenvolvimento é um setor ou quadrante da volta. A metodologia espiral engloba as melhores práticas dos métodos acima citados, inovando ao trazer também uma nova etapa, chamada “análise de riscos”. Conforme ilustra a Figura 8, essa abordagem contém quatro estágios definidos pelos quatro quadrantes sobrepondo o espiral. Figura 8 – Modelo espiral proposto por Barry Boehm em 1988 Fonte: Adaptada de PRESSMAN, 2016. Ao analisar a figura, é possível observar que: 17 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software • O primeiro estágio (quadrante superior esquerdo) consiste na determinação dos objetivos, soluções alternativas e restrições do software. • No segundo estágio (quadrante superior direito), são analisados os riscos que as decisões tomadas no estágio anterior trazem. Nessa etapa, decide-se se a próxima etapa será executada ou não. Geralmente, pode-se construir protótipos e realizar simulações do software. • Já no terceiro estágio (quadrante inferior direito), realiza-se o desenvolvimento do software, englobando as etapas de design, especificação, codificação e verificação. Todas as especificações realizadas devem ser verificadas de forma apropriada. • Por fim, o quarto estágio (quadrante inferior esquerdo) consiste na revisão das etapas anteriores, bem como o planejamento da próxima fase. Baseando-se nos resultados obtidos nas fases anteriores, pode-se planejar como será a próxima fase. Após a finalização de um ciclo, compreendendo as quatro fases, recomeça-se checando se os requisitos da iteração anterior ainda são válidos, incluindo novas funcionalidades, se necessário. Na etapa em que os testes são realizados, pode-se contar com a ajuda do cliente para verificar se aquele sistema realmente é o que ele está buscando. Assim, uma alteração realizada nas iterações iniciais não teria um custo tão alto quanto nas iterações finais. Apesar de o modelo espiral apresentar diversas vantagens, é necessário um nível adequado de experiência com essa metodologia para determinar a avaliação dos riscos de forma correta. Se um grande risco não for detectado, problemas surgirão nas iterações seguintes. O fechamento da era de modelos baseados em cascata é realizado com o surgimento do vorgehensmodell ou modelo em “V”, proposto por Paul Rook no fim da década de 1980. Nesse modelo, a dependência entre as fases de desenvolvimento e verificação são mostradas de forma explícita. Na Figura 9, pode-se verificar as fases do modelo em V. Do lado esquerdo, temos as tarefas de desenvolvimento. Do lado direito, as tarefas de testes. As setas em cinza claro indicam qual teste uma tarefa de desenvolvimento deve planejar. Os testes são planejados de cima para baixo, conforme as atividades de desenvolvimento vão sendo executadas. Após a etapa de implementação, cada teste planejado é executado de baixo para cima. Figura 9 – Modelo em V proposto por Paul Rook no final da década de 80 Requisitos do cliente Requisitos funcionais Design (alto nível) Design (detalhado) Teste de Unidade Teste de Integração Teste do sistema Teste de aceitação Implementação Fonte: Adaptada de PRESSMAN, 2016. 18 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software Apesar de ser simples, fácil de usar e de deixar explícitas as atividades de teste durante o processo, esse modelo funciona bem apenas para sistemas mais simples, visto que exige plena compreensão dos requisitos do sistema. Além disso, há uma certa dificuldade em se seguir o fluxo sequencial do modelo, já que para passar à próxima fase é necessário que a anterior esteja plenamente concluída. O termo Desenvolvimento Rápido de Aplicação (MARTIN, 1991) ou Rapid Application Dev (RAD), foi registrado por James Martin, em 1991. Esse modelo também pode ser considerado iterativo e incremental, porém enfatiza um ciclo de desenvolvimento bastante curto, com duração média entre 30 e 90 dias, e sugere a divisão de trabalho em equipes distintas. O número de fases no RAD pode variar entre quatro a seis fases, dependendo de qual abordagem da literatura será considerada. Nesta unidade, abordaremos um modelo com cinco fases, conforme mostra a Figura 10. Figura 10 – Fases do desenvolvimento Rápido de Aplicação (RAD) Análise Inicial Modelagem de dados Modelagem de Processo Geração da aplicaçãoTestes e correções Entrega Modelagem de negócio Fonte: Adaptada de MARTIN, 1991. As cinco fases aqui consideradas serão: modelagem de negócio, modelagem de dados, modelagem do processo, geração da aplicação e testes e modificações. A fase modelagem de negócio modela o fluxo de informações entre funções ou módulos. A modelagem de dados define as classes e suas relações de acordo com a necessidade da aplicação. A modelagem do processo baseia-se na fase anterior para criar o fluxo de dados por meio de diagramas de classes, casos de uso, etc. Na geração da aplicação, o software é de fato desenvolvido. Por fim, testes e modificações dos módulos são realizados a fim de corrigir possíveis falhas existentes na fase de testes e modificações. O RAD é útil quando existe a possibilidade de se modularizar o projeto (o que muitas vezes não é possível). Além disso, as tarefas devem ser possíveis de serem divididas em equipes. Por fim, essa metodologia também não se aplica a sistemas que não podem ser finalizados no prazo de 90 dias. No período entre 1990 e 2005, houve uma ascensão do que chamamos de métodos ágeis. Esses métodos envolvem um conjunto de metodologias, com o intuito de acelerar o ritmo do desenvolvimento de softwares, visto que os modelos tradicionais de desenvolvimento acabavam sendo apontados como lentos e burocráticos. 19 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software Se antes o desenvolvimento de um software poderia demorar até anos, o objetivo era conseguir fazê-lo em meses ou até mesmo semanas. Com a origem desse conceito datada por volta de 1990, o conceito de agile não demorou a ser difundido, resultando na criação de diversos modelos que suportam essa metodologia. A Tabela 1 exibe alguns dos métodos propostos no período acima citado e suas principais características. Tabela 1 – Ano de surgimento e principais características de algumas metodologias ágeis Ano de Surgimento Metodologia Principais características 1995 Dynamic Systems Development Method (DSDM) Define qualidade e esforço em termos de custo e tempo no princípio do desenvolvimento e ajusta as entregas do projeto para atender aos critérios definidos através da categorização dos “entregáveis” em: “deve ter”, “deveria ter”, “poderia ter” e “não terá”. 1995 Scrum Projetos são divididos em ciclos (tipicamente mensais) chamados de Sprints. Funcionalidades do sistema são mantidas no Product Backlog. Existem três papéis na equipe do Scrum: Scrum Master, Product Owner e DevTeam. 1996 Crystal Seus métodos possuem quatro funções: patrocinador executivo, designer principal, desenvolvedores e usuários experientes. Muitas estratégias e técnicas são empregadas para alcançar a agilidade. 1996 Extreme Programming Torna possível evitar com que o custo do software tenha um aumento extremocom o tempo. Seus principais atributos são: desenvolvimento incremental, escalonamento flexível, códigos de teste automatizados, comunicação verbal, etc. 1997 Feature-driven Development (FDD) Opera com o princípio de concluir um projeto dividindo-o em funções pequenas, com valor para o cliente, e que podem ser entregues em menos de duas semanas. Possui dois princípios fundamentais: o desenvolvimento de software é uma atividade humana e o desenvolvimento de software é uma funcionalidade valiosa para o cliente. 2005 Agile Unified Process (AUP) É a evolução do Rational Unified Process (RUP) e combina técnicas existentes como Test Driven Development (TDD) e Agile Modeling para entregar um produto de melhor qualidade. Fonte: Adaptada de PRESSMAN, 2016. Em 2001, o Manifesto Ágil foi escrito explicando exatamente como um método ágil deveria ser, seu conceito, além dos 12 princípios de um método ágil. A partir desse momento, o surgimento e, principalmente, a utilização de metodologias ágeis, não parou mais. Ao contrário, em grande parte das empresas atualmente, as técnicas de desenvolvimento tradicionais já foram substituídas por metodologias ágeis, levando-nos a crer que estamos vivendo a “era agile”. 20 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas | Unidade 1 - Histórico do Desenvolvimento de Software A Figura 11 apresenta a relação dos métodos citados nesta unidade e sua localização na linha do tempo de acordo com o ano de seu surgimento. Nela, é possível notar a grande concentração de métodos ágeis surgindo entre os anos de 1995 e 2000, devido a um grande interesse no aumento da produtividade naquela época. Figura 11 – Linha do tempo dos métodos de desenvolvimento de software Fonte: Adaptada de PRESSMAN, 2016. Os modelos para o desenvolvimento de software não terminam por aí. De 2005 até os dias atuais, diversos modelos vêm sendo propostos para suprir diferentes necessidades vindas de diferentes aplicações. Entretanto, os modelos descritos nesta unidade ainda são os mais utilizados. Síntese da unidade Nesta unidade, foi tratada a definição do conceito de metodologia de desenvolvimento de softwares. Além disso, foi apresentado como se deu o surgimento de algumas das principais metodologias existentes, que são utilizadas até os dias atuais. 21 Considerações finais Atualmente, todas as empresas que desenvolvem softwares, independentemente do segmento a que são direcionados, utilizam uma metodologia de desenvolvimento, por vezes mais de uma metodologia pode ou deve ser utilizada para garantir o nível de qualidade. Muitas empresas, principalmente que desenvolvem softwares para a área governamental, têm suas metodologias auditadas pela ISO, sendo esta uma exigência de vários órgãos governamentais. Unidade 1 1. Histórico do Desenvolvimento de Software Unidade 2 2. Fundamentos de Desenvolvimento de Software Unidade 3 3. Modelos do Ciclo de Vida de Projetos de Desenvolvimento de Software Unidade 4 4. Modelos MDS Unidade 5 5. Processos de MDS Unidade 6 6. Tipos MDS Unidade 7 7. Qualidade em MDS Unidade 8 8. Estudos de Casos com Uso de Software CASE
Compartilhar