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Atividade Discursiva U4 - SEÇÃO 4 ACADÊMICA: RUBIANA FERREIRA DE SOUZA DELGADO AVALIAÇÃO A violência é um fenômeno que tem como característica fundamental “o uso intencional e desejado da agressividade para fins destrutivos, em uma relação de poder caracterizada como assimétrica – entre pessoas, etnias ou nações – em que uma das partes está ou se pretende que esteja subordinada, subjugada” (TRASSI; MALVASSI, 2010, p. 44). A violência é intencional e depende da consciência do eu e da negação do outro enquanto sujeito. Mas Rousseau acredita que o homem, quando criança, é piedoso por natureza e usa sua agressividade somente para se defender do ambiente. Se, como afirma Rousseau, quando criança somos piedosos, analise, a partir de seus estudos: por que adolescentes cometem atos infracionais? RESPOSTA Atualmente, estudos apontam as causas socioeconômicas impostas pela sociedade onde o objeto é valorizado e o sujeito desvalorizado, como as predominantes para levar adolescentes, em sua maioria periféricos, a cometer ato infracional, ou seja, conduta descrita como crime ou contravenção penal. “Considera- se ato infracional a ” (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº8.069/1990). O Ato infracional é o ato condenável, de desrespeito às leis, à ordem pública, aos direitos dos cidadãos ou ao patrimônio, cometido por crianças ou adolescentes. Só há ato infracional se àquela conduta corresponder a uma hipótese legal que determine sanções ao seu autor. No caso de ato infracional cometido por criança (até 12 anos), aplicam proteção. Nesse caso, o órgão responsável pelo atendimento é o Conselho Tutelar. Já o ato infracional cometido por adolescente deve ser apurado pela Delegacia da Criança e do Adolescente a quem cabe encaminhar o caso ao Promotor de Justiça que poderá aplicar uma das medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. O adolescente apresenta uma vulnerabilidade especial para assimilar os impactos projetivos de pai, irmãos, amigos e de toda a sociedade. Ou seja, é um receptáculo propício para encarregar vive.se dos conflitos dos outros e assumir os aspectos mais doentios do meio em que Knobel (1989: p. 7) A falta de presença representativa inconscientemente paterna, podendo ser o próprio pai biológico, avô, tio, irmão, padrasto, ou alguém que tenha a posição de determinação de regra e limites na criação do adolescente, ou também quando há quebra do núcleo familiar, pois querendo ou não a família é um suporte básico do desenvolvimento emocional e social, pode levar a comportamento arisco, independentemente de sua composição. Por isso, como discorre LEVISKY “Quando falamos de pai ausente o entendemos não no sentido físico, mas principalmente, ausente na vida intrapsíquica da criança [...] O papel principal do pai não é o da relação vivida, nem o da procriação, mas o da palavra que significa lei. “ (1998, p 115.) De acordo com o Aurélio adolescência é “o período da vida humana que sucede à infância, começa com a puberdade, e se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estendes e aproximadamente dos 12 aos 20 anos) ” entretanto para a construção ética e política as definições do adolescente são ampliadas a condições específicas como a faixa etária, para além do biológico e perceptível. Jean Jacques Rousseau, um dos mais importantes filósofos do iluminismo francês, dedicou-se a conhecer à essência do homem. Na sua concepção, a natureza humana é concebida como um conjunto de características intrínsecas e naturais ao homem, ou seja, seus sentimentos e suas paixões primitivas. Em outras palavras, trata-se das características que permaneceriam no homem e pendentemente da cultura, momento histórico ou da sociedade na qual este esteja inserido. Além do mais, ele sustenta a tese do estado de natureza humano, afirmando que o homem é bom por natureza e à medida que vai acontecendo o processo de socialização pode haver uma deturpação desta ordem natural. Neste sentido, seguindo a linha de raciocínio de Rousseau chegamos à conclusão de que a vida em sociedade empurra o homem desde seu nascimento para a indiferença e o egoísmo; ao sentir-se mais importante que os demais, o homem não ouviria a piedade ditada pelo seu interior, pois, não mais se identifica com os outros. Daí a origem da violência. Ela é fruto da vida em sociedade. Não do estado de natureza do ser humano. Assim sendo, no exemplo citado na pergunta inicial, segundo Rousseau o ser humano e os adolescentes no caso citado, comentem atos infracionais por conta da deturpação da sociedade ao seu estado de natureza, despertando o egoísmo e a ganância fruto da vida em sociedade. Rousseau reconhece um livre arbítrio, ele diz que o homem se diferencia dos demais animais por poder resistir a essa instrução dada pela natureza, “e é sobretudo na consciência dessa liberdade que se mostra a espiritualidade de sua alma”. Na esteira de Rousseau os adolescentes infratores ou violentos são frutos da deturpação da ordem natural da natureza pela vida em sociedade, ou seja, eles são ensinados a ser violentos. Mas não é ingênuo a ponto de acreditar na transferência de liberdade, ou seja, os adolescentes também escolhem segundo critérios egoístas serrem violentos. Por fim, tratar da violência no contexto em estamos inseridos vai muito além de generalizações. A questão está enraizada na cultura brasileira que é profundamente desigual. Quando existem muitas desigualdades de oportunidades, as oportunidades de violência são maximizadas. Para além da generalização, para além da transferência de responsabilidades, para além da ingenuidade sobre a natureza positiva, existe o mistério da iniquidade.
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