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1 VISÃO GERAL SOBRE DERMATOLOGIA VETERINÁRIA 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2 2. DERMATITES ALÉRGICAS: IDADE DOS SINTOMAS DISTRIBUIÇÃO DAS LESÕES DAPE ........................................................................................................... 3 2.1. Patogenia .............................................................................................................. 3 2.2. Sinais Clínicos ...................................................................................................... 5 2.3. Diagnóstico ........................................................................................................... 6 2.4. Tratamento ........................................................................................................... 7 3. OTITES ............................................................................................................... 12 3.1. Anatomofisiologia ............................................................................................... 12 3.2. Etiopatogenia ...................................................................................................... 13 3.3. Manifestações clínicas ........................................................................................ 14 3.4. Diagnóstico ......................................................................................................... 15 3.5. Tratamento ......................................................................................................... 16 4. ENDOCRINOPATIAS ......................................................................................... 19 5. SARNA DEMODÉCICA ...................................................................................... 26 6. ESCABIOSE CANINA ........................................................................................ 28 7. DERMATOPATIAS AUTO-IMUNES EM CÃES E GATOS ................................ 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35 2 1. INTRODUÇÃO As doenças de pele em cães e gatos podem surgir por conta de diversos fatores. Por causa disso, elas também variam em gravidade e nem sempre são um problema difícil de combater. Na verdade, muitas vezes o tratamento é simples, mas o que acontece é que essas manifestações precisam ser identificadas o quanto antes para evitar que se estendam pelo corpo do animal. Além disso, quando não tratadas, elas podem gerar complicações — aí sim, será necessário realizar um tratamento mais intensivo. Por isso, sempre verifique o que está acontecendo abaixo do pelo. Quando for dar banho e penteá-lo, observe as características da pele para identificar os primeiros sintomas de uma possível condição. A mais comum entre as doenças de pele é a presença de parasitas na pele, como as pulgas e os carrapatos. Esses visitantes indesejados sugam o sangue do pet e causam coceira, vermelhidão e pequenas feridas. Em alguns casos, transmitem verminoses e doenças. Diante da presença desses intrusos, é preciso dar um banho com produtos específicos, assim como limpar o ambiente. Para evitar novas infestações, é recomendado usar pipetas, comprimidos orais, coleiras especiais ou sprays antipulgas e carrapatos. Neste material contém informações das principais doenças que atacam a pele de cães e gatos, sua forma de prevenção e tratamento. 3 2. DERMATITES ALÉRGICAS: IDADE DOS SINTOMAS DISTRIBUIÇÃO DAS LESÕES DAPE Os atendimentos dermatológicos em pequenos animais apresentam grande prevalência, sendo esta a razão mais comum para que sejam levados ao médico- veterinário (Scott, Miller e Griffin, 2001; Hiil et al., 2006). Os quadros dermatológicos alérgicos representam grande número destes atendimentos, onde a dermatite atópica, a hipersensibilidade alimentar e a dermatite alérgica à picada de ectoparasitas (DAPE) são considerados os distúrbios alérgicos cutâneos mais comuns em cães e a principal causa de dermatite miliar em gatos (Dryden, 2009). A DAPE é caracterizada por uma reação de hipersensibilidade a proteínas presentes na saliva de pulgas e carrapatos que, quando eliminadas durante a picada dos ectoparasitas, desencadeiam a reação alérgica em animais hipersensíveis (Demanuelle, 2004). Representando 50% das dermatoses alérgicas e muitas vezes associada com outras enfermidades como a dermatite atópica, a DAPE tem aspecto frequentemente sazonal, no entanto, em climas subtropical e tropical; como no Brasil, há relatos de prevalência dessa patologia durante o ano todo (Von Ruedorffer et al, 2003); (Scott, Miller e Griffin, 2001), sendo notada a diminuição da frequência e severidade da doença em regiões em que há a utilização de produtos específicos para o controle dos ectoparasitas (Ihrke, 2010). 2.1. Patogenia A DAPE é caracterizada por uma resposta imunológica exacerbada aos componentes presentes na saliva da pulga e do carrapato. Entre as pulgas, a espécie Ctenocephalides felis, encontrada em 92% das infestações caninas e 99% das felinas e é a principal espécie causadora das alergias. Entre os carrapatos o Rhipicephalus sanguineus, espécie com mais frequência nas infestações, desencadeia processos alérgicos após sua picada (Sousa, 2010; Charman et al., 1987). Durante a realização do repasto sanguíneo (alimentação) os ectoparasitas injetam na pele do animal quantidades de saliva compostas por várias substâncias, 4 inclusive anticoagulantes, vasodilatadores, antiplaquetárias e imuno moduladores, que irão atuar garantindo o sucesso do hematofagismo (Silva, 2009). Dentre essas substâncias há aproximadamente 15 componentes altamente alergênicos, que atuam como antígenos na pele de cães e gatos estimulando o sistema imunológico dos animais que são alérgicos e desencadeando, assim, as reações de hipersensibilidade e os sintomas clínicos encontrados na DAPE. Na figura um vemos um cão com dermatite alérgica. Figura 1: Dermatites Alérgicas em cães. Fonte: Dr. Claudio Nazaretian Rossi. Somente os animais predispostos imunologicamente reagem ao entrar em contato com a saliva dos ectoparasitas, uma vez que podemos observar animais intensamente parasitados sem sintomas alérgicos e casos em que uma única picada é capaz de desencadear a resposta. As reações de hipersensibilidade podem ser classificadas em tipo I (imediata), onde os antígenos salivares estimulam a produção de IgE induzindo severa inflamação na pele, prurido e dor; e em tipo IV (tardia) que explica porque muitos animais desenvolvem o quadro alérgico mais tardiamente. As substâncias alergênicas da saliva englobam polipeptídeos, aminoácidos, compostos aromáticos, materiais responsáveis pela liberação de histamina, além de enzimas proteolíticas e anticoagulantes sendo todas implicadas no processo de irritação imediata na pele dos animais. Simultaneamente, outras substâncias alérgicas de baixo peso molecular (haptenos) se ligam a proteínas da pele do hospedeiro e, após subseqüente exposição, geram uma reação de hipersensibilidade tardia, resposta característica dada pelos animais com DAPE (Modelli, 2012; Fonseca, 2000). https://vetsmart-parsefiles.s3.amazonaws.com/339863f4098a7766b836861be3cf13b0_testimg.jpg 5 2.2. Sinais Clínicos Não há um padrão de lesão típico da DAPE que permita a diferenciação entre as outras dermatites alérgicas. Os sinais clínicos manifestados são variados, dependendo do grau de alergia que o animal tem, porém a evolução das lesões costuma ser rápida. Em animais sensíveis à picada de pulgas e carrapatos,ainda em meio a pequenas infestações, a manifestação clínica será mais grave em comparação aos animais não alérgicos; que mesmo altamente infestados apresentam lesões menos severas (MODELLI, 2012). O prurido intenso é o sintoma primário, sendo também observado em cães lesões por mordeduras ao redor do ânus e na base da cauda, se estendendo para a região das costas, nas coxas, abdômen e pescoço. As lesões são avermelhadas, seguidas por um prurido crônico, alopecia, crostas hemorrágicas e enegrecimento da pele. Sinais cutâneos generalizados podem aparecer em animais severamente hipersensíveis. Gatos podem manifestar a alergia com sinais de alopecia e coceira, sendo frequente o aparecimento de crostas e protuberâncias ao redor do pescoço e no dorso. Os sintomas também podem ser apresentados por meio do complexo granuloma eosinofílico, que são lesões que afetam a pele e a cavidade bucal dos felinos, sendo encontrado na forma de úlcera, placas e por meio de granuloma (GUAGUERE E PRELAUD, 2001; TALAUKAS, 2009). Em casos crônicos, em que há evolução das lesões em decorrência dos traumatismos pelo ato de coçar, essas novas lesões promovem a queda da barreira de proteção da pele, o que pode levar a um agravamento do quadro desencadeando infecções secundárias que devem ser tratadas independentemente da doença de base. 6 Figura 2: Perda de pelo em cães. Fonte: Dr. Claudio Nazaretian Rossi. 2.3. Diagnóstico O diagnóstico da DAPE deve ser baseado na história clínica do animal associado aos achados clínicos característicos, onde a morfologia e a distribuição das lesões podem ser bem sugestivas. A presença de ectoparasitas ou de seus dejetos também pode ser um fator importante, porém nem sempre é fidedigno, pois em pelo menos 15% dos casos de DAPE não há sinal de infestação nos animais. Já a melhora clínica, após o controle dos ectoparasitas com o uso de produtos específicos durante 4 a 6 semanas, vem sendo a melhor forma de diagnóstico. Para os casos em que durante esse período não houver resposta à terapia, deve-se pensar que não se trata de DAPE e novas investigações devem ser conduzidas (MODELLI, 2012; SCOTT, MILLER E GRIFFIN, 2010). É importante que seja realizado o diagnóstico diferencial de doenças com sinais clínicos semelhantes, tais como quadros de dermatite atópica e hipersensibilidade alimentar, onde a DAPE é o primeiro diagnóstico que deve ser excluído. Mesmo que não seja a causa exclusiva do processo alérgico, a presença de pulgas e carrapatos pode piorar a intensidade do quadro clínico, portanto, a erradicação de ectoparasitas é imprescindível em qualquer animal alérgico ou que apresente dermatopatia pruriginosa. Algumas dermatopatias secundárias, como piodermite ou malasseziose, também podem ocorrer associadas à DAPE, por isso a citologia é um exame de https://vetsmart-parsefiles.s3.amazonaws.com/7fb517c4504147f7d8ad184ec7a804c8_testimg.jpg 7 extrema importância para pesquisa e quantificação de bactérias e leveduras (Favrot et. al., 2010) que, estando presentes na microbiota cutânea, exigem o tratamento específico com antibióticos e/ou anti fungícos tópicos e orais. 2.4. Tratamento O tratamento da DAPE consiste em eliminar a exposição ao alérgeno. O controle efetivo da infestação das pulgas e carrapatos no animal e no ambiente, associado ao tratamento sintomático do paciente com medicamentos que visem a diminuição da reação de hipersensibilidade e o controle do prurido levam a conseqüente melhora clínica do animal. Quando diagnosticada uma dermatopatia por infecção secundária à DAPE, a mesma também deverá ser tratada com o uso de antibióticos adequados. A eliminação das pulgas e carrapatos terá grande importância no tratamento da DAPE e, para eficiência desta eliminação, medidas físicas e/ou químicas devem ser incorporadas no próprio animal, nos coabitantes e no ambiente (Sousa, 2005). Deste modo, o controle da DAPE deve incluir o tratamento etiológico e sintomático do animal afetado e dos demais animais contactantes, assim como a descontaminação do ambiente (interno e/ou externo) freqüentado pelo hospedeiro, objetivando prevenir novas infestações. O tratamento do ambiente visando o controle de carrapatos poderá ser realizado por meio de pulverizações com produtos específicos para este fim em três a quatro aplicações, com intervalos de 14 dias, sendo reaplicados com base no período de eficácia preconizado, sempre aspergindo a substância nas paredes, muros, tetos e principalmente nas áreas de descanso do animal. No caso das pulgas, as medidas de controle se dão por meio da limpeza de matéria orgânica (ex. uso do aspirador de pó ou lavar o ambiente) além da utilização de produtos químicos (ex. carbamatos, organosfosforados) (Labruna e Pereira, 2001; Pereira e Santos, 1998). Para atuar nos estágios adultos dos ectoparasitas encontrados sobre o animal, que correspondem a apenas 5% da população, é recomendada a aplicação de produtos químicos que apresentam efeito adulticida (Pereira e Santos, 1998), sendo os de aplicação tópica e efeito não sistêmico os mais conhecidos e utilizados durante as últimas décadas. 8 Seus modos de ação e índices de segurança, mesmo com aplicações periódicas durante muitos anos, são bastante caracterizados. O Fipronil destaca-se como um marco no tratamento de pulgas e carrapatos em cães e gatos. É uma molécula sintética com propriedades inseticidas e acaricidas (contra carrapatos, pulgas, sarnas e piolhos) pertencente à família dos fenilpirazóis. Seu mecanismo de ação baseia-se no bloqueio pré e pós-sináptico da passagem dos íons cloro pelos neurotransmissores GABA (ácido gama- aminobutírico), matando os parasitos por hiperexcitação (Tanner et al., 1997). Sua ação ocorre por contato, não sendo necessário que os parasitos piquem o animal para morrer, uma importante consideração para os animais com DAPE. Devido ao comportamento lipofílico da molécula que se armazena dentro das glândulas sebáceas, apresenta excelente efeito residual após banhos com xampu ou apenas água, garantindo seu efeito de longa duração. Os pelos dos animais tratados com Fipronil, ao caírem no ambiente, também exercem significativo controle sobre as formas imaturas dos ectoparasitas, auxiliando no controle da infestação ambiental (Hunter et. al., 1996). O uso dos produtos adulticidas nos animais, especialmente os que apresentam DAPE, deve ser instituído com protocolo terapêutico de três aplicações consecutivas com frequência e sequência e períodos de intervalo a serem adaptados frente ao nível de infestação e frequência de banhos, visando uma maior eficácia das moléculas durante todo o intervalo entre os tratamentos. Outra opção para auxiliar no controle de pulgas e carrapatos em cães, é a utilização de coleira ectoparasiticida a base de Deltametrina 4% e Propoxur 12%. A molécula de deltametrina, que faz parte do grupo dos piretróides, irá atuar sobre a membrana de células nervosas, principalmente nos gânglios basais do sistema nervoso central onde se ligam aos receptores do GABA, sistema responsável pela inibição da atividade neural anormal e previne o estímulo excessivo dos nervos. Quando a função desse sistema regulador é bloqueada pela Deltametrina, a transmissão dos impulsos nervosos fica prejudicada, causando a despolarização espontânea das membranas ou descargas repetitivas durante a fase de recuperação do potencial de ação dos neurônios, levando ao quadro de hiperexcitabilidade dos neurônios, seguido de paralisia e morte dos ectoparasitas. Já o ativo Propoxur, pertencente ao grupo dos carbamatos, irá atuar sobre o sistema nervoso dos ectoparasitas inibindo a enzima acetilcolinesterase que é 9 responsável por hidrolisar a acetilcolina, molécula envolvidana transmissão de sinais nervosos entre as junções neuromusculares e entre os neurônios no cérebro (nas sinapses cerebrais colinérgicas). Devido à inibição da acetilcolinesterase, não há o encerramento das transmissões dos sinais nervosos, resultando assim em hiperexcitabilidade dos neurônios, paralisia e conseqüente morte das pulgas e/ou carrapatos. De acordo com estudos de eficácia realizados em cães, o produto demonstrou ser eficaz no controle de pulgas por até 38 semanas e no controle de carrapatos por até 24 semanas após o início do tratamento, com uma eficácia superior a 90%. O uso do produto poderá ser contínuo, por um período médio de 6 a 9 meses, com indicação de troca de no mínimo a cada 6 meses, ficando a critério do médico veterinário o intervalo de troca, que será variável de acordo com fatores inerentes a cada infestação, como condições climáticas, nível de infestação, realização concomitante de tratamento ambiental, entre outros. Além da remoção da causa primária da DAPE, com métodos de controle da infestação por ectoparasitas, muitas vezes torna-se necessário instituir tratamentos sistêmicos a fim de controlar a sintomatologia clínica dos animais, como o prurido intenso e infecções bacterianas secundárias. Com o objetivo de eliminar o intenso prurido, a administração de corticóide ou corticosteróide, vem sendo a droga mais utilizada na Medicina Veterinária, que em doses farmacológicas irá resultar numa rápida imunossupressão e diminuição da inflamação (Nuttal, 2008). As moléculas de curta ação e com menor efeito mineralocorticoide, como a prednisolona, devem ser utilizadas por via oral em doses decrescentes. O tratamento pode ser iniciado com doses de 0,5 a 1,0 mg/ Kg/dia até que os sintomas estejam controlados (geralmente de 10 a 20 dias), depois a mesma dose deve ser reduzida em administrações a cada 48 horas. Posteriormente o clínico deverá, a cada 15 dias, aumentar o intervalo de administrações até que obtenha o maior intervalo possível (LUCAS, 2004). Quadros de infecções secundárias, como as piodermites, são frequentemente encontrados em animais com DAPE. Alterações na permeabilidade da pele provenientes do processo alérgico e em decorrência aos pequenos traumas e escoriações causados pelo prurido intenso reduzem suas defesas inatas e a torna mais susceptível à colonização bacteriana. 10 Nestas condições, o exame citológico definirá a importância dessas proliferações bacterianas, sendo; em casos de piodermites, os microorganismos mais frequentemente envolvidos o S. intermedius, Pseudomonas ssp., Proteus ssp., E.coli e o S. aureus (ROSSER, 2004). Para o tratamento das possíveis infecções secundárias à DAPE a Cefalexina, pertencente à primeira geração das Cefalosporinas, é o antibiótico de primeira escolha por apresentar elevada eficácia, principalmente devido ao excelente efeito antiestafilocócico, além de ser seguro resultando em baixos efeitos colaterais ainda em tratamentos prolongados. A dose sugerida é de 15-30 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas, ao longo de três a oito semanas ou de acordo com o protocolo adotado pelo médico-veterinário, com o intuito de eliminar a infecção e colonização da pele (Mason and Kietzmann, 1999). A DAPE é uma doença de caráter alérgico bastante comum na clínica de cães e gatos, sendo caracterizada por uma exacerbada resposta imunológica dos animais hipersensíveis aos componentes presentes na saliva dos ectoparasitas, tanto pulgas como carrapatos. Seu diagnóstico é baseado em uma adequada anamnese, exame clínico e resposta ao tratamento (diagnóstico terapêutico), sendo importante a realização de diagnóstico diferencial para outras dermatopatias alérgicas. A eliminação das pulgas e carrapatos terá grande importância no tratamento da DAPE, através da preconização do tratamento do ambiente bem como o uso de produtos ectoparasiticidas específicos nos animais, como por exemplo, produto à base de Fipronil. Tratamentos sistêmicos a fim de controlar a sintomatologia clínica dos animais com DAPE muitas vezes são necessários e realizados por meio da administração de prednisolona, ativo da classe dos corticóides, visando o controle do prurido intenso e com o uso da Cefalexina como o antibiótico de primeira escolha nos casos em que infecções bacterianas secundárias estejam associadas. É essencial ser criterioso na escolha do tratamento, tanto para o animal, quanto para o ambiente. A importância da profilaxia da DAPE, também deve ser enfatizada uma vez que o sucesso da prevenção e do controle da doença depende de uma ação em conjunto entre médico-veterinário e proprietário, se atentando ao fato que animais e ambiente 11 devem ser tratados juntos, e nem sempre a erradicação completa dos ectoparasitas será possível. 12 3. OTITES As otites são referidas como um processo inflamatório (agudo ou crônico) que envolve a orelha, sendo uma das doenças mais comuns na rotina clínica de pequenos animais. Embora algumas raças de gatos tenham predisposição às otites, sua prevalência é muito maior em cães, uma vez que a anatomia da orelha dos felinos é, comparativamente à desses, menos favorável às infecções. As otopatias são importantes não somente pela alta casuística, mas também em função das dificuldades relacionadas ao tratamento, prevenção e, dependendo do fator desencadeante das mesmas, na eliminação das causas perpetuantes para a ocorrência de recidivas. 3.1. Anatomofisiologia A orelha, ou órgão vestibulococlear, apresenta tanto função auditiva quanto de equilíbrio. Em cães e gatos, anatomicamente está dividida em três segmentos: a externa, composta pelo pavilhão auricular e pelo meato acústico externo; a média, compreendendo a cavidade timpânica, a partir da membrana timpânica, os ossículos auditivos, e a tuba auditiva; e a interna, composta pelos labirintos ósseo e membranáceo, e assim como a média, está contida no crânio, mais precisamente no osso temporal. Quanto à inervação do pavilhão auricular, dá-se pelos nervos trigêmeo, facial, vago e segundo cervical. A forma e a posição da orelha, assim como o diâmetro do meato acústico externo, a quantidade de pelos e de tecido mole dentro do canal variam de uma raça para outra. No que se refere ao formato, a orelha está disposta em “L”, compreendendo os ramos horizontal e vertical. É composta, assim como a pele, por um epitélio estratificado queratinizado composto por folículos pilosos, glândulas sebáceas e ceruminosas, e cuja espessura varia entre 1 e 2mm, e o pH médio é de 6,1. O cerúmen, produto da secreção desses dois tipos glandulares, protege o canal e mantém a membrana timpânica úmida e flexível. 13 A microbiota normal do meato acústico é constituída basicamente de bactérias (particularmente das espécies Staphylococcus sp, Streptococcus sp, Bacillus sp, Corynebacterium sp, Es cherichia coli e Micrococcus sp, e menos comumente, Pseudomonas sp e Proteus sp) e de leveduras (Malassezia pachydermatis). 3.2. Etiopatogenia Na etiologia das otites, pode haver o envolvimento de diferentes agentes etiológicos e, ainda, fatores predisponentes e perpetuantes para a sua ocorrência. Quanto aos fatores predisponentes, citam-se a presença de pelos no pavilhão auricular, canais estenosadas, orelhas pendulares, umidade excessiva no canal auditivo, quadros obstrutivos das orelhas (neoplasias, pólipos, corpos estranhos), tratamento inadequado (limpeza com soluções inapropriadas, de forma traumática, ou avulsão do pelame). Dessa forma, cães com orelhas longas e caídas são considerados mais predispostos às otites, pois tais características dificultam a entrada de ar e a secagem adequada da orelha, o que favorece um ambiente quente, úmido e escuro, ou seja,propicia condições ideais para a proliferação de microrganismos, tais como bactérias e agentes fúngicos. Já os fatores perpetuantes são aqueles que ocorrem como uma consequência das otites e que não permitem a resolução destas. Dentre esses, citam-se: alterações patológicas no canal externo da orelha (inflamação, excessiva produção de cerúmen), as otites médias (ruptura da membrana timpânica, presença de secreção mucopurulenta devido à inflamação, formação de biofilme na orelha média), e o emprego tópico de dimetil sulfóxido. Em função da grande semelhança arquitetônica das orelhas com o restante do tegumento, parte das doenças cutâneas também podem causar alterações otológicas. Assim, destacam-se como causas primárias para o desenvolvimento de otites: enfermidades alérgicas (principalmente dermatites de contato, trofoalérgica e atópica), parasitárias (Otodectes cynotis, Sarcoptes scabiei, Demodex cati, Notoedris cati), distúrbios de queratinização (adenite sebácea, disqueratinização primária), doenças endócrinas (hipotireoidismo), autoimunes (pênfigo foliáceo, penfigóide bolhoso, lúpus eritematoso discóide, eritema multiforme, farmacodermia), entre outras 14 (produção excessiva de cerúmen, neoplasias, pólipos inflamatórios, corpos estranhos). Nessas situações, os próprios agentes componentes da microbiota da orelha podem também ser potencialmente patogênicos, uma vez que quando há alteração do microambiente do meato acústico, favorece-se a propagação de bactérias e leveduras, o que possibilita o estabelecimento da infecção, sendo, portanto, consideradas causas secundárias de otite. Quanto às características física e morfológica, as otites podem ser classificadas em: ceruminosas (quer seja por excesso de produção de cerúmen ou por otoacaríase pelo Otodectes cynotis, e menos comumente por Sarcoptes scabiei, Demodex cati, Notoedris cati), eczematosas (pela produção excessiva de cerúmen ou por M. pachydermatis, e pouco frequentemente, por Candida albicans), bacterianas (principalmente Staphylococcus sp e Streptococcus sp, mas também Escherichia sp, Pseudomonas sp e Proteus sp, dentre outras menos comuns), hiperplásica (pela presença de edema e estenose do conduto auditivo) e estenosante (por completa estenose do meato acústico). Ainda, as otites podem ser classificadas quanto à porção ótica envolvida em: externa, média e interna. Há possibilidade de haver inflamação da orelha externa (otite externa), que se não tratada pode se cronificar e, pela proliferação dos microrganismos aí presentes e evolução do quadro inflamatório, podem promover a ruptura da membrana timpânica e atingir as orelhas média (otite média) e interna (otite interna). 3.3. Manifestações clínicas As principais manifestações clínicas das otites incluem: prurido ótico (coceira com as patas, esfregando as orelhas em móveis, nas paredes e no chão), meneios cefálicos (o animal chacoalha a cabeça), otorreia (maior produção de cerúmen, que pode ser de coloração acastanhada, enegrecida, amarelada à purulenta - Figura 1A), odor fétido, eritema (Figuras 1A a 1D), hiperpigmentação (Figuras 1C e 1D), lignificação (Figuras 1B a 1D), hiperqueratose (Figura 1C), edema (Figura 1D), estenose do meato (Figura 1D), escoriações e/ou dermatite na face caudolateral das orelhas, otalgia (o animal sente dor local intensa, às vezes não permitindo sequer ser tocado na região e/ou pode até mesmo atacar pelo desconforto gerado), disacusia ou 15 acusia (diminuição da acuidade auditivo ou mesmo surdez), e nos casos de otite média e/ou interna, há, ainda, possibilidade de desvio do eixo do crânio relativamente à coluna vertebral, dificuldade na mastigação de alimentos duros, alterações de equilíbrio, e sinais relacionados à Síndrome de Horner (miose, ptose palpebral, enoftalmia). Figura 3: Face interna de pavilhões auriculares de cães com quadros de otite mostrando: A - Secreção purulenta, eritema e pelos entremeados na entrada do poro acústico de animal com otite bacteriana; B - Eritema, lignificação e crostas melicérico-hemáticas em alergopata apresentando otite eczematosa; C - Eritema, hiperpigmentação, lignificação e hiperqueratose em decorrência de malasseziose ótica crônica; D - Eritema, hiperpigmentação, edema e estenose do conduto auditivo em decorrência de otopatia mista (bacteriana + fúngica) crônica em canino alergopata. Fonte: Dr. Claudio Nazaretian Rossi. 3.4. Diagnóstico O diagnóstico deve estar baseado no histórico aliado aos exames físico geral (na tentativa de identificar, além da alteração otológica, possíveis causas de base) e otológico (inspeção direta e indireta, palpação e olfação). Ressaltam-se como importantes métodos diagnósticos auxiliares na determinação do tipo de otite: otoscopia, exames parasitológico (Figura 2A), citológico https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/vetsmart-contents/Documents/DC/Ceva/Desvendando_Otites_Caes_Gatos/figura1.png 16 (Figuras 2B a 2D), cultura e antibiograma de cerúmen, e quando necessários, métodos de imagem (raio-x, ultrassom, ressonância magnética, tomografia computadorizada). Pode-se, também, avaliar a audição de cães e gatos por meio de respostas comportamentais a estímulos sonoros, ou ainda, procedendo-se avaliações específicas. Figura 4: Exames de cerúmen de cães com quadros de otite demonstrando: A - Presença de dois parasitos Otodectes cynotis (material diluído em KOH a 10%, microscopia óptica, aumento de 100x); B - Presença predominante de leveduras (Malassesia pachydermatis - apontada); C - Infecção mista por bactérias (C - cocos) e leveduras (L - Malassesia pachydermatis); D - Infecção bacteriana (bacilos - apontado) (B a D - corante panótico, microscopia óptica, aumento de 1000x - imersão). Fonte: Dr. Claudio Nazaretian Rossi. 3.5. Tratamento Geralmente, nos quadros iniciais, o tratamento da causa primária pode ser o suficiente para controlar a doença, mas, em casos crônicos, um ou mais fatores podem estar presentes, e dessa forma, deve-se, após o estabelecimento dos mesmos, instituir terapia especificamente direcionada à eles. Ressalte-se que nos casos nos quais a otite é secundária, há que tratar, ainda, a enfermidade de base, visando seu controle ou até mesmo cura, dependendo da comorbidade. https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/vetsmart-contents/Documents/DC/Ceva/Desvendando_Otites_Caes_Gatos/figura2.png 17 Relativamente à terapia otológica específica, deve estar direcionado ao tipo de otite e ao(s) agente(s) presente(s). Dentre aqueles fármacos normalmente empregados nas otites caninas e felinas, destacam-se: Ceruminolíticos: devem ser utilizados nos casos em que há excessiva produção de cerúmen (Otodem Auriclean@). Nos casos nos quais a utilização de ceruminolítico não foi suficiente para remoção do cerúmen presente, pode haver a necessidade de realização de lavagem ótica; Anti-inflamatórios esteroidais: quando da presença de inflamação/ eczema, indica-se associar corticóides tópicos (Otodem Plus@) e/ou sistêmicos, particularmente nos quadros hiperplásicos/ estenosantes, e nesses últimos, eventualmente pode ser necessária associação de outro fármaco imuno modulador; Acaricidas: parasiticidas otológicos tópicos (Otodem Plus@), produtos tópicos com efeito sistêmico, ou até avermectinas, são aqueles normalmente indicados nas otites parasitárias, dependendo do agente etiológico envolvido; Antimicrobianos: devem ser empregados nas otites bacterianas, quer seja pela presença de cocos e/ ou bacilos, a serem utilizados topicamente (Otodem Plus@), associado ou não à administração sistêmica, dependendo do tipo de agente presente e da gravidade do quadro; Antifúngicos: indicados nos quadros de otites fúngicas, por via tópica (Otodem Plus@), concomitante ou não ao de uso sistêmico, na dependênciado agente e do grau de acometimento clínico. Analgésicos: recomendados quando da ocorrência de dor, por via tópica (Otodem Plus@), associada ou não à administração sistêmica desse mesmo grupo de fármacos, de acordo com a necessidade. Existem princípios ativos utilizados na terapia das otites que são potencialmente ototóxicos para as orelhas externa, média ou interna, dessa forma, é importante avaliar o potencial de toxicidade de cada um deles de acordo com o quadro clínico apresentado. Ainda, nas otites médias, além de tratar a causa de base, minimizar a inflamação da tuba auditiva e controlar a infecção, é fundamental que se promova alívio da pressão local nos casos em que a membrana timpânica encontra-se íntegra (miringotomia). 18 19 4. ENDOCRINOPATIAS Ermatoses endócrinas: Como diferenciar? As principais alterações dermatológicas de origem endócrina são devidas ao Hiperadrenocorticismo, Hipotireoidismo, Dermatoses Relacionadas aos Hormônios Sexuais e a Alopecia X. O diagnóstico nem sempre é fácil, devido às grandes semelhanças entre as manifestações dermatológicas de diferentes endocrinopatias. Dermatoses de fundo endócrino: Figura 5: Dermatoses de fundo endócrino. Fonte: (NUTTALL, 2008). Para realizarmos o diagnóstico correto da endocrinopatia subjacente ao problema dermatológico, devemos avaliar o paciente buscando outras alterações, além da pele, que possam nos indicar qual a causa-base. Vamos tratar a seguir de cada endocrinopatia com alterações dermatológicas individualmente: 20 Hiperadrenocorticismo: Figura 6: Hiperadrenocorticismo em cães. Fonte: (NUTTALL, 2008). O Hiperadrenocorticismo em cães apresenta, além das alterações dermatológicas, outros sinais específicos e sistêmicos. Devemos sempre levar em conta os dados do cão, pois esta é uma endocrinopatia que afeta geralmente animais idosos, com uma média etária em torno de 9 anos. É mais frequente nas raças Poodle, Teckel e Yorkshire Terrier, mas pode ocorrer em todas as raças ou em cães sem raça definida. O Hiperadrenocorticismo Iatrogênico (causado por medicamentos) é uma condição relativamente comum, causada pelo uso crônico ou por tempo prolongado de corticóides, inclusive tópicos (pomadas e medicamentos para otite). As manifestações são semelhantes ao Hiperadrenocorticismo primário. Hiperadrenocorticismo - Principais manifestações clínicas: Poliúria (excesso na quantidade de urina); Polidipsia (sede em excesso); Polifagia (fome exagerada) Fraqueza muscular (o cão afetado perde a capacidade de subir/descer de lugares, perde a agilidade e, em casos avançados, a doença pode levar à impotência funcional dos membros); Dispnéia (o cão fica ofegante, mesmo quando em clima frio); Baixa imunidade (o cão apresenta infecções urinárias recidivantes e também infecções na pele). 21 Hiperadrenocorticismo: Principais alterações laboratoriais: Aumento expressivo da Fosfatase Alcalina; Hemo concentração (a quantidade de glóbulos vermelhos fica próxima ou maior que o limite superior da referência); Trombocitose (aumento das plaquetas); Urina diluída. Hiperadrenocorticismo: Principais alterações cutâneas: Alopecia/hipotricose; Pelame seco; Hiperpigmentação cutânea; Atrofia cutânea (pele fica muito fina, principalmente do abdômen, apresentando aspecto de pergaminho); Teleangiectasia (vasos visíveis, principalmente no abdômen); Deficiência na cicatrização; Calcinose cutânea (placas de calcificação sob a pele ou mesmo sobre esta, podendo ocorrer ulceração); Piodermite recidivante. Hipotireoidismo Figura 7: Hipotireoidismo. Fonte: (NUTTALL, 2008). No Hipotireoidismo, o cão afetado é relativamente jovem (média etária entre 4 a 6 anos) e apresenta manifestações clínicas decorrentes da baixa geral do 22 metabolismo. Deve-se sempre ter cuidado no diagnóstico do Hipotireoidismo canino, visto que diversas doenças, sistêmicas e dermatológicas, podem levar à supressão da função tireoidiana (o que torna o Hipotireoidismo a endocrinopatia mais erroneamente diagnosticada no cão). O cão hipotireoideo apresenta-se letárgico, desanimado, pouco responsivo ao ambiente, engordando sem no entanto apresentar aumento da fome. Pastores de Shetland e Labradores parecem mais predispostos que outras raças, entretanto pode ocorrer em cães de qualquer raça ou sem raça definida. O cão hipotireoideo, quando inicia o tratamento de reposição hormonal com a Levotiroxina Sódica, apresenta uma melhora marcante, principalmente comportamental, desde o início do tratamento. Figura 8: Cachorro com Hipotireoidismo. Fonte: (NUTTALL, 2008). Hipotireoidismo: Principais manifestações clínicas: Letargia; Fraqueza muscular; Termofilia (busca fontes de calor, pois sente muito frio); Depressão; Ganho de peso (sem aumento excessivo da fome); Redução da frequência cardíaca. Hipotireoidismo: Principais alterações laboratoriais: Anemia (não regenerativa); Hiperlipidemia. 23 Hipotireoidismo: Principais alterações dermatológicas: Pelame seco; Seborréia seca (“caspa”) ou oleosa; Discromia do pelame (manchas na pelagem); Otite e piodermites; Alopecia na cauda: “cauda de rato”; Alopecia nos flancos, plano nasal e pescoço (devido ao atrito com coleiras); Ausência de repilação pós-tosa; Alopecia simétrica bilateral; Predominância do manto lanoso (sub-pêlo). Dermatoses oriundas de alterações nos hormônios sexuais Os hormônios sexuais são produzidos primariamente pelas gônadas e pelo córtex adrenal. As dermatoses devidas a alterações nos hormônios sexuais são incomuns em cães e ocorrem devido a hiper produção dos hormônios sexuais. Basicamente, podemos ter: Hiperestrogenismo (aumento dos níveis de estrógeno) Figura 9: Lesões causada por Hiperestrogenismo. Fonte: (NUTTALL, 2008). 24 O Hiperestrogenismo em cães está relacionado com ovários císticos, tumores das células da granulosa, tumores testiculares e suplementação com estrógeno. Nos exames laboratoriais de rotina pode-se perceber anemia. O estrógeno é um inibidor do início da fase de anágeno (crescimento piloso). Seu excesso causa alopecia simétrica bilateral (poupando a cabeça e extremidades), podendo estar associada a presença de comedos e seborréia seca ou oleosa. A hiper pigmentação pode estar presente de forma difusa nas áreas alopécicas ou em lesões maculares abdominais (manchas escuras). Nos machos uma manifestação bastante sugestiva de hiperestrogenismo é a dermatose linear prepucial (linha estreita de eritema, hiper pigmentação e descamação que se estende do prepúcio em direção ao escroto). Nas fêmeas, as mamas e a vulva podem estar aumentadas (semelhante a quando no cio) e cio persistente ou irregular também pode estar presente. Hiperandrogenismo (aumento da testosterona) Esta condição é rara em cães e pouco documentada. Em geral ocorre devido a tumores testiculares ou adrenais no macho não castrado. Em geral está associado com hiperplasia das glândulas sebáceas da região perianal, resultando em um círculo em forma de “Donut” em torno do ânus. Raramente está associado com alopecia. Alopecia: O termo “alopecia” se refere a qualquer perda de pelos patológica, uma espécie de calvície canina. Como dissemos, todo cachorro passa pela queda de pelos fisiológica devido ao envelhecimento do próprio pelo ou do folículo. Assim, em condições normais, esse processo de renovação da pelagem é gradativo, com alguns períodos de intensificação.Além de ser gradual, a queda de pelos fisiológica nunca é acompanhada de outros sintomas. Alguns exemplos: prurido (coceira), lesões na pele, descamação, rarefação pilosa (perda intensa de volume), áreas alopécicas (sem pelos) etc. 6 causas frequentes de alopecia canina e seus sintomas: A alopecia é uma condição que se manifesta como um sintoma de doenças do próprio pelo ou de desequilíbrios no organismo do animal. 25 “Ela pode se apresentar de diversas formas, como uma região localizada sem pelos ou de forma difusa”, diz a médica-veterinária da Petz, Dra. Mariana Sui Sato. A seguir, confira seis causas comuns da alopecia de cachorro e quais sintomas costumam acompanhar cada uma delas: Ectoparasitas (pulgas, carrapatos, sarnas): prurido intenso, rarefação de pelos principalmente na área do pescoço e ao longo do dorso; Fungos e leveduras: prurido, algumas regiões com rarefação de pelos e outras com alopecia circular, hiperpigmentação e mau cheiro nas lesões; Alergias alimentares: muita coceira, vermelhidão, lesões com crostas, pus, descamação, mau cheiro; Deficiência nutricional: pelos fracos, sem brilho e com aspecto áspero. Rarefação generalizada de pelos; Problemas endócrinos: rarefação de pelos localizada e bilateral, podendo haver lesões com crostas e pus, além de descamação, Estresse: queda de pelos localizada, geralmente nas patas, seguida de lesões avermelhadas, com crostas e pus. Talvez seja aparentemente uma situação menos incômoda. Entretanto, é importante ficar atento aos casos de queda de pelos ou lesões que não estejam acompanhadas de coceira. São sintomas que podem indicar problemas de saúde sistêmicos, como a Síndrome de Cushing, que é um problema endócrino. Lembrando que, com a evolução dos quadros, muitas vezes surgem também outros sintomas inespecíficos. A falta ou o excesso de apetite, fraqueza e perda ou ganho de peso são alguns dos exemplos. Figura 10: Alopecia canina. Fonte: (NUTTALL, 2008). 26 5. SARNA DEMODÉCICA Figura 11: Cão com Sarna Demodécica. Fonte: (NUTTALL, 2008). A sarna demodécica canina é uma doença parasitária que atinge a pele, provocada na maioria dos casos pelo Demodex canis – um ácaro que habita no folículo piloso. Existem 2 formas diferentes de sarna demodécica: a forma localizada e a forma generalizada. A forma generalizada afeta várias zonas do corpo, incluindo as patas e o focinho. A sarna demodécica, dependo da idade em que o animal manifesta os primeiros sinais clínicos, é designada como juvenil (aparece entre os 3 e os 8 meses) ou adulta (aparece posteriormente). A transmissão entre animais ocorre? O Demodex canis é transmitido da mãe para o cachorro por contacto direto nos primeiros dias de vida. Por volta das 16 semanas os cachorros começam a demonstrar sinais da doença, com o aparecimento de lesões de pele primariamente na zona do focinho – sarna demodécica juvenil. O aparecimento de sarna demodécica generalizada no adulto deve-se à imunossupressão provocada por patologias como o hipotiroidismo, hiperadrenocorticismo, leishmaniose e neoplasias (entre outros), bem como por terapia prolongada com corticosteróides. 27 Como suspeitar de sarna demodécica – sinais clínicos: Alopecia (falta de pelo), eritema (pele vermelha) e descamação em diferentes zonas do corpo. Na forma localizada as lesões não costumam causar prurido (comichão), mas na forma generalizada muitas vezes há prurido associado ao aparecimento de pápulas, pústulas e crostas. As lesões com alopecia podem apresentar hiperpigmentação na zona onde há falha de pelo. Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico pode ser feito através da análise microscópica dos pelos (tricograma) ou mediante raspagem da pele, com o objetivo de se identificar a presença do parasita. Se a suspeita de sarna demodécica for grande, mas não se encontrar o parasita no tricograma, está recomendada a biópsia de pele das lesões. Qual o tratamento que deve ser aplicado? O tratamento médico consiste na administração de medicações acaricidas e tratamento das lesões secundárias. Como a recidiva ocorre com frequência, o tratamento deve manter-se até presença de 2 tricogramas negativos consecutivos intercalados de pelo menos 1 mês. O tratamento recentemente aprovado como mais eficaz é à base de fluralaner (em forma de comprimido administrado de 3 em 3 meses – Bravecto®). O tratamento promove igualmente proteção contra as pulgas e carraças. Banhos com substâncias acaricidas e a aplicação de injeções com avermectinas são tratamentos clássicos, contudo cada vez menos utilizados por serem mais trabalhosos. As pipetas à base de moxidectina (Advocat®) têm uma eficácia relativa. Contudo, quando utilizadas, devem ser aplicadas semanalmente. As fêmeas não castradas devem ser castradas, uma vez que a sintomatologia se acentua durante o estro. Qual o prognóstico? A sarna demodécica localizada normalmente, melhora em algumas semanas. A sarna demodécica juvenil generalizada pode recidivar mesmo após tratamento e melhoria clínica. A sarna demodécica generalizada no cão adulto requer tratamento acaricida e tratamento concorrente da causa predisponente, causadora de imunossupressão. A sarna demodécica generalizada juvenil apresenta um componente hereditário, e como tal deve evitar-se que cães diagnosticados sejam utilizados para reprodução. 28 6. ESCABIOSE CANINA Tipo de doença: Infecção parasitária. Principais sintomas da sarna em cachorro: Coceira intensa, vermelhidão, inflamação, falta de pelo em regiões do corpo, lesões com crostas na pele (podem ter pus), coceira intensa no ouvido. Tratamento para sarna em cachorro e cura: É possível curar com uso de antiparasitários específicos, medicamentos tópicos e banhos (exceto sarna negra, que não é curável). Como prevenir: Evitar o contato com animais e pessoas infectadas e objetos que possam estar contaminados. 29 7. DERMATOPATIAS AUTO-IMUNES EM CÃES E GATOS As dermatoses imuno mediadas são doenças raras em cães e gatos e podem ser subdivididas nas categorias auto- imune e imunomediada. A auto-imunidade é considerada o resultado de uma falha do sistema imunológico em reconhecer a "si mesmo", resultando em uma resposta imune composta por anticorpos ou linfócitos ativados contra as estruturas e tecidos normais do corpo, ao passo que as doenças imuno mediadas são desencadeadas por um antígeno estranho, como medicamentos (incluindo vacinas) ou agentes infecciosos. Há diversas dermatoses auto-imunes e imuno mediadas, com o prognóstico variável de acordo com o tipo de doença. Alguns distúrbios afetam somente a pele e têm envolvimento sistêmico mínimo ou moderado. Outras doenças, como o lúpus eritematoso e diversas formas de vasculite, podem afetar outros sistemas de órgãos e provocar impacto sistêmico grave. Sinais Clínicos e Diagnóstico: Como ocorre com qualquer doença cutânea, o diagnóstico é feito utilizando uma combinação de histórico, sinais clínicos e diagnóstico dermatológico de rotina, como raspado de pele, análise citológica e biópsia com histopatologia. Não é raro que alguns distúrbios, como o pênfigo, apresentem um histórico de vai e volta. A maioria dos distúrbios auto-imunes em animais jovens até a meia idade, bem como muitas dermatoses auto-imunes, demonstram uma predisposição racial que pode ajudar a determinar um diagnóstico diferencial. A manifestação clínica pode ser variável e pode se confundir com muitas outras dermatoses devido ao número limitado de padrões de reação da pele. Com a ampla diversidade de dermatoses cutâneas auto-imunes, mútiplos são os sinais clínicos; como não há um sinal"patognomônico"singular que permita identificar uma doença cutânea auto-imune, o clínico pode identificar apenas as manifestações como alopecia, formação de crostas (p.ex.: pênfigo foliáceo), eritema e púrpura (p. ex.: vasculite, eritema multiforme), ulcerações (p.ex.: vasculite, lúpus/variantes lupóides) e vesículas (p.ex.: doenças de pele vesiculosas). A regra de ouro para o diagnóstico de dermatoses auto-imunes é a biópsia com avaliação histopatológica por um dermatologista. Diversas biópsias por punção devem ser obtidas das lesões representativas. Se houver, as áreas com formação de crostas e pústulas também devem passar por biópsia para o exame. Além disso, crostas 30 individuais podem ser avaliadas para doenças como pênfigo. Os locais escolhidos não devem ser bruscamente raspados ou esfregados, já que isso pode afetar negativamente os resultados. O ideal é que os animais não estejam recebendo tratamento com corticosteroides quando a biópsia for realizada, e não recomendado enviar somente do tecido ulcerado, já que o resultado pode ser um diagnóstico obscuro de "dermatite ulcerativa". Manchas especiais, incluindo Ácido Periódico de Schiff (PAS), podem ser úteis para avaliar outras patologias com manifestações semelhantes, como a dermatofitose. Outras ferramentas diagnósticas incluem a citologia, cultura de dermatófitos, teste anticorpo anti-nuclear (ANA), e tipificadores de carrapatos. A citologia é inútil para confirmar ou negar um diagnóstico de doença auto-imune, p.ex.: a presença de queratinócitos acantolíticos circunda dos por neutrófilos é altamente sugestiva de pênfigo foliáceo. Contudo, infecções estafilocócicas e dermatófitos, principalmente o Trichophyton spp., também podem induzir acantólise. Portanto, é importante avaliar esses agentes e tratá-los adequadamente, caso eles existam. Se houver presença de bactérias, deve-se instituir um tratamento de 4 a 6 semanas de antibióticos sistêmicos e, se for observada resolução, então é possível confirmar um diagnóstico de pioderma mucocutâneo. É importante ressaltar que, para lúpus eritematoso, os sinais clínicos e as alterações histopatológicas podem ser bastante parecidos com os de pioderma mucocutâneo do plano nasal. Os tituladores ANA, bem como análises histopatológicas, podem ser úteis para confirmar o diagnóstico de lúpus eritematoso. Entre os exames adicionais estão os de imunofluorescência e o imuno-histoquímico. Exames de imuno fluorescência direta e imuno-histoquímico (geralmente limitados a laboratórios especializados de imuno patologia veterinária) frequentemente requerem um manuseio especial do tecido, enquanto que o exame de imuno fluorescência indireta utilizando o plasma para detectar a presença de auto anticorpos em circulação recentemente se mostrou ser uma alternativa mais promissora. Tratamento: Para dermatoses auto-imunes/imuno mediadas, existem duas abordagens terapêuticas que podem ser utilizadas para o tratamento: imunossupressão ou imuno modulação. O tipo e a gravidade da doença determinam a abordagem. A maioria dos cães com lúpus ritematoso discóide, vasculite cutânea induzida por vacina anti-rábica, vasculite na margem da pina e onicodistrofia lupóide simétrica responderá 31 favoravelmente a medicamentos imuno moduladores, e podem ser mantidos com estes. Outras doenças como pênfigo foliáceo, eritema multiforme, lúpus sistêmico e diversas outras vasculites precisarão de terapias imunossupressoras. Os medicamentos imuno moduladores podem levar algum tempo para trazer uma melhoria (geralmente observada dentro de 3 a 4 semanas após o início da terapia), portanto, se os sinais clínicos forem graves, uma estratégia de atenuação com altas doses de glico corticóides pode ser realizada para atingir um controle rápido, concomitante ao medicamento imuno modulador escolhido. Quando se obtém remissão, o medicamento imuno modulador pode ser continuado como manutenção. Vale lembrar que tanto os glico corticóides como o medicamento imuno modulador devem ser administrados no início do tratamento, já que a esta última categoria de medicamento demora para ter eficácia: isso ajudará a evitar a reincidência da doença quando os esteróides forem atenuados. O principal benefício dos medicamentos imuno moduladores é que eles têm efeitos colaterais adversos menos graves de menor impacto na saúde. Quando a terapia imunossupressora é recomendada, o medicamento utilizado com mais frequência é o glico corticóide. Inicialmente, são necessárias altas doses para se chegar à remissão e, em seguida, o tratamento é atenuado para a menor dose possível que manterá a remissão com efeitos colaterais sistêmicos mínimos. Em muitas doenças imunossupressoras, são necessárias terapias adjuvantes para permitir que a dose de glico corticóide seja reduzida a um nível que minimize os efeitos colaterais adversos. Em casos mais graves, não é incomum combinar diversos medicamentos imunossupressores diferentes para obter e manter a remissão. Já que muitos desses medicamentos podem produzir efeitos colaterais adversos no fígado e na medula óssea, recomenda-se um monitoramento sanguíneo a cada 2 ou 3 semanas nos primeiros meses, com monitoramento de manutenção a cada 4 ou 6 meses. Se forem observadas mudanças significativas nos parâmetros sanguíneos, o medicamento deve ser descontinuado e substituído por outro. Entre os medicamentos adjuvantes mais frequentemente utilizados estão a azatioprina, iclosporina, micofenolato de mofetila, ciclo fosfamida e clorambucil. Em cães afetados mais gravemente, pode ser necessário um tratamento de apoio para feridas abertas, fluido terapia e monitoramento dos níveis protéicos do plasma. O uso de imunoglobulina humana intravenosa (hIVIg) se mostrou promissor no tratamento de dermatose auto- imune severa, quando outros tratamentos estão falhando. 32 As terapias tópicas podem ser úteis em lesões mais localizadas ou para crises esporádicas. Entre as terapias tópicas utilizadas com mais frequência estão o betametasona ou tacromilo. O betametasona tem a vantagem de controlar rapidamente a inflamação e os sintomas da doença, mas pode induzir a atrofia dérmica em caso de uso crônico. Portanto, a transição para o tacromilo é prudente caso a indicação da terapia tópica seja prolongada. Existem quatro fases a considerar no tratamento de dermatose cutânea auto- imune: fase de indução, fase de transição, fase de manutenção e determinação da cura. Com a fase de indução, o objetivo é deter o componente inflamatório o mais rapidamente possível e suprimir a resposta imunológica direcionada à pele. Nessa fase, nor malmente são necessárias altas doses de medicamentos. Se uma resposta aceitável não for observada em tempo hábil, outro tratamento deve ser considerado, ou seja, escolha de medicamentos alternativos ou acréscimo de medicamentos ao tratamento atual. Na fase de transição, as doses dos medicamentos são reduzidas para minimizar os efeitos colaterais e as reações adversas. Quando são utilizadas combinações de medicamentos, aqueles com os maiores efeitos colaterais - como os glicocorticoides - são os primeiros a serem reduzidos. Os medicamentos são lentamente reduzidos, geralmente ao longo de diversas semanas ou meses, até que uma dose de manutenção aceitável seja obtida, ou até que os sinais recorram. Se isso ocorrer, as doses dos medicamentos são aumentadas até se obter novamente a remissão, e, em seguida, reduzidos para a última dose que mantinha os sintomas do paciente sob controle aceitável (a fase de manutenção). A "cura" é considerada para casos de dermatoses imuno mediadas que alcançaram a remissão e são controlados com sucesso com terapia de manutenção, mas não recorreram depois da cessação. A cessação da terapia de manutenção em um paciente que foi bem controlado é uma decisão difícil de tomar, principalmentese a doença inicial foi severa. A decisão deve ser mutuamente acordada entre o clínico e o tutor. É essencial que o cliente esteja bem informado, entendendo que se o paciente apresentar recorrência, atingir novamente a remissão pode ser mais difícil. Quando descontinuar uma terapia de manutenção depende do tipo de doença, tendo ou não identificado um desencadeador, e o risco ao paciente se a terapia for descontinuada. Em muitos casos, recomenda-se uma terapia de manutenção de 8 a 33 12 meses antes da cessação. Em animais para os quais o risco de recorrência supera o benefício de descontinuar a terapia, os medicamentos podem ser mantidos por toda a vida com controle laboratorial adequado. Em casos de dermatoses auto-imunes, geralmente desaconselha-se futuras vacinações, mesmo quando estas não forem desencadeadores conhecidos. A preocupação reside na ideia de que a vacinação pode estimular uma resposta imune ampla e não específica, possivelmente iniciando a intensificação da doença auto- imune. A literatura recomenda descontinuar vacinas antirrábicas e monitorar os níveis de titulação paracinomose e parvovírus. Se as titulações não forem suficientes para manter uma imunidade adequada, uma avaliação de risco-benefício deve ser feita antes de considerar a revacinação. 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pele dos animais funciona como uma barreira que os protege das agressões do ambiente, sejam elas físicas ou microbiológicas. Quando se trata dos pets, ainda impede que agentes externos causem infecções na pele de cães e gatos. Isso porque desempenha um papel ativo no controle de fungos e bactérias que estão localizados na camada epitelial. Essas enfermidades dermatológicas dos animais podem ter várias causas. Entre elas algum desequilíbrio no organismo que causa o excesso de bactérias. Mas também podem surgir por causa de traumas, umidade excessiva, falta de higiene, reações a produtos químicos, alimentação inadequada ou infestações parasitárias. Regiões mais quentes e úmidas do corpo dos pets são as mais propensas a desenvolver alergias e infecções. Nesta lista estão dobras, pregas faciais, virilhas, pescoço, axilas e orelhas. Áreas como os cotovelos, que sofrem com mais pressão e fricção, também são propensas a desenvolver problemas dermatológicos. Para o bem estar do animal é preciso manter os cuidados de higiene e qualquer anormalidade procurar um veterinário e tratar. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LINZMEIER, G. L.; ENDO, R. M.; LOT, R. F. E. Otite Externa. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Periódicos Semestral. N.12, Ano VII. Janeiro de 2009. MACHADO, M. L. S. Malassezia spp. na pele de cães: frequência, densidade populacional, sinais clínicos, identificação molecular e atividade fosfolipásica. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Faculdade de Veterinária – Programa de Pós-Graduação. Porto Alegre, 2010. GROSS, T. L. et al. Skin Diseases of The Dog and Cat: Clinical and Histopathologic Diagnosis. Second Edition. Editora BlackWell Publishing, 2005. WILLEMSE, T. Dermatologia clínica de cães e gatos. 2ª edição. Editora Manole LTDA, 1988. SCOTT, D.W.; MILLER, W.H.; GRIFFIN, C.E. Small Animal Dermatology. 6.ed. Philadelphia: W.B. Saunders, p. 1528, 2001. 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