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QUÍMICA CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Antonio César Baroni Santoro Compreender o mecanismo e a classifi cação das interações interatômicas e intermoleculares, associando-as às propriedades físicas das substâncias químicas. SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS Capítulo 1 Ligações químicas e tipos de substâncias 2 Capítulo 2 Polaridade e forças intermoleculares 25 Capítulo 3 Dissociação e ionização/Conceitos de ácidos 55 Capítulo 4 Bases e sais/Cotidiano de funções inorgânicas 77 F o o T To o /S h u tt e rs to ck Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 1 5/2/18 10:05 AM ► Avaliar e compreender as diferentes classes de interações interatômicas e as relacionar com suas diferentes características físicas e químicas. Principais conceitos que você vai aprender: ► Regra do octeto ► Ligação iônica ► Transferência de elétrons ► Ligação covalente ► Compartilhamento de elétrons ► Ligação metálica 2 OBJETIVOS DO CAPÍTULO ggw /S hutte rsto ck 1 LIGAÇÕES QUÍMICAS E TIPOS DE SUBSTÂNCIAS O carbono está presente na natureza em diversas formas; uma delas é o grafi te. Se adicionarmos altíssimas pressões e temperatura, conseguimos uma estrutura totalmente diferente: o diamante. Mas existem outras formas que o carbono pode se estruturar, como os nanotubos. De maneira bem simples, imagine um metro e divida-o em 1 bilhão de partes. Agora imagine átomos de carbono formando tubos cilíndricos desse tamanho. Essas incríveis estruturas conseguem conduzir eletricidade 1 000 vezes mais efi cientemente que o cobre, além de serem 100 vezes mais resistentes que o aço. Há um grande potencial de uso em Medicina, pois, por serem muito leves e pequenos, quando recobertos com um polímero para eliminar sua toxicidade, os nanotubos podem chegar ao interior da célula e serem usados como sensores ou em tratamentos médicos. Dentre várias notícias, temos um artigo recente, feito por pesquisadores da Unicamp, que mostra o uso desses pequenos tubos no combate de tumores, como pode ser visto na imagem. Os tipos de ligações químicas são de extrema importância para a formação de um composto: alterando-as, podemos, com um mesmo material, escrever uma carta, presen- tear ou curar uma pessoa querida. • Por que o texto sugere dividir um metro em 1 bilhão de partes? Os professores Vitor Baranauskas (à esq.) e Elaine C. Oliveira e o pesquisador Helder José Ceragioli: pesquisas interdisciplinares. Frascos contendo nanotubos de carbono: aplicação na área médica. A n to n in h o P e rr i/ A s c o m /U n ic a m p A n to n in h o P e rr i/ A s c o m /U n ic a m p Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 2 5/2/18 10:05 AM 3 Q U ÍM IC A Introdução Analisando a estrutura de qualquer substância, notaremos que esta é constituída por moléculas que levam átomos em sua formação individual. Raramente serão encontradas substâncias que não apresentam moléculas em sua composição. Neste caso, sua consti- tuição fi cará a cargo exclusivamente da presença de átomos isolados. Podemos concluir, então, que, para que tenhamos a formação de corpos macroscópi- cos, ou seja, de substâncias, é de suma importância que os átomos criem relações estáveis entre si a partir da construção de estruturas que chamamos de ligações químicas. Duas questões surgem como referência para esse conceito. A primeira é: por que os átomos necessitam interagir, formando as moléculas? E a segunda: sendo estritamente necessária, como essa interação ocorre? Neste capítulo, veremos por que e como os átomos se ligam. 1 Balões cheios de gás hélio (A) e fachada de hotel com luminosos de gás neônio (B). A teoria do octeto Como já vimos, o átomo é constituído basicamente por duas regiões: a central, chama- da de núcleo – onde estão os prótons e os nêutrons –, e a periférica, denominada eletros- fera – que abrange todo o espaço ao redor e na qual são encontrados os elétrons. Com isso, partimos para a próxima constatação: quando um átomo isolado encontra (colide com/bate em/ se choca com) outro átomo, esse “encontro” se dá entre as eletrosfe- ras dos dois átomos em questão, obrigatoriamente. Então, as relações interatômicas são dependentes exclusivamente das estruturas das eletrosferas envolvidas e, principalmen- te, da camada mais externa – a camada de valência. Mas como saber de que maneira os mais de cem tipos de átomos diferentes se relacio- narão? A resposta a esta pergunta é bem simples. Existe um grupo de átomos na natureza que, em geral, não permite construir nenhum tipo de interação com nenhum outro átomo. Dizemos que esses átomos são naturalmente estáveis, por serem encontrados quase sempre na forma isolada, constituindo substâncias simples monoatômicas, e, por também serem en- contrados no estado gasoso nas condições ambientes, os elementos desse grupo são chama- dos de gases nobres. Atualmente os dirigíveis (balões dirigíveis como o que apresentamos na abertura deste caderno), por exemplo, são preenchidos com o gás hélio, um dos gases nobres. Portanto, ao estudarmos a eletrosfera desses gases, poderemos inferir sobre a capaci- dade de interação dos elementos, tendo como base essa estabilidade apresentada pelos gases nobres. A B Observação 1 O termo molécula está sendo usado de forma genérica, simplesmente para indicar um composto, independentemente do tipo de interação atômica, quer seja por compartilhamento, quer por atração entre cargas de sinais opostos. e le c tr ic m a n g o /S h u tt e rs to ck E T 1 9 7 2 /S h u tt e rs to ck Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 3 5/2/18 10:05 AM 4 CAPÍTULO 1 Gases nobres Observe a distribuição eletrônica por camadas dos gases nobres, apresentada a seguir. 1 2 He 2 10 Ne 2 18 Ar 2 36 Kr 2 54 Xe 2 86 Rn 2 8 8 elétrons na camada de valência 8 8 8 8 8 18 18 18 8 18 32 8 18 8 Repare que a maioria dos elementos do grupo apresenta uma característica estrutural marcante: oito elétrons na camada de valência (camada mais externa). Considerando essa característica e o fato de esses elementos serem estáveis, Lewis e Kossel, em 1916, formu- laram uma teoria que defi ne os critérios da relação interatômica, associando estes dois conceitos. Assim, surgiu a teoria do octeto. Qualquer átomo que não apresenta o octeto completo em sua eletrosfera buscará em outro átomo essa possibilidade e, dessa forma, ambos serão considerados átomos instáveis. Decorrem desse conceito os vários tipos de ligações químicas. Dependendo do tipo de instabilidade, os átomos em questão se comportarão de forma a tornarem-se estáveis o mais rápido e com a menor quantidade de energia possível. Neste caderno, estudaremos as ligações que ocorrem entre átomos levando à formação de substâncias e entenderemos como o tipo de ligação interfere em suas propriedades. 2 Formação dos íons Observe a distribuição eletrônica do átomo de sódio. 11 Na: 1s2 2s2 2p6 3s1 Considerando-se a regra do octeto, fi ca claro que se trata de uma estrutura instável, pois o átomo de sódio não apresenta oito elétrons (octeto completo) em sua camada de valência, que, nesse caso, é a terceira camada. Ele apresenta apenas um elétron (3s1). Poderíamos pensar em duas possibilidades para se alcançar a estabilidade: ganhar sete elétrons na camada 3 ou simplesmente se desfazer deste último elétron, fazendo a terceira camada desaparecer. Por causa de seu raio atômico, que lhe confere baixa carga nuclear efetiva, a primeira maneira é veementemente descartada. No entanto, esses mesmos argumentos viabilizam a segunda possibilidade, pois: 11 Na: 1s2 2s2 2p6 3s1 1 único elétron na camada de valência Penúltima camada com 8 elétrons Observe que a camada 2 (penúltima) já está com o octeto completo. Portanto, basta que o átomo perca seu elétron de valência para que a segunda camada seja “promovida” a camada de valência, fazendo-se, então, respeitar a regra do octeto. Podemos também di- zer que, pelofato de o sódio ser um metal, ele é muito eletropositivo, ou seja, tem facilida- de em perder elétrons. Assim, tende a formar um íon positivo (cátion). Veja a distribuição eletrônica do cátion formado: 11 Na+: 1s2 2s2 2p6 8 elétrons na “nova” camada de valência estável 11 prótons e 10 elétrons 5 cátion com carga 11 Defi nição Teoria do octeto : regra que determina que os átomos, ao ligarem-se uns aos outros, busquem obter um total de 8 (oito) elétrons em sua camada de valência, o que signifi ca estabilidade. Observações 1 Alguns gases nobres têm nomes de origem grega: hélio – de helios, “sol”; neônio – de néos, “novo”; argônio – de argós, “inerte”; criptônio – de kryptós, “escondido”; xenônio – de xénon, “estranho”. 2 O átomo de hélio confi gura- se numa exceção à regra do octeto. Apesar de ter exclusivamente um único nível de energia preenchido – o nível 1 (camada eletrônica K), com capacidade máxima de apenas 2 (dois) elétrons –, é naturalmente estável. Assim, por exemplo, átomos como o hidrogênio, que têm apenas 1 elétron no total, estabilizam- se ao adquirirem somente mais um elétron, totalizando 2. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 4 5/2/18 10:05 AM 5 Q U ÍM IC A Dessa maneira, o sódio adquire estabilidade. Perceba que sua distribuição eletrôni- ca fi cou idêntica à do gás nobre neônio. Os metais frequentemente se desfazem de elé- tron(s), atingindo o octeto na camada de valência. Agora vamos avaliar outro exemplo: o átomo de cloro. 17 Cl: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 K 2 L 8 M 7 Sete elétrons na camada de valência conferem instabilidade. A solução é ganhar mais um elétron. Essa é uma tendência natural dos ametais: ganhar elétrons, pois são bem ele- tronegativos. Veja: 17 Cl2: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 17 prótons e 18 elétrons 5 ânion de carga 21 1 Assim, o cloro adquire estabilidade, transformando-se em um íon negativo (‰nion). Ob- serve que a distribuição eletrônica se tornou idêntica à do gás nobre argônio. Nessa situação, podemos raciocinar da seguinte forma: Metais alta eletropositividade adquirem o octeto perdendo elétron(s) estabilizam-se formando cátions Ametais alta eletronegatividade adquirem o octeto ganhando elétron(s) estabilizam-se formando ânions Decifrando o enunciado Lendo o enunciado Lembre-se do conceito: Gases inertes são substâncias que apresentam difi culdade de interação com outras substâncias. Fique atento ao enunciado: Os termos “ávido” e “vivaz” estão relacionados à certa propriedade do elemento fl úor. Ávido signifi ca voraz, “que deseja com ardor”; vivaz quer dizer ativo, intenso, forte. Reconhecer o signifi cado das palavras pode ser a chave para encontrar a solução da questão. Tente buscar palavras-chave: Combinar-se fugazmente está relacionado com a relativa facilidade de interação, nesse caso, entre átomos. (Enem) No ar que respiramos existem os chamados “gases inertes”. Trazem curiosos nomes gregos, que signifi cam “o Novo”, “o Oculto”, “o Inativo”. E de fato são de tal modo iner- tes, tão satisfeitos em sua condição, que não interferem em nenhuma reação química, não se combinam com nenhum outro elemento e justamente por esse motivo fi caram sem ser observados durante séculos: só em 1962 um químico, depois de longos e enge- nhosos esforços, conseguiu forçar “o Estrangeiro” (o xenônio) a combinar-se fugaz- mente com o fl úor ávido e vivaz, e a façanha pareceu tão extraordinária que lhe foi conferido o Prêmio Nobel. Levi, P. A tabela peri—dica. Rio de Janeiro: Relume-Damará, 1994 (Adaptado). Qual a propriedade do flúor justifica sua escolha como reagente para o processo mencionado? a) Densidade. b) Condutância. c) Eletronegatividade. d) Estabilidade nuclear. e) Temperatura de ebulição. Resolução Resposta: C Foi em 1962 que o químico Neil Bartlett conseguiu sintetizar os primeiros compostos com gases nobres. Essa síntese foi conseguida utilizando-se o elemento fl úor (ávido e vivaz – elemento mais eletronegativo, ou seja, o elemento com maior tendência a receber elétrons) e o xenônio (um gás nobre de raio atômico relativamente grande). Atenção 1 A teoria do octeto é aplicada principalmente para os elementos representativos (grupos A). Os elementos de transição (grupos B) não seguem, obrigatoriamente, esse modelo. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 5 5/2/18 10:05 AM 6 CAPÍTULO 1 Ligação iônica Vamos agora analisar uma substância formada pelos elementos sódio (Na) e cloro (Cl). Essa substância é bem conhecida; trata-se do sal de cozinha. Você já sabe algumas coisas sobre essa substância: é sólida, branca e de sabor salgado. Por que ela é sólida? É o que vamos ver agora. Como já estudamos, o átomo de sódio estabiliza-se perdendo um elétron; já o de cloro, ganhando um elétron. O que acontece quando um átomo de sódio interage com um áto- mo de cloro? Ocorre transferência de um elétron do primeiro elemento para o segundo, o que leva à formação de íons estáveis de cargas opostas: Na1 e Cl2 . A forte atração entre cargas de sinais contrários entre esses íons é conhecida por liga- ção iônica. Os compostos que apresentam essa ligação são chamados compostos iônicos. Uma representação comum para a ligação entre o sódio e o cloro é a seguinte: Na+ Cl −Na Cl Representação de Lewis para Na1Cl2 As “bolinhas” ao redor do símbolo do elemento representam os elétrons da camada de valência. Quando átomos se transformam em íons, suas propriedades alteram-se drasticamen- te. Podemos verifi car essa informação observando a foto a seguir: V a s ili y B u d a ri n /S h u tt e rs to ck W ilm a r N u n e s /B IP O cloreto de sódio, popularmente conhecido como sal de cozinha, é uma substância química formada por ligação iônica. Defi nição Liga•‹o i™nica : tipo de ligação estruturada pela transferência de elétron(s) de metal para um ametal ou de um metal para o hidrogênio. A B C (A) Sódio metálico*, (B) gás Cl 2 e (C) sal de cozinha (NaCl). * O sódio metálico está imerso em querosene para se evitar o contato com água e uma consequente explosão. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 6 5/2/18 10:05 AM 7 Q U ÍM IC A Como a atração elétrica entre os íons Na1 e Cl2 é muito forte, haverá aproximação entre os núcleos atômicos, formando sólidos, cuja união entre íons será de alta intensidade. Por isso, nas condições ambientes, toda substância iônica é sólida, com alto ponto de fusão e ebulição, originando os chamados retículos cristalinos iônicos. Na fi gura a seguir, pode- mos ver a representação desse retículo. Na+ Cl− Note que cada cristal do sal cloreto de sódio (NaCl) consiste em um grupo ordenado de inúmeros íons Na1 e Cl2. 1 Exemplos de outras subst‰ncias i™nicas Inicialmente, para facilitar o nosso estudo, devemos nos lembrar das distribuições ele- trônicas de alguns átomos e a qual grupo e família pertencem. 20 Ca: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 8 O: 1s2 2s2 2p4 11 Na: 1s2 2s2 2p6 3s1 13 Al: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1 1 Cálcio (grupo 2 ou IIA) e oxigênio (grupo 16 ou VIA) Como a fórmula iônica representa a menor proporção existente entre os cátions e os ânions presentes, a fórmula iônica do sal de cozinha é NaCl (Na1Cl2); a da substância (I), conhecida por “cal viva”, é CaO (Ca21O22). Ca O 3 Alumínio (grupo 13 ou IIIA) e oxigênio (grupo 16 ou VIA) Novamente, o átomo de oxigênio precisa de 2 elétrons para atingir o octeto, e cada alumínio deve doar 3 elétrons. Assim, são necessários 3 átomos de oxigênio (para que a capacidade total de receber seja de 6 elétrons) e 2 átomos de alumínio (para que o número total de elétrons doados também seja 6) para a constituição desse composto iônico, A O2A O2A O 3A O3A O3 2 lA OlA O1 2A O1 2A O21 2. AlO O Al O 2 Sódio (grupo 1 ou IA) e oxigênio (grupo 16 ou VIA) Como o átomo de oxigênio precisa de 2 elétrons para atingir o octeto, são necessários 2 átomos de sódio, pois cada átomo desse metal doa apenas 1elétron; portanto, sua fórmula iônica é Na 2 O (Na O2 21 2O1 221 2). O Na Na Os átomos de hidrogênio apresentam um elétron na camada K – sua camada de valên- cia –; assim, para adquirirem confi guração eletrônica igual ao do gás nobre hélio, basta que ganhem um elétron. Por isso, nas ligações iônicas, têm tendência de agir como recep- tores de elétron, e não como doadores. Veja: Na+H− Na H Ca2+H− 2 Ca H H 1 Atenção 1 Para os compostos iônicos, a fórmula química representa a menor proporção inteira entre a quantidade de íons: fórmula empírica (mínima). Em uma ligação iônica, o número total de elétrons doados deve ser igual ao número total de elétrons recebidos. Assim, os compostos iônicos são eletricamente neutros e o somatório de cargas positivas e negativas será sempre zero. Observação 1 É possível predizer a fórmula iônica sem antes fazer a representação de Lewis. Observe os passos a seguir. ► Primeiro passo: determinar a carga do cátion – o alumínio é metal do grupo 13 e deve perder 3 (número de seu grupo) elétrons e forma cátion Al31. ► Segundo passo: determinar a carga do ânion – o oxigênio é ametal do grupo 16 e deve ganhar 2 elétrons (quantidade que se deve adicionar a 6, número do seu grupo, para se atingir 8) e forma ânion O22. ► Terceiro passo: escrever a fórmula iônica da seguinte maneira: C x+ x y– y A Cátion Ânion Observe que o cruzamento de cargas deve ser feito apenas quando x for diferente de y. y · (+x) = +yx Total de cargas positivas x · (–y) = –xy zero + Total de cargas negativas Portanto, sua fórmula iônica é Al 2 O 3 . Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 7 5/2/18 10:05 AM 8 CAPÍTULO 1 Caracter’sticas das subst‰ncias i™nicas As fortes atrações entre cargas de sinais contrários que ocorrem entre cátions e ânions, em uma substância iônica, têm suas consequências: I. Como visto, toda substância iônica é sólida e forma um retículo cristalino iônico, nas condições ambientes. II. Os pontos de fusão (PF) e de ebulição (PE) são relativamente altos. Exemplos: Ponto de fusão (oC) Ponto de ebulição (oC) NaCl 801 1 413 KI 681 1 330 III. Os compostos iônicos sofrem clivagem (quebram) quando submetidos a determi- nada pressão. IV. As substâncias iônicas conduzem corrente elétrica quando fundidas ou quando dissolvidas em água. Portanto, lembre-se de que, quando metal interage com ametal (ou hidrogênio), haverá uma transferência de elétrons, formando um cátion e um ânion com a mesma configuração de gás nobre na camada de valência – evento denominado ligação iônica –, e a formação de uma substância iônica, que, nas condições ambientes, será um aglomerado iônico. Liga•‹o covalente Vimos no tópico anterior que, quando associamos átomos com características de raio, eletronegatividades, afinidades eletrônicas e energias de ionização muito distintas, a “opção” que os átomos escolhem para se estabilizarem é a transferência de elétrons da camada de valência de um para outro. Mas como átomos de raios pequenos, que dispõem de elevadas energias de ionização e eletroafinidades, ao se relacionarem, conseguem se estabilizar? Neste caso, não há uma tendência natural ou espontânea de doação de elétrons e consequente aparecimento de um cátion de um dos envolvidos. Para entendermos esse novo tipo de ligação, vamos analisar o gás cloro, substância simples formada por moléculas diatômicas de fórmula Cl 2 . 17 Cl: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 7 elétrons na camada de valência Tendência a receber elétrons 17 Cl: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 7 elétrons na camada de valência Tendência a receber elétrons Observe que os dois átomos de cloro apresentam 7 elétrons na camada de valência, sendo, portanto, instáveis. Suas estabilidades serão atingidas aproximando-se um átomo de cloro do outro e, na impossibilidade de se retirar um único elétron que seja de suas ele- trosferas, os dois átomos desenvolvem o processo do compartilhamento do par eletr™nico. Dessa forma, cada átomo contribui com um de seus elétrons para satisfazer a necessi- dade do outro, sem perdê-lo. Assim, o par de elétrons passa, então, a “pertencer”, simulta- neamente, aos dois átomos. A atração dos núcleos sobre esse par de elétrons compartilhado é que mantém os áto- mos unidos. Esse compartilhamento é chamado ligação covalente, tipo de ligação que ocor- re sempre entre átomos ametálicos e/ou hidrogênio, átomos que apresentam eletrosfera com tendência a receber elétrons para adquirirem configuração eletrônica de gás nobre. Há várias maneiras de representar a ligação química para a formação dessa substância: Cl Ñ Cl Representação de Lewis Fórmula estrutural Par eletrônico compartilhado Substitui-se o par compartilhado por um traço Fórmula molecular Cl 2 Cl Cl Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 8 5/2/18 10:05 AM 9 Q U ÍM IC A Podemos concluir que, quando ametal interage com outro ametal ou hidrogênio, haverá compartilhamento de elétrons entre os átomos envolvidos, formando uma substância mo- lecular ou covalente, que, nas condições ambientes, poderá ser um sólido, líquido ou gás. 1 Podemos dizer, então, que todos os elementos do grupo 17 compartilham entre si um par de elétrons por apresentarem 7 elétrons na camada de valência. Analogamente, para atingir o octeto, elementos do grupo 16 devem compartilhar 2 pares, pois têm 6 elétrons de valência; os ametais do grupo 15 têm 5 elétrons e, por isso, compartilham três pares, e os do grupo 14, quatro pares. Assim, podemos admitir as seguintes possibilidades de ligação covalente entre os ele- mentos químicos: Elemento do grupo (ou família) Notação de Lewis Número de pares compartilhados Possibilidades de ligações 17 (VIIA) E 1 E — 16 (VIA) E 2 E ou — E — 15 (VA) E 3 — E — ou — E ou E 14 (IVA) E 4 — E — ou — E ou E ou E Hidrogênio H 1 H — Agora, podemos montar as fórmulas estruturais de gases como o O 2 e o N 2 . Ligação covalente dupla Ligação covalente tripla O 2 : O O N 2 : N N Observe mais alguns exemplos a seguir. H — O — HH 2 O: CH 4 : H H H — C — H O C OCO 2 : NH 3 : H — N — H H Ao analisarmos as ligações da molécula de água, notamos a presença, exclusivamente, de ligações covalentes formando uma substância molecular. O hidrogênio apresenta um elétron na camada de valência e, para adquirir confi guração eletrônica de gás nobre, bas- ta que compartilhe um elétron, não sendo, portanto, um doador de elétron nesse caso. A água não é uma substância iônica; se fosse assim, ela seria sólida à temperatura ambiente. Para facilitar a montagem de uma fórmula estrutural, siga os passos a seguir, exempli- fi cados na montagem da fórmula estrutural do HCN, gás cianídrico (extremamente letal para quem o inala). Primeiro passo: Coloque no centro da estrutura o átomo que necessite de mais ligações para atingir o octeto (H: uma ligação; C: quatro; N: três) – nesse caso, o carbono. Segundo passo: Distribua os outros átomos ao seu redor: H C N Terceiro passo: Coloque os traços que representam as ligações covalentes, obedecendo à teoria do octeto: H — C N 1 Curiosidade 1 Cloro: Esse gás esverdeado e venenoso (do grego chlor—s, “verde”) não é colocado nas piscinas! Seria uma tragédia... Nas piscinas, é comum adicionar-se o hipoclorito de sódio (produzido, sim, pelo gás cloro), um desinfetante que libera cloro com facilidade, originando o poder antisséptico. Devidamente dosado, tem uso seguro e purifi ca a água. Durante as epidemias de cólera, é muito recomendada sua adição à água (para beber ou para lavar alimentos), pois o vibrião não resiste à sua ação bactericida. Atenção 1 Entre dois átomos podem ocorrer uma ligação, duas ou, no máximo, três ligações covalentes. Assim, por exemplo, no caso do carbono, que é capaz de realizar quatro ligações covalentes, ele pode fazer no máximo três ligações com um mesmoátomo, e a quarta, obrigatoriamente, deverá ser feita com outro átomo. b o u y b in /S h u tt e rs to ck Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 9 5/2/18 10:05 AM 10 CAPÍTULO 1 Desenvolva H3 Confrontar interpretações científi cas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas. (UFPR) O ano 2016 corresponde ao aniversário de centenário do artigo “The Atom and the Molecule”, publicado por Gilbert N. Lewis em 1916, no qual ele propôs seu modelo de compartilhamento de pares de elétrons na ligação. Desses modelos e desenvolveram os diagramas (diagramas de Lewis) e a regra do octeto. Originalmente, Lewis deno- minou seu modelo de Teoria do Átomo Cúbico, em que os átomos possuiriam uma estrutura eletrônica rígida num caroço e elétrons móveis na camada de valência, que se dispõe formando um cubo. Na ligação química, os átomos compartilhariam arestas ou faces dos cubos de modo a preencher oito elétrons nos vértices de cada átomo. No es- quema abaixo está ilustrado o átomo de cloro, que possui 7 elétrons (círculos nos vértices) na camada de valência. Dois átomos se unem por uma aresta para formar a molécula de Cl 2 , preenchendo os 8 elétrons, 1 em cada vértice de cada átomo. a) O átomo de oxigênio possui número atômico 8. Quantos elétrons pertencem ao “caroço” e quantos estão na camada de valência? b) Desenhe a estrutura do átomo de oxigênio segundo o modelo do átomo cúbico. R e p ro d u ç ã o /U F P R , 2 0 1 7. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 10 5/2/18 10:06 AM 11 Q U ÍM IC A c) Desenhe a estrutura da molécula de O 2 segundo o modelo do átomo cúbico. Nessa molécula, os átomos estão conec- tados por uma aresta ou face do cubo? Justifi que. Um caso especial: ligação covalente dativa ou coordenada Observe o caso especial da molécula do SO 2 . Tanto o enxofre quanto o oxigênio perten- cem ao grupo 16 (família VIA). A ambos faltam 2 elétrons para que se complete o octeto. Fórmula eletrônica: S O Como podemos “ligar” o segundo átomo de oxigênio? Depois da formação da ligação dupla, tanto o átomo de enxofre quanto o de oxigênio já completaram seus octetos. Quando isso acontece e mais átomos poderão fazer parte da molé- cula, estes se unem por um tipo de ligação química denominada ligação covalente dativa (ou coordenada). No caso citado, o átomo de enxofre, já estável, apresenta dois pares de elétrons que não foram utilizados em nenhuma ligação (pares de elétrons não ligantes ou pares de elétrons livres). O segundo átomo de oxigênio se aproxima e também passa a usar um desses pares eletrônicos do enxofre. O par passa a ser compartilhado tanto com o enxofre quanto com esse “novo” oxigênio (como na ligação covalente “normal”). A diferença é que, nesse caso, o “dono” original do par era o enxofre, enquanto, na covalente “normal”, cada átomo é “dono” original de apenas um elétron de cada par compartilhado. A estrutura fi ca assim: Representação de Lewis Fórmula estrutural Par de elétrons originalmente pertencente ao enxofre A seta representa o par de elétrons que constitui a ligação dativa. Essa seta aponta sempre para o átomo que precisava do par para atingir o octeto. O S O O S O 1 1 A quantidade de ligações covalentes dativas que um ametal pode fazer depende do número de elétrons que ele apresenta em sua camada de valência. Veja: Elemento do grupo (ou família) Notação de Lewis Ligações covalentes normais Ligações covalentes dativas (máximo) 17 (VIIA) E 1 3 16 (VIA) E 2 2 15 (VA) E 3 1 14 (IVA) E 4 0 Observação 1 A ligação dativa também é chamada de ligação coordenada e é um modelo simples para explicar a ligação com compartilhamento de elétrons proveniente de um mesmo átomo. No ensino superior, esse assunto é tratado de uma forma bem mais complexa que no Ensino Médio. Atenção 1 Por que o segundo átomo de oxigênio fez a ligação dativa com o enxofre, e não com o outro oxigênio, que também apresenta pares de elétrons não ligantes? Para responder, pense em eletronegatividade. O átomo que “chega” privilegia o compartilhamento com um átomo de menor eletronegatividade, pois, dessa forma, consegue que o par eletrônico fi que mais próximo de sua eletrosfera. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 11 5/2/18 10:06 AM 12 CAPÍTULO 1 Outros exemplos de moléculas com ligações covalentes dativas: 1 O O S OSO 3 : O O OO 3 : Exceções à regra do octeto Existem várias substâncias formadas por ligação covalente que não obedecem à regra do octeto. Há duas situações principais: a) Formação de radicais livres: nesse caso, há formação de uma estrutura instável, al- tamente reativa, que apresenta um elétron desemparelhado (de forma simplifi cada, po- de-se afi rmar que é um elétron que está em busca de outro elétron para realizar um com- partilhamento). Uma característica desses radicais é apresentar moléculas com número ímpar de elétrons. Observe a seguir um caso importante. Molécula de NO 2 Fórmula eletrônica O ON Nitrogênio estável com 7 elétrons na camada de valência Fórmula estrutural O N — O (ou: O N w O) Na natureza, teremos as seguintes conversões: O O O O N N+ O O O O N Ñ N Essa estrutura é chamada de dímero. Outros exemplos de radicais livres: ClO 2 e NO b) Hibridação: mistura de orbitais híbridos, cujo mecanismo não é assunto do ensino médio. No entanto, as estruturas formadas podem ser assunto de diversas explicações. As substâncias mais importantes são apresentadas a seguir. BeH 2 : estrutura estável em que o berílio se estabiliza com 4 elétrons na camada de valência. BH 3 : estrutura estável em que o boro se estabiliza com 6 elétrons na camada de valência. PCl 5 : estrutura estável em que o fósforo se estabiliza com 10 elétrons na camada de valência. SF 6 : estrutura estável em que o enxofre se estabiliza com 12 elétrons na camada de valência. Características das substâncias formadas por ligações covalentes e/ou dativas As principais características são: I. Podem apresentar-se nos três estados físicos (o que depende de como as moléculas se atraem). Exemplos: CO 2 (gás carbônico) s estado gasoso H 2 O (água) s estado líquido C 12 H 22 O 11 (açúcar) s estado sólido II. Apresentam baixos pontos de fusão (em geral, menores que 500 °C), porque, sem a presença de íons, não existem forças elétricas muito intensas unindo as moléculas forma- doras dessas substâncias. III. Quando puras, não conduzem corrente elétrica (como veremos mais adiante), com exceção do C grafi te . 1 Curiosidade 1 A seguir estão outras formas para representação da ligação dativa. S OO S OO S OO Cada traço representa um par de elétrons livres ao redor do átomo. A linha contínua e pontilhada indica que o compartilhamento dos pares de elétrons livres pode ser feito de ambos os lados e, por isso, as duas ligações são iguais. Observação 1 Quando há formação de moléculas com número elevado de átomos (geralmente indeterminado), surgem estruturas chamadas macromoléculas. Nesse caso, evitamos a expressão substância molecular e empregamos substância covalente. Todas elas são sólidas à temperatura ambiente. Alguns exemplos: grafi te, diamante (macromoléculas do carbono), areia (fórmula:(SiO 2 ) n ), amido e celulose (mesma fórmula: (C 6 H 10 O 5 ) n ). Outro tipo de macromolécula são as proteínas presentes na constituição de todas as células vivas. Algumas fazem parte da estrutura do organismo: nas fi bras musculares, no cabelo e na pele. Outras participam do metabolismo dos alimentos (chamadas enzimas) ou do sistema imunológico. São constituídas principalmente pelos elementos químicos carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, que, unidos por ligações covalentes, formam os aminoácidos, unidades fundamentais das proteínas. e v e ry th in g p o s s ib le /S h u tt e rs to ck A aro n A m a t/ S h u tt e rs to ck Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 12 5/2/18 10:06 AM 13 Q U ÍM IC A Atividades 1. (Fuvest-SP) Ocorrem na natureza elementos que não formam compostos e que sempre se apresentam como espécies monoatômicas. a) A que família pertencem? b) Qual é a característica de sua estrutura eletrônica que limita a reatividade química? 2. (UFPA) Um átomo, cujo número atômico é 18, está classi- fi cado na Tabela Periódica como: a) metal alcalino. b) metal alcalinoterroso. c) metal terroso. d) ametal. e) gás nobre. 3. Dos compostos a seguir, qual não realiza ligação iônica? a) NaCl b) Mg(Cl) 2 c) CaO d) HCl e) Na 2 O 4. (UEL-PR) Da combinação química entre os átomos de magnésio (Z 5 12) e nitrogênio (Z 5 7), pode resultar a substância de fórmula: a) Mg 3 N 2 b) Mg 2 N 3 c) MgN 3 d) MgN 2 e) MgN 5. O elemento A tem número atômico igual a 6, enquanto o elemento B tem número atômico igual a 8. A molécula que representa corretamente o composto formado por esses dois elementos é: a) AB b) BA c) A 2 B d) AB 2 e) B 2 A 6. (UFV-MG) Os elementos oxigênio, cloro, sódio e cálcio são reativos e na natureza são encontrados combinados. O oxi- gênio e o cloro formam moléculas diatômicas e o sódio e o cálcio podem formar substâncias como o cloreto de sódio e o óxido de cálcio. Assinale a alternativa em que estão corretas as informações sobre a fórmula química, a ligação química e o estado físico dessas substâncias, respectivamente: a) O 2 , iônica, gás b) Cl 2 , covalente, gás c) NaCl, iônica, líquido d) CaO, covalente, líquido Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 13 5/2/18 10:06 AM 14 CAPÍTULO 1 7. (Ufam) Em sua maioria, as ligações iônicas são formadas por metais e não metais. A força que mantém esses ele- mentos unidos é chamada ligação iônica, cuja natureza é diferente daquela da ligação covalente. Em uma ligação iônica, os átomos estão ligados pela atração de íons com cargas opostas, enquanto em uma ligação covalente os átomos estão ligados por compartilhar elétrons. Há, no en- tanto, uma tênue linha divisória entre a ligação covalente e a ligação iônica. A alternativa que apresenta a substância que apresenta maior caráter iônico é: (Dado: números atômicos: H 5 1; F 5 9; Na 5 11; K 5 19; Cl 5 17; I 5 53) a) KI b) HI c) KF d) F 2 e) NaCl 8. +Enem [H24] Um químico estava em seu laboratório e recebeu a ordem de organizar todos os compostos da estante do reagentário. Para isso, separou os compostos baseado nas etiquetas que os nomeavam. Ao encontrar um pote sem identifi cação, o qual claramente percebia tratar-se de um composto com capacidade de formar re- tículo cristalino iônico, fi cou em dúvida de qual composto que seria. Ao olhar novamente o reagentário, encontrou 5 substâncias que estavam sobrando. Dessas substâncias, a que corresponde ao composto desconhecido só pode ser: a) SiC b) Al 2 O 3 c) C 6 H 12 O 6 d) Ca(NO 3 ) 2 e) Ag Complementares Tarefa proposta 1 a 12 9. (UFG-GO) A série americana intitulada Breaking Bad vem sendo apresentada no Brasil e relata a história de um professor de química. Na abertura da série, dois símbolos químicos são destacados em relação às duas primeiras letras de cada palavra do título da série. Considerando a regra do octeto e consultando a tabela periódica, a substância química formada pela ligação entre os dois elementos é a: a) Ba 2 Br 2 b) Ba 2 Br 3 c) Ba 2 Br d) BaBr 3 e) BaBr 2 10. (UFMG) Um material sólido tem as seguintes características: – não apresenta brilho metálico; – é solúvel em água; – não se funde quando aquecido a 500 °C; – não conduz corrente elétrica no estado sólido; – conduz corrente elétrica em solução aquosa. Com base nos modelos de ligação química, pode-se con- cluir que, provavelmente, trata-se de um sólido: a) iônico. b) covalente. c) molecular. d) metálico. e) nda. 11. Consulte a tabela periódica e monte as representações de Lewis e as fórmulas estruturais das moléculas: a) HF b) CS 2 c) PCl 3 d) SOCl 2 (aqui tem dativa!) e) Cl 2 O 12. Considere os seguintes elementos químicos e as suas res- pectivas famílias ou grupos na tabela periódica: Elementos químicos Famílias Sódio (Na) Metais alcalinos Lítio (Li) Metais alcalinos Bário (Ba) Metais alcalinoterrosos Alumínio (Al) Família do boro Oxigênio (O) Calcogênios Cloro (Cl) Halogênios Flúor (F) Halogênios Alguns desses elementos realizam ligações iônicas entre si, formando compostos. Indique qual das fórmulas uni- tárias dos compostos formados a seguir está incorreta. a) Al 3 O 2 b) NaCl c) Li 2 O d) MgCl 2 e) AlF 3 Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 14 5/2/18 10:06 AM 15 Q U ÍM IC A Substâncias metálicas Como vimos, toda substância iônica é sólida nas condições ambientes. Mas é im- portante salientar que nem todo sólido é uma substância iônica. Alguns são formados somente por metais. São as chamadas substâncias metálicas. Em geral, os átomos dos metais têm um, dois ou três elétrons – com baixa energia de ionização – na camada de valência. Isso signifi ca que eles não são muito atraídos pelos seus núcleos. Lembre-se de que os metais, dentro dos seus períodos na tabela periódica, apresentam os maiores raios atômicos, o que gera uma baixa atração elétrica entre o núcleo e os elétrons da camada de valência. Consequentemente, em um cristal metálico, esses “elétrons livres” são atraídos também pelos núcleos dos átomos vizinhos. Forma-se, então, uma “nuvem de elétrons”, que circula por todo o cristal, agindo como um “adesivo” e mantendo todos os átomos metálicos (agora cátions, pois “perderam” seus elétrons originais) bem unidos. O resulta- do é a formação do sólido metálico. A interação elétrica entre essa “nuvem de elétrons” e os núcleos atômicos é chamada ligação metálica. Íons Ag+ fixos Elétrons “livres” com livre movimentação por todo o metal Os sólidos metálicos são cristais formados por agregados atômicos gigantes. Como esses sólidos são constituídos por átomos pertencentes a um mesmo elemento químico (com exceção das ligas), a fórmula de uma substância metálica é o próprio símbolo do elemento, sem indicação da quantidade (extremamente grande) de átomos envolvidos. Seguem alguns exemplos: • Fórmula química para o ouro de uma escultura: Au • Fórmula química para o mercúrio dos termômetros: Hg Aliás, ao nível do mar, o mercúrio é o único metal líquido quando em temperatura am- biente (25 °C); o gálio (ponto de fusão: 29,78 °C) e o césio (ponto de fusão: 28,44 °C) fundem- -se pouco acima de 25 °C. Todos os demais são sólidos. A mobilidade dos elétrons de valência, que “passeiam” livremente por todo o cristal metálico, é responsável pelas características típicas de um metal. 1 Atenção 1 Cristal é um corpo sólido que apresenta seus átomos arranjados de forma simétrica. Muitas vezes essa simetria pode ser vista nas faces regulares e bem defi nidas, como em um cristal de pedra preciosa. Outras vezes, o corpo não apresenta formas externas simétricas, mas internamente seu arranjo permanece simétrico (o que pode ser constatado por métodos físico-químicos). BARBOSA, Addson L. Dicionário de Química. Goiânia: AB. (Adaptado.) Parafusos, porcas e fi os são exemplos de usos de metais no cotidiano. M ic ro O n e /S h u tt e rs to ck Vasilyev Alexandr/Shutterstock Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 15 5/2/18 10:06 AM 16 CAPÍTULO 1 Características dos metais • Alta condutividade elétrica. Na “nuvem de elétrons”, a movimentação eletrônica é to- talmente desordenada. Conectando-se, porém, as extremidades de um fi o metálico a uma pilha, por exemplo, esses elétrons passam a se movimentar organizadamente, de um extremo ao outro do fi o, o que caracteriza a passagem de corrente elétrica. • Alta condutividade térmica. Metais são excelentes condutores de calor. • Altos pontos de fusão e de ebulição.São exceções o mercúrio, o gálio e o césio. Exem- plos: tungstênio (PF 5 3 410 °C); ouro (PF 5 1 064 °C) e prata (PF 5 962 °C). • Brilho metálico. Superfícies metálicas polidas refl etem bem a luz. Os espelhos, por exemplo, são feitos aplicando-se uma fi na camada de prata atrás de um pedaço de vidro. • Alta maleabilidade e alta ductibilidade. A fl exibilidade da “nuvem de elétrons” explica por que os metais são tão facilmente moldáveis. Ela permite que os elétrons se adap- tem facilmente aos novos formatos que a peça metálica venha a adquirir. • Força de tração. Os metais podem ser fortemente tracionados sem que haja ruptura do objeto, por causa da intensidade e da quantidade de interações entre cátions me- tálicos e elétrons livres. Por esse motivo, são largamente utilizados na construção civil e como cabo de sustentação, por exemplo, em elevadores. V ic to r M o u s s a /S h u tt e rs to ck W ilm a r N u n e s /B IP K G D e s ig n /S h u tt e rs to ck Metal sendo transformado em fi o (ductibilidade). Cabos de sustentação usados na construção civil. Microchips são compostos por metais por causa da alta condutividade elétrica. Defi nição Maleabilidade : propriedade de o metal ser transformado em lâminas. Ductibilidade : propriedade de o metal ser transformado em fi os. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 16 5/2/18 10:06 AM 17 QU ÍM IC A Ligas metálicas Difi cilmente um metal puro terá todas as qualidades necessárias para determinada aplicação. Por exemplo, o ferro enferruja facilmente, além de ser quebradiço; o ouro e a prata são muito moles. Para haver equilíbrio na característica que se pretende buscar, ou melhorar as propriedades físicas e/ou químicas de um metal, são feitas as ligas metálicas. Quanto mais duro for o material, mais difícil de ser riscado. Sua dureza pode ser ava- liada pela escala de Mohs. Observe a seguir. Moeda de cobre Faca Vidro Unha S ã o r is ca d o s p o r. .. R is ca m o v id ro 1 – Talco 2 – Gesso 3 – Calcita 4 – Fluorita 5 – Apatita 6 – Feldspato 7 – Quartzo 8 – Topázio 9 – Corindon 10 – Diamante A u m e n to d a d u re z a Veja alguns exemplos. • Bronze: cobre (90%) e estanho (10%). • Ouro 18 quilates: ouro (75%) e prata/cobre (25%). O ouro é muito mole; a adição de pra- ta e cobre aumenta sua dureza (resistência mecânica). Interação Os metais, principalmente o ouro, apresentam grande importância na colonização do Brasil, dando origem ao período histórico intitulado “ciclo do ouro”, que teve seu auge no século XVIII, passando pela era pombalina (1750-1777), com destaque para a região de Minas Gerais, que será estudado em História, caderno 4, capítulo 4. • Chumbo para solda: chumbo (67%) e estanho (33%). • Latão: cobre (55%) e zinco (45%). • Aço: ferro com um pouco de carbono. O objetivo da adição de carbono é o aumento da resistência mecânica, principalmente a tração, como mostra o quadro a seguir: O efeito do carbono no aço Tipo de aço Conteúdo de carbono (%) Aplicações Aço com baixo teor de carbono < 0,15 Arame de ferro Aço com moderado teor de carbono 0,15 a 0,25 Cabos, pregos, grades e ferraduras Aço com médio teor de carbono 0,26 a 0,60 Pregos, vigas, cercas e componentes estruturais Aço com alto teor de carbono 0,61 a 1,5 Maçanetas, navalhas, tesouras e brocas • Amálgama: liga contendo o elemento mercúrio como um dos metais. 1 Defi nição Quilate : quando se refere ao ouro, é a quantidade contida em uma liga, correspondente a 1 24 (um vinte e quatro avos) da liga. O ouro puro tem 24 quilates, portanto o ouro 18 quilates tem 18 24 avos de ouro puro, ou seja, 3 4 (ou 75% de ouro puro). Curiosidade 1 A cor do ouro Você já deve ter se deparado com joias de ouro com diferentes colorações. Essa mudança na cor se deve à composição da liga. O ouro amarelo apresenta composição de 75% de ouro, 13% de prata e 12% de cobre. O ouro branco é uma liga composta por 75% de ouro, 2% de cobre, 5% de zinco e 18% de níquel. Algumas ligas podem também conter ródio, platina e paládio. O ouro rosado tem composição aproximada de 75% de ouro, 5% de prata e 20% de cobre. Gouraud Stud io /S h u tte rs to c k Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 17 5/2/18 10:06 AM 18 CAPÍTULO 1 Conexões Hidretos e carbetos Hidretos são compostos binários, ou seja, formados por dois elementos químicos, em que o hidrogênio é o elemento mais eletronegativo. Podem ter diversas aplicações em Química, sendo uma delas a geração de gás hidrogênio a partir da violenta reação com a água. Essa reação libera tanto calor que, na presença de oxigênio, há explosão, pois o hidrogênio formado é um ótimo combustível. Veja a equação da reação do hidreto de cálcio (hidrolita) com a água: CaH 2 1 2H 2 O w Ca(OH) 2 1 2H 2 Outro hidreto importante é o de arsênio AsH 3 (comumente chamado de arsina). É um composto gasoso altamente tóxico, cuja tolerância máxima é de 5 · 10–3 ppm no ar (partes por milhão, ou seja, 5 L de composto em 1 · 109 L de ar – um bilhão de litros de ar). Por esse motivo, pode ser usado como arma química. Carbetos também são compostos binários que contêm uma das estruturas a seguir. C Metaneto C C Acetileto Elétrons em azul são do carbono; elétrons em verde são do outro elemento químico. Essa classe de compostos pode ter diferentes aplicações em Química. O carbeto de cálcio (CaC 2 ), por exemplo, é um sólido que reage com a água, produzindo gás acetileno – combustível de maçarico de solda e usado para acelerar o amadurecimento de frutas – e hidróxido de cálcio. O carbeto de silício (SiC) n (nome comercial: Carborundum) é uma ma- cromolécula obtida a partir do carvão siderúrgico (carvão coque) com areia, o qual forma como subproduto o monóxido de carbono (CO). Veja sua reação de obtenção: 3nC 1 (SiO 2 ) n w (SiC) n 1 2nCO Observação: n é um número grande e indeterminado. Esse material apresenta dureza próxima à do diamante e, por isso, pode ser usado como seu substituto em diferentes aplicações, como brocas de perfuração de solo. Também pode ser usado como pedra de esmeril, para afi ar objetos de metal e/ou cortar vidros. A respeito dos materiais citados no texto, responda ao que se pede. a) O hidreto de potássio é um sólido usado em diferentes reações químicas e pode provocar explosões quando em contato com a água. Escreva a reação química balanceada entre o hidreto de potássio e a água. b) Escreva a equação química que mostra a reação entre o carbeto de cálcio e a água, conforme descrito no texto. c) O Carborundum é uma estrutura que tende a ser iônica ou molecular? Por quê? Atividades 13. (Cefet-PR) Nas indústrias de fabricação de alumínio, mais de 70% dos recursos empregados é energia elétrica, um recurso que, apesar de escasso, ainda é muito barato no Brasil. Este custo é ainda inferior para empresas que têm subsídio e pagam até um terço do preço pago pelos consumidores residenciais. Grande parte dos lingotes produzidos aqui é exportada e, lá fora, eles são transformados em componentes automotivos e equipamentos que o Brasil precisa comprar por um preço muito mais alto. Revista Veja, ed. Abril, ano 34, n. 21, 2001. As ligações químicas entre os átomos de alumínio presentes nos lingotes produzidos são do tipo: a) iônica. b) dipolo-dipolo. c) metálica. d) covalente. e) cristalina. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 18 5/2/18 10:06 AM 19 Q U ÍM IC A 14. (UFRGS-RS) No modelo do gás eletrônico para a ligação metálica, considera-se que os nós do retículo cristalino do metal são ocupados por: a) íons negativos. b) íons positivos. c) elétrons. d) prótons. e) átomos neutros. 15. Assinale a alternativa que apresente somente substâncias formadas por ligações metálicas. a) Au, Pt, N 2 e Zn. b) Al, C grafi ta , Ag, Au. c) Au, O 2 , Zn, P 4 . d) Ag, Al, Cu, Au. e) S 8 , NaCl, SF 6 , Cu. 16. A propriedade que todo metaltem de conduzir calor deve-se: a) à ruptura das ligações metálicas. b) à existência de elétrons livres. c) à existência de prótons livres. d) ao núcleo dos átomos dos metais, que apresenta um número muito grande de prótons. e) ao ponto de fusão baixo. 17. (UFRN) Para se construir um determinado dispositivo ele- trônico, precisa-se de um material que possa ser transfor- mado com facilidade em fi os condutores da eletricidade. No quadro a seguir estão relacionadas algumas caracterís- ticas de materiais metálicos identifi cados como I, II, III e IV. 1 Apresenta elevada capacidade de voltar ao normal após ser esticado. 2 Apresenta alta ductibilidade. 3 Apresenta elevada maleabilidade. 4 Apresenta alta dureza. Para a construção do dispositivo eletrônico, deve ser utili- zado o material identifi cado como: a) IV b) III c) II d) I 18. (Furg-RS) A seguir são apresentados quatro elementos químicos com seus respectivos números atômicos. 1) Na (Z 5 11); 2) S (Z 5 16); 3) Al (Z 5 13); 4) N (Z 5 7). Analise as afi rmativas seguintes: I. A ligação entre 1 e 2 será iônica. II. A ligação entre 4 e 4 será metálica. III. A ligação entre 3 e 3 será metálica. IV. A ligação entre 1 e 4 será covalente. Assinale a alternativa que apresenta as afi rmações corretas. a) I e III b) II e IV c) I e IV d) II e III e) III e IV Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 19 5/2/18 10:06 AM 20 CAPÍTULO 1 19. (Fatec-SP) Considere as seguintes propriedades dos metais estanho e chumbo: Metal Temperatura de fusão (°C) Densidade (g/cm³) Estanho 232 7,3 Chumbo 327 11,4 Certa liga de solda utilizada na fi xação de componentes em circuitos eletrônicos contém 63% de estanho e 37% de chumbo (porcentagens em massa). Com base nessas informações, afi rma-se que tal liga: I. apresenta maior temperatura de fusão do que o esta- nho puro; II. apresenta densidade igual a 9,4 g/cm3; III. é boa condutora de corrente elétrica. É correto o que se afi rma somente em: a) I b) II c) III d) I e III e) II e III 20. +Enem [H17] Querendo demonstrar todo seu amor, um jovem estu- dante de Química resolveu presentear sua namorada com uma joia. Para isso comprou uma bela corrente que jurava ser de prata, mas era de aço. Inconformado, após desco- brir seu erro, resolveu comprar um medalhão de bronze para colocar a foto dela dentro dele, e mais uma vez foi en- ganado por um objeto de latão. Desistindo de ser mesqui- nho, foi logo comprar um anel de ouro, afi nal não haveria como enganá-lo! Ou será que sim? Na pequena história, há citações de algumas ligas metáli- cas. Quais são, respectivamente, as composições das ligas apresentadas no texto? a) Fe e C,Pb, Zn e Sn, Au e Al, Cu e Pb. b) Fe e Cu, Cu e Pb, Au e Ag, Cu e Sn. c) Fe e C, Cu e Sn, Au e Co, Cu, Sn e Si. d) Fe e Cd, Cu e Si, Au e Cu, Cu, Sn e Pb. e) Fe e C, Cu e Sn, Cu e Zn, Au e Cu. Complementares Tarefa proposta 13 a 24 21. (UFRN) O cobre metálico é bastante utilizado na confecção de fi os condutores de eletricidade. Baseado na proprieda- de de condutividade elétrica dos metais, pode-se afi rmar, a respeito do fi o de cobre, que: a) é constituído de íons metálicos positivos em posições ordenadas, com os elétrons de valência movimentan- do-se em todo o fi o. b) é constituído de moléculas. c) seus átomos estão unidos por ligações iônicas. d) as forças eletrostáticas que unem os átomos de cobre no fi o são resultantes das interações dipolo-dipolo. e) as ligações nele existentes são covalentes. 22. (Uepa) Uma das missões envolvidas no envio do robô Curiosity pela Nasa é a investigação da composição quí- mica do solo que constitui o planeta Marte, pois é sabido que metais como ferro (Fe), alumínio (Al) e cobre (Cu) são muito importantes para a manutenção e o desenvol- vimento de novas tecnologias. Assim, pesquisas de outras fontes minerais tornam-se estratégicas. Com relação à composição química da Terra, alguns elementos quími- cos não são encontrados em seu estado fundamental, o que requer o uso de processos físicos e/ou químicos para obtenção em estado puro. Exceto os gases nobres, que são formados por átomos isolados, os átomos dos demais elementos químicos atraem-se mutuamente formando os compostos químicos. Exemplos destes compostos são os minérios extraídos da natureza pelas indústrias deste setor, os mais comuns são a hematita (Fe 2 O 3 ), a cuprita (Cu 2 O) e a alumina (Al 2 O 3 ). Baseado no texto, é correto afi rmar que: a) os elementos químicos combinam-se entre si para ad- quirir uma confi guração eletrônica estável. b) os elementos químicos combinam-se entre si somen- te quando pertencem a um mesmo período da tabela periódica. c) os elementos químicos representados pelos símbolos Fe, Cu e Al se enquadram entre os representativos da tabela periódica. d) os elementos químicos combinam-se entre si somente quando há transferência de elétrons entre eles. e) os elementos químicos combinam-se entre si, através de ligação iônica, para formar ligas metálicas. 23. (UFC-CE) O aço comum é uma liga de: a) C 1 Zn b) Cu 1 Zn c) Fe 1 Al d) Fe 1 C e) Fe 1 Cu Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 20 5/2/18 10:06 AM 21 QU ÍM IC A 24. (Fameca-SP) Metais biodegradáveis criarão nova geração de im- plantes médicos. Três universidades estadunidenses estão unindo esforços para criar uma nova geração de dispositivos que deverão benefi ciar portadores de fi s- suras labiopalatais, pacientes acidentados com fraturas ósseas e portadores de doenças cardíacas. Esses novos equipamentos se adaptam à anatomia física do paciente e se dissolvem quando não são mais necessários. As pró- teses, órteses e equipamentos médicos serão construídos com ligas especiais de magnésio, às quais serão adiciona- dos diversos tipos de agentes biológicos para promover a cicatrização e evitar a rejeição e as infl amações. As ligas de magnésio dissolvem-se no organismo depois de te- rem cumprido sua função estrutural, praticamente sem nenhum efeito colateral. A dissolução é baseada na rea- ção de oxidação, por meio da qual os íons do metal se espalham nos tecidos ao redor, reagindo posteriormente com a água. A maioria das pesquisas até agora nesse campo vinha se concentrando em polímeros biodegradáveis, mas os cientistas acreditam que os metais poderão ter grandes vantagens em casos nos quais a leveza do material é ele- mento crucial para o sucesso das cirurgias. Adaptado de <www.inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em: 11 set. 2008. Sobre ligas metálicas de magnésio, afi rma-se que: I. são mais leves do que os polímeros biodegradáveis. II. a capacidade de elas se adaptarem à anatomia física do paciente se deve à grande fl exibilidade que apresentam. III. são resistentes à corrosão e essa propriedade favorece sua aplicação em dispositivos ortopédicos. Está correto o que se afi rma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. Tarefa proposta 1. (PUC-PR) Dados os compostos: I. Cloreto de sódio II. Brometo de hidrogênio III. Gás carbônico IV. Metanol V. Fe 2 O 3 Apresentam ligações covalentes os compostos: a) I e V b) III e V c) II, IV e V d) II, III e IV e) II, III, IV e V 2. (Colégio Naval) Quando átomos do elemento X, o qual está presente no terceiro período e no grupo 17 da mo- derna classifi cação periódica, se combinam com átomos do elemento Y, o qual está presente no terceiro período e grupo 2, forma-se um composto: a) molecular de fórmula XY 2 . b) iônico de fórmula X 2 Y. c) molecular de fórmula XY. d) iônico de fórmula YX 2 . e) iônico de fórmula Y 2 X. 3. (Unicentro-PR) As propriedades físicas e químicas dos ele- mentos químicos estão associadas às suas confi gurações eletrônicas. Em relação às confi gurações eletrônicas [Ar] 4s2 e [Ar] 4s2 3d10 4p4, pode-se afi rmar que correspondem, respectivamente, a de um elemento químico: a) alcalinodo 4º período e a de um halogênio do mesmo período. b) formador de cátion de carga 12 e a de um formador de ânion de carga 22, num composto iônico. c) inerte, com a primeira energia de ionização maior do que a do potássio, e a de um elemento químico reativo com raio atômico menor do que o do criptônio. d) metálico, de massa atômica igual a 40 g, e a de semi- condutor de massa molar 79 u. e) ametal representativo e a de metal de transição. 4. (Vunesp) Soluções são misturas homogêneas de duas ou mais substâncias. A água é um solvente muito efi caz para solubilizar compostos iônicos. Quando um composto iô- nico se dissolve em água, a solução resultante é composta de íons dispersos pela solução. O composto que representa melhor a solução esquema- tizada na fi gura é: a) MgCl 2 b) KCl c) K 2 SO 4 d) Fe 2 O 3 e) MgCO 3 5. (UFSM–RS) Relacione a segunda coluna com a primeira. Coluna 1 1. Ligação iônica 2. Ligação covalente Coluna 2 A. Na 2 O B. CO 2 C. SiO 2 D. CaCO 3 E. O 2 F. FeO A sequência correta é: a) 1–A; 2–B; 2–C; 1–D; 2–E; 1–F b) 2–A; 1–B; 2–C; 1–D; 1–E; 1–F c) 1–A; 1–B; 2–C; 2–D; 1–E; 2–F d) 2–A; 2–B; 1–C; 1–D; 2–E; 1–F e) 1–A; 2–B; 1–C; 2–D; 2–E; 2–F R e p ro d u ç ã o /U N E S P. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 21 5/2/18 10:06 AM 22 CAPÍTULO 1 6. (UFTM-MG) Com base na distribuição de elétrons dos áto- mos de nitrogênio e de iodo, prevê-se que a molécula NI 3 é formada por: a) uma ligação iônica entre um íon N31 e três íons I2. b) uma ligação covalente tripla entre um átomo de nitro- gênio e três de iodo. c) uma ligação covalente simples e duas ligações duplas entre um átomo de nitrogênio e três de iodo. d) duas ligações covalentes simples e uma ligação dupla entre um átomo de nitrogênio e três de iodo. e) três ligações covalentes simples entre um átomo de nitrogênio e três de iodo. 7. (UFPR) Um elemento químico tem massa atômica A 5 39,098 u.m.a. e número atômico Z 5 19. Acerca desse elemento, considere as seguintes afirmativas: 1. A substância pura desse elemento apresenta-se na for- ma de um metal em condições normais. 2. O íon mais estável desse elemento apresenta carga 12. 3. Esse elemento formará compostos iônicos com os ele- mentos do grupo XVII. 4. A substância pura desse elemento deve ser líquida. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira. b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. 8. Um aluno quer escrever a fórmula do composto binário que se forma entre o magnésio e o fósforo. Para prever a fórmula, ele seguiu algumas orientações. Assinale a alternativa em que ocorreu erro conceitual na orientação. a) O magnésio está no grupo 2/IIA e forma íons com carga 12. b) O fósforo está no grupo 15/VA e forma ânions com carga 23. c) Como os compostos são eletricamente neutros, os íons devem se combinar de modo que as cargas se neutralizem. d) São necessários dois íons Mg21 para produzir a carga 16 e três íons P32 para produzir a carga 26. e) Não há como formar o composto binário. 9. (UPM-SP) Em uma substância iônica, o número de elétrons cedidos e recebidos deve ser o mesmo. Assim, em uma fórmula de óxido de alumínio, esse número de elétrons é igual a: Dado: grupo Al 5 13 ou 3A, O 5 16 ou 6A. a) 2. b) 3. c) 4. d) 5. e) 6. 10. (UFV-MG) Os compostos formados pelos pares Mg e Cl, Ca e O, Li e O, K e Br têm fórmulas cujas proporções entre os cátions e os ânions são, respectivamente: (Dado: Li (Z 5 3); O (Z 5 8); Mg (Z 5 12); Cl (Z 5 17); K (Z 5 19); Ca (Z 5 20); Br (Z 5 35)) a) 1 : 1; 2 : 2; 1 : 1; 1 : 2 b) 1 : 2; 1 : 2; 1 : 1; 1 : 1 c) 1 : 1; 1 : 2; 2 : 1; 2 : 1 d) 1 : 2; 1 : 1; 2 : 1; 1 : 1 e) 2 : 2; 1 : 1; 2 : 1; 1 : 1 11. (Unimontes-MG) A figura a seguir ilustra uma situação em que uma porção de elemento sólido E reage em sua super- fície com moléculas de oxigênio gasoso, O 2 , produzindo duas substâncias, EO e EO 2 . Em relação às substâncias EO e EO 2 , assinale a alternativa incorreta. a) A diferença de eletronegatividade entre os elementos E e O é maior no composto EO. b) Os átomos do elemento E expandem-se quando agre- gam elétrons para formar ânions. c) O caráter polar da ligação em EO 2 é menos acentuado em relação ao caráter de EO. d) Os produtos das reações envolvem dois tipos de liga- ções: iônicas e covalentes. 12. +Enem [H24] Durante uma aula de Química, um aluno leu o seguinte trecho em um livro. Para a formação da ligação, duas condições são necessá- rias: um par de elétrons com spins opostos e um orbital estável em cada átomo. A força de ligação é qualitativamente propor- cional à interpenetração das nuvens de carga dos dois átomos. Após a leitura, o aluno pediu ajuda ao professor, pois não entendeu a definição lida. O professor respondeu que ele deveria verificar se os dois elementos eram ametais. Em caso positivo, eles fariam a tal ligação. A definição que o aluno estava questionando refere-se à ligação: a) iônica. d) por forças de Van der Waals. b) metálica. e) por ligações de hidrogênio. c) covalente. 13. O alumínio e o cobre são amplamente empregados na produ- ção de fios e cabos elétricos. A condutividade elétrica é uma propriedade comum dos metais. Este fenômeno deve-se: a) à presença de impurezas de ametais que fazem a transferência de elétrons. b) ao fato de os elétrons nos metais estarem fracamente atraídos pelo núcleo. c) à alta afinidade eletrônica destes elementos. d) à alta energia de ionização dos metais. e) ao tamanho reduzido dos núcleos dos metais. R e p ro d u ç ã o /U N IM O N T E S , 2 0 1 3 . Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 22 5/2/18 10:06 AM 23 Q U ÍM IC A 14. As ligas metálicas são formadas pela união de dois ou mais metais ou, ainda, por uma união entre metais e ametal. Relacionando, no quadro a seguir, cada tipo de liga com as composições dadas: Liga Composi•‹o I. Aço a) Cu 67% Zn 33% II. Ouro 18 quilates b) Cu 90% Sn 10% III. Bronze c) Fe 98,5% C 0,5 a 1,5% traços Si, S e P IV. Latão d) Au 75% Cu 12,5% Ag 12,5 Pode-se afi rmar que a única correlação entre liga e com- posição encontra-se na opção: a) I b; II c; III a; IV d. b) I c; II b; III d; IV a. c) I a; II b; II c; IV d. d) I c; II d; III b; IV a. e) I d; II a; II c; IV b. 15. (UEG-GO) Neste ano, cientistas da Universidade de Harvard anunciaram a produção de hidrogênio metálico, subme- tendo hidrogênio molecular a altas pressões. Dentre as propriedades características de compostos metálicos, en- contra-se a: a) baixa condutividade elétrica. b) utilização como isolantes térmicos. c) tendência a formar ânions devido a sua baixa energia de ionização. d) estabilização por ligações de hidrogênio fortemente orientadas no espaço. e) liberdade de seus elétrons de valência de se locomove- rem através do sólido. 16. (UTFPR) Os amálgamas são um tipo de liga metálica em que sempre está presente o metal: a) Fe b) Sn c) Au d) Hg e) Al 17. (PUC-GO) Alguém me compre minha fi lha – insiste mais uma vez o pai – e zele bem de minha querida princesinha. Ela é o tesouro que tenho, meu orvalho de luz, meu ouro sem ganga, o mais precioso cabedal que retirei do arco-íris de meus dias risonhos Lourenço, 2011. Considerando o conteúdo apresentado por este trecho, em relação ao orvalho e ao ouro, assinale a alternativa correta. a) Orvalho é um fenômeno físico no qual a umidade do ar precipita por sublimação na forma de gotas, cau- sada pela diminuição brusca da temperatura ou pelo contato com superfícies frias. b) Ainda sobre o orvalho, com relação às mudanças de es- tado físico de uma substância, a sublimação é um pro- cesso exotérmico porque absorve calor do ambiente. c) O ouro é um elemento químico de massa atômica 79 e de número atômico 197 u, que está situadono grupo onze da tabela periódica. O seu símbolo é Au (do latim aurum). d) Da forma como o elemento ouro é encontrado na natu- reza, não conseguiríamos fabricar nenhum objeto con- sistente, pois ele é mais maleável que a grande maioria dos metais. Mas, se adicionarmos a ele a prata (Ag) e o cobre (Cu), formaremos uma liga metálica, aumentando a dureza e permitindo sua utilização para fabricar joias. Essa liga metálica é também conhecida por ouro 18 qui- lates. Devido à sua boa condutividade elétrica, resistência à corrosão e boa combinação de propriedades físicas e químicas, apresenta diversas aplicações industriais. 18. (Fuvest-SP) As unidades constituintes dos sólidos: óxido de magnésio (MgO), iodo (I 2 ) e platina (Pt) são, respecti- vamente: a) átomos, íons e moléculas. b) íons, átomos e moléculas. c) íons, moléculas e átomos. d) moléculas, átomos e íons. e) moléculas, íons e átomos. 19. Dos seguintes pares de elementos químicos: I. C e S II. N e H III. Se e Br IV. Sr e O V. He e Te Há formação de moléculas com os átomos unidos por quatro ligações covalentes apenas em: a) I b) II c) III d) IV e) V 20. (Fuvest-SP) A fi gura abaixo traz um modelo da estrutura microscópica de determinada substância no estado sóli- do, estendendo-se pelas três dimensões do espaço. Nesse modelo, cada esfera representa um átomo e cada bastão, uma ligação química entre dois átomos. A substância representada por esse modelo tridimensio- nal pode ser: a) sílica, (SiO 2 ) n . b) diamante, C. c) cloreto de sódio, NaCl. d) zinco metálico, Zn. e) celulose, (C 6 H 10 O 5 ) n . 21. (IFSC) Em uma aula experimental de Química, um aluno recebeu dois frascos. Um deles continha cloreto de sódio (NaCl) e o outro, açúcar comum, sacarose (C 12 H 22 O 11 ). Recebeu a recomendação de não testar o sabor das subs- tâncias. Para identifi car o conteúdo de cada frasco, o aluno dissolveu em água o conteúdo de cada um deles e, em seguida, testou a condutibilidade elétrica de cada solução obtida. Considere o texto acima e leia as proposições abaixo. I. O cloreto de sódio é uma substância iônica, sendo que o cátion sódio tem carga 11. II. A sacarose é uma substância molecular e apresenta ligações iônicas entre os átomos. R e p ro d u ç ã o /F U V E S T, 2 0 11 . Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 23 5/2/18 10:06 AM 24 CAPÍTULO 1 III. A solução que continha cloreto de sódio conduziu corrente elétrica. IV. A solução que continha sacarose conduziu corrente elétrica. V. O cloreto de sódio é um amontoado de cátions (Na1) e ânions (Cl2), conhecido como retículo cristalino iônico. Assinale a alternativa correta. a) Todas as proposições são verdadeiras. b) Apenas as proposições I, III e V são verdadeiras. c) Apenas as proposições I e IV são verdadeiras. d) Apenas as proposições I, II e IV são verdadeiras. e) Apenas as proposições I, II e III são verdadeiras. 22. (UPE) Numa comunidade do Facebook, estava se debatendo sobre as propriedades macroscópicas de três substâncias químicas, A, B e C, e suas relações com o tipo predominante de ligação química encontrado em cada uma delas, conforme o quadro a seguir: Substância Aspecto físico Temperatura de fusão (°C) Condutividade térmica Solubilidade em água A Dura 800 Não apresenta Solúvel B Brilhante, dúctil 1 500 Alta Insolúvel C Escura, mole 3 500 Apresenta Insolúvel Após várias discussões, chegou-se à conclusão de que as propriedades das substâncias A, B e C podem ser explicadas, pois apresentam, respectivamente, estruturas químicas com ligação: a) covalente, iônica e metálica. b) covalente, metálica e iônica. c) iônica, metálica e covalente. d) metálica, iônica e covalente. e) metálica, covalente e iônica. 23. +Enem [H25] Energia de Ionização é a propriedade periódica que indica a energia necessária para transferir o elétron de um átomo em estado fundamental. Um átomo encontra-se no seu estado fundamental quando o seu número de prótons é igual ao seu número de elétrons. A tabela fornece dados sobre as quatro primeiras energias de ionização de quatro elementos químicos. Energia de ionização (kJ/mol) Elemento 1ª 2ª 3ª 4ª I 496 4 563 6 913 9 541 II 738 1 450 7 731 10 545 III 418 3 069 4 600 5 879 IV 1 681 3 375 6 045 8 418 Devem unir-se, entre si, por ligações iônicas, átomos: a) do elemento I. b) dos elementos I e II. c) dos elementos II e III. d) dos elementos III e IV. e) do elemento IV. 24. (UTFPR) Os átomos, no seu estado fundamental, não apresentam uma configuração estável. Alguns tendem a perder e outros a ganhar elétrons para atingir a configuração dos gases nobres (8 elétrons na última camada ou 2 elétrons, no caso do hélio). Esta forma de se estabilizar é chamada de regra do octeto, pois a maioria dos átomos se estabiliza com 8 elétrons na última camada. Esta regra é obedecida nos átomos da maioria das substâncias formadas por ligações iônicas ou covalentes, mas alguns compostos não obedecem a essa regra. Assinale a alternativa que apresenta apenas compostos que desobedecem à regra do octeto. (Dado: números atômicos dos elementos: Be 5 4; H 5 1; F 5 9; N 5 7; O 5 8; P 5 15; S 5 16 e B 5 5) a) BeH 2 , BF 3 , NO, NO 2 b) PCl 5 , SF 6 , SO 2 , OF 2 c) BeH 2 , SF 6 , SO 2 , SO 3 d) NO, NO 2 , SO 2 , SO 3 e) BF 3 , SF 6 , OF 2 , HF Vá em frente Leia Minerais, minérios, metais – De onde vêm? Para onde vão? (Eduardo Leite do Canto, São Paulo: Moderna, 2a ed., 2010) O livro trata de vários aspectos da metalurgia, como história, processos de obtenção e como essa atividade interfere na economia mundial. Autoavaliação: Vá até a página 103 e avalie seu desempenho neste capítulo. Et_EM_1_Cad2_Qui_c01_01a24.indd 24 5/2/18 10:06 AM ► Descrever a geometria molecular, reconhecer as interações intermoleculares e relacioná-las com as propriedades físicas das substâncias químicas. Principais conceitos que você vai aprender: ► Geometria molecular ► Polaridade de ligação ► Polaridade de molécula ► Dipolo induzido (dipolo instantâneo ou forças de London) ► Dipolo permanente (dipolo- dipolo) ► Ligações de hidrogênio 25 2 POLARIDADE E FORÇAS INTERMOLECULARES OBJETIVOS DO CAPÍTULO QU ÍM IC A E gorov A rte m /S h u tte rsto ck A Química, na indústria alimentícia, tem como principal objetivo contribuir para se obter uma melhor combinação de textura, cheiro, aparência e sabor para os alimentos. Os umectantes são usados para se ter o controle da textura, muito infl uenciada pela capaci- dade de retenção de umidade da massa do alimento. Como o próprio nome diz, o umectante serve para evitar a perda de umidade dos ali- mentos, impedindo-os de fi carem secos. Esses compostos apresentam como caracterís- tica uma hidrofi licidade (hidro, água, e fi lia, atração), sendo moléculas que conseguem interagir e reter a água. Um umectante muito usado, que pode ser comestível, é a glicerina, usada em pane- tones, bolachas, chocolates, doces com recheios e até mesmo em carnes em conserva. No entanto, nem todos os umectantes são benéfi cos aos seres humanos; alguns podem causar distúrbios gastrointestinais, além de afetar a circulação pulmonar. • Por que o aquecimento de um alimento, por exemplo, de um panetone, reverte o resse- camento? E d it o ri a d e A rt e /F o lh a p re s s Et_EM_1_Cad2_Qui_c02_25a54.indd 25 5/2/18 10:08 AM 26 CAPÍTULO 2 Geometria molecular Quando determinada quantidade de átomos se une para formar uma molécula, eles ten- dem a se distribuir no espaço, colocando-se o mais distante possível uns dos outros. Essa tendência possibilita maior estabilidade para a estrutura, pois, por força da proximidade, existe uma situação de repulsão entre todos os pares de elétrons compartilhados, por se tra- tar de uma molécula formada por ligações covalentes. Dessa forma, os átomos localizam-se no espaço de tal maneira que passam a assumir o aspecto de umafi gura geométrica. A essa característica de distribuição atômica damos o nome de geometria molecular. A maioria das moléculas possui um átomo central em sua estrutura, que servirá de referência para a distribuição dos outros átomos ligantes. Como o posicionamento dos átomos ao redor desse átomo central depende das nu- vens eletrônicas existentes na molécula, utilizaremos o modelo da repulsão dos pares eletrônicos (com sigla VSEPR, derivada da expressão em inglês valence shell eléctron pair repulsion), desenvolvido por Gillespie e Nyholm, em 1957, para justifi car suas geometrias. Esse modelo baseia-se na seguinte explicação: as nuvens eletrônicas ao redor do áto- mo central de uma molécula repelem-se mutuamente, pois todas elas apresentam densi- dade de carga elétrica negativa. Assim, as nuvens eletrônicas posicionam-se o mais afas- tado possível umas das outras. 1 A geometria de uma molécula pode ser determinada seguindo alguns passos. Veja a seguir. 1 Identifi cação do átomo central Quando a molécula é representada pela sua fórmula molecular, lembre-se de que o átomo que possibilita o maior número de ligações tende a ser o átomo central. 2 Determinação do número de nuvens eletrônicas ao redor do átomo central Entenda por "nuvem eletrônica" uma ligação covalente simples, dupla ou tripla, ou ainda um par de elétrons não ligantes (ou par de elétrons livres). 3 Visualização das posições relativas dos átomos ligantes ao redor do átomo central Observa-se que essa distribuição cria a imagem de uma fi gura geométrica, plana ou espacial. Basta interligar os átomos através de traços. Classifi cação das geometrias Moléculas sem átomo central A ausência de um átomo central obriga os átomos ligantes a sempre se posicionarem “um de frente para o outro”, criando uma visão retilínea da estrutura, independentemen- te da sua posição no espaço, não importando se realizam uma ligação simples (H 2 ), uma dupla (O 2 ) ou mesmo uma ligação tripla (N 2 ), nem mesmo se são átomos diferentes (HCl) que formam a molécula. Assumimos, nesses casos, que existe apenas uma única nuvem eletrônica entre eles. Observe o exemplo a seguir. H H H H Moléculas com átomo central Duas nuvens eletrônicas ao redor do átomo central Considerando-se a existência de um átomo central, quando são apenas duas nuvens eletrônicas ao seu redor, elas tendem a se distanciar o máximo possível, por força da repulsão entre suas cargas iguais. 180¡ Assim, posicionam-se diametralmente opostas, ou seja, colocam-se uma de cada lado do átomo central, estabelecendo um ângulo entre elas de 180°. Isso ocorre independentemente do tipo de átomos envolvidos e das ligações realizadas. Exemplos: CO 2 (O C O) e HCN (H — C N). O C O Atenção 1 Para a análise e determinação da geometria, representam-se pela fórmula eletrônica de Lewis apenas os elétrons da camada de valência. Et_EM_1_Cad2_Qui_c02_25a54.indd 26 5/2/18 10:08 AM 27 Q U ÍM IC A Três nuvens eletrônicas ao redor do átomo central Na ocorrência de três nuvens eletrônicas, estas se distribuem numa angulação de 120° uma da outra. 120° O O O Angular Trigonal H H C O Com isso, perceba que podemos determinar duas geometrias moleculares possíveis. Isso decorre do fato de que podem ser encontrados dois átomos ligantes, caracterizando a geometria angular, ou mesmo três átomos ao redor do átomo central, gerando uma distribuição trigonal (também chamada de trigonal plana ou triangular). Como exemplos, podemos citar o ozônio (O 3 ) e o formaldeído (CH 2 O), respectivamente, caracterizando cada uma das geometrias citadas. O O 3 s O O H H CH 2 O s O CO CO C O HH Angular N H HH Piramidal H C H HH TetraŽdrica Quatro nuvens eletrônicas ao redor do átomo central A existência de quatro nuvens eletrônicas ao redor do átomo central mantém o mesmo predicado das outras geometrias, ou seja, requer que tais grupos de elétrons se distanciem o máximo possível. Por causa da existência de quatro nuvens eletrônicas, estas serão dispostas numa angulação de 109° 28’ uma da outra. 109° 28Õ Assim, podemos defi nir até três geometrias moleculares possíveis. Essas possibilidades vêm do fato de que podem ser encontrados dois átomos ligantes, caracterizando a geometria angular, três átomos ligantes gerando uma distribuição piramidal e mesmo até quatro átomos ao redor do átomo central, criando a geometria tetraédrica. A água (H 2 O), a amônia (NH 3 ) e o metano (CH 4 ) são estruturas que, respectivamente, servem de exemplos para as referidas estruturas espaciais. C H H H CH 4 s H H ou C H H H O H 2 O s H H NH 3 s ou N H H H N H H H 1 Atenção 1 Os desenhos e representam que as disposições das geometrias piramidal e tetraédrica são espaciais. O desenho signifi ca que o átomo está saindo do plano do papel e o desenho signifi ca que o átomo está atrás do plano do papel. Et_EM_1_Cad2_Qui_c02_25a54.indd 27 5/2/18 10:08 AM 28 CAPÍTULO 2 Resumidamente, podemos determinar as geometrias moleculares seguindo o raciocí- nio demonstrado na tabela a seguir. Número de nuvens eletrônicas ao redor do átomo central Número de átomos ligados ao átomo central Geometria molecular Representação Exemplo 2 2 Linear H C N O C O Cl Ñ Be* Ñ Cl 3 2 Angular S O O 3 Trigonal plana F — B* F F O C Cl Cl 4 2 Angular O H H ou S Cl Cl 3 Piramidal Cl Cl N H H H P Cl 4 Tetraédrica Cl C Cl Cl Cl Observa•‹o: *Berílio (Be) e boro (B) são exceções da teoria do octeto. O berílio estabiliza-se com apenas 4 elétrons e o boro, com apenas 6 elétrons na camada de valência. Polaridade das liga•›es Quando dois átomos se ligam por ligação covalente, existe uma tendência natural de ambos atraírem o par de elétrons compartilhado na direção de suas eletrosferas, tentan- do a posse exclusiva desses elétrons. A essa característica damos o nome de eletronega- tividade. 1 Assim, dependendo da “força” que cada átomo emprega nesse compartilhamento, a nuvem eletrônica contendo o par de elétrons pode ou não ser deslocada para mais pró- ximo de uma das eletrosferas. Quando isso ocorre, nota-se um aumento na densidade de carga negativa na eletrosfera do átomo mais eletronegativo, por causa da aproximação dessa nuvem eletrônica de sua eletrosfera, e uma tendência de aumento de densidade de carga positiva para o átomo menos eletronegativo, por causa do distanciamento dessa mesma nuvem de sua eletrosfera. Uma ligação covalente com essas características é de- nominada ligação covalente polar. Se os dois átomos envolvidos na ligação apresentam o mesmo valor de eletronegati- vidade, verifi ca-se que eles atraem o par de elétrons compartilhado com a mesma inten- sidade, o que mantém a nuvem eletrônica equidistante das duas eletrosferas envolvidas, não caracterizando nenhum tipo de tendência (positiva ou negativa) em nenhuma região da eletrosfera dos dois átomos. Neste caso, defi nimos a ligação como ligação covalente apolar. Defi nição Polaridade : capacidade de gerar cargas elétricas, sendo o local onde ocorre o acúmulo dessas cargas denominado polo (negativo e positivo). Atenção 1 Escala de eletronegatividade de Pauling, para os ametais e hidrogênio: δ – δ + δ – δ+ Cargas parciais menos intensas Cargas parciais mais intensas F O N Cl Br I S C P H Et_EM_1_Cad2_Qui_c02_25a54.indd 28 5/2/18 10:08 AM 29 Q U ÍM IC A Determinação da polaridade das ligações Você deve ter percebido que, para determinar a polaridade de uma ligação, é necessá- rio conhecer a eletronegatividade de cada elemento envolvido na ligação química. Assim, para facilitar essa identificação, Linus Pauling (o mesmo do diagrama de Pauling) propôs, em 1932, uma escala de eletronegatividade utilizada até hoje,