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Crônica I: Perícia Paranoide Começa com o relato de um interno do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), do Pará. Manoel Francisco da Rocha havia sido preso em 2004, e foi internado no HCTP em 2007, foi diagnosticado com Esquizofrenia Paranoide. A psicóloga do HCTP, Maria José T. Neves afirmou que Manoel não toma medicação, nunca apresentou nenhum sintoma que justifique tal designação. O Juiz de Direito do TJE/PA, Cláudio Rendeiro, diz que as medidas de segurança, num modelo manicomial, são pautadas na periculosidade – os perigos que possivelmente podem vir a correr. A pessoa submetida a essa prisão pela medida de segurança, antes da Lei Antimanicomial, acabava ficando numa prisão perpétua, pois não tem um tempo de prisão. O que tem é uma avaliação psiquiátrica que vai determinar a saída desse sujeito do hospital, e questiona-se até mesmo a questão dele ser tratado como sujeito, pois ele não responde por nada, nem mesmo é interrogado pelo juiz. “O absurdo é maior porque você olhando pra LEP (Lei de Execução Penal) e pro Código Penal, ainda hoje no Brasil vigora a necessidade da confecção de um laudo de ‘cessação de periculosidade’ para essas pessoas deixarem ou não, um espaço de segregação dentro de um Hospital de Custódia.” O juiz continua dizendo que os Hospitais de Custódia são verdadeiros manicômios. Crônica II: Desamparo Começa com uma Terapeuta Ocupacional do HCTP, Marisa Trindade, contando o caso do José Carlos Diniz, que cometia pequenos furtos para usar substâncias psicoativas, mas sua grande questão era seus vínculos familiares fragilizados. Ele é psicologicamente abalado por achar que não vai sair mais da unidade por achar que não tem ninguém para ampará-lo. Crônica III: Psiquiatria, custódia e outras drogas Essa parte começa com Cleiton Rodrigues, egresso do HCTP, que em sua pré-adolescência usava entorpecentes lícitos e ilícitos, e depois começou a apresentar comportamentos agressivos, o que resultou em processos até sua prisão na Custódia. Cleiton, no documentário, aparece com uma roupa formal e uma postura docilizada, com falas docilizadas também. Logo depois, a psiquiatra forense do CAPS de Paragominas, Wellaide Cecim, traz sua opinião sobre o caso de Cleiton, em que ela afirma que pôs o mesmo no HCTP, decisão contrária a sua equipe, e que ele, na verdade, era um psicopata. Sua última fala é que a estratégia do psiquiatra para lidar com o “psicopata” é tendo uma posição de domínio sobre ele. Cleiton afirma que o HCTP era um local de tortura psicológica, especificamente, O Setor de Triagem, sem colchão, no chão, e que caso eles reclamassem de tal situação, eles faziam um relatório falando que a pessoa não estava com um bom comportamento, e não está sendo merecedora de ser levada pra uma área que eles chamam de Bloco, onde há 4 alas (Bloco A, B,C e D), onde tem um corredor central que é trancado de fora a fora, e nos lados, tem celas. Só há enfermeiros, e quando vai um médico, que é eventualmente, é um para atender 200 internos. Crônica IV: Desinternação não significa abandono Por fim, o documentário traz um outro cenário: o CAPS Renascer. A psicóloga Josie Mota traz a questão do recebimento de um egresso do HCTP, José Hermínio, no CAPS. Nessa parte, os funcionários da instituição dão suas opiniões sobre a situação, onde essas são divididas. José Hermínio afirma que não se sente livre, pois, por exemplo, lá ele não pode fumar.