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Lara Carvalho Moraes Implantodontia – Próteses tipo protocolos Caso clínico: Paciente desdentado chega no consultório com 5 implantes na região anterior da mandíbula, com cicatrizador em posição e gengiva cicatrizada para confecção de um protocolo inferior que é uma prótese apoiada e retida pelos implantes. As etapas seguintes são semelhantes as realizadas para confecção de uma prótese total, a começar pela moldagem anatômica. Protocolo: Prótese total fixa, implantorretida e implantossuportada, dentes em acrílico. 4 a 6 implantes na região pré-forame. 1ª sessão - Seleção do intermediário e moldagem preliminar para confeccionar moldeiras individuais: 15 a 30 dias após a segunda cirurgia (reabertura, exposição da cabeça do implante e instalação dos cicatrizadores). Moldagem preliminar A moldagem preliminar ou anatômica é realizada com alginato (e não godiva) como se fosse para uma PT, abrangendo toda a área chapeável de interesse, incluindo todo o rebordo. Todo o tratamento é realizado como se fosse uma dentadura, apoiando no rebordo. Ao obter o modelo de gesso, delimitar a região dos implantes e preparar para confeccionar a moldeira individual. Não dá para usar moldeira de estoque. Fazer uma muralha de cera (alívio em cera) no modelo de gesso na região dos implantes e, em seguida, uma moldeira individual aberta é confeccionada. . Os transferentes de moldagem aberta são altos e possuem um parafuso. Durante a moldagem, a parte retentiva do componente de transferência fica no interior do material de moldagem e o parafuso fica para fora, como na moldagem para prótese unitária. Isso justifica a confecção da muralha de cera. Na boca do paciente, nessa mesma sessão, os cicatrizadores são removidos para seleção dos componentes, a começar pelos intermediários. Remove um dos cicatrizadores, mede a quantidade de gengiva e põe o selecionador (se disponível) ou o cicatrizador novamente. Não deixar sem cicatrizador pois a gengiva colaba. No caso em questão, foi selecionado o intermediário convencional que fica totalmente exposto (há uma grande variedade de opções no mercado, poderia ser um mini pilar, um pilar estético, um pilar de fresagem, etc.). O objetivo é que esse ficasse 2 a 3mm acima da gengiva queratinizada. Os implantes são hexágonos externos e os intermediários são parafusados nos implantes. É necessário radiografar para verificar a adaptação (avaliação subgengival). O feixe de raio-x deve estar o mais perpendicular possível à interface que se quer visualizar, não pode estar angulado. Em seguida, realizar o torque do componente de acordo com o recomendado pelo fabricante, geralmente em torno de 20-30N, utilizando a chave para torque e torquímetro ou o próprio motor. O paciente não pode ir embora dessa forma com o intermediário em posição na boca, pois machuca a língua, há entrada de microrganismos e sujidades. É preciso fazer uma proteção com tampas de proteção em teflon ou titânio. Explicar o paciente que tem que higienizar. Lara Carvalho Moraes Moldagem fechada A moldagem pode ser com moldeira aberta ou fechada. A moldagem fechada também pode ser utilizada para componentes parafusados, mas é menos precisa. A moldagem pode ser feita sobre a cabeça do implante ou sobre o intermediário protético, dependendo da situação. Na moldagem fechada, o transferente é colocado em posição e parafusado na boca, é realizada a moldagem e o molde é obtido com o negativo do componente. O transferente é desparafusado da boca do paciente, conectado no análogo e esse conjunto é colocado em posição no molde previamente obtido. Qual o problema dessa moldagem? Apesar de prática, pode ter distorção e problemas de distanciamento entre os implantes por ser uma prótese múltipla fixa. Se fosse uma unitária seria aceitável. No caso em questão, só funciona para: estudo (avaliação da posição dos implantes), confecção de provisórios ou quando não se consegue trabalhar na boca do paciente, logo a peça é feita em 5 unidades e soldada pelo técnico. Moldagem definitiva Dessa forma, é preferível ter precisão e essa moldagem deve ser feita com a moldeira individual aberta. Os componentes de transferência para moldeira aberta são quadrangulares o que impede que girem no interior do material de moldagem. Por ser uma prótese unida e precisar que as peças fiquem na posição correta, é necessário unir os componentes com fio dental fazendo um “oito” e sobre este é aplicada resina acrílica de baixa contração (Duraley), para obter assim um complexo de transferência. Quanto maior o volume de resina, maior a contração logo não pode ter excesso. Pode usar uma broca 3203 para separar as partes, liberar a tensão e depois unir novamente com pequena quantidade de resina. Em seguida, provar a moldeira em boca e verificar se ela continua adaptando. Verificar se o complexo de transferência não impede o assentamento da moldeira individual, fazendo ajustes, se necessário, e verificando também a altura dos parafusos de trabalho, que devem ultrapassar a borda superior da moldeira. Na moldagem com silicone de condensação ou de adição é necessário utilizar um adesivo para retenção química do material na moldeira de resina acrílica ou usar o poliéter (Impregum), que também tem o adesivo e é muito rígido, sendo muito bom para uso na implantodontia. Tampar a parte da abertura da moldeira com cera 7 ou 9 flambada para evitar que o material de moldagem extravase excessivamente (o material molda quando está sendo comprimido) e, em seguida, levar a moldeira novamente em boca para criar orifícios de acesso aos parafusos de trabalho. A moldeira é posicionada na boca com o material de moldagem. Os orifícios de acesso aos parafusos permitirão que o complexo de transferência seja desparafusado após a presa do material de moldagem, possibilitando a remoção da moldeira com o complexo de transferência em seu interior. Em seguida, os análogos são parafusados nos transferentes no molde e o gesso tipo IV é vazado. Como os intermediários convencionais são superficiais não é necessário gengiva artificial. Lara Carvalho Moraes Base de prova e Plano de cera A primeira coisa que é feita no modelo de trabalho pelo técnico é o posicionamento dos dentes. A infraestrutura é a barra metálica sob a prótese (fica englobada pela parte acrílica). É preciso confeccionar uma chapa de prova e plano de cera sobre o rebordo e sobre o componente igual é feito em PT ou também tem a opção de fazê-la presa aos implantes (melhor opção, não precisa prender em todos os cinco, apenas em dois ou até mesmo em um, pode utilizar o mesmo componente que o técnico vai fazer a prótese, o coping provisório ou o de fundição e o mesmo parafuso longo usado na moldagem aberta). Dificuldade em PT: Segurar a chapa de prova na boca do paciente para manipular em RC enquanto ele faz os movimentos com a mandíbula e língua, movimentando-a. Vai usar esse parafuso longo na boca do paciente? Não, isso é para laboratório. Na boca é usado o mesmo parafuso que vai prender a prótese posteriormente. Os intermediários protéticos são parafusados nos análogos (réplicas dos implantes) no modelo de gesso. No caso em questão, foram utilizados cilindros protéticos de ouro. Protegendo suas cintas metálicas com cera, é confeccionada uma base de prova com resina acrílica autopolimerizável. Em seguida, o plano de cera é posicionado sobre a base de prova. Resultado: Uma chapa de prova com resina acrílica com plano de cera fixada aos cilindros de ouro. O conjunto é levado em boca. O plano de cera é ajustado e usado para registro intermaxilar e definição da estética do paciente. Planos de orientação:1. Suporte labial 2. Plano oclusal 3. Corredor bucal 4. Linha do sorriso 5. Linha média Registro intermaxilar: • Dimensão vertical e RC • Montagem em ASA Em PT, ao registar a relação intermaxilar, fixava-se grampos aquecidos na cera, afastando a bochecha do paciente, para montar em ASA. No caso dos protocolos, não é possível unir as bases de prova superior e inferior pois não teria como desparafusá-las e removê-las da boca. O que fazer? Guias de inserção. No superior, é feita uma canaleta (em V) e passa vaselina. No inferior, coloca pasta Lysandra sobre o plano de cera e pede para o paciente ocluir em RC. A pasta polimeriza e fica com o “guia” para encaixar exatamente na posição correta. O paciente abre a boca, as bases de separam. Remove a base de prova superior e põe no modelo de gesso, depois remove a base de prova inferior (com a pasta) e põe no modelo de gesso e monta em ASA. Envia para o laboratório montar os dentes. Prova dos dentes Após a montagem dos dentes artificiais, faz uma prova com os dentes montados em cera para verificar o padrão estético e oclusal Lara Carvalho Moraes obtido. Se está OK, volta para o laboratório e o técnico constrói a infraestrutura. Infraestrutura - Sequência de laboratório O técnico pega o modelo inferior e faz uma matriz de silicone com o denso. Essa matriz de silicone de consistência pesada será confeccionada para registrar o posicionamento dos dentes artificiais. Em seguida, ele remove a prótese do modelo e também remove os dentes, prendendo-os na matriz para que possa ser confeccionada a infraestrutura. O técnico desenha a infraestrutura no modelo com cera (várias opções de desenho) e põe a matriz com os dentes na frente do modelo para ver se a barra está embaixo dos dentes, se está indo até o último dente, etc. A matriz com os dentes guia o técnico para que ele construa a barra da melhor maneira possível, removendo ou acrescentando cera. Sua função é orientar o enceramento do padrão de fundição da barra ou infraestrutura metálica da prótese. Quanto mais alta for a barra, mais resistente ela será (Cobalto-Cromo). A barra deve se estender até o último dente, caso contrário vai quebrar quando o paciente morder. Enceramento da infra-estrutura: • Forma convexa – higienização • Forma de L: 5x5mm • 2mm acima da margem do cilindro de ouro • Microrretenções para a resina – Pérolas de acrílico que criam retenções mecânicas para a resina acrílica que unirá os dentes artificiais à infraestrutura. Cantilever: É preciso saber a quantidade de implantes, o tamanho e onde foram posicionados. Ex: Último implante na região de canino pode ser que não seja possível chegar na região de primeiro molar. Se foi na região de pré-molar pode ser que seja possível chegar até segundo molar. White: • Boa qualidade óssea + 5-6 implantes instalados = 13mm. • Qualidade óssea ruim + implantes menores ou iguais a 10mm = 10mm. Hobo: Polígono de Roy: Linha reta unindo os dois últimos implantes. Medir a distância da barra ao primeiro implante X. O cantilever pode ser 2X. O técnico checa a adaptação da infraestrutura no modelo antes de fundir (ouro tipo IV e cerâmico, paládio-prata, titânio). Após a fundição, verifica a adaptação passiva da peça no modelo e, se necessário, também em boca. Pode ter báscula na prova caso a moldagem não tenha sido tão precisa, sem separação da resina Duraley com broca 3203. Caso ocorra uma diferença de adaptação Lara Carvalho Moraes do modelo para a boca, haverá a necessidade de seccionar e unir a infraestrutura com resina de padrão para solda, como em uma prótese fixa convencional (imagem abaixo*). O que ocorre quando está desadaptado? A infraestrutura encaixa, pois, é parafusada, mas o parafuso está sob tensão maior do que deveria e ao mastigar pode fraturar e soltar, falhando a longo prazo. Se o torque for excessivo no parafuso, o implante pode ser prejudicado. ✓ A adaptação da infraestrutura tem que ser PASSIVA, sem criar tensões. O parafuso deve apenas retê-la. Se a infraestrutura está OK, é encaminhada ao técnico para colocar os dentes sobre a barra e colocar cera novamente. Fazer uma nova prova, pois algum dente pode sair de posição na muralha. Ajustar a oclusão, executar a escultura gengival e verificar novamente essas características em boca. Selecionar a cor da gengiva. Acrilização Na mufla tem os dentes e na contra-mufla tem a infraestrutura. Coloca resina acrílica cor de rosa para unir o dente à infraestrutura e faz a técnica de caracterização intrínseca da gengiva. Remove da mufla e faz acabamento e polimento no torno com uma capinha de proteção na região dos parafusos para não ter desgaste da estrutura. Preferência da professora: Ter infraestrutura aparente em metal embaixo da peça e na lingual onde saem os parafusos (diferente da imagem). Instalação da prótese Checar novamente adaptação, torque dos intermediários e fazer o aperto dos parafusos, fixando à prótese. Esse aperto geralmente é feito em uma sequência intercalada. Aperta um pouco cada um dos parafusos e depois que estiver adaptada, apertar novamente com força. Sela os orifícios com material provisório, exemplo, teflon e cotosol ou gutta percha. Solicita uma radiografia panorâmica que é a única comprovação de que a prótese foi confeccionada. Quinze dias depois remove o selamento provisório, checa os componentes e aperta novamente os parafusos. Põe teflon e resina. Paciente retorna em 6 meses para revisão, remove a prótese e verifica a higienização com as escovas interdentais, fio superfloss e waterpik (sem direcionar ao sulco gengival). Usar curetas de teflon para fazer manutenção para não arranhar os componentes. Solicita nova panorâmica. Trocar os dentes a cada 5 anos devido ao desgaste. Prótese provisória Pegar o coping provisório e parafusar sobre os pilares protéticos. Furar com Ivomil a prótese total do paciente que foi utilizada durante o período de cicatrização do implante (com alívio e material de reembasamento soft) Lara Carvalho Moraes de um lado ao outro. Posicionar a prótese na boca e uni-la ao componente com resina acrílica, fazendo a captura. Em seguida, remover os flanges que recobrem o rebordo para permitir a higienização. Essa prótese repõe dentes e gengiva/rebordo reabsorvidos, ou seja, foi desenvolvida para pacientes desdentados que usaram dentadura por muito tempo. Ter cuidado ao trabalhar com pacientes jovens com doença periodontal. Ao arrancar esses dentes e ao colocar o implante 2mm infraósseo no nível do osso normal do paciente não vai caber toda a estrutura do protocolo: implante, intermediário, infraestrutura e dentes. Nesses casos, o dente tem que ser de porcelana, pois o dente de resina é aderido à infraestrutura por muita resina acrílica, se for pouca resina, por ter pouca perda de gengiva, ele desprende. Pode fazer planificação de rebordo (desgaste ósseo de 5 a 6mm) ou confeccionar uma metalocerâmica (valor alto pois é cobrado por dente). Paciente desdentado, como você sabe que vai caber a prótese? Às vezes o paciente perdeu os dentes, mas ainda não perdeu rebordo. Ou tinha os dentes muito pequenos e perdeu poucos milímetros de osso. Atenção na hora do planejamento e fazer uma PT!
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