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Lara Carvalho Moraes Implantodontia – Overdenture As overdentures (sobredentaduras) são próteses sobre implantes muito antigas. O termo overdenture significa sobre o dente, pois no passado eram feitas sobre as raízes dentárias. Em um desdentado total são colocados de 2 a 5 implantes que devem ter um comprimento adequado (maior ou igual a 10mm) tanto na mandíbula quanto na maxila. É uma prótese total mucossuportada e implantorretida, mas pode ser também implantossuportada. • Prótese total mucossuportada e implantorretida; • Prótese total implantossuportada e implantorretida. Dessa forma, quando for suportada pela mucosa, pode usar menos implantes e implantes mais curtos. Quando for suportada pelos implantes, tem que usar mais implantes. A diferença entre a primeira e a segunda é a quantidade de implantes. A diferença entre a primeira para o protocolo é que se usa menos implantes, enquanto a segunda para o protocolo tem a mesma quantidade de implantes. Ou seja, se tem quantidade de implantes suficientes para fazer uma prótese implantossuportada, pode optar por fazer uma prótese implantossuportada removível (overdenture) ou implantossuportada fixa (protocolo). Considerar vontade do paciente e questões psicológicas. Diferença entre protocolo e overdenture: O protocolo é fixo e só pode ser removido em consultório e a overdenture é móvel, ou seja, pode ser retirada pelo próprio paciente, facilitando a higiene. -Poucos e curtos implantes: Utilizados apenas para reter a prótese, tendo apoio na mucosa. Overdenture sobre implante. -Implantes suficientes: Possibilidade de escolha entre prótese fixa ou removível. Esse sistema de retenção da prótese deve permitir sua movimentação no sentido vertical (mucosa mexe) e rotacional devido à resiliência da mucosa, extensão da base da prótese, posição dos implantes e presença de espaçadores. O espaçador do sistema de retenção permite essas movimentações. Quando o paciente morde, o sistema de retenção também se movimenta nesses sentidos. A prótese é como uma dentadura, ou seja, é preciso confeccioná-la com todas as áreas de apoio existentes no rebordo (área chapeável). Esse tipo de prótese devolve preenchimento estético facial e suporte labial. Às vezes tem implantes suficientes, mas será confeccionada uma prótese removível tipo overdenture pois é necessária a base da prótese, encobrindo o rebordo. Vantagens: 1. Estética 2. Estabilidade quando comparada à PT 3. Custo x benefício favorável, em geral o preço de uma prótese e dois implantes 4. Possibilidade de reaproveitamento da prótese antiga 5. Facilidade de higienização 6. Técnica mais simples, menor trauma cirúrgico caso o paciente tenha pouco osso e pouca gengiva pois não vai precisar de enxerto, sendo um ponto positivo em paciente mais idosos 7. Parte protética também mais simples 8. Pode instalar posteriormente mais implantes e fazer um protocolo, caso o paciente queira Desvantagens: 1. Removível (relativo) 2. Controle mais rigoroso, pois a mucosa é resiliente e é necessária para o suporte; verificar necessidade de troca dos componentes e reembasamento periódico Pacientes que extraíram os dentes recentemente terão uma perda óssea mais acentuada no primeiro ano e depois a perda vai se manter ao longo do tempo. Um paciente que tem uma prótese há muito tempo tem uma taxa de reabsorção menor. Paciente que tem maxila muito reabsorvida é uma vantagem Lara Carvalho Moraes colocar overdenture, pois devolve suporte labial. Teste: Pegar a dentadura do paciente, remover o flange vestibular e colocar em posição na boca. Mostrar o paciente o aspecto de “bico de pato”. Indicação: 1. Necessidade de maior estabilidade e retenção da prótese total 2. Economia, falta de dinheiro para pagar o protocolo 3. Pouco osso, grande reabsorção: Crista óssea muito reabsorvida, com perda de suporte labial (flange vestibular) 4. Idade avançada, não podendo se submeter a um procedimento cirúrgico ou recusa a enxertos ósseos 5. Dificuldade de higienização, sendo preferível uma removível 6. Perda de implantes estratégicos 7. Posição desfavorável para implantes 8. Grande discrepância maxilo/mandíbula 9. Fonética e estética 10. Para fechamento protético do palato Sistemas de retenção Existem diversos sistemas de retenção, os mais comuns: anel, bola, magneto, barras, cápsulas... Encaixe tipo bola (o’ring): Tem uma cápsula na dentadura. Encaixe tipo barra-clipe: A barra redonda, quadrada, oval ou em U. Para fazer a barra é preciso que os implantes estejam próximos. Distância de pelo menos 20mm para encaixe do clipe na barra. Maxila: 4 a 6 / Mandíbula: 2 a 4 implantes (áreas de laterais, caninos e pré- molares). Pode usar o o’ring toda vez que usa a barra, mas não pode usar a barra toda vez que usa o o’ring (implantes distantes). Exemplo de um caso com barra circular e clipe metálico. Quando o paciente está em repouso há uma distância do clipe para a barra e quando o paciente morde esse clipe desce. A distância mínima entre os implantes é de 12mm. A grande vantagem da barra-clipe é que os implantes podem ser unidos para distribuição melhor de forças. A barra pode ser unida diretamente na cabeça do implante usando UCLA (muito comum por ser mais simples e ficar mais barato) ou pode ser feita sobre o pilar protético, sendo parafusada. A dentadura encaixa por cima da barra. BARRA CLIPE Moldagem preliminar e funcional A moldagem, como para as próteses totais convencionais, é realizada em duas etapas, isto é: moldagem inicial com alginato e a moldagem final com godiva para o selado periférico para a área desdentada e um material elástico para a área dentada. A moldagem para fazer a barra é simples. É preciso moldar o rebordo do paciente com os implantes. É feita uma moldagem preliminar ou anatômica do rebordo que será utilizada para a confecção da moldeira individual, delimitando toda a área chapeável. A moldeira individual é utilizada na moldagem funcional para obtenção do modelo de trabalho onde a dentadura será prensada. Na moldagem funcional é feita a captura dos transferentes e no mesmo momento também é feito o selamento periférico, realizando todos os movimentos funcionais. Lara Carvalho Moraes No caso em questão, foi instalado um intermediário convencional que ficou 2mm supragengival, mas se fosse o estético (mini pilar cônico) ficaria 1mm supragengival ou poderia ser trabalhado diretamente na cabeça dos implantes HE e HI. Torque de 20N. Plataforma switching (reduzida): Refere-se ao uso do componente protético de diâmetro menor quando comparado ao diâmetro da plataforma do implante. A cabeça do implante é larga, mas o componente é mais estreito, deixando o componente longe da gengiva e do osso. A junção implante-pilar se direciona para a porção mais central distanciando da crista óssea alveolar. Para isso é preciso ter uma plataforma larga, maior que 4.1. Não existe componente menor que o implante de normal de 4.1. Em geral, o componente tem diâmetro menor que a cabeça do implante, o que é uma desvantagem. A moldagem de moldeira aberta é realizada de forma semelhante ao que foi exposto para protocolo. Unindo os componentes de transferência quadrados com fio dental, põe resina Duralay ao redor dos componentes, pega a moldeira individual com o selado periférico e com a tampa de cera. O material utilizado para a moldagem propriamente dita é o poliéter (Impregum), utilizando uma seringa para aplicar material embaixo dos componentes. Parte densa dos silicones também pode ser utilizada. O superior, se quiser economizar, pode ser feito com pasta zincoenólica (Lysandra). Nessa moldagem são feitos o selamento periféricoe a transferência da posição do implante. Os moldes são obtidos, o análogo é parafusado e o gesso vazado. Base de prova e plano de cera O técnico vai fazer exatamente como no protocolo. Confecciona a base de prova - que pode ser presa nos implantes, mas não há necessidade e o plano de cera. O plano de cera pode ser feito fixado ou como se fosse para uma PT. No consultório, é feita a prova da chapa de prova e o registro intermaxilar. São feitos os guias de inserção na região posterior. No superior, é feita uma canaleta (em V) e passa vaselina. No inferior, coloca pasta Lysandra sobre o plano de cera e pede para o paciente ocluir em RC. A pasta polimeriza e fica com o “guia” para encaixar exatamente na posição correta. O paciente abre a boca, as bases de separam. Remove a base de prova superior e põe no modelo de gesso, depois remove a base de prova inferior e põe no modelo de gesso e monta em ASA: Tomada do arco facial, utilizando o garfo para dentadura para remover as bases de prova; montagem do modelo superior e posteriormente do inferior após a polimerização do gesso. Envia para o laboratório montar os dentes. Plano de orientação: • Suporte labial • Corredor bucal • Plano oclusal • Linha do sorriso • Linha média Registro intermaxilar: • Dimensão vertical e RC • Montagem em ASA Prova dos dentes Após a montagem dos dentes artificiais, faz uma prova com os dentes montados em cera para verificar o padrão estético e oclusal obtido. Se está OK, volta para o laboratório e o técnico constrói a barra-clipe. Por que isso tudo é feito antes da confecção da barra? Porque ela precisa ficar embaixo, escondida pelos dentes. Logo é preciso ter o modelo dos dentes para posteriormente confeccionar a barra em posição mais adequada. Lara Carvalho Moraes Barra-clipe – Laboratório e captura A barra é indicada para conectar os implantes. Os clipes são indicados para conectar a prótese à barra e ficam localizados na prótese. Os componentes são de plástico e serão transformados em metal, mas também podem ser comprados de metal e é só fundir a barra ou algumas empresas vendem a barra em cera para fundição. O único problema de usar componentes de plástico é que a liga metálica entra e troca o componente, podendo ter imperfeições na borda, fazendo com que a peça não se adapte perfeitamente na cabeça do implante ou no intermediário. O técnico confecciona a dentadura. Faz a proteção da sua parte retentiva, coloca o espaçador, coloca o clipes e captura com resina acrílica na prótese. Quando a dentadura chega no consultório, ela já está com os clipes em posição. Ou o técnico manda a prótese com o espaço aberto (alívio) e o profissional faz a captura na boca. Algumas marcas não precisam de espaçador, quando o clipe é rígido, o que precisa é resiliente. A captura sem espaçador é feita protegendo a parte retentiva da dentadura, coloca o clipe em posição com dique de borracha, marca na dentadura onde ele vai ficar, coloca um pouco de resina, põe a dentadura na boca e pede para o paciente morder com toda força (estará totalmente apoiada na mucosa) até tomar presa. Depois remove da boca e termina de acrescentar resina onde faltou. O’RING Attachment bola. Esse sistema é muito mais fácil, pois o próprio pilar colocado na cabeça do implante já é o sistema retentivo. O componente deve estar supragengival (a prótese é encaixada sob pressão, se fosse no nível ou infra gengival beliscaria a gengiva). Na cabeça do pilar tem uma bolinha, enquanto que na dentadura vai a cápsula (de plástico com anel de borracha, de ouro ou de titânio). O mais difícil do sistema de retenção tipo bola é o tamanho dessas bolas que são largas, volumosas (diâmetro pode ser 7,2mm). É preciso avaliar a dentadura do paciente antes para saber se cabe a retenção que se quer usar. Foi criado uma com diâmetro de 3,7mm, mas ficou complicado para o paciente que precisa ficar procurando a bolinha para que a dentadura encaixe em posição na boca. Os retentores precisam estar bem paralelos, pois se não estiver não é possível encaixar a prótese. O sistema retentivo é o mesmo na porção superior, o que muda é o encaixe do implante. Ou seja, a cápsula é a mesma, com uma bolinha, descomplicando o trabalho protético com diferentes tipos de implantes HE, HI, CM, não precisa mudar o kit de componentes. Esse sistema é simples. Confecciona a PT normalmente (moldagem preliminar, moldagem funcional, base de prova e plano de cera, montagem em ASA e montagem de dentes), depois faz uns buraquinhos e captura o sistema. Não precisa fazer nada além disso, não tem nem componente de moldagem para ele. É prático e bom, os feedbacks de paciente incluem a dificuldade para encaixar a prótese, diferente do barra-clipe. Na hora de fazer a moldagem preliminar para confecção da PT, pode fazer a abertura dos Lara Carvalho Moraes implantes para que no modelo de gesso tenha a impressão da localização deles e, em seguida, confeccionar a moldeira individual com um alívio na região para fazer a moldagem funcional. Pode também fazer a moldagem sem a reabertura e posteriormente fazer um alívio na base de prova. Alguns sistemas vêm com espaçador. Para captura, a cápsula é colocada em posição, marca na dentadura onde ela vai ficar, põe resina no local e pede para o paciente morder com toda força até tomar presa. Captura uma e depois a outra. Depois remove da boca, termina de acrescentar resina onde faltou e remove os espaçadores. O que acontece quando paciente que usa PT faz a instalação? Na consulta de retorno, ele reclama de dor durante a adaptação devido à movimentação da dentadura. O paciente só fica com feridas se insistir em utilizá-la. Isso é uma preocupação com a Overdenture, pois ela está retida nos implantes e não desloca logo a ferida é muito maior. Se o paciente levanta a língua e a prótese desloca, já fazer o alívio nas regiões em que há toque na mucosa. Falar com o paciente que se machucar muito, tirar a prótese mais vezes e coloca-la antes de vir para a consulta. Se o paciente não higienizar corretamente haverá perda óssea ao redor do implante e ele ficará exposto no meio bucal. Também pode ocorrer hiperplasia gengival como na câmara de sucção. O que acontece se o paciente chega no consultório e diz que o componente soltou uma semana antes? Haverá entrada de microrganismos, alimentos, pode ocorrer perda óssea e será necessária nova cirurgia. Manutenção Primeiro ano: Ajustes referentes ao contorno da prótese e manutenção dos componentes. Estudos: Índice de fratura e desgaste em barras (quando de ouro, frágeis) é maior do que no o’ring. É feito normalmente em Cobalto- Cromo/Níquel-Cromo que é rígido. A necessidade de ajustes no sistema barra-clipe é menor do que no o’ring. Sugestão de que os sistemas tipo bola eram melhores. A frequência de troca da borracha e do clipe depende do paciente. O sistema de retenção tipo bola tem uma prótese mais simples, mas requer mais manutenção, felizmente os problemas são simples e facilmente resolvidos. As overdentures precisam de manutenção constante (não são feitas na UFES), diferentemente dos protocolos. Se foram feitos adequadamente, barra bem confeccionada com bastante resina segurando os dentes de estoque (retenção mecânica), o paciente retorna em 5 sem nenhum problema. A profilaxia pode ser feita com jato de glicina – aminoácido hidrossolúvel (no lugar do de bicarbonato) pois não compromete a textura do titânio. É adocicada, muito mais fina e consegue um polimento melhor. Não muda a estrutura dos materiais cerâmicos e resinosos.
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