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Uilquislane_Lopes_Atividade3 (1)

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15
2
união metropolitana de ensino - unime
UILQUISLANE LOPES FALCÃO
QUANDO A PATERNIDADE SOCIOAFETIVA SUPRIR A "CARÊNCIA" DO ABANDONO AFETIVO POR PARTE DO PAI.
Lauro de Freitas-Ba
UILQUISLANE LOPES FALCÃO
QUANDO A PATERNIDADE SOCIOAFETIVA SUPRIR A "CARÊNCIA" DO ABANDONO AFETIVO POR PARTE DO PAI.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Direito, Universidade Unime de Lauro de Freitas, como requisito para obtenção parcial da graduação de Bacharel em Direito.
Orientadora: Profª. Teresa Cristina
Lauro de Freitas-Ba
2022
 UILQUISLANE LOPES FALCÃO
QUANDO A PATERNIDADE SOCIOAFETIVA SUPRIR A "CARÊNCIA" DO ABANDONO AFETIVO POR PARTE DO PAI.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Direito, Universidade Unime de Lauro de Freitas, como requisito para obtenção parcial da graduação de Bacharel em Direito.
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Lauro de Freitas, ________,_______________2022.
Dedico este trabalho primeiramente a Deus e a minha família que me motiva a ir cada vez mais longe.
“Se você criar um caso de amor com os seus clientes, eles próprio farão sua publicidade.” 
FALCÃO, Uilquislane Lopes. Quando a paternidade socioafetiva suprir a "carência" do abandono afetivo por parte do pai. 2022. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – União Metropolitana de Ensino - UNIME, Lauro de Freitas, 2022.
RESUMO
O presente estudo desenvolve a perspectiva de uma responsabilidade parental. O foco principal deste artigo é abandono afetivo e a responsabilização civil do genitor. Em primeiro lugar, apresenta-se a geral; Relação sócioafetiva em face do novo ordenamento jurídico com conceitos jurídicos de Paternidade socioafetiva e seus conjecturas; Parentalidade e a impossibilidade de desconstituição da paternidade socioafetiva; Por fim, apresentam-se cenários atuais da paternidade socioafetiva na "carência" do abandono afetivo por parte do pai e decisões jurisprudenciais: vantagens e preconceitos. Finalmente, apresentam-se as opiniões favoráveis e contrárias na doutrina e jurisprudência sobre o tema, demonstrando-se que o assunto é questionável, e deve ser examinado caso a caso, com cuidado, de forma evitar finalidade exclusivamente proveitosos, e ao mesmo tempo não deixar sem solução as verdadeiras vítimas do abandono paterno.
Palavras-chave: Paternidade Socioafetiva. Responsabilidade Civil. Abandonoafetivo.
	
ABSTRACT
FALCÃO, Uilquislane Lopes. When socio-affective paternity supplies the "lack" of affective abandonment on the part of the father. 2022. Total number of sheets. Completion of course work (Graduation in Law) - Metropolitan Education Union - UNIME, Lauro de Freitas, 2022.
The present study develops the perspective of parental responsibility. The primary focus of this article is emotional abandonment and the parent's civil liability. Initially, we present the vision of family, filiation and paternity, through the species of filiation as its concepts in general; Socio-affective relationship in the face of the new legal order with legal concepts of socio-affective paternity and its assumptions; Parenthood and the impossibility of deconstitution of socio-affective paternity; Finally, we present current aspects of social-paternity in the "lack" of affective abandonment by the father and jurisprudential decisions: benefits and prejudices. Finally, the favorable and contrary positions are presented in the doctrine and jurisprudence on the subject, demonstrating that the subject is controversial, and should be analyzed case by case, with caution, in order to avoid merely greedy emands, and at the same time. time not to leave unanswered the true victims of paternal neglect.
Keywords:Socio-affective parenting. Civil responsability.Affective abandonment.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	09
2 FAMÍLIA, FILIAÇÃO E PATERNIDADE	11
2.1 ESPÉCIES DE FILIAÇÃO: CONCEITOS GERAIS	14
2.2 DA RELAÇÃO SOCIOAFETIVA EM FACE DO NOVO ORDENAMENTO JURÍDICO	17
3 DA RELAÇÃO SOCIOAFETIVA EM FACE DO NOVO ORDENAMENTO JURÍDICO	19
3.1 CONCEITO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA E A POSSE DO ESTADO FILHO	20
4 ASPECTOS ATUAIS DA PATERNIDADE SOCIAFETIVA NA "CARÊNCIA" DO ABANDONO AFETIVO POR PARTE DO PAI E DECISÕES JURISPRUDENCIAIS 	22
CONSIDERAÇÕES FINAIS	26
REFERÊNCIAS 	28
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como escopo principal o estudo do tema “Quando a paternidade socioafetiva preencher a "carência" do abandono afetivo por parte do pai: benefícios e preconceitos”, uma vez que é uma temática nova, bastante contestável no âmbito do Direito das Famílias.
O tema em questão surgiu a partir da motivação pessoal e acadêmica. No âmbito pessoal procede de vivências desta pesquisadora em seu lar que poderiam ser qualificadas como abandono afetivo, e o auxílio da carência paterna pela paternidade socioafetiva, surgindo a partir daí, a indiscrição em procurar um conhecimento mais denso sobre o tema. Na situação acadêmica, a abordagem é pouco debatida e polêmica com relação aos preconceitos existente na sociedade, resultando desse pressuposto o interesse em discutir do problema no presente artigo.
Deste modo, justifica-se o presente trabalho em razão da obrigação de percebermos a importância do afeto nas relações familiares, que vem sofrendo grandes alterações ao longo do tempo e, hoje com as novas aprovações de família será ressalvado que o princípio preponderante nessas relações é o da afabilidade. Em seguida, o afeto, como elemento principal do conceito atual de família, traz um encargo muito maior para os genitores no tocante ao cuidado, a atenção e a criação dos seus filhos, de forma que consigam prover o auxílio necessário para formação completa destes. Tal relação encontra alicerces nos laços afetivos constituídos pelo diário, pelo relacionamento de carinho, companheirismo, afeto, comunicação entre pais e filhos. Sendo cada vez mais fortalecida tanto na sociedade como no âmbito jurídico, ajuizando a distinção entre pai e genitor, no direito ao conceito da filiação, até mesmo no direito registral, tendo-se por pai aquele que exerce o papel protetor, mentor e emocional.
Destarte, busca-se discutir a hegemonia da paternidade biológica em prejuízo da paternidade socioafetiva, com base em róis doutrinários e jurisprudenciais, tratando-se de uma prática que prioriza o princípio do melhor empenho da criança e do adolescente, bem como o princípio da efetividade, visto que na paternidade biológica, o juízo crítico utilizado é o sanguíneo, com base no exame de DNA, já a paternidade socioafetiva tem como base a dedicação, o amor e a efetiva relação entre pais e filhos.
Diante das grandes desacordos sobre a temática, questiona-se: Como minimizar os fatores psicológicos, causados pelo abandono afetivo paterno e suprir a carência, mobilizando a família e as pessoas envolvidas no enlace parental.
Dessa forma, o objetivo geral da pesquisa consiste em verificar os preconceitos decorrentes do abandono afetivo do pai biológico e os benefícios da paternidade sócio afetiva, suprindo tal abandono, e como objetivos específicos caracterizar família, filiação e paternidade; Conceituar a luz a doutrina a paternidade socioafetiva e a posse do estado de filho e identificar os aspectos atuais da paternidade socioafetiva na "carência" do abandono afetivo por parte do pai através das análises jurisprudenciais.
Trata-se de estudo de aprendizagem através do levantamento bibliográfico, a fim de procurar, as propostas de vários autores para o tema em análise. Estudo descritivo com analise qualitativo, através do método indutivo. A pesquisa bibliográfica não é análise sistemática sobre um determinado assunto, contudo propicia a análise de uma abordagem com novo enfoque ou temática, chegando a conclusões inovadoras (GIL, 2010).
Afonte de pesquisa foram artigos, livro, documentos legais que tivessem em consonância com os objetivos propostos do presente estudo, para seleção dos dados, realizou-se resumos e fichamentos.
Apresentação e análise dos dados buscou a exposição às diferentes ideias dos autores, levando em consideração todas as concordâncias e discordâncias dos mesmos. A interpretação das informações ocorreu a partir de leituras exaustivas com resumos e fichamentos próprios da análise crítica dos dados. 
 2 FAMÍLIA, FILIAÇÃO E PATERNIDADE
O casamento foi durante toda a história constitucional brasileira, como única forma legítima de família, o que fazia preponderar um modelo familiar fundado em noções hierárquicas, patriarcais, impessoais e patrimoniais. A Constituição Federal de 1988, no entanto, impulsionada por um processo de evolução social e econômico, rescindiu com esse paradigma de exclusão, reconhecendo a existência de vários arranjos familiares (CARVALHO, 2012). 
Novas formas de família saíram do plano meramente social e apareceram para o Direito. A concordância dessas entidades como famílias tuteladas pelo Direito, entretanto, não ocorreu de forma espontânea, imediata. Ela é, sim, decorrência da existência de vários fundamentos e justificativas para que o ordenamento jurídico brasileiro as resguarde e as declare como famílias (WAMBIER; LEITE, 2009).
O primeiro deles é a Constituição da República de 1988. Ela trouxe a chama, através de disposição expressa no seu art. 226, novas formas de entidades familiares, quais sejam a união estável e a família monoparental. Ao mesmo tempo, consentiu uma interpretação ampla, consagrando o pluralismo de entidades familiares, pela previsão de cláusula geral de inclusão, decorrente do uso, em sua redação, de um conceito de família plural e indeterminado (ZENI, 2013).
 O amparo constitucional à multiplicidade de famílias atribuída pelo mencionado art. 226 da Carta Magna parte, primeiramente, de seu caput, que passou a ter a seguinte redação: “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. Esta norma foi responsável pelo rompimento com a tradição das Constituições brasileiras de restrição da tutela ao matrimônio, pois “ao suprimir a locução ‘constituída pelo casamento’, sem substituí-la por qualquer outra, pôs sob a tutela constitucional ‘a família’, ou seja, qualquer família. A cláusula de exclusão desapareceu”. 
A disposição normativa debelada no §4º do referido artigo deve, igualmente, ser percebida como parte da cláusula geral de inserção. Ao preceituar que “entendese, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”, aplicou a expressão “também”, que possui um sentido de: ser homem e mulher ou homem com homem ou mulher com mulher. O §8º deve, da mesma forma, ser lido como uma fonte da pluralidade de entidades no ordenamento brasileiro. Ele se lê: “o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”. Esta norma, assim como diversas outras existentes no corpo da Constituição de 1988, alude à família de forma genérica, sem criar qualquer forma de exclusão. 
Não obstante, o mais importante é que ela é responsável por diferir o foco das preocupações do Estado das entidades em si para os seus membros. Esse parágrafo é, portanto, representativo do movimento de repersonalização do Direito de Família. Nesse contexto, a família passa a ser vista como “o locus indispensável de realização e desenvolvimento da pessoa humana” e sua proteção vai derivar da própria dignidade do indivíduo que nela está inserido. Desse modo, qualquer tentativa de não acolher uma entidade familiar não explícita na Constituição seria uma ofensa à dignidade de seus membros, que livremente optaram por constituí-la.
Ademais, destaca-se que a referência, em alguns dos parágrafos do art. 226, a determinadas espécies de família e suas consequências e efeitos não convém para reestabelecer a exclusão constitucional. Pelo contrário, o papel dos parágrafos é regular os efeitos da norma ampla sobrepujada no caput, de criar exceções ou expandir as situações lá descritas. Assim, o que os parágrafos do art. 226 fazem é simplesmente enunciar constitucionalmente alguns dos preceitos protetivos da família, corroborando que o constituinte apenas visou mencionar alguns dos momentos em que o Estado deveria agir, e não limitar o reconhecimento de outras entidades familiares que não lá expostas (CARVALHO, 2012).
Contudo, cabe advertir que nem sempre se aceitou essa inclusão de entidades familiares. Parte da doutrina nacional protege a taxatividade do rol constitucional de famílias, ou seja, que o art. 226 da Constituição traria “norma de clausura”, segundo a qual seria papel do Estado proteger somente as entidades lá expressas (BRASIL, 1988).
 Tal visão não merece prosperar, já que, em primeiro lugar, como acima ilustrado, os termos empregados pelo texto constitucional admitem a conclusão de que há uma maior quantidade de famílias do que ali expressas, que importariam mero rol exemplificativo, ao mesmo tempo em que se perfilha a impossibilidade de se nomear todas as entidades existentes no seio da Constituição (BRASIL, 1988).
 No mesmo sentido, não procede ao mencionado argumento doutrinário, pois não se deve restringir a família àquilo que é expressamente apontado pelo ordenamento, mas ela “é antes uma estruturação psíquica em que cada um de seus membros ocupa um lugar, uma função, sem estarem basicamente ligados biologicamente”, de modo que a negação à existência de múltiplas entidades familiares constituir-se-ia em uma renúncia a princípios como o da dignidade e igualdade (CARVALHO, 2012).
Ademais as relações familiares, foram amplamente redefinidas, primeiro com o número reduzido de filhos, consequentemente da nova possibilidade de controlar a reprodução, também, pela questão de participar a questão das responsabilidades do trabalho com as exigências familiares, tornando um grande desafio da família atual, transigir a individualidade e família. (SINGLY, 2007 apud, MOREIRA, 2016, p.21). 
E segundo Petrini (2005, p.42), as transformações sociais abalam densamente as famílias, pois “a família participa dos dinamismos próprios das relações sócias e sofre as influências do contexto politico, econômico e cultural no qual está imersa”. Da mesma forma nos dá uma ideia de família que abrange varias questões que vão desde a concepção conservadora até os dias atuais. 
Por consequência, em um lugar de evidência, o amor torna-se a base das relações conjugais. A respeito dessas mudanças Moreira (2016, p.128), assegura que, a família é formada inicialmente pelo amor pessoal dos companheiros e, em seguida, pelos vínculos afetivos que ligam todos os membros familiares, sendo assim, na família, deve ser diferenciados dois tipos de relações que dão coerência ética: o amor de marido e esposa e o amor destes para com os seus filhos. O Afeto dos pais é formado pela responsabilidade parental e de autoridade. A responsabilidade dos pais se efetua sobre os filhos porque pretendem apresentar qualidades pessoais, da qual faz parte da educação do individuo, e que consequentemente, exige uma autoridade dos pais. 
A partir da década de 1970, com o advento do modelo industrial, as alterações acerca do uso de métodos anticoncepcionais, e a participação da mulher no mercado de trabalho, o homem passa a ter mais inclusão com os cuidados dos filhos e com a casa (VIEIRA et al.,2014).Em seguida, surgir um novo modelo paterno, que tem como aspecto fundamental a divisão do pai e da mãe, na responsabilidade da criação dos filhos, sendo que a figura do pai possui um destaque no maior envolvimento do pai com as crianças, tanto nos cuidados físicos e diários. (MOREIRA, 2016 apud, BANDEIRA, 2005).
Outrora a sociedade esperava um pai que demostrasse características tidas como masculinas, hoje a expectativa social é de um pai que comprove a sensibilidade, colaboração e cuidado. Sendo assim,passou a ser esperado que o homem compartilhasse de fato no desenvolvimento dos filhos, desde a gestação até a idade adulta (SILVA, 2012).
Sendo assim, há três concepções que conduzem a análise do pai nas últimas décadas, quais sejam: a tradicional na qual determina o papel do pai de provedor e disciplinador, com pouco envolvimento com os filhos; a moderna — concebida pelo papel de responsável pelo desenvolvimento moral, acadêmico e emocional dos filhos; e por fim, o emergente qualificada por um papel de pai ativo, no qual ele se envolve e participa dos cuidados e educação dos filhos. No entanto, salienta-se que o modelo paterno emergente não atua de modo continuado (MOREIRA, 2016). 
No entanto, é imprescindível a figura paterna para o desenvolvimento infantil e para a família em geral. Por conseguinte, o novo conceito de família transpõe a dimensão biológica e os laços de consanguinidade elucidando que, em famílias de pais separados, a responsabilidade do conviver e cuidar dos filhos sempre fica com a mãe, estando o pai mais distante, do qual se dá um espaço para novos vínculos afetivos (MOREIRA, 2016).
Assim, abduzida a exclusão ou a clausura constitucional, a Carta de 1988 conheceu, sob a proteção do Direito das Famílias, “todas as entidades formadas por pessoas humanas e baseadas no afeto, na ética e na solidariedade recíproca”5 citadas ou não pelo texto constitucional.
2.1 ESPÉCIES DE FILIAÇÃO: CONCEITOS GERAIS 
Filiação é um conceito de relação de parentesco; é a intimidade que se forma entre duas pessoas, sejam elas: biológicas, adotadas, socioafetivas ou por concepção derivada de inseminação artificial heteróloga. Quando a relação é conhecida em face do pai, chama-se paternidade, quando atendida em face da mãe, maternidade. Filiação deriva do latim filiatio, que expressa procedência, laço de parentesco dos filhos com os pais, dependência, enlace (LOBO, 2011).
A filiação é conceituada como uma relação jurídica que conecta o filho a seus pais. A mesma deve ser assim encarregada quando considerada pelo lado do filho. De outro modo, pelo lado dos pais em relação ao filho, o vínculo é alcunhado como paternidade ou maternidade (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2016). 
Destaca-se que na esfera do ordenamento jurídico que não existe mais distinção entre filiação legítima e ilegítima, todos são somente filhos, uns havidos fora do casamento, outros em sua contumácia, mas com iguais direitos e denominações. Além disso, a lei institui que, para os filhos oriundos no casamento, existe uma presunção de paternidade; já para os originados fora do casamento, existem critérios para o reconhecimento judicial; e, para os adotados, há condições para sua efetivação (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2016).
Um dos mais privilegiados princípios que norteiam o ordenamento jurídico é o da Igualdade, sendo ele de derradeira importância no direito de família. Como referencial o Princípio da igualdade dos filhos, expresso no art. 227, § 6º da CF/88, desta forma, não há mais espaço para distinção de filiação, como na constituição anterior, devendo todos os filhos serem tratados da mesma forma (GAGLIANO, 2017).
 Nesta mesma linha, define o art.1.596 do CC/2002: “Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação” (BRASIL, 2002, s/n). 
Ou seja, independente da forma que os filhos foram concebidos, não mais seja possível qualquer tratamento discriminatório com relação aos filhos. (GAGLIANO, 2017). Pertinente salientar que a filiação possui algumas espécies, quais sejam: a presumida, pois se presumem naturais os filhos gerados no casamento também denominada como biológica, a adotiva, consequente da adoção; e a sócioafetiva é aquela que tem o reconhecimento jurídico da maternidade e/ou paternidade com base no afeto, sem que haja vínculo de sangue.
Outra classificação é feita por Carvalho (2012), que considera a filiação em matrimonial, originária da união por matrimônio válido ao tempo da concepção, se resultante de união matrimonial que veio a ser revogada, posteriormente, decorrente de uma união de pessoas que, após o nascimento do filho, vieram a convolar núpcias; e extramatrimonial, decorrente de pessoas que estão anteparadas de casar ou que não querem contrair casamento. Deste modo, o Código Civil elenca dispõe que as hipóteses em que se prevê que os filhos foram concebidos na constância do casamento, quando o filho é gerado por mulher casada, a saber:
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
A filiação presumida segundo o artigo 1.597 do Código Civil, presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos nascidos pelo menos 180 dias após a celebração do casamento; os nascidos dentro de 300 dias subsequentes à dissolução do vínculo conjugal, por morte, separação judicial, anulação do casamento ou divórcio (até aqui, nada muda em relação ao CCB/16); os havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; os havidos a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga, e os havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que aprovada pelo marido (BRASIL, 2002). 
No que diz respeito à filiação adotiva, é a forma pela qual se aceita como filho, por meio voluntário e juridicamente legal, uma pessoa no seio familiar. O vinculo criado pela adoção, é parecido a filiação biológica, visto que, também, é conhecida como filiação civil (DANTAS, 2015, pg. 08).
Corroborando com o mesmo entendimento o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estabelecido pela Lei nº 8.069/90, reconheceu apenas a adoção plena, espécie de adoção pela qual o menor adotado passa a ser, de forma decisiva e irrevogável, filho dos adotantes, desvinculando-se de qualquer vinculo com os pais de sangue e parentes, salvo os impedimentos matrimonias (MENEZES, 2015).
Partindo dessa premissa, a adoção à brasileira é aquela na qual o adotante, sabendo da real filiação biológica da criança, toma a mesma recém-nascida e, a registra como se sua filha fosse. Sendo esta postura conformada como crime de registro de filho alheio, segundo o art. 242, do Código Penal (DANTAS, 2015).
Percebe-se, assim, que, em relação à prática de uma conduta ilícita, isso vem sendo bem relativizado no Direito de Família (que é diferente da criminal), incumbindo ao juiz competente analisar criteriosamente todas as situações que envolvem cada caso (FARIAS, 2014). 
Por conseguinte, dependendo do caso, apesar da adoção à brasileira ser uma conduta criminosa, o caso é que, tendo o vínculo socioafetivo, o registro irregular, bem como a adoção, torna-se imutável, ou seja, não pode ser facilmente desfeito, por que é do superior interesse das crianças e dos adolescentes.
Assim sendo, ainda que a “adoção à brasileira” não possa ser avaliada como uma adoção, ela poderá ter seus efeitos jurídicos protegidos (direitos e deveres decorrentes da relação de filiação), mesmo porque não teria sentido acolher um tratamento distinto, aceitando-se eventualmente o remorso de quem perpetrou o ato de forma irregular com consciência de que o estava praticando de forma errada (MADALENO, 2011).
Podemos advertir, nesse caso, que as condições que abarcam esse tipo de registro precisam ser consideradas com muita prudência. É que, se de um lado essa adoção é ilícita – não podendo, em questão, ser validada, de outro lado também temos no Direito o que podemoschamar de filiação “socioafetiva” (FARIAS, 2014). Esse tipo de filiação decorre da relação entre pais, mães e filhos, cuja procedência vem do vínculo afetivo existente entre eles, não sendo imperioso que exista uma conexão genética, ou seja, para ser mãe ou pai, não é preciso ter sido aquele que gerou o filho, mas sim, aquele que cumpre, de fato, o papel paterno ou materno. 
2.2 DA RELAÇÃO SOCIOAFETIVA EM FACE DO NOVO ORDENAMENTO JURÍDICO 
Ao longo dos anos as relações familiares sofreram várias mutações, em face de mudanças na sociedade, bem como, no nosso ordenamento pátrio. Verifica-se que, a afetividade sempre estive presente nas relações familiares, mas com a evolução do nosso ordenamento jurídico esta alcançou maior destaque e uma visibilidade grande, ficando assim, o patriarcalismo fora do contexto da família atual (XIMENES, 2019).
Apesar de na Constituição Federal de 1988 a afetividade não estar de forma explícita, o seu artigo 227, §6º diz que não deve haver distinção entre os filhos, “havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção”. Corroborando para este mesmo entendimento o Código Civil de 2002, em seu artigo 1.593 prescreve que “O parentesco é natural ou civil conforme resulte de consanguinidade ou de outra origem” (SANTOS, 2018).
Resta claro que a afetividade é algo que está mais do que presente nas relações familiares contemporâneas, apesar de não estar cristalino nos dispositivos da lei, no momento que o ordenamento pátrio evoluiu deixou margem para o entendimento que a afetividade é um ingrediente essencial nas relações de família.
Tanto se faz verdadeiro os contextos trazidos sobre a concretização da filiação socioafetiva no nosso ordenamento atual que os nossos tribunais cada vez mais veem decidindo segundo o laço afetivo e não apenas o biológico, como verifica-se no seguinte julgado:
DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. EXAME DE DNA NEGATIVO. RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. IMPROCEDÊNCIADO PEDIDO. 1. Em conformidade com os princípios do Código Civil de 2002 e da Constituição Federal de 1988, o êxito em ação negatória de paternidade depende da demonstração, a um só tempo, da inexistência de origem biológica e também de que não tenha sido constituído o estado de filiação, fortemente marcado pelas relações socioafetiva se edificado na convivência familiar. Vale dizer que a pretensão voltada à impugnação da paternidade não pode prosperar, quando fundada apenas na origem genética, mas em aberto conflito com a paternidade socioafetiva. 2. No caso, as instâncias ordinárias reconheceram a paternidade socioafetiva (ou a posse do estado de filiação), desde sempre existente entre o autor e as requeridas. Assim, se a declaração realizada pelo autor por ocasião do registro foi uma inverdade no que concerne à origem genética, certamente não o foi no que toca ao desígnio de estabelecer com as então infantes vínculos afetivos próprios do 13 estado de filho, verdade em si bastante à manutenção do registro de nascimento e ao afastamento da alegação de falsidade ou erro. 3. Recurso especial não provido (BRASIL, 2012).
Logo, percebe-se que atualmente, tanto na lei quanto na jurisprudência as relações socioafetivas são inteiramente aceitáveis, tratando-se de um direito tanto do pai, quanto do filho. Destaca-se, portanto que, a filiação sociofetiva é aquela que não advêm do vinculo biológico, mas sim do vínculo afetivo. Ter o estado de filho expressa passar a ser tratado como se filho fosse até mesmo diante a sociedade. Diniz (2010) garante que a filiação socioafetiva na clausula geral de tutela da personalidade humana, amparando a filiação como componente fundamental para a formação da identidade da criança ou adolescente no processo de formação de sua personalidade. 
3 DA RELAÇÃO SOCIOAFETIVA EM FACE DO NOVO ORDENAMENTO JURÍDICO
Ao longo dos anos as relações familiares sofreram várias mutações, em face de mudanças na sociedade, bem como, no nosso ordenamento pátrio.
A afetividade sempre estive presente nas relações familiares, mas com a evolução do nosso ordenamento jurídico esta alcançou maior destaque e uma visibilidade grande, ficando assim, o patriarcalismo fora do contexto da família atual (XIMENES, 2019).
Apesar de na Constituição Federal de 1988 a afetividade não estar de forma explícita, o seu artigo 227, §6º diz que não deve haver distinção entre os filhos, “ havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção”. Corroborando para este mesmo entendimento o Código Civil de 2002, em seu artigo 1.593 prescreve que “ O parentesco é natural ou civil conforme resulte de consaguinidade ou de outra origem” (SANTOS, 2018).
Resta claro que a afetividade é algo que está mais do que presente nas relações familiares contemporâneas, apesar de não estar cristalino nos dispositivos da lei, no momento que o ordenamento pátrio evoluiu deixou margem para o entendimento que a afetividade é um ingrediente essencial nas relações de família.
Tanto se faz verdadeiro os contextos trazidos sobre a concretização da filiação socioafetiva no nosso ordenamento atual que os nossos tribunais cada vez mais veem decidindo segundo o laço afetivo e não apenas o biológico, como verifica-se no seguinte julgado:
DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. EXAME DE DNA NEGATIVO. RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. IMPROCEDÊNCIADO PEDIDO. 1. Em conformidade com os princípios do Código Civil de 2002 e da Constituição Federal de 1988, o êxito em ação negatória de paternidade depende da demonstração, a um só tempo, da inexistência de origem biológica e também de que não tenha sido constituído o estado de filiação, fortemente marcado pelas relações socioafetiva se edificado na convivência familiar. Vale dizer que a pretensão voltada à impugnação da paternidade não pode prosperar, quando fundada apenas na origem genética, mas em aberto conflito com a paternidade socioafetiva. 2. No caso, as instâncias ordinárias reconheceram a paternidade socioafetiva (ou a posse do estado de filiação), desde sempre existente entre o autor e as requeridas. Assim, se a declaração realizada pelo autor por ocasião do registro foi uma inverdade no que concerne à origem genética, certamente não o foi no que toca ao desígnio de estabelecer com as então infantes vínculos afetivos próprios do 13 estado de filho, verdade em si bastante à manutenção do registro de nascimento e ao afastamento da alegação de falsidade ou erro. 3. Recurso especial não provido (BRASIL, 2012).
Logo, percebe-se que atualmente, tanto na lei quanto na jurisprudência as relações socioafetivas são inteiramente aceitáveis, tratando-se de um direito tanto do pai, quanto do filho.
3.1 CONCEITO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA E A POSSE DO ESTADO FILHO
Para falarmos em paternidade socioafetiva é cogente entender o que é o afeto. Trata-se de uma condição de carinho ou cuidado com alguém que é íntimo ou muito querido por outro, fazendo com que o indivíduo proclame seus sentimentos para o outro (CASSETTARI, 2015).
O código Civil de 2002 em seu artigo 1.593 aduz que a filiação pode ser de “outra origem”, abrindo um campo de interpretação amplo para quem o lê, sendo este a filiação ou paternidade de origem afetiva (DIAS, 2016).
Complementando o pensamento da ilustre autora (DIAS, 2016), ela diz que:
A filiação socioafetiva corresponde àverdade construída pela convivência e assegura o direito à filiação. A consagração da afetividade como direito fundamental subtrai a resistência em admitir a igualdade entre a filiação biológica e a socioafetiva.
Portanto, o que difere a paternidade biológica da afetiva é a forma de sua constituição, de modo que, a socioafetiva é construída a partir dos fatos, da convivência entre o pai e filho, e a biológica é através do laço consanguíneo.
Corroborando para o entendimento do instituto da paternidade socioafetiva (FARIAS;ROSENVALD, 2015) aduz que a paternidade é uma função que poderá ser exercida por qualquer pessoa, seja este o pai biológico, o amante, o marido da mãe, o avô, o tio, ou qualquer outro quedemonstre ter um conjunto de atitudes que o tornem “pai”, levando-nos a crêr que estaríamos diante de uma paternidade de fato, afetiva.
Ou seja, a paternidade socioafetiva está ligada diretamente a um ato de vontade, de cuidado amor e carinho entre os indivíduos, e não através do nascimento e o vínculo sanguíneo.
Percebe-se a partir da explanação destes conceitos que há alguns requisitos para se verificar a existência da paternidade socioafetiva.
Segundo (CASSETTARI, 2015), o afeto, o tempo de convivência e a existência de sólido vínculo afetivo, são requisitos indispensáveis para configurar a paternidade socioafetiva. 
Tratando-se do afeto, tem-se que o ingrediente mais importante para que esta relação cresça e seja de fato reconhecida, tanto pela sociedade, como pelos nossos tribunais. O tempo de convivência é não menos importante, pois é a partir do contato constante que nascerá as relações afetivas, o carinho um para com o outro. E, por fim, a existência sólida de vínculo afetivo, pois a partir deste vínculo concretizado será possível e mais fácil o reconhecimento da paternidade afetiva.
 Um outro fenômeno ligado a paternidade socioafetiva é a posse do estado de filho, visto pelos olhos do filho.
Neste sentido (LÔBO, 2011) diz que a posse do estado de filho é a situação de fato da qual a pessoa usufrui do status de filho em relação ao pai, sem importar se condiz com a verdade ou não.
Depreende-se que o instituto da posse do estado de filho é um acontecimento fático, onde duas pessoas se tratam como pai e filho, com todos os direitos e deveres intrínsecos a relação paterno-filial, sem se implicar se aquela situação é verdadeira ou não, levando em conta apenas a relação afetiva.
No código civil o instituto não está descrito de forma explícita, mas o seu artigo 1.605, II, preceitua que:
Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito:
[...]
II – quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.
O Instituto Brasileiro de Direito de Família também dispõe sobre o instituto em seu enunciado nº 7, aduzindo que “ A posse de estado de filho pode constituir apaternidade e maternidade” (IBDFAM, 2019).
Ou seja, estes dispositivos deixa claro a presença, mesmo de modo implícito do princípio da afetividade e do instituto da posse do estado de filho, a partir do momento que reconhece a filiação de presunções resultantes de fatos.
4 ASPECTOS ATUAIS DA PATERNIDADE SOCIAFETIVA NA "CARÊNCIA" DO ABANDONO AFETIVO POR PARTE DO PAI E DECISÕES JURISPRUDENCIAIS
Em diversos casos, atualmente, a paternidade socioafetiva é a ligação que se constitui em virtude do reconhecimento afetivo e social de uma relação entre um homem e uma criança como se fossem pai e filho. Tal espécie de paternidade, supre a ausência do pai biológico na vida daquele indivíduo, fazendo com que este se sinta preenchido por um pai, diminuindo o sofrimento de não ter ao longo da vida a figura do pai de sangue. O afeto paterno trata-se do cuidado humano, fraternal e duradouro que os pais devem ter pelos filhos, visto que é essencial para o desenvolvimento psicossocial da criança e do adolescente.
Ante a evolução da instituição familiar e da sociedade, a família passa por várias formações, defendendo o vínculo criado através do afeto entre os sujeitos dessa relação. Não se pode de forma alguma confundir o mero registro civil como fator decisivo da paternidade, nem tampouco a descendência sanguínea como solução para fixação desta. (LIMA, 2011)
O conceito atual de família segundo (DIAS, 2016) “é centrado no afeto como elementoagregador, e exige dos pais o dever de criar e educar os filhos sem lhes omitir o carinho necessário para a formação plena de sua personalidade.”. 
A possibilidade de uniformizar as novas relações aparece diante da nova concepção do conceito de família, que se perfaz no Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e no Princípio da Afetividade, causando, assim novas formas de constituição familiar, de filiação, como a socioafetiva, instituída através da relação familiar, independente da origem do filho. (LIMA, 2011).Nesse diapasão, as jurisprudências dos Tribunais regionais manifestam-se a respeito do assunto, como podemos ressalvar abaixo: 
AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. CONFIGURAÇÃO. 1. A paternidade não pode ser vista apenas sob o enfoque biológico, sendo muito relevante o aspecto socioafetivo da relação entretida por pais e filhos. 3. As provas dos autos denotam a existência de relacionamento pacífico entre as partes durante longo período da infância e da adolescência, razão pela qual se torna irrelevante a existência de vinculo biológico, para configurar a paternidade. 4. Recurso conhecido e desprovido” (BRASIL, Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 3ª turma, APL 20161110039985APC, Relatora: Maria de Lourdes Abreu, data do julgamento: 10.12.2018)
Em novembro de 2017, o Conselho Nacional de Justiça, publicou o Provimento nº 63, no qual, foi consentido aos cidadãos brasileiros fazerem o reconhecimento voluntário da paternidade ou da maternidade socioafetiva de pessoa de qualquer idade, de maneira unilateral e sem acarretar o registro de mais de dois pais e de duas mães no registro. Sendo assim, com a vigência do aludido Provimento, a pessoa que possuí um vínculo afetivo com outro indivíduo, seja pelo tempo de convívio, e não sendo parente consanguíneo, poderia declarar-se como pai ou mãe socioafetivo de outrem. Como exemplo, a ocorrência de famílias compostas por pais, separados, divorciados e/ou pais solteiros com filhos que passam a conviver com um novo companheiro. Para isto, o ato normativo vedou qualquer excepção em relação ao estado civil do interessado em distinguir a paternidade ou maternidade socioafetiva, requerendo apenas que este tenha a idade mínima de 18 (dezoito) anos, e que exista a diferença de, no mínimo, 16 (dezesseis) anos entre o interessado e o filho a ser reconhecido, e não haja vínculo de parentesco biológico entre as partes (BRASIL,2017).
 Posteriormente, no dia 14 de agosto de 2019 surge um novo contexto para o assunto. O Corregedor Nacional de Justiça, Ministro Humberto Martins, assinou o Provimento nº 83/2019, alterando a Seção II do provimento anterior, trazendo à tona expressivas mudanças no advento objeto de análise deste tema. Na nova redação, a primeira mudança se refere à idade mínima, sendo que passa a ser autorizado ante os cartórios o reconhecimento voluntário da paternidade ou da maternidade socioafetiva de pessoas acima de 12 anos. No antigo provimento, esse reconhecimento voluntário era admitido para pessoas de qualquer idade. No entanto, o Provimento de nº 83, entendeu-se que o indivíduo menor de 12 (doze) anos carece de discernimento social formado para demostrar sua vontade em ter ou não determinada pessoa como ―novo pai ou mãe, seja até mesmo por ainda não ter elementos suficientes para criar vínculo afetivo com um terceiro (BRASIL, 2019).
Por sua vez, o requerente que tenha o interesse de tal reconhecimento, precisará demonstrar a afetividade por todos os meios em direito admitidos, devendo a paternidade ou maternidade socioafetiva ser estável e estar demonstrada socialmente e através de documentos, outro fato relevante é o consentimento, se o filho for menor de 18 anos, o reconhecimento da filiação socioafetiva estabelecerá o seu consentimento. No provimento anterior, essa aprovação era para filho maior de 12 anos, o acolhimento da aprovação dos pais e do filho menor de dezoito anos deverá ser feita junto o oficial ou escrevente autorizado. O caso será encaminhado ao juiz competente, quando da impossibilidade de manifestação válida do pai ou da mãe do menor, desde que exigido, bem como na falta desses (TARTUCE,2019). 
Assim, atendidos os requisitos legais para o reconhecimento da paternidade ou maternidade socioafetiva, o registrador deverá conduzir o expediente ao representante do Ministério Público para que o mesmo prepare seu parecer. Caso o parecerseja favorável, o registro será realizado. Se for desfavorável, o registrador civil irá comunicar o ocorrido ao requerente e arquivará o requerimento. No caso de haver discordância por parte do interessado, o mesmo deverá recorrer ao judiciário para que seja sanado o conflito. Até mesmo eventual dúvida referente ao registro deverá ser remetida ao juízo competente para dirimi-la. (TARTUCE, 2019).
De outra forma, não menos importante, uma terceira alteração trazida no novo texto, diz respeito ao quantitativo de pretensos pais ou mães que almejam figurar como socioafetivos, predominando a ideia de que somente é consentida a inclusão de um ascendente socioafetivo, seja do lado paterno ou do materno e que a inclusão de mais de um ascendente nesses moldes deverá tramitar pela via judicial. A jurisprudência do Tribunal paulista é firme nesse entendimento, como ratifica decisão publicada recente, no julgamento do Agravo de Instrumento, abaixo demonstrado:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. MULTIPARENTALIDADE. INCLUSÃO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. Interposição do recurso contra decisão que “ao invés de julgar procedente a demanda, haja vista a concordância das partes e do Ministério Público, determinou a realização de estudo social e psicológico” RESP REPETITIVO 898060. 
Causa que não se insere na tese fixada no TEMA 622/STF. PROVIMENTO 83/CNJ. Provimento que alterou o anterior Provimento 63 para incluir a idade mínima de 12 anos para reconhecimento extrajudicial da paternidade socioafetiva. Clara intenção no sentido que seja observado a primazia do bem estar da criança. DIREITO IMEDIATO E AUTOMÁTICO. Inexistência de qualquer direito nessa condição. INSTRUÇÃO PROBATÓRIO. Decisão que não se encontra entre as hipóteses do rol do artigo 1.015 do CPC/2015. RECURSO REPETITIVO. TEMA 988. Decisão que não condiz à inutilidade do julgamento da questão no Recurso de Apelação. Taxatividade mitigada que não se vislumbra no caso concreto. Pretensão, aliás, que impediria o julgador de decidir conforme sua convicção, além de implicar manifesta ofensa ao duplo grau de jurisdição. Necessidade de produção probatória que deve atender à convicção do magistrado e não ao contentamento da parte. Completa ausência de elemento que permita a admissibilidade recursal. RECURSO NÃO CONHECIDO. (TJ/SP. AI 22429288420198260000 SP 2242928-84.2019.8.26.0000, Relator Ana Maria Baldy. Data de julgamento: 04/11/2019, 6ª Câmara de Direito Privado, Data de publicação: 04/11/2019).
Logo, podemos constatar que a filiação socioafetiva tornou-se um instituto que uma vez configurado, não há que se falar em negação dependendo do caso concreto, eis que tendo existido a posse do estado de filho, o tratamento, o cuidado e o nome, não pode ser desconfigurada, só havendo exceção quando o pai afetivo incide em erro, dolo, coação, simulação ou fraude (MARQUES, 2019). Da mesma forma, as jurisprudências dos tribunais regionais manifestam-se a respeito do assunto, como advertido abaixo:
CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE - REGISTRO VOLUNTÁRIO - AUSÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO - IRREVOGABILIDADE - RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. 1)O reconhecimento civil da paternidade, nos termos do artigo 1.609, do Código Civil, é irrevogável e irretratável, podendo ser anulado somente quando demonstrada a existência de vício de consentimento.2) Quando a parte reconhece a filiação de forma livre, consciente e espontânea, estabelecendo com o menor um vínculo socioafetivo, não há que se falar em anulação do registro civil.3) Apelo não provido.” (BRASIL, Tribunal de Justiça do Amapá, 3ª vara cível de Santana, APL , Relator: Gilberto Pinheiro, data do julgamento: 28/05/2019).
Necessário frisar que essa nova relação familiar constitui também o vínculo com direitos e deveres iguais àqueles existentes na paternidade ―de sangue, na medida em que os pais socioafetivos ficam sujeitos ao exercício do poder familiar em sua plenitude, aqui entendidos como os direitos à educação, criação e alimentação, assim como a incidência dos direitos sucessórios, a exemplo de eventual herança (MARQUES, 2019).
A igualdade entre filhos apresenta-se como uma realidade, ultrapassando qualquer modalidade de separação entre eles. O filho biológico ou não biológico, o havido durante a constância do casamento ou não, o filho devidamente reconhecido ou o adotado, não poderão, segundo a Constituição Federal, ser discriminados e, portanto, deverão ter os seus direitos e deveres devidamente abrigados em face do princípio da igualdade jurídica. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Retomando o objetivo geral do presente trabalho, qual seja, “Verificar os preconceitos decorrentes do abandono afetivo do pai biológico e os benefícios da paternidade socioafetiva suprindo tal abandono”, pode-se concluir ter havido um avanço significativo nesta direção, sem, entretanto, ter-se esgotado tal propósito.
A seguir serão resgatados os objetivos específicos procurando-se identificar os principais dados obtidos que podem esclarecê-los.
Acerca do conceito de família, filiação e paternidade constatou-se que, ao longo dos anos o conceito destes institutos mudou bastante, é possível concluir que a Carta Magna de 1988 inovou profundamente o conceito jurídico da família brasileira, estabelecendo dentre as principais alterações a igualdade entre cônjuges, filhos, advindos ou não do casamento, o reconhecimento da união estável e da família multiparental e a proteção integral a crianças e adolescentes. 
A transição da família evoluiu para uma concepção solidária e afetiva, tendente a originar o desenvolvimento da personalidade de seus membros, apresentando consigo a afirmação de uma feição constituída na ética, na afetividade e na solidariedade. 
Já sobre o segundo objetivo específico, pôde ser abrangido como está sendo vista as relações socioafetivas no ordenamento jurídico atual, tendo em vista a nossa atual Carta Magna e o nosso Código Civil.
Neste aspecto, a paternidade deve ser compreendida de modo responsável, um ato cercado de consciência, de modo a abrigar os direitos assegurados constitucionalmente aos filhos, até porque a formação do ser humano procede de experiências vividas no ambiente familiar, principalmente na infância e adolescência.
 Destarte, é preciso restaurar a parentalidade responsável, gerar uma mudança de cultura numa sociedade onde muitos pais só desempenham a paternidade nos finais de semana,quando o fazem, negligenciando seus filhos, preterindo-os muitas vezes, em favor dos filhos de sua nova companheira (o). 
Por fim, o terceiro e último objetivo específico foi possível compreender que a paternidade socioafetiva faz um bem incomensurável ao indivíduo que foi abandonado afetivamente por seu pai consanguíneo.
Para entender tais objetivos foi utilizada a metodologia qualitativa, fazendo uma revisão bibliográfica, utilizando-se de doutrinas, artigos científicos e jurisprudências que versavam acerca do tema. Não possibilitaram, porém, o esgotamento do tema, tendo em vista que existem diversos outros métodos mais eficazes para tal fim.
Diante de tais resultados encontrados, certas implicações práticas podem ser consideradas, tais como, a luta dos operadores do direito que operam com o Direito de Famílias, para que cada vez mais possa ser reconhecida o vínculo afetivo a ponto de prover o abandono afetivo do pai, para que com isso os tribunais brasileiros possam determinar da melhor maneira possível.
Diante do que foi averiguado no presente estudo, identificou-se a necessidade de pesquisas futuras que aprofundem acerca da multiparentalidade, por se tratar de um tema novo e atual no Direito das Famílias, existindo um campo de pesquisa bastante amplo.
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
CARVALHO, Carmela Salsamendi de. Filiação socioafetiva e conflitos de paternidade ou maternidade. 1ª ed. São Paulo: Editora Juruá, 2012.
DANTAS, Gilvânia. Adoção no Brasil: uma reflexão jurídicaa luz do Estatuto da Criança e do Adolescente. 2015. Disponível em: < http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/123456789/9830> acesso em19 nov de 2019.
LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 4ª Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2011. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/miguel020486/2011-direito-civil-familias-paulo-lobo-ed-saraiva-4-edicao > Acesso em 21 nov. De 2019.
MOREIRA, Lúcia Vaz de Campos Moreira. Relações Familiares – v.2 – Curitiba: CRV, 2016.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; LEITE, Eduardo de Oliveira. Repertório de Doutrina sobre Direito de Família: aspectos constitucionais, civis e processuais. 1. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, v.4. p.393-394
ZENI, Bruna Schlindwein. O Afeto como Reconhecimento da Filiação. Revista Direito em Debate, v. 18, n. 32. p.85-108, 2013.

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