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Livro - Ed Tec e Cultura das Mídias (1)

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Prévia do material em texto

1 
 
Disciplina: Educação, tecnologia e cultura das mídias 
Autora: M.e Patricia Affonso Gaspar 
Revisão de Conteúdos: Esp. Luis Gabriel Venâncio Souza 
Designer Instrucional: Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Ano: 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Patricia Affonso Gaspar 
 
 
 
 
Educação, tecnologia e cultura das 
mídias 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
Editora São Braz 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.r Gilian Cristina Barros / D.r Jefferson 
Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros 
Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.r Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Luis Gabriel Venânvio Souza 
 
Parecerista Técnico 
Luis Gabriel Venânvio Souza 
 
Designer Instrucional 
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
 
Revisão Ortográfica 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
GASPAR, Patricia Affonso. 
Educação, tecnologia e cultura das mídias / Patricia Affonso Gaspar. – Curitiba: 
Editora São Braz, 2019. 
58 p. 
ISBN: 978-85-5475-449-5 
1. Conceito e Tecnologia. 2. Educação e Cultura. 3. Recursos Midiáticos. 
Material didático da disciplina de Educação, tecnologia e cultura das mídias – 
Faculdade São Braz (FSB), 2019. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ......................................................................................................... 06 
Aula 1 – Conceitos de tecnologia, educação e cultura das mídias ................. 07 
Apresentação da Aula 1 ................................................................................ 07 
 1.1 - A ideologia dos sistemas tecnológicos ............................................ 07 
 1.2 - Desenvolvimento da tecnologia digital ............................................ 11 
 1.2.1 - Cultura das mídias digitais ........................................................... 15 
 1.3 - As tecnologias digitais e a exclusão social ...................................... 17 
Conclusão da aula 1 ...................................................................................... 20 
Aula 2- Relações entre tecnologia e educação .............................................. 21 
Apresentação da aula 2 ................................................................................. 21 
 2.1 - Educação e cultura digital ............................................................... 21 
 2.2 - A utilização das TIC na educação brasileira .................................... 24 
 2.2.1 - A apropriação das TICs pelos docentes ....................................... 27 
 2.2.2 - Os professores e os nativos digitais ............................................. 29 
Conclusão da aula 2 ...................................................................................... 32 
Aula 3 - A mídia-educação e a formação de professores ............................... 33 
Apresentação da Aula 3 ................................................................................ 33 
 3.1 - Educação para e por meio das mídias ............................................ 33 
 3.2 - Mídia educação na formação de professores ................................. 38 
Conclusão da aula 3 ...................................................................................... 44 
Aula 4 - Recursos midiáticos na educação .................................................... 45 
Apresentação da aula 4 ................................................................................. 45 
 4.1 - A interatividade na aprendizagem .................................................. 45 
 4.1.1 - Formas de aprender e formas de ensinar .................................... 46 
 4.2 - A internet e os games na educação ................................................ 50 
Conclusão da aula 4 ...................................................................................... 55 
Índice Remissivo ........................................................................................ 56 
Referências ............................................................................................... 57 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Prefácio 
 
Nesta disciplina serão colocados os conceitos centrais, buscando 
relacionar as Tecnologias da Informação e da Comunicação no contexto da 
Educação contemporânea. Também abordaremos um pouco mais sobre a 
questão das desigualdades no contexto da Educação e também sobre o papel 
das TICs no ensino contemporâneo. 
Será discutido a necessidade de integrar a cultura das mídias à educação 
para que a escola possa ser um espaço de formação crítica para a emancipação 
das pessoas, falando sobre o papel da interatividade na aprendizagem e na 
utilização de Internet e jogos em atividades educativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Aula 1 – Conceitos de tecnologia, educação e cultura das mídias 
 
Apresentação da aula 1 
 
Olá alunos e alunas! Sejam bem-vindos à disciplina de Educação, 
Tecnologia e Cultura das Mídias! 
Nesta aula introduziremos os conceitos centrais da disciplina, buscando 
relacionar as Tecnologias da Informação e da Comunicação no contexto da 
Educação contemporânea. Veremos que as novas tecnologias da informação e 
comunicação são centrais para o acesso aos novos meios de circulação de 
informação e conhecimento científico. Iniciaremos a aula lançando um olhar 
crítico sobre o desenvolvimento dos sistemas tecnológicos, buscando 
caracterizar novas formas de exclusão decorrentes da falta de acesso à cultura 
digital. 
 
1.1 A ideologia dos sistemas tecnológicos 
 
A tecnologia tem assumido um papel de extrema importância na 
sociedade, fazendo parte do cotidiano das pessoas, sendo também fundamental 
para os sistemas de produção, seja no setor primário, secundário, terciário, 
público ou privado, na medida em que molda os modos de produzir das 
empresas e nos modos de trabalhar das pessoas. 
Para Luz e Muzi (2014), a tecnologia é um “conhecimento quetransforma 
a vida dos seres humanos em aspecto educacional, social, econômico, cultural 
e pessoal”. A tecnologia precisa ser compreendida de forma ampla, não somente 
como artefato, mas como conhecimento científico. A seguir, discutiremos alguns 
importantes aspectos da tecnologia. Em primeiro lugar, devemos abandonar a 
ideia de que “a ciência produz e a tecnologia aplica o conhecimento científico”. 
Tecnologia e conhecimento científico estão diretamente ligados; são, portanto, 
termos indissociáveis. 
Em segundo lugar, precisamos compreender a tecnologia enquanto um 
reflexo de contextos socioculturais. A tecnologia é construída a partir de um 
contexto cultural e social de uma determinada época, e, muitas vezes, ela 
reproduz os modos dominantes de pensar a sociedade. Portanto, ao contrário 
 
 
8 
 
do que diz o senso comum, a tecnologia não é neutra; ela é impregnada de 
ideologia, na medida em que é construída a partir de visões altamente políticas 
de como o mundo deveria funcionar. Ainda que tenham contribuído para o 
aumento do bem-estar das pessoas, os avanços tecnológicos muitas vezes 
reproduzem desigualdades e o domínio de alguns grupos sobre os outros. 
Autores dos estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) afirmam que 
avanços tecnológicos que incluam democraticamente os diversos atores sociais 
só podem ser realizados em oposição à ordem dominante. 
 
 
Filme Tempos Modernos satiriza a produção em massa 
Fonte: https://radiopeaobrasil.com.br/wp-content/uploads/2018/03/tempos-modernos-
filme-charlie-chaplin-home.jpg 
 
 Saiba mais 
Vocês podem estar se perguntando de que forma a tecnologia pode fazer mal 
às pessoas. A poluição e o esgotamento dos recursos naturais são um bom 
exemplo disso. Assista ao vídeo disponível no link: https://www.youtube.com/wa 
tch?v=7qFiGMSnNjw 
 
As tecnologias dos sistemas de produção (de produtos e mercadorias) 
são desenvolvidas a partir da ideologia capitalista que valida os interesses de 
empresários e consumidores ávidos por novidades. Atualmente, a maior parte 
dos sistemas produtivos está orientada para a produção em larga escala que 
depende, basicamente, do aumento quantitativo da produção e da redução 
contínua de custos. Trata-se de um sistema tecnológico que prioriza a obtenção 
de lucros no curto prazo, mesmo que isso signifique prejudicar a segurança e a 
saúde dos trabalhadores, ou mesmo o tempo de recuperação do meio ambiente. 
 
 
 
9 
 
Curiosidade 
Ok! Mas será que as novas tecnologias também seguem essa lógica? Sim! No 
livro Design for the real world, Papanek (1972) afirma que a aceleração artificial 
dos desejos do consumidor trouxe danos severos para as pessoas e para o meio 
ambiente durante o século XX. 
 
De acordo com Papanek (1972), a obsolescência programada, ou 
planejada, é uma estratégia introduzida no design industrial para reduzir a vida 
útil dos produtos, tornando-os obsoletos em intervalos cada vez menores. O 
objetivo dessa estratégia é acelerar o consumo e impulsionar a lucratividade das 
empresas. Esse autor explica que há três tipos de obsolescência: 
 
 A tecnológica: em que são desenvolvidas formas melhores ou mais 
elegantes de se fazer as coisas; 
 A material: quando as matérias primas se desgastam naturalmente; 
 A artificial: quando o desgaste é planejado, seja pela escolha de 
matérias primas menos duráveis ou pela existência de 
componentes que não podem ser substituídos ou reparados. 
 
 
A obsolescência programada e o lixo eletrônico 
Fonte: https://img.olhardigital.com.br/uploads/acervo_imagens/2016/08/r16x9/2016082 
2182501_1200_675_-_smartphones_reciclagem_lixo.jpg 
 
Segundo Papanek (1972), desde o término da Segunda Guerra Mundial, 
o maior compromisso do design industrial tem sido o de promover a aceleração 
 
 
10 
 
da obsolescência artificial e estética, que vem provocando uma série de efeitos 
negativos para a sociedade e para o meio ambiente. 
Portanto, é necessário abandonar a visão reducionista de que a 
tecnologia está descontextualizada da sociedade, como se o desenvolvimento 
tecnológico fosse autônomo e neutro. Também é necessário evitar a visão 
determinista de que a “tecnologia provoca mudanças sociais”, como se não 
houvesse uma série de negociações e decisões humanas que precedem o 
desenvolvimento tecnológico. 
Um sistema tecnológico não é composto apenas de máquinas, processos 
produtivos e de informação, mas também de pessoas e organizações que 
refletem a economia, a política e a cultura de uma determinada época. Podemos 
afirmar, portanto, que um sistema tecnológico possui uma dimensão social e 
histórica. Compreender que a tecnologia é moldada por aspectos sociais e 
culturais é fundamental para pensarmos o desenvolvimento tecnológico para 
além do reducionismo técnico. 
 
 Saiba mais 
Poucos conceitos evocam com tanta clareza as incertezas da condição humana 
nesta mudança de milênio quanto os de ciência, tecnologia e sociedade. Leia 
mais sobre o assunto, disponível no link: https://www.oei.es/historico/salactsi 
/Livro_CTS_OEI.pdf 
 
Precisamos ter em mente que os sistemas tecnológicos estão em 
constante desenvolvimento, portanto, não podemos apenas aceitar a forma 
como eles nos são apresentados, sem uma reflexão crítica. A disciplina de 
Educação, Tecnologia e Cultura das Mídias é uma oportunidade de lançar uma 
visão crítica acerca da construção e do consumo das novas tecnologias. 
As tecnologias devem ser desenvolvidas de forma a incluir 
democraticamente todos os grupos que são impactados pela ação técnica. Para 
conciliar as demandas econômicas, sociais e ambientais, é necessário que o 
desenvolvimento tecnológico esteja orientado para produzir “qualidade social”, 
em que o bem-estar de cada grupo (empresários, acionistas, consumidores) 
esteja atrelado às condições de bem-estar de todos os outros grupos envolvidos 
(trabalhadores, comunidades, meio ambiente). 
 
 
11 
 
 
A inclusão democrática de todos os atores sociais 
Fonte: https://videohive.net/item/social-network-connection-background/21532137 
 
1.2 Desenvolvimento da tecnologia digital 
 
De acordo com Lúcia Santaella (2007), o desenvolvimento da tecnologia 
é marcado por cinco fases: 
 
 Reprodutível; 
 Difusão; 
 Disponível; 
 Acesso; 
 Conexão contínua. 
 
A tecnologia do reprodutível surge na transição do século XIX para o 
século XX com recursos eletromecânico e voltada aos mercados de massa. 
Exemplos dessa tecnologia são o jornal, a fotografia e o cinema. 
A tecnologia da difusão surge a partir da década de 1920 com recursos 
eletrônicos. Essa tecnologia é caracterizada pelos meios de difusão da 
comunicação em massa, como o rádio e a televisão. 
A tecnologia do disponível surge a partir do final dos anos 1970 e início 
dos anos 1980, possibilitando que o usuário selecione a recepção do conteúdo 
que seja consumir. Exemplos dessa tecnologia são o walkman, o fone de ouvido, 
a televisão a cabo e o controle remoto. 
 
 
12 
 
A tecnologia do acesso dos anos 1990, se caracteriza pelo início da 
convergência entre os computadores e as telecomunicações: mouse, modem e 
software. Enquanto as tecnologias da informação envolvem recursos de 
computação que servem para produzir, armazenar e transmitir informações, as 
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são um sistema que integra 
hardwares, softwares, rede e dispositivos móveis para processar a informação e 
auxiliar a comunicação. Em resumo, as TICs são um resultado da convergência 
entre as tecnologias da computação com as tecnologias da comunicação. Dessa 
forma, a informática, o audiovisual e as telecomunicações convergem para uma 
rede de comunicação mundial, sendo a Internet seu principal exemplo. 
A tecnologia de conexão contínua se inicia no final dos anos 1990 e se 
difunde no início do século XXI, em decorrência da internet de alta velocidade. 
Essa tecnologiaé representada pelos smartphones e tablets. As linguagens que 
envolvem esses dispositivos móveis de conexão contínua são cada vez mais 
fluidas e hipertextuais. 
 
O hipertexto é constituído por nós (os elementos de informação, 
parágrafos, páginas, imagens, sequências musicais etc.) e de links 
entre esses nós, referências, notas, ponteiros, ‘botões’ indicando a 
passagem de um nó a outro. (LÉVY, 1999, p 56). 
 
Conectando usuários a conhecimentos, lugares e culturas de uma forma 
sem precedente. De acordo com Levy (1993), essas tecnologias, denominadas 
tecnologias da inteligência, produzem um mundo digital, virtual e instantâneo; 
um gigantesco sistema composto por informações conectadas a outras 
informações que formam uma rede na qual as pessoas transitam, pesquisam, 
produzem conteúdos interagindo e trocando informações. 
 
Curiosidade 
Web é uma palavra inglesa que significa teia ou rede. O significado de web 
ganhou outro sentido com o aparecimento da internet. A web passou a designar 
a rede que conecta computadores por todo mundo, a World Wide Web (WWW). 
Web pode ser uma teia de aranha ou um tecido e também se utiliza para designar 
uma trama ou intriga. A web significa um sistema de informações ligadas por 
meio de hipermídia (hiperligações em forma de texto, vídeo, som e outras 
animações digitais) que permitem ao usuário acessar uma infinidade de 
conteúdos por meio da internet. Para tal é necessária ligação à internet e um 
 
 
13 
 
navegador (browser) onde são visualizados os conteúdos disponíveis. São 
exemplos de navegadores: Google Chrome, Safari, Mozilla Firefox, Internet 
Explorer, Opera, entre outros. 
 
Também é necessário compreender a diferença entre as chamadas Web 
1.0, Web 2.0 e Web 3.0. Em primeiro lugar, é preciso destacar que as diferentes 
fases da internet são marcadas não somente pelos avanços tecnológicos e pela 
ampliação da velocidade de conexão, mas, principalmente, pelas formas de 
interação entre os usuários e a própria web. 
Na Web 1.0, a conexão era discada por meio de uma linha telefônica. A 
web era constituída de sites corporativos e portais de notícias, de conteúdo 
estático, em HTML. 
 
Vocabulário 
HTML é a sigla de HyperText Markup Language, expressão inglesa que significa 
Linguagem de Marcação de Hipertexto. Consiste em uma linguagem de 
marcação utilizada para produção de páginas na web, que permite a criação de 
documentos que podem ser lidos em praticamente qualquer tipo de computador 
e transmitidos pela internet. 
 
As empresas enxergaram na internet uma oportunidade de promover seus 
produtos e serviços para além da comunicação veiculada na mídia tradicional, 
ou seja, TV, jornais e revistas. Os portais de notícias eram vinculados a jornais 
já tradicionais no meio off-line, com exceção dos portais de provedores como 
Terra e UOL que, antes de firmarem parcerias com veículos de comunicação off-
line, passaram a desenvolver conteúdo próprio. Nesses portais de notícias, 
propagandas de produtos e serviços eram expostas em banners que seguiam a 
mesma lógica de um outdoor de rua, que é exposto a um grande número de 
pessoas, sem muita segmentação. Na Web 1.0 as pessoas selecionavam o 
conteúdo que queriam consumir, mas, a exemplo do que acontecia na mídia off-
line, não passavam de meras receptoras de informação. 
 
 
 
14 
 
 
Web 1.0, 2.0 e 3.0 
Fonte: https://www.idealmarketing.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/10/o-que-e-
web-3-0-impacto.jpg 
 
A Web 2.0, também chamada de web social, foi marcada pela ampliação 
da interatividade dos usuários. Mais do que meros receptores, os usuários 
passaram a ser produtores de conteúdo. Os portais passaram a ter chats e 
fóruns de discussão e as primeiras mídias sociais começaram a se popularizar. 
A presença das empresas na internet deixou de ser optativa e passou a ser 
praticamente obrigatória. Mais do que portais corporativos, era necessário 
desenvolver e-commerces que levaram as empresas a alcançar um novo padrão 
de logística e operações. 
De acordo com Tonéis (2017), o termo Web 2.0 foi criado pelo especialista 
Tim O’Reilly, que classificou essa nova forma de utilizar a internet em “web como 
plataforma”. Na Web 2.0, as empresas passaram a entender que, ao invés de 
investir nas velhas fórmulas de propaganda, era necessário desenvolver 
conteúdos interessantes e compartilháveis para estabelecer espaços de 
diálogo com o público consumidor. 
A Web 3.0, por sua vez, é uma internet que surge com a convergência de 
várias tecnologias que já existem e que estão sendo utilizadas ao mesmo tempo 
para satisfazer as necessidades do usuário de forma mais personalizada. A 
Internet não está presente somente nos computadores e smarthphones, mas em 
nossas smart TVs, relógios e outros objetos de uso diário. 
 
 
15 
 
 
Nuvem de palavras para o termo Web 3.0 
Fonte: acervo do autor (2019). 
 
Há uma série de discussões entre os especialistas sobre a necessidade 
de se distinguir a Web 2.0 da Web 3.0, já que as novas tecnologias possibilitam 
a intensificação do uso das ferramentas e não necessariamente novas formas 
de utilização. Em pouco tempo, acredito que já será possível identificar com mais 
clareza as características que marcam essa evolução. 
 
 Saiba mais 
A internet 4.0 intensificou ainda mais a comunicação e armazenamento de 
dados. Foi por meio dessa evolução, a comunicação sem fio (wireless) passou 
a se proliferar. Em qualquer hora, em qualquer lugar do planeta, a Integração e 
interação acontece em tempo real. Uma era em que a inteligência artificial fará 
parte do cotidiano dos internautas. Para mais informações acesse o link 
disponível: https://usemobile.com.br/web-4-0-quais-sao-as-expectativas-para-
o-futuro-da-rede/ 
 
1.2.1 Cultura das mídias digitais 
 
Podemos definir como cultura os modos de agir, de pensar e todo 
conhecimento tácito e científico que é produzido, cultivado e transmitido de uma 
geração a outra. A cultura das mídias corresponde à cultura proveniente dos 
 
 
16 
 
meios de comunicação. São exemplos da cultura das mídias as novelas, os 
programas, as séries e animações produzidas para a TV; filmes exibidos no 
cinema e na televisão; jogos de videogame, música e informações veiculadas 
em rádio. 
As vivências dos usuários na Web produzem a chamada cultura das 
mídias digitais, ou somente Cultura Digital, que reorganizou as relações 
sociais mediadas pelas tecnologias digitais, provocando mudanças na vida das 
pessoas nas mais diversas dimensões. A cultura digital modificou os costumes, 
as formas de se comunicar e até de namorar das pessoas. Além disso, com a 
chegada Web 2.0, produtores e consumidores de mídia que antes ocupavam 
posições distintas passam a interagir e a participar ativamente do 
desenvolvimento do conteúdo das novas mídias. 
 
 
O smartphone é um aparelho móvel que faz uso de tecnologias que permitem 
acesso à internet e que comportam a convergência das mídias 
Fonte: https://pplware.sapo.pt/wp-content/uploads/2018/03/facebook-aplicacoes_conta 
ctos_Maps_apps.jpg 
 
A convergência é um dos aspectos mais centrais da cultura digital. De 
acordo com Jenkins (2009) a convergência representa uma “transformação 
cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas 
informações e fazer conexões em meio a conteúdos de mídia dispersos”. As 
convergências ocorrem em diferentes momentos: desde a convergência dos 
computadores com as telecomunicações até a convergência, ainda em 
progresso, das tecnologias de distribuição. As formas de distribuição de música 
e filmes são um bom exemplo das tecnologias de distribuição: algumas delas 
convergem, enquanto que outras declinam e se tornam obsoletas, como fitas e 
 
 
17 
 
vídeo cassetes, CDs e DVDs. Por fim, a terceira convergência ocorre nos 
conteúdos midiáticos e no próprio cérebro das pessoas. Hoje é possível assistir 
a um concerto em tempo real, sem queseja necessário sair de casa. É 
importante notar que os velhos meios de comunicação (cinema, teatro, rádio e 
TV) não estão sendo substituídos, e sim sobrepostos. As tecnologias não estão 
anulando os meios tradicionais, estão multiplicando as formas de acesso e de 
consumo desse conteúdo. 
A cultura digital é constantemente alimentada pelas diferentes 
modalidades de comunicação off-line, pela cultura das artes, da música, da TV 
e do cinema, ao mesmo tempo em que cria uma linguagem e um sistema de 
referências próprio, que é fruto da vivência dos usuários. Atualmente, a cultura 
digital é um universo de códigos próprios que produz alguns usuários eruditos e 
outros analfabetos, às vezes morando sob o mesmo teto. 
 
1.3 As tecnologias digitais e a exclusão social 
 
Desde a Revolução Industrial, a economia global vem passando por um 
processo de intensificação das relações sociais e comerciais entre os países. O 
termo globalização, nascido no meio jornalístico, passou a ser utilizado em 
diversos campos do conhecimento para caracterizar, de modo generalizado, a 
disseminação global de processos sociais e econômicos. 
A globalização pode ser definida como a “intensificação das relações 
sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que 
acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de 
distância e vice-versa” (GIDDENS, 1991). O processo da globalização não seria 
possível sem as TIC´s (Tecnologia da informação e comunicação), sendo 
abordado mais à frente, que foram centrais na disseminação da informação e do 
conhecimento científico das diversas ciências. 
Para Giddens (1991), o resultado desse processo não se caracteriza em 
um conjunto generalizado de mudanças que atuam em uma direção uniforme, 
mas em tendências mutuamente opostas. O que isso quer dizer? Quer dizer que, 
se por um lado, a globalização produz uma certa massificação cultural, 
unificando os modos de agir, de pensar e de consumir, por outro, estimula as 
 
 
18 
 
pessoas a valorizarem singularidades e características típicas das culturas 
locais. 
Ao mesmo tempo que aproxima e unifica, a globalização produz 
contrastes e divisões. É um fenômeno que age de forma desigual conforme a 
região e o estrato da população. Somente as pessoas que dispõem de internet 
e de dispositivos inteligentes como computadores e smarthphones podem 
usufruir dos benefícios desse fluxo de informação internacional. 
De acordo com o geógrafo Milton Santos, a globalização estrutura um 
novo espaço geográfico que concentra ciência, tecnologia e informação. Santos 
denomina esse novo território como meio técnico-científico-informacional, 
que abrange grandes áreas da Europa, dos Estados Unidos e do Japão, e que 
se manifesta em pequenas áreas de países em desenvolvimento, como o Brasil. 
 
 
Trabalho infantil nas minas de cobalto, material usado na elaboração de 
smarthphones 
Fonte: https://www.greenme.com.br/images/viver/especial-crianca/trabalho-infantil-con 
go.jpg 
 
Com a globalização, surge uma oposição entre as áreas adaptadas às 
exigências econômicas e políticas do mercado internacional e áreas 
desconectadas desse novo sistema tecnológico. Essas áreas desconectadas 
podem se localizar no interior dos Estados Unidos, em áreas rurais da Europa 
Oriental, ou mesmo nas periferias de grandes cidades brasileiras. 
Os novos fluxos do capital financeiro ocorrem nessas redes mundiais de 
circulação e consumo que são altamente dependentes das tecnologias digitais. 
Por consequência, as áreas que não têm acesso a esse meio técnico-científico-
informacional tornam-se cada vez mais isoladas, sendo incorporadas pela 
 
 
19 
 
economia globalizada apenas como fornecedoras de matérias-primas e de mão 
de obra barata. 
 
 Importante 
No Brasil, segundo o IBGE, mais de 190 cidades do Norte e do Nordeste sofrem 
com a falta de infraestrutura nesse sentido. Em Prainha, no Pará, apenas 0,01% 
possui algum tipo de conexão com a web. Segundo a pesquisa da UIT, as 
guerras, os climas extremos e a desigualdade social são alguns dos fatores que 
impossibilitam que a internet se estabeleça em algumas regiões. 
 
 
Investimentos no mercado de ações são acessíveis a “todos” que saibam operar 
um home broker a partir de um smarthphone 
Fonte: https://abrilexame.files.wordpress.com/2019/02/sd_2702.jpg?quality=70&strip= 
info&resize=680,453 
 
A intensificação do uso das TICs, a velocidade das inovações 
tecnológicas e as transformações socioeconômicas que elas produzem ampliam 
ainda mais as distâncias entre aqueles que dominam daqueles que não dominam 
as ferramentas informacionais. Como consequência, há um agravamento da 
exclusão e do subdesenvolvimento nos países periféricos à globalização. 
Portanto, ao mesmo tempo que ampliam a produção e a difusão de 
informações, as Tecnologias da Informação e da Comunicação também são 
centrais para o isolamento e a exclusão de uma parcela significativa da 
população mundial. 
De acordo com dados publicados pela Agência Nacional de 
Telecomunicações (Anatel, 2016), o Brasil possui mais de 250 milhões de linhas 
ativas na telefonia móvel, o que representa 1,2 linhas de smartphone por 
habitante. O smartphone está presente em 93% dos lares brasileiros. Entretanto, 
 
 
20 
 
o uso do smartphone ainda não é tão abrangente. Pessoas mais idosas ou que 
possuem baixa renda familiar e menor grau de instrução são as que menos 
acessam a Internet. Considerando a estratificação etária, 40% das crianças e 
adolescentes de 9 a 17 anos conseguem acessar a internet pelo menos uma vez 
ao dia. 
 
Conclusão da aula 1 
 
Chegamos ao termino desta aula, pode-se ver que a tecnologia deve ser 
compreendida de forma ampla, não somente como artefato, mas como 
conhecimento científico. A tecnologia não é neutra, já que, na maioria das vezes, 
reproduz os modos de pensar de grupos dominantes, podendo contribuir para o 
aprofundamento das desigualdades sociais. 
Pensar criticamente o desenvolvimento tecnológico pode ser uma boa 
forma de evitar a repetição desses erros. A inclusão democrática de todos os 
grupos que são impactados pela tecnologia pode ser uma oportunidade para 
reorientar o desenvolvimento tecnológico na direção da qualidade 
compartilhada, ou qualidade social. As novas tecnologias devem conciliar as 
demandas econômicas, sociais e ambientais, buscando produzir valor para a 
sociedade como um todo. 
Você viu também a respeito da cultura das mídias digitais que é 
constituída de uma linguagem e de um sistema de referências próprio, que 
advém da convergência das culturas dos meios de comunicação off line 
adicionada pela vivência dos usuários no ambiente online. Atualmente, a cultura 
digital é um universo de códigos próprios que produz, ao mesmo tempo, um novo 
tipo de erudição e de analfabetismo. 
 
Atividades de aprendizagem 
Reflita a respeito de quatro situações corriqueiras em que pessoas idosas ou 
com baixo nível de instrução têm dificuldade de realizar por não terem acesso 
às ferramentas digitais. Como você acredita que essas situações poderiam 
ser solucionadas? 
 
 
 
 
21 
 
Aula 2- Relações entre tecnologia e educação 
 
Apresentação da aula 2 
 
Nessa segunda aula, abordaremos um pouco mais sobre a questão das 
desigualdades no contexto da Educação e também sobre o papel das TICs no 
ensino contemporâneo. Veremos que o acesso às novas tecnologias e o domínio 
da Cultura Digital são fundamentais para a redução das desigualdades no Brasil. 
Além disso, apresentaremos uma pesquisa que revela que ainda é baixa 
a utilização das TICs na educação brasileira. Há professores que não dominam 
tão bem as ferramentas digitais, gerando uma visão de tecnologia como se fosse 
uma etapa consecutiva e não como um elemento integrado ao conteúdo didático. 
Enquanto as TICs forem utilizadas apenas como uma ferramenta de 
formataçãoe transmissão de conteúdo, veremos apenas a reprodução do 
modelo tradicional de ensino, na qual o professor fala e os alunos apenas ouvem. 
Modificar antigos paradigmas e implementar novos métodos requer mudança de 
atitudes e uma forma de pensar completamente diferente do modelo tradicional. 
 
2.1 Educação e cultura digital 
 
Diante dos avanços tecnológicos das últimas décadas, precisamos pensar 
o papel da tecnologia e da cultura das mídias na educação, nos processos de 
aprendizagem e na prática docente. Mais do que somente estudar a utilidade 
da tecnologia na Educação, é necessário compreender, de forma crítica, as 
novas formas de ensinar e aprender com tecnologias, bem como os desafios 
decorrentes dessa transformação nas relações de ensino e aprendizagem. 
Encerramos a aula anterior falando sobre as distâncias que separam 
aqueles que têm daqueles que não têm acesso às novas ferramentas 
tecnológicas. Corroborando as reflexões de Milton Santos sobre a globalização, 
foi visto que as Tecnologias da Informação e da Comunicação são centrais tanto 
para a produção e a difusão de conhecimento técnico/científico, quanto para 
exclusão de uma parcela significativa da população, que se vê cada vez mais 
isolada do universo digital. 
 
 
22 
 
Quanto à questão das desigualdades no contexto da Educação e também 
sobre o papel das TICs no ensino contemporâneo, Bourdieu (2007) elabora os 
conceitos de capital cultural e capital social para explicar as desigualdades do 
desempenho escolar de crianças provenientes de diferentes classes sociais. 
Para o sociólogo, o sucesso ou o fracasso escolar dependem muito mais do 
capital cultural investido na criança do que nas ditas aptidões naturais do 
indivíduo. 
Basicamente, o capital cultural consiste nos ativos ou recursos sociais de 
um indivíduo. O termo abrange a educação escolar e, principalmente, a 
educação familiar, de onde o indivíduo herda seus modos, seu intelecto, seu 
estilo de vestir, o estilo da linguagem oral e escrita. São ativos que permitem ao 
indivíduo ascender socialmente em uma sociedade estratificada, herdando 
assim essas características, não sendo inatas e sim aprendidas culturalmente. 
Para Bourdieu (2007), o sucesso do desempenho escolar é resultante 
muito mais do capital cultural que a família investiu na criança, do que da 
educação formal que ela recebe no sistema de ensino escolar. Além disso, terão 
maiores rendimentos econômicos os alunos que não somente detém um capital 
cultural elevado, mas que também dispõem de um capital social também 
herdado da família de pessoas bem relacionadas que podem abrir acesso às 
melhores oportunidades no mercado de trabalho. 
O capital cultural existe sob três formas: 
 
 No estado incorporado: em que a acumulação do capital cultural 
está ligada ao corpo, ao indivíduo, como resultado do tempo que a 
pessoa investe em si mesma. São os conhecimentos, hábitos e 
gostos que são adquiridos com o tempo; 
 No estado objetivado: derivado do acúmulo de bens culturais. A 
posse de um bem cultural, como um quadro ou uma obra de arte, 
pressupõe a existência do capital econômico (condições 
financeiras para adquirir a obra) e do capital cultural (gosto e 
domínio da linguagem) que legitima a apropriação simbólica do 
objeto. Bourdieu também classifica a posse de máquinas e 
tecnologias como parte do capital cultural objetivado; 
 
 
23 
 
 No estado institucionalizado: é o capital cultural sob a forma de 
certificados e diplomas. 
 
O acesso às novas tecnologias e o domínio da Cultura Digital também 
podem ser classificados nos termos do capital cultural elaborado por Bourdieu, 
na medida em que potencializam a apropriação e a produção de informação que 
são compartilhadas socialmente. Desfrutam desse novo capital cultural aqueles 
que possuem domínio dessas ferramentas tecnológicas e sabem colocá-las a 
serviço da própria ascensão econômica e social. 
 
 
Fluência em Cultura digital 
Fonte: http://www.unama.br/sites/unama.br/files/fields/imagemLateral/noticias/2017/07 
/pbl-blog-da-engenharia.png 
 
Para Tufte e Christensen (2009) ser alfabetizado na Cultura Digital 
significa: 
 
 Acesso: a alfabetização, para a internet, é um requisito para o 
acesso tanto aos equipamentos quanto aos conteúdos e serviços 
online, bem como para regular as condições desse acesso; 
 
 Compreensão: a alfabetização para a internet é crucial para uma 
avaliação efetiva e criteriosa das informações disponíveis online; 
 
 Criação: a alfabetização para a internet transforma o usuário em 
um produtor de conteúdo, permitindo a interatividade e a 
participação online. 
 
 
24 
 
Note que a compreensão e o saber utilizar as TICs, são aspectos cruciais 
para a alfabetização digital. Em uma época em que o conteúdo pode ser 
produzido por qualquer pessoa que tenha acesso a artefatos digitais que possam 
auxiliar nesse processo, como smarthphones e computadores, é necessário que 
as pessoas saibam filtrar e selecionar o conteúdo que será consumido e, por 
vezes, apropriado por elas. 
 
 Mídias 
Assista ao vídeo para entender mais a respeito das fake news, disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=MSJRfJf5Z-s 
 
Nesse contexto, a rápida disseminação de notícias falsas, por exemplo, é 
um sintoma de que falta às pessoas a vivência da Cultura Digital. É por meio 
dessa vivência que desenvolvemos a nossa visão crítica e aprendemos a filtrar 
informações de qualidade diante de um volume cada vez maior de informações 
difusas. Portanto, ser fluente em Cultura Digital significa não somente saber usar 
os diversos dispositivos digitais, mas dominar os códigos e as linguagens da 
Cultura Digital, para uma apropriação crítica do conteúdo disponível online. 
Para reduzir as desigualdades sociais e promover a autonomia das 
camadas menos favorecidas é necessário, portanto, que os atores sociais 
estejam alinhados em torno do desenvolvimento de políticas públicas que 
favoreçam a disseminação do acesso às novas tecnologias da informação e 
comunicação. Para Luz e Muzi (2014) as TICs e sua utilização por meio das 
diferentes mídias como internet, filmes, rádio, televisão, games e outros, são 
ferramentas indispensáveis “para o desenvolvimento da vida intelectual do ser 
humano, pois elas estimulam a formação de comunidades com um grande 
potencial cultural, informacional, comercial e educacional a ser explorado”. 
 
2.2 A utilização das TIC na educação brasileira 
 
As recentes transformações no campo da tecnologia modificam o saber 
ensinar e o saber aprender das pessoas. Como já nos disse Jenkins no livro 
Cultura da Convergência (2015), as tecnologias afetam o modo de pensar, agir, 
 
 
25 
 
de se apropriar e de produzir informações. De acordo com Luz e Muzi (2014), a 
informação tem o poder de transformar “a vida de homens e mulheres, alunos e 
alunas, sendo responsabilidade pedagógica de professoras e professores 
pensar como utilizá-la em sala de aula para construção do conhecimento com 
mais qualidade”. Diante dessa realidade, o acesso rápido a informações 
atualizadas provenientes de fontes éticas e seguras são fundamentais, tanto 
para o aprendizado quanto para a prática docente. 
Ao longo dos últimos 30 anos, a utilização das TIC na Educação vem 
evoluindo de uma concepção instrumental para uma concepção de comunicação 
educacional integradora que considera tanto a dimensão instrumental quanto a 
dimensão conceitual. Para Sousa (2016), a questão em torno da utilização das 
TIC na educação não é necessariamente decorrente da EaD. O desenvolvimento 
da EaD e de suas diferentes modalidades de interlocução e distribuição é que 
estão historicamente ligados ao desenvolvimento das tecnologias. 
 
 Saiba mais 
Para mais informação a respeito da história da EaD no Brasil, acesse o vídeo 
disponível no link: https://blog.raleduc.com.br/2016/05/13/infografico-ead-historia-no-brasil/ 
 
Devido à maior capacidade de armazenamento, maior velocidade no 
processamento, e também maior compatibilidade entre diversos sistemas 
operacionais, as novas ferramentas digitais fazem com que o acesso à 
informação seja mais fácil. 
Entretanto, as desigualdades no acesso às novas tecnologias têm sido 
um problema central na formação de cidadãos. De acordo com os resultados da 
pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas 
Escolas Brasileiras (2017), a utilização nas TIC varia consideravelmente de 
acordo com a localização da escola. Para se ter uma ideia, de acordo com a 
mesma pesquisa, apenas 36% das escolas localizadas em zonas rurais têm 
acesso à Internet. Dessas, 3% não dispõe de computadores para que os alunos 
possam acessar a rede. Apenas 18% das escolas da região Norte e 30% das 
escolas da região Nordeste têm acesso à Internet. 
 
 
26 
 
De acordo com os resultados da pesquisa TIC Educação (2017), podemos 
concluir que um dos problemas centrais da educação brasileira é a falta de 
investimento em infraestrutura nas escolas. Além disso, muitas das escolas que 
dispõem de acesso à internet possuem conexões muito lentas que inviabilizam 
o uso da Internet em sala de aula. 
 
 Saiba mais 
Para uma melhor compreensão dos princípios fundamentais de ser tecnológico, 
leia na íntegra o livro TIC Educação, Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias de 
Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras, disponível no link: 
https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic_edu_2017_livro_eletronico 
.pdf 
 
 
O smartphone é o único dispositivo de acesso à Internet para muitos estudantes 
brasileiros 
Fonte: https://escoladainteligencia.com.br/wp-content/uploads/2017/11/137273-celular-
na-sala-de-aula-como-gerir-o-uso-604x270.jpg 
 
“Apesar de 85% dos estudantes de escolas localizadas em áreas urbanas 
serem usuários de Internet”, 22% daqueles que frequentam escolas públicas 
acessam a Internet exclusivamente por meio do celular. Nas escolas particulares 
localizadas em zonas urbanas, apenas 2% dos alunos tem no smartphone seu 
único meio de acesso à Internet. O smartphone é o único dispositivo de acesso 
à Internet para 32% dos estudantes da região Norte; para 29% na região 
Nordeste; para 15% Centro-Oeste; para 14% no Sudeste e 10% na região Sul. 
(TIC EDUCAÇÃO, 2017). 
Quando se observam os dados de uso das tecnologias pelos alunos no 
ambiente escolar, o cenário é ainda pior. “Apenas 39% dos alunos de escolas 
 
 
27 
 
públicas de áreas urbanas e 50% daqueles que estudam em escolas particulares 
afirmaram acessar a Internet na escola”. (TIC EDUCAÇÃO, 2017). 
Para reduzir as desigualdades, é necessário ampliar e melhorar as 
opções de conectividade. Na medida em que o acesso à informação está 
diretamente relacionado ao desenvolvimento econômico, é necessário que o 
governo construa e amplie a infraestrutura tecnológica, sendo este um elemento 
central para a aprendizagem móvel. É fundamental também que os governos 
busquem fornecer acesso equitativo à conectividade móvel. Um estudante que 
não pode usar uma rede móvel, seja por razões econômicas ou geográficas, 
permanecerá excluído dos novos espaços técnicos-informacionais que abrem 
acesso a oportunidades de aprendizagem e ao futuro profissional (Unesco, 
2014). 
Além disso, há uma forte desigualdade de gênero no acesso às TICs. De 
acordo com a Unesco (2014) existem aproximadamente 300 milhões de homens 
a mais do que mulheres que possuem telefones celulares nos países de baixa 
renda. Devido às características culturais dos países pobres, os homens têm 
mais acesso e facilidade para utilizar melhor as tecnologias móveis do que as 
mulheres. 
A Unesco recomenda que os governos façam um diagnóstico da atual 
infraestrutura de TIC e tracem metas realistas para melhorá-la. É necessário 
também baratear o acesso as redes, especialmente em instituições educacionais 
como escolas, universidades e bibliotecas, mesmo que isso signifique fornecer 
subsídios integrais ou parciais, para o acesso a serviços móveis de dados e 
banda larga. Para reduzir as desigualdades de gênero, os formuladores de 
políticas públicas devem elaborar estratégias que estimulem as meninas a 
utilizar smartphone e outros artefatos tecnológicos. 
 
2.2.1 A apropriação das TICs pelos docentes 
 
A questão da conectividade é sensivelmente melhor nas zonas urbanas. 
Ainda assim, a pesquisa revelou que ainda é baixa a apropriação das TICs pelos 
docentes nas atividades de ensino. Os resultados mostram que menos da 
metade dos professores que lecionam em escolas urbanas utilizam as TICs na 
realização das atividades diárias. 
 
 
28 
 
 
Percentual de professores que realizam atividades com o uso das TICs 
Fonte: https://www.cetic.br/media/analises/tic_educacao_2017_coletiva_de_imprensa 
.pdf 
 
A apropriação das TICs por meio da prática pedagógica e da gestão 
escolar também varia consideravelmente na comparação entre as escolas 
públicas e privadas nas zonas urbanas. O gráfico a seguir revela as orientações 
passadas pela coordenação pedagógica aos professores e alunos, envolvendo 
a Internet e o uso das TICs. 
 
 
Orientações da coordenação pedagógica quanto ao uso da Internet 
Fonte: https://www.cetic.br/media/analises/tic_educacao_2017_coletiva_de_imprensa 
.pdf 
 
O Gráfico 3 compara professores da rede pública e privada na utilização 
das TICs nas atividades docentes. 
 
 
 
29 
 
 
Comparação entre professores de escolas públicas e privadas para o uso das 
TIC´s 
Fonte: https://www.cetic.br/media/analises/tic_educacao_2017_coletiva_de_imprensa 
.pdf 
 
Como podemos observar, ainda é baixa a utilização das TICs na 
educação brasileira. É importante destacar que só poderemos nos beneficiar das 
TICs nos processos de ensino e aprendizagem quando houver, além da 
infraestrutura necessária, profissionais capacitados para lidar com as 
ferramentas e utilizá-las em diversas situações-problemas. 
Luz e Muzi (2014) reforçam a importância da escola no processo de 
aprendizagem e ressaltam que as crianças devem ser educadas para o futuro, 
ou seja, devem ser educadas a partir de um processo integrado ao contexto tec-
nológico dos tempos atuais e futuros. A educação com as mídias e a educação 
para as mídias busca a formação de cidadãos ativos e críticos em relação às 
TIC. 
 
2.2.2 Os professores e os nativos digitais 
 
Os alunos da nova geração são nativos digitais, ou seja, fazem parte de 
uma geração que possui contato com objetos e signos do universo digital já nos 
primeiros anos de vida. São crianças falantes da linguagem digital na medida 
em que crescem em meio a computadores, internet e games. De acordo com 
Tonéis (2017), os nativos digitais estão acostumados a receber informações de 
forma rápida e imediata. Realizam diversas tarefas ao mesmo tempo e preferem 
consumir informações na forma de hipertexto, sem precisar seguir uma 
 
 
30 
 
sequência linear; preferem gráficos a textos. São jovens movidos pelo prazer 
instantâneo e pelas recompensas frequentes. 
 
 
Nativos digitais 
Fonte: https://meumundopersonalizado.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/02/6918 
0-uso-da-tecnologia-e-crianca-como-criar-uma-sinergia-saudavel-604x270.jpg 
 
Para Tonéis (2017), aqueles que não nasceram no mundo digital, mas em 
algum momento foram inseridos nesse universo, são chamados imigrantes 
digitais. São pessoas que tiveram que adaptar-se às novas ferramentas digitais, 
seu modo de trabalhar e de se relacionar com o mundo. Podemos concluir que 
muitas das tensões que se observam no ambiente escolar derivam dessa 
dissonância entre imigrantes e nativos digitais no que se refere à linguagem, aos 
modos de pensar e de agir. Muitas vezes, professores e coordenadores 
pedagógicos só conseguem inserir as tecnologias digitais na estrutura do 
sistema escolar que eles conhecem: como um canal de transmissãode 
informação. 
Sabemos que a maior preocupação dos professores, fora da sala de aula, 
recai sobre o planejamento e a elaboração do conteúdo a ser ministrado. As 
novas tecnologias são empregadas de forma puramente instrumental na 
formatação e na transmissão de conteúdo. Isso explica porque a tecnologia é 
vista como uma etapa consecutiva e não como um elemento integrado ao 
conteúdo didático. Na medida em que são vistas como uma ferramenta de 
formatação e transmissão de conteúdo, as TICs são utilizadas apenas para 
 
 
31 
 
reproduzir a forma tradicional de ensinar, na qual o professor fala e os alunos 
apenas ouvem. 
Para Luz e Muzi (2014) os professores tendem a resistir à inovação 
tecnológica e demonstram-se pouco favoráveis a uma formação tecnológica. Ao 
mesmo tempo que faltam aos docentes a capacitação e a fluência necessárias 
para a utilização das TICs, observamos os alunos cada vez mais 
desinteressados no modelo clássico baseado na transmissão de informação. 
Perde-se a oportunidade de utilizar as TICs como espaços de diálogo de ensino-
aprendizagem e de modificar o cotidiano da sala de aula por meio de diferentes 
práticas pedagógicas. 
Modificar antigos paradigmas e implementar novos métodos requer 
mudança de atitudes e uma forma de pensar completamente diferente do modelo 
dominante. Educar, portanto, não pode se basear somente na transmissão de 
informações. O que importa, na verdade, é garantir que os alunos sejam capazes 
de assimilar e processar a informação de forma crítica, para poder utilizá-la na 
solução de problemas. É importante, entretanto, que não percamos o foco: a 
tecnologia deve ser utilizada na educação não como um recurso motivador e 
ilustrativo, mas como potencializadora do conhecimento. As aulas não devem 
perder o seu significado científico, objetivo, dialógico e crítico na construção do 
conhecimento. (BARROS, 2008). 
A sala de aula e os novos espaços de diálogo abertos pelas TICs devem 
ser vistas como oportunidades de interação e de construção de conhecimento. 
É necessário abandonar a ideia de que o professor é o único detentor do 
conhecimento e de que a informação deve fluir em uma única direção; o 
professor é, na verdade, o facilitador do acesso ao conhecimento, tanto ele 
quanto o aluno assumem simultaneamente o papel de emissor e receptor de 
informação. 
A resistência à utilização das tecnologias em sala de aula alimentam 
ações antipedagógicas que desmotivam os alunos. É necessário que as práticas 
educacionais acompanhem o ritmo das transformações que vivemos em nossa 
sociedade, fazendo com que a prática docente seja transformadora e atraente 
para professores e alunos (LUZ; MUZI, 2014). As TICs representam assim, 
oportunidades de atender à necessidade dos alunos por aulas mais 
interessantes e interativas, e de romper com um sistema já desgastado. 
 
 
32 
 
Conclusão da aula 2 
 
Vimos nessa aula que é necessário pensar o papel da tecnologia e da 
cultura das mídias na educação, nos processos de aprendizagem e na prática 
docente. Para reduzir as imensas desigualdades sociais enfrentadas no Brasil, 
é necessário que professores, coordenadores pedagógicos e o governo estejam 
alinhados em torno do desenvolvimento de políticas que favoreçam a 
disseminação do acesso às novas tecnologias da informação e comunicação. 
Os alunos devem ser educados para o futuro e isso significa que eles 
devem dominar e se apropriar da cultura digital. As TICs são ferramentas 
indispensáveis para o desenvolvimento da vida intelectual do ser humano, na 
medida em que estimulam a formação de comunidades com um grande potencial 
cultural e informacional. A informação tem o poder de transformar a vida das 
pessoas, sendo responsabilidade de docentes saber utilizá-la em sala de aula 
para construção de um conhecimento de qualidade. 
Vimos que ainda é baixa a utilização das TICs na educação brasileira. 
Segundo a Pesquisa TIC Educação (2017) falta infraestrutura de acesso à 
Internet para grande parte das escolas brasileiras. Além disso, muitas das 
escolas que dispõem de acesso à internet possuem conexões muito lentas que 
inviabilizam o uso da Internet em sala de aula. 
Além dos problemas infra estruturais, há uma resistência ao uso das TICs 
por boa parte dos professores. Os alunos só poderão ser beneficiados pelas 
TICs no ambiente escolar se houver em sala de aula profissionais capacitados 
para lidar com as ferramentas e utilizá-la em diversas situações-problema. 
Atualmente, professores e coordenadores pedagógicos só conseguem inserir as 
tecnologias digitais na estrutura do sistema escolar que eles conhecem: como 
uma ferramenta para formatar o conteúdo e como um canal de transmissão de 
informação. 
A sala de aula e os novos espaços de diálogo abertos pelas TICs devem 
ser vistas como oportunidades de interação e de construção de conhecimento. 
É necessário que as práticas educacionais acompanhem o ritmo das 
transformações que vivemos em nossa sociedade, fazendo com que a prática 
docente seja transformadora e atraente para professores e alunos. Portanto, é 
preciso abandonar a ideia de que o professor é o único detentor do conhecimento 
 
 
33 
 
e de que a informação deve fluir em uma única direção. As TICs representam 
uma ótima oportunidade de romper com o velho sistema e atender aos anseios 
dos alunos por aulas mais interessantes e interativas. 
 
Atividades de aprendizagem 
Compare a aula que você teve com a última aula presencial que você teve na 
escola e em outra universidade. Quantas tecnologias e mídias foram utilizadas 
em cada aula e de que forma elas foram utilizadas? De que forma as TICs 
foram utilizadas em cada aula? Para transmitir informações ou foram 
integradas ao conteúdo didático? 
 
 
 
 
Aula 3 - A mídia-educação e a formação de professores 
 
Apresentação da aula 3 
 
Na aula anterior vimos que as desigualdades de acesso e do uso das TICs 
representam um desafio à formação de alunos. Nessa aula, discutiremos a 
necessidade de integrar a cultura das mídias à educação para que a escola 
possa ser um espaço de formação crítica para a emancipação das pessoas. 
Discutiremos as diferenças entre educar com, para as mídias e por meio 
das mídias. Veremos que os indivíduos constroem o conhecimento nas suas 
relações com o mundo e que a interatividade é fundamental nesse processo. A 
interatividade depende da comunicação bidirecional e dialógica, que adquire 
força na era da informação, na medida em que as TICs fornecem uma interface 
de diálogo e não somente de recepção de informação. 
 
3.1 Educação para e por meio das mídias 
 
Sabemos que os novos sistemas de comunicação possibilitam novas 
formas de aprender, de construir o pensamento e de se expressar por meio de 
diversas linguagens. Entretanto, na contramão da rápida evolução tecnológica, 
 
 
34 
 
a educação continua presa a um sistema em que prevalece o rigor da linguagem 
escrita por meio de livros, artigos e exposição oral da informação. 
 
 Saiba mais 
Em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura 
(Unesco) publicou as Diretrizes de políticas da Unesco para a Aprendizagem 
Móvel (Unesco, 2014), em que recomenda aos países que repensem suas 
políticas de utilização de dispositivos móveis em sala de aula, disponível no link: 
http://www.bibl.ita.br/UNESCO-Diretrizes.pdf 
 
 
A aprendizagem móvel envolve o uso de tecnologias móveis, 
isoladamente ou em combinação com outras tecnologias de 
informação e comunicação (TIC), a fim de permitir a aprendizagem a 
qualquer hora e em qualquer lugar. A aprendizagem pode ocorrer de 
várias formas: as pessoas podem usar aparelhos móveis para acessar 
recursos educacionais, conectar-se a outras pessoas ou criar 
conteúdo, dentro ou fora da sala de aula. A aprendizagem móvel 
também abrange esforços em apoio a metas educacionais amplas, 
como a administração eficaz de sistemasescolares e a melhor 
comunicação entre escolas e famílias (UNESCO, 2014). 
 
O documento recomenda que as escolas não proíbam a tecnologia móvel 
em sala de aula, defendendo que a utilização de celulares e de outras TICs 
devem ser de escolha de professores, alunos e escolas, de modo que as mídias 
possam ser utilizadas no contexto da Educação (Unesco, 2014). 
 
 Saiba mais 
De acordo com o projeto de lei 2.247 de 2007, é vedada o uso de aparelhos 
eletrônicos portáteis sem fins educacionais em salas de aula ou quaisquer 
outros ambientes em que estejam sendo desenvolvidas atividades educacionais 
nos níveis de ensino fundamental, médio e superior nas escolas públicas no 
País, disponível no link: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mos 
trarintegra?codteor=517286 
 
A Unesco reconhece que o conhecimento não pode ser expresso somente 
pela linearidade da palavra escrita. É necessário compreender que diferentes 
modalidades de comunicação integram a prática pedagógica, os chamados 
multiletramentos. Ser alfabetizado no século XXI significa ser fluente no idioma 
pátrio e também dominar as linguagens e os códigos da Cultura Digital. 
http://www.bibl.ita.br/UNESCO-Diretrizes.pdf
 
 
35 
 
No novo contexto social, a integração da educação com as TICs torna-se 
um importante fator para a formação de pessoas que exercem ativamente a sua 
cidadania. A alfabetização possibilita a consciência, a compreensão do mundo e 
a participação cidadã. A inclusão digital deve garantir que todas as pessoas 
possam se apropriar das TICs de forma crítica, para buscar a emancipação e a 
construção da cidadania. A mídia educação deve, portanto, atender a essa 
necessidade de afluência da educação para a cidadania. 
Além disso, é importante frisar que estamos educando nossos alunos para 
serem produtores da informação e não apenas receptores críticos. Educar, 
portanto, não se limita somente à transmissão e repetição de informações, para 
que elas fiquem retidas na memória do aluno. É necessário que a cultura das 
mídias seja integrada à educação para que a escola possa ser um espaço de 
formação crítica para a emancipação do sujeito. Mais do que educar com as 
mídias, em que a mídia é utilizada apenas como instrumento de apoio para o 
professor, é necessário pensar na educação para e por meio da mídia. 
A educação com as mídias trata a tecnologia de forma puramente 
instrumental. Nesta perspectiva, a mídia é vista como um recurso a ser utilizado 
pelos professores para otimizar o tempo que seria gasto com a escrita na lousa 
e também para enriquecer a ilustração do conteúdo. É importante notar que 
mesmo em ambientes que dispõem da tecnologia mais atual, podem existir 
docentes que privilegiam uma educação transmissiva, em que eles falam e os 
alunos apenas ouvem. 
Já a educação para as mídias, também conhecida como mídia-
educação, tem como objetivo desenvolver competências para a análise crítica 
de mensagens, seja em notícias ou entretenimento, a fim de reforçar as 
capacidades dos indivíduos autônomos e usuários ativos (Unesco, 2007, p. 2). 
Em outras palavras, a educação para a mídia diz respeito à apropriação crítica 
das tecnologias e do conteúdo informativo das mídias. Nessa perspectiva, 
estamos rompendo com a lógica de proibição da utilização das TICs nos 
processos de ensino e aprendizagem, e, ao mesmo tempo, propondo o 
desenvolvimento de um olhar crítico sobre as tecnologias e as mídias. 
A educação para as mídias envolve analisar o conteúdo e a forma dos 
textos midiáticos, e refletir sobre os contextos sociais em que eles são 
produzidos e consumidos (FANTIN, 2013). Quando Fantin fala em “refletir sobre 
 
 
36 
 
os contextos sociais em que eles são produzidos e consumidos”, significa, por 
exemplo, esclarecer que as tecnologias e as mídias não são neutras, já que elas 
são desenvolvidas a partir de visões altamente ideológicas de como a sociedade 
deveria funcionar. 
 
 
Educação para as mídias – a análise crítica 
Fonte: https://www.geledes.org.br/escola-de-frankfurt-critica-sociedade-de-comunicaca 
o-de-massa/ 
 
Na educação para as mídias, cabe ao professor fazer com que os alunos 
reflitam sobre as relações entre o consumo desenfreado de novas tecnologias, 
o ciclo de vida do produto e a necessidade de desenvolvermos soluções mais 
sustentáveis. Como dissemos anteriormente, o desenvolvimento de novas 
tecnologias está fortemente ancorado sobre uma base econômica voltada para 
o lucro, favorecendo o interesse de determinados grupos em detrimento dos 
interesses da maioria (comunidades locais, trabalhadores e meio ambiente). 
 
 Mídias 
Recomendo que você assista ao documentário Além do cidadão Kane, 
produzido pela BBC de Londres, sobre a hegemonia da Rede Globo de Televisão 
no Brasil, publicado em 3 de maio de 2012. 
 
Além de fazer os alunos pensarem sobre a questão da tecnologia, é 
fundamental que eles desenvolvam um olhar crítico sobre o conteúdo das 
mídias, que, muitas vezes, tende a naturalizar as desigualdades e legitimar o 
domínio de alguns grupos sobre outros. Para evitar que nossos alunos se tornem 
receptores passivos, sem qualquer capacidade de reflexão ou de julgamento 
sobre as mensagens que recebem, é necessário estimulá-los para que eles 
 
 
37 
 
possam desenvolver sua própria visão crítica. Na educação para as mídias, as 
mídias são vistas como uma oportunidade de expandir o potencial da própria 
educação. 
Por fim, a educação por meio da mídia significa “incentivar a produção, 
a criatividade e interatividade nas diferentes áreas da mídia e comunicação” 
(Unesco, 2007, p. 2). Essa última dimensão diz respeito, sobretudo, à habilidade 
de produção na escola, onde a educação acontece. Nessa dimensão, os alunos 
aprendem a usar as TICs para pesquisar, processar, desenvolver e criar um 
conhecimento alinhado à nossa realidade social, cultural e econômica, que tenha 
como objetivo principal a formação cidadã. 
 
Um modelo de sucesso na América do Norte “vira as salas de aula de 
cabeça para baixo”, pedindo aos estudantes que assistam às aulas 
expositivas fora da escola – normalmente em aparelhos móveis que 
eles possam levar para todos os lugares. Isso torna possível que mais 
tempo em sala de aula seja dedicado à aplicação de conceitos 
referentes às matérias, ao invés de sua mera transmissão. Tarefas que 
antes eram realizadas na escola, tornam-se deveres de casa, e o 
trabalho em sala de aula enfatiza mais os aspectos sociais da 
aprendizagem. (UNESCO, 2014, p.18). 
 
Podemos concluir que a educação para a mídia é um pré-requisito 
indispensável para a educação por meio da mídia. 
 
 
Estamos formando cidadãos ou números para o consumo de massa? 
Fonte: https://canaltech.com.br/entretenimento/admiravel-mundo-novo-previsoes-para-
um-mundo-contemporaneo-67205/ 
 
Diante da velocidade das mudanças tecnológicas e culturais, não há como 
prever quais serão os conhecimentos necessários para viver em sociedade e 
inserir-se no mundo do trabalho daqui a alguns anos (FANTIN, 2013). Os alunos 
 
 
38 
 
devem ser preparados para administrar o processo de construção do 
conhecimento, não somente no ambiente escolar. Esse processo de 
aprendizagem deve ser pensado como uma ação continuada que acompanha 
os indivíduos ao longo da vida. 
 
 Mídias 
Assista ao vídeo sobre alguns fatos surpreendentes sobre o mundo digital, a 
evolução da tecnologia da informação e as mudanças na sociedade e nos 
negócios do mundo. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=b 
TM06NZOyDQ 
 
3.2 Mídia educação na formação de professores 
 
Diante da necessidade de educar as pessoas para as mídias, a Unesco, 
em 1982, adotou uma Declaração comum que reconhece a enorme importância 
das mídias, tanto na cultura contemporânea quanto na vida cotidiana, na medida 
em que promove participação ativa do cidadão na sociedade. Na Declaração de 
Grünwald (Unesco, 1982),a mídia-educação é definida como uma formação 
para a compreensão crítica das mídias, em que se reconhece o papel potencial 
das mídias na promoção da expressão criativa e da participação dos cidadãos 
(BÉRVOT; BELLONI, 2009). Este documento considera que as pessoas 
precisam se apropriar do conteúdo informativo das mídias de forma crítica e 
utilizá-las como meios de expressão de opinião e de criatividade. 
A partir dessa época, começa a se construir a noção da mídia-educação 
como: 
 
 Formação para a apropriação e uso das mídias; 
 Ferramenta de expressão pessoal e participação política para 
todos os cidadãos; 
 Ferramenta pedagógica para o professor (BÉRVOT; BELLONI, 
2009). 
 
 
 
39 
 
Criada em 2007 para promover a mídia-educação, a Agenda de Paris, 
elaborou uma série de recomendações de ações prioritárias, sendo cinco delas 
voltadas à formação de professores: 
 
 Integrar a mídia-educação à formação inicial dos professores, 
buscando abordar as dimensões conceituais e os saberes práticos, 
e basear-se no conhecimento das práticas midiáticas dos alunos; 
 Desenvolver métodos pedagógicos apropriados e ativos, sem 
receitas prontas, que ampliem o papel do professor e promovam 
uma maior participação dos alunos e mais conexões entre a escola 
e o mundo exterior; 
 Mobilizar atores do sistema escolar para que todos assumam a 
responsabilidade de promover a mídia-educação; 
 Mobilizar atores da esfera pública, pois a mídia-educação não se 
limita aos espaços escolares, mas diz respeito também às famílias, 
associações e profissionais de mídia; 
 Inscrever a mídia-educação no quadro da educação ao longo da 
vida, pois ela diz respeito também aos adultos, podendo ser vetor 
de uma melhor qualidade da educação continuada (BÉRVOT; 
BELLONI, 2009). 
 
 
O papel do professor 
Fonte: https://blog.conexiaeducacao.com.br/conheca-os-pros-e-contras-da-tecnologia-
na-sala-de-aula/ 
 
Diante do fato de que, ainda hoje no Brasil, as escolas apresentam 
dificuldades para a inserção das TICs e da cultura midiática nas práticas 
 
 
40 
 
educativas, é necessário, além do investimento em infraestrutura, desmistificar 
o uso das tecnologias em sala de aula. Entretanto, deve-se buscar um equilíbrio 
na utilização dos recursos midiáticos, evitando tanto a tecnofilia quanto a 
tecnofobia: 
 
Pode-se usar o termo “tecnofilia” para quem aprecia em excesso, e o 
termo “tecnofobia” para quem aprecia de menos. A questão mais árdua 
será definir o que seria excesso, bem como o que seria uma posição 
equilibrada. Não pretendo resolver essa pendenga, mas apenas 
discutir posicionamentos mais e menos oportunos perante as novas 
tecnologias, em especial no campo da educação. (DEMO, 2009, p. 5). 
 
A Unesco (2014) recomenda o desenvolvimento das seguintes políticas 
para o treinamento dos professores: 
 
 Priorizar o desenvolvimento profissional dos professores. O 
sucesso da aprendizagem móvel depende da capacidade dos 
professores em utilizar e ampliar as vantagens educacionais dos 
aparelhos móveis; 
 
 Fornecer treinamento técnico e pedagógico introduzindo soluções 
e oportunidades de aprendizagem móvel. Alguns professores ainda 
não sabem como utilizar as ferramentas disponíveis nos 
smartphones; 
 
 Estimular os institutos de formação de professores a incorporar a 
aprendizagem móvel em seus programas e currículos; 
 
 Fornecer oportunidades para que educadores compartilhem 
estratégias para a integração efetiva de tecnologias em instituições 
com recursos e necessidades semelhantes; 
 
 Oferecer parte da formação de professores via tecnologias móveis. 
Essa abordagem pode complementar, mas não deve substituir a 
formação presencial. 
 
 
 
41 
 
É necessário, portanto, repensar a formação de professores para que 
estes possam desenvolver competências e habilidades, tanto na formação inicial 
quanto na continuada. As competências podem ser definidas como uma 
mobilização de conhecimentos e esquemas que são utilizados pelo indivíduo 
para desenvolver soluções inéditas para diferentes problemas. A habilidade está 
ligada ao saber fazer. Compreender fenômenos, analisar, processar e relacionar 
informações são exemplos de habilidades. É necessário, portanto, que os 
professores desenvolvam uma competência que lhes permita trabalhar com as 
tecnologias com ações que potencializem a reflexão diante de novas situações-
problema. 
A ideia é a de que tanto a formação inicial quando a formação continuada 
preparem os professores para desenvolverem competências e habilidades 
integradas ao atual contexto social, cultural e tecnológico. De acordo com Fantin 
(2012), o currículo da formação de professores deve contemplar a comunicação, 
a cultura das mídias e as novas tecnologias, para que o profissional possa 
desenvolver uma relação emancipatória com as mídias. É necessário que o 
professor se sinta capacitado para educar os alunos para as mídias e por meio 
das mídias, a partir de uma abordagem crítica, instrumental e expressivo-
produtiva (RIVOLTELLA, 2002). 
Na atualidade, os alunos tendem a ser mais questionadores e menos 
satisfeitos em relação ao que é imposto pelos moldes tradicionais da educação. 
É necessário que o professor, imigrante digital, conheça o percurso que o 
estudante faz para construir a aprendizagem. Nesse sentido, é importante 
ressaltar que muitos professores não possuem referências da cultura digital atual 
que os permita selecionar os estímulos para usar em aula. 
Entretanto, ainda que faltem referências em relação à games, animações 
e outros conteúdos que interessam aos alunos, grande parte dos professores 
transita com grande facilidade pelas novas mídias (Facebook, Youtube, 
Instagram) para uso pessoal. Para Fantin (2012), a formação inicial pode 
contribuir para problematizar essa questão, pois é necessário que o professor 
construa essa competência para ser utilizada no dia a dia. 
 
 
 
42 
 
 
Fragmentos da Cultura digital 
Fonte: https://startupi.com.br/2018/04/apps-precisam-ser-a-traducao-de-uma-experien 
cia-real/seo-apps/ 
 
É necessário criar condições para o desenvolvimento de uma 
competência em mídia-educação para que o professor possa selecionar 
fragmentos da cultura digital que possam ser utilizados em aula. A formação de 
professores deve exemplificar com casos reais a utilização de mídias de forma 
divertida em sala de aula. 
Essa perspectiva de mídia-educação implica a adoção de uma postura 
crítica e, ao mesmo tempo, criadora de capacidades comunicativas para poder 
avaliar ética e esteticamente o que está sendo oferecido pelas mídias (Fantin 
2012). Professores devem poder interagir com o conteúdo, buscando produzir 
conteúdo e educar seus alunos para a cidadania. 
 
 
Criação de capacidades comunicativas 
Fonte: http://xalingo.com.br/conexao/2016/02/24/10-maneiras-simples-para-voce-ino 
var-na-sala-de-aula/ 
 
É importante enfatizar que a formação do docente não deve se restringir 
aos cursos de formação inicial, pois um curso não é a práxis do futuro professor. 
http://xalingo.com.br/conexao/2016/02/24/10-maneiras-simples-para-voce-inovar-na-sala-de-aula/
http://xalingo.com.br/conexao/2016/02/24/10-maneiras-simples-para-voce-inovar-na-sala-de-aula/
 
 
43 
 
Em outras palavras, um curso não é a prática docente, mas a teoria sobre a 
prática docente. A formação do professor deve conduzi-lo a uma prática social 
crítica, baseada na ação-reflexão-ação. 
Para Freire (1996), a ideia de formação continuada parte da “condição de 
inacabamento do ser humano e a consciência desse inacabamento”. Para esse 
autor, a formação continuada baseia-se em um processo contínuo do 
desenvolvimento profissional do professor perante a interligação entre sua 
formação inicial e sua vivência prática, ao longo do exercício da sua profissão. 
De acordo com Freire (1996), a formação continuada tem como objetivo 
incentivar a apropriaçãode saberes rumo a uma autonomia que o leve de fato a 
uma prática crítico-reflexiva como podemos ver: 
 
Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é 
o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente sobre a 
prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. 
O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de tal 
modo concreto que quase se confunde com a prática. (FREIRE, 1996, 
p.39). 
 
Em outras palavras, a reflexão crítica sobre a prática é saber pensar a 
própria profissão. Mais do que compreender a relação entre o consumismo, a 
poluição e o esgotamento dos recursos naturais, é importante que o professor 
seja capaz de refletir sobre as relações entre a tecnologia e a educação em uma 
dimensão mais profunda. Ele deve saber identificar, por exemplo, situações em 
que a tecnologia é utilizada no ensino não com a intenção de ampliar o caráter 
científico da aula, mas para servir aos interesses econômicos de grupos que 
desejam apenas intensificar a comercialização do uso da tecnologia na 
educação. 
Como foi dito anteriormente, as tecnologias não são neutras, podendo 
promover desigualdades e o domínio de determinados grupos sobre outros. 
Alguns desses grupos são claramente motivados a usar a educação, 
prejudicando a qualidade do ensino para produzir melhores resultados 
financeiros. 
Além da questão da comercialização do uso da tecnologia na educação, 
devemos ter em mente que o uso intensificado da tecnologia pode promover 
desigualdades, considerando que nem todos os alunos tem a mesma facilidade 
de acesso às mídias digitais fora do ambiente escolar. Sem reforçar o caráter 
 
 
44 
 
ideológico da educação, corremos o risco de achar que a tecnologia é solução 
para tudo, sem considerar problemas e limitações profundamente enraizados na 
educação brasileira. 
A formação de professores deve, portanto, estimular debates na esfera 
ideológica que busquem reforçar os objetivos e as prioridades da educação. A 
atividade docente requer consciência e posicionamento crítico em relação à 
utilização dos recursos midiáticos. Para Rosa e Silva (2016), a inserção de 
recursos midiáticos deve ser definida de acordo com os planejadores das 
políticas educacionais, mas, sua concretização se faz na prática, no campo da 
ação de professores e alunos. 
 
Conclusão da aula 3 
 
Vimos nessa aula que a inclusão digital deve garantir que todas as 
pessoas possam se utilizar das TICs de forma crítica, para buscar a 
emancipação e a construção da cidadania. Estamos educando nossos alunos 
para serem produtores da informação e não apenas receptores críticos. 
É necessário que a cultura das mídias seja integrada à educação para 
que a escola possa ser um espaço de formação crítica para a emancipação do 
sujeito. Mais do que educar com as mídias, em que a mídia é utilizada apenas 
como instrumento de apoio para o professor, é necessário pensar na educação 
para e por meio da mídia. 
A educação para a mídia diz respeito à apropriação crítica das tecnologias 
e do conteúdo informativo das mídias. Na educação por meio das mídias, os 
alunos aprendem a usar as TICs para pesquisar, processar, desenvolver e criar 
um conhecimento alinhado à nossa realidade social, cultural e econômica. 
Terminamos a aula falando sobre a importância de se inserir a mídia-
educação na formação dos professores. A ideia é a de que tanto a formação 
inicial quando a formação continuada prepare os professores para desenvolver 
competências e habilidades integradas ao atual contexto social, cultural e 
tecnológico. É necessário que o professor se sinta capacitado para educar os 
alunos para as mídias e por meio das mídias, a partir de uma abordagem crítica, 
instrumental e expressivo-produtiva. 
 
 
 
45 
 
Atividades de aprendizagem 
Sabemos que os novos sistemas de comunicação possibilitam novas formas 
de aprender, de construir o pensamento e de se expressar por meio de 
diversas linguagens. Entretanto, na contramão da rápida evolução 
tecnológica, a educação continua presa a um sistema em que prevalece o 
rigor da linguagem escrita, por meio de livros, artigos e exposição oral da 
informação. Com base em seu conhecimento próprio e o adquirido nas aulas 
faça uma dissertação argumentativa referente ao assunto abordado. 
 
 
 
 
Aula 4 - Recursos midiáticos na educação 
 
Apresentação da aula 4 
 
Vimos anteriormente que é necessário que a cultura das mídias seja 
integrada à educação para que a escola possa ser um espaço de formação 
crítica para a emancipação do sujeito. Mais do que educar com as mídias, em 
que a mídia é utilizada apenas como instrumento de apoio para o professor, é 
necessário pensar na educação para e por meio das mídias. 
Também falamos sobre a formação de professores quanto às 
competências que devem dialogar com a realidade dos alunos e integradas ao 
atual contexto social, cultural e tecnológico. Nesta aula, falaremos sobre o papel 
da interatividade na aprendizagem e na utilização de Internet e jogos em 
atividades educativas. 
 
4.1 A interatividade na aprendizagem 
 
As mídias desempenham um papel cada vez mais importante na cultura 
contemporânea. Sua apropriação crítica e criativa é imprescindível para o 
exercício da cidadania (BÉRVOT; BELLONI, 2009). Segundo V. Reding, da 
Comissão Européia, “a mídia-educação é hoje tão necessária ao exercício 
completo de uma cidadania ativa quanto era no início do século 19, o domínio 
da leitura e da escrita” (disponível em: <www.euromedialiteracy.eu>). 
 
 
46 
 
Além disso, as mídias possibilitam novos modos de perceber a realidade, 
de aprender, de produzir e difundir conhecimentos e informações. São 
importantes para as novas gerações, na medida em que funcionam como 
instituições de socialização, uma espécie de “escola paralela” (BÉRVOT; 
BELLONI, 2009). A seguir, iremos discutir a interatividade no aprendizado e 
veremos que não existe apenas uma, mas diversas formas de aprender. 
 
4.1.1 Formas de aprender e formas de ensinar 
 
A maneira como cada pessoa compreende, assimila e retém informações 
diz respeito ao seu tipo de aprendizagem. O planejamento do ensino deve 
considerar diferentes tipos de aprendizagem para elevar a qualidade dos 
resultados. Compreender os diferentes estilos de aprendizagem pode ampliar a 
motivação, a concentração e a retenção do conhecimento. 
 
 Mídias 
Existem diversas metodologias para identificar os estilos de aprendizagem, 
disponível no link: http://vark-learn.com/the-vark-questionnaire/the-vark-questio 
nnaire-for-younger-people/ 
 
Por meio do método Vark, é possível identificar quatro estilos 
predominantes de aprendizagem: 
 
 Visual: quem possui um perfil de aprendizado predominantemente 
visual prefere absorver imagens, cores, vídeos e livros com 
gráficos, figuras e um bom layout. Para obter melhores resultados 
nos estudos, os alunos com essa característica devem utilizar 
diferentes cores para a memorização, elaborar fluxogramas, 
gráficos, fazer anotações e desenhar figuras. 
 Leitura e escrita: quem prefere aprender lendo e escrevendo 
absorve informações por meio de textos e da exposição oral dos 
professores. Para obter melhores resultados nos estudos, esses 
http://vark-learn.com/the-vark-questionnaire/the-vark-questionnaire-for-younger-people/
http://vark-learn.com/the-vark-questionnaire/the-vark-questionnaire-for-younger-people/
 
 
47 
 
alunos precisam fazer anotações escrever e reescrever o que 
aprenderam, e formular resumos. 
 Aural: é a pessoa que memoriza a palavra falada. Esse é um aluno 
que aprende assistindo a aula, ouvindo a exposição oral dos 
professores, participando de seminários e discussões, e explicando 
verbalmente o que aprendeu. 
 Cinestésico: é o aluno que prefere aprender fazendo. Para essas 
pessoas, as informações adquirem valor quando podem ser 
vivenciadas em experiências

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