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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS – UNIFTC VÍTOR GABRIEL FERREIRA DOS SANTOS TEXTO CRÍTICO SOBRE O FILME TROPA DE ELITE FAZENDO PARALELO COM AS ESCOLAS CLÁSSICA E POSITIVA Vitória da Conquista - Bahia 2022 CENTRO UNIVERSITÁRIO FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS – UNIFTC VITOR GABRIEL FERREIRA DOS SANTOS TEXTO CRÍTICO SOBRE O FILME TROPA DE ELITE FAZENDO PARALELO COM AS ESCOLAS CLÁSSICA E POSITIVA Projeto apresentado a disciplina de Criminologia, com o objetivo de construção do conhecimento crítico, desenvolvido pelo aluno do 1º período, matutino, unidade de Vitória da Conquista. Vitória da Conquista - Bahia 2022 TEXTO CRÍTICO SOBRE O FILME TROPA DE ELITE FAZENDO PARALELO COM AS ESCOLAS CLÁSSICA E POSITIVA Vitor Gabriel Ferreira dos Santos BREVE SÍNTESE DO FILME: TROPA DE ELITE Lançamento: 17 de agosto de 2007 Escritores: Rodrigo Pimentel; Luiz Eduardo Soares e André Batista. O filme dá início com um tiroteio, em uma favela durante um baile funk. No qual a polícia e os traficantes trocam tiros com armas com o mesmo potencial ofensivo. Mas como é que traficantes têm acesso a armas tão poderosas? Ainda nos primeiros minutos de filme, enquanto vemos um baile funk acontecendo, Capitão Nascimento, personagem apresentado mais adiante, conta que a paz na favela depende do delicado equilíbrio entre a munição dos bandidos e a corrupção dos policiais. Ou seja, para preservar a própria vida, tanto bandidos quanto policiais convencionais fazem acordos de compra de silêncio e armamento pesado, em troca de uma favela “mais pacífica”. Logo após esse choque inicial, sob a narração do capitão Nascimento somos apresentados ao BOPE – Batalhão de Operações Especiais – que é um braço da polícia militar, formada por 100 agentes que são formados para a guerra, que tem como marca uma caveira com 2 facas enfiadas, em nenhum momento o filme esconde a finalidade que essa força especial foi criada, que foi para matar. O morro que o filme se estabelece é o Turano, na cidade do Rio de Janeiro, o filme antecede a chegada da autoridade máxima da igreja católica, o Santo Papa, que ficará hospedado na favela, portanto, a missão da força especial BOPE é pacificar esse morro em um intervalo de tempo de 3 meses. O filme não romantiza em nenhum momento a vivência na favela e a relação da polícia com o morro, é uma sequência de invasões ao Morro do Turano, a fim de derrubar o líder do morro de codinome Baianinho e durante essas operações muito derramamento de sangue, inclusive de inocentes. É notório que a polícia/Estado são ineficazes, tanto a segurança não existe como o morro é repleto de miséria do morro. Algo que me incomodou no filme é visão um pouco romântica a cerca da atuação policial, como se justificasse os meios por um determinado fim, na mesma hora me lembro a famosa frase do livro “o príncipe” de Maquiavel que o fim justiça os meios, que para obter êxito, tudo é permitido, como crueldade e hipocrisia. DA ESCOLA CLÁSSICA A escola clássica tem o entendimento que o agente (homem médio) que ia contra o que estava estabelecido nas normas, de forma a violá-la era, portanto, considerado infrator, pois por sua vez quebrava o contrato social. Ao fazer o paralelo com o filme é possível notar que tanto a polícia quanto os traficantes são infratores. Escola Clássica, percebe-se que esta apresenta outras circunstâncias quanto à motivação do sujeito para infringir a lei, aqui, foca-se na decisão individual do sujeito, retirando o determinismo das análises. As ações dos indivíduos estão centradas em sua vontade própria e por isso não existem características que possam determinar um infrator sem que haja uma atividade ilegal. A polícia por estar totalmente corrompida, por não seguir nem as leis internas que fez o juramente de respeitar. Logo no início do filme é notório o quanto o sistema está quebrado, vemos policiais vendendo armas de poderio militar para os traficantes, a corrupção em um nível que se põem em risco por causa do dinheiro. Os assassinatos que eles executavam em nome próprio, além da tortura de cidadãos em busca de informações. O BOPE age no filme como poder polícia, como investigador de crimes, como promotor, pois são aqueles que acusam e como juízes, agindo na aplicação da pena máxima, a pena de morte. Não seria, portanto, a luz da Escola Clássica, os policiais infratores estatais? No que tange ao crime organizado a sua existência por si só já fere ao Estado democrático de Direito. Mas para além disso, é uma rede de distribuição de drogas, de medo e instabilidade para as pessoas da comunidade, o que certamente os tornam a luz da escola clássica como infratores. Além disso, agem como Estado dentro das comunidades, pois fazem a segurança, criaram um tribunal próprio, o “tribunal do crime”, no qual eles acusam e executam também a pena, sem direito a contraditório e ampla defesa. Um ponto interessante da escola clássica é que ela acredita na mudança, não foca no determinismo, portanto acreditam que os criminosos podem ser recuperados através de punições. DA ESCOLA POSITIVA Em contrapartida a escola clássica, os positivistas defendiam o determinismo, que os delinquentes, uma vez que tinham determinadas características individualizadoras, tais como tatuagens, classe social e raça. O criminoso, portanto, não tem livre arbítrio. O autor mais conhecido dessa escola, é Lombroso, que em sua obra trouxe as características do individuo que necessariamente vai ser delinquente: protuberância occipital, órbitas grandes, testa fugidia, arcos superciliares excessivos, zigomas salientes, prognatismo inferior, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária defeituosa, braços excessivamente longos, mãos grandes, anomalias dos órgãos sexuais, orelhas grandes e separadas, polidactia. Sendo assim, é possível notar que essa teoria não se sustenta no filme, pois, o principal traficante não corresponde as características descritas acima. Além disso, podemos ver o policial Matias que, ainda tenham muitas das características acima em nenhum momento se deixou corromper para o crime. CONSIDERAÇÕES FINAIS O filme me impactou bastante, sendo a primeira vez que assisti, pois é de uma qualidade imensurável, muito realista e com atuações muito boas. Além disso, mostrou a realidade das comunidades, em especial a do rio, mas que é a realidade da grande maioria das favelas, que é comandada por traficantes e que entram em confronto diariamente com a polícia, resultando em uma guerra não declarada. Além disso, é possível notar o quanto o Estado falhou com essas comunidades, algo que já foi debatido em aula, a expansão do tráfico nesses ambientes é culpa também da ausência quase que total de políticas públicas. Outro ponto que me chamou bastante atenção foi o da corrupção policial, a própria polícia é sua inimiga, o tráfico não consegue produzir seu armamento e na ganância humana, na pessoa da polícia, vende esses armamentos para essas organizações criminosas. Foi de suma importância essa atividade, pois consegui ver uma realidade pouco conhecida, que é por dentro da polícia e dentro das organizações criminosas e como elas funcionam, suas hierarquias e seus regimentos internos.
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