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Análise de Editorial: No Limite do Pavor

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Estudo de Textos III - Maria Alice de Mello Fernandes - UNIGRAN
85
Caros alunos,
Chegamos ao final de nossa disciplina. Gostaram de nossas aulas? Sentem-se mais
seguros para escrever, compreender e analisar um texto argumentativo?
Pois bem, para encerrar nossas atividades, proponho que vocês leiam a análise de um
editorial. O aporte teórico para análise é de Antonio Suarez de Abreu, mostrado na obra A
Arte de Argumentar: gerenciando razão e emoção, cuja leitura foi solicitada na primeira aula.
Depois, leia o outro editorial e realize a análise, tendo a primeira como parâmetro.
Pode ser feita em dupla ou trio e ser simplificada.
LIMA, Roberta de Toledo. ANÁLISE DO EDITORIAL “NO LIMITE DO
PAVOR”. Disponível em: http://www.paratexto.com.br/document.php?id=525. Acesso
realizado em 05/08/2007.
ANÁLISE DO EDITORIAL “NO LIMITE DO PAVOR”
31/05/2004
por Roberta de Toledo Lima
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Estudo de Textos III - Maria Alice de Mello Fernandes - UNIGRAN
ANÁLISE DO EDITORIAL “No Limite do Pavor”
24/05/2004 por Roberta de Toledo Lima
Aluna do Curso de Letras/Inglês – PUC/SP
RESUMO:
Apresenta num primeiro momento uma breve análise do editorial “No Limite do
Pavor”, retirado do site do Jornal da Tarde (http://txt.jt.com.br/editorias/editoriais.html)
no dia 12 de abril de 2004. Demonstra também uma análise baseada na obra “A Arte de
Argumentar” – Gerenciando Razão e Emoção, de Antônio Suarez Abreu, 2000, SP: Ateliê
Editorial. Constatou-se, na primeira análise, o uso de operadores ou marcadores
argumentativos e, na segunda análise, o uso da retórica, na tentativa do ethos de persuadir
o pathos, através de seu logos. Para isso, o autor emprega táticas argumentativas como
“tese de adesão inicial”, “tese principal”, utiliza a “argumentação pelo exemplo”,
“argumentação pelo antimodelo”, “argumentação pela analogia”, alguns “lugares de
argumentação”, etc, todos muito comuns no gênero argumentativo. Palavras-chave: retórica,
argumentação, convencer, persuadir.
INTRODUÇÃO:
Este trabalho é composto por duas partes, na primeira pretendemos detectar o
aparecimento de determinados elementos na sintaxe do discurso identificados como
marcadores discursivos que são elementos gramaticais que têm a função de orientar a
argumentação em um texto. No artigo analisado, foram encontrados alguns operadores, como
de adição, contraste, comparação, delimitação, finalidade, conformidade e condição. O
auditório é o conjunto de pessoas que queremos convencer ou persuadir, daí a importância
de fatores como os operadores argumentativos, que tem por principal objetivo auxiliar o
auditório a alinhar os seus pontos de vista. Na segunda parte, foi feita uma análise do mesmo
editorial segundo as idéias de argumentação de Antônio Suárez. Para o autor, o uso correto
da retórica é essencial para que o auditório seja convencido e/ou persuadido. Ele acredita
que saber argumentar é saber integrar-se ao universo do outro. E também é obter aquilo que
queremos, mas de modo cooperativo e construtivo, desse modo a nossa verdade e a verdade
do outro viram uma só, há uma troca. Os conceitos mais importantes deste trabalho são:
CONVENCER e PERSUADIR. Segundo Suárez, Convencer “é saber gerenciar informação,
é falar à razão do outro, demonstrando, provando”. Para ele há uma relação etimológica,
que apresenta convencer como VENCER JUNTO COM O OUTRO, e não como muitas
vezes pensamos CONTRA O OUTRO. Já persuadir “é saber gerenciar relação, é falar à
emoção do outro”. Nessa segunda parte da análise, encontrou-se várias táticas argumentativas
como dito acima no resumo.
DESENVOLVIMENTO:
1ª ANÁLISE: Os marcadores discursivos que têm como principal objetivo orientar
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Estudo de Textos III - Maria Alice de Mello Fernandes - UNIGRAN
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a argumentação em um texto, guiar o auditório tornando mais fácil o entendimento e a formação
da opinião. Nesta primeira análise, foram encontrados os seguintes operadores: de adição,
de contraste, de comparação, de delimitação, de finalidade, de conformidade e de condição.
Percebemos também o uso da repetição de períodos curtos, orações independentes entre si.
Isto é característica marcante deste texto, e é classificado, segundo Perelman e Suárez como
um importante recurso de apresentação, na persuasão. Esses marcadores estão sinalizados
em azul no texto a seguir, para uma melhor visualização pelo leitor.
No Limite do Pavor
Na Semana Santa de 2004, os demônios andaram soltos no Rio. Houve assaltos e
assassinatos, inocentes morreram, generalizou-se a barbárie. A invasão da Rocinha mobilizou
tropas de celerados violentíssimos e(adição) conflagrou a cidade. A tristeza, medo, o pavor
e(adição) a indignação impotente dominaram a população do Rio.
A polícia fez o que pôde (e(contraste) pôde pouco). Agiu no limite da coragem,
valendo-se dos equipamentos disponíveis. Chegou até os limites a que a precariedade de
meios permite chegar. Durante quatro dias, o Rio de Janeiro sofreu sucessivos massacres
impostos por terroristas do narcotráfico. Contemplou-se a mais perturbadora demonstração
da falência dos princípios da autoridade e da ordem constituída. A tragédia carioca não
começou no fim de semana: tem origens remotas. Resulta de uma longa história de
esgarçamento do tecido de proteção civil contra a marginalidade. O convívio promíscuo com
a ideologia encarcerada nos anos de chumbo induziu o crime a um salto de qualidade. Bandos
se organizaram, evoluíram em ferocidade e poder de fogo. A polícia continuou a agir
como(comparação) na época em que detetives subiam o morro a pé, com um revólver e
poucas balas, para caçar bandidos que, famosos naqueles tempos, hoje não passariam de
mensageiros a serviço de chefões de altíssimo calibre. O governo federal tem culpa muito
pesada nesse cartório. Ficou claro no episódio da Rocinha que o Rio, sozinho, não conseguirá
resolver o problema do narcotráfico nas favelas. O Estado não produz armas nem(adição)
drogas. Tudo chega pelas fronteiras cujo controle é de responsabilidade exclusiva da União.
O governo federal está devendo à população do Rio mais do que uma explicação: deve a
materialização do Sistema Único de Segurança e um plano nacional de ação para o combate
ao crime organizado(adição). Ao discorrer na televisão sobre a violência na Rocinha, o ministro
da Justiça nada disse de novo. Foi um replay de pronunciamentos já tediosos. A idéia de
cercar a Rocinha com muros de três metros de altura soa como(conformidade)piada de
péssimo gosto. Como pretender que o crime organizado - cujo comando não respeita sequer
as grades ou muralhas do Complexo de Bangu - se detenha nos limites anedóticos de um
feudo encravado nos morros de São Conrado? Além do mais(adição – introdução de
argumento mais forte), seria maldosamente infame condenar quase 50 mil moradores da favela
ao confinamento num campo de concentração com vista para o mar. Em lugar de raciocinar
pelo absurdo, o governo deve habituar-se à idéia de agir com os pés na favela e os olhos na
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experiência de países que(delimitação) bateram de frente com o crime organizado. A Itália
não precisou rasgar a Constituição quando enviou generais à Sicília para(finalidade) combater
a Máfia. Em Cáli a esmagadora maioria da população é constituída de gente honesta,
exatamente como(comparação) na Rocinha. Mas(contraste) já não é possível invocar tal
obviedade para(finalidade) camuflar a evidência de que ações muito mais duras são agora
inevitáveis. A favela é fortaleza do tóxico. Torna a vida inviável numa cidade inteira.
Compromete a economia do Rio. A violência do crime organizado exige do governo uma
resposta imediata e enérgica, capaz de deter o avanço da bandidagem que(delimitação) vai
assumindo o controle do Rio. Basta de ações pontuais. Vivemos um quadro de guerra urbana,
que(delimitação) pede inovações no combate aos criminosos. Guardadas as proporções, os
morticínios na Rocinha representam a versão carioca dos atentados terroristas de 11 de
setembro de 2001 nos Estados Unidose(adição) as recentes explosões em Madri. Medo é
medo - em qualquer lugar do mundo. A população do Rio está vivendo sob o domínio do
medo. O crime organizado só será vencido pela inteligência, pela ousadia e(adição) pela
disposição de combate dos homens de bem(condição. A conquista das favelas por bandidos
reunidos em grandes grupos colocou o Rio frente a encruzilhadas. Estamos entre a paz e o
pavor. A vida e a morte.
2ª ANÁLISE:
O editorial intitulado “No Limite do Pavor” fala sobre uma série de crimes que
aconteceram na semana santa de 2004 no Rio de Janeiro, houve uma invasão na Rocinha e
muitos foram assaltados e assassinados. O autor enfatiza o desespero, o medo e a indignação
que domina a população do Rio. Para convencermos as pessoas devemos, antes de apresentar
nossa tese principal, propor uma tese, com a qual o auditório possa concordar antes. Suárez
chama essa tese de tese de adesão inicial e ela deve fundamentar-se em fatos ou em
presunções. No editorial, a tese de adesão inicial é: “Ficou claro que no episódio da Rocinha
que o Rio, sozinho, não conseguirá resolver o problema do narcotráfico nas favelas” (4º
parágrafo). A tese principal, que o autor deseja desenvolver e defender é de que o crime
“resulta de uma longa história de esgarçamento do tecido de proteção civil contra a
marginalidade. O convívio promíscuo com a ideologia encarcerada nos anos de chumbo induziu
o crime a um salto de qualidade”. E para solucionar esse problema, o autor acredita que “...o
governo deve habilitar-se à idéia de agir com os pés na favela e os olhos na experiência de
países que bateram de frente com o crime organizado”. (6º parágrafo). Para ilustrar a sua
idéia ele usa uma argumentação pelo exemplo, que lhe serve de modelo: “A Itália não precisou
rasgar a constituição quando enviou generais à Sicília para combater a máfia”. Ainda podemos
observar um argumento pelo antimodelo, que é uma variação do argumento pelo exemplo: “A
idéia de cercar a Rocinha com muros de três metros de altura soa como piada de péssimo
mau gosto”. (5º parágrafo). É feita uma argumentação pela analogia, comparando “os
morticínios na favela da Rocinha” com os atentados terroristas de 11 de setembro a as
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explosões em Madri. Por essa analogia, os crimes na Rocinha estão para o que está
acontecendo no exterior, assim como os morticínios estão para os atentados terroristas.(7º
parágrafo). Os lugares de argumentação, segundo Suárez, são premissas de ordem geral
utilizadas para reforçar a adesão a determinados valores. No editorial analisado, foi encontrado
um lugar de quantidade, onde quanto mais melhor: “Durante quatro dias, o Rio de Janeiro
sofreu sucessivos massacres impostos por terroristas do narcotráfico”(2º parágrafo). E um
lugar de ordem, que afirma a superioridade do anterior sobre o posterior: “Contemplou-se a
mais perturbadora demonstração de falência dos princípios da autoridade e da ordem
constituída” (2º parágrafo). No final, o autor reformula sua tese, dizendo que “O crime
organizado só será vencido pela inteligência, pela ousadia e pela disposição de combate dos
homens de bem”. De acordo com Suárez, argumentar é a arte de convencer e persuadir. Ao
convencer alguém, fazemos com que essa pessoa pense como nós. Ao persuadir, lidamos
com as emoções do outro, entendemos sua sensibilidade e nos emocionamos com seu sonho,
etc. Este editorial conseguiu atingir o seu objetivo tanto no campo do convencimento quanto
no da persuasão.
CONCLUSÃO:
A função do artigo de opinião: argumentar, expressar um ponto de vista a respeito
de determinado assunto. Vale lembrar que não basta opinar, é imprescindível sustentar os
pontos de vista, para que a intenção comunicativa deste gênero - fazer crer - se cumpra. Tal
constatação auxilia na compreensão e explicação de determinados fenômenos lingüísticos,
tais como: a habilidade de interagir com os falantes a partir de estratégias discursivas. Este
tipo de texto parte da informação para a opinião. É construído a partir de um tema para o
qual se apresenta uma tese, um argumento, através de recursos que o tipo de gênero seleciona.
Através da análise feita, entendemos que argumentar é convencer ou tentar convencer mediante
a apresentação de razões, em face da evidência das provas e à luz de um raciocínio coerente
e consciente. E que o uso da retórica, Ao contrário do que muitos acreditam, a retórica não
é uma coisa negativa, como conversa fiada, um discurso que não corresponde nem aos atos
e muito menos aos fatos. É uma maneira de apresentar e descrever a realidade de um certo
ângulo. A simples escolha das palavras, da forma com que será feita a sua descrição dos
fatos, etc, a retórica é utilizada para garantir que o leitor compreenda a mensagem.
ANEXO:
EDITORIAL: No Limite do Pavor
Na Semana Santa de 2004, os demônios andaram soltos no Rio. Houve assaltos e
assassinatos, inocentes morreram, generalizou-se a barbárie. A invasão da Rocinha mobilizou
tropas de celerados violentíssimos e conflagrou a cidade. A tristeza, medo, o pavor e a
indignação impotente dominaram a população do Rio.
A polícia fez o que pôde (e pôde pouco). Agiu no limite da coragem, valendo-se dos
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equipamentos disponíveis. Chegou até os limites a que a precariedade de meios permite
chegar. Durante quatro dias, o Rio de Janeiro sofreu sucessivos massacres impostos por
terroristas do narcotráfico. Contemplou-se a mais perturbadora demonstração da falência
dos princípios da autoridade e da ordem constituída. A tragédia carioca não começou no fim
de semana: tem origens remotas. Resulta de uma longa história de esgarçamento do tecido de
proteção civil contra a marginalidade. O convívio promíscuo com a ideologia encarcerada
nos anos de chumbo induziu o crime a um salto de qualidade. Bandos se organizaram, evoluíram
em ferocidade e poder de fogo. A polícia continuou a agir como na época em que detetives
subiam o morro a pé, com um revólver e poucas balas, para caçar bandidos que, famosos
naqueles tempos, hoje não passariam de mensageiros a serviço de chefões de altíssimo calibre.
O governo federal tem culpa muito pesada nesse cartório. Ficou claro no episódio da Rocinha
que o Rio, sozinho, não conseguirá resolver o problema do narcotráfico nas favelas. O Estado
não produz armas nem drogas. Tudo chega pelas fronteiras cujo controle é de responsabilidade
exclusiva da União. O governo federal está devendo à população do Rio mais do que uma
explicação: deve a materialização do Sistema Único de Segurança e um plano nacional de
ação para o combate ao crime organizado. Ao discorrer na televisão sobre a violência na
Rocinha, o ministro da Justiça nada disse de novo. Foi um replay de pronunciamentos já
tediosos. A idéia de cercar a Rocinha com muros de três metros de altura soa como piada de
péssimo gosto. Como pretender que o crime organizado - cujo comando não respeita sequer
as grades ou muralhas do Complexo de Bangu - se detenha nos limites anedóticos de um
feudo encravado nos morros de São Conrado? Além do mais, seria maldosamente infame
condenar quase 50 mil moradores da favela ao confinamento num campo de concentração
com vista para o mar. Em lugar de raciocinar pelo absurdo, o governo deve habituar-se à
idéia de agir com os pés na favela e os olhos na experiência de países que bateram de frente
com o crime organizado. A Itália não precisou rasgar a Constituição quando enviou generais
à Sicília para combater a Máfia. Em Cáli a esmagadora maioria da população é constituída
de gente honesta, exatamente como na Rocinha. Mas já não é possível invocar tal obviedade
para camuflar a evidência de que ações muito mais duras são agora inevitáveis. A favela é
fortaleza do tóxico. Torna a vida inviável numa cidade inteira. Compromete a economia do
Rio. A violência do crime organizado exige do governo uma resposta imediata e enérgica,
capaz de deter o avanço da bandidagem que vai assumindo ocontrole do Rio. Basta de
ações pontuais. Vivemos um quadro de guerra urbana, que pede inovações no combate aos
criminosos. Guardadas as proporções, os morticínios na Rocinha representam a versão carioca
dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos e as recentes
explosões em Madri. Medo é medo - em qualquer lugar do mundo. A população do Rio está
vivendo sob o domínio do medo. O crime organizado só será vencido pela inteligência, pela
ousadia e pela disposição de combate dos homens de bem. A conquista das favelas por
bandidos reunidos em grandes grupos colocou o Rio frente a encruzilhadas. Estamos entre a
paz e o pavor. A vida e a morte.
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EDITORIAL PARA ANÁLISE:
SILVA, Eliandro. ANÁLISE DO EDITORIAL “O GOVERNO ATOLADO NA
CRISE”. Disponível em: http://www.paratexto.com.br/document.php?id=453. Acesso
realizado em: 05/08/2007
O GOVERNO ATOLADO NA CRISE
09/05/2004
por Eliandro Silva
[...]
Quando começou a ficar claro que a Guerra do Vietnã teria o desfecho que acabou
tendo, dizia-se em Washington que o melhor que a Casa Branca poderia fazer era declarar
vitória e retirar as tropas. A anedota vem à lembrança porque se tem a nítida impressão de
que o presidente Lula e o ministro José Dirceu também resolveram “declarar vitória” e dar
por encerrada a crise de governo que se desenrola há cinco semanas, desde que se começou
a saber quem era e como agia o interlocutor da Casa Civil – portanto do Executivo – no
Congresso Nacional. Mas o Waldogate não se evaporará por decreto, quanto mais não seja
porque à medida que o tempo passa novas suspeitas e novos personagens vão adensando o
escândalo, como o nebuloso caso da renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal
e a multinacional Gtech, que pôs em cena, ao lado de Waldomiro Diniz, o advogado Rogério
Buratti, de Ribeirão Preto, para quem o primeiro teria pedido um ajutório que poderia chegar
a R$ 20 milhões.
Na festa que o PT lhe ofereceu na terça-feira pelos seus 58 anos – pretexto para o
ato de desagravo que o partido fora dissuadido de promover quando a crise ainda estava nos
seus primeiros capítulos – o ministro José Dirceu disse que não se conformava por ter sido
tão “in-com-pe-ten-te” (ele escandiu a palavra) em dar pronto fim ao que chamou “esse
problema”. Obviamente, a aparente autocrítica embutia a premissa de que esse era um falso
problema, portanto fácil de resolver. Na realidade, por não ser uma coisa, tampouco é outra.
A “declaração de vitória” veio em seguida, quando, para mostrar, contra todas as
evidências, que ele e o governo estão inteiros, advertiu a oposição de “namorar com o perigo
tentando desestabilizar o governo”. Em tom de ameaça, afirmou que “gostaria de falar o que
não posso falar”, prometendo “colocar os pingos nos is” daí a 15 ou 30 dias – o que conduz
a outra pergunta inescapável: como é que um ministro da sua importância confessa que oculta
informações de presumível interesse público, para divulgá-las quando bem entender?
Outro sinal de que o governo se imagina capaz de acabar com a crise a golpes de
oratória foi dado por Lula, anteontem em Fortaleza. Retomando o hábito das metáforas –
por sinal, cada vez menos apropriadas -, endossou nos termos que lhe são característicos a
teoria conspiratória de Dirceu sobre os intentos da oposição. Disse que ela torce para ele
não ter sucesso, “como o ex-marido que não quer que a mulher seja feliz no outro casamento”.
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92
Estudo de Textos III - Maria Alice de Mello Fernandes - UNIGRAN
A razão da torcida não seria nem a disputa pelo poder: “Tem gente que deve pensar: nós
vamos deixar um torneiro mecânico dar certo, enquanto estudamos tanto?”
Deixe-se de lado a interpretação psicanalítica das supostas motivações da oposição.
O mais grave é o presidente tentar esconder, ou não enxergar, o que é claro como o dia – E
que o senador Tasso Jereissati, do PSDB, expôs da tribuna também anteontem. “Aqueles
que apenas buscam fortalecer-se no governo”, apontou, transformaram a crise política numa
crise econômica. Saindo numa desinibida defesa da política econômica do governo, o tucano
Tasso colocou, ele sim, os pingos nos is.
Lembrou que as tentativas de desestabilização da política econômica provêm da
própria base aliada e que a crise não está na orientação seguida pelo ministro da Fazenda
Antônio Palocci, mas nas “relações promíscuas de escalões inferiores do governo e do PT
com grupos descomprometidos com o interesse público, alguns com raízes até no crime
organizado”. E demonstrando perceber a gravidade da hora, advertiu que “a desestabilização
do ministro Palocci acarretaria o mais absoluto caos neste momento”.
“É preciso diferenciar a crise político-administrativa, que hoje vive o governo, da
condução econômica”, constatou outro político oposicionista, o senador Jorge Bornhausen,
presidente do PFL. Eis o retrato surrealista da atualidade política brasileira: enquanto a
oposição defende o governo no que este tem de mais coerente, quase todos os dirigentes da
base governista se movem em sentido contrário, reivindicando uma guinada na economia.
Nem é preciso dizer por que: este é um ano eleitoral.
A verdade é que o Waldogate fez o governo atolar como um carro numa estrada
enlameada e os seus condutores, que enfiaram o veículo no barro, não conseguem tirá-lo.
Por falta de com-pe-tên-cia, como diria o ministro José Dirceu.
Quero dizer segmentos..... falha nossa ....
[...]
As atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta
“Atividades”. Após respondê-las, enviem-nas por meio do Portfolio - ferramenta do
ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Em caso de dúvidas, utilize as
ferramentas apropriadas para se comunicar com o professor.
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