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Capítulo I

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DESCRIÇÃO
Ações: representação e formas de negociação. O funcionamento das bolsas de valores e o processo de
abertura de capital. Os agentes nos mercados primário e secundário de ações.
PROPÓSITO
Compreender o processo de abertura de capital, emissão e negociação de ações em bolsas de valores
para o entendimento acerca do funcionamento do mercado financeiro e do financiamento das empresas
por meio de capital próprio.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos uma calculadora científica ou use a calculadora
de seu smartphone ou computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o funcionamento da bolsa de valores
MÓDULO 2
Reconhecer as principais etapas do processo de abertura de capital
MÓDULO 3
Identificar o papel dos diversos agentes do mercado secundário e sua dinâmica
INTRODUÇÃO
As ações constituem-se em títulos de propriedade de uma empresa, com a remuneração de seus
detentores – os acionistas – vinculada aos resultados da empresa na proporção de sua participação.
São, portanto, um importante instrumento de que dispõem as empresas para financiar seus projetos.
Esse benefício se torna mais evidente para companhias de capital aberto, que podem ter suas ações
negociadas em bolsas de valores, cuja principal no Brasil é a B3 S.A.
Neste tema, exploraremos em detalhes o processo de abertura de capital e listagem de ações na B3,
suas vantagens e desvantagens, o funcionamento da principal bolsa de valores brasileira e a dinâmica
dos mercados primário e secundário de ações.
MÓDULO 1
 Descrever o funcionamento da bolsa de valores
LIGANDO OS PONTOS
 
Foto: Shutterstock.com
Investir no mercado de ações é investir na economia real. E como fazer para investir em economias que
estão com altas taxas de crescimento? Vamos descobrir.
Os retornos do mercado de ações possuem grande correlação com o crescimento de uma economia.
Atualmente, a China é um dos países que apresenta uma das maiores - se não a maior – taxas de
crescimento econômico global. Assim, muitos gestores de investimento gostariam de investir no
mercado acionário chinês.
Apesar de a China possuir 3 das maiores bolsas de valores do mundo: a Shanghai Stock Exchange, a
Hong Kong Stock Exchange e a Shenzen Stock Exchange, investir naquele país apresenta alguns
desafios. As bolsas de Shanghai e de Shenzen são reguladas pela CSRC – o equivalente à CVM para o
mercado chinês – e não são abertas totalmente ao público. Por isso, muitas vezes a bolsa de Hong
Kong, bem mais aberta, costuma ser a mais procurada por investidores estrangeiros.
Felizmente, investir diretamente nas bolsas chinesas não é o único caminho para buscar as
rentabilidades que o mercado desse país asiático proporciona. A própria bolsa brasileira dispõe de
papéis de algumas empresas chinesas, que podem ser negociados aqui mesmo na B3. São elas:
Alibaba (plataforma de e-commerce), Baidu (motor de busca), JD.com (plataforma de e-commerce),
Netease (desenvolvedora de jogos), PetroChina (petrolífera) e Trip.com (agência de viagens online).
Os negócios envolvendo as ações dessas companhias na B3 utilizam-se de papéis denominados de
BDRs – Brazilian Depositary Receipts, que funcionam como certificados que representam ações de
empresas listadas em bolsas de outros países.
Caso o investidor entenda que são poucas as opções disponíveis na bolsa brasileira, ele ainda tem à
sua disposição mais de 100 empresas chinesas listadas nos Estados Unidos, por meio dos ADRs –
American Depositary Receipts. Algumas dessas empresas apresentaram crescimentos de até 300% em
2020. Como exemplos, podemos citar a NIO, montadora de veículos elétricos, e a Pinduoduo,
plataforma de e-commerce que permite aos usuários participar de transações de compra em grupo.
APÓS A LEITURA DO CASE, É HORA DE APLICAR SEUS
CONHECIMENTOS! VAMOS LIGAR ESSES PONTOS?
1. COMO VOCÊ VIU, É POSSÍVEL INVESTIR EM MERCADOS EMERGENTES POR
MEIO DE PAPÉIS NEGOCIADOS NA BOLSA BRASILEIRA. E PARA AS
EMPRESAS LISTADAS NO BRASIL, QUAIS SERIAM AS VANTAGENS DE TEREM
SEUS PAPÉIS NEGOCIADOS EM OUTROS MERCADOS?
A) Maior liquidez e melhor formação de preços no mercado secundário.
B) Capacidade de financiamento de projetos por meio de emissão de novas ações.
C) Promoção da marca.
D) Aumento das exportações.
E) Redução do risco político.
2. OS CRESCIMENTOS DE ATÉ 300% DE ALGUMAS AÇÕES DE COMPANHIAS
CHINESAS NEGOCIADAS NAS BOLSAS AMERICANAS POR MEIO DE ADRS
IMPRESSIONAM. NO ENTANTO, SABEMOS QUE HÁ UMA RELAÇÃO ENTRE
RETORNO E RISCO. QUAIS DESSES RISCOS UM INVESTIDOR AMERICANO
PODERIA INCORRER AO COMPRAR ADRS DE EMPRESAS CHINESAS?
A) Risco diversificável.
B) Risco de crédito.
C) Risco operacional.
D) Risco cibernético.
E) Risco cambial.
GABARITO
1. Como você viu, é possível investir em mercados emergentes por meio de papéis negociados
na bolsa brasileira. E para as empresas listadas no Brasil, quais seriam as vantagens de terem
seus papéis negociados em outros mercados?
A alternativa "A " está correta.
 
Alcançar um leque maior de investidores com a emissão de depositary receipts em outros mercados, em
que pese não representar novos ingressos de recursos na empresa (pois não é uma emissão primária
de ações), tem o condão de aumentar o volume de negócios com os papéis no mercado secundário,
aumentando a liquidez e melhorando a formação de preços.
2. Os crescimentos de até 300% de algumas ações de companhias chinesas negociadas nas
bolsas americanas por meio de ADRs impressionam. No entanto, sabemos que há uma relação
entre retorno e risco. Quais desses riscos um investidor americano poderia incorrer ao comprar
ADRs de empresas chinesas?
A alternativa "E " está correta.
 
Ao investir em ativos do exterior, um investidor fica sujeito ao risco cambial, uma vez que a moeda
estrangeira pode apreciar ou depreciar, influenciando o retorno total daquele ativo.
3. A NEGOCIAÇÃO DE AÇÕES DE EMPRESAS CHINESAS
NA BOLSA BRASILEIRA MOSTRA QUE MUITOS
INVESTIDORES TÊM INTERESSE EM INVESTIR EM ATIVOS
ESTRANGEIROS, MESMO COM A EXISTÊNCIA DE RISCOS
DIVERSOS, COMO O RISCO CAMBIAL E O RISCO POLÍTICO
DE ALGUNS PAÍSES. COM O SEU CONHECIMENTO, QUAIS
SERIAM OS PRINCIPAIS MOTIVOS PARA INVESTIR EM
EMPRESAS ESTRANGEIRAS?
RESPOSTA
Um gestor de investimentos geralmente está interessado em rentabilidade e diversificação para montar sua
carteira de investimentos. Assim, investimentos em outros mercados podem propiciar boas oportunidades em
ativos pouco correlacionados com seu portfólio local, o que diminui o risco total da carteira, ou em ativos com
retornos diferenciados.
Neste módulo, apresentaremos um breve histórico da B3, a principal bolsa de valores no Brasil,
descreveremos seu funcionamento, os tipos de ação que nela são negociadas, bem como os índices
formados a partir desses negócios.
BOLSA DE VALORES
CONCEITO
Segundo a Instrução nº 461/2007, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) considera que mercados
de bolsa de valores são aqueles que podem:
Funcionar regularmente como sistemas centralizados e multilaterais de negociação e que
possibilitam o encontro e a interação de ofertas de compra e de venda de valores mobiliários.
Permitir a execução de negócios, tendo como contraparte um formador de mercado que assuma a
obrigação de colocar ofertas firmes de compra e de venda desde que sejam respeitadas as
condições estabelecidas na norma.
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Em outras palavras, os sistemas centralizados e multilaterais de negociação são canais que recebem
todas as ofertas de compra e de venda relativas a uma ação – ou outro valor mobiliário passível de
negociação em bolsa –, permitindo a aceitação e concorrência pelas demais partes interessadas em
concluir o negócio.
Desse modo, as ordens de compra e venda são registradas e disponibilizadas a todos os participantes
do mercado de ações. Quando existe um casamento entre os valores e as quantidades, fecha-se a
negociação. Trata-se de uma grande praça pública na qual todas as informações sobre osnegócios
realizados (preços, quantidades, horários etc.) são disponibilizadas a todos os participantes.
BOLSA VERSUS BALCÃO
Em oposição a um mercado de bolsa, temos o de balcão. Ele ocorre quando a negociação não é
multilateral nem centralizada.
No mercado de balcão, as partes negociam individualmente entre si e fecham os negócios. Seu nome
deriva da ideia de que se vai diretamente ao balcão de um banco para negociar as condições de compra
e venda.
 
Foto: Shutterstock.com
A CVM é o órgão regulador e supervisor dos mercados de bolsa, estabelecendo regras e
condições para negociações de forma a proteger os investidores.
HISTÓRICO BRASILEIRO
A emissão de ações por empresas e sua negociação em bolsas teve início na Holanda, em 1602,
quando a Companhia Neerlandesa das Índias Orientais (Vereenigde Oostindische Compagnie,
representada pela sigla VOC) fundou a Bolsa de Valores de Amsterdã para emitir suas ações e
obrigações.
Delinearemos a seguir uma apresentação resumida sobre o surgimento e o desenvolvimento das bolsas
de valores no Brasil:
SÉCULO XIX
No país, as primeiras bolsas de valores foram criadas em 1851 no Rio de Janeiro (BVRJ) e em Salvador.
Em 1890, em São Paulo, foi fundada a Bolsa Livre, que é uma antecessora da Bolsa de Valores do
Estado de São Paulo (Bovespa).
1984
Houve o início das atividades da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip)
responsável pela organização do mercado de títulos de renda fixa.
1986
É criada a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) como o principal ambiente de negociação de
mercadorias e derivativos.
2002
A partir do século XXI inicia-se um processo de consolidação de bolsas no Brasil. Principal bolsa do país
durante 150 anos, a BVRJ é incorporada pela BM&F no segundo ano do terceiro milênio.
2008
Ocorre a fusão entre a BM&F e a Bovespa, tendo como resultado a criação da BM&FBovespa.
2017
BM&FBovespa e Cetip também se fundem, gerando a Brasil, Bolsa, Balcão (B3 S.A.). Atualmente, a
B3 é a única bolsa de valores, mercadorias e futuros no Brasil.
BRASIL, BOLSA, BALCÃO
Voltaremos a falar sobre a B3 em uma seção específica deste módulo.
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FUNCIONAMENTO
Conforme vimos, a bolsa de valores é o ambiente no qual as ações das companhias de capital aberto
são negociadas.
 ATENÇÃO
Essas operações de compra e de venda de ações são realizadas entre os diversos participantes da
bolsa. Ela, por sua vez, não compra nem vende ações. Sua atividade é outra: organizar o funcionamento
de todas as operações que tornam possível a realização de negócios.
A bolsa também regula o mercado de ações, zelando para que as regras de transparência e
conformidade com as normas da CVM e aquelas relativas à legislação brasileira sejam cumpridas. Além
disso, ela implementa ações que garantam práticas equitativas de mercado.
O conceito de práticas equitativas assegura que:
O processo de formação de preços será transparente.
Todos os compradores e vendedores de ações terão o mesmo tratamento e obedecerão às mesmas
regras.
Haverá um acesso universal à informação.
Esse processo exige uma sistematização formal e pública na qual os negócios sejam realizados durante
o pregão. Por serem públicos, os preços praticados legitimam todas as suas operações de compra e de
venda.
PREGÃO
O pregão da bolsa de valores é um período bem determinado no qual ocorrem as negociações. Ou seja,
durante certo tempo, é possível comprar e vender ações na bolsa.
FUNÇÕES
Além de servir como ambiente de negociação de ações, as bolsas de valores desempenham papeis
importantes para o mercado de capitais. Listaremos seis deles a seguir:
DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES (DISCLOSURE)
A divulgação de informações sobre as empresas listadas e os pregões constitui um fator-chave na
construção de um mercado de ações eficiente, nivelando as informações disponíveis para todos os
participantes e reduzindo assimetrias.
Exemplo
Praticamente em tempo real, a B3 divulga uma série de informações tanto sobre as companhias listadas
quanto sobre os preços e os volumes negociados nos diversos pregões. Elas podem ser acompanhadas
por todos os investidores diretamente na B3 ou por intermédio de plataformas comerciais que agregam
análises e outros dados às informações geradas pela bolsa, por exemplo, indicadores e fundamentos
sobre a atividade econômica.
Podemos citar ainda a divulgação das seguintes informações sobre as companhias listadas:
Relatório da administração: demonstrações financeiras anuais e parecer de auditoria
independente.
Demonstrações financeiras padronizadas.
Informações trimestrais e anuais.
Editais e atas de assembleias.
Fatos relevantes.
MEIO DE LIGAÇÃO
A divulgação também serve de meio de ligação entre os investidores e as empresas nas quais eles
desejam investir. Elas, por outro lado, passam a ter acesso a potenciais investidores para financiar os
projetos que desejam executar.
CENTRO DE LIQUIDEZ
A função de centro de liquidez é fundamental para que as corretoras tenham as condições adequadas
para executar seu papel de intermediação das negociações com transparência, segurança e rapidez.
FORMAÇÃO DE PREÇOS
As regras impostas pela CVM e pela própria bolsa também visam a garantir uma formação de preços
eficiente por meio da oferta e da demanda. Evidenciam-se aí a transparência e a tempestividade na
divulgação de informações e na garantia de que todos os participantes seguirão as regras
predeterminadas.
AMBIENTE SEGURO E TRANSPARENTE
Esse ambiente seguro e transparente pode ser oferecido a todos os participantes da bolsa por meio de
sistemas tecnológicos adequados e de monitoramento das negociações – quando a bolsa passa a
desempenhar sua função de supervisora do mercado – em auxílio à CVM.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
A bolsa desempenha um papel igualmente relevante na educação financeira, gerando materiais
informativos, cursos e outras atividades para educar os investidores sobre a importância que as ações
desempenham no processo de formação de patrimônio.
B3
Apesar de nos referirmos muito às atividades de negociação de bolsa da B3, ela desempenha alguns
outros papeis importantes em dois segmentos:
Mercado de bolsa.
Mercado de balcão.
Conheceremos agora as atividades relativas ao segmento de balcão. Em seguida, apontaremos os
segmentos de listagem, além de sistemas de câmaras e demais atividades e mecanismos da B3.
 
Foto: rafapress/Shutterstock.com
OUTRAS ATIVIDADES
Listagem de emissores.
Câmara de compensação (CCP, sigla de central counterparty ou contraparte central garantidora).
Câmara de liquidação (SSS, sigla de securities settlement system).
Central depositária (CSD, sigla de central securities depository).
Entidade de registro (TR, sigla de trade repository).
Aluguel de ações (BTC, sigla de banco de títulos).
Tesouro direto.
Autorregulação.
VAMOS ENTENDER MELHOR CADA UMA
DESSAS ATIVIDADES.
LISTAGEM DE EMISSORES
Característica das bolsas de valores, tal função é necessária para que os valores mobiliários – em
particular, as ações – sejam admitidas na negociação dos sistemas eletrônicos em que ela opera.
Para serem listadas na B3, as companhias, informa a Instrução CVM nº 480/2009, precisam:
Estar regularmente constituídas e de posse de todas as autorizações necessárias ao exercício de
suas atividades.
Ter obtido um registro de emissor junto à CVM.
 
Foto: ST House Studio/Shutterstock.com
Além de companhias abertas, alguns fundos de investimento registrados previamente na CVM também
podem ser listados na B3.
SEGMENTOS ESPECIAIS DE LISTAGEM
A B3 ainda dispõe de segmentos especiais de listagem em função de requisitos específicos de
governança corporativa.
Os principais segmentos especiais disponíveis na B3 são:
NOVO MERCADO
NÍVEL 2
NÍVEL 1
NOVO MERCADO
É o segmento especial com maiores exigências de padrões de governança corporativa. Para serem
listadas nele, as companhias só podem emitir ações ordinárias (as que oferecem direito a voto), além
de outras regrasque garantem um tratamento justo aos acionistas minoritários.
NÍVEL 2
É bastante similar ao Novo Mercado, mas permite que as empresas emitam ações preferenciais (sem
direito a voto). No entanto, o Nível 2 garante um tag along de 100%, ou seja, que os acionistas
minoritários possam vender suas ações pelo mesmo preço praticado pelo controlador para aliená-las em
um processo de mudança de controle acionário.
NÍVEL 1
As exigências adicionais nesse segmento são basicamente relacionadas a maior transparência e acesso
a informações por parte dos investidores.
A tabela a seguir resume alguns pontos de distinção entre os três níveis de governança:
Novo Mercado Nível 2 Nível 1
Tipos de ação Apenas ordinárias
Ordinárias e preferenciais
(com mais direitos)
Ordinárias e
preferenciais
Ações em
circulação (free
float)
25% do total 25% do total 25% do total
Conselho de
administração
> 5 membros com
20% independentes
> 5 membros com 20%
independentes
> 3 membros
Tag along 100% 100% 80%
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
CÂMARAS
Há dois tipos de sistema de câmaras:
CÂMARA DE COMPENSAÇÃO
Segundo os princípios para infraestruturas do mercado financeiro (principles for financial market
infrastructures, cuja sigla é PFMI) do Banco de Compensações Internacionais (Bank for International
Settlements ou BIS) , uma contraparte central executa duas funções:
VENDEDOR DE TODOS OS COMPRADORES
COMPRADOR DE TODOS OS VENDEDORES
Isso reduz o risco dos participantes graças a uma compensação multilateral de operações, que consiste
na apuração de saldos envolvendo mais de duas partes.
Dessa forma, a bolsa apura o saldo que cada parte tem a pagar ou receber após o fechamento de todas
as operações de determinado período. Para que esse sistema funcione adequadamente, é necessário
prever garantias e controles efetivos de riscos.
CÂMARA DE LIQUIDAÇÃO
Ainda segundo os PFMI, um sistema de liquidação permite que os ativos – que podem ser transferidos
contra pagamentos ou livres deles – sejam transferidos e liquidados por meio de registros eletrônicos.
CENTRAL DEPOSITÁRIA
Uma depositária é responsável pela manutenção de contas de depósito de valores mobiliários. Ela
também presta serviços de guarda centralizada e de tratamento de eventos relativos aos ativos, por
exemplo, o pagamento de cupons ou dividendos.
As depositárias têm uma importância adicional com o propósito de garantir a existência e a propriedade
dos ativos nela depositados, evitando fraudes.
 
Foto: Shutterstock.com
ENTIDADE DE REGISTRO
As entidades de registro têm a função de registrar transações. Elas ganharam importância com a crise
mundial de 2008 e a necessidade de levantamento de exposição de riscos dos agentes econômicos.
ALUGUEL DE AÇÕES
Por meio do BTC, a bolsa permite que os investidores ofereçam em aluguel ações de sua propriedade.
Trata-se de uma função fundamental para a eficiência dos mercados e uma boa formação de preços,
permitindo, assim, que investidores possam ficar “vendidos” em determinada ação, ou seja, apostar na
queda de seu preço.
 
Imagem: Shutterstock.com
Neste vídeo, o especialista resolverá um exemplo de operação envolvendo aluguel de ações
TESOURO DIRETO
Outra atividade também desempenhada pela B3 é a operacionalização do sistema do tesouro direto, o
que permite a compra de títulos públicos por pessoas físicas.
AUTORREGULAÇÃO
Além da regulação e supervisão do Banco Central e da CVM, a bolsa de valores conta com um
mecanismo de autorregulação. Ela a exerce por intermédio da BSM Supervisão de Mercados,
cabendo-lhe fiscalizar e supervisionar tanto os participantes do mercado quanto a própria B3.
Também é permitido à BSM:
Proibir os investidores de exceder limites prudenciais em suas posições.
Punir corretoras, além de seus administradores, empregados, operadores e prepostos.
Suspender a negociação de títulos e valores mobiliários emitidos por determinada empresa listada.
BSM SUPERVISÃO DE MERCADOS
A BSM é uma entidade ligada à B3, embora tenha autonomia administrativa e orçamentária. Ela
monitora todas as operações efetuadas na bolsa, impedindo a concretização de negociações que
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possam configurar infrações às normas legais e regulamentares ou que sejam contrárias à
garantia de práticas equitativas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 ATENÇÃO
Somente a CVM tem poder para punir investidores e empresas listadas.
TIPOS DE AÇÕES E SEUS DIREITOS
Há basicamente dois tipos de ações:
AÇÕES ORDINÁRIAS
AÇÕES PREFERENCIAIS
A principal diferença entre elas diz respeito ao direito a votos nas assembleias.
Enquanto as ações ordinárias dão direito a voto, os acionistas preferenciais (exceto em situações
excepcionais) não têm esse direito.
Por outro lado, esses acionistas têm preferência no recebimento de dividendos, os quais, por sua vez,
geralmente são maiores do que aqueles distribuídos aos acionistas ordinários. Estes só os recebem
após ter sido realizado o pagamento a todos aqueles.
ÍNDICES DE AÇÕES
CONCEITO
Os índices de ações são indicadores que tentam resumir em um único número o comportamento:
do mercado acionário como um todo; ou
de um grupo específico de ações que compartilhem aspectos em comum.
 EXEMPLO
Enquanto nos Estados Unidos há índices de ações como o S&P500 (índice das 500 maiores
companhias americanas) e o Dow Jones, no Brasil o índice mais difundido é o Ibovespa.
Esses índices correspondem geralmente ao valor de uma carteira teórica previamente definida e
acompanhada ao longo do tempo.
TIPOS DE ÍNDICES
Os índices são construídos de muitas maneiras a depender da forma de ponderação dos preços das
diversas ações que o compõem.
Eles podem ser ponderados por:
PESOS IGUAIS
CAPITALIZAÇÃO DE MERCADO
LIQUIDEZ
PESOS IGUAIS
Dois exemplos são o Dow Jones Industrial Average (DJIA) e o IBRx-50, formado pelas 50 empresas de
maior liquidez na B3. Neste caso, todas as ações são consideradas com o mesmo peso na composição
do índice.
CAPITALIZAÇÃO DE MERCADO
A capitalização de mercado é o resultado da multiplicação do número de ações de uma empresa pelo
valor de mercado dessas mesmas ações. No S&P500, por exemplo, os pesos são proporcionais ao valor
de capitalização da empresa no mercado acionário.
LIQUIDEZ
Seus pesos são proporcionais à liquidez das ações que compõem o índice.
 VOCÊ SABIA
No Ibovespa, até 2013, as ações eram ponderadas com base na sua liquidez.
PRINCIPAIS ÍNDICES
A B3 calcula e divulga uma série de índices. Destacaremos alguns deles a seguir:
Ibovespa.
IBrX.
IBrX-50.
Índice de Governança Corporativa (IGC).
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
Cada um deles visa ao acompanhamento de determinado setor da economia ou grupo de ações com
algumas características em comum.
 
Foto: Appreciate/Shutterstock.com
O Ibovespa e o IBrX também são muito utilizados como benchmarks para o acompanhamento do
desempenho de fundos de investimento em renda variável.
IBOVESPA
Segundo a B3, o Ibovespa é uma média ponderada de preços das ações selecionadas por um critério de
negociabilidade. A cada quadrimestre, o índice de negociabilidade de cada ação é calculado a fim de
determinar as quantidades teóricas de cada uma delas na composição desse índice para os quatro
meses seguintes.
 
Foto: rafapress/Shutterstock.com
Dessa forma, apenas as ações de maior liquidez compõem o índice, sendo esse o principal critério
usado para a seleção da carteira que compõe o índice.
Ele então é calculado como o somatório dos produtos entre a quantidade teórica de cada ação que
compõe o índice e seu último preço observado:
Em janeiro de 2021, oitenta e uma ações compunham o Ibovespa. As dez ações de maior peso na
composição do índice aparecem listadas nesta tabela:
Ação Tipo Part. (%)
VALE ON NM 12,246
ITAUUNIBANCO PN EJ N1 6,441
PETROBRAS PN N2 5,731
B3 ON NM 5,237
BRADESCO PN N1 4,938
PETROBRAS ON N2 4,249
MAGAZ LUIZA ON NM 3,213
AMBEV S/A ON ED 3,057
WEGON NM 3,055
INTERMEDICA ON NM 2,658
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Fonte: BRASIL, BOLSA, BALCÃO, 2021a.
 COMENTÁRIO
Os códigos ON e PN correspondem respectivamente a ações ordinárias e preferenciais, enquanto NM,
N1 e N2 dizem respeito, de maneira respectiva, a segmentos especiais de listagem Novo Mercado, Nível
1 e Nível 2.
Veremos agora como funciona o processo de divisão da carteira do Ibovespa
Em 2 de janeiro de 1968, o Ibovespa foi padronizado em 100 pontos. Esse valor é atualizado e cresce
conforme a valorização da carteira teórica que compõe o índice, que representaria o valor monetário de
um investimento de 100 realizado nessa data (2 de janeiro de 1968).
Em janeiro de 2021, o Ibovespa chegou a superar a marca de 120 mil pontos. No entanto, a valorização
do índice foi bem maior, pois, ao longo desse tempo, ele sofreu nada menos do que 11 divisões.
Por causa disso, o Ibovespa representa, hoje em dia, o valor monetário de uma aplicação de 1,0 x 10-10
em 2 de janeiro de 1968. O objetivo dessas divisões é simplesmente reduzir o número de algarismos e
facilitar os cálculos.
Por 100, em 3 de outubro de 1983.
Por 10, em 2 de dezembro de 1985.
Por 10, em 29 de agosto de 1988.
Por 10, em 14 de abril de 1989.
Por 10, em 12 de janeiro de 1990.
Por 10, em 28 de maio de 1991.
Por 10, em 21 de janeiro de 1992.
Por 10, em 26 de janeiro de 1993.
Por 10, em 27 de agosto de 1993.
Por 10, em 10 de fevereiro de 1994.
Por 10, em 3 de março de 1997.
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Neste vídeo, o especialista falará sobre em que consistem os índices de ações, os diversos tipos
existentes, suas utilidades e sobre como é calculado o Ibovespa, principal índice brasileiro.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O PRINCIPAL CRITÉRIO PARA UMA AÇÃO INTEGRAR A CARTEIRA TEÓRICA
DO IBOVESPA É:
A) Segmento especial de listagem
B) Capitalização de mercado
C) Liquidez
D) Patrimônio líquido
E) Preço de negociação
2. O QUE SIGNIFICA O PAPEL DE CÂMARA DE COMPENSAÇÃO
DESEMPENHADO PELA B3?
A) Entregar as ações negociadas contra o pagamento.
B) Ser o garantidor das operações em caso de inadimplência da contraparte.
C) Calcular os saldos das operações de cada participante em determinado período.
D) Divulgar informações relevantes sobre as companhias listadas.
E) Resgatar valores monetários.
GABARITO
1. O principal critério para uma ação integrar a carteira teórica do Ibovespa é:
A alternativa "C " está correta.
 
O Ibovespa é um exemplo de índice composto pelas ações mais líquidas negociadas na B3.
2. O que significa o papel de câmara de compensação desempenhado pela B3?
A alternativa "C " está correta.
 
A compensação compreende o cálculo dos saldos de cada participante de forma multilateral.
MÓDULO 2
 Reconhecer as principais etapas do processo de abertura de capital
LIGANDO OS PONTOS
Por que as empresas abrem capital e colocam suas ações para serem negociadas na bolsa? Vamos
descobrir.
O ano de 2021 começou bastante agitado para o mercado de ações brasileiro. Somente até março, 13
companhias já haviam aberto capital por meio de processos de IPO - oferta pública inicial – e cerca de
30 outras empresas aguardavam autorização para realizar o mesmo processo.
Abrir o capital pode impulsionar o crescimento de uma empresa. E esse processo tem se tornado a cada
dia mais interessante para as empresas. Mas tomar essa decisão também exige muita preparação, pois
acarreta grandes impactos na administração das empresas, além de demandar mudanças estruturais e
maior transparência para lidar com exigências regulatórias e stakeholders.
Segundo a B3, em seu Guia do IPO, as principais vantagens de se abrir o capital são: o financiamento
de projetos de investimento, a facilitação em processos de fusões e aquisições e a liquidez patrimonial.
De acordo com a bolsa, o financiamento de projetos por meio de emissão de ações representa uma
possibilidade de financiamento em que não há a obrigação de pagamento periódico de juros ou
amortização de principal. Isso proporciona às companhias melhores possibilidades de alcançarem um
equilíbrio em sua estrutura de capital, entre capital próprio e de terceiros.
Além disso, a companhia aberta pode utilizar suas próprias ações como instrumento para aquisição de
outras companhias, sem ser necessário desembolso de caixa, e a liquidez patrimonial que as ações
negociadas em bolsa proporcionam ao acionista representa uma facilidade na hora do desinvestimento.
Essa última vantagem é particularmente interessante para fundos de private equity e venture capital.
Por outro lado, decidir passar por um processo de IPO exige compromissos e custos, com a
necessidade de divulgação de informações da empresa ao mercado, ter sua autonomia limitada para a
tomada de decisões, maior exposição à mídia e maior suscetibilidade a condições de mercado.
APÓS A LEITURA DO CASE, É HORA DE APLICAR SEUS
CONHECIMENTOS! VAMOS LIGAR ESSES PONTOS?
1. OS FUNDOS DE PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL INVESTEM EM
EMPRESAS COM POTENCIAL DE CRESCIMENTO, PLANEJANDO O MOMENTO
DO DESINVESTIMENTO. ELES PODEM VENDER SUAS AÇÕES NO MERCADO DE
BALCÃO, MAS VEEM NA ABERTURA DE CAPITAL DE UMA EMPRESA UMA
GRANDE OPORTUNIDADE DE MELHORAR A LIQUIDEZ DOS PAPÉIS. NA SUA
EXPERIÊNCIA, QUAL DESSAS RAZÕES AJUDA A EXPLICAR O PORQUÊ DE TER
AÇÕES NEGOCIADAS NA BOLSA CAUSAR ESSE EFEITO?
A) Reserva de mercado da B3.
B) Fracionamento do capital e acesso a um universo maior de investidores.
C) Menores requisitos regulatórios para a negociação.
D) Ações de marketing da B3.
E) Possibilidade de emissão de debêntures.
2. O PERÍODO DE GRANDE AUMENTO NO NÚMERO DE EMPRESAS QUE SE
INTERESSARAM EM ABRIR CAPITAL NO BRASIL COINCIDE COM UM PERÍODO
DE BAIXAS TAXAS DE JUROS NA ECONOMIA. COMO JUROS MAIS BAIXOS
TENDEM A TORNAR O FINANCIAMENTO VIA CAPITAL DE TERCEIROS MAIS
BARATO, POR QUE AS EMPRESAS DESEJARIAM SE FINANCIAR VIA CAPITAL
PRÓPRIO, POR MEIO DO PROCESSO DE IPO?
A) Porque as taxas de juros cobradas pelos bancos não foram reduzidas.
B) Porque investidores pessoas físicas aceitam retornos menores.
C) Porque é um financiamento de menor risco para a empresa emissora.
D) Porque a B3 diminuiu as taxas cobradas para listagem.
E) Porque uma alta posterior de juros faria o valor presente de sua dívida aumentar.
GABARITO
1. Os fundos de private equity e venture capital investem em empresas com potencial de
crescimento, planejando o momento do desinvestimento. Eles podem vender suas ações no
mercado de balcão, mas veem na abertura de capital de uma empresa uma grande oportunidade
de melhorar a liquidez dos papéis. Na sua experiência, qual dessas razões ajuda a explicar o
porquê de ter ações negociadas na bolsa causar esse efeito?
A alternativa "B " está correta.
 
Ao emitir ações na bolsa, um universo maior de investidores potenciais se abre devido à simplificação do
processo de aquisição das ações e seu fracionamento. Pode-se adquirir uma fatia muito pequena na
empresa, o que permite a praticamente todos os investidores, não importando seu tamanho ou
conhecimento, participar de seu capital.
2. O período de grande aumento no número de empresas que se interessaram em abrir capital no
Brasil coincide com um período de baixas taxas de juros na economia. Como juros mais baixos
tendem a tornar o financiamento via capital de terceiros mais barato, por que as empresas
desejariam se financiar via capital próprio, por meio do processo de IPO?
A alternativa "C " está correta.
 
Para a empresa emissora, o financiamento por meio de dívida é mais arriscado, pois exige a geração de
caixa para pagamento de juros e amortizações. O financiamento via capital próprio, em que pese ser
mais oneroso, não apresenta tal restrição.
3. O PROCESSO DE ABERTURA DE CAPITAL PODE
OCASIONAR GRANDES IMPACTOS NA GOVERNANÇA
CORPORATIVA DAS EMPRESAS EMISSORAS,
PRINCIPALMENTE PARA PROTEGER OS INTERESSES DOS
SÓCIOS MINORITÁRIOS. QUE TIPOS DE EXIGÊNCIAS
REGULATÓRIAS VOCÊ ENTENDE QUE SÃO IMPORTANTESPARA GARANTIR UM TRATAMENTO JUSTO A ESSES
ACIONISTAS MINORITÁRIOS?
RESPOSTA
A legislação e a regulamentação da CVM impõem uma série de obrigações às empresas de capital aberto
como forma de proteção aos acionistas minoritários. Algumas delas se relacionam com a transparência,
como requisitos específicos de publicação de demonstrações financeiras auditadas. Outras dizem respeito
aos direitos de voto e direitos sobre dividendos: cada ação ordinária dá direito a um voto e as ações
preferenciais têm prioridade na hora da distribuição de dividendos. Os acionistas minoritários também
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possuem outros direitos, como o tag along e a indicação de representantes para o Conselho de
Administração.
Neste módulo, avaliaremos todo o processo de abertura de capital de uma empresa e de emissão de
ações no mercado primário. É nesse momento que a companhia emissora efetivamente capta os
recursos de que necessita para financiar seus projetos e seu crescimento.
MERCADO PRIMÁRIO DE AÇÕES
Neste tipo de mercado, as ações da companhia são negociadas pela primeira vez. Aquelas feitas
posteriormente em mercados de bolsa ou de balcão fazem parte do mercado secundário (que
estudaremos no módulo 3).
Geralmente, a emissão de ações no mercado primário se dá por meio de um processo denominado
oferta pública inicial (IPO, sigla de initial public offering) de ações. Quando a companhia emissora das
ações realiza o IPO, os recursos captados com a venda delas entram no cofre da empresa,
possibilitando o financiamento de seus projetos.
Antes de poder emitir ações no mercado primário, no entanto, as companhias devem se registrar na
CVM como companhias de capital aberto e obter as autorizações necessárias para a realização da
emissão.
CICLO DE VIDA DE UMA EMPRESA E OFERTA
PÚBLICA INICIAL
O financiamento de uma companhia por intermédio da abertura de capital e da emissão de ações em
uma IPO pode ser um processo bastante custoso.
No entanto, ele possibilita a captação de volumes significativos de recursos sem comprometer os fluxos
de caixa da empresa, o que ocorreria, por exemplo, em um financiamento obtido graças a empréstimos
bancários.
Por isso, ele é um processo mais comum em empresas que já adquiriram uma certa maturidade e
volume de receitas.
ETAPAS DA ABERTURA DE CAPITAL
Esta figura apresenta as principais etapas do processo de abertura e emissão de ações no mercado
primário:
DECISÃO DOS ACIONISTAS

REGISTRO E APROVAÇÃO DA CVM

SUBSCRIÇÃO

OFERTA EM BOLSA
Etapas do processo de abertura de capital.
Fonte: Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior
Agora, descreveremos de forma mais detalhada as três primeiras etapas desse processo. Já a oferta em
bolsa será abordada mais à frente.
DECISÃO DOS ACIONISTAS
Os acionistas da empresa que pretende abrir seu capital devem formalizar tal decisão em assembleia
geral. Ela precisa levar em consideração diversos aspectos importantes.
Veremos quatro deles a seguir:
Empresa com condições de atratividade econômica.
Características básicas da emissão.
Definição de agentes como intermediários e auditores independentes.
Estudos conjunturais e setoriais.
 
Foto: Shutterstock.com
A escolha dos intermediários (em geral, um banco de investimentos) é de particular importância, pois
são eles quem irão cuidar de todo o processo de subscrição das ações desde seu registro na CVM até
sua efetiva liquidação.
REGISTRO E APROVAÇÃO DA CVM
A companhia que queira abrir seu capital deve solicitar à CVM o “registro de companhia aberta”,
instrumento que permite que suas ações sejam negociadas no mercado de bolsa. Além disso, ela tem
de requerer à comissão o registro da oferta pública de distribuição das ações.
 
Fonte: Shutterstock.com
 SAIBA MAIS
Todas essas regras estão definidas em duas instruções da CVM: 400/2003 e 480/2009.
Além dessas autorizações, a B3 também impõe um procedimento regrado para que a companhia tenha
seus valores mobiliários negociados em seu sistema.
SUBSCRIÇÃO (OU UNDERWRITING)
A instituição financeira intermediadora é a responsável por fazer a ligação entre a empresa emissora das
ações e os investidores que participarão da emissão.
 
Foto: Shutterstock.com
Essa instituição, que vai subscrever as ações para que elas sejam ofertadas no mercado primário, pode
ser:
Sociedade corretora.
Sociedade distribuidora.
Banco de investimento.
Banco múltiplo.
Uma vez definido o tipo de subscrição, o processo de colocação das ações continua em suas demais
etapas.
Uma subscrição pode ser de vários tipos:
SUBSCRIÇÃO FIRME (OU PURA)
A instituição financeira assume todo o risco de colocação das ações no mercado primário, pois ela
subscreve e integraliza todas aquelas que serão colocadas. Quando utiliza a subscrição firme, essa
instituição passa um sinal muito positivo para os investidores, que veem nessa operação um “aval” dado
por ela.
SUBSCRIÇÃO RESIDUAL (STAND-BY)
Na subscrição residual, a instituição intermediária se compromete em negociar a colocação das ações
por certo período. Após esse prazo, a instituição financeira integraliza as que não foram colocadas ou as
devolve à empresa emitente.
SUBSCRIÇÃO MELHORES ESFORÇOS (BEST EFFORT)
Já no caso da subscrição por melhores esforços, a instituição intermediária não assume nenhum risco
de colocação das ações emitidas. Ou seja, as que não são colocadas no prazo estipulado são
retornadas à empresa emissora sem que sejam integralizadas.
RAZÕES PARA A SUBPRECIFICAÇÃO DOS IPOS
Suponha que alguns investidores possuam informações mais precisas sobre a situação da empresa que
realizará o IPO que outros, mas eles não podem comprar todas as ações a serem emitidas por causa de
certos impedimentos, por exemplo, restrições regulatórias ou aversão ao risco.
Investidores menos informados sabem que eles receberão mais ações no IPO se os investidores
informados não quiserem comprá-las – ou seja, quando a situação da empresa é pior (winners curse ou
maldição dos vencedores).
Dessa forma, a única maneira de atrair investidores menos informados é emitir as ações com desconto.
Com isso, a subprecificação será menor quando o método de emissão for o de garantia firme, e não o
de melhor esforço (como se a instituição financeira desse uma melhor certificação no primeiro caso).
PROSPECTO PRELIMINAR
Após o registro da oferta na CVM e na B3, a empresa que deseja ofertar as ações deve publicar o aviso
ao mercado e o prospecto preliminar da oferta.
O prospecto deve conter diversas informações. Eis algumas delas:
As principais características da oferta e do contrato de distribuição.
A identificação das instituições envolvidas na oferta.
As regras para estabilização de preço.
A destinação dos recursos captados.
Os fatores de risco da oferta.
ROADSHOWS
Um roadshow é uma série de apresentações feitas para promover um IPO. Os roadshows são
executados pela instituição intermediária com o objetivo de apresentar aos potenciais investidores as
características da emissão.
 
Foto: Shutterstock.com
BOOKBUILDING
O processo de bookbuilding consiste na coleta das intenções de investidores potenciais quanto às
quantidades e aos preços que eles estariam dispostos a pagar pelas ações.
 
Foto: Shutterstock.com
As informações coletadas vão servir para a definição de um preço justo de colocação das ações, uma
vez que a instituição intermediária consegue traçar a curva de demanda desses papeis. Para os
investidores, o processo de bookbuilding também pode funcionar como uma reserva de compra.
FIXAÇÃO DO PREÇO DE EMISSÃO
Para uma colocação bem-sucedida das ações a serem emitidas, a determinação do preço de emissão é
um dos passos mais importantes. Por causa disso, ele precisa ser fixado com base em alguns critérios.
 EXEMPLO
Cotação das ações no mercado, valor do patrimônio líquido da empresa emissora e rentabilidades
futuras esperadas.
Uma colocação por preço muito baixo pode prejudicar os antigos acionistas, enquanto um muito elevado
é capazde ocasionar um volume alto de ações não integralizadas.
OFERTA EM BOLSA
Vencidas todas essas etapas, inicia-se a oferta das ações na bolsa do mercado secundário (item que
estudaremos mais detalhadamente no módulo 3).
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABERTURA DE
CAPITAL
A abertura de capital pode apresentar vantagens e desvantagens:
VANTAGENS
Podemos citar diversas; entre elas, a possibilidade de a empresa conseguir operar com uma maior
capitalização.
Tendo sido efetuada pelo emprego de capital próprio em vez de dívida, essa maior capitalização ainda
possui dois benefícios: ser de prazo indeterminado e não comprometer os fluxos de caixa futuros da
empresa, pois os pagamentos dependem de seus resultados operacionais.
Além disso, uma empresa de capital aberto oferece maior liquidez aos acionistas para desfazer seu
investimento e a possibilidade de novos arranjos societários que resolvam conflitos de controle
societário, algo muito comum em empresas familiares.
O processo de abertura de capital também reveste a empresa de maiores instrumentos de governança e
transparência, o que pode ajudá-la a obter bons resultados operacionais.
DESVANTAGENS
Suas desvantagens concentram-se basicamente nos diversos custos envolvidos no processo de
abertura de capital.
Exemplo
Os custos administrativos de uma empresa de capital aberto são aumentados pela necessidade de
publicações e pela divulgação de informações, auditorias independentes e taxas da CVM e da B3.
Além disso, o processo de oferta de ações também compreende custos diversos, como custos legais,
divulgação e publicidade e intermediários financeiros e administrativos.
AMERICAN DEPOSITARY RECEIPTS (ADR)
CONCEITO
Os ADRs são recibos de depósito emitidos por um banco norte-americano. Cotados e negociados em
dólares no mercado financeiro dos Estados Unidos, eles possuem lastro em ações de empresas
estrangeiras custodiadas pelo banco emissor.
Esse lastro se deve a valores mobiliários emitidos fora dos EUA. Já os recibos conferem a seus
detentores benefícios econômicos iguais aos dos acionistas locais da empresa que lança o programa de
ADR.
FUNÇÃO
Os ADRs passaram a se tornar um meio para as empresas dos países emergentes poderem aumentar
seu capital nos casos em que o ADR estiver lastreado em novas emissões ou a liquidez desses papéis
quando eles fizerem referência a títulos já emitidos.
Há basicamente duas formas distintas de programas de ADRs:
Patrocinados
Quando a empresa, cujas ações lastreiam os ADRs, trabalha com o banco depositário e assume a
responsabilidade de manter um fluxo de informações adequado sobre ela (bem mais usual).

Não patrocinados
Quando os ADRs são emitidos e colocados para o público sem que a companhia emissora das ações a
servir de lastro participe ativamente do processo.
Uma vez emitidos, os ADRs, dependendo do seu tipo e de outras condições, são negociados:
No mercado de balcão.
Em bolsas dos EUA, como a New York Stock Exchange (NYSE) ou a American Stock Exchange
(AMEX).
Em sistemas de negociação, como o da National Association of Securities Dealers Automated
Quotation System (NASDAQ).
BENEFÍCIOS
Eles atingem investidores (fora e dentro do Brasil) e empresas emitentes.
INVESTIDOR ESTRANGEIRO
Cria uma opção de investimento e de diversificação internacional de sua carteira (o risco país é
diversificado).
INVESTIDOR LOCAL
Há um aumento da eficiência do mercado doméstico, o que se traduz em preços praticados mais justos.
Esse incremento se justifica por:
Aumento da liquidez na negociação das ações das empresas emitentes, levando à queda da
volatilidade dos retornos das ações.
Convergência dos preços das ações negociadas nas duas bolsas mediante o processo de
arbitragem.
EMPRESAS EMITENTES
Essas empresas contam com quatro tipos de benefício:
Aumento do número de investidores (o que leva à maior liquidez de suas ações) com a abertura de
capital nas bolsas norte-americanas.
Queda na volatilidade dos retornos.
Aumento nos preços devido à maior demanda pelas ações da empresa.
Melhoria da imagem da corporação para obter melhores condições no lançamento de bônus ou
commercial paper no exterior.
TAG ALONG
Quando ocorre uma mudança no controle da empresa, com um novo controlador comprando a maior
parte do capital dela, acionistas minoritários com ações ordinárias têm o direito de vendê-las pelo preço
pago por ele na aquisição desse controle.
Esse direito é chamado de tag along (em inglês, ir junto), podendo ser estendido aos acionistas
preferenciais caso essa previsão conste no estatuto da empresa.
 ATENÇÃO
O direito de tag along, no entanto, não indica necessariamente o de venda das ações pelo preço cheio
pago pelo novo controlador, podendo ser simplesmente um percentual desse preço. No entanto, ele não
pode ser inferior a 80% do valor cheio.
Neste vídeo, o especialista descreverá o processo de abertura de capital e cada uma de suas etapas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA COM RELAÇÃO AOS TIPOS DE
SUBSCRIÇÃO.
A) A subscrição de melhores esforços garante à companhia emissora a integralização de todas as
ações.
B) Na subscrição residual, a instituição financeira intermediadora pode, ao final do prazo estipulado para
a colocação, integralizar as ações que não foram colocadas no mercado primário.
C) A subscrição firme só garante a integralização das ações caso haja inadimplência por parte dos
investidores.
D) A modalidade de subscrição firme passa uma mensagem de desconfiança para os investidores.
E) A modalidade de melhores esforços não é permitida pela CVM.
2. QUAL DAS OPÇÕES ABAIXO NÃO CONSTITUI UMA ETAPA DO PROCESSO DE
ABERTURA DE CAPITAL DAS EMPRESAS?
A) Bookbuilding
B) Roadshow
C) Decisão dos acionistas
D) Registro na CVM
E) Autorização do Banco Central
GABARITO
1. Assinale a alternativa correta com relação aos tipos de subscrição.
A alternativa "B " está correta.
 
A subscrição residual permite que a instituição intermediadora integralize as ações que não conseguiram
ser colocadas.
2. Qual das opções abaixo não constitui uma etapa do processo de abertura de capital das
empresas?
A alternativa "E " está correta.
 
A CVM é o órgão responsável pelo registro de companhias abertas.
MÓDULO 3
 Identificar o papel dos diversos agentes do mercado secundário e sua dinâmica
LIGANDO OS PONTOS
O que leva alguém a tomar ações em aluguel? Ou cedê-las? Vamos descobrir.
Após a ação da petrolífera OGX (OGXP3) ter atingido, em 15 de março de 2013, a sua mínima histórica
até então, a demanda pelo aluguel de seus papéis disparou. O aluguel de ações no mercado acionário
geralmente aumenta quando há expectativas de queda no preço da ação.
Assim, o aluguel de ativos é muito utilizado pelos investidores que operam vendidos, ou seja, que
apostam na queda do papel. Funciona da seguinte maneira: eles tomam ações em aluguel e,
imediatamente, as vendem no mercado à vista. Depois que o preço cai abaixo de determinado patamar,
esses investidores recompram a mesma quantidade de ações por um preço mais barato para encerrar o
contrato de aluguel, ganhando com a diferença entre o valor da venda e da compra das ações.
Em 10 de setembro de 2013, o volume de ações alugadas da OGX chegou a 627.284.316 ações, o que
representava 40,7% das ações em circulação da empresa (free float), excedendo o máximo permitido
pela então BM&FBovespa (atualmente, B3). A taxa de aluguel chegou ao valor de 98,01% ao ano,
sendo que a bolsa limita o valor dessa taxa em 100%.
Geralmente, investidores de longo prazo, que não pretendem se desfazer das ações num horizonte
curto, cedem suas ações em aluguel para obter renda extra, além da própria valorização do papel.
No entanto, essa operação não é sem risco para quem cede as ações em aluguel. E certamente não era
sem risco no caso da OGX. Com as ações cedidas em aluguel, não é possível operá-las na bolsa
enquanto durar o contrato de aluguel. Com isso, não é possível se desfazer das ações em casode
derretimento de seu preço e o investidor pode se ver tendo que amargar um grande prejuízo com uma
eventual quebra da empresa emissora dos papéis.
APÓS A LEITURA DO CASE, É HORA DE APLICAR SEUS
CONHECIMENTOS! VAMOS LIGAR ESSES PONTOS?
1. SE VOCÊ CEDEU EM ALUGUEL AÇÕES DA OGX, QUANDO SEU PREÇO ERA
DE R$ 1,65, A UMA TAXA DE 100% A.A. E, APÓS 3 MESES, DATA DE
VENCIMENTO DO CONTRATO DE ALUGUEL, A AÇÃO VALIA R$ 0,01, QUANTO
VOCÊ TEVE DE PREJUÍZO POR AÇÃO, APROXIMADAMENTE?
A) R$ 1,64.
B) R$ 1,33.
C) R$ 0,31.
D) R$ 0,01.
E) Houve lucro de R$ 0,01.
2. QUE TIPO DE CONTRIBUIÇÃO O MECANISMO DE ALUGUEL DE AÇÕES TRAZ
PARA UMA MAIOR EFICIÊNCIA DO MERCADO ACIONÁRIO?
A) Permite aos investidores ter algum retorno em um mercado pouco rentável.
B) Cria oportunidades de emprego para corretores de aluguel.
C) Melhora a precificação dos ativos, permitindo aos investidores apostarem na queda dos preços das
ações.
D) Evita a queda no preço das ações pouco rentáveis.
E) Reduz a especulação no mercado acionário.
GABARITO
1. Se você cedeu em aluguel ações da OGX, quando seu preço era de R$ 1,65, a uma taxa de
100% a.a. e, após 3 meses, data de vencimento do contrato de aluguel, a ação valia R$ 0,01,
quanto você teve de prejuízo por ação, aproximadamente?
A alternativa "B " está correta.
 
Uma taxa de 100% a.a. equivale a 18,9% ao trimestre. Dessa forma, você irá receber 18,9% de R$ 1,65
pelo aluguel, ou seja, R$ 0,31. Por outro lado, você perde R$ 1,64 com a desvalorização da ação.
Assim, você amargará um prejuízo de R$ 1,33 por ação, ou um retorno de -80,6%!
2. Que tipo de contribuição o mecanismo de aluguel de ações traz para uma maior eficiência do
mercado acionário?
A alternativa "C " está correta.
 
Ao permitir que investidores operem vendidos nas ações, o mecanismo de aluguel traz maior eficiência
na formação de preços do mercado e na composição de carteiras ótimas de investimentos.
3. A B3 LIMITA O VOLUME DE AÇÕES ALUGADAS EM 40%
DO FREE FLOAT (QUANTIDADE DE AÇÕES EM
CIRCULAÇÃO). NA SUA OPINIÃO, QUAIS OS RISCOS DE
HAVER UMA QUANTIDADE MUITO ALTA DE AÇÕES
ALUGADAS PARA O BOM FUNCIONAMENTO DESSE
SERVIÇO?
RESPOSTA
Uma quantidade muito grande de ações alugadas, em comparação com o free float, pode aumentar o nível
de inadimplência nos contratos de aluguel. Em outras palavras, se o investidor não encontrar ações
disponíveis para venda no mercado à vista, ele não consegue recomprar as ações necessárias para fechar
sua posição nos contratos de aluguel. O short squeeze é um fenômeno que ocorre justamente nessa
situação, fazendo com que os investidores vendidos no papel comecem a comprar essas ações para fechar
suas posições, o que provoca uma alta artificial no preço da ação.
Neste módulo, analisaremos mais a fundo o mercado secundário de ações, o papel das corretoras de
títulos e valores mobiliários, o processo de negociação na bolsa e os riscos envolvidos nessas
operações.
MERCADO SECUNDÁRIO DE AÇÕES
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CONCEITO
Como vimos no módulo 2, as ações são inicialmente colocadas no mercado primário por meio de uma
IPO. Uma vez subscritas e integralizadas, elas podem ser negociadas no mercado de bolsa.
Essas operações constituem o mercado secundário. Enquanto no primário a negociação é realizada
entre a empresa emissora e os investidores, no secundário ela se dá somente no âmbito dos
investidores.
AS CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES
MOBILIÁRIOS
As corretoras de títulos e valores mobiliários possuem como principal atividade a execução das ordens
de compra e venda realizadas por seus clientes.
SEGUNDO A CVM, AS CORRETORAS NORMALMENTE
OFERECEM AOS SEUS CLIENTES:
Suporte para entender o funcionamento da bolsa e para a definição do perfil do investidor.
Fornecimento de informativos sobre o mercado e de relatórios de recomendação de ações como
forma de auxiliar na escolha de ações ou de tipos de investimentos.
Disponibilização de ferramentas e serviços facilitadores, como o home broker (investimento via
internet) e ferramentas de análise gráfica.
Assessoria de especialistas.
Aviso sobre novos produtos no mercado, possibilitando a diversificação de seus investimentos.
Informação sobre o recebimento de dividendos e outros valores que as empresas pagam aos
acionistas.
Além das corretoras, apenas as distribuidoras de títulos e valores mobiliários podem operar diretamente
nas bolsas de valores.
HOME BROKER
As pessoas físicas têm tido cada vez mais um papel relevante na B3. O gráfico a seguir aponta um
crescimento na participação desses tipos de investidores nos negócios realizados:
 
Imagem: ANBIMA, ABRAPP e B3.
 Quantidade de pessoas físicas que investem na B3.
Esse boom também pode ser explicado pela popularização do home broker, ferramenta disponibilizada
pelas corretoras para que as pessoas físicas e jurídicas possam negociar suas ações utilizando a
internet. Por meio dele, os investidores conseguem enviar suas ordens de compra e venda de ações
pela internet ou por aplicativos móveis.
O home broker, no entanto, não acessa diretamente os sistemas da B3. As ofertas dos clientes trafegam
inicialmente pelo sistema da corretora, sendo inseridas em seguida na plataforma de negociação da
bolsa.
MODALIDADES OPERACIONAIS
As principais modalidades de negociação no mercado de ações são:
MERCADO À VISTA
As negociações no mercado à vista são as mais simples, compreendendo a compra e a venda direta de
ações durante um pregão. Após a concretização da negociação, o comprador paga o preço combinado e
o vendedor entrega a ação vendida a ele.
MERCADO A TERMO
No mercado a termo, definem-se uma quantidade e um valor para liquidação em determinada data no
futuro, quando o comprador pagará o preço acordado e receberá as ações do vendedor.
MERCADO DE FUTUROS
Ele é muito semelhante ao mercado a termo, com a diferença de que, no mercado de futuros, há a
incidência de ajustes diários nas posições compradas e vendidas até a data acordada para o
vencimento da operação.
MERCADO DE OPÇÕES
Negociam-se nesse mercado opções sobre ações. Seu comprador tem o direito de comprar (vender) as
ações para o vendedor das opções no caso de opções de compra (venda). Esse vendedor recebe uma
remuneração (chamada de prêmio) para assumir essa obrigação.
Os mercados a termo, de futuros e de opções são mercados de derivativos.
ALUGUEL DE AÇÕES
A B3 ainda oferece a efetuação de operações de aluguel de ações, o que possibilita a tomada de
posição vendida em determinada ação. Essa modalidade funciona da seguinte maneira: um investidor
que pretende manter em sua carteira uma ação por muito tempo pode auferir um benefício extra.
Para isso, basta alugar tal ação e receber uma remuneração. O investidor que a alugar terá o
compromisso de pagar a taxa pelo aluguel e de devolvê-la a seu proprietário na data acordada para o
vencimento da operação.
Logo após tomar a ação em aluguel, o investidor pode então vendê-la no mercado à vista e investir o
dinheiro recebido com a venda em outra aplicação. Com isso, ele passa a ter uma dívida, cujo valor
varia conforme o próprio valor da ação em aluguel. Se o preço dela subir, a dívida dele aumentará e ele
perderá dinheiro; se cair, ela diminuirá de preço e o investidor, em vez disso, ganhará. Veja um exemplo
para entender melhor.
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EXEMPLO
Um investidor toma uma ação em aluguel e a vende por 50 reais no mercado à vista. Em seguida,
investe esse valor em uma aplicação de renda fixa com rendimento de 0,2% ao mês. A operação
tem a duração de um mês; além disso, ele deve remunerar o proprietário da ação com 0,10
centavos pelo aluguel. Após 30 dias, a aplicação do investidor terá rendido 50 x 0,2% = 0,10, o que
bastaria para pagar o valor do aluguel. Se o preço da ação nesse momento for de 45 reais, ele a
comprará no mercado à vista por esse valor e a devolverá ao proprietário. Com isso, conseguirá
auferir um lucro de 50 – 45 = 5 reais.
PREÇO DAS AÇÕES
Os preços das ações são determinados pela oferta e demandadelas, refletindo a expectativa de
retornos futuros. Para entendermos o retorno oferecido por elas aos investidores, podemos analisar a
seguinte equação:
Ou seja, o investidor pode auferir ganhos de capital com a valorização do preço das ações, embora
também vá receber os dividendos distribuídos enquanto estiver em posse delas.
JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO
Além dos dividendos, há outros tipos de proventos pagos pelas empresas aos seus acionistas, como os
juros sobre o capital próprio (JCP).
Para as empresas, distribuir lucros por meio de JCP pode ser vantajoso pelo benefício fiscal (o
pagamento de juros reduz a base de cálculo de imposto das empresas). Por outro lado, para os
acionistas, o efeito é o contrário: dividendos são isentos de impostos, o que não acontece com os juros
sobre capital próprio.
EFEITO DO PAGAMENTO DE PROVENTOS NO PREÇO
DAS AÇÕES
Independentemente da forma de distribuição de lucros (por meio de dividendos ou juros sobre o capital
próprio), o pagamento desses proventos tem um impacto direto no preço das ações.
Assim que o pagamento de um desses proventos é anunciado, o preço das ações cai proporcionalmente
ao valor do dividendo a ser pago.
Você sabe o porquê disso?
VERIFICAR
Suponha que você possua uma ação cotada a 50 reais e que a companhia emissora anuncie um
pagamento de dividendos no valor de um real por ação. Caso o preço da ação não caia para 49 reais,
permanecendo em 50, você terá tido um ganho financeiro de um real somente com o anúncio da
distribuição.
SPLIT E INPLIT DE AÇÕES
Você já reparou que os valores de cotações das ações na bolsa raramente ultrapassam a casa de 150
reais ou ficam abaixo de um real?
Isso não ocorre por acaso. Quando uma ação está muito barata, qualquer alteração pequena no preço
gera uma grande variação de ganhos ou de perdas.
 EXEMPLO
Se uma ação está sendo negociada a 10 centavos e passa a valer nove, ela desvaloriza 10% apesar de
a queda ser somente de um centavo.
Dessa maneira, ações com cotações muito baixas tendem a apresentar uma volatilidade de retornos
maior. Por outro lado, se uma ação está muito cara, ela tende a ter sua liquidez reduzida; além disso, os
investidores têm dificuldades para usar quantidades adequadas dela na composição de suas
estratégias.
 
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Para resolver esses problemas, as empresas podem realizar duas operações:
INPLIT (GRUPAMENTO) DE AÇÕES COM VALOR MUITO
BAIXO.
SPLIT (DESDOBRAMENTO) DAQUELAS COM COTAÇÕES
MUITO ELEVADAS.
No inplit, 100 ações negociadas a 40 centavos, por exemplo, podem ser agrupadas em uma ação com
valor de 40 reais. Ou seja, um investidor que possua 100 ações poderá trocá-las por outra que equivale
àquelas 100.
 ATENÇÃO
É a empresa emissora que decide realizar essa operação.
Já no split, as ações são desmembradas em outras. Uma ação negociada a 200 reais, por exemplo,
pode ser desmembrada em outras cinco com valor de 40 reais. Ou seja, um investidor que possua uma
dessas ações passa a ter cinco com cotações mais baixas.
Em qualquer caso, o valor total de capitalização das empresas permanece inalterado.
EXCHANGE TRADED FUNDS (ETFS)
Os ETFs são fundos de investimento que buscam replicar o comportamento de índices de ações de
forma passiva cujas cotas sejam admitidas na negociação em bolsa de valores.
 EXEMPLO
Um dos principais ETFs no mercado brasileiro é o BOVA11: ele replica o índice Ibovespa, mantendo com
proporções iguais uma carteira composta pelas mesmas ações que o compõem.
Por sua gestão ser passiva, eles possuem custos administrativos bastante reduzidos em comparação
com os apresentados pelos fundos de investimento em ações tradicionais. Isso justifica sua atratividade.
PROCESSOS DE NEGOCIAÇÃO
Uma negociação pode ser:
COMUM
DIRETA
LEILÃO
OFERTA
COMUM
As negociações comuns são realizadas por meio do sistema eletrônico de negociação da B3 entre dois
intermediários distintos que representam seus respectivos clientes.
DIRETA
Na negociação direta, os dois investidores são representados pela mesma corretora, a qual, por sua
vez, age como vendedora e compradora. Nessa situação, um agente da bolsa é acionado e aguarda um
tempo para que a concretização da negociação se dê pelo melhor preço.
LEILÃO
O leilão é uma operação similar à negociação direta: após todas as ofertas serem colocadas, os
negócios são fechados pela melhor oferta de acordo com as ordens apresentadas durante o período do
leilão.
OFERTA
Na oferta, a negociação é fechada sem a presença do operador, que realiza o registro dela no sistema
da B3.
TIPOS DE ORDENS
Os principais tipos de ordem existentes são a:
ORDEM A MERCADO
Trata-se da quantidade de ações a serem adquiridas sem se estabelecer um preço. A ordem deverá ser
executada assim que for recebida.
ORDEM LIMITADA
As ordens limitadas são aquelas que só são executadas por preços iguais ou melhores que o preço
especificado pelo cliente. Se for uma ordem de compra, ele deverá ser igual ou menor que o
especificado; se for uma de venda, precisará ser igual ou maior.
ORDEM CASADA
As ordens casadas só podem ser cumpridas simultaneamente. Elas compreendem uma ordem de
compra e outra de venda.
ORDEM STOP
As ordens stop precisam ser executadas a partir do momento em que ocorre uma negociação com um
preço melhor que o especificado.
RISCOS
Como em qualquer atividade, as operações em bolsa apresentam riscos.
Elencaremos a seguir alguns deles:
 
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RISCOS INERENTES AO MERCADO DE AÇÕES
Diferentemente dos ativos de renda fixa – cujas ações são ativos que não possuem um retorno
predeterminado –, os investidores em ações auferem ganhos tanto com o recebimento de dividendos
quanto com a flutuação do preço delas, as quais, aliás, podem apresentar uma volatilidade bastante
elevada.
 
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RISCOS RELACIONADOS AO CICLO DE LIQUIDAÇÃO
A liquidação é o procedimento de pagamento pelo comprador e de entrega da ação pelo vendedor. As
ações vendidas devem estar disponíveis para entrega ao comprador nos prazos previstos nos
regulamentos da B3.
 
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RISCOS OPERACIONAIS
Os tempos são muito importantes nas operações de bolsa. Por isso, são considerados muito
importantes os riscos operacionais relacionados ao acesso à internet e, consequentemente, aos
sistemas de negociação.
Exemplo
Queda de energia elétrica e performance da conexão ou dos links.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A OPÇÃO QUE NÃO CORRESPONDE A UM TIPO DE ORDEM.
A) A mercado
B) Limitada
C) Diferida
D) Casada
E) Stop
2. QUAL DAS OPÇÕES ABAIXO NÃO REPRESENTA UM TIPO DE PROCESSO DE
NEGOCIAÇÃO?
A) Comum
B) Direta
C) Leilão
D) Indireta
E) Oferta
GABARITO
1. Assinale a opção que não corresponde a um tipo de ordem.
A alternativa "C " está correta.
 
As ordens a mercado devem ser executadas imediatamente pelo preço de mercado. As ordens limitadas
só podem sê-lo por preços melhores ou iguais ao especificado. Já as casadas são executadas
simultaneamente, compreendendo uma ordem de compra e outra de venda. As ordens stop, por fim, são
disparadas caso seja efetuada uma negociação com um preço melhor que o especificado.
2. Qual das opções abaixo não representa um tipo de processo de negociação?
A alternativa "D " está correta.
 
Trata-se da única opção que não representa um direito dos acionistas ordinários.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mercado acionário vem ganhando bastante relevância no Brasil em um ambiente de taxas de juros
baixas e popularização do home broker. Neste tema, tendo isso em vista, nos debruçamos sobre o
mercado de ações.
Estudamos o funcionamento da bolsa de valores e dos mercados primários e secundário de ações.
Vimos ainda como se dá o processo de abertura de capital das empresas, apontando suas vantagens e
desvantagens. Por fim, destacamos algumas características desses mercados.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
BRASIL, BOLSA,BALCÃO. Índice Bovespa (Ibovespa). Consultado em meio eletrônico em: 2 fev.
2021a.
BRASIL, BOLSA, BALCÃO. Por dentro da B3. In: Certificações PQO. Consultado em meio eletrônico
em: 2 fev. 2021b.
BRASIL. Instrução CVM nº 461. Disciplina os mercados regulamentados de valores mobiliários e
dispõe sobre a constituição, organização, funcionamento e extinção das bolsas de valores, bolsas de
mercadorias e futuros e mercados de balcão organizado. Publicado em: 23 out. 2007.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. TOP: Mercado de valores mobiliários brasileiro. 4. ed. Rio de
Janeiro: CVM, 2019.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, pesquise:
No site da B3 mais informações sobre as ações e as operações de bolsa, inclusive para conhecer mais
sobre a metodologia de elaborações do Ibovespa.
Leia a Instrução CVM nº 461.
CONTEUDISTA
Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior

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