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Lógica e Raciocínio 1 Lógica e Raciocínio Proposições matemáticas, conectivos e condicionais Sumário: Proposições matemáticas: elemento fundamental do argumento lógico matemático. Negação de uma proposição: técnica básica de argumentação lógica. Conectivos: combinação de proposições simples em proposições compostas. Condicionais: combinação de proposições em uma cadeia lógica. Proposição: oração declarativa que pode ser classificada em verdadeira ou falsa. 💡 Princípio da não contradição: uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. Princípio do terceiro excluído: uma proposição ou é verdadeira ou falsa, não há uma terceira possibilidade. A partir de uma proposição p podemos construir uma nova proposição, chamada de negação de P, representada por ~p, cujo o valor lógico (verdadeiro ou falso) é sempre o oposto da proposição original p. Conectivos: Conectivo de conjunção: ^ (lê-se como “e”). Lógica e Raciocínio 2 p: O número 7 é primo. q: O número 2 é par. p^q: O número 7 é primo e o número 2 é par. Se o valor de uma das proposições for falso, o valor da conjunção vai ser falso. Conectivo de disjunção: v (lê-se como “ou”). p: 2 é um número primo. q: 2 é um número composto. pvq: 2 é um número primo ou um número composto. O valor da disjunção só vai ser falso se o valor das duas proposições for falso. Lógica e Raciocínio 3 Condicionais: Condicional simples → (lê-se como “se p, então q”). p: Cinco é divisor de vinte. (5/20) q: Vinte é divisor de cem. (20/100) p → q: Se cinco é divisor de vinte, então vinte é divisor de cem. (5/20 → 20/100) Uma condicional “se p, então q” só vai ser falsa se a proposição p for verdadeira e q for falsa. Condicional ↔ (lê-se como “p, se e somente se, q”). p: Cinco é divisor de vinte. (5/20) q: Vinte é divisor de cem. (20/100) p↔q: Cinco é divisor de vinte, se e somente se, vinte é divisor de cem. (5/20 ↔ 20/100) Uma condicional “p, se e somente se, q” só vai ser verdadeira se as proposições tiverem o mesmo valor lógico. Lógica e Raciocínio 4 Tautologia e relações lógicas Sumário: Tautologia (tabela-verdade): validação de proposições logicamente verdadeiras. Proposições logicamente falsas: raciocínio básico para demonstrações matemáticas. Relação de implicação: peça fundamental da lógica matemática em teoremas e demonstrações. Relação de equivalência: peça fundamental da lógica matemática em teoremas e demonstrações. Tautologia: proposição composta logicamente verdadeira, seu valor lógico é sempre verdadeiro. Proposições logicamente falsas = contradições: valor lógico é sempre falso. Lógica e Raciocínio 5 Relação de implicação: uma proposição p implica em uma proposição q se q é verdadeira todas as vezes que p é verdadeira, isto é, quando a condicional p → q é verdadeira. Neste caso, indicamos p ⇒ q. Relação de equivalência: dizemos que p é equivalente a q quando p e q tem os mesmos valores lógicos, quando a condicional p ↔ q é verdadeira. Neste caso, indicamos p <=> q. Lógica e Raciocínio 6 Sentenças Abertas e Quantificadores Sumário: Sentenças abertas: são frequentes na matemática e na lógica. Quantificador universal: transformar uma sentença aberta em uma proposição lógica. Quantificador existencial: transformar uma sentença aberta em uma proposição lógica. Sentença aberta p(x): valor lógico depende de uma variável x (ou mais de uma). Conjunto-verdade Vp: o conjunto-verdade Vp de uma sentença aberta p(x) é o conjunto de todos os elementos / valores / objetos a tais que p(a) é uma proposição verdadeira. Sendo A o conjunto de todos possíveis valores / objetos da variável x da sentença aberta p(x), temos 3 possibilidades: p(x) é verdadeira para todo x ∈ A. Neste caso Vp = A e p(x) é uma propriedade universal no conjunto A. p(x) é verdadeira somente para alguns x ∈ A. Neste caso Vp é um subconjunto próprio de A e p(x) é uma propriedade possível no conjunto A. p(x) é falsa para todo x ∈ A. Neste caso Vp = Ø e p(x) é uma propriedade impossível no conjunto A. Quantificador universal ∀ (lê-se “para todo” ou “qualquer que seja”): (∀x ∈ N)(x + 5 = 7): “para todo número natural x, temos que x + 5 = 7”. (valor-lógico: falso) Se p(x) é uma sentença aberta em A, então o quantificador ∀ a torna uma proposição (∀x ∈ A)(p(x)). Lógica e Raciocínio 7 Se Vp = A, a proposição é verdadeira. Se Vp ≠ A, a proposição é falsa. Quantificador existencial ∃ (lê-se “existe” ou “existe pelo menos um”): (∃x ∈ N)(x + 5 = 7): “existe um número natural x tal que x + 5 = 7”. (valor- lógico: verdadeiro) Se p(x) é uma sentença aberta em A, então o quantificador ∃ a torna uma proposição (∃x ∈ A)(p(x)). Se Vp ≠ Ø, a proposição é verdadeira. Se Vp = Ø , a proposição é falsa. Quantificador existencial e de unicidade ∃! (lê-se “existe e é único” ou “existe apenas um”): quando além de existir, ele é único. (∃!x ∈ N)(x + 5 = 7): “existe um único número natural x tal que x + 5 = 7”. (valor-lógico: verdadeiro) Se p(x) é uma sentença aberta em A, então o quantificador ∃! a torna uma proposição (∃!x ∈ A)(p(x)). Se Vp = {a}, a proposição é verdadeira. Se Vp ≠ {a}, a proposição é falsa. Negação de proposições lógicas Sumário: Negação de uma conjunção. Negação de uma disjunção. Negação de uma condicional simples. Negação de proposições quantificadas. Negação de uma conjunção: Conjunção: p ^q ~(p^q) <=> ~p v ~q Lógica e Raciocínio 8 Exemplo: p: 2 é um número par. q: 2 é um número primo. (p ^q): 2 é um número par e 2 é um número primo. ~(p^q): 2 não é um número par ou 2 não é um número primo. Negação de uma disjunção: Disjunção: p v q ~(p v q) <=> ~p ^~q Exemplo: p: 2 é um número par. q: 2 é um número primo. (p v q): 2 é número par ou 2 é um número primo. ~(p v q): 2 não é um número par e 2 não é um número primo. Negação de uma condicional simples: Condicional simples: p → q (se p, então q) ~(p → q) <=> p ^~q Lógica e Raciocínio 9 Exemplo: p: 7 é um número racional. (7 ∈ Q) q: 7 é um número real. (7 ∈ R) (p → q): se 7 é um número racional, então 7 é um número real. (7 ∈ Q) → (7 ∈ R) ~(p → q): 7 é um número racional e 7 não é um número real. (7 ∈ Q) ^ (7 ∉ R) Negação de proposições quantificadas: Negação do quantificador universal: Quantificador universal: ∀ (lê-se “para todo” ou “qualquer que seja”). p(x): x fala alemão. (∀x)(p(x)): todo x fala alemão. ~(∀x)(p(x)) <=> (∃x)(~p(x)) Exemplo 1: p(x): x + 7 = 1. (∀x ∈ R)(p(x)): para todo x ∈ R, x + 7 = 1 (para todo número real x, temos que x + 7 = 1). ~(∀x)(p(x)): existe pelo menos um x ∈ R tal que x + 7 ≠ 1 (existe pelo menos um número real x tal que x + 7 ≠ 1). Exemplo 2: p(L): o losango L é um quadrado. (∀L)(p(L)): todo losango é um quadrado. ~(∀L)(p(L)): existe pelo menos um losango que não é um quadrado. Negação do quantificador existencial: Quantificador existencial: ∃ (lê-se “existe” ou “existe pelo menos um”). p(x): x foi a Marte. (∃x)(p(x)): existe pelo menos um x que foi a Marte. ~(∃x)(p(x)) <=> (∀x)(~p(x)) Lógica e Raciocínio 10 Exemplo: p(x): x + 7 = 1. (∃x ∈ R)(p(x)): existe um x ∈ R tal que x + 7 = 1 (existe pelo menos um número real x tal que x + 7 = 1). ~(∃x ∈ R)(p(x)): para todo x ∈ R, x + 7 ≠ 1 (para todo número real x temos que x + 7 ≠ 1). Negação do quantificador existencial e de unicidade: Quantificador existencial e de unicidade: ∃! (lê-se “existe e é único” ou “existe apenas um”). p(L): o losango L é um quadrado. (∃!L)(p(L)): existe um único losango L que é um quadrado. ~(∃!L)(p(L)): para todo losango L temos que L não é um quadrado, ou existem pelo menos 2 losangos L1 e L2 que não são quadrados. ~(∃!L)(p(L)) <=> (∀L)(~p(L)) v ~(∃!L)(p(L)) <=> (∃L1, L2) (~p(L1)^~p(L2)) Postulados, Teoremas e Conjecturas Sumário: Definições: elemento básico de uma teoria matemática. Postulados e axiomas: regras iniciais de uma teoria matemática. Lemas, proposições, teoremas e corolários: resultadosdemonstráveis de de uma teoria matemática. Conjecturas matemáticas: resultados que ainda não foram demonstrados na matemática. Definições: classe de objetos com características em comum, ou para abreviar a escrita de um objeto. Exemplos: Número primo: todo número natural divisível apenas por dois números: o 1 e por ele mesmo. Composto: todo número que não é um número primo. Lógica e Raciocínio 11 Triângulo: figura plana formada por 3 segmentos de reta que se intersectam dois a dois em em suas extremidades. Modos de escrever uma definição: p := (x,y) ou p =def (x,y) 💡 Definições não estão nem certas nem erradas, elas só não podem ser ambíguas. Postulados e axiomas: regras iniciais de uma teoria, que não são provadas ou demonstradas. Axiomas são obrigatoriamente independentes entre si, um axioma não pode ser demonstrável a partir dos demais axiomas e postulados. Postulados não são obrigatoriamente independentes entre si, um postulado pode ser demonstrável a partir dos demais axiomas e postulados. Lemas, proposições, teoremas e corolários são resultados demonstráveis a partir de postulados, axiomas e resultados previamente demonstrados. Proposições: são resultados de relevância “padrão”, úteis porém não possuem destaque. Teoremas: são resultados de maior relevância na teoria estudada. Lemas: são resultados prévios, normalmente técnicos, para a demonstração de uma proposição ou teorema. Corolários: resultado cujo a demonstração utiliza um resultado provado logo antes. Escólio: resultado imediato de um resultado anterior, de demonstração imediata. Conjecturas matemáticas: candidatas a proposições / teoremas que ainda não foram provadas como verdadeiras ou falsas. São suposições não verificadas. Também chamadas de hipóteses. Tipos de Provas Matemáticas I Sumário: O que é uma prova matemática: validar lemas, proposições e teoremas. Prova direta. Lógica e Raciocínio 12 Prova indireta. Prova por indução. Prova matemática (ou demonstração matemática): cadeia de argumentos lógicos que tem como premissa os axiomas, postulados e resultados previamente provados. Hipótese → Tese. Deve ser geral, abranger toda a hipótese. Prova direta (ou demonstração direta): se baseia na relação lógica “se p, então q” (p → q). Prova indireta (ou demonstração indireta, ou por contradição): baseia-se em negar a tese e manter válida a hipótese, a fim de encontrar uma contradição lógica. Prova por indução (ou demonstração por indução, ou por recorrência): baseia- se em duas etapas: Base da indução: provar que o enunciado é válido para um primeiro caso. Passo indutivo: provar que, se o resultado vale para um n = k, então também será válido para o n = k + 1. 💡 Só funciona quando se está provando uma teoria dos números naturais. Tipos de Provas Matemáticas II Sumário: Prova por contraposição. Prova por construção. Prova por exaustão. Prova por força bruta. Prova por contraposição (ou demonstração por contraposição): se baseia na relação lógica (p → q) <=> ~q → ~p. Negar a tese e concluir que a hipótese também é negada. Lógica e Raciocínio 13 Exemplo: Se x² é par, então x é par. Prova: iremos provar que x não é par, então x² não é par. Se x não é par, então x é ímpar. O produto de dois números ímpares é ímpar, então x . x = x² é ímpar. 💡 Prova por contradição: nega a tese e assume a hipótese é válida para chegar a uma contradição. Prova por contraposição: nega a tese a fim de negar a hipótese (não assume que a hipótese é válida). Prova por construção (ou demonstração por construção): demonstra a existência de um objeto matemático através de um algoritmo para a construção do mesmo (mais usado em geometria). Prova por exaustão (ou demonstração por exaustão, ou por casos): dividir a demonstração em um número finito de casos e provar cada um deles separadamente. 💡 Abrange uma quantidade infinita de números divididos em um número finito de casos. Prova por força bruta (ou demonstração por força bruta): demonstrar o resultado para todo os casos possíveis. Paradoxos, Sofismas e Falácias Sumário: Paradoxos matemáticos: expor um raciocínio incorreto. Paradoxo de Russel: paradoxo importante na teoria dos conjuntos. Sofismas e falácias: métodos de ludibriar uma pessoa. Sofismas matemáticos: métodos de ludibriar na matemática. Paradoxos matemáticos: Lógica e Raciocínio 14 Paradoxo: sentença aparentemente verdadeira, mas que possui uma contradição lógica ou contradiz o senso-comum. Classificação: Paradoxos verídicos: dão resultado contra o senso-comum, mas logicamente correto. Paradoxos falsídicos: dão resultado incorreto, utilizando um raciocínio lógico falso. Antinomias: possuem falhas no raciocínio, axiomas ou definições. Paradoxo de Russel: “Não pertence a si mesmo”. Trata-se de uma antinomia. Sofismas e falácias: Silogismo: método argumentativo baseado na dedução, composto por 3 proposições: premissa maior, premissa menor e conclusão. Exemplo: Premissa maior: todo homem é mortal. Premissa menor: Aristóteles é um homem. Conclusão: Aristóteles é mortal. Falácia: erro lógico, consciente ou não, que forma juízo equivocado sobre o assunto em pauta, conduzindo a formulação de conceitos ilegítimos. Paralogismo: locutor comete a falácia de modo involuntário, sem intenção de enganar o interlocutor. Sofisma: locutor comete a falácia de modo proposital, com intenção de enganar o interlocutor. Sofismas matemáticos (ou falácias matemáticas): argumentos falsos para ludibriar o interlocutor.
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