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Noções de Direito parte 3 (1)

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Noções de Direito
Prof.: Valdecir Jr
Direito Administrativo 
A importância da engenharia para a sociedade.
A Engenharia contribui para o desenvolvimento da sociedade apresentando soluções no setor de transportes, moradia, saúde, energia, saneamento e infraestrutura.
O engenheiro que optar em trabalhar em obras públicas, além da capacidade técnica, deve conhecer um pouco sobre a lei de licitações e sobre direito administrativo para poder falar em “pé de igualdade” com os fiscais e gestores públicos, a fim de evitar prejuízos no não cumprimento das cláusulas contratuais, regidas pelo direito público e algumas do direito privado.
Haja vista existirem clausulas exorbitantes onde pondera o interesse público sobre o privado.
Portanto, entender sobre Direito traz enorme ganho para o engenheiro executante de obras, porque além de saber como e o que requisitar a administração solicitante do serviço, saberá justificar a congruência de seus atos na execução da obra.
Obs. Alguns pontos de fraudes no sistema público envolvem obras de engenharia
É frequente deparar com escândalos veiculados pela mídia a respeito dos processos de licitação e dos termos contratuais de obras públicas superfaturadas e inacabadas, além das constantes irregularidades apontadas pelos órgãos de controle.
CONTRATO DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA
Como regra, obras e serviços de engenharia abarcam uma prestação de fazer. Para o bom desempenho contratual de uma obra/serviço de engenharia, a administração pública depende de várias etapas internas e externas da licitação, bem como contratuais e posteriores à contratação.
Preliminar à licitação deve-se observar: o planejamento, estudo de viabilidade, projeto básico e executivo, orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os custos unitários, necessidade de licença ambiental, previsão de recursos orçamentários, elaboração de edital, entre outros
Na fase contratual, fins evitar dificuldades hermenêuticas, é necessário um instrumento contratual claro, coeso, uma fiscalização capacitada e competente para acompanhar obras e serviços até o seu recebimento. Deve a Administração cingir de cuidados e precauções para atingir sucesso no empreendimento.
Segundo Helly Lopes Meirelles, as obras públicas podem ser de quatro tipos: “a) equipamento urbano: ruas, praças, estádios; b) equipamento administrativo: aparelhos para o serviço da Administração Pública em geral; c) empreendimentos de utilidade pública: ferrovias, rodovias; d) edifício público: repartições, cadeias etc.
Obs. sobre a licitação 
Conforme Súmula nº 261/2010 do TCU, acrescenta sobre a importância do projeto básico: “Em licitações de obras e serviços de engenharia, é necessária a elaboração de projeto básico adequado e atualizado, assim considerado aquele aprovado com todos os elementos descritos no art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, constituindo prática ilegal a revisão de projeto básico ou a elaboração de projeto executivo que transfigurem o objeto originalmente contratado em outro de natureza e propósito diversos”.
Art. 6° Para os fins desta Lei, considera-se:
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso;
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados;
Aduz Marçal sobre projeto básico e projeto executivo: “O projeto básico deverá conter informações fundamentais que demonstram a viabilidade do empreendimento examinado. O Projeto executivo determinará minuciosamente as condições de sua execução, inclusive no tocante aos custos, o que permite avaliar a compatibilidade da contratação com o interesse coletivo, com os recursos estatais disponíveis e com outras exigências relacionadas com o bem-comum”.
Direito do consumidor
O código do consumidor na verdade tem a sua influência, porque a Engenharia, de modo geral, e a Engenharia Civil, especificamente, acaba significando uma prestação de serviço, seja para o consumidor diretamente ou para o fornecedor de um produto. Isso leva o engenheiro a ter mais precaução na hora da construção. 
Além disso, têm-se a questão da avaliação da culpa
Sobre isso, o CDC dispõe em seu o artigo 14 § 4° do CDC determina que “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”
Desse modo, ainda que ocorra uma obrigação de resultado, deve-se haver a comprovação de culpa, mesmo que seja culpa presumida (isso não quer dizer responsabilidade objetiva, pois esta independe de culpa). Pois através da culpa presumida mantém a oportunidade do profissional provar a inexistência de culpa.
Direito Civil
O direito civil visa apurar a responsabilidade civil do engenheiro – assim determinando o artigo 186 do CC:
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
A Responsabilidade Civil surge no momento em que há o descumprimento de um dever jurídico originário, pois assim ocorre o dever sucessivo de indenizar, ou seja, de reparar o dano causado a outrem. Dessa forma, pode-se afirmar que a responsabilização do causador do dano busca trazer novamente um equilíbrio, de contraprestação entre as partes. (GONÇALVES, 2012)
Obrigação de indenizar, que compele o causador a arcar com as consequências advindas da ação violadora
Para que fique caracterizada a responsabilidade civil, é necessário determinar os pressupostos que são extraídos, sobretudo, do referido art. 186 do Código Civil, são eles o dano, o nexo causal e a conduta, havendo, ainda, na responsabilidade civil subjetiva, a exigência de demonstração da culpa em sentido lato, já na objetiva, não há necessidade de demonstração da culpa, tendo em vista o risco da atividade, tal responsabilidade no Código Civil deve estar expresso na lei.
A conduta é o ato, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado. Pode ser através de ação ou omissão, ser lícita ou ilícita. Deve ser voluntária, ou seja, controlável pela vontade, o que não significa necessariamente intenção de causar o dano, mas sim, e tão somente, a consciência daquilo que se está fazendo.
O dano configura-se na diminuição ou destruição de um bem jurídico pertencente a determinada pessoa. Pode ser patrimonial ou extrapatrimonial.
O nexo causal é o liame que une a conduta do agente ao dano. Este pressuposto pode ser considerado o mais complexo, em razão da obrigação dedispor com clareza qual antecedente foi a causa do efeito danoso. Para esse pressuposto existem algumas teorias. Dentre elas, a doutrina majoritária entende que o CC/2002 adotou a teoria da causalidade direta e imediata, segundo a qual causa é apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessidade ao resultado danoso, determine este último como uma consequência sua direta e imediata.
DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENGENHEIRO
Assim como qualquer outro profissional, o engenheiro civil responde civilmente pelos prejuízos que causar a outra pessoa. 
Acerca disso, os deveres legais estão dispostos em legislação própria, tais como o código de ética e a Lei 5.194/66 que regula o exercício da profissão. 
E o que gera o dever de indenizar, é a não observação destes deveres legais. Entre os deveres, estão a responsabilidade pela solidez e construção da obra; pelos materiais; pelos danos a terceiros; e ainda, a responsabilidade contratual. 
Referências: 
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria Geral das Obrigações e Responsabilidade Civil. 11. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
Responsabilidade do engenheiro. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/a-responsabilidade-do-profissional-engenheiro-civil/> acesso em 24.abril.2022
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do. Consumidor.
Contratos de engenharia no âmbito da administração pública e o particular. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/95990/contratos-de-engenharia-no-ambito-da-administracao-publica-e-o-particular> acesso em 25.abri.2022
Engenharia e o Direito, Compatibilidade de Sucesso. Disponível em:<nalistadelicitacoes.com.br/engenharia-e-direito-compatibilidade-de-sucesso/> acesso em: 25.abri.2022

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