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IESC III - Abordagem ao paciente com HAS na AB

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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição 
clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e 
sustentados de pressão arterial – PA (PA ≥140 x 
90mmHg). Associa-se, frequentemente, às alterações 
funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, 
encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações 
metabólicas, com aumento do risco de eventos 
cardiovasculares fatais e não fatais. 
↠ A alimentação adequada, sobretudo quanto ao 
consumo de sal e ao controle do peso, a prática de 
atividade física, o abandono do tabagismo e a redução do 
uso excessivo de álcool são fatores que precisam ser 
adequadamente abordados e controlados, sem os quais 
os níveis desejados da pressão arterial poderão não ser 
atingidos, mesmo com doses progressivas de 
medicamentos. 
↠ O diagnóstico não requer tecnologia sofisticada, e a 
doença pode ser tratada e controlada com mudanças no 
estilo de vida, com medicamentos de baixo custo e de 
poucos efeitos colaterais, comprovadamente eficazes e 
de fácil aplicabilidade na Atenção Básica (AB). 
RASTREAMENTO 
↠ Todo adulto com 18 anos ou mais de idade, quando 
vier à Unidade Básica de Saúde (UBS) para consulta, 
atividades educativas, procedimentos, entre outros, e não 
tiver registro no prontuário de ao menos uma verificação 
da PA nos últimos dois anos, deverá tê-la verificada e 
registrada. 
↠ A PA deve ser inicialmente medida nos dois braços e 
idealmente estabelecida por medição simultânea. Caso 
ocorra uma diferença > 15 mmHg da PAS entre os 
braços, há o aumento do risco CV, o qual pode estar 
relacionado com a doença vascular ateromatosa 
(DIRETRIZ, 2020). 
 
OBS.: Para o braço de um adulto não obeso, com musculatura usual e 
estatura mediana, a câmara ideal tem 23cm de comprimento (para 
30cm de circunferência) e 12cm de largura (para 30cm de 
comprimento do braço). Essas são as dimensões do manguito regular, 
o único disponível para a aferição de pressão arterial na maioria dos 
serviços de Saúde brasileiros e também internacionais. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
↠ São considerados hipertensos os indivíduos com PAS 
≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg. Quando utilizadas as 
medidas de consultório, o diagnóstico de HA deverá ser 
sempre validado por medições repetidas, em condições 
ideais, em duas ou mais visitas médicas em intervalo de 
dias ou semanas; ou de maneira mais assertiva, realizando-
se o diagnóstico com medidas fora do consultório (MAPA 
ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já 
apresentem LOA ou doença CV. Define-se a classificação de 
acordo com a PA do consultório e pelo nível mais elevado de PA, 
sistólica ou diastólica (DIRETRIZ, 2020). 
OBS.: Deve-se evitar verificar a PA em situações de estresse físico 
(dor) e emocional (luto, ansiedade), pois um valor elevado, muitas 
vezes, é consequência dessas condições. 
MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL FORA DO CONSULTÓRIO 
↠ A PA fora do consultório pode ser obtida através da 
MAPA ou da MRPA, respeitando-se suas indicações e 
limitações (DIRETRIZ, 2020). 
IMPORTANTE: A MAPA e a MRPA não devem ser confundidas com a 
automedida da PA (AMPA), realizada com equipamento automático do 
próprio paciente, que não obedece a nenhum protocolo 
preestabelecido (DIRETRIZ, 2020). 
↠ Quando comparados com os valores da PA no 
consultório, os valores da MRPA são geralmente mais 
baixos, e o limiar de diagnóstico para HA é ≥ 130/80 
mmHg (equivalente à PA no consultório ≥ 140/90 mmHg) 
(DIRETRIZ, 2020). 
↠ A MRPA fornece valores de PA mais reprodutíveis e 
está mais fortemente relacionada com a LOA, 
particularmente à hipertrofia ventricular esquerda, e a 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
predição de morbimortalidade CV do que a PA do 
consultório. Há também evidências de que a MRPA pode 
ter um efeito benéfico na adesão à medicação e no 
controle da PA, especialmente quando combinada com 
orientação e aconselhamento (DIRETRIZ, 2020). 
 
↠ No diagnóstico da HA, são possíveis vários fenótipos. 
Define-se a normotensão verdadeira (NV) como as 
medidas da PA no consultório e fora do consultório 
normais, a HA sustentada (HS) quando ambas são 
anormais, a HAB quando a PA é elevada no consultório, 
mas é normal fora dele, e HM quando a PA é normal no 
consultório, mas é elevada fora dele (DIRETRIZ, 2020). 
 
RECOMENDAÇÕES PARA DIAGNÓSTICO E SEGUIMENTO 
IMPORTANTE: As medidas da PA devem ser realizadas em intervalos 
regulares, com a frequência conforme a classificação de PA. Pessoas 
saudáveis com uma PA ótima no consultório (< 120/80 mmHg) ou com 
PA normal (120-129/80-84 mmHg) devem ter a PA medida novamente 
pelo menos anualmente e nas consultas médicas. Pacientes com pré-
hipertensão (130-139/85-89 mmHg) devem ter a PA medida 
anualmente ou, preferencialmente antes, devido às altas taxas de 
progressão para HA. Além disso, nos casos suspeitos de HM, a MAPA 
ou a MRPA devem ser realizadas para detectar tal fenótipo (DIRETRIZ, 
2020). 
↠ Como a PA pode ter alta variabilidade, o diagnóstico 
de HA não deve se basear exclusivamente na medida da 
PA em apenas uma consulta médica, a menos que esteja 
substancialmente elevada (HA estágio 3) ou haja 
diagnóstico estabelecido de LOA ou de doença CV. Para 
os demais pacientes, as medidas repetidas da PA em 
visitas subsequentes no consultório devem ser utilizadas 
para confirmar uma elevação persistente, bem como 
para classificar o estágio da HA (DIRETRIZ, 2020). 
↠ Quanto maior o estágio da HA, maior deverá ser o 
número de visitas e menor o intervalo de tempo entre 
elas. Assim, pacientes em estágio 2 ou 3 poderão 
requerer mais visitas com intervalos de tempo mais 
curtos entre as visitas (dias ou semanas), enquanto 
aqueles com estágio 1 poderão requerer visitas após 
alguns meses, especialmente quando não há LOA e o 
risco CV é baixo (DIRETRIZ, 2020). 
 
Referências 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à 
Saúde. Estratégias para o cuidado de pessoa com doença 
crônica: hipertensão arterial sistêmica – Brasília: Ministério 
da Saúde, 2014. Cadernos de Atenção Básica, n. 37. 
BARROSO et. al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão 
Arterial – 2020. Revista Brasileira de Hipertensão.

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