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DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: 
OLHARES INTERDISCIPLINARES
VOL. 2
 Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus
Natasha Nickolly Alhadef Sampaio Mateus
Jesse Lindoso Rodrigues
(Orgs.)
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: 
OLHARES INTERDISCIPLINARES
VOL. 2
TUTÓIA-MA, 2021
EDITOR-CHEFE
Geison Araujo Silva
CONSELHO EDITORIAL
Bárbara Olímpia Ramos de Melo (UESPI)
Diógenes Cândido de Lima (UESB)
Jailson Almeida Conceição (UESPI)
José Roberto Alves Barbosa (UFERSA)
Joseane dos Santos do Espirito Santo (UFAL)
Julio Neves Pereira (UFBA)
Juscelino Nascimento (UFPI)
Lauro Gomes (UPF)
Letícia Carolina Pereira do Nascimento (UFPI)
Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)
Maria Luisa Ortiz Alvarez (UnB)
Marcel Álvaro de Amorim (UFRJ)
Meire Oliveira Silva (UNIOESTE)
Rosangela Nunes de Lima (IFAL)
Rosivaldo Gomes (UNIFAP/UFMS)
Silvio Nunes da Silva Júnior (UFAL)
Socorro Cláudia Tavares de Sousa (UFPB) 
2021 - Editora diálogos
Copyrights do texto - Autor
Todos os direitos reservados e protegidos pela lei no 9.610, de 19/02/1998. Esta obra pode 
ser baixada, compartilhada e reproduzida desde que sejam atribuídos os devidos créditos de 
autoria. É proibida qualquer modificação ou distribuição com fins comerciais. O conteúdo do 
livro é de total responsabilidade do autor e está consubstanciado pelo Conselho de Ética em 
Pesquisa (CEP/UFT), sob o parecer nº 2.442.471.
Capa: Geison Araujo Silva.
Diagramação: Geison Araujo Silva.
Revisão: Editora Diálogos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
D286
Debates sobre educação no Brasil [livro eletrônico] : olhares inter-disciplinares 
vol.2/ Organizadores Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus, Natasha Nickolly 
Alhadef Sampaio Mateus, Jesse Lindoso Rodrigues. – Tutóia, MA: Diálogos, 
2021. – 
 
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-994639-9-0
 
1. Educação – Brasil. 2. Prática de ensino. 3.Interdisciplinaridade. I. Mateus, 
Yuri Givago Alhadef Sampaio. II.Mateus, Natasha Nickolly Alhadef Sampaio. 
III. Rodrigues, Jessé Lindoso.
 CDD 371.72
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
 https://doi.org/10.52788/9786599463990
Editora Diálogos
contato@editoradialogos.com
www.editoradialogos.com
 https://doi.org/10.52788/9786599463983
SUMÁRIO
Capítulo 1 - Ensino de história regional e a elaboração de um paradidático 
sobre a Balaiada: relatos de experiência ......................................................... 11
Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus, Elizabeth Sousa Abrantes
Capítulo 2 - Primeiras impressões do projeto Pibid na escola: experiências e 
desafios iniciais ............................................................................................. 25
Natasha Nickolly Alhadef Sampaio Mateus, Júlia Constança Pereira Camêlo
Capítulo 3 - O processo de formulação do sistema de avaliação da educação 
básica no Brasil ............................................................................................. 38
Dayse Marinho Martins
Capítulo 4 - Território: múltiplas abordagens .............................................. 50
Cleidinai Lima Santana
Capítulo 5 - Representações da África que estudamos no Brasil: currículo, 
PNLD e manuais didáticos ........................................................................... 60
Joyce Oliveira Pereira
Capítulo 6 - Metodologias ativas, ensino híbrido e a formação de sujeitos 
protagonistas ................................................................................................ 80
Bárbara Rafaela Silva de Lima, José Rodrigues da Silva,
Maria Rosileide da Silva, Valdício Almeida de Oliveira 
Capítulo 7 - Observações acerca do ensino de Ciências nos anos iniciais: estudo 
de publicações sobre o currículo ................................................................... 93
Deisiré Amaral Lobo, Daniel José Puente Chacó
Capítulo 8 - Formação continuada do professor de História e a inovação 
tecnológica ................................................................................................. 106
Terezinha Maria Bogéa Gusmão 
Capítulo 9 - Remição ficta da pena pelo trabalho e estudo ......................... 119
Cecília de Souza Viana Barros, Sandresson de Menezes Lopes
Capítulo 10 - A transversalidade da Educação Ambiental na disciplina de 
Ensino Religioso: um olhar necessário ........................................................ 137
Claudia Lourenço Gomes, Marília Andrade Torales Campos 
Capítulo 11 - A inclusão da criança autista no contexto escolar: entraves e 
perspectivas ................................................................................................ 153
Maria Rosileide da Silva, Bárbara Rafaela Silva de Lima, José Rodrigues da Silva, 
Valdício Almeida de Oliveira
Capítulo 12 - Práticas pedagógicas decoloniais: um caminho para promoção da 
equidade racial ........................................................................................... 163
Lilian Soares da Silva, Viviane Carla Bandeira dos Santos
Capítulo 13 - Pedagogia em EAD, Pedagogia Blended ou híbrida: da concepção 
à formação profissional na Universidade Estadual do Maranhão - UEMA .. 180
Francisca Keyle de Freitas Vale Monteiro
Capítulo 14 - Flexibilização curricular: conceitos e práticas ...................... 195
Fabíola Camurça Janebro Damasceno, Leandro Soares Damasceno, Sueli 
Fernandes Carneiro Marinho Ferreira
Sobre os organizadores ............................................................................. 210
Sobre os autores e autoras ........................................................................ 212
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 9
APRESENTAÇÃO
A obra Educação no Brasil em debate: olhares interdisciplinares volume 02 teve 
por finalidade dar visibilidade para o debate em torno da educação brasileira sob 
diversos olhares, isto é, como cada área do conhecimento (Ciências Humanas, 
Ciências da Natureza, Linguagens, Códigos, Matemática e suas Tecnologias) 
vem sendo aplicada no âmbito escolar, desde a educação básica ao ensino 
superior. Buscou-se discutir os entraves que historicamente assolam a educação, 
bem como os novos problemas que desafiam os educadores/as e educandos/as 
no cotidiano escolar. 
Além disso, procurou-se pesquisas que tratem de novas metodologias, 
Políticas Públicas destinadas à educação, à função social da escola, história da 
educação, política, história e Cultura Afro-brasileira, formação cidadã, impacto 
da educação na sociedade, currículo escolar, Direito, legislação, cultura escolar, 
Educação de Jovens e Adultos (EJA), educação inclusiva, educação indígena, 
práticas docentes, ludicidade, práticas esportivas na escola, e uso de Tecnologias 
da Informação e Comunicação (TICs), dentre outras temáticas voltadas para 
a educação. Foram aceitos trabalhos que versem sobre educação em qualquer 
área do conhecimento, experiências pedagógicas, relatos de caso, revisão 
bibliográficas, pesquisas documentais etc.
Este volume 02 contém quartoze capítulos, com autores de diversas partes 
do Brasil e pesquisadores vinculados a instituições estrangeiras, a saber: O 
Capítulo 01 - Ensino de História Regional e a Elaboração de um Paradidático 
sobre a Balaiada: relatos de experiência, dos autores Yuri Givago Alhadef Sampaio 
Mateus  e Elizabeth Sousa Abrantes. Capítulo 02 - Primeiras Impressões do 
Projeto Pibid na Escola: experiências e desafios iniciais, das autoras Natasha 
Nickolly Alhadef Sampaio Mateus e Júlia Constança Pereira Camêlo. Capítulo 
03 - O Processo de Formulação do Sistema de Avaliação da Educação Básica no 
Brasil, da autora Dayse Marinho Martins. Capítulo 04 - Território: múltiplas 
abordagens, da autora Cleidinai Lima Santana. Capítulo 05 - Representações da 
África que estudamos no Brasil: currículo, PNLD e manuais didáticos, da autora 
Joyce Oliveira Pereira. Capítulo 06- Metodologias ativas, ensino híbrido e a 
formação de sujeitos protagonistas,dos autores Bárbara Rafaela Silva de Lima, 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 10
José Rodrigues da Silva, Maria Rosileide da Silva e Valdício Almeida de Oliveira. 
Capítulo 07 - Observações acerca do Ensino de Ciências nos Anos Iniciais: estudo 
de publicações sobre o currículo, dos autores Deisiré Amaral Lobo e Daniel José 
Puente Chacón. Capítulo 08 - Formação continuada do professor de História e a 
inovação tecnológica, da autora Terezinha Maria Bogéa Gusmão. Capítulo 09 - 
Remição Ficta da Pena: pelo trabalho e estudo, dos autores Cecília de Souza Viana 
Barros e Sandresson de Menezes Lopes.
O Capítulo 10 - A transversalidade da Educação Ambiental na disciplina 
de Ensino Religioso: um olhar necessário, das autoras Claudia Lourenço Gomes 
e Marília Andrade Torales Campos. Capítulo 11- A Inclusão Da Criança 
Autista no Contexto Escolar: Entraves e Perspectivas, dos autores Maria Rosileide 
da Silva, Bárbara Rafaela Silva de Lima, José Rodrigues da Silva e Valdício 
Almeida de Oliveira. Capítulo 12 - Práticas pedagógicas decoloniais: um caminho 
para promoção da equidade racial, das autoras Lilian Soares da Silva e Viviane 
Carla Bandeira dos Santos. Capítulo 13 - Pedagogia em EAD, ou Pedagogia 
Blended, híbrida: da concepção à formação profissional na Universidade Estadual 
do Maranhão - UEMA, da autora Francisca Keyle de Freitas Vale Monteiro. 
Capítulo 14, Flexibilização curricular: conceitos e práticas, de autoria de Fabíola 
Camurça Janebro Damasceno, Leandro Soares Damasceno, Sueli Fernandes 
Carneiro Marinho Ferreira.
Esta coletânea vem ao grande público com o objetivo de proporcionar um 
espaço de discussão para questões pertinentes relacionadas às pesquisas acerca da 
Educação. Portanto, almejamos que a leitura dos capítulos, a partir deste debate 
interdisciplinar, colabore para levantar discussões, consultas, estudos, pesquisas, 
construções e desconstruções, reflexões etc., e o surgimento de outras sobre estas 
problemáticas tão importantes para o debate da educação no Brasil.
Boa leitura a todas e todos!
Os organizadores
11
CAPÍTULO 1
ENSINO DE HISTÓRIA REGIONAL E A ELABORAÇÃO DE 
UM PARADIDÁTICO SOBRE A BALAIADA: RELATOS DE 
EXPERIÊNCIA
Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus, Elizabeth Sousa Abrantes
Introdução
A pesquisa de mestrado A Balaiada na Sala de Aula: ensino de História do 
Maranhão Imperial e a produção do paradidático “A Guerra da Balaiada”, defendida 
em 2018, sob a orientação da professora doutora Elizabeth Abrantes, resultou em 
uma dissertação e um produto educacional na forma de paradidático, a fim de 
atender à orientação do mestrado profissional em História (PPGHIST/UEMA), 
que demandou um produto didático para a aplicação na educação básica. Essa 
dissertação teve como objetivo analisar o ensino de História do Maranhão e 
produzir um material paradidático destinado aos estudos de História Regional 
do Maranhão, abordando o movimento da Balaiada, ocorrido na primeira 
metade do século XIX, na preocupação de trazer as representações da memória 
histórica, as identidades políticas, com destaque para consciência política das 
camadas populares envolvidas nesse movimento.
O propósito foi destacar o protagonismo das camadas populares nos 
movimentos políticos e sociais que marcaram o processo de construção da nova 
ordem imperial, em especial, a Balaiada. Nesse sentido, o interesse em fazer esse 
trabalho, por meio do Programa de Mestrado Profissional em História, Ensino 
e Narrativas (atual Programa de Pós-Graduação em História - PPGHIST), da 
Universidade Estadual do Maranhão, através da linha de pesquisa Memória e 
https://doi.org/10.52788/9786599463990.1-1
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 12
Identidade, foi colaborar para a produção didática da História do Maranhão, 
divulgar a pesquisa acadêmica e a necessidade de levar os estudantes a 
conhecerem a História do Maranhão, pensando acerca dos processos históricos 
na constituição da consciência histórica desses estudantes, enquanto sujeitos 
ativos, capazes de lerem o mundo ao seu redor, além de colaborar para que os 
estudantes conheçam interpretações da História do Maranhão, pensem acerca 
das suas origens e identidade e passem a valorizar a pluralidade étnica, cultural 
que compõem a formação social do Maranhão.
A pesquisa que resultou na dissertação é relevante para a valorização de 
uma História Local/Regional, ainda pouco trabalhada nos escassos materiais 
didáticos existentes. A comunidade escolar maranhense se ressente dessa 
carência de materiais didáticos, especialmente elaborados por especialistas, ou 
seja, historiadores. Tendo em vista que o ensino de História do Maranhão pouco 
tem sido lecionado na sala de aula, assim, demos ênfase ao ensino da História 
Local/Regional, especialmente, ao Ensino de História do Maranhão que por 
muito tempo encara o problema da ausência de materiais didáticos adequados, 
recentes e em harmonia com as exigências legais. Outro problema abordado 
foi a implementação do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), em que 
os conteúdos específicos da História do Maranhão, que ainda eram vistos no 
currículo nacional, deixaram de ser exigidos, o que gerou a quase exclusão dessa 
temática nas aulas de História.
O tema da pesquisa está vinculado à preocupação de analisar a participação 
das camadas populares nos movimentos políticos e na conjuntura da construção 
do Estado Nacional brasileiro, onde apresentamos as lutas políticas que se 
seguiram à adesão da independência no Maranhão até culminar nos movimentos 
da Setembrada e da Balaiada, inserindo essa abordagem no ensino de educação 
básica. Essa é uma problemática nova, pois como já nos referimos anteriormente, 
a historiografia oficial não lhe deu importância, sendo a identidade dos rebeldes 
populares omitida pela historiografia tradicional, o que se refletiu na sala de 
aula.
Nos anos de 1970, começam a surgir múltiplos estudos sobre os 
movimentos sociais no Brasil, enfatizando a história das camadas populares e 
suas formas de resistências, aspectos esses que são destacados por uma “história 
vista de baixo”. Não mais aquela produzida numa linha positivista que dava a 
conotação às camadas populares de bandidos, “arraia miúda”, “ralé” e “plebe 
ignara”. A historiografia que trata dos movimentos sociais do século XIX no 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 13
Brasil, passou a ter uma nova visão com novas abordagens metodológicas e 
novas fontes documentais, que resultam no rompimento da visão tradicional 
positivista, que revela as camadas populares brasileiras se manifestando em 
defesa de seus interesses, indo de encontro a uma ordem dominante elitista e 
autoritária que vigorava no Brasil desde sua colonização. Estudos historiográficos 
se propuseram a ressaltar as atuações de gente comum, de homens e mulheres 
que participaram de muitos movimentos sociais e populares, mas que passaram 
apagados ou deram lugar a uma história com versão falsa que esconde as lutas e 
os conflitos (DIAS, 2006).
Com as mudanças ocorridas no século XX na forma de se escrever a 
história, foi possível ir ao encontro de conceitos de outras ciências sociais, como 
a sociologia e a antropologia, a fim de analisar os excluídos da história, dando 
um novo lugar para entender seus anseios, motivações e revoltas, e trazer à tona 
a representação da memória desses sujeitos marginalizados.
Ao caracterizarmos esses excluídos da História, utilizamos os conceitos 
trabalhados por Hobsbawm em sua obra Bandidos1, em que analisa o banditismo 
social, a fim de perceber nas ações populares formas de reação às injustiças sociais 
que sofriam aqueles vistos como cidadãos de segunda classe, como um perigo 
à ordem social. O ladrão nobre vai iniciar sua carreira na marginalidade não 
porque gosta do crime, mas como vítima da injustiça social. O ladrão nobre 
“não é inimigo do rei ou imperador, fonte de justiça, mas apenasda nobreza, do 
clero e de outros opressores locais” (HOBSBAWM, 2010, p. 69).
Também enfatizamos os estudos do historiador marxista britânico Georges 
Rudé (1910-1993), em sua análise dos movimentos populares na França 
e na Inglaterra de 1730-1848, na obra intitulada A multidão na história. Ao 
pensar nas manifestações populares no Maranhão (1823-1834), nos registros 
sobre tais eventos, podemos utilizar algumas ponderações de Georges Rudé 
para compreendermos melhor as reivindicações das camadas populares nos 
oitocentos. Como a multidão (entendida aqui como as camadas populares) na 
história foi considerada indigna de atenção séria, foi comum que a atenção dada 
aos seus motivos de reivindicações fosse superficial. As interpretações das causas 
que levaram grupos a se rebelarem tendiam a depender das atitudes e valores dos 
seus autores. Para aqueles que censuravam a multidão os motivos pareciam vis, 
que se deixavam levar pela atração do saque e outros instintos criminosos em 
potencial. Por outro lado, outros consideravam a multidão digna de simpatia ou 
compaixão e não de reprovação (RUDÉ, 1991).
1 Segundo Hobsbawm, o termo tem origem no italiano bandito, que em síntese significa banido.
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 14
A história do Maranhão oitocentista tem sido revisitada pela atual 
historiografia, resultando em novas abordagens e no uso de novas fontes 
históricas, ou novos olhares sobre a documentação já conhecida, mas essa nova 
produção acadêmica precisa ser incorporada no ensino de História Regional, na 
produção de materiais didáticos. 
Na dissertação, abordamos alguns dos problemas enfrentados pelo Ensino 
de História do Maranhão quanto à falta de materiais didáticos, já que essas 
produções são necessárias para os procedimentos de ensino. Por essa razão, 
apresentamos uma discussão sobre as problemáticas que o ensino de história 
enfrenta na educação básica e as dificuldades enfrentadas pelo Ensino de História 
do Maranhão na sala de aula, pois como quase não existem livros didáticos 
sobre História do Maranhão para a Educação Básica, os professores encontram 
dificuldades para ensinarem a história local, o que os obriga a prepararem as suas 
aulas diretamente das produções acadêmicas disponíveis e conhecidas. 
A metodologia utilizada no trabalho dissertativo foi bibliográfica e 
documental. No primeiro momento, fizemos uma análise bibliográfica de como 
os autores locais e nacionais trabalham essas questões da ordem política imperial. 
Como fundamentação teórica utilizamos trabalhos que tratam da nova História 
Política, da História Social e do Ensino de História. Na análise documental, 
recorremos a legislação nacional, como a atual Lei de Diretrizes e Bases (LDB). 
E em seguida, partimos para as análises das fontes primárias oficiais, como o 
acervo de ofícios expedidos pelas autoridades, a fim de tratar das medidas para 
contornar os acontecimentos políticos do contexto da Balaiada, as Atas do 
Conselho Provincial e Conselho Presidial, Relatórios e Falas dos Governantes, 
que se encontram no Arquivo Público do Estado do Maranhão. Outro acervo 
precioso é constituído pelos jornais da época, localizados na Biblioteca Pública 
“Benedito Leite”. 
Desse modo, os textos e documentos selecionados deram uma visão do 
processo histórico compreendido entre a Independência, Setembrada e Balaiada. 
Sua escolha obedeceu a critérios que levam em consideração os seguintes aspectos: 
a programação de leituras consideradas essenciais aos alunos de ensino médio; 
apresentação da historiografia referente aos oitocentos; adequação dos textos, na 
sua escrita e forma, para atender as reais condições de ensino e aprendizagem na 
educação maranhense.
Quanto ao paradidático, produto principal da dissertação, está dividido em 
capítulos contendo textos e documentos em cada um deles, que vêm precedidos 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 15
de uma apresentação do assunto e de questões que podem servir para discussões 
e trabalhos em sala de aula. Pequenos comentários acompanham os textos ou/e 
documentos que compõem os capítulos na finalidade de proporcionar ao aluno 
elementos para uma melhor compreensão dos mesmos. O paradidático serve de 
estímulo para que os alunos e professores aprofundem leituras acerca da história 
do Maranhão Oitocentista, especificamente a construção da ordem política 
imperial na província (1823-1841).
Resultados e discussão
A representação sobre o passado tem importância para a atuação do 
indivíduo no presente. No que se refere ao ensino de História, o estudante 
das classes populares, que, na escola e fora dela, recebe essa representação 
tendenciosa e excludente, possivelmente, tenderá a se olhar e a agir conforme 
os estereótipos difundidos pelos grupos dominadores. Assim, o estudante que 
entender a participação popular no passado, com todas as suas características e 
contradições, será capaz de atuar criticamente, “sem cair na tentação de criação 
de heróis populares, cheios de virtudes, de bravura, o aluno será levado a pensar 
a própria realidade de maneira contraditória, com interesses antagônicos, uns 
dominantes, outros dominados, mas nem por isso passivos” e sujeitos à vontade 
dos grupos dominantes. Caso esse aluno perceba “o passado não como mero 
produto da ação dos grupos dominantes, mas como resultado dos conflitos de 
interesses entre dominantes e dominados, terá captado melhor o potencial e as 
limitações” das camadas inferiores na sua luta “contra as camadas dominantes 
e dado um passo à frente no sentido da superação da sociedade de classes” 
(DAVIES, 2014, p. 137-138).
A motivação para a escolha do tema da pesquisa partiu da constatação da 
necessidade urgente da renovação do ensino de História do Maranhão, com a 
produção de novos materiais didáticos que contribuam para a formação crítica 
dos alunos. A falta desses materiais sobre a História do Maranhão gera uma grande 
lacuna no ensino de história local, uma defasagem dos conteúdos ensinados e, 
por conseguinte, na reflexão crítica sobre a produção do saber escolar. 
Com a finalidade de fazer abordagens didáticas e colocar essas questões 
da História Local para além das discussões acadêmicas, estendendo-as para 
a educação básica, elaboramos um paradidático intitulado de A Guerra da 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 16
Balaiada, que apresentamos como produto da dissertação.
Os capítulos da dissertação representam o percurso desenvolvido para 
a elaboração do paradidático, uma vez que a fundamentação necessária para 
a sua produção implicou na escolha de determinadas referências teóricas 
e historiográficas utilizadas, bem como uma documentação composta por 
materiais didáticos. Ao final expusemos uma breve experiência de aplicação do 
material paradidático em duas escolas da rede pública, a qual permitiu uma 
reflexão inicial sobre a recepção desse material em relação ao seu público escolar. 
O primeiro capítulo, intitulado O Ensino de História Regional/Local e suas 
Problemáticas, fez a abordagem do ensino Local/Regional e as suas problemáticas, 
com base na legislação nacional, como a atual Lei de Diretrizes e Bases (LDB 
nº 9394/96) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), com intuito de 
evidenciar as bases legais na direção do ensino de História no que tange a História 
Local e Regional. Apresentamos uma discussão sobre certos conceitos ligados ao 
conhecimento histórico e ao ensino de História, como Memória e Identidade, 
Memória Histórica, Memória Coletiva, Consciência Histórica, Aprendizado 
Histórico. Por fim, discutimos acerca da ausência de materiais didáticos de 
História do Maranhão, e a implementação do ENEM, que não contempla os 
estudos locais.
O segundo capítulo intitulado A Balaiada no Maranhão: história e 
historiografia inicia com uma contextualização do Brasil e do Maranhão 
no que se refere ao processo de Independência e construçãoda nova ordem 
política, apresentando os ideais do Liberalismo no processo da construção da 
nova ordem, em que a América se torna independente de suas metrópoles. Em 
seguida, fizemos uma breve análise da historiografia maranhense da Balaiada 
com objetivo de mostrar as muitas interpretações acerca desse processo histórico, 
nas quais há visões conservadoras, que denotam os balaios como baderneiros, 
ladrões, bandidos, dados ao mundo do crime, por outro lado, existem aquelas 
releituras desse movimento, que explicam as ações dos balaios como modo de se 
expressaram contra seus governantes que os afastavam dos processos políticos e 
não lhes dando oportunidades e condições de vida digna e adequada. 
Para essa análise, utilizamos os autores que interpretaram esse movimento 
sob a ótica da historiografia tradicional como Magalhães (1848) e Ribeiro do 
Amaral (1898), que são os mais contemporâneos ao movimento; Rodrigo Otávio 
(1942), Eloy Coelho Netto (1990), José Sarney (2003). Como representantes 
de uma historiografia mais revisionista destacamos Carlota Carvalho (1924) 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 17
e Astolfo Serra (1946) que dão um olhar mais humano aos rebelados; e 
historiadores de profissão como Maria Janotti (1987), Claudete Maria Miranda 
Dias (1995), Elizabeth Abrantes (1996), Matthias Assunção (1998) e Sandra 
Regina Rodrigues dos Santos (2010), os quais trazem novas perspectivas acerca 
da relação entre balaios e bem-te-vis, assim como a luta dos escravos. 
No capítulo 03, intitulado Manuais Didáticos de História do Maranhão: 
a construção da ordem imperial, discutimos sobre o Ensino de História com 
base nas pesquisas mais recentes sobre esse campo, especialmente para tratar 
da questão dos livros didáticos de história. Contextualizamos e analisamos os 
materiais didáticos sobre a História do Maranhão lançados no período que 
vai da primeira República até a República Nova. É importante dizer que os 
materiais didáticos de 1959 e 1986 foram lançados com decreto oficial a pedido 
do Governo do Estado. Segue abaixo um quadro com a catalogação da produção 
didática analisada. 
LIVROS DIDÁTICOS AUTORES
01 História do Maranhão (Tomo I e II) (1904) Barbosa de Godóis
02
História do Maranhão – edição para escolas 
(1914)
Ribeiro do Amaral
03 Pequena História do Maranhão (1959) Mario M. Meireles
04 História do Maranhão (1960) Mario M. Meireles
05 Conheça o Maranhão (1971) Rosa Mochel Martins
06 Terra das Palmeiras (1977)
Maria Nadir Nascimento, Deuris de 
Deus Moreno Dias Carneiro
07 Pedra da Memória (1979) Maria Ceres Rodrigues Murad
08 História do Maranhão (1981) Carlos Lima
09
Gente, terra verde, céu azul: História – 
Geografia – Moral e Civismo – de acordo com 
os Guias Curriculares do Estado (Primeiro 
Grau) (1981)
Lídia Maria de Moraes, Maria 
Luísa Campos Aroeira e Maria José 
Caldeira
10
Terra e Gente – Livro de Leitura (Primeiro 
Grau, Quarta série) (1986)
Governo do Estado do Maranhão
11
Estudo Regional do Maranhão: estudos sociais 
do Maranhão (1º grau) (1988)
José Raimundo Lindoso Castelo 
Branco
12 História do Maranhão (2001) Maria Nadir Nascimento
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 18
13 História do Maranhão (2005) Marcus Saldanha
14 História do Maranhão (2006) Francisco Melo
15
Estudo Conhecendo e Debatendo a História do 
Maranhão (Ensino Médio, Pré-vestibulares e 
Concursos) (2007)
Joan Botelho
16 História e Geografia do Maranhão (2007) Célia Siebert e Renata Siebert
17
História do Maranhão (Ensino Fundamental 
quarta e quinta série) (2011)
Francisco Coelho Sampaio
18 Maranhão História (2013) Célia Siebert e Renata Siebert
19
História do Maranhão (Ensino Fundamental 
quarta e quinta série) (2013) 
Francisco Coelho Sampaio e Maria 
Viana
20
Que Ilha Bela! São Luís, O Tempo reconstrói a 
Tua História (1612-2012) (2013)
Lúcia Castro
Quadro 01 – Livros didáticos catalogados acerca da História do Maranhão
Fonte: Elaborado pelos autores.
Destacamos que os livros didáticos elaborados a partir da República Nova 
(1985) com o surgimento dos Parâmetros curriculares nacionais (PCNs) e do 
Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) propostos pelo 
MEC foram importantes, pois o ensino de História recebe outras abordagens, 
mesmo que em certos materiais didáticos permaneçam com resquícios de uma 
História tradicional.
No capítulo 04, intitulado Paradidático de História do Maranhão: a Guerra 
da Balaiada, discutimos sobre a importância do uso do paradidático em sala de 
aula, com os pesquisadores Fernandes (1995), Munakata (1997), Laguna (2001), 
Menezes e Santos (2001), Bittencourt (2012), Karnal (2016). Apontamos as 
motivações e justificativas do paradidático A Guerra da Balaiada, assim como 
fazemos a descrição desse paradidático, com as informações gerais de orientação 
da pesquisa, elaboração da capa, diagramação formato, fotos e seções. 
Quanto ao paradidático A Guerra da Balaiada, está dividido em 03 
capítulos. Começa com uma carta ao aluno (Caro (a) estudante), na qual mostra a 
finalidade dessa produção didática, que é abordar a participação popular no Brasil 
do século XIX, tomando como exemplo a experiência histórica do movimento 
da Balaiada. A Apresentação tem por título Conheça o seu Paradidático, em que 
o estudante encontrará a explicação sobre os itens que compõe o paradidático, 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 19
como a Introdução, Ponto de Vista, Por dentro da História, Saiba mais, De Olho 
no Mapa, Aprendendo Mais com a Literatura, Cinema, Internet, Documento e 
Música, Pense Diferente, Hora de Pesquisar, História e Documento, Glossário. Na 
Introdução, há algumas noções iniciais da História como disciplina e das novas 
abordagens que destacam o protagonismo das camadas populares na História do 
Brasil, em especial, no estudo da Balaiada. 
As seções que fazem parte em alguns capítulos são as seguintes: Ponto 
de Vista propõe a aplicação dos conhecimentos estudados, com questões para 
reflexão e análise; Por dentro da História traz trechos de como historiadores de 
profissão abordam a questão estudada; Saiba mais amplia os conhecimentos, 
permitindo uma melhor compreensão do tema tratado; De Olho no Mapa 
dá uma visão geográfica e localiza espacialmente os episódios ocorridos no 
Maranhão oitocentista; Aprendendo Mais com a Literatura, Cinema, Internet, 
Documento e Música tem conteúdos que sugerem novas informações a serem 
pesquisadas em livros, música, site, documentos e filmes; Pense Diferente ensina 
a pensar diferente a temática que é veiculada, especialmente pela mídia, levando 
ao exercício da reflexão; Hora de Pesquisar, incentiva a pesquisar na internet, 
livros, jornais, dicionários históricos etc., assuntos que foram mencionados, 
mas não aprofundados neste material; História e Documento leva o aluno a ter 
contato com reproduções de textos (documentos) produzidos na época do tema 
estudado; Glossário que se encontra ao lado direito das páginas dos capítulos, 
apresenta o significado das palavras destacadas ao longo de todo o paradidático.
Os três capítulos do paradidático desenvolvem a temática que foi objeto da 
dissertação. Os capítulos oferecem um texto principal e seções que estão articuladas 
entre si e visam contemplar diversas áreas do conhecimento. O capítulo 1, A 
Construção do Brasil Império, divide-se em três tópicos: A Independência Política 
do Brasil: onde está o povo?; Primeiro Reinado: da aclamação à abdicação; Farinha 
do Mesmo Saco: grupos políticos no império brasileiro. O capítulo 2, O Maranhão 
no Contexto da Construção da Ordem Imperial, apresenta-se em três tópicos: A 
Adesão do Maranhão à Independência – Por que foi diferente?; Escravidão do 
Maranhão no Século XIX; Setembrada: tropa e povo. No capítulo 3, A Guerra da 
Balaiada, os três tópicos são: “O Balaio Chegou”: os episódios da guerra; O que 
aconteceu com os Líderes Populares da Balaiada?;Balaiada e o Presente. 
A conclusão traz a música, Balaios da Balaiada, do compositor maranhense 
Antônio Vieira, na finalidade de levar o estudante a essa apropriação da Balaiada 
como movimento de resistência: “Se você ama ser livre, De opressão odiada, Você 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 20
também é um balaio, Que nem os da Balaiada”. As Referências bibliográficas 
sobre o Brasil e Maranhão, no contexto do processo da Independência e da 
Balaiada, utilizadas neste material paradidático, serviram de fundamentações 
para os textos principais, seções, introdução e conclusão. 
Por fim, mostramos a síntese das duas oficinas realizadas em duas escolas da 
rede pública, nas quais os professores e alunos deram contribuições significativas 
para esse paradidático, que se encontrava ainda em processo de construção.
Considerações Finais
A dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em História trata 
sobre o ensino de história do Maranhão com o objetivo a analisar os livros 
didáticos sobre a temática do Maranhão Império e produzir um material 
paradidático sobre o processo de construção da ordem imperial, com ênfase na 
Balaiada (1838-1841), destinado aos estudos de História Regional do Maranhão. 
A produção do material paradidático “A Guerra da Balaiada” trata do processo 
de construção da ordem política imperial no Maranhão, razão pela qual sua 
construção se deu considerando os seguintes temas: a Independência do Brasil 
e sua peculiaridade no Maranhão; o movimento da Setembrada que envolve os 
acontecimentos ocorridos após a abdicação do Imperador D. Pedro I em 1831; 
e finalmente a Guerra da Balaiada, apontando suas causas, as características do 
conflito, sua composição social e o protagonismo dos líderes populares. 
Em vista dos argumentos apresentados  ao longo do texto dissertativo, 
observamos como ensino de História é importante para a formação crítica 
dos alunos para que os mesmos sejam sujeitos ativos da sua própria história 
e atuem de forma consciente em sua realidade histórica. O ensino de história 
ainda enfrenta dificuldades como a desvalorização do “saber escolar” em 
oposição ao acadêmico, e quanto ao Ensino de História do Maranhão os 
problemas enfrentados se somam à avaliação do ENEM que exclui dos seus 
conteúdos a história local. Apresentamos a história e discussão da historiografia 
maranhense sobre a Balaiada, com fim de mostrar as diversas interpretações 
desses movimentos nas versões de uma historiografia tradicional que negava a 
participação popular e uma historiografia revisionista que tem um olhar mais 
humanizado dos agentes populares. Se essas discussões chegarem à sala de aula 
podem levar os alunos, especialmente o das camadas populares, a refletirem suas 
condições atuais e podendo até interferir no seu presente.
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 21
Observamos ao longo do trabalho que a prática com o livro didático é 
muito importante para o processo de ensino aprendizagem do aluno, é por meio 
do livro que chega a maior parte do conhecimento que o discente adquire sobre 
a História. Assim, a escolha do livro escolar deve ser realizada com bastante 
cautela para que o estudante, principal beneficiado com o material, possa usufruir 
dos conteúdos nele contidos para exercer de forma consciente sua cidadania 
e interpretando os processos históricos, nas tomadas de decisões quer seja em 
benefício próprio ou coletivo. 
O livro didático tem um caráter complexo, que para além de sua função 
pedagógica, é uma mercadoria, com vários interesses perpassando sua construção. 
Existem várias transações na escolha desse material didático, e o PNLD auxilia 
o docente no ato da escolha, enquanto os PNC”s orientam os objetivos a serem 
alcançados com os conteúdos nele postos. Portanto, os historiadores não podem 
ficar indiferentes da aplicação dos conhecimentos históricos nos materiais 
didáticos, daí a importância de se estudar a história dos manuais didáticos, pois, 
no decorrer da história do Brasil modificou-se de acordo com as transformações 
que afetaram o cenário político, econômico e social, até assumir um espaço 
central no processo de aprendizagem.
Diante desse desafio de fazer a crítica aos materiais didáticos e ao mesmo 
tempo contribuir com o ensino de história do Maranhão por meio da produção 
de um paradidático, construímos o texto dissertativo e apresentamos um produto 
que esperamos que seja muito útil no meio escolar, ao mesmo tempo em que 
vem suprir uma lacuna na produção didática da história local e regional. 
Referências
1) Fontes (ou Documentação)
a) Documentos da Legislação 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (Lei n. 9.394, de 20/12/1996). Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: < http://
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DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 22
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Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 1999.
__________. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2000.
__________. Guia de livros didáticos: PNLD 2008: História. Brasília, 2007.
__________. Guia de livros didáticos: PNLD 2010: História. Brasília, 2009. 
__________. Guia de livros didáticos: PNLD 2011: História. Brasília, 2010. 
__________. Guia de livros didáticos: PNLD 2015: História, Brasília, 2014.
DIAS, Maria da Graça Bompastor Borges. O desenvolvimento das competências que 
nos permite conhecer. In: BRASIL, Exame Nacional do Ensino Médio. Textos teóricos 
metodológicos. Brasília: MEC/INEP, 2009.
PORTARIA MEC Nº 438, de 28 de maio de 1998. Institui o Exame Nacional do Ensino 
Médio – ENEM
b) Materiais Didáticos
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2007.
CASTELO BRANCO, José Raimundo Lindoso. Estudo Regional do Maranhão. São Paulo: 
FTD, 1988.
CASTRO, Lúcia. Que Ilha Bela! São Luís, o tempo reconstrói a tua história (1612 – 2012). 
São Luís: 360° Gráfica e Editora, 2013.
GODÓIS, Antônio Batista Barbosa de. História do Maranhão: Para uso dos alunos da 
escola normal. 2 Ed. São Luís: EDUEMA, 2008.
LIMA, Carlos de. História do Maranhão. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1981.
MARANHÃO, Governo do Estado. Terra e Gente: livro de leitura: 4ª série. São Luís: 
Tricasil, 1986.
MARTINS, Rosa Mochel. Conheça o Maranhão. São Luís: SIOGE, 1971.
MEIRELES, Mário. História do Maranhão. 5. Ed. São Luís: Edições AML, 2015.
MORAES, Lídia Maria de; AROEIRA, Maria Luísa C.; e CALDEIRA, Maria José. Gente, 
terra verde, céu azul: Estudos Sociais – História – Geografia – Moral e Civismo – de acordo 
com os Guias Curriculares do Estado. 7. ed. São Paulo: Ática, 1987.
MURAD, Maria Ceres Rodrigues. Pedra da Memória: estudos sociais do Maranhão. São 
Luís: SIOGE, 1979.
NASCIMENTO, Maria Nadir. Terra das Palmeiras: Estudos Sociais: Maranhão, 4ª série. 
São Paulo: FTD, [1984].
______. Terra das Palmeiras: Geografia e História do Maranhão. São Paulo: FTD, 1996.
______. História do Maranhão. São Paulo: FTD, 2001.
SAMPAIO, Francisco. História do Maranhão, 4° ou 5º. 1 ed. São Paulo: Editora Scipione, 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 23
2011.
_______. VIANA, Maria. História do Maranhão, 4° ou 5º. 1 ed. São Paulo: Editora 
Scipione, 2013.
SIEBERT, Célia; SIEBERT, Renata Mercedes da Cunha. Maranhão História, volume único. 
1 ed. São Paulo: FTD, 2013.
2) Bibliografia
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Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão. São Luís, 1998.
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Sociedade Escravista: Maranhão 1800-1850. São Paulo: Annablume, 2015.
BITTENCOURT, Circe. Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de 
História. In: BITTENCOURT, Circe. (Org.). O saber histórico na sala de aula. 12. ed. São 
Paulo: Editora Contexto, 2015. p.11-27.
CARVALHO, Carlota. O Sertão: subsídios para a história e a geografia do Brasil. 3. Ed. 
Teresina: EDUFPI, 2011.
DAVIES, Nicholas. As camadas populares nos livros de História do Brasil. In: PINSKY, 
Jaime (org.). O ensino de história e a criação do fato. 14 ed. - São Paulo: Contexto, 2014. 
(Coleção Repensando o Ensino)
DIAS, Claudete Maria Miranda. Entre Movimentos sociais do século XIX: história e 
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2006. p. 1-9. Disponível em: <>. Acesso em: 10. 01. 2017.
HOBSBAWM, Eric. Bandidos. 4 Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. A Balaiada. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.
MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves de. Memória Histórica e Documentada da 
Revolução da Província do Maranhão desde 1839 até 1840. Revista Trimensal de História 
e Geografia, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no número do 3º trimestre de 
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MATEUS, Yuri Givago Alhadef Sampaio. A Setembrada: lutas políticas e participação 
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_______. ABRANTES, Elizabeth Sousa. A SETEMBRADA (1831): disputas políticas e 
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In: VIII Fórum Internacional de Pedagogia, 2016, Maranhão. Anais do FIPED, 2016. v. 01.
_______. História do Maranhão na sala de aula: a construção da ordem política imperial na 
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DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 24
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_______. História do Maranhão na sala de aula: a construção da ordem política imperial 
na província do Maranhão (1823-1841). In: Anais do III Simpósio Internacional em História 
Contemporânea - Conflitos e Revoluções no Século XX: Circulação de Ideias entre a 
América e a Europa. São Luís, 2017. p. 65-81.
_______. Ensino de História: Materiais Didáticos sobre a História do Maranhão 
em variados contextos históricos. In: XXIX Simpósio Nacional de História - Contra os 
Preconceitos: História e Democracia, promovido pela Associação Nacional de História 
(ANPUH-Brasil), Brasília, 2017, p. 1-12.
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abordagens no livro didático. In: IV Simpósio de História Contemporânea/I Colóquio de 
História das Américas do Norte e do Nordeste: O Brasil e as Américas: perspectivas de pesquisa 
e ensino. São Luís, 2017. p. 281-296.
_______. O Ensino de História: materiais didáticos sobre a história do Maranhão. In: X 
Encontro Regional ANPUH/MA 2017 Autoritarismos e Democracias. São Luís, 2017. p. 433-
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_______. A Balaiada na sala de aula: ensino de história do Maranhão e produção de 
material paradidático. In: III SEMINÁRIO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM 
HISTÓRIA, ENSINO E NARRATIVAS. São Luís, 2017. p. 136-153.
_______. A BALAIADA NA SALA DE AULA: ensino de História do Maranhão Imperial e 
a produção do paradidático “A Guerra da Balaiada”. 2018. 196 f. Dissertação (Mestrado) – 
Programa de Pós-Graduação em História, Ensino e Narrativas, PPGHEN – Universidade 
Estadual do Maranhão, São Luís, 2018.
NETTO, Eloy Coelho. Caxias e o Maranhão Sesquicentenário. São Luís: Gráfica Editora 
Santo Antônio, 1990.
OTÁVIO, Rodrigo. A Balaiada 1839: Depoimento de um dos heróis do cerco de Caxias 
sobre a Revolução dos “Balaios”. São Paulo: Siciliano, 2001.
RUDÉ, George. A multidão na História: estudo dos movimentos populares na França e 
Inglaterra, 1730-1848. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
SARNEY, José. Caxias e a Balaiada. Da Cultura, Brasília, ano 3, n. 5, p. 21-23, dez. 2003. 
Disponível em: <http://www.funceb.org.br/images/revista/14_8u5x.pdf>. Acessado em: 03. 
06. 2017.
SERRA, Astolfo. A Balaiada. 2 ed. São Luís: GEIA. 2008.
 
25
CAPÍTULO 2
PRIMEIRAS IMPRESSÕES DO PROJETO PIBID NA 
ESCOLA: EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS INICIAIS1
Natasha Nickolly Alhadef Sampaio Mateus,
Júlia Constança Pereira Camêlo
Introdução
O ensino de História tem sido objeto de estudo de muitas pessoas nessas 
últimas décadas. Contudo, durante muito tempo, foi um campo tratado com 
pouca atenção. Esse crescimento está ligado à necessidade de se perceber como 
o estudante tem compreendido as várias possibilidades de entender a História.
Desde o seu surgimento como campo do saber na Grécia Antiga, a História 
tinha objetivos claros, como registrar os grandes feitos dos gregos. Nesse sentido, 
perguntamo-nos: Por que estudar História? Para que serve a História? Como a 
escola é pensada no seu espaço? No artigo intitulado “A guardiã de tradições: 
História e seu código curricular”, a autora Kátia Abud (2006, p. 167) faz uma 
discussão que mostra a consolidação da História como disciplina no Brasil. 
Quando a escola Pedro II inaugurou o ensino dessa disciplina, que era baseado 
no modelo positivista, estava voltada apenas para a transmissão de conteúdo, 
buscando unificar uma memória nacional.
Dessa forma, nos anos de 1837, quando foi inaugurada essa escola no 
Brasil, as ideias nacionalistas se fortaleciam, havendo, portanto, uma necessidade 
básica de formar o cidadão brasileiro. Assim, a disciplina coincide com o 
fortalecimento do Estado. Segundo Abud, na Antiguidade a História objetivava 
1 Artigo ampliado e publicado pela primeira vez no livro Nas Trilhas da Antiguidade e Idade Média. In: 
Adriana Zierer; Ana Livia Bomfim Vieira; Elizabeth Sousa Abrantes. (Org.). 1ed.São Luís: Ed. UEMA, 2014, 
v. 1, p. 335-341.
https://doi.org/10.52788/9786599463990.1-2
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 26
formar líderes, e durante a Idade Média, foi resgatada pela Igreja e pelo Estado. 
Com o surgimento da burguesia no século XIX, expandiu-se a escolaridade para 
atender melhor essa classe (ABUD, 2006, p. 165).
No Brasil, o currículo de História teve influências do currículo francês, 
permanecendo a cronologia, linearidade de se pensar os fatos, assim como o 
fortalecimento dos grandes líderes. Pautada numa visão positivista, a História, 
embora com pequenas mudanças, continuou sendo reprodutora, fortalecendo a 
exaltação da nação e dos grandes heróis (ABUD, 2006).
Segundo a divisão tradicional de História Antiga, Média, Moderna e 
Contemporânea, vivemos em um momento de grandes mudanças, tanto no 
rumo social como na própria produção da História. Dessa forma, a sala de aula 
a cada dia tem sido um desafio, pois, de maneira geral, ela é o encontro de 
várias memórias. São pessoas com cultura, vida e famílias diferentes, aspectos 
que fazem toda a diferença no momento em que se pensa em ensinar História. 
Diante disso, o professor de dessa disciplina está diante de “grandes desafios”.
Desse modo, o capítulo tem como objetivo apresentar os primeiros 
resultados obtidos com o trabalho da equipe do subprojeto do Pibid (Programa 
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) de História/UEMA/São Luís 
na Escola Estadual de Ensino Médio “Bernardo Coelho Almeida” com o tema 
“Livro didático nosso de cada dia”. O projeto tem como objetivo potencializar 
a utilização do livro didático, por entendermos que ele tem sido há muito 
tempo uma ferramenta utilizada pelos professores das mais diversas disciplinas. 
Percebendo-se a necessidade de levar os estudantes a interagirem e participarem 
de uma forma mais dinâmica das temáticas discutidas nos livros, planejamose desenvolvemos uma oficina sobre imagens; e por reconhecer as limitações 
que há nos livros, entendemos a necessidade de atividades fora da sala de aula, 
capazes de agregar outros saberes e vivências dos estudantes.
Em um mundo cada vez mais tecnológico, os recursos tradicionais 
de ensino como (livro didático e o quadro) se tornaram um desafio para os 
profissionais na área da licenciatura, pois os estudantes estão tendo contato com 
as tecnologias cada vez mais cedo. Logo, é preciso ter em mente que, a partir da 
popularização da internet, os estudantes mudaram sua forma de ver o mundo. 
Como resultado dessa mudança, aqueles que já têm o contato com “o mundo 
tecnológico”, em sua grande maioria, distanciam-se muitas vezes do mundo 
real para o virtual. Diante disso, vemos novos desafios na sala de aula, qual seja 
uma melhor utilização dos livros e, em particular, o didático, como importante 
ferramenta quando aliado a uma planejada estratégia de ação.
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 27
Não podemos negligenciar as mudanças que ocorrem na sociedade. Ao 
contrário disso, é preciso buscar as diversas formas e estratégias para o ensino. 
Ademais, não podemos fingir que os estudantes estão aprendendo, mas assumir 
um compromisso com a aprendizagem destes. Contudo, não podemos acreditar 
que o uso da tecnologia seja a solução para os desafios, assim como também não 
é lucido nos limitarmos somente às formas tradicionais de ensino, mas aproveitar 
e acompanhar as mudanças e transformações da sociedade, produzindo formas 
de interação.
Foi partindo dessa questão que nós, docentes, na área de História, buscamos 
construir o conhecimento juntamente com os estudantes do ensino médio, 
utilizando formas mais dinâmicas, tirando-os da sala de aula, mostrando assim 
que há conhecimento no livro didático e para além dele. Todas essas informações 
podem ser aperfeiçoadas nas atividades do cotidiano escolar. Nos despusemos 
a explorar outros recursos e dentre esses o data show, os filmes, etc. Por serem 
recursos fundamentais na construção do conhecimento tanto para discentes 
como docentes engajados na tarefa do aprendizado.
Muitas vezes, o livro didático é a única referência para o trabalho do professor, 
passando a assumir até mesmo o papel de currículo e de definidor das estratégias 
de ensino. O livro torna-se assim um importante suporte de conhecimentos 
e de métodos para o ensino, servindo como orientação para as atividades de 
produção e reprodução de conhecimento (PAVÃO, [20--?] p. 03, grifo nosso).
É importante notarmos que o livro didático precisa ser considerado como 
mais um recurso disponível aos professores e não como uma única ferramenta de 
ensino. Porém, também acontece, em alguns casos, tratar-se do mais acessível, 
além do quadro. Assim, é necessário partir de cada professor a decisão de se 
manter sempre atento aos livros, pois os livros didáticos devem estar atualizados 
com as demandas das sociedades contemporâneas. Daí a importância de não 
carregar preconceitos, inclusive, contra o próprio livro, por este apresentar 
imperfeições.
Para facilitar o trabalho profissional do professor, é importante ter um livro 
que passe por análises precisas, para que informações equivocadas e posturas 
impróprias possam ser abandonadas, para que não venham a ser reproduzidas 
pelos estudantes, que muitas vezes só acabam memorizando e reproduzindo o 
que diz o livro didático. 
Portanto, não podemos dar continuidade a equívocos, que permanecem nas 
muitas demandas da educação e do ensino. O principal objetivo que precisamos 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 28
ter em mente é o de formar cidadãos críticos e partícipes dessa criticidade, para 
que elas não se tornem inócuas. Por isso, antes de tudo, é fundamental, que o 
livro adotado passe por uma seleção baseada em critérios que qualifique padrões 
de conteúdo, gramática, e correntes de pensamento comprometidas com a 
formação para a vida e sua preservação.
As pesquisadoras Sonia Regina Miranda e Tânia Regina de Luca (2004) 
destacam que a censura de assuntos abordados em livros no período militar 
permite que nos dias atuais ainda soframos consequências no que diz respeito 
à formulação do livro didático, já que há interesses por trás da organização do 
material. As autoras ressaltam que havia uma preocupação em não permitir que 
as pessoas se tornassem críticas. Por isso, seria mais confortável divulgar somente 
assuntos nacionalistas e não temáticas ou discussões que desenvolvessem o senso 
crítico do estudante. 
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2011), com o 
estabelecimento de critérios e a participação dos professores na seleção dos livros, 
está contribuindo com a qualidade do material didático distribuído gratuitamente 
na rede pública de ensino, o que tem aperfeiçoado significativamente não só a 
distribuição, mas também a produção dos livros, fazendo com que muitas visões 
sejam alteradas. 
Acreditamos que, além de recursos, falta também uma maior motivação 
por parte dos professores, que se limitam simplesmente ao que está no material 
didático, o que acaba empobrecendo as aulas, as discussões e o próprio 
aprendizado do estudante. Dessa forma, entendemos o quanto é importante 
cada professor ter autonomia na escolha do livro, e que esteja preparado para 
fazê-la da melhor forma. Entendemos que o livro, por ser um investimento 
público, precisa mais do que nunca ser explorado ao máximo.
Outro ponto relevante a ser pensado é a transmissão de valores ideológicos 
que os próprios autores dos livros estão interessados em transmitir. Por isso, 
é importante que o docente procure desfazer esses mitos e concepções que 
comprometem a formação de um cidadão reprodutor de distorções e enganos. O 
conhecimento não deve ser reproduzido, mas construído; por isso, a intervenção 
dos estudantes e o posicionamento destes fará toda a diferença nos momentos 
de debates.
Foi com essa preocupação que a equipe do projeto PIBID manteve a 
motivação de encontrar no livro subsídios para uma prática pedagógica que, 
enquanto recurso, potencializa os livros didáticos de História. No Centro de 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 29
Ensino Médio “Bernardo Coelho Almeida” (BCA), o projeto foi desenvolvido 
por 05 (cinco) docentes do curso de História da Universidade Estadual do 
Maranhão – UEMA, 01 (um) (supervisor de área) e 01 (uma) Coordenadora da 
área de História. Aqui relatamos nossa primeira atividade realizada fora da sala 
de aula, antes de realizarmos a oficinas Imagens da Antiguidade e do Medievo.
Sabemos da importância das imagens e como nossa cultura é muito visual. E 
pelo fato de serem elaboradas como parte do ato de pensar, elas sempre chamam 
atenção (LAPLANTINE, 1997), podendo ser um veículo fundamental para a 
construção do conhecimento. Além disso, as imagens possibilitam a construção 
de narrativas e são documentos de uma época, além de figurar como opções 
metodológicas (PAIVA, 2002). 
É importante ressaltar que o projeto procurou cumprir o objetivo de criar 
novas possibilidades de aprendizagem, assim como estimular os estudantes, tanto 
os graduandos como os da escola, a serem mais participativos na construção do 
conhecimento principalmente o que é desenvolvido no âmbito escolar.
A equipe optou por apresentar imagens de deuses gregos por meio de um 
mural e atender a curiosidade dos estudantes conversando com eles. Ao mesmo 
tempo em que exibia imagens de um filme que traz uma dança da idade média, 
convidou uma parte dos estudantes para aprender os passos da dança e deixou um 
grupo assistindo ao filme, enquanto outro grupo foi observar o painel montado 
com imagens, criando-se, dessa forma, uma dinâmica de simultaneidade. Vimos 
nessa atividade o quanto o estudante percebe a sua realidade e faz as relações 
com o passado, mediado pelo recurso que utilizamos. 
Diante dos resultados e discussõesa partir do desenvolvimento didático 
das atividades, observa-se que, quanto mais cedo uma aproximação com o 
ambiente escolar, maior o aperfeiçoamento da trajetória acadêmica e profissional 
dos futuros docentes, levando em consideração a deficiência dessa prática na 
academia. A experiência vivida na escola “Bernardo Coelho de Almeida” tem 
ampliado nossa visão no que diz respeito à educação, mostrando as angústias e 
desafios na área da licenciatura.
 Ademais, conseguimos construir propostas e vislumbrar abordagens que 
contemplem mais as percepções dos estudantes, para que eles possam fazer 
relações e descobertas que lhes permitam a criação de novas possibilidades 
de compreensão do tempo e do meio, levando-os também a refletir sobre as 
informações que recebem.
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 30
Conhecendo a escola e o livro didático
No princípio do projeto na escola, fomos primeiramente ter um contato 
com a sua parte física. Visitamos as salas, a diretoria, a sala dos professores, 
a biblioteca e, posteriormente, nos apresentamos aos estudantes, o que nos 
possibilitou uma maior familiarização com o ambiente escolar. Era o momento 
em que a teoria estudada na academia com os professores de História (os textos 
lidos as discussões) seria colocada em prática.
A nossa missão começava, e o trabalho também. Assim, tivemos logo de 
imediato acesso ao material didático e gostamos muito do livro e dos autores que 
fizeram parte da sua organização. Foi muito bom perceber que os organizadores 
do livro didático escolhido pelo nosso supervisor fizeram parte das discussões 
dentro da academia. Assim, notamos a importância desse material, que é o livro, 
e compreendemos o suporte que ele pode dar tanto ao professor como para o 
estudante.
Sabendo-se que que ainda hoje o livro didático é um grande aliado do 
professor na sala aula, é necessário que ele seja constantemente atualizado no 
que diz respeito à historiografia mais recente. O livro, geralmente, vai ser o 
único material ao qual os estudantes têm acesso, pois é também seu instrumento 
de trabalho. O professor desempenha um diálogo entre livro/estudante. Nesse 
sentido, o professor precisa estar bem capacitado, para que possa fazer essa ponte. 
Atualmente, o livro é de responsabilidade do Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação, e passa pela aprovação do MEC, até chegar aos 
professores por meio do Guia do Livro Didático. Sabemos das limitações do 
livro didático, cujo processo de seleção dos conteúdos passa por uma apurada 
escolha. Para Bittencourt, o ponto básico:
[...] para o estabelecimento de um critério para a seleção de conteúdo é a concepção 
de história. Dela depende a produção dos historiadores, e o conhecimento 
histórico é produzido de maneira que torne os acontecimentos inteligíveis de 
acordo com determinados princípios e conceitos. Situar os referenciais teóricos 
no processo de seleção dos conteúdos escolares não tem como objetivo a 
participação em debates acadêmicos, mas é uma necessidade para o trabalho 
docente que permanentemente se realiza na escola. Conhecer e acompanhar as 
principais tendências da produção historiográficas não é apenas uma questão de 
caráter teórico, mas trata-se também de uma necessidade prática, porque é com 
base em uma concepção de história que podemos assegurar um critério para uma 
aprendizagem efetiva e coerente. (BITTENCOURT, 2008, p. 139-140, grifos 
da autora).
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 31
Para Bittencourt (2008, p. 301), os livros didáticos “são produtos de 
difícil definição, por ser uma obra bastante complexa, que se caracteriza pela 
interferência de vários sujeitos em sua produção, circulação e consumo”. O livro, 
antes de ser um material didático, está imbricado de ideologias e interesses. 
Assim, nos perguntamos qual o objetivo do livro didático de História, e quais 
possíveis interesses estão por trás de toda essa vasta produção em nível nacional?
[...] o compromisso do livro didático de história com os conteúdos históricos 
está muito mais atrelado aos interesses e interlocutores do presente do que 
propriamente com o conhecimento do passado por ele mesmo. Essa característica 
reforça o entendimento de que precisamos ver o livro didático enquanto um 
produto de consumo, que se apresenta como um produto de consumo que se 
apresenta como um recurso didático e assim buscarmos seu papel enquanto 
veiculador de ideologias. Isso porque o Livro Didático de História exerceu, e 
ainda na medida do possível, exerce um papel fundamental no ensino de História, 
pois é subsídio teórico para a construção dos saberes históricos na sala de aula 
(MATOS, 2012, p. 168).
A autora Kátia Montavani faz o seguinte questionamento: “Já sabendo 
da importância do livro didático na formação cultural do povo de forma geral, 
poderíamos nos perguntar: como formar um cidadão sem oferecer ao estudante 
informação que o farão refletir sobre seu papel na sociedade?” (MONTANANI, 
2009, p. 39). Aqui, percebemos um dos pontos centrais que nos inquieta 
bastante, quando o assunto é, principalmente, o ensino da História, o qual fará 
pouco sentido se não for levar o estudante a refletir sobre seu papel na sociedade.
Um dos importantes cuidados é analisar o que descreve o livro didático, 
para não repetirmos propostas que podem estar presentes nos conteúdos que 
ele oferece, tais como concepções que dificultam a vida do estudante em sua 
realidade. É interessante quando a autora Kátia Montanavi alerta para isso,
O livro didático de História tem cumprido a função de veicular ideologias 
das classes dominantes e possibilitar a reprodução da ordem burguesa. Muitos 
manuais apresentam conteúdo “factual”, fragmentado, sem considerar a ideia de 
processo, estrutura e temporalidades. Dessa forma, os livros didáticos de História 
podem ser vistos como um instrumento de degradação do ensino de História 
(DAVIES, 2005, p.1 apud MONTANAVI, 2009, p. 40).
É dessa forma que nos preocupamos em desenvolver um projeto que 
saísse de uma visão tradicional da História, visto que por muito tempo foram 
ensinados somente fatos, e exigiam que os estudantes os decorassem e ponto 
final. Por isso, concordamos com a autora Kátia Montanavi (2009) que ressalta 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 32
em sua tese uma preocupação com os livros didáticos e de que forma a História 
é passada. Logo, não podemos mais aceitar os conteúdos factuais, mas deixar 
que os estudantes sejam mais críticos e entendam seu papel e contribuição para 
com a sociedade.
Por outro lado, também é fato que toda produção e construção de 
conhecimento traz em si uma concepção ideológica. Assim, nossa preocupação 
é promover ensino, estratégias de ensino em que a percepção, a ideologia do 
estudante seja expressa, para, em seguida, dialogar com ela, porque entendemos 
que o conhecimento libertador se constrói nesse contato e no entendimento do 
que o outro tem a expressar. Diante disso, pensamos em trabalhar formas que 
também promovam a fala do estudante.
Esta definição fantástica resume muito bem uma das importantes funções 
da História:
A História não é a busca de um tempo homogêneo e vazio, preenchido pelo 
historiador com a sua visão dos acontecimentos, mas é muito mais uma busca de 
repostas para “os agoras”. A História é um imenso campo de possibilidades onde 
inúmeros “agoras” irão questionar momentos, trabalhar perspectivas, investigar 
pressupostos (BENJAMIN, 1986, p. 222 apud RIBEIRO; BOVO, 2013. p. 
331).
Por isso, que para uma melhor análise da História, é necessário que se 
tenha em mente as diversas possibilidades de compreendê-la. Assim, Benjamin 
destaca que o ponto central é a busca pelos “agoras”, ou melhor, as respostas 
para os questionamentos que exigem percepção, análise e investigação. É nessa 
questão que nos preocupamos com o ensino de História, para que ele passe a 
ter sentido, que o conhecimentopor trás do fato histórico tenho significado, e 
não se delimite em um espaço vazio e sem sentido, mas tenha um significado, 
sobretudo, quando se trata da aprendizagem.
Relatos da oficina sobre as imagens “antigas e medievais”: pontos 
relevantes e vivência na escola
 Quando saiu o edital do projeto PIBID, ficamos empolgadas por se tratar 
de uma proposta já voltada para área da docência. Entendemos que para futuros 
professores, um contato com a realidade da escola, da sala de aula, deve acontecer 
quanto mais rápido melhor.
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 33
 Sabe-se que nunca foi fácil manter a atenção de estudantes, ainda mais 
com tantos “atrativos” que a sociedade atual partilha. Sendo assim, não podemos 
nos focar somente nas metodologias já consideradas “ultrapassadas” por parte 
dos jovens ou confiar que o livro tenha condições de cumprir sozinho o desafio 
do ensino.
 A partir dessas perspectivas, é possível perceber o tamanho do desafio 
no que diz respeito à área da educação, acreditamos que o papel do professor, 
como mentor para o desenvolvimento do estudante, continua sendo de extrema 
importância. 
Percebendo a necessidade de levar os estudantes a interagirem e participarem 
de uma forma mais dinâmica das temáticas discutidas nos livros e transformar 
positivamente o ensino de História nas posteriores aulas, foi planejada uma 
oficina sobre imagens, Oficinas: mitos e lendas na antiguidade e medievo, separando 
dois importantes períodos da história: a Idade Média e a Antiguidade. 
Enfrentamos a princípio alguns desafios na organização da oficina, pois, 
devido à greve de ônibus, tivemos que suspender a data prevista para a sua 
realização, o que atrasou um pouco nosso calendário. Contudo, por outro lado, 
foi proveitoso selecionar imagens e organizar o ambiente onde seriam realizadas 
as atividades.
O planejamento de uma oficina foi a primeira atividade desenvolvida pelo 
grupo de estudantes do curso de História da UEMA, participantes do projeto 
PIBID no BCA. A princípio, foi bastante desafiador sair da posição de estudante 
para enfrentar a sala de aula. E pelo fato de sermos um grupo ajuda, não podemos 
deixar de tomar a iniciativa, no sentido de pensarmos em uma estratégia que 
envolvesse os estudantes. Foi assim que surgiu a ideia de montarmos algo que 
pudesse retirá-los da sala de aula, para que eles pudessem participar e ampliar 
seus conhecimentos.
Por entendermos que muito dos estudantes acabam tendo certa aversão 
à disciplina História, considerando-a uma matéria chata e repetitiva, que não 
passa de meras decorebas, compreendemos assim o grande desafio de não nos 
tornamos maçantes e repetitivos, mas tentar compartilhar com eles, de uma 
forma mais dinâmica, o outro lado do saber histórico. Não queremos aqui dizer 
que o livro didático não seja importante. Não é isso. Mas acreditamos que o seu 
uso deve estar associado a outras atividades, para que, juntos, possam aperfeiçoar 
a compreensão do estudante. 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 34
Trabalhamos com duas turmas do Ensino Médio juntas, com mais de 
setenta estudantes. Sabíamos do desafio que teríamos para manter a atenção 
deles voltada para o que estávamos apresentando, mas o resultado foi além do 
esperado, e conseguimos a atenção deles, apesar de alguns optarem por não 
participar, por pura timidez. Dividimos os alunos em duas equipes e distribuímos 
uma fitinha de identificação para colocar no braço. O objetivo era o de nos 
aproximar mais, para ganhar a “confiança” deles, já que isso também faz parte 
do processo entre estudante e professor. 
Iniciamos a oficina falando sobre os deuses da Antiguidade, apresentando 
um vídeo que mostrava o que cada “deus” representava para aquele homem 
dos primeiros séculos, tentando primeiramente ouvi-los e aproveitar muito do 
conhecimento que os estudantes já tinham, o que foi na verdade uma troca, 
uma vez que muitos estavam atentos e disponíveis para aprender. 
O que queríamos de fato era chamá-los para uma discussão sobre as 
diferentes épocas da sociedade. Tentar fazer com que eles percebessem que 
cada momento histórico teve e tem suas particularidades, mas que algumas 
características ainda permanecem vivas na nossa sociedade, ou seja, é sempre 
importante tratar das rupturas e continuidades.
Pensar de forma histórica é se relacionar com o tempo e suas três dimensões: 
passado, presente e futuro. Contextualizar o seu presente e estabelecer relações de 
ruptura e de continuidade com aquilo que já ocorreu. É constituir um domínio 
sobre a temporalidade, estabelecendo uma consciência sobre o que tornou uma 
determinada sociedade singular em comparação a outras (RIBEIRO; BOVO, 
2013. p. 331).
Pensar na sociedade, nas transformações, no passado, no presente, no 
futuro, no tempo são alguns dos olhares que o ensino de História proporciona 
para quem quer entender suas dimensões. Foi partindo dessa motivação que nos 
preocupamos em levá-los a trabalhar com as imagens presentes nos livros deles, 
para estimular a percepção dos estudantes, como também podermos notar os 
questionamentos, as dúvidas e contribuições deles para as temáticas discutidas.
Quando tratamos sobre os deuses, queríamos expressar o fato de o homem 
estar sempre em busca de conhecer-se a si mesmo e, nessa mesma proporção, o 
mundo. Dessa forma, fizemos uma exposição de imagens para despertar neles a 
percepção, ativar a imaginação e a compreensão do conhecimento. Perguntamos 
o que eles entendiam sobre o mito, como isso era tão forte no início das primeiras 
sociedades e que tipo de relação isso tem com os nossos dias, já que a história 
não pode ser entendida como “coisa do passado”, porque sempre está presente 
no que chamamos de “presente”.
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 35
Do outro lado, também foi feita uma rápida discussão sobre o período 
medieval, e instigamos os estudantes a perceberem algumas continuidades no 
nosso tempo, como, por exemplo, as religiões, que têm crescido a cada dia, 
tentando suprir os questionamentos humanos sobre a vida, a morte e a vida pós-
morte. Foi assim que destacamos o forte pensamento religioso para o homem 
medieval.
As imagens que separamos para o período medieval retratavam questões, 
principalmente do imaginário medieval, que rompe com os limites do real. 
Esse aspecto chamou a atenção dos estudantes, também porque a exposição das 
imagens em um painel permitiu uma conversa com o grupo do PIBID, daqueles 
estudantes interessados, curiosos.
Outro ponto que nos chamou atenção foi no final da oficina, quando 
desafiamos as equipes a fazerem uma dança Medieval, utilizando para isso, 
um vídeo que mostrava a dança. Foi um momento bastante descontraído para 
os estudantes e para nós, pois quebramos um pouco da rotina deles. Assim, o 
resultado foi muito além das nossas expectativas, bem mais proveitoso do que 
imaginamos. Mas o que nos impactou foi quando uma aluna fez menção à 
dança, comparando-a com a quadrilha, comum nas festas juninas do nordeste 
brasileiro e, particularmente, no Maranhão. Com isso, o simples ato de a menina 
ter essa percepção, deixou clara a sua compreensão acerca das continuidades, das 
permanências.
Na simples apresentação do passado, explicando como era e como é. É importante 
criar situações nas quais o sujeito seja impelido a compreender o porquê, as 
causas e as consequências, dos processos de transformação e permanência entre 
o passado e o presente e, principalmente, levá-lo a compreender que são as 
indagações do presente que nos incitam a indagar o presente. (OLIVEIRA, 
2011, p. 6 apud RIBEIRO; BOVO, 2013. p. 331).
Tratar sobre essas permanências é mais um ponto da relevância do ensino 
da História e como este pode ser um estímulo para que o estudante esteja sempre 
tentando relacionar o passado com o presente, além de levá-lo a compreender 
que a história às vezes é mais continuidadesdo que rupturas. Assim, por meio da 
exposição das imagens, dos debates, das perguntas e da dança, cumprimos nossa 
primeira etapa do projeto.
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 36
Considerações finais
Por meio do convívio e da oficina realizada, acreditamos que foi importante 
para ambos os lados, pois se abriu um leque de ideias futuras, já que o projeto 
prossegue. A experiência que temos vivido na escola só tem trazido benefícios, 
pois se trata de uma aproximação que todo estudante de licenciatura precisa ter 
com o futuro ambiente de trabalho. Assim, além de reconhecermos a importância 
do livro didático, também entendemos as limitações que há nele. É pensando 
nisso que continuamos com esse objetivo de desenvolver outras atividades com 
os estudantes, e o livro foi nosso ponto de partida para que ocorressem ideias e 
a ação criativa. 
 No final da oficina, montamos um mural para cada estudante registrar o 
que tinha entendido, aprendido, a fim de poderem avaliar o que foi realizado, bem 
como trazerem contribuições ao nosso projeto. Muitos escreveram que acharam 
a oficina divertida, que aprenderam bastante e que deveríamos continuar com 
mais atividades com eles. Isso nos deixou felizes e motivadas para pensar em 
outras propostas que venham contribuir ainda mais com o desenvolvimento dos 
estudantes e na utilização dos livros didáticos.
 Percebemos ainda que o PIBID promove a inserção do graduando de 
Licenciatura na escola antes do Estágio Supervisionado, pois o contato com a 
realidade da escola lhe permite pensar estratégias de ensino, conhecer o ambiente 
escolar, suas carências e potencialidades, para que ele possa pensar ações que 
potencializem o ensino e a sua formação enquanto profissional da educação.
Referências
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11, n. 21, p. 163-171, 2006.
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Secretaria de Educação Básica, 2011 (ENSINO MÉDIO).
LUCA, Tania de. MIRANDA, Sonia. “O livro didático de história hoje: um panorama a 
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MATOS, Julia Silveira. Os Livros didáticos como “produtos” para o ensino de História: 
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Uma análise do PNLD. Historiæ, Rio Grande, 3 (3): 165-184, 2012.
MONTOVANI, Katia Paulilo. O Programa Nacional do Livro Didático-PNLD Impactos na 
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PAIVA, Eduardo França. História & Imagens. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
PAVÂO, Antônio. Proposta Pedagógica. In: O livro didático em questão. [ S.L.:s.n.], 
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RIBEIRO, Renilson Rosa; BOVO, Cláudia Regina. A promoção da educação histórica na 
escola: os desafios da avaliação diagnóstica em História. Revista História Hoje, v. 2, nº 4, 
2013.SCHIMIDIT, Maria Auxiliadora. Saber ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.
LAPLANTINE, François. TRINDADE, Liana. O que é imaginário. São Paulo; Brasiliense, 
1997. (Coleção Primeiros Passos, 309)
38
CAPÍTULO 3
O PROCESSO DE FORMULAÇÃO DO SISTEMA DE 
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL
Dayse Marinho Martins
Introdução
No âmbito da formação em políticas públicas, analisar a elaboração das 
políticas caracteriza um processo basilar na constituição de uma postura crítica 
diante do contexto sócio-histórico. O gestor público, sujeito constituinte da 
sociedade capitalista, tem suas ações entremeadas pelos princípios deste modo 
de produção, cabendo-lhe manter um posicionamento crítico mediante tais 
aspectos.
Nesse sentido, a contemporaneidade suscita a compreensão dos processos 
políticos em voga, principalmente no que se refere à configuração do estado. A 
referida tarefa requer um olhar atento que considere as relações entre as formas 
estatais, a constituição social e os princípios do sistema econômico. 
Algumas questões requerem atenção quanto à caracterização das formas 
políticas do mundo presente. Discursos sobre pós-modernidade, fim da história, 
hibridismo cultural, quebra de fronteiras, desenvolvimento tecnológico, 
formação de blocos econômicos, desemprego estrutural, descentralização e 
superação da constituição do nacional denotam alterações na forma de explicação 
da realidade política. As referidas elaborações requerem um olhar cauteloso 
sobre a redefinição da sociedade contemporânea a fim de desvelar reificações 
e ideologias direcionadas para a naturalização de processos sociais (FARIAS, 
2004).
Assim, um dos processos políticos relevantes da contemporaneidade a 
ser discutido se refere ao processo de formulação das políticas educacionais 
https://doi.org/10.52788/9786599463990.1-3
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 39
enfocadas sob discursos fundados em princípios como descentralização, equidade 
e cidadania. Portanto, este artigo realiza ponderações acerca da formulação do 
sistema de avaliação da Educação Básica no Brasil atentando para a relação entre 
suas propostas e a constituição política atual. Nessa perspectiva, busca conceber 
o processo de formulação das políticas educacionais no Brasil contemporâneo a 
partir de sua inserção no quadro de uma formação socioeconômica que denota 
vinculações entre capital e estado. Constitui parte do corpo teórico produzido 
em pesquisa para elaboração de tese no Doutorado em Políticas Públicas da 
Universidade Federal do Maranhão, tendo como objeto as repercussões do 
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nas escolas da rede estadual de 
ensino em São Luís – MA.
O estado avaliador e as reformas educacionais
O século XX traz em sua constituição, complexas alterações em nível mundial 
nas esferas culturais, políticas e econômicas que influenciaram a organização 
da sociedade. A conjuntura de crise econômica na década de 1970 culminou 
com a crítica ao Estado de Bem-Estar Social, possibilitando a elaboração do 
ideário neoliberal, sob o princípio do Estado mínimo, enquanto proposta de 
diminuição dos gastos públicos e foco na eficácia do Estado (SPOSATI, 2002).
Com base nesse cenário, surgem as reformas implementadas nos aparelhos 
do Estado, e assim, no sistema educacional. Tais propostas se fundamentaram nas 
normativas preconizadas por organismos transnacionais como o Banco Mundial 
voltado para ações de financiamento e cooperação. Desse modo, esses agentes 
internacionais tiveram papel significativo no processo político de formulação das 
reformas educacionais brasileiras. Tal como afirma RUA (s.d., p.04) devem ser 
considerados “atores” de grande importância no processo das políticas públicas:
[...] agentes financeiros como o FMI, o Banco Mundial, etc., cuja importância 
é óbvia no que diz respeito a questões econômicas. Podem ser organizações ou 
governos de países com os quais se mantêm relações de troca importantes e que 
podem afetar não apenas a economia, mas também a política interna do país.
Os agentes internacionais, bem como grupos sociais conservadores 
considerando a perspectiva neoliberal postularam a necessidade de ampliar a 
eficácia do sistema educacional brasileiro. Para tanto, as reformas primaram 
pelo controle sobre a oferta do ensino, de modo a fomentar resultados que 
DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL: OLHARES INTERDISCIPLINARES | VOL. 2 40
refletissem positivamente no padrão de crescimento econômico e social. Tal 
aspecto demonstra a necessidade de se compreender os pressupostos da política 
educacional vigente no âmbito de um sistema político e social, como assinalou 
Teixeira (2002, p. 02).
Elaborar uma política pública significa definir quem decide o quê, quando, com 
que consequências e para quem. Definições

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