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Direito Eleitoral 1 Direito Eleitoral Matéria Direito Eleitoral Direitos Políticos Direito de Sufrágio É a manifestação de vontade de um conjunto de pessoas para a escolha de representantes políticos. O sufrágio pode ser universal ou restritivo: Sufrágio Universal: é concedido a todas as pessoas, sem qualquer discriminação. Sufrágio Restritivo concedido a uma minoria, restringindo as pessoas por critérios sexuais, raciais, econômicos, entre outros. ⚠ SUFRÁGIO É a manifestação de vontade do povo para a escolha de representantes políticos, é o direito de votar e de ser votado, diretamente conectado ao exercício da soberania popular. Características do Voto ⚠ É um dos mais importantes instrumentos democráticos, pois é através dele que as pessoas exercem o direito de sufrágio e a soberania popular. 1. Voto direto → em regra, o eleitor vota diretamente na pessoa escolhida para ser o mandatário. 2. Voto secreto → o voto deve ser sigiloso. 3. Voto personalíssimo → a própria pessoa deve comparecer pessoalmente para votar, não existe a possibilidade de outorgar procuração para votar em nome de outra pessoa. 4. Liberdade do voto → o eleitor deve votar sem sofrer indevida influência do poder político-econômico. 5. Igualdade do voto → todos os votos possuem o mesmo peso. 6. Periodicidade do voto → o voto é periódico, evitando a perpetuação do mandatário no poder. Plebiscito e Referendo São consultas ao povo para decidir sobre matéria de relevância para a nação em questões de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. 📌 Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; ⚠ PLEBISCITO O Estado consulta a população antes da criação do ato legislativo, os cidadãos aprovam ou rejeitam a medida através do voto. ⚠ REFERENDO A população é consultada após a criação do ato legislativo, cabendo aos cidadãos ratificar ou rejeitar a proposta através de votação. Ambas as consultas podem ocorrer em âmbito estadual e municipal, e são necessários para a criação de novos Estados e Municípios. A convocação das consultas ocorre em âmbito nacional, sendo necessário um abaixo assinado subscrito por no mínimo 1/3 dos integrantes de qualquer uma das casas do Congresso Nacional. Então, o Congresso edita um decreto legislativo que regulamente a forma pelo qual o plebiscito ou o referendo ocorrerão. Ambos são organizados como uma eleição fora de época e, assim como nas eleições, o comparecimento é obrigatório. Alistabilidade (Capacidade Eleitoral Passiva) É o direito de votar. São requisitos de alistabilidade: 1. Nacionalidade brasileira → o eleitor deve ser brasileiro nato ou naturalizado. 2. Alistamento eleitoral → o eleitor deve possuir título de eleitor pelo menos 150 dias antes da eleição subsequente àquela que ele completar 19 anos. 3. Eleitor conscrito → eleitor não pode ser militar dentro do período militar de serviço obrigatório. 4. Pleno gozo dos direitos políticos → o eleitor não pode ter sofrido cassação, perda ou suspensão de seus direitos políticos. Hipóteses de Perda dos Direitos Políticos 📌 Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos Direito Eleitoral 2 → Cassação é a extinção definitiva dos direitos políticos, sendo vedada pela Constituição. → Perda é a subtração dos direitos políticos por prazo indefinido, normalmente ocorre em razão do cancelamento da naturalização brasileira. → Suspensão é a subtração dos direitos políticos por prazo definido, ainda que não previamente determinado. São hipóteses de suspensão dos direitos políticos: 1. Condenação por improbidade administrativa (Lei 8.429/92) A suspensão dos direitos políticos não decorre automaticamente da condenação por improbidade administrativa, a improbidade deve ser grave e a suspensão dos direitos deve constar na condenação. A suspensão pode ser imposta por até 14 anos, contados a partir do trânsito em julgado da condenação. O STF determinou que o trânsito suspende TODOS os direitos políticos, porém, apenas o direito de ser candidato é suspenso a partir da primeira decisão colegiada. A inelegibilidade é sempre de 08 anos, independentemente da hipótese. 2. Condenação criminal transitada em julgado de crimes específicos A jurisprudência se firmou para considerar apenas os crimes ambientais. 3. Incapacidade civil casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Elegibilidade (Capacidade Eleitoral Ativa) É o direito de ser votado. O candidato deve preencher as condições de elegibilidade (requisitos positivos) e não pode incidir em hipóteses de inelegibilidade (requisitos negativos). Condições de Elegibilidade 📌 Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; � Nacionalidade Brasileira A nacionalidade brasileira (brasileiro nato ou naturalizado) é obrigatória para ocupar cargos estratégicos, como Presidente, Vice-Presidente, Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do Senado Federal, em razão da linha de sucessão da Presidência. 🔡 Pessoa Alfabetizada O analfabeto, uma vez eleito, não tem o direito adquirido para ser reeleito, devendo provar que não é analfabeto caso sua candidatura seja impugnada. Contudo, a jurisprudência atual está bastante flexível na análise deste quesito, sendo bastante inclusiva. 📜 Súmula 15/TSE. O exercício de mandato eletivo não é circunstância capaz, por si só, de comprovar a condição de alfabetizado do candidato. 📜 Súmula 55/TSE. A Carteira Nacional de Habilitação gera a presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro de candidatura. � Pleno Exercício dos Direitos Políticos O candidato deve estar quite com a Justiça Eleitoral, cumprindo todas as obrigações político-eleitorais exigidas pelo ordenamento. Caso ele não esteja quite, não poderá tirar passaporte e ocupar cargo público, além de possuir restrições a financiamentos estudantis e a empréstimos em bancos estatais e de fomento. 🏠 Domicílio Eleitoral Para ser candidato, a pessoa deve ter domicílio há pelo menos 06 meses antes do pleito no local/circunscrição onde exercerá suas funções caso seja eleita. O conceito de domicílio eleitoral é mais fraco que o conceito de residência do Direito Civil. Para a Justiça Eleitoral, o candidato não precisa estar residindo de fato no local, basta que ele tenha algum vínculo com (familiar, profissional, etc.) com o local. Para o domicílio eleitoral ser válido, o título de eleitor do candidato deve estar cadastrado no local onde ele concorrerá ao pleito há pelo menos 06 meses antes da eleição. Direito Eleitoral 3 🤝 Filiação Partidária O candidato deve ser filiado ao partido político pelo qual concorrerá há pelo menos 06 meses antes do pleito, podendo o estatuto do partido fixar prazo maior. A legislação brasileira não permite a filiação a mais de um partido nem a candidatura avulsa, ou seja, candidato sem vinculação a um partido. Em caso de dupla filiação, a Justiça Eleitoral automaticamente exclui o cadastro da filiação mais antiga e mantem apenas o cadastro da filiação mais recente. EXCEÇÕES À FILIAÇÃO PARTIDÁRIA 1. O militar não precisa cumprir o prazo de 06 meses de filiação partidária, mas deve estar vinculado a um partido político.A Constituição veda a filiação partidária do militar em serviço ativo, porém, para se vincular a um partido, o militar deve, na convenção partidária do partido, solicitar para ser escolhido como candidato. O militar com menos de 10 anos de serviço deve ser exonerado do cargo militar para ser candidato. O militar com mais de 10 anos de serviço mantém o cargo militar e exerce apenas funções administrativas não militares durante o período de campanha. Caso seja eleito, ele toma posse e é encaminhado para a reserva do serviço militar. Caso perca a eleição, volta a exercer plenamente suas funções militares. 2. Juízes e membros do Tribunal de Contas da União só podem se candidatar se renunciarem ao cargo, também se vinculam aos partidos políticos nas convenções partidárias, como os militares. 3. Membros do Ministério Público que entraram na carreira antes de 1988 e foram eleitos antes da edição da EC nº 45/2004 se afastam das funções do cargo, podendo exercê-las normalmente após o fim do mandato. Vinculam-se aos partidos políticos como os militares, nas convenções partidárias. Os membros que não se encaixam nesse lapso temporal devem renunciar ao cargo 06 meses antes do pleito. 💍 Fidelidade Partidária A fidelidade partidária exige que o mandatário se mantenha fiel ao partido político que o elegeu. Caso o mandatário troque de partido durante o seu mandato, a cadeira permanece com o partido, resultando na perda do mandato do mandatário. Essa condição foi regulamentada pelo TSE através da Resolução 22.610/07 e é válida para as eleições proporcionais, ou seja, apenas para Vereadores, Deputados Estaduais e Deputados Federais. → Hipóteses de Justa Causa São casos em que, excepcionalmente, justificam que o mandatário troque de partido sem perder a cadeira/mandato. 🚨 LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS Art. 22-A, Lei nº 9.096/95. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito. Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses: I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; II - grave discriminação política pessoal; e III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente. → I - Mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário Ocorre quando o partido político muda de ideologia mas o candidato quer se manter fiel à ela, então ele troca de partido e mantém a ideologia e a cadeira/mandato. O ônus da prova é do mandatário que invoca a hipótese de justa causa, que deve provar a exceção preenchendo os requisitos: 1. Imediatidade → não existe prazo exato para a alegação, mas deve ocorrer o quanto antes. 2. Prova robusta → a alegação deve ser cabalmente comprovada. AÇÕES 1ª - Desconstitutiva Ação Perda de Mandato 2ª - Declaratória Ação Declaratória de Justa Causa Polo Ativo - Partido Político (30 primeiros dias) - MPE ou interessados (30 dias seguintes) - Mandatário Polo Passivo - Mandatário e partido ao qual se filiou - Partido titular da cadeira As ações são de competência originária do TRE para os mandatos de Vereador e Deputado Estadual, e de competência originária do TSE para os mandatos de Deputado Federal. Estas ações possuem natureza dúplice/ambivalente, ou seja, não há autor e réu, pois ambos assumem concomitantemente estas posições. Uma vez ajuizada a ação, a citação é pessoal, o prazo para defesa é de 05 dias e, após encerrada a instrução, as partes têm o prazo de 48h para apresentar alegações finais e, por fim, o julgamento é colegiado. 🚨 O Recurso Especial do TRE para o TSE não tem efeito suspensivo, ou seja, o mandatário recorre enquanto está fora da cadeira. → II - Grave discriminação política pessoal Ocorre quando o mandatário sofre discriminação interna no próprio partido, sendo impedido de acessar os recursos do fundo eleitoral partidário. → III - Janela Partidária Corresponde ao período de 30 dias que antecede o prazo mínimo de filiação partidária (06 meses). O mandatário pode trocar de partido antes dos 06 meses do pleito e concorrer às eleições pelo novo partido sem perder sua cadeira. https://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/normas-editadas-pelo-tse/resolucao-nb0-22.610-de-25-de-outubro-de-2007-brasilia-2013-df Direito Eleitoral 4 🚨 A janela partidária aplica-se somente ao último ano de mandato. → Anuência do Partido Concordância do partido com a saída do mandatário, expressada através de uma carta de anuência. → Cláusula de Barreira O mandatário pode sair do partido quando o partido pelo qual ele se elegeu não ultrapassou a cláusula de barreira. 🔞 Idade Mínima O candidato deve ter a idade mínima necessária para concorrer a cada cargo político, sendo elas Vereador → 18 anos. Prefeito, Deputado Estadual e Federal → 21 anos. Governador → 30 anos. Presidente e Senador → 35 anos. Em regra, o candidato deve ter a idade mínima no momento da posse. Apenas para o cargo de Vereador a idade mínima é necessária no momento do registro da candidatura, ou seja, apenas o candidato a Vereador deve ter a idade mínima antes da posse. 📌 Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. Hipóteses de Inelegibilidade Constitucionais Inelegibilidade Absoluta São hipóteses em que não é possível afastar a inelegibilidade: 1. Inalistável → aquele que não pode tirar o título de eleitor (o conscrito e o estrangeiro). 2. Analfabeto → aquele que não pode votar mas pode ser votado. 📌 Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Inelegibilidade Relativa São hipóteses em que há algo que o candidato pode fazer para afastar sua inelegibilidade: 1. Inelegibilidade em relação ao cargo → para concorrer a cargo diverso do qual ele ocupa, o Chefe do Poder Executivo deve renunciar ao cargo pelo menos 06 meses antes do pleito. 1. Inelegibilidade em relação ao parentesco → os parentes de 2º grau do Chefe do Poder Executivo são inelegíveis no território onde ele já exerce a chefia do Executivo. EXCEÇÕES: a. Esta inelegibilidade não se aplica na hipótese de reeleição do parente. b. A inelegibilidade é apenas para o Chefe do Poder Executivo, não para o Vice. c. Renunciando 06 meses antes do pleito, ele torna seus parentes elegíveis, entretanto, isso só vale no primeiro mandato, a fim de evitar a perpetuação do mesmo grupo familiar no poder. 📌 Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. ⚠ GRUPO FAMILIAR É vedado um grupo familiar se eleger sucessivamente por três mandatos. Descaracteriza os três mandatos sucessivos a alteração do grupo político em razão da morte do Chefe do Poder Executivo. 📜 Súmula Vinculante 18/TSE. A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidadeprevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal. Legenda ⚠ CONCEITOS/INFORMAÇÕES IMPORTANTES Direito Eleitoral 5 📜 SÚMULAS/JULGADOS 📌 PREVISÕES LEGAIS 🚨 IMPORTANTE/PONTO DE ATENÇÃO
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