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Aterramento - Temas Gerais 1- Função do aterramento: 1.1- Estabelecer o referencial de potencial zero. 2- Aplicações: 2.1- Sistemas de pára-raio (SPDA). 2.2- Proteção do usuário contra cargas estática ou falhas na isolação da instalação ou equipamento. 2.3- Blindagem eletromagnética, facilitar o funcionamento de equipamentos como dispositivos DR, disjuntores e relês por justamente estabelecer a referencia ao potencial zero. 3- Diferenças: 3.1- ponto de aterramento: a haste ou conjunto de hastes enterradas formando muitas vezes uma malha de aterramento para equipotencializar a área. 3.2- condutor terra: o fio que liga o aparelho elétrico ao ponto de aterramento 3.3- sistemas de aterramento: a maneira como o condutor terra é ligado ao ponto de aterramento. 4- Terra vs Neutro: Tratando-se de alimentação elétrica de computadores, o terra tem apenas a função de proteção do usuário contra cargas estática ou falhas na isolação da instalação ou equipamento (2.2), ou seja, o aterramento protege você, não o computador. A concessionária disponibiliza para o consumidor uma fase (no caso consumidor monofásico) e um neutro. Esse neutro é aterrado na entrada, junto ao medidor de energia. Isso ocorre para proteger a rede elétrica pública caso ocorra uma falha de isolamento entre fase e neutro na instalação do consumidor. Podemos nos perguntar o seguinte: se o neutro é aterrado, qual a diferença entre terra e neutro? A diferença básica é que no neutro há circulação constante de corrente elétrica (é por onde há o retorno da corrente proveniente da fase), já no terra (3.2) só circula corrente em caso de problemas e falhas da instalação. 2 5- Aterrando seu computador: Contudo, podemos aproveitar o ponto de aterramento (3.1) do neutro para fazer o aterramento do micro. 5.1- Sistema TN-C: O mais comum e mais arriscado. Note que o condutor terra (PE) é ligado ao neutro (N). Se ocorrer uma falha de isolação entre fase e neutro a tensão de fase será transferida para a carcaça do micro. 5.2- Sistema TN-S: Condutor neutro (N) e terra (PE) são distintos, mas possuem apenas um referencial de potencial zero - o mais recomendado 5.3- Sistema TT: 3 Condutores e pontos de aterramento distintos. 6- Soluções Pelo fato de na maioria das residenciais não ser disponibilizado o pino terra na tomada, uma alternativa comum é ligar o terra do computador ao neutro da tomada (sistema TN-C) que como vimos no ítem 5.1 é arriscado, contudo podemos utilizar de equipamentos como o “terra eletrônico” ou “módulos isoladores” que fazem essa ligação de maneira segura. Sem essa “segurança” é melhor esquecer o aterramento, isolando o pino terra com um adaptador de 3 pinos para 2, deixando o micro plugado só entre fase e neutro. E por falar em fase e neutro, deve-se prestar muita atenção na “polaridade” da tomada. Dispositivos como o “terra eletronico” só vão funcionar corretamente se a tomada estiver com polaridade certa, sem falar que para o perfeito funcionamento do micro é imprescindível tal observação. Muitos problemas atribuídos à falhas de aterramento são na verdade causados por essa inversão. 4 Aterramento, ruído e segurança Informação técnica para usuários de produtos de áudio profissional da Yamaha O aterramento inadequado pode criar risco mortal. Mesmo que não venha a causar perigo, os “loops de terra” são a causa mais comum de ruído (“hum”) da rede elétrica nos sistemas de áudio. Portanto, é útil aprender sobre aterramento, e usar esse conhecimento. O que é um loop de terra? Um loop de terra (“ground loop”) ocorre quando existe mais de um caminho de aterramento entre duas partes do equipamento. O caminho duplo forma o equivalente ao loop de uma antena, que muito eficientemente capta as correntes de interferência. A resistência dos terminais transformam essa corrente em flutuações de voltagem, e por causa disso a referência de terra no sistema deixa de ser estável, e o ruído aparece no sinal. Os loops de terra podem ser eliminados? Mesmo engenheiros de áudio experientes podem ter dificuldade em isolar os loops de terra. Às vezes, em equipamentos de áudio mal projetados (mesmo equipamentos caros), os loops de terra ocorrem dentro do chassis do equipamento, mesmo este possuindo entradas e saídas balanceadas. Nesse caso, pouco se pode fazer para eliminar o “hum” a menos que a fiação interna de aterramento seja refeita. Os equipamentos da Yamaha são projetados com muito cuidado em relação ao aterramento interno. Você deve evitar equipamentos de áudio profissional com conexões não balanceadas (a menos que todos os equipamentos estejam muito próximos, conectados à mesma linha da rede elétrica, e não sujeitos a campos fortes de indução da rede elétrica). Na verdade, se todas as conexões forem balanceadas e o equipamento tiver sido projetado e construído adequadamente, os loops de terra externos não induzirão ruído. Pelo fato dos equipamentos Yamaha serem menos suscetíveis a problemas com loops de terra, em geral é mais fácil e mais rápido colocá-los em operação. 5 A Fig.1 ilustra uma situação típica de loop de terra. Dois equipamentos interconectados estão ligados a tomadas de energia em lugares separados, e o terceiro pino está aterrado em cada uma delas. O caminho do aterramento das tomadas e o caminho do aterramento pela blindagem do cabo formam um loop que pode captar interferência. Se o equipamento não tiver sido bem construído, essa corrente (que age como sinal) circulando pelo aterramento atravessa caminhos que não deveriam conter qualquer sinal. Essa corrente, por sua vez, modula o potencial da fiação de sinal e produz então ruídos e “hum” que não podem ser separadas facilmente do sinal propriamente dito, no equipamento afetado. O ruído, portanto, é amplificado junto com o sinal. O que fazer para evitar os loops de terra? Existem quatro abordagens para se tratar o aterramento em sistemas de áudio: ponto único, multi-ponto, flutuante, e blindagem telescópica. Cada uma tem vantagens específicas em diferentes tipos de sistemas. A Fig.2 ilustra o aterramento por ponto único. O aterramento do chassis de cada equipamento individual é conectado ao terra da tomada; o sinal de aterramento é ligado entre os equipamentos e conectado ao terra num ponto central. Essa configuração é muito eficaz para eliminar ruídos da rede elétrica e de chaveamento, mas é mais fácil usar em instalações permanentes. O aterramento por ponto único é muito usado em instalações de estúdio, e é também eficaz em 6 fiações de racks individuais de equipamentos. No entanto, é quase impossível implementá-lo em sistemas de sonorização complexos e portáteis. A Yamaha não recomenda esse esquema em seus equipamentos de sonorização. O aterramento multi-ponto (Fig.3) é o encontrado em equipamentos com conexões não balanceadas nos quais o aterramento é ligado ao chassis. É um esquema muito simples na prática, mas não muito confiável, particularmente se a configuração do sistema é alterada freqüentemente. Os sistemas com aterramento multi-ponto que empregam circuitos balanceados com equipamentos projetados adequadamente em geral não apresentam problemas de ruído. Este esquema é adequado para a maioria dos equipamentos Yamaha. A Fig.4 mostra princípio do terra flutuante. Observe que o sinal de aterramento está completamente isolado do terra propriamente dito. este esquema é útil quando o terra contém ruído excessivo. No entanto, ele depende do estágio de entrada do equipamento rejeitar a interferência induzida nas blindagens dos cabos, e dessa forma é preciso que o circuito de entrada seja o melhor possível. A Fig.5 ilustra o princípio da blindagem telescópica. Este esquema é muito eficaz para eliminar loops de terra. Quando o ruído entra numa blindagem conectada apenas à terra, aquele ruído não pode entrar no caminho do sinal.Para implementar esse esquema é preciso ter linhas balanceadas e transformadores, uma vez que o aterramento não é compartilhado entre os equipamentos. 7 Uma desvantagem é que os cabos podem não ser iguais, pois alguns podem ter a blindagem conectada em ambas as extremidades, e outros não, dependendo do equipamento, o que torna mais complicado a escolha dos cabos na montagem e desmontagem de sistemas portáteis. • Aqui vai um resumo das regras básicas para ajudar na escolha de um esquema de aterramento: • Identifique sub-sistemas ou ambientes de equipamentos que possam estar contidos numa blindagem eletrostática que se conecta ao terra. • Conecte ao terra o aterramento de cada sub-sistema separado, num único ponto. • Garanta o máximo isolamento nas conexões entre os sub-sistemas, usando conexões balanceadas com acoplamento a transformador. O aterramento não é essencial para evitar ruído - mas a segurança é outro assunto! Um equipamento não precisa estar aterrado para evitar a entrada de ruído no sistema. A principal razão para se aterrar os equipamentos de áudio é a segurança; o aterramento adequado pode evitar choques mortais. A segunda razão para aterrar um sistema que possua equipamentos alimentados por tensão AC é que, sob determinadas condições, um aterramento adequado pode reduzir a captação de ruído externo. Ainda que o aterramento adequado nem sempre possa reduzir a captação de ruído externo, um aterramento inadequado podem piorar a captação de ruído externo. O fio de aterramento do cabo de força conecta o chassis do equipamento ao fio da tomada que está conectado ao terra da instalação elétrica do prédio. Este aterramento, exigido por normas em qualquer lugar, pode contribuir para a existência de loops de terra (veja Fig.6). 8 Evite a tentação de cortar o 3o pino Com apenas um caminho para o aterramento, não pode haver loop de terra. Poderia haver um loop de terra com um cabo de áudio unindo um mixer a um amplificador de potência? Sim! Uma conexão de aterramento através dos cabos de força e os chassis dos dois equipamentos completa o segundo caminho. Uma forma de cortar esse loop de terra é desconectar o terra da rede em um dos equipamentos, tipicamente no amplificador de potência, usando um adaptador de dois para três pinos. Deixando o terceiro pino do adaptador não conectado faz interromper o loop de terra, mas também remove o aterramento de proteção da rede elétrica. O sistema agora confia apenas no cabo de áudio para fornecer o aterramento, uma prática que pode ser arriscada. Lembre-se, esse tipo de loop de terra não causa necessariamente ruído, a menos que o equipamento possui conexões não balanceadas ou um aterramento interno inadequado. Em certas situações pode-se desconectar a blindagem do cabo de áudio em uma das extremidades (usualmente na saída), e assim eliminar o possível caminho da corrente do loop de terra. Numa linha balanceada, a blindagem não carrega sinal de áudio; ela protege contra ruídos estáticos e interferências de freqüências de radio, e continua a fazê-lo mesmo se desconectada numa das extremidades. Entretanto, não corte a blindagem de um cabo de microfone que carrega “phantom power”, pois isso cortará a alimentação do microfone. Interromper o aterramento numa das extremidades de um cabo não é uma solução prática para os problemas de loop de terra em sistemas portáteis porque isso requer cabos especiais. Alguns equipamentos profissionais possuem chaves de interrupção de 9 aterramento (“ground lift”) mas entradas balanceadas. Os mixers e consoles da Yamaha não vêm mais com chave de “ground lift” pelas seguintes razões: • possibilidade de uso errôneo • aterramento interno é adequado e dispensa essa chave A interrupção do aterramento pode ser letal! A interrupção do aterramento pode parecer essencial quando vários cabos de áudio não balanceados ligam dois equipamentos, mas pelo menos uma das blindagens deve permanecer conectada em ambas as extremidades para manter o lado inferior da conexão de áudio. A chance de uma perda total da continuidade do aterramento faz dessa prática arriscada, para não dizer perigosa. Se você quiser evitar a interrupção do aterramento, tente amarrar os cabos bem juntos, o que reduz o “efeito antena” do loop de terra. Maximize a segurança e evite os ruídos de loops de terra Não interrompa o aterramento de segurança em qualquer equipamento, a menos que isso reduza significativamente o nível de ruído. Estabeleça um esquema que não requeira a interrupção do aterramento. NUNCA elimine o aterramento de segurança da rede elétrica num mixer ou outro tipo de equipamento que esteja conectado diretamente a microfones. Os microfones são prioridade no aterramento de segurança porque as pessoas que os seguram podem tocar em alguma parte aterrada no palco, inclusive o próprio piso molhado do palco... e então... Onde for possível, ligue todos os equipamentos num mesmo circuito da rede elétrica. Isso inclui a mesa de mixagem, processadores de efeitos, e instrumentos elétricos, tais como amplificadores de guitarra, teclados, etc. Isso não só reduz o potencial de ruído se ocorrer um loop de terra, mas também reduz o perigo de um choque elétrico. No sistema de distribuição de energia, sempre conecte iluminação, ar condicionado, motores, etc, a uma fase (ou circuito) diferente da que está sendo usada para os equipamentos de áudio. 10 Posição correta: Código: __TOMADA_de_FRENTE__ | | | neutro fase | | () () | | Terra | | () | |____________________| Podemos verificar a polaridade correta com uma chave teste (aquela que acende uma luz) ou com um multimetro. Se a fase não estiver do lado direito, conforme ilustração acima, devemos chamar um eletricista para fazer tal mudança. 7- Conclusão: Meu objetivo foi apontar os aspectos principais de um aterramento residencial para microcomputadores. Espero ter sido claro e estou a disposição para perguntas e questionamentos. Valeu! 11 "Aterramento no Brasil é simplesmente aterrador" Em certos casos, a segurança seria maior sem os pára-raios incorretamente instalados Embora o Brasil seja detentor de tecnologia de ponta em termos de proteção contra descargas atmosféricas, no cotidiano os sistemas de aterramento utilizados nos prédios e nas casas – quando existem – deixam muito a desejar. Em certos casos, as pessoas estariam mais seguras se eles não estivessem instalados. Uma norma básica do aterramento elétrico é a IEC 200 dos Estados Unidos, segundo a qual todos os aterramentos têm de estar interligados fisicamente, em toda a estrutura física de uma cidade. Os cabos elétricos naquele país possuem três pólos: fase, neutro e terra. Cada prédio novo que é construído deve interligar seu fio terra com os dos demais. Isso cria uma “gaiola de Faraday”, uma espécie de malha ou rede subterrânea que evita a diferença de potencial no solo. É que se dois prédios vizinhos possuem aterramentos diferentes e não interligados, e um registra 5 ohms enquanto o outro tem 20 ohms, por exemplo, quando a descarga elétrica bate no solo, retorna pelo fio-terra do prédio onde há menor resistência elétrica, com todas as conseqüências como se o raio tivesse caído nesse outro prédio. No Brasil, o especialista Ariosvaldo Tomaz de Lima já encontrou numa instalação estatal (situada no Paraná) 68 pontos de aterramento numa área de apenas 1.200 metros quadrados, cada qual com nível de resistência elétrica diferente. Num caso como esse, os funcionários estariam mais seguros se não houvesse qualquer tipo de aterramento. E não se trata de um caso isolado, essa costuma ser a regra entre as instalações feitas no Brasil. 12 Aberrações – Se um raio atinge um circuito microprocessado, fatalmente o circuito “queimará”,deixando de funcionar. Aliás, nem é preciso tanto: se uma pessoa andar um pouco sobre um carpete e em seguida pegar num desses circuitos, é quanto basta para destruí-lo, só com o efeito da eletricidade estática, que chega a vários volts (o mesmo de quando você passa uma caneta esferográfica sobre um tecido de lã: em seguida, a caneta começa a atrair partículas de papel ou os pelos do braço, devido à eletricidade gerada pelo atrito com a lã – ou do sapato no carpete). Em Santos mesmo, Ariosvaldo enfrentou o caso de um elevador de prédio residencial que costumava parar após tempestades com raios: desligou provisoriamente o fio- terra do elevador, mesmo perdendo a garantia de fábrica, pois as centelhas elétricas estavam subindo pelo fio-terra e queimando o circuito microprocessado que controla o elevador. Devido ao seu trabalho anterior com proteção a instalações telefônicas – que também passaram a ser microprocessadas -, o especialista procurou soluções para o problema dos raios, e hoje detém uma coleção de aparelhos apresentados como protetores anti- raio que chegavam a representar um crime contra o consumidor, pelos riscos a que este era exposto. Por exemplo, um desses aparelhos, parecido em tamanho e formato com um pequeno transformador para eletrodoméstico, tinha um fio-terra que deveria ser ligado a um parafuso ou prego espetado na parede. Durante uma tempestade, se um raio caísse chegasse a esse aparelho pela fiação elétrica, quem encostasse nas paredes próximas ou andasse descalço pelo aposento correria sério risco de vida. Estabilizadores de tensão e principalmente filtros de linha elétrica comuns também não apresentam qualquer proteção contra descargas elétricas, lembra ainda o especialista, citando que os organismos de proteção ao consumidor estão preparando campanha para alerta ao público sobre divulgações enganosas nesse sentido. Aliás, a tendência é que esses equipamentos saiam do mercado em breve, pois os no-breaks estão 13 ampliando sua participação no mercado e apresentando preços cada vez menores, e além de estabilizarem a corrente elétrica permitem proteção contra sub e sobretensão. Início errado – Ariosvaldo explica que apesar de possuir tecnologia avançada no setor, o Brasil teve um início errado, pois a rede elétrica não tem o terceiro pólo e cada edificação tem – quando tem – um sistema de aterramento diferente. E, no caso de Santos, o solo geralmente não é preparado devidamente para o aterramento, o que complica ainda mais o problema. Ainda se salvam os postos de gasolina, que seguem uma norma técnica específica para as instalações dos depósitos de gasolina: eles devem ficar enterrados no solo e vedados contra a entrada de oxigênio, o que evita a explosão do combustível: a descarga elétrica passa pelo tambor e se dissipa no solo. Além disso, a estrutura de cobertura deve ser metálica, para que a descarga elétrica seja conduzida para o solo. Existe apenas um raro momento de perigo: quando o frentista está abastecendo um veículo, em meio à tempestade, e alguma bolha de oxigênio possa passar pela mangueira para o tanque subterrâneo de combustível. Neste caso, um raio poderia provocar uma explosão do posto, como aconteceu nos Estados Unidos, em que uma centelha de um raio caído nas vizinhanças do posto atingiu a bomba de gasolina, causando a explosão. Por isso, embora pareça uma providência radical, o certo seria os postos de combustível interromperem a venda de combustível aos motoristas durante o clímax da tempestades com maior incidência de raios, e uma distribuidora de combustível inclusive passava essa recomendação, em cursos para os frentistas dos postos. Já em certas garagens de ônibus, o perigo pode ser grande. Por exemplo, num caso encontrado na capital paulista, a empresa tinha um pára-raios comum no alto de uma caixa d’água, e bombas de combustível nas proximidades, de tal forma que havia grande probabilidade de o raio, ao atingir o pára-raios, emitir centelhas em direção às bombas de combustível. Aeronaves – Nos aviões, existia uma situação parecida: depois de um acidente aéreo ocorrido cerca de 20 anos atrás, os tanques de combustível da aeronave são instalados de forma a “flutuar” sobre “coxinhos” de borracha, de forma a não ter contato algum com a carcaça da aeronave. Os aviões são costumeiramente atingidos pelos raios, porém como estão imersos no ambiente ionizado, o raio passa pela carcaça metálica (que forma também uma “gaiola de Faraday”) e continua a descida em direção ao solo, sem afetar os instrumentos de bordo. No caso do acidente citado, o tanque de combustível tinha um minúsculo orifício, e devido ao contato com a carcaça do avião, antes de ser adotado o sistema de isolamento, isso permitiu que a descarga elétrica provocasse a explosão do combustível... e do avião. 14 Oh, raios! A cada segundo, cerca de cem raios caem sobre a terra, produzidos por cerca de duas mil tempestades, conforme dados do Lightning Imaging Sensor da NASA. Com a dependência cada vez maior de computadores e redes de comunicação, o mais antigo motivo de medo da Humanidade ganha uma nova razão. Os raios já foram responsáveis até pelo lançamento de um foguete norte-americano (aconteceu em 1987, na plataforma da ilha Wallop, confessa a NASA). Mesmo os astronautas da Apollo 12 perderam por algum tempo o controle da nave, devido a um raio que afetou os computadores de bordo. Mesmo em atividades mais comuns, até uns oito anos atrás, um bom sistema de aterramento e um pára-raios resolviam, quando as nuvens negras surgiam no céu. Na medida em que os equipamentos microprocessados – computadores, equipamentos telefônicos e de fax, televisores, fornos microondas, equipamentos para receber sinais televisivos por cabo ou satélite - invadiram escritórios e residências, a situação mudou radicalmente. O velho pára-raios protege a estrutura física do prédio ou da casa, mas não os aparelhos eletrônicos que estejam ligados às tomadas, aos fios telefônicos, aos cabos de televisão ou às antenas. 15 Futebol não combina com tempestade Em campo aberto, o melhor é deitar no chão Durante uma tempestade com raios, o melhor a fazer é não sair de casa. Mas, existem situações em que as pessoas são surpreendidas pelo mau tempo em áreas abertas. Valem nesse caso as velhas recomendações do tempo dos avós, mas há outras ditadas pelo uso de modernas tecnologias. A tradicional recomendação de não se abrigar sob as árvores é mantida, pois se um raio tiver de cair, as árvores, num campo aberto, são o local mais provável para isso acontecer. O melhor que a pessoa pode fazer, por mais estranho e constrangedor que pareça, é deitar completamente no chão, pois com isso a massa corporal (que é 80% constituída de água) se espalha e fica equalizada com o solo, deixando de haver a diferença de potencial elétrico que atrairia o raio. Há mais chance de que algum outro objeto nas proximidades seja mais atrativo para a corrente elétrica. No campo de futebol, o jogo deve ser imediatamente interrompido, pois se um raio cair, vai afetar provavelmente mais de um jogador ao mesmo tempo. Nos campos situados entre edificações com pára-raios, uma centelha elétrica do raio que está caindo no prédio pode incidir no campo de futebol. É o que aconteceu em 1993 com o meia-direita Carlos Alberto Borges, do clube Palmeiras, no Parque Antártica. Ele só sobreviveu por haver outras pessoas por perto que o reanimaram imediatamente, já que poucos minutos após a parada cardíaca causada pelo raio, não sendo reiniciada a oxigenação do sangue, ocorre a morte cerebral. 16 Não basta desligar os aparelhos eletrônicos da casa ou do escritório, durante a tempestade. Como as descargas elétricas podem chegar tanto pela rede telefônica, pelo cabeamento de televisão e principalmente pelas antenas de TV, é preciso desconectar os aparelhos também da rede telefônica e dos cabos de televisão.E desligar o aparelho também não basta: é preciso desconectá-lo da tomada, pois a descarga elétrica que atingir a edificação vai percorrer todos os aparelhos elétricos em busca do caminho de saída para a terra e, ao passar pelos circuitos microprocessados, danificará os circuitos. Desligar o disjuntor no quadro geral de eletricidade também não é suficiente. Como a distância entre os pólos do disjuntor é pequena, poderá haver uma centelha elétrica que pule de um pólo ao outro, continuando seu caminho até passar pelos equipamentos elétricos. Pelo telefone – Enquanto o telefone celular não apresenta risco para o usuário, por não ter ligação física com a terra – e portanto pode ser usado mesmo durante a tempestade – o telefone convencional está ligado ao cabo telefônico. Além do choque, um raio pode causar, entre outros danos, a surdez da pessoa que estiver usando o telefone nesse momento. Num automóvel, os ocupantes devem evitar encostar nas partes metálicas. Se um raio cair sobre o carro, percorrerá a carroçaria e acabará centelhando para o solo, ocorrendo assim a dissipação, apesar de não haver contato direto com o solo (os pneus são de borracha, isolantes). Por isso, não se deve sair do carro nos primeiros instantes após a queda do raio. Curiosamente, a chamada eletrônica embarcada não sofre os efeitos da descarga elétrica: a carroçaria metálica do veículo funciona (como no caso do avião) como uma gaiola de Faraday, de forma que a descarga elétrica não passa pelos componentes microprocessados existentes no veículo. Já no caso de uma embarcação – um navio – o raio poderá atingir os equipamentos de telecomunicação e navegação, bem como os computadores de bordo, antes de ser dissipado pelo casco na água. É por isso que a empresa produtora dos equipamentos anti-raio está iniciando um trabalho de divulgação desses produtos também no meio marítimo, até porque como a água é excelente atratora de raios, o navio que se interpõe entre o raio e a água tem mais possibilidades de ser atingido pelas descargas atmosféricas e ter os equipamentos eletrônicos danificados. A propósito, pela mesma razão se recomenda sair imediatamente de piscinas ou do mar no caso de se iniciar uma tempestade com raios... 17 Pesquisas reformulam conceitos sobre as descargas atmosféricas Existem diversos conceitos sobre os raios que estão sendo ultrapassados pelas pesquisas. Por exemplo, é comum se dizer que existem raios que sobem da terra para a nuvem. Na verdade, quando se cria uma diferença de tensão elétrica entre a terra e a nuvem que passa, o que sobe é uma corrente bastante fraca, por si só inofensiva, que é o raio traçador, também chamado de descarga conectante. Sua função é estabelecer a ligação entre os pontos positivos e negativos, e é pelo caminho assim formado que o raio efetivamente desce da nuvem. O raio traçador que sobe encontra outro que desce, chamado de “líder escalonado”, rompendo o campo dielétrico e criando a diferença de potencial que permite a passagem da corrente (chamada de “descarga de retorno”). Esse encontro ocorre numa altura de dois a três metros acima do pára-raios ou cerca de 50 m do solo. Nesse momento, ouve-se um som como o de um estilhaçamento – é quando podem ser expedidas centelhas para pontos nas proximidades -, seguido um instante após 18 pelo som do trovão. Se o raio efetivamente atingisse o pára-raios, nada sobraria da peça, pois não há material que resista a tal descarga. As pesquisas demonstram que, embora um raio possa ter até 100 mil ampères ao descer, a grande parte dos raios na verdade inicia a descida com 35 mil ampères. Ao atingir uma edificação, devido à forte dissipação já ocorrida no percurso, a corrente já está com seis mil ampères. No momento em que atinge a casa ou o prédio, não havendo o pára-raios, a corrente seguirá pela estrutura férrea existente nas paredes até o solo. O pára-raios tem apenas a função de facilitar essa passagem, evitando danos à estrutura física do prédio, mas ele não protege os equipamentos elétricos existentes no interior da edificação. Se um raio chega por um fio telefônico ou elétrico, ou pela antena de televisão, vai percorrer os aparelhos conectados à rede (mesmo que desligados), em busca de uma saída para o solo, e nesse percurso vai queimar os circuitos que encontrar. Detalhe importante é que só o fato de uma nuvem escura (eletricamente carregada) estar passando já causa problemas, mesmo que não estejam ocorrendo raios e trovões. É que nesse momento já estão ocorrendo pequenas descargas na atmosfera, como pode ser verificado nas caixas de passagem de certas centrais elétricas e telefônicas: as pequenas centelhas são visíveis, e se não houver proteção para o equipamento eletrônico, este pode ser danificado já neste momento, antes de qualquer descarga de maior porte ser avistada sobre os telhados das edificações. 19 Fatos curiosos sobre os raios Embora eles possam surgir até num céu limpo, em tempestades de areia ou gelo, os raios são gerados em apenas um tipo de nuvem: a cumulonimbo, diferente das outras por ter maior extensão vertical (sua base está situada a 2 km de altura do solo, enquanto o topo fica 18 km acima). O ar quente e úmido próximo ao solo, mais leve que o ar frio da alta atmosfera, sobe e vai esfriando, até chegar ao topo da nuvem, que registra cerca de 30 graus centígrados negativos. Então, o vapor de água que estava misturado ao ar quente vira granizo e despenca, atritando com outras partículas menores, como cristais de gelo, fazendo com que ambos fiquem eletricamente carregados. O granizo - que acumulou carga negativa - vai para a base da nuvem, enquanto os cristais de gelo, com carga positiva, continuam a ascensão para o topo da nuvem, por serem mais leves. Quando a diferença entre as cargas do topo (positivo) e a base (negativa) da nuvem fica muito intensa, ocorre o relâmpago. A diferença de tempo entre o relâmpago e o correspondente trovão ocorre porque a luz é muito mais veloz (300 mil km/segundo) que o som (362 m/s no ar, à temperatura de zero grau centígrado), chegando assim muito mais rápido ao observador. Pode-se até calcular a distância de onde o raio caiu até o observador pelo tempo que demora para ser ouvido o trovão: cada três segundos do tempo entre o relâmpago e o trovão eqüivalem a aproximadamente um quilômetro de distância (cinco segundos eqüivalem a uma milha). O trovão é causado pela rápida expansão do ar - que é aquecido pelo raio a cerca de 30 mil graus centígrados, cinco vezes mais que a temperatura na superfície do Sol. 20 Página da agência espacial Nasa sobre raios e trovões Os relâmpagos aparecem todos recortados no céu porque as descargas procuram os caminhos de menor resistência numa atmosfera cheia de cargas elétricas variáveis. Geralmente, as mudanças de direção (ziguezague) do raio que está caindo ocorrem a cada 50 metros. A maior tempestade de raios conhecida foi a de março de 1993 sobre a Flórida, nos Estados Unidos: cerca de cinco mil raios por hora durante um dia inteiro. E uma das pessoas mais atingidas por raios (sete vezes) foi certamente o guarda-florestal Roy Sullivan, do estado norte-americano de Virginia: em 1942, perdeu uma unha do pé; em 1969, 1970, 1972 e 1973, teve queimaduras leves; em 1976, ficou com o tornozelo ferido; em 1977, foi a vez do peito e da barriga ficarem queimados. Não morreu com as descargas elétricas, mas se suicidou em 1983. O inventor do pára-raios, Benjamin Franklin (1706-1790), fez em 1752 uma experiência que quase lhe custou a vida: usou um fio de metal num papagaio (pipa) que empinou numa tempestade, preso a uma chave, que por sua vez era manobrada através de um fio de seda. Sua sorte foi que apenas algumas cargas elétricas leves desceram por esse dispositivo, pois se tivesse realmente atraído um raio, teria morrido eletrocutado,como aconteceu com o físico russo Georg Richmann, que tentou repetir a experiência. Já a linha fina usada nos papagaios comuns não tem grande capacidade de condução de cargas elétricas (devido à pequena espessura do fio e às características da linha, a condutividade é mínima). A energia transferida pelo raio entre a nuvem e a terra é em média de 1012 watts (uma lâmpada comum de 100 watts consome essa energia se ficar ligada pouco mais 21 de dez horas...). O que mata, no raio, é o choque e o calor produzidos por sua alta amperagem. Os homens são mais atingidos que as mulheres, pelo simples fato de haver mais homens que mulheres fora das casas, quando ocorrem as tempestades. Ao contrário do dito popular, um segundo raio tem muitas possibilidades de cair no mesmo lugar que o primeiro, pois o campo elétrico que atraiu o primeiro raio ainda permanece por algum tempo, podendo atrair o segundo... Os pesquisadores lembram que os cabos de fibra óptica não apresentam problemas com os raios, pois o que circula dentro deles são impulsos luminosos, e o revestimento não é condutor de eletricidade. Além disso, por serem finos e flexíveis, as normas recomendam que eles sejam instalados em passagens subterrâneas. Página da Nasa explica a formação dos raios O raio só se torna visível na fase final do processo, quando ocorre a chamada descarga de retorno. Pode ser positivo ou negativo, sendo que o positivo (mais raro) tem o dobro da amperagem do negativo e sua corrente elétrica contínua dura cerca de 200 milésimos de segundo, mais que o dobro da tempo verificado no raio negativo (daí serem os raios positivos mais destrutivos, podendo iniciar um incêndio florestal). A diferença é que os negativos partem da base da nuvem, enquanto os positivos surgem do topo do cumulonimbo, carregado positivamente. Na Região Sudeste do Brasil, 22 curiosamente, 60% dos raios são positivos (contra a média mundial de apenas 10%), não sendo conhecida ainda uma explicação definitiva para o fenômeno (suspeita-se que seja pela reunião de grande número de cumulonimbos com as correntes atmosféricas procedentes da Antártida, formando um campo elétrico positivo no topo das nuvens tão forte e distante das bases dessas nuvens que trocaria energia diretamente com a terra. Muitos pensam que as bolas de cor alaranjada colocadas na fiação entre torres de alta tensão se destinam apenas a facilitar a visualização dos cabos entre as torres, por pilotos de aviões e helicópteros. Na verdade, essas bolas - tecnicamente chamadas de esferas dissipadoras eletro-geométricas - são colocadas nos cabos de aço entre as torres - e nunca nos fios de alta tensão, servindo para atrair os raios que possam atingir os fios e jogá-los pelo cabo de uma esfera para a outra, até que a corrente chegue à estrutura metálica das torres, e por ela atinja o solo. É que se torna inviável colocar pára-raios nos fios, e aquela solução evita que o raio parta os cabos e os atire sobre as estradas - o que poderia provocar graves acidentes. Ainda sobre o assunto estradas, vale observar que se um motorista dirige seguidamente por muito tempo, ao sair do carro pode sofrer um choque causado pela eletricidade estática, pois o veículo ficou muito tempo em atrito com o ar, acumulando a carga elétrica (o atrito arranca elétrons - cargas negativas - do metal do veículo, que fica assim com prótons - as cargas positivas - a mais), e o motorista acaba fazendo a ligação entre as partes metálicas e o solo, ao colocar os pés no chão. Aliás, é por essa razão que os caminhões-tanque possuem correntes que arrastam pelo chão: elas servem para descarregar a eletricidade estática do veículo, evitando eventual explosão do combustível transportado. Nas corridas de Fórmula-1, por exemplo, os boxes das equipes têm o chão revestido de chapas flexíveis de cobre, que retiram as cargas positivas da lataria dos carros de corrida, restabelecendo o equilíbrio elétrico, como se fosse um fio-terra. Assim, o reabastecimento dos veículos pode ser feito em segurança. 23 Página da Neil Herbst sobre raios e relâmpagos E, voltando ao assunto computador, técnicos de manutenção de equipamentos - como Marcelo Converso, da Taco Informática - observam que se a rede de computadores possui aterramento, a descarga elétrica que chegue pela via telefônica é dissipada através do terra da rede, mas quando o aterramento inexiste ou é ineficiente, todas as placas de rede dos computadores são queimadas na passagem dessa descarga elétrica... Um raio que caia nas proximidades de um computador poderá danificar o circuito elétrico, ocasionando a parada do equipamento e a inevitável perda dos dados que estejam na memória de trabalho. Porém, não afetará a memória magnética, ou seja, os programas contidos no disco rígido. Aliás, o efeito do raio que não atinja a corrente elétrica que alimenta o computador é semelhante ao observado por pessoas e empresas que usam computadores perto de pedreiras: no momento da detonação dos explosivos, surgem ondas de choque com a capacidade de alterar a corrente elétrica nos chips dos computadores situados nas proximidades. Caso não haja danos, basta nesse caso religar o computador e refazer o trabalho a partir da última vez em que os dados foram salvos no disco rígido. 24 Um glossário eletrizante Acumulador elétrico – Dispositivo que transforma a energia química em energia elétrica e vice-versa (as pilhas elétricas não permitem essa reversão de energia elétrica para química), podendo assim acumular energia elétrica. Ampère – Unidade de medida de correntes elétrica que corresponde à corrente que separa em um segundo 1,118 mg de prata de uma solução de nitrato de prata, ou seja, é a unidade prática de medida elétrica correspondente à intensidade de uma corrente elétrica que, com a força eletromotriz de 1 volt, percorre um circuito com a resistência de 1 Ohm. Capacitor – Condensador. Dispositivo que consegue armazenar uma carga elétrica num espaço bastante reduzido. Normalmente, são placas ou folhas condutoras separadas por camadas finas de um dielétrico (ar, papel parafinado ou mica), sendo as placas em lados opostos das camadas dielétricas carregadas de eletricidade de sinais contrários, por uma fonte de voltagem. A energia do sistema carregado é armazenada no dielétrico polarizado, com a capacitância proporcional à área e à constante dielétrica da camada dielétrica, e inversamente proporcional à sua espessura. Centelhador – Dispositivo que consiste em dois elétrodos arranjados de modo a permitir a passagem entre eles de cargas disruptivas em forma de centelhas, servindo para descarregar baterias ou acumuladores. Circuito microprocessado – Circuito é um sistema de condutores e elementos elétricos relacionados, através do qual passa a corrente elétrica. O circuito microprocessado utiliza microprocessadores (chips), onde circula uma corrente elétrica mínima, sendo por isso bem mais sensíveis a variações elétricas. Corrente elétrica – Passagem dos elétrons através de um condutor, do pólo positivo para o negativo. Corrente contínua (CC) é aquela em que os elétrons seguem continua e invariavelmente do pólo positivo para o negativo, como nas pilhas de uma lanterna. Corrente alternada (CA) é o fluxo de elétrons ora num sentido ora noutro, sendo essa inversão de forma cíclica, em períodos de tempo constantes. Ciclo é a série de valores que a corente adquire durante um período. No Brasil, a frequência legal é de 60 ciclos por segundo, ou seja, 60 Hertz. Em outros países, pode ser de 50 Hertz, daí porque certos equipamentos (relógios elétricos, por exemplo) comprados no exterior podem apresentar funcionamento anormal quando usados no Brasil. Descarga atmosférica – Raio, com alta tensão e amperagem, ocorrida por diferença de potencial entre duas cargas elétricas opostas, buscando reequilibrá-las. Descarga atmosférica transversal – Ocorre quando a tensão,rica em corrente, caminha pelo condutor sem diferença de potencial entre as fases, ou fase e neutro, formando um único campo elétrico. Tal caso é pouco freqüente na rede elétrica, pois se o equipamento eletro-eletrônico alimentado nesta rede não estiver aterrado, não será atrativo para a descarga atmosférica. O próprio transformador e o quadro de distribuição são mais atrativos para esse tipo de descarga, por estarem aterrados. Caso o equipamento eletro-eletrônico esteja aterrado, a descarga passará pelo equipamento, danificando-o. Na rede telefônica e nas antenas, 90% das descargas 25 atmosféricas ocorrem de forma transversal, pois não há diferença de potencial entre os seus pólos, mas há o atrativo no equipamento eletro-eletrônico acoplado à rede elétrica, servindo como elemento condutor e consequentemente danificado. Descarga atmosférica longitudinal – Representa 98% dos casos em que a rede elétrica é atingida e consiste em a descarga se propagar apenas por uma das fases (ou neutro). Seu atrativo é a outra fase (ou neutro), pois haverá entre elas uma grande diferença de potencial, sendo a interligaçao feita através do equipamento eletro- eletrônico conectado à rede elétrica. Dielétrica – Substância que não conduz corrente elétrica: transmite efeitos elétricos por indução, mas não por condução. Disjuntor – Tipo de fusível que em lugar de se destruir apenas se desarma, sempre que ocorrer um curto-circuito nos condutores da rede elétrica, antes que os efeitos térmicos e mecânicos desta corrente possam se tornar perigosos às próprias instalações. Também desarma se houver excesso de consumo de corrente (ampères) dos equipamentos que alimenta, para não sobrecarregar os condutores (fiação). Resolvido o problema na instalação, o disjuntor pode ser rearmado. Não protege contra descargas atmosféricas, pois seu tempo de resposta é lento em relação ao raio. Estabilizador – Equipamento destinado a alimentar os equipamentos eletro- eletrônicos a ele acoplados com energia elétrica estabilizada na voltagem requerida (geralmente 110 ou 220 volts). Pode ter acessoriamente funções de transformador e filtro de linha, mas o equipamento em si não se destina a proteger contra falta de energia e transientes. Filtro de linha – Tem a função de filtrar da rede elétrica “ruídos” que poderiam ser prejudiciais a equipamentos eletro-eletrônicos sensíveis, como os microcomputadores. Não tem capacidade para proteger os equipamentos contra descargas atmosféricas ou mesmo para estabilizar o fornecimento de energia. Fusível – peça contendo um fio mais fino que o utilizado na rede elétrica, e portanto mais sensível às variações de tensão, partindo-se e assim cortando o fornecimento de energia elétrica. Com isso, a rede elétrica (e/ou telefônica) é protegida contra o equipamento que já tenha sofrido curto-circuito, e se evita que o equipamento defeituoso seja ainda mais danificado pela continuidade do fornecimento elétrico. Gaiola de Faraday – Princípio de Física em que, no interior de uma superfície fechada, o campo elétrico é nulo. Com o objetivo de blindar, proteger um corpo qualquer contra o efeito de um campo elétrico, constróem-se dispositivos chamados Gaiolas de Faraday, constituídos de malhas metálicas que envolvem esse corpo, baseadas nesse princípio, desenvolvido pelo cientista inglês Michael Faraday (1791- 1867) Indução elétrica – Um corpo carregado com certa carga elétrica, próximo a outro corpo, induz (provoca) o aparecimento, nesse outro corpo, de uma carga igual e de sinal contrário (positivo x negativo). Ionização – Aceleração de elétrons que resulta na produção de gás condutor. Decomposição de uma substância em solução em seus íons constituintes. Íon é uma partícula com carga elétrica positiva ou negativa, do tamanho de um átomo ou 26 molécula, que resulta da perda ou ganho de um ou mais elétrons por um átomo ou molécula neutros, ou da dissociação eletrolítica de moléculas em soluções em razão da variação de temperatura. O desprendimento de elétrons requer a adução de energia, quer por radiação ou por choque, quer por altas temperaturas. No-break – Equipamento destinado a suprir a alimentação elétrica dos equipamentos a ele acoplados, quando é interrompido o fornecimento pela concessionária de energia elétrica, evitando a paralisação da atividade realizada nos aparelhos a ele acoplados. Para isso, o no-break (em inglês, “sem parada”) utiliza baterias de 12 volts de corrente contínua que são transformados em 110 ou 220 volts de corrente alternada. O tempo de funcionamento do no-break durante a falta de energia da rede elétrica dependerá da potêncua das baterias. O short-break é um tipo de no-break que mantém o fornecimento elétrico por uns poucos minutos (tempo suficiente apenas para se fazer o correto encerramento dos programas em uso num computador e o seu desligamento normal). Ohm – O cientista Georg Simon Ohm observou a relação entre a tensão aplicada sobre uma resistência e a corrente que por ela flui: para uma mesma resistência, um aumento da tensão aplicada corresponde a um aumento proporcional na corrente que flui através da mesma. Mantendo constante a tensão, um aumento no valor da resistência corresponde a uma diminuição proporcional da corrente que flui. Surgiu assim a Lei de Ohm: “A corrente que flui através de uma resistência é diretamente proporcional à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência”. A unidade de resistência elétrica é o Ohm, que corresponde à resistência de um fio de mercúrio com seção de 1 milímetro quadrado e 1,063 m de comprimento, a zero grau centígrado. Pára-raio – Haste colocada no ponto mais alto de uma edificação, ligada a um fio que segue até outra haste colocada no interior do solo, com a função de conduzir os raios de forma segura, protegendo a estrutura da edificação. Não protege os equipamentos eletro-eletrônicos existentes em suas proximidades, porque durante a transferência da corrente entre as duas hastes sobra uma corrente eletrostática com tensão e corrente suficientes para danificar os equipamentos. A área de proteção de um pára-raio forma um cone desde seu ponto mais alto até o solo, com abertura de 127 graus. Assim, o pára-raios protege uma área no solo correspondente a um círculo cujo diâmetro é quatro vezes a altura da ponta superior desse pára-raios. Raio – Descarga elétrica, acompanhada de explosão (trovão) e de luz (relâmpago) que se produz entre duas nuvens eletrizadas ou entre a terra e as nuvens; centelha, corisco, faísca elétrica. Relâmpago – Clarão vivo e rápido, proveniente de descarga elétrica entre duas nuvens ou entre uma nuvem e a terra. Resistência – Nenhum material é perfeito condutor de corrente elétrica, todos oferecem algum nível de oposição à sua passagem, semelhante ao atrito entre a água e os canos por onde ela passa. A resistência elétrica sempre produz calor e queda de tensão, e é medida em ohms. Transiente – Também chamado de surto, é um pico de tensão, transitório, geralmente com duração da ordem de uns microsegundos. Ou seja, é uma elevação abrupta de tensão muito rápida, que pode ter origem interna ou externa. Interna, 27 quando equipamentos de grande porte, como condicionadores e compressores de ar, motores potentes etc. são desligados: a energia sobressalente é distribuída na rede elétrica, formando um surto transitório, danoso aos equipamentos eletro-eletrônicos. Externa, ainda mais danosa, por ter sua origem relacionadas a raios descarregados nas proximidades dos equipamentos eletro-eletrônicos, com duração de alguns microsegundos; pode ocorrer também no restabelecimento da energia elétrica após uma interrupção do fornecimento. Trovão – Estrondo produzido por descarga de eletricidade atmosférica. Volt – Unidade de tensão elétrica, diferença de potencial ou força eletromotriz. Corresponde à tensão que, aplicada sobre a resistência de 1 Ohm, produz a corrente de 1 ampère.Watt – Unidade de medida da potência solicitada da linha pela carga, representa o consumo de energia de um equipamento. É igual à potência de um joule por segundo, conforme a definição do inventor escocês James Watt (1736-1819) 28 Riscos da Eletricidade A eletricidade é vital na vida moderna é desnecessário ressaltar sua importância, quer propiciando coforto aos nossos lares, quer atuando como insumo nos diversos segmentos da economia. Por outro lado o uso da eletricidade exige do consumidor a aplicação de algumas preucações em virtude do risco que a eletricidade representa, muitos não sabem, desconhecem ou desconsideram este risco. Os acidentes ocorridos com eletricidade, no lar e no trabalho, são os que ocorrem com maior frequência e comprovamente os que trazem as mais graves consequencias. As normas de segurança estabelecem que que pessoas devem ser informadas sobre os riscos a que se expõem, assim como conhecer os seus efeitos e as medidas de segurança aplicaveis.As atividades com eletricidade apresentam os seguintes riscos a seus usuários : a) Choque Elétrico b) Danos econômicos ( incêndio, explosões ) No dia a dia, seja no lar ou na indústria a maior preucupação sem dúvida é com o choque elétrico, visto que este é o tipo de acidente que ocorre com maior frequência . Incêndios e explosôes causados pela eletricidade são sinistros que ocorrem com menor frequência. É importante aletar que os riscos do choque elétrico e os seus efeitos estão diretamente ligados aos valores das tensões ( Voltagens ) da instalação, e é bom lembrar que apenas altas tensões provocam grandes lesões. Mas por um outro lado existem mais pessoas expostas à baixa tensão do que às altas tensões e que leigos normalmente não se expõem às altas, proporcinalmente podemos considerar que as baixas tensões são as mais perigosas. O maior risco no trabalho com a eletricidade é o contato direto, que pode ser definido como o ocorrido quando uma pessoa tem acesso a alguma parte emergizada de uma instalação, provocando uma passagem de corrente através do corpo, uma vez que este é condutor e fecha um curto-circuito entre a massa e a terra. O que torna a eletricidade mais perigosa do que outros riscos fisícos como o calor, o frio e o ruído é que ela só é sentida pelo organismo quando o mesmo está sob sua ação. Para quantificar melhor os riscos e a gravidade do problema apresentamos alguns dados estatísticos : 43% dos acidentes ocorrem na residencia 30% nas empresas 27% não foram especificados. 29 O Choque Elétrico Choque elétrico é o conjunto de perturbações de natureza e efeitos diversos, que se manifestam no organismo humano ou animal, quando este é percorrido por corrente elétrica. As manifestações relativas ao choque elétrico dependendo das condições e intensidade da corrente, podem ser desde uma ligeira contração superficial até uma violenta contração muscular que pode provocar a morte. Até chegar de fato a morte existem estágios e outras consequências que veremos adiante. Os tipos mais prováveis de choque elétrico são aqueles que a corrente elétrica circula da palma de uma das mãos à palma da outra mão, ou da palma da mão até a planta do pé.Existem 3 categorias de choque elétrico : a) Choque produzido por contato com circuito energizado Aqui o choque surge pelo contato direto da pessoa com a parte energizada da instalação, o choque dura enquanto permanecer o contato e a fonte de energia estiver ligada. As consequências podem ser pequenas contrações ou até lesões irreparáveis. b) Choque produzido por contato com corpo eletrizado Neste caso analisaremos o choque produzido por eletricidade estática, a duração desse tipo de choque é muito pequena, o suficiente para descarregar a carga da eletricidade contida no elemento energizado. Na maioria das vezes este tipo de choque elétrico não provoca efeitos danosos ao corpo, devido a curtissima duração. c) Choque produzido por raio ( Descarga Atmosférica ) Aqui o choque surge quando acontece uma descarga atmosférica e esta entra em contato direto ou indireto com uma pessoa, os efeitos desse tipo de choque são terriveis e imediatos, ocorre casos de queimaduras graves e até a morte imediata. Avaliação da Corrente Elétrica Produzida por Contato com Circuito Energizado Para avaliação da corrente elétrica que circula num circuito vamos utilizar a Lei de Ohm, que estabelece o seguinte : I = V/R, onde : I = Corrente em Ampéres V = Voltagem em Volts R = Resistência em Ohms Lei de Ohm estabelece que a intensidade da corrente elétrica que circula numa carga é tão maior quanto maior for a tensão, ou menor quanto menor for a tensão. No caso do choque elétrico o corpo humano participa como sendo uma carga, o corpo humano ou animal é condutor de corrente elétrica, não só pela natureza de seus tecidos como pela grande quantidade de água que contém.O valor a resistência em Ohms do corpo humano varia de individuo para individuo, e tambem varia em função do trajeto percorrido pela corrente 30 elétrica. A resistência média do corpo humano mediada da palma de uma das mãos à palma da outra, ou até a planta do pé é da ordem de 1300 a 3000 Ohms, de acordo com a Lei de Ohm, e com base no valor da resistência do corpo humano podemos avaliar a intencidade da corrente elétrica produzida por um choque elétrico, isso serve de análise dos efeitos provocados pela corrente elétrica em função de sua intensidade. Efeitos da Eletricidade no Corpo Humano Ao passar pelo corpo humano a corrente elétrica danifica os tecidos e lesa os tecidos nervosos e cerebral, provoca coágulos nos vasos sanguineos e pode paralisas a respiração e os músculos cardíacos.A corrente ele'trica pode matar imediatamente ou pode colocar a pessoa inconsciente, a corente faz os músculos se contrairem a 60 ciclos por segundo, que é a frequência da corente alternada.A sensibilidade do organismo a passagem de corrente elétrica inicia em um ponto conhecido como Limiar de Sensação e que ocorre com uma intensidade de corrente de 1mA para corrente alternada e 5mA para corrente contínua. Pesquizadores definiram 3 tipos de efeitos manifestados pelo corpo humano quando da presença de eletricidade. a) Limiar de Sensação ( Percepção ) O corpo humano começa a perceber a passagem de corrente elétrica a partir de 1 mA. a) Limiar de Não Largar Esta associado às contrações musculares provocadas pela corrente elétrica no corpo humano, a corrente alternada a partir de determinado valor, excita os nervos provocando contrações musculares permanentes, com isso cria se o efeito de agarramento que impede a vítima de se soltar do circuito, a intensidade de corrente para esse limiar varia entre 9 e 23 mA para os homens e 6 a 14 mA para as mulheres. b) Limiar de Fibrilação Ventricular O choque elétrico pode variar em função de fatores que interferem na intensidade da corrente e nos efeitos provocados no organismo, os fatores que interferem são : - Trajeto da corrente elétrica no corpo humano - Tipo da corrente elétrica - Tensão nominal 31 - Intensidade da corrente - Duração do choque elétrico - Resistência do circuito - Frequencia da corrente a) Trajeto da corrente elétrica no corpo humano O corpo humano é condutor de eletricidade e sua resistência varia de pessoa para pessoa e ainda depende do percurso da corrente. A corrente no corpo humano sofrerá variações conforme for o trajeto percorrido e com isso provocará efeitos diferentes no organismo, quando percorridos por corrente elétrica os órgãos vitais do corpo podem sofrer agravamento e até causar sua parada levando a pessoa a morte. b) Tipo da corrente elétrica O corpo humano é mais sensível a corrente alternada do que á corrente continua, os efeitos dests no organismo humano em geral são os mesmos, passando por contrações simples para valores de baixa intensidade e até resultar em queimadurasgraves e a morte para valores maiores. Existe apenas uma diferença na sensação provocada por correntes de baixa intensidade; a corrente continua de valores imediatamente superiores a 5 mA que é o Limiar de Sensação, cria no organismo a sensação de aquecimento ao paso que a corrente alternada causa a sensação de formigamento, para valores imediatamento acima de 1 mA. c) Tensão nominal A tensão nominal de um circuito é a tensão de linha pela qual o sistema é designado e à qual são referidas certas carcterísticas operacionais do sistema.De acordo com os padrões atuais norte-americanos, as tensões nominais dos sistemas são classificados em : Baixa Tensão 0 V >1000 V Média Tensão >1000 V < 72500 V Alta Tensão > 72500 V < 242000 V Extra- alta Tensão >242000 V < 800000 V Partindo das premissas que os efeitos danosos ao organismo humano são provocados pela corrente e que esta pela Lei de Ohm é tanto maior quanto maior for a tensão, podemos concluir que os efeitos do choque são mais graves à medida que a tensão aumenta, e pela mesma Lei de Ohm quanto menor a resistencia do circuito maior a corrente, portanto concluimos que não existem valores de tensões que não sejam perigosas.Para condições normais de influências externas, cosidera se perigosa uma tensão superior a 50 Volts, em corrente alternada e 120 Volts em corrente continua, o corpo humano possui em média uma 32 resistência na faixa de 1300 a 3000 Ohms, assim uma tensão de contato no valor de 50 V, resutará numa corrente de : I = 50 / 1300 = 38,5 mA O valor de 38,5 mA em geral não é perigoso ao organismo humano, abaixo apresentamos o valor de duração máxima de uma tensão em contato com o corpo humano, os valores indicados baseiam se em valores limites de corrente de choque e correspondem a condições nas quais a corrente passa pelo corpo humano de uma mão para outra ou de uma mão para a planta do pé, sendo que a superfície de contato é considerada a pele relativamente úmida : Duração máxima da tensão de contato CA Tensão de Contato ( V ) Duração Máxima ( Seg. ) <50 infinito 50 5 75 0,60 90 0,45 110 0,36 150 0,27 220 0,17 280 0,12 Duração máxima da tensão de contato CC Tensão de Contato ( V ) Duração Máxima ( Seg. ) <120 infinito 120 5 140 1 160 0,5 175 0,2 200 0,1 250 0,05 310 0,03 d) Intensidade da corrente As perturbações produzidas pelo choque elétrico dependem da intensidade da corrente que atravessa o corpo humano, e não da tensão do circuito responsável por essa corrente. Até o limiar de sensação, a corrente que atravessa o corpo humano é praticamente inócua, qualquer que seja sua duração, a partir desse valor, á medida que a corrente cresce,a contração muscular vai se tornando mais desagradável. Para as frequências industriais ( 50 - 33 60 Hz ), desde que a intensidade não exceda o valor de 9 mA, o choque não produz alterações de consequências graves, quando a corrente ultrapassa 9 mA, as contrações musculares tornam se mais violentas e podem chegar ao ponto de impedir que a vítima se liberte do contato com o circuito, se azona torácicc for atingida poderão ocorrer asfixia e morte aparente, caso em que a vítima morre se não for socorrida a tempo.Correntes maiores que 20 mA são muito perigosas, mesmo quando atuam durante curto espaço de tempo, as correntes da ordem de 100 mA, quando atingem a zona do coração, produzem fibrilação ventricular em apenas 2 ou 3 segundos, e a morte é praticamente certa. Correntes de alguns Ampéres, além de asfixia pela paralisação do sistema nervoso, produzem queimaduras extremamente graves, com necrose dos tecidos, nesta faixa de corrente não é possivel o salvamento, a morte é instantânea. Duração máxima da tensão de contato CC ( mA ) Perturbações prováveis Estado após o choque Salvamento Resultado Final 1 Nenhuma Normal ----- Normal 1 - 9 Sensação cada vez mais desagradável à medida que a intensidade aumenta. Contrações musculares. Normal Desnecessário Normal 9 - 20 Sensação dolorosa, contações violentas, perturbações circulatórias Morte aparente Respiração artificial Restabelecimento 20 - 100 Sensação insuportável, contrações violentas, asfixia, perturbações circulatórias graves inclusive fibrilação ventricular Morte aparente Respiração artificial Restabelecimento ou morte >100 asfixia imediata, fibrilação venticular Morte aparente Muito difícil Morte Varios Aaperes Asfxia imediata, queimaduras graves Morte aparente ou imediata Praticamente impossível Morte e) Duração do choque O tempo de duração do choque é de grande efeito nas cosêquencias geradas, as correntes de curta duração tem sido inócuas, razão pela qual não se considerou a eletricidade estática, por outro lado quanto maior a duração mais danosos são os efeitos. 34 f) Resistência do circuito Quando o corpo humano é intercalado ao circuito elétrico, ele passa a ser percorrido por uma corrente elétrica cuja intensidade de acordo com a lei de Ohm é em função da tensão e da ressitência. Dependendo das partes do corpo intercaladoas ao circuito a resistência do conjunto pode variar, e com isso a corrente tambem será alterada. g) Frequência da corrente O Limiar de Sensação da corrente cresce com o aumento da frequência, ou seja correntes com frequências maiores são menos sentidas pelo organismo, estas correntes de altas frequências acima de 100000 Hz, cujos efeitos se limitam ao aquecimento são amplamente utilizadas na medicina como fontede febre artificial. Nessas condições pode se fazer circular até 1 A sobre o corpo humano sem causar perigo. O quadro abaixo lista diversos valores de Limiar de Sensação em função do aumento da frequência da corrente elétrica. Frequência da Corrente Elétrica Frequência (Hz) 50-60 500 1.000 5.000 10.000 100.000 Limiar de Sensação (mA) 1 1,5 2 7 14 150 Primeiros Socorros à Vítima de Choque Elétrico As chances de salvamento da vítima de choque elétrico diminuem com o passar de alguns minutos, pesquisas realizadas apresentam as chances de salvamento em função do número de minutos decorridos do choque aparentemente mortal, pela análise da tabela abaixo esperar a chegada da assitência médica para socorrer a vítima é o mesmo que assumir a sua morte, então não se deve esperar o caminho é a aplicação de técnicas de primeiros socorros por pessoa que esteja nas proximidades.O ser humano que esteja com parada repiratório e cardíaca paasa a ter morte cerebral dentro de 4 minutos, por isso é necessário que o profissional que trabalha com eletricidade deve estar apto a prestar os primeiros socorros a acidentados, especialmente através de técnicas de reanimação cádio-respiratória. Chances de Salvamento Tempo após o choque p/ iniciar respiração artificial Chances de reanimação da vítima 1 minuto 95 % 2 minutos 90 % 3 minutos 75 % 4 minutos 50 % 35 5 minutos 25 % 6 minutos 1 % 8 minutos 0,5 % Método da respiração artificial "Hoger e Nielsen", para reanimação de vítimas de choque elétrico. A respiração artificial é empregada em todos os casos em que a respiração natural é interrompida. O método de "Holger e Nielsen"consiste em um conjunto de manobras mecânicas por meio das quais o ar , em certo e determinado ritmo, é forçado a entrar e sair alternadamente dos pulmões. As instruções gerais referentes à aplicação desse método são as seguintes : Antes de tocar o corpo da vítima, procure livrá la da corrente elétrica, com a máxima segurança possível e a máxima rapidez, nunca use as mãos ou qualquer objeto metálico ou molhado para interromper um circuito ou afastar um fio. Não mova a vítima mais do que o necessário à sua segurança. Antes de aplicar o método, examine a vítima para verificar se respira, em caso negativo, inicie a respiração artificial. Quanto mais rapidamente for socorrida a vítima, maior será a probabilidade de êxito no salvamento. Chame imediatamente um médico e algém que possa auxiliá lo nas demaistarefas, sem prejuizo da respiração artificial, bem como, para possibilitar o revezamento de operadores. Procure abrir e examinar a boca da vítima ao ser iniciada a respiração artificial, afim de retirar possíveis objetos estranhos (dentadura, palito, alimentos, etc.), examini também narinas e garganta.Desenrole a língua caso esteja enrolada, em caso de haver dificuldade em abrir a boca da vítima, não perca tempo, inicie o método imediatamente e deixe essa tarefa a cargo de outra pessoa. Desaperte punhos, cinta, colarinho, ou quaisquer peças de roupas que por acaso apertem o pescoço, peito e abdômem da vítima. Agasalhe a vítima, a fim de aquecê la, outra pessoa deve cuidar dessa tarefa de modo a não prejudicar a aplicação da respiração artificial. Não faça qualquer interrupção por menor que seja, na aplicação da respiração artificial. Não faça qualquer interrupção por menor que seja, na aplicação do método, mesmo no caso de se tornar necessário o transporte da vítima a aplicação deve continuar. 36 Não distraia sua atenção com outros auxílios suplementares que a vitima necessita, enquanto estiver aplicando o método, outras pessoas devem ocupar se deles. O tempo de aplicação é indeterminado, podendo atingir 5 horas ou mais, enquanto houver calor no corpo da vítima e sta não apresentar rigidez cadavérica há possibilidade de salvamento. O revezamento de pessoas, durante a aplicação deve ser feito de modo a não alterar o ritmo da respiração artificial. Ao ter neinício a respiração natural, sintonize o ritmo da respiração artificial com a natural. Depois de recuperada a vítima, mantenha a em repouso e agasalhada, não permitindo que se levante ou se sente, mesmo que para isso precise usar força, não lhe de de beber, a fim de evitar que se engasgue, após a recuperação total da vítima, pode dar lhe então café ou chá quente. Não aplique injeção alguma, até que a vítima respire normalmente. Este caso aplica se em qualquer caso de colapso respiratório, como no caso de pessoas intoxicadas por gases venenossos ou que sofram afogamentos. Na maioria dos casos de acidente por choque elétrico, a MORTE é apenas APARENTE, por isso socorra a vítima rapidamente sem perda de tempo. Método da salvamento artificial "Hoger e Nielsen", para reanimação de vítimas de choque elétrico. 1-Deite a vítima de bruços com a cabeça voltada para um dos lados e a face apoiada sobre uma das mãos tendo o cuidado de manter a boca da vítima sempre livre. 2-Ajoelhe se junto à cabeça da vítima e coloque as palmas das mãos exatamente nas costas abaixo dos ombros com os polegares se tocando ligeiramente. 3-Em seguida lentamente transfira o peso do seu corpo para os braços esticados, até que estes fiquem em posição vertical, exercendo pressão firme sobre i tórax. 4-Deite o corpo para trás, deixando as mãos escorregarem pelos braços da vítima até um pouco acima dos seus cotovelos; segure os com firmeza e continue jogando o corpo para trás, levante os braços da vítima até que sinta resistência: abixe os então até a posição inicial, completando o ciclo, repita a operação no ritmo de 10 a 12 vezes por minuto. Método da respiração artificial Boca - a - Boca 1. Deite a vítima da costas com osbraços estendidos. 37 2. Restabeleça a respiração : coloque a mão na nuca do acidentados e a outra na testa, incline a cabeça da vítima para trás. 3. Com o polegar e o indicador aperte o naris, para evitar a saída do ar. 4. Encha os pulmões de ar. 5. Cubra a boca da vítima com a sua boca, não deixando o ar sair. 6. Sopre até ver o peito erguer se. 7. Solte as narinas e afaste os seus lábios da boca da vítima para sair o ar. 8. Repita esta operação, a razão de 13 a 16 vezes por minuto. 9. Continue aplicando este método até que a vítima respire por si mesma. Aplicada a respiração artificial pelo espaço aproximado de 1 minuto, sem que a vítima dê sinais de vida, poderá tratar se de um caso de Parada cardíaca. Para verificar se houve Parada Cardíaca, existem 2 processos : 1. Pressione levemente com as pontas dos dedos indicador e médio a carótida, quase localizada no pescoço, junto ao pomo de Adão ( Gogó ). 2. Levante a palpebra de um dos olhos da vítima, de a pupila ( menina dos olhos ) se contrair, é sinal que o coração está funcionando, caso contrario, se a pupila permanecer dilatada, isto é, sem reação, é sinal de que houve uma parada cardíaca. Ocorrendo a Parada Cardíaca : Deve se aplicar sem perda de tempo, a respiração artificial e a massagem cardíaca, conjugadas. 1. Esta massagem deve ser aplicada sobre o coração, que esta localizado no centro do Tórax entre o externo e a coluna vertical. 2. Colocar as 2 mãos sobrepostas na metade inferior do externo, como indica a figura. 3. Pressionar, com suficiente vigor, para fazer abaixar o centro do Tórax, de 3 a 4 cm, somente uma parte da mão deve fazer pressão, os dedos devem ficar levantados do Tórax. 4. Repetir a operação : 15 massagens cardíacas e 2 respirações artificiais, até a chegada de um médico 38 Prevenção de Acidentes com Eletricidade Quando se trata de medidas preventivas de choque elétrico torna se obrigatório consultar 2 normas brasileiras : NBR 5410 e a NR 10. A NBR 5410, intitulada de "Instalações Elétricas de Baixa Tensão", fixa condições de segurança nas instalações com tensão até 1000 Volts em corrente alternada e de até 1500 Volts em corrente continua. Já a a norma regulamentadora NR-10 - Instalações e serviços com eletricidade, recomenda condições mínimas para garantir a segurança das pessoas, e estabelece critérios para proteção contra os riscos de contato, incêndio e explosão, dentre outros. No ambiente de trabalho a responsabilidade dos serviços é do pessoal da manutenção, que detém grande experiência profissional no assunto, com isso a grande maioria dos trabalhadores se coloca na condição de usuário, cabe aqui uma ressalva ; os limites de atuação do usuário e do mantenedor são bem definidos. Na ótica do usuário devemos destacar alguns aspectos : a) O zelo pela conservação das máquinas e aparelhos operados é fundamental para preservar as condições de segurança. b) É importante deixar as máquinas ligadas somente o tempo necessário para o uso, além de econômico a possibilidade de acidentes esta relacionada com o tempo de funcionamento da máquinas. c) Não deixar cair pequenos objetos, dentro das máquinas, liquidos e outros materiais que possam provocar curto-circuito. d) Não utilizar de improvisações, comunicar ao setor de manutenção qualquer irregularidade verificada nas máquinas e instalações. REGRAS BÁSICAS a) Utilizar materias, ferramentas e equipamentos dentro das normas técnicas. b) Para medição dos circuitos utilizar apenas os instrumentos adequados, como Multimetros, Voltimetros e Amperimetros, evitando as improvisações, que costumam ser danosas. 39 c) Para trabalhar em segurança é necessário primeiro saber a maneira correta de funcionamento da máquina, qual o tipo de serviço a ser realizado, observar bem o local de trabalho levantando as possiveis interferências que poderão causar algum dano. d) Trabalhar sempre com o circuito elétrico desligado, utilizar placas de sinalização indicando que o circuito ou a máquina estão em manutenção, evitar o uso de anéis, aliança, pulseiras, braceletes e correntes. e) Ao abrir chaves, não permanecer muito próximo para evitar o efeito do arco voltaico, sempre que realizar manobras em chaves seccionadora ou disjuntores pelo punho pr'prio de acionamento, utilizar luvas de PVC com isolamento de acordo com a classe de tensão do circuito a operar. f) Na alta tensão, alem de fazê-lo com o circuito desligado deve-se providenciar um aterramento multiplo das 3 fases do circuito. g) E nunca é demais lembrar : EM SE TRATANDO DE LETRICIDADE A GRANDE ARMA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES É O PLANEJAMENTO. A eletricidade não adimite improvições, ela não temcheiro, não tem côr, não é quente nem fria, ela é fatal. Aterramentos Denomina - se aterramento a ligação com a massa condutora da terra, os aterramentos devem assegurar de modo eficaz a fuga de corrente para a terra, propiciando as necessidades de segurança e de funcionamento de uma instalação elétrica.O valor da resistência de aterramento deve satisfazer às condições de proteção e funcionamento da instalação elétrica, de acordo com os esquemas de aterramento. Esquemas de Aterramento A NB-3 fixa os seguintes esquemas de aterramento : Obs.: Para classificar os esquemas de aterramento é utilizada a seguinte simbologia : • A primeira letra representa a situação da alimentação em relação a terra o T = um ponto diretamente aterrado. o I = isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um ponto através de uma impedância. 40 • A segunda letra representa a situação das massas da instalação elétrica em relação à terra o T = massas diretamente aterradas, independente do aterramento eventual de um ponto da alimentação. o N = massas ligadas diretamente ao ponto da alimentação aterrado ( em CA o ponto aterrada é normalmente o neutro ); • outras letras indicam a disposição do condutor neutro e do condutor de proteção o S = funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos. o C = funções de neutro e de proteção combinadas em um unico condutor.( condutor PEN ) Esquema TN Este esquema possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, sendo as massas ligadas a esse ponto através de condutor de proteção, são considerados 3 tipos de esquemas TN : o TN-S, o condutor neutro e o de proteção são distintos o TN-C-S, o condutor neutro e o de proteção são combinados em um único condutor em uma parte da instalação. o TN-C, o condutor neutro e o de proteção são combinados em um único condutor ao longo de toda a instalação. Esquema TT Este esquema possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligadoas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de aterramento da alimentação. Esquema IT Este esquema não possui nenhum ponto de alimentação diretamente aterrado, somente as massas da instalação são aterradas Ligações à Terra Os aterramentos podem ser ligados em conjunto ou separadamente, para finalidades de proteção ou funcionais de acordo com as exigências da instalação, no Brasil a maioria das instalações são separadas apesar da terra ser sempre terra, as concessionárias de força e de telefonia sempre exigem seus terras independentes, sem falar das companhias de informática que também querem o seu. Aterramentos separados causam diferença de potencial entre eles o que pode causar problemas na instalação, a NB-3 recomenda que seja instalado um condutor principal de equipotencialidade que reúna : • condutor de proteção principal • condutor de aterramento principal 41 • condutor de aterramento dos sistemas Eletrodos de Aterramento O tipo e a profundidade de instalação dos eletrodos de aterramento devem ser de acordo com as condições da solo, a eficiência de qualquer eletrodo depende das condições do local, o projeto deve considerar o desgaste do eletrodo devido a corrosão, aqui no Brasil os eletrodos mais usados são os do tipo Copperwel. Na instalação dos eletrodos deve tomar o cuidado do tipo de fechamento da malha se em triangulo ou linear, todos sabemos que para efeito de curto - circuito o fechamento linear é mais eficiente, para correntes de descarga atmosféricas o fechamento mais indicado é o triangulo. Mas como atender aos 2 casos se deve haver equipotencialidade entre os aterramentos ? É simples o que interessa a corrente de fuga é como ela vê o aterramento antes de sua chegada a malha, ou seja os cabos de descida dos sistemas de para-raios devem ser interligados em eletrodos que inicialmente possam propiciar fácil escoamento, ou seja as primeiras hastes devem estar interligadas na forma de triangulo, o restante da malha não interessa. 42
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