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William Maia Teixeira IMPORTÂNCIA DE SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) São João del-Rei 2023 William Maia Teixeira Importância do sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Digital Descomplica, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de pós-graduado em engenharia de segurança do trabalho. São João del-Rei 2023 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ser meu ponto de equilíbrio nos momentos de dificuldade. Gostaria de agradecer aos professores da Faculdade Descomplica, por sua distinta orientação, que tiveram grande paciência e compreensão durante toda a construção desde trabalho. Agradeço a minha esposa Natalia e também ao meu irmão Lincoln, vocês são meu amor incondicional. Aos meus amigos e familiares pelo apoio e incentivo durante toda essa jornada de muita luta. Aos meus colegas de trabalho da DEODE, VOLGA e FIEMG. A todas aquelas pessoas que, de alguma forma, influenciaram e contribuíram para minha formação, para o meu crescimento pessoal e profissional, o meu muito obrigado. RESUMO Os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) são projetados para minimizar os efeitos das descargas elétricas atmosféricas (raios) em estruturas, equipamentos e pessoas, oferecendo um caminho seguro para a corrente elétrica do raio chegar à terra. O raio é um fenômeno natural que ocorre em todo o mundo, e pode causar danos irreparáveis, além de colocar em risco a segurança das pessoas. A norma ABNT NBR 5419 de 2015 estabelece os critérios técnicos para o projeto, instalação e manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. A avaliação técnica de uma estrutura predial para a instalação de um SPDA é um processo que envolve a análise de diversos parâmetros, tais como. Avaliação técnica da estrutura predial em estruturas deve considerar a área de risco, o método de proteção mais adequado, o dimensionamento dos componentes e a elaboração de um projeto e instalação de qualidade, seguindo as normas da ABNT NBR 5419. Dessa forma, é possível garantir a segurança de equipamentos e principalmente pessoas contra os riscos de raios. Palavras-chave: Proteção, SPDA, Descargas atmosféricas, NBR 5419. ABSTRACT Lightning protection systems (SPDA) are designed to minimize the effects of atmospheric electrical discharges (lightning) on structures, equipment and people, providing a safe path for the electrical current from lightning to reach the ground. Lightning is a natural phenomenon that occurs all over the world, and can cause irreparable damage, in addition to putting people's safety at risk. ABNT NBR 5419 of 2015 establishes the technical criteria for the design, installation and maintenance of lightning protection systems. The technical evaluation of a building structure for the installation of an LPS is a process that involves the analysis of several parameters, such as. Technical evaluation of the building structure in structures should consider the risk area, the most appropriate protection method, the dimensioning of the components and the elaboration of a quality project and installation, following the norms of ABNT NBR 5419. In this way, it is possible to guarantee the safety of equipment and especially people against the risk of lightning. Keywords: Protection, SPDA, Atmospheric discharges, NBR 5419. 1. INTRODUÇÃO O sistema de proteção contra descarga atmosférica (SPDA), também conhecido como para-raios, é um conjunto de dispositivos e equipamentos que tem como objetivo proteger as edificações, equipamentos e pessoas contra os efeitos dos raios, as descargas elétricas atmosféricas são imprevisíveis e aleatórias em relação às suas características elétricas e aos efeitos destrutivos. De acordo com Vinicius Farinha (2021), as descargas elétricas atmosféricas são ocorrências típicas da natureza e suas características são totalmente imprevisíveis em especial quanto ao local a serem atingidos, intensidade da descarga elétrica e o período de duração do evento (FARINHA, 2021, p.2). Medina et al, expõe que essas descargas podem ter intensidades de correntes muito elevadas e de grandes extensões, devido ao acúmulo de cargas elétricas na atmosfera, ocorrendo principalmente dentro de tempestades. A descarga tem a sua origem quando o campo elétrico produzido por estas cargas ultrapassa a capacidade isolante, conhecida como rigidez dielétrica, do ar em um certo local na atmosfera, podendo ser dentro da nuvem ou próximo ao solo. Quando a rigidez é quebrada, ocorrer um rápido movimento de elétrons de uma região de cargas negativas para uma região de cargas positivas. (MEDINA et al, 2023, p. 3) Diante disso, as grandes intensidades dessas descargas ocasionam em grandes problemas quando não há proteção necessária e adequada para a mesma, podendo danificar equipamentos eletrônicos, gerar interferências em sistemas de comunicação e até mesmo causar incêndios em edificações. Por isso, é importante que as edificações tenham sistemas de proteção contra descargas atmosféricas, que visam desviar a descarga elétrica para o solo, minimizando os efeitos destrutivos. No Brasil, a norma que define tais medidas sobre esse tema é a ABNT NBR 5419, que tem sua base na norma internacional IEC62605:2010. De acordo com Quadros (2020), estas normas trazem que a descarga atmosférica é definida como uma descarga de energia elétrica entre nuvens, ou entre nuvens e a terra. A norma ainda descreve que uma descarga atmosférica é normalmente identificada como uma descarga de curta duração e com elevado valor de pico de corrente (ABNT, 2015) (IEC, 2010). A implementação de um SPDA apropriado é capaz de minimizar os perigos decorrentes do impacto de uma descarga elétrica atmosférica, garantindo a segurança tanto da edificação quanto de seus ocupantes. De acordo com Santos et al (2022) A implantação de um SPDA está diretamente relacionada aos limites e níveis de segurança e a correta operação do sistema de energia elétrica do local, sabendo da tamanha importância de seus subsistemas esse projeto merece um cuidado especial, conclui-se que o SPDA é um elemento fundamental na segurança da edificação, pois através da mesma uma descarga é captada e conduzida a terra com segurança. É indispensável sua correta implementação e que após a instalação haja uma manutenção periódica a fim de se garantir a confiabilidade do sistema. (SANTOS et al, 2020) Com isso o objetivo deste trabalho é apresentar as diretrizes técnicas e os critérios necessários para a elaboração de um projeto de Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) para uma edifícação, com base em referenciais teóricos e seguindo a NBR 5419, a fim de avaliar a necessidade de instalação desse sistema. Dentre os fatores considerados, estão o risco de exposição a descargas atmosféricas, a probabilidade de perdas e danos que possam comprometer a segurança das pessoas e a integridade da estrutura, bem como outros parâmetros relevantes. 2. METODOLOGIA O presente trabalho tratou-se de um referencial teórico de artigos e trabalhos correlacionados com a temática e seguindo as diretrizes da NBR 5419, a qual estabelece os padrões para a implementação e manutenção do sistema de proteção contra descargas atmosféricas. Para o levantamento das informações, foram realizadas buscas de artigos e trabalhos no período de 2017 a 2023, que abrangessem sobre o SPDA, tais artigos científicos foram publicados em periódicos acadêmicos. Para controle e eficiência nas buscas foram utilizadas as seguintes palavras- chaves: SPDA, Descargas elétricas, para-raios e Artigos SPDA. Essas buscas permitiram o encontro de alguns textos bases como o de SANTOS et al (2022) que trata do SPDA em edificações, no qual foram desenvolvidos estudos que abordam o tema e definindo etapas para que, com base na ABNT 5419, trouxessem medidas protetivas para a eficiência do SPDA. Alémdo TCC de QUADROS (2020) que orienta sobre a instalação de um SPDA em uma central de gás liquefeito de petróleo (GLP), para diminuir os riscos de explosões nas instalações industriais. E por fim, um artigo de MEDINA et al (2023), que traz a importância da utilização do SPDA, que através de uma pesquisa bibliográfica obteve resultados importantes sobre como o SPDA pode proporcionar segurança para vida e também proteção para estruturas e instalações residenciais e industriais. 3. REFERENCIAL TEÓRICO Neste tópico, o trabalho visa descrever sobre os aspectos relevantes sobre as descargas atmosféricas, bem como os históricos de raios, seguidos das orientações e diretrizes definidas pela Norma Brasileira (NBR) 5419/2015. 3.1. DESCARGAS ATMOSFÉRICAS Os raios são descargas elétricas que ocorrem entre cargas positivas e negativas presentes em nuvens e no solo, e são considerados um dos fenômenos mais potentes da natureza. Santos, et al (2022), afirma que Descargas atmosféricas, raios, são imprevisíveis e não há dispositivos ou métodos capazes de modificar esses fenômenos climáticos naturais. Descargas atmosféricas que atingem estruturas e linhas elétricas ou atinge a terra, aproximadas, são perigosas para a vida e as próprias estruturas, logo medidas de proteção devem ser consideradas. A necessidade e a escolha do melhor método se dão junto ao gerenciamento de risco, ABNT NBR 5419-2, essas medidas de proteção citadas, na norma, são eficazes na redução dos riscos ligados a descargas. (SANTOS, et al, 2022) Para entender como se formam os raios, é preciso entender o que acontece no interior das nuvens. As nuvens são formadas pela evaporação da água no solo, que se acumula na atmosfera. À medida que a nuvem se torna maior e mais densa, gotas de chuva se formam, mas essa massa de vapor também abriga minúsculos cristais de gelo e granizos. Nessas nuvens, a constante ventania provoca a colisão entre todas estas partículas de água, carregando-as eletricamente. Gotas de chuva e granizo se concentram na parte inferior da nuvem, acumulando carga negativa, enquanto cristais de gelo, leves e positivos, se concentram na parte superior. Durante a formação da nuvem (figura 1), o ar age como um isolante entre as diversas cargas elétricas presentes na nuvem e na superfície da Terra. Entretanto, quando a diferença entre as cargas positivas e negativas na nuvem se torna muito grande, o ar já não consegue mais mantê-las isoladas. Isso resulta em uma rápida descarga de eletricidade. Figura 1: As cargas positivas tendem a se concentrar na parte superior da nuvem, enquanto as negativas na base inferior Fonte: Canaltech - Reprodução/University of Waikato Existem três tipos de descarga elétrica: nuvem-solo, solo-nuvem e intra- nuvem. Cargas iguais se repelem e as opostas se atraem, então a eletricidade procura pelo caminho mais próximo para liberar toda a energia. Os raios duram de um terço de segundo a meio segundo e têm intensidade de aproximadamente 30 mil ampères. Eles são capazes de liberar cargas de energia muito altas em questão de segundos e podem causar danos severos em suas áreas de impacto. 3.2. HISTÓRICO DE RAIOS O território brasileiro é um dos países com maior incidência de raios no mundo, com uma média de cerca de 78 milhões de descargas elétricas atmosféricas por ano, de acordo com dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Brasil é o maior país localizado na zona tropical do planeta em termos de extensão territorial, a área tropical é conhecida por ser mais quente e úmida, o que favorece a formação de tempestades e, consequentemente, aumenta a incidência de raios. A situação está ficando ainda pior devido às mudanças climáticas, que estão provocando mais descargas elétricas. De acordo com estudos recentes, a estimativa é que a média nacional de raios passe da casa dos 70 milhões para 100 milhões nas próximas décadas, devido às alterações no clima. As mudanças climáticas estão provocando um aumento na temperatura do planeta, o que contribui para a formação de nuvens carregadas, propícias para a ocorrência de raios. MEDINA et al explica que O ar quente próximo à superfície da Terra é leve e tende a ascender. No caso de maiores alturas, as correntes de ar se colidem com a massa de ar quente e úmida ascendente. Consequentemente, as gotículas de água começam a se condensar quando se aproximam da parte superior da nuvem, transformando-se em água super-resfriada e cristais de gelo. (MEDINA et al, 2023, p.4) Isso é especialmente preocupante para as áreas urbanas, que tendem a ser mais vulneráveis aos raios devido ao aumento da temperatura local do ar e ao crescimento de construções, como prédios, casas, ruas concretadas e asfaltadas. O ELAT/INPE, Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, disponibiliza através do seu site um mapa (figura 2) que mostra a densidade de descargas atmosféricas em todo o território nacional. Figura 2: Incidência de descargas no país no biênio 2018/2019. Fonte: INPE/CGPDI A legenda do mapa apresenta uma escala de cores que representa dez valores diferentes de densidade de descargas atmosféricas, variando de 0 a 471400 descargas atmosféricas por ano. As cores variam desde o azul claro para valores menores até o preto para os maiores valores. Os estados litorâneos do nordeste do Brasil apresentam índices menores de incidência de descargas atmosféricas, enquanto que as maiores densidades de descargas estão distribuídas em vários pontos do mapa, incluindo os estados do Amazonas, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, Sul do Pará, Sudeste de Mato Grosso do Sul, entre outros. 3.3. ABNT NBR 5419 A Norma em questão (NBR 5419) estabelece as condições de projeto, instalação e manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) para proteger edificações e estruturas contra a incidência direta de raios. Além disso, o SPDA também protege os equipamentos e as pessoas presentes no interior dessas edificações e estruturas, ou na proteção imposta pelo SPDA instalado. A norma estabelece diretrizes para o projeto de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas em estruturas como edifícios residenciais, comerciais e industriais, torres de telecomunicações, estruturas metálicas, antenas, entre outros. No entanto, as prescrições da norma não garantem 100% a proteção de pessoas e equipamentos elétricos ou eletrônicos situados no interior das zonas protegidas contra os efeitos indiretos causados pelos raios, tais como parada cardíaca, centelhamento, interferências em equipamentos ou queima de seus componentes causadas por transferências de potencial devidas à indução eletromagnética. Em 2015 Algumas mudanças foram introduzidas na nova versão da norma brasileira de proteção contra descargas atmosféricas nos mesmos moldes que a IEC 62305-1 a 4: 2010 – Lightning Protection. A Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC - International Electrotechnical Commission) é a principal organização global responsável pela elaboração e publicação de Normas Internacionais para tecnologias elétricas, eletrônicas e correlatas. Em 2010, a IEC publicou a norma IEC 62305, que aborda sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. A nova versão da norma brasileira, NBR 5419 (ABNT, 2015), segue o mesmo modelo da norma internacional, levando em conta as condições climáticas específicas do Brasil e teve seu conteúdo expandido de 42 para mais de 300 páginas, dividida em quatro partes, sendo elas denominadas da seguinte forma: Parte 1 - Princípios gerais; Parte 2 - Gerenciamento de riscos; Parte 3 - Danos físicos as estruturas e perigo a vida; Parte 4 - Dispositivos de proteção elétricos e eletrônicos interno nas estruturas. 3.3.1. ABNT NBR 5419-1 - PARTE 1 A Parte 1 da NBR 5419 abrange os princípios gerais para o projeto de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas, incluindo definições, critériosde projeto, classes de risco, métodos de proteção e diretrizes de instalação. Ela estabelece os termos-chave, como descarga atmosférica, corrente de raio, ponto de captação e zona de proteção, além de determinar as classes de risco que indicam o nível de proteção necessário para uma estrutura. A norma apresenta os métodos de proteção, como o método do Franklin, que utiliza captadores, condutores de descida e aterramentos, e o método do efeito eletromagnético, que emprega dispositivos de proteção contra surtos. Ela também orienta sobre a instalação correta dos sistemas, com a escolha adequada de materiais, localização dos pontos de captação, interligação dos componentes e aterramento apropriado. Além disso, a norma ressalta a importância da manutenção regular dos sistemas, enfatizando a inspeção, reparos e substituições necessárias. A aplicação da NBR 5419-1 é essencial para garantir a segurança de edificações e pessoas diante dos riscos das descargas atmosféricas. 3.3.2. ABNT NBR 5419-1 - PARTE 2 A NBR 5419-2 define as características e os requisitos específicos para cada tipo de estrutura, considerando fatores como altura, forma, localização geográfica, risco associado e importância da estrutura. Ela também estabelece critérios para a seleção e o dimensionamento dos componentes dos sistemas de proteção. Além disso, a norma fornece orientações detalhadas sobre a instalação dos sistemas de proteção, considerando os aspectos técnicos e as boas práticas recomendadas. Também destaca a importância da manutenção adequada para garantir a eficácia contínua dos sistemas. A Parte 2 da NBR 5419 é essencial para garantir a proteção adequada contra descargas atmosféricas em estruturas específicas, levando em consideração suas características e requisitos individuais. Sua aplicação correta contribui para a segurança e a minimização dos riscos causados pelas descargas atmosféricas nessas estruturas. 3.3.3. ABNT NBR 5419-1 - PARTE 3 A norma detalha uma visão geral sobre os danos físicos causados por descargas atmosféricas e os riscos à vida humana, destacando a importância de um sistema de proteção eficiente. Ela descreve os diferentes tipos de danos que podem ocorrer em estruturas devido a descargas atmosféricas, como danos por explosão, incêndio, sobretensões, efeitos eletromagnéticos, entre outros. E com isso aborda os perigos associados às descargas atmosféricas em relação à segurança das pessoas, incluindo os riscos de choque elétrico, incêndio, explosão, efeitos térmicos e mecânicos. Por isso, apresenta uma metodologia para a avaliação dos riscos à vida humana e aos danos físicos em estruturas, considerando fatores como a vulnerabilidade da estrutura, a ocupação humana, a presença de materiais inflamáveis, entre outros. Por fim, indica as medidas de proteção que devem ser adotadas para reduzir os riscos à vida humana e minimizar os danos físicos causados por descargas atmosféricas, como a instalação de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas e a adoção de medidas de proteção complementares. 3.3.4. ABNT NBR 5419-1 - PARTE 4 Intitulada "Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura", trata dos aspectos relacionados à proteção dos sistemas elétricos e eletrônicos presentes no interior das estruturas contra os efeitos das descargas atmosféricas. Expondo uma visão geral sobre a importância da proteção dos sistemas elétricos e eletrônicos internos contra os efeitos das descargas atmosféricas, destacando os riscos envolvidos. 4. IMPORTÂNCIA DE SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA). 4.1. FORMAÇÃO DAS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS. A proteção contra descargas atmosféricas é uma medida extremamente importante para garantir a segurança de edificações, equipamentos e pessoas. Descargas atmosféricas são eventos naturais que podem ocorrer em qualquer lugar do mundo, independentemente da época do ano ou do clima. Elas são provocadas por cargas elétricas que se acumulam na atmosfera e que, eventualmente, são liberadas na forma de raios, conforme dito por MARTINS apud KINDERMAN onde A concentração de cargas negativas na fração inferior da nuvem acarreta uma enorme migração de cargas positivas para a região correspondente à sua “sombra” na terra. Quando a nuvem é carregada pelo vento, as cargas positivas se deslocam na terra, “escalando” pessoas, casas, prédios, torres, para-raios e morros, passando por diversas condições atmosféricas (MARTINS, 2017, p.17 apud KINDERMAN, 1992). O autor cita também que “o aumento na diferença de potencial ou gradiente de tensão nuvem-terra pode superar a rigidez dielétrica do ar, de aproximadamente 3MV/m” (MARTINS, 2017, p.17). Diante do momento em que duas descargas se conectam, através do potencial da terra e da nuvem, provoca o surgimento da descarga de retorno que segue o caminho inverso da terra à nuvem e com isso, forma-se a descarga principal vindo das nuvens para a terra. Através de pesquisa e estudos, Quadros (2020) apud Mamede Filho (2017) descreve que as correntes das descargas possuem uma única polaridade, ou seja, uma única direção e com isso obteve a forma de onda da tensão de uma descarga atmosférica, conforme ilustra a figura 3. Na análise da figura, observa-se que o valor máximo de tensão pode ser atingido entre 1 e 10 μs e começa a cair posteriormente. Esses valores são essenciais para a determinar o dimensionamento dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. Figura 3: Tipos de ondas de corrente das descargas atmosféricas Fonte: Andrea Lima. 2014 Com base nesse formato de onda, junto aos valores típicos de tempo, amplitude de tensão e probabilidade de ocorrência proporcionam a prática de estudos para dimensionamento dos dispositivos de proteção contra descargas atmosféricas. (QUADROS, 2020, p.21 apud MAMEDE FILHO, 2017). De acordo com MARTINS apud KINDERMAN, 1992, a tabela 1 evidência as características físicas de uma descarga atmosférica: Tabela 1: Características físicas de uma descarga atmosférica Grandezas Valores Corrente 2.000 a 200.000 Ampères Tensão 100 a 1.000 kV Duração 70 a 200 μs Carga elétrica na nuvem 20 a 50 C Potência Liberada 1 a 8 bilhões de kW Energia 4 a 10 kWh Tempo de crista 1,2 μs Tempo de meia cauda 50 μs Fonte: Adaptação de MARTINS apud KINDERMANN (1992). 2017 4.2. ORIENTAÇÕES PARA INSTALAÇÃO DO SPDA, CONFORME A NORMA NBR 5419. Os raios podem causar danos significativos aos sistemas elétricos e eletrônicos, além de representarem um risco iminente para a segurança das pessoas. Para mitigar esses riscos, é necessário instalar um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). O SPDA é composto por uma série de dispositivos que têm como objetivo captar e desviar a corrente elétrica gerada por uma descarga atmosférica, minimizando seus efeitos sobre o equipamento e as pessoas que estão próximas. Esse sistema é especialmente importante em edificações que abrigam equipamentos sensíveis, como hospitais, data centers e indústrias. Quadros (2020) destaca que quando uma estrutura é atingida por uma descarga atmosférica, ela pode sofrer danos em sua estrutura, danos às pessoas que se encontram em seu interior, e danos às estruturas próximas. Estes danos também podem ocorrer caso uma descarga ocorra próximo a estrutura, ou ainda em linhas elétricas e tubulações metálicas que penetram na estrutura (QUADROS, 2020, p.24 apud ABNT NBR 5419-1, 2015). A instalação de um SPDA é fundamental para garantir a segurança dos ocupantes de uma edificação, mas sua importância se estende além disso. A ausência de um sistema de proteção pode resultar em danos irreparáveis aos equipamentos eletroeletrônicos, como computadores, telefones, televisores, entre outros. Além disso, a falta de um SPDA pode levar a um aumento significativo no risco de incêndios em edificações. Isso ocorre porque as descargas atmosféricas podem gerar sobretensões que danificam os equipamentos elétricos e eletrônicos, o que pode levara um curto-circuito e, consequentemente, a um incêndio. A instalação de um SPDA é obrigatória por lei em muitos países, incluindo o Brasil, onde a NBR 5419 estabelece as diretrizes para a instalação do sistema. É importante lembrar que a instalação de um SPDA deve ser realizada por profissionais capacitados e especializados, seguindo todas as normas e regulamentações aplicáveis. Conforme orientado nas características gerais da NBR 5419, o SPDA não impede a ocorrência de descargas atmosféricas, no entanto a aplicação e instalação correta, respeitando as tabelas orientadas na norma, reduzem de forma significativa os riscos de danos gerados pelas descargas atmosféricas. Com isso, a NBR orienta estudos cuidadosos no estágio de projeto da edificação, tendo entendimento regulares dos projetistas, arquitetos, engenheiros e construtores, afim de tirar melhor proveito dos elementos condutores presentes nas estruturas e assim garantir a eficiência do SPDA. 4.3. SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS NORTEADOS PELA NBR 5419. A maneira mais eficiente de proteção contra descargas atmosférica é um subsistema de captação corretamente projetado. Tais captores, de acordo com a NBR 5419, podem ser combinados pelos: hastes; cabos esticados; condutores em malha e elementos naturais. Para isso a norma estabelece uma tabela (tabela 2) orientando o posicionamento dos captores de acordo com o nível de proteção necessário. Tabela 2: Posicionamento de captores de acordo com o nível de proteção Na construção existem os captores isolados que a norma orienta a distância entre o subsistema captor e instalações metálicas do volume a proteger deve ser maior que 2m (NBR 5419). Já o SPDA não isolado, pode ser instalado diretamente no teto ou sobre uma distância pequena que a corrente não cause danos. O posicionamento das descidas desses condutores varia entre isolados, não isolados, naturais e não naturais, expostos nas normas e devem ser considerados para a execução do projeto. Interessante nesse exposto é justamente a utilização dos pilares metálicos da estrutura como um condutor de descida natural, juntamente com elementos de fachada da edificação, sendo no sentido vertical. O exposto reforça então a importância da parceria dos profissionais envolvidos nos sistemas de construção e o entendimento entre eles para que o projeto fique bem elaborado e atenda as necessidades para um eficiente SPDA. Lembrando que a norma estabelece critério mínimos a serem seguidos para que a efetivação do sistema seja atendida como por exemplo, As armaduras de aço interligadas das estruturas de concreto armado podem ser consideradas condutores de descida naturais, desde que: a) cerca de 50% dos cruzamentos de barras da armadura, incluindo os estribos, estejam firmemente amarradas com arame de aço torcido e as barras na região de trespasse apresentem comprimento de sobreposição de no mínimo 20 diâmetros, igualmente amarradas com arame de aço torcido, ou soldadas, ou interligadas por conexão mecânica adequada; b) em alternativa, sejam embutidos na estrutura condutores de descida específicos, com continuidade elétrica assegurada por solda ou por conexão mecânica adequada, e interligadas às armaduras de aço para equalização de potencial (ver anexo D); c) em construções de concreto pré-moldado, seja assegurada a continuidade elétrica da armadura de aço de cada elemento, bem como entre os elementos adjacentes de concreto pré-moldado. (NBR 5419:2005, p.10) 4.4. ATERRAMENTO E MATERIAIS A NBR 5419 estabelece os requisitos para o projeto, instalação e manutenção dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas em edificações. Um dos subsistemas importantes abordados por essa norma é o subsistema de aterramento. O subsistema de aterramento é responsável por criar uma ligação elétrica segura entre a estrutura a ser protegida e a terra, permitindo que as correntes provenientes de uma descarga atmosférica sejam dissipadas de forma segura. Essa ligação é estabelecida por meio de eletrodos de aterramento, que são componentes projetados para proporcionar uma baixa resistência elétrica entre a estrutura e a terra. A NBR 5419 define os requisitos para o projeto do subsistema de aterramento, incluindo critérios para determinação do número e da localização dos eletrodos de aterramento, bem como a sua configuração. A norma estabelece que o subsistema de aterramento deve ser projetado de forma a garantir uma resistência de aterramento adequada, geralmente não superior a um determinado valor limite. Além disso, a norma também trata dos materiais utilizados nos eletrodos de aterramento, como hastes ou cabos de cobre ou aço. Ela estabelece requisitos para a resistência mecânica desses materiais, a fim de garantir sua durabilidade e eficiência ao longo do tempo. A instalação do subsistema de aterramento também é abordada pela norma. Ela fornece orientações sobre a execução correta dos eletrodos de aterramento, bem como sobre as conexões elétricas entre os eletrodos e a estrutura a ser protegida. É importante ressaltar que a NBR 5419 é uma norma técnica e sua aplicação deve ser realizada por profissionais devidamente qualificados na área de proteção contra descargas atmosféricas. O subsistema de aterramento é apenas um dos aspectos a serem considerados no projeto global de proteção contra descargas atmosféricas, que inclui outros elementos, como captores, condutores de descida e dispositivos de proteção contra surtos. É fundamental consultar a norma atualizada e contar com a orientação de um especialista em proteção contra descargas atmosféricas para garantir que o subsistema de aterramento seja projetado e instalado de acordo com as diretrizes e requisitos de segurança estabelecidos. 4.5. INSPEÇÕES REALIZADAS NO SPDA. A norma estabelece uma ordem para a realização das inspeções dos subsistemas do SPDA instalados, tais conferências devem considerar se o projeto está conforme elaborado, se as conexões estão em bom estado, se os valores de resistência estão de acordo com as orientações expostas, se o volume a proteger abrange todas as estruturas das construções. MARTINS (2017) cita que Em estruturas com SPDA, depois de realizadas as inspeções durante a construção e a instalação do SPDA, sempre que houver alguma obra que mude a configuração da estrutura ou que haja suspeita de que a estrutura tenha sido atingida por uma descarga atmosférica, uma nova inspeção deve ser feita. Além disso, deve ser feita uma inspeção periódica de um ano para estruturas com risco de explosão, estruturas expostas à alta corrosão atmosférica ou estruturas que sejam responsáveis por servir serviços essenciais (água, energia, etc) e de três anos para as demais estruturas. Depois de realizadas as inspeções, um documento deve ser gerado, indicando a necessidade ou não da instalação de SPDA e em caso afirmativo constar qual é a classe a ser utilizada. Além disso, no documento deve ter detalhado quais os materiais, dimensões e posições de todos os elementos que compõe o SPDA interno e externo. (MARTINS, 2017, p. 64-65) Quadros (2020) reforça que a eficácia de um sistema de proteção contra descargas atmosférica não depende exclusivamente de um projeto bem dimensionado e uma instalação correta, mas também da manutenção e dos métodos de ensaio utilizados (QUADROS, 2020, p.67 apud ABNT NBR 5419- 3, 2015). A frequência da inspeção do SPDA varia de acordo com a classificação do sistema e o ambiente em que está instalado. A NBR 5419 recomenda que os sistemas de proteção sejam inspecionados periodicamente, com intervalos que podem variar de 1 a 5 anos. É importante ressaltar que a inspeção do SPDA deve ser realizada por profissionais qualificados e capacitados, que tenham conhecimento sobre as normas e os procedimentos corretos de inspeção. E a inspeção regular vai garantir a confiabilidade de um SPDA, no qual o responsável emite um relatório técnico recomendando possíveis ações e futuras manutenções dentrode prazos (QUADROS, 2020, p. 70). A NBR 5419, exige que a documentação técnica deve estar em posse dos responsáveis pela estrutura ou na própria estrutura, contendo o gerenciamento de risco, projeto executivo, dados sobre a natureza e resistência do solo e registros de ensaios realizados (QUADROS, 2020, p. 71) 5. CONCLUSÃO Diante das constantes ameaças de descargas atmosféricas que podem ocorrer durante tempestades elétricas, fica evidente a importância do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) como medida preventiva e de segurança. Ao longo deste trabalho, pudemos compreender a relevância desse sistema na proteção de vidas humanas, equipamentos e estruturas. Conforme citado por SANTOS et al (2022) o SPDA atua com o intuito de evitar riscos decorrentes da descarga atmosférica, que é um fenômeno absolutamente imprevisível e age aleatoriamente, visamos meios de proteção contra elas, que são recebidas por captores e por dissipação são descarregadas ao solo através de barras de escoamento. Mas nada pode impedir a queda de um raio, mas o resultado do seu impacto, sim. (SANTOS et al, 2022) O SPDA desempenha um papel fundamental na prevenção de danos causados por raios, direcionando a corrente elétrica para o solo de forma segura, evitando que ela percorra o interior das edificações e coloque em risco a vida das pessoas. Além disso, o sistema também protege equipamentos sensíveis, como aparelhos eletrônicos, sistemas de telecomunicações e sistemas de energia, minimizando os danos e prolongando sua vida útil. É importante ressaltar que a instalação de um SPDA não se trata apenas de uma medida de segurança, mas também de um cumprimento legal. Normas e regulamentações, como a ABNT NBR 5419 no Brasil, estabelecem os requisitos para o projeto, instalação e manutenção desses sistemas, visando garantir a segurança das pessoas e evitar problemas legais e financeiros decorrentes de acidentes causados por raios. Portanto, a importância do SPDA é indiscutível quando se trata de proteger vidas humanas, equipamentos e estruturas contra os efeitos devastadores das descargas atmosféricas, pois, observa-se que, ao projetar, planejar e construir de acordo com as normas regulamentadoras, consegue-se reduzir de forma significativa os riscos e muitas vezes soluções simples pode evitar danos as estruturas (SANTOS et al, 2022). Investir em um SPDA eficiente e em conformidade com as normas de segurança é um passo crucial para promover a segurança, tranquilidade e preservação de vidas em ambientes residenciais, comerciais e industriais. Portanto, pode-se concluir que a conscientização sobre a importância do SPDA e a adoção de medidas preventivas são essenciais para garantir a segurança em face das ameaças naturais, proporcionando um ambiente mais seguro para todos. 6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5419:2015 -Proteção contra descargas atmosféricas – Partes 1, 2, 3 e 4. 2015. Farinha, V. M. NBR 5419/2015: projeto de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas de um edifício residencial. 2021. Engenharia Elétrica (Trabalho de Conclusão de Curso). Centro Universitário Uniamérica. Disponível em: https://pleiade.uniamerica.br/index.php/bibliotecadigital/article/view/767 Acesso em 29 de julho de 2023 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAL – INPE. Disponível em: http://www.inpe.br/webelat/homepage/. Acesso em 01 de julho de 2023. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAL – INPE. Incidência de descargas no país no biênio 2018/2019. Disponível em: http://www.inpe.br/webelat/homepa- ge/menu/infor/incidencia.de.descargas.no.pais.php. Acesso em 01 de julho de 2023. LIMA, Andrea. Proteção contra sobretensão de origem atmosférica. O setor elétrico. 2014. Disponível em: https://www.osetoreletrico.com.br/protecao-contra- sobretensao-de-origem-atmosferica/. 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