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Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 90 APRESENTAÇÃO A produção de conhecimentos no âmbito das ciências sociais é resultado das transformações no âmbito da sociedade que ocorrem ao longo da história. Compreender as crises no sistema de pro dução capitalista e os efeitos dessas problemáticas no processo de construção de novos caminho s teórico-metodológicos é necessário a fim de que os profissionais de Serviço Social e demais ár eas das ciências sociais possam renovar suas concepções, adaptando-se às necessidades expostas ao seu fazer profissional. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os desdobramentos da crise do capital, os modelos de produção adotados nos últimos dois séculos, bem como algumas possibilidades para atualizaç ão do referencial teórico na contemporaneidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a crise dos modelos analíticos (explicativos) no âmbito das ciências sociais.• Identificar alguns autores de diversas tendências teórico-metodológicas utilizadas na busca da construção de novos caminhos (Giddens, Bourdieu, Foucault, Morin, Habermas, Souza Santos, entre outros). • Problematizar a interferência do pensamento pós-moderno na produção do conhecimento e exercício profissional. • DESAFIO A partir da década de 1990, as relações entre Estado, sociedade e mercado adquirem novo viés, o que acentua ainda mais ajustes econômicos e reformas institucionais materializadas, principal mente, por meio da política de privatizações, que atende aos interesses do empresariado com obj etivo de reduzir o aparato estatal, reduzindo os direitos sociais e trabalhistas e não permitindo a i ntervenção deste na regulação das condições de produção material e relação do trabalho entre e mpresários e proletariado. Frente a tais mudanças, o Serviço Social e os demais campos das ciên cias sociais passam por processo de revisão teórica, visto que os paradigmas clássicos de interpr etação da realidade não mais correspondem às problemáticas apresentadas. Agora, imagine que você é professor de um renomado curso de Serviço Social e foi convidado p ara ministrar palestra sobre essa temática. Justifique a necessidade de revisão dos referenciais te óricos no âmbito do Serviço Social e das ciências sociais em geral. INFOGRÁFICO O avanço no projeto de Welfare State se estendeu até a década de 1960, quando o fordismo com eçou a apresentar os primeiros sinais de crise, considerando que o sistema de produção vigente n ão estava mais correspondendo ao padrão de acumulação capitalista objetivado pelas grandes e mpresas da época. Essa crise põe em xeque a organização do trabalho baseado nos modelos de p rodução taylorista e fordista, necessitando de busca por novos modos de organização da produçã o e causando mudanças no padrão de acumulação do capital. Neste Infográfico, você vai conhecer alguns dos principais modelos de produção industrial vige ntes no século XX. CONTEÚDO DO LIVRO Durante as últimas décadas, a sociedade vem passando por diversas transformações sociais. Tais mudanças têm promovido produção de conhecimento especialmente nas áreas sociais. Entender os conflitos no sistema de produção capitalista e suas consequências é muito importante a fim de que os profissionais que atuam nesse setor consigam ampliar suas visões teóricas e metodológic as diante de um novo mercado. No capítulo Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 9 0, do livro Fundamentos teóricos e metodológicos do Serviço Social III e IV, você vai compreen der os ciclos de avanço e crise do sistema capitalista e seus reflexos no âmbito das ciências socia is. Além disso, serão apresentados alguns teóricos modernos que contribuem para o surgimento de uma nova visão, buscando paradigmas que respondam às questões que afligem a sociedade c ontemporânea. Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 1990 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a crise dos modelos analíticos (explicativos) no âmbito das ciências sociais. Identificar alguns autores de diversas tendências teórico-metodoló- gicas utilizadas na busca da construção de novos caminhos (Giddens, Bourdieu, Foucault, Morin, Habermas, Souza Santos, entre outros). Problematizar a interferência do pensamento pós-moderno na pro- dução do conhecimento e do exercício profissional. Introdução A produção de conhecimentos no âmbito das ciências sociais é re- sultado das transformações sociais que ocorrem ao longo da história. Compreender as crises no sistema de produção capitalista e os efeitos destas problemáticas no processo de construção de novos caminhos teórico-metodológicos faz-se necessário para que os profissionais de Serviço Social e das demais áreas das ciências sociais possam renovar suas concepções adaptando-se as necessidades expostas para o seu fazer profissional. Neste capítulo, você verá os desdobramentos da crise do capital, os modelos de produção adotados nos últimos dois séculos, bem como, algumas possibilidades para atualização do referencial teórico na contemporaneidade. C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 1 16/07/2018 14:23:12 Sistema capitalista, as crises do pensamento social e os autores contemporâneos O fi nal do século XX e início do século XXI demarcam um período de trans- formações e debates quanto a uma possível crise vivenciada nos modelos de análise e de produção de conhecimento no âmbito das ciências sociais. Para que possamos compreender tal processo e seus rebatimentos na contempora- neidade e a relação desta crise com o fazer profi ssional dos assistentes sociais, faz-se necessário estabelecer um debate a respeito das mudanças causadas pelo sistema capitalista ainda no período pós-guerra. Este foi um período de reconhecida expansão do sistema capitalista orques- trado pelo avanço do capital industrial e apoiado nas estratégias de trabalho taylorista e fordista (IAMAMOTO, 2002). Neste período de expansão verifica- -se também um crescimento mundial da demanda pelo Serviço Social. Em alguns países da Europa ocorre um avanço maciço da indústria aproximando-se do pleno emprego abrindo espaço para o debate com relação a direitos sociais como educação, saúde e previdência social. As políticas voltadas para o bem- -estar da população nesse período, denominam essa passagem como Welfare State, ou Estado de bem-estar social (EIRAS et al., 2014). O avanço no projeto de Welfare State se estendeu até a década de 1960, quando o sistema de produção fordista começa a apresentar os primeiros sinais de crise, considerando que o sistema de produção vigente não estava mais correspondendo ao padrão de acumulação capitalista objetivado pelas grandes empresas da época. Essa crise coloca em cheque a organização do trabalho baseado nos modelos de produção taylorista e fordista necessitando a busca por novas formas de organização da produção e causando mudanças no padrão de acumulação do capital. Inicia-se, nesse momento, a busca por novas formas de produção que visam a substituição do trabalho parcelado em linhas de montagem por ilhas de produção e mecanismos automáticos que passam a reduzir a intervenção do trabalho vivo ao mínimo possível. A procura por estas novas formas de organização foram meios adotados pelo mercado com vistas a implantar um novo equilíbrio no sistema de acumulação do capital por meio da reorganização dos processos de produção de bens e realização do lucro (EIRAS et al., 2014). Identifica-se a partir do final da década de 1960 e início dos anos 1970, transformações nas formas de gestão das forças de trabalho, com as mudanças no sistema produtivo, na estrutura da sociedade e economia capitalista. O antigo modelo taylorista/fordista não atende mais às demandasdo mercado, surgindo então uma nova base tecnológica. Altera-se também a forma de gestão Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 19902 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 2 16/07/2018 14:23:12 da força de trabalho, caracterizando-se então como toyotista ou acumulação flexível, modificando as relações de trabalho. O novo modelo passa a exigir trabalhadores envolvidos em todos os processos e no controle de qualidade da produção, é o perfil de um trabalhador mais participativo, com conhecimento, ideias e sugestões sobre os processos de produção no trabalho. Com a produção flexível, há uma expansão do desemprego estrutural. Os avanços tecnológicos, a falta de mão de obra qualificada, a substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto, o aumento dos chamados empregos “em tempo parcial”, entre outros, acabam por contribuir para a chamada precarização do trabalho. Observa-se no universo do mundo do trabalho no capitalismo contemporâneo, uma múltipla processualidade: de um lado verificou-se uma desproletarização do trabalho industrial fabril, nos países de capitalismo avançado com maior ou menor repercussão em áreas industrializadas do Terceiro Mundo. Em outras palavras, houve uma diminuição da classe operária industrial tradicional. Mas, paralelamente, efetivou-se uma expressiva expansão do trabalho assalariado, a partir da enorme ampliação do assalariamento no setor de serviços; verificou- -se uma significativa heterogeneização do trabalho, expressa também através da crescente incorporação do contingente feminino no mundo operário [...] (ANTUNES, 1999, p. 41). Nos países capitalistas, esse fenômeno ocorre ainda na década de 1970. O Brasil só viria a sentir estes sintomas na década posterior quando grandes empresas, em sintonia com o mercado internacional, passam a adotar pro- gramas de qualidade e implantar padrões de organização alinhados àqueles executados em outros países. A utilização de processos tecnológicos ampliou a implementação de processos eletrônicos que visavam modernizar as práticas de produção reduzindo os custos com mão de obra e agregando qualidade final aos produtos confeccionados. A partir da década de 1990, ocorrem profundas transformações no sistema capitalista brasileiro. Adaptando-se aos procedimentos internacionais de produção e reestruturação produtiva, o país adquire um novo impulso em seu parque produtivo adequando-se às normas mundiais de organização do trabalho. Estas mudanças implicam em transformações nas configurações do Estado brasileiro. Estas, segundo Mota (1998, p. 37), ocorrem na esfera da produção e da organização social, ocorrendo redimensionamento do Estado junto aos mecanismos de regulação das relações das forças de trabalho com as empresas estatais e privadas. As relações entre Estado, sociedade e mer- cado adquirem um novo viés, ainda mais acentuado, de ajustes econômicos e reformas institucionais que são materializadas, principalmente, por meio da 3Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 1990 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 3 16/07/2018 14:23:13 política de privatizações que atendem aos interesses do empresariado, com o objetivo de reduzir o aparato estatal reduzindo os direitos sociais e trabalhistas, não permitindo a intervenção deste na regulação das condições de produção material e de relação do trabalho entre empresários e proletariado. A semelhança do termo “fordismo” com o nome da marca da grande multinacional do setor automobilístico não é mera coincidência. Ambos vieram do nome de Henry Ford (1863-1947), maquinista estadunidense de Michigan. Mesmo tendo frequentado a escola de forma irregular por somente oito anos, ele revolucionou a indústria como um todo e a automobilística em particular. É comum ouvir que Ford criou a linha de montagem, o controle de estoque em tempo real, a gestão de recursos humanos e a produção em massa. Isso é um equívoco. Na verdade, o que ele fez foi usar esses conceitos com eficácia extraordinária. O fordismo se baseia em três princípios: 1. Intensificação: o objetivo era reduzir o tempo que se levava para produzir um produto por meio da utilização de meios adequados e, dessa forma, fazer com que ele chegasse rapidamente ao mercado. Com essa ideia em mente, Ford desenvolveu a linha de montagem móvel, em que o trabalho ia até o trabalhador. 2. Economicidade: tinha como meta fazer com que as empresas reduzissem ao mí- nimo seus estoques. Neste princípio foram trabalhadas as questões da integração vertical (quantas etapas um produto passa até chegar ao consumidor) e integração horizontal (número de centros de distribuição espalhados geograficamente com o intuito de facilitar e agilizar a distribuição do produto). Foi exatamente pensando nisso que Ford desenvolveu um sistema de franquias que colocou uma conces- sionária em milhares de cidades da América do Norte. 3. Produtividade: a especialização do trabalhador faz com que ele se torne mais produtivo. Ford visava atingir o mercado de massa. Os automóveis eram, à época, exclusividade das classes muito abastadas. O Rolls Royce, por exemplo, era produzido pelo antigo sistema artesanal. Cada veículo era artesanal, lapidado por encomenda. Já o Ford T, primeiro produto a ser fabricado pelo sistema fordista, conseguiu ter seu custo drasticamente reduzido lançando-se mão dos princípios acima, além de contar com peças padronizáveis e intercambiáveis. Além de reduzir o custo através da padronização do produto, Ford também ela- borou um sistema baseado em bônus e pagamentos que cresciam à medida que a produtividade aumentava. Como consequência, os próprios operários se tornaram parte do mercado consumidor e os carros passaram a fazer parte da realidade da classe proletárias. Nesse sentido, é possível dizer que o fordismo teve um papel social. Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 19904 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 4 16/07/2018 14:23:13 Essas transformações societárias, ocorridas desde o período pós-guerra, culminariam na chamada crise dos modelos de análise das ciências sociais. Os paradigmas clássicos de explicação da realidade social não mais explicariam os fenômenos que se configuram na contemporaneidade. Esta afirmação se baseia no pressuposto da ocorrência de uma mudança significativa no objeto da sociologia que, dentre outras questões, não cumpriu a promessa de autonomia e liberdade dos homens esperada no projeto de mundo moderno. Tanto o projeto socialista quanto o capitalista, que durante anos vinham propagandeando a promessa de liberdade e autonomia do homem moderno, fracassaram na realização desse projeto (GUERRA, 2018). Ainda, segundo a autora, acredita-se que a concepção do pensamento clássico tido como pilar fundante da sociedade moderna teve sua perspectiva universalista corrompida pela dominação capitalista e pela ideologia burguesa. Esta ideologia foi transformada em instrumento de exploração do homem e da natureza e os tem como meio para valorização do capital. Esta concepção, que foi considerada como instrumento promotor do processo e do desenvolvimento tecnológico até meados do século XIX, passa a ser questionada pelos mesmos critérios que a puseram na condição vanguardista do século anterior. As concepções abstraídas do pensamento clássico foram tomadas pelo modo de produção capitalista e utilizadas como instrumento de dominação e exploração do homem sobre o homem e do homem sobre a natureza. A autora traz o debate em relação à crise dos paradigmas nas ciências sociais, debruçados em duas frentes: A primeira se caracteriza pelo debate que vem acompanhando tanto o processo de constituição quanto os processos de diferenciação pelos quais o paradigma positivista persegue sua Apesar de o fordismo ter contribuído para que a segunda Revolução Industrial atingisse seu ponto maisalto no início do século XX, ele tinha alguns problemas. Um deles era a produção eficiente concentrada em um só modelo. Diz uma anedota, que Ford deixava seus clientes escolherem qualquer cor para seu automóvel, desde que ela fosse preta. A piada mostra como o fordismo favorece a quantidade em detrimento da qualidade e o foco mais voltado para o produto do que para o mercado. O sistema, apesar de sua eficiência, não dava muito espaço para a inovação e a adaptação às oscilações do mercado Fonte: Cruz (2018). 5Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 1990 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 5 16/07/2018 14:23:13 hegemonia na comunidade científica. A recorrência a este debate busca de- nunciar os limites e reducionismos cometidos pela racionalidade instrumental que é imanente a este paradigma. A segunda, de cariz mais amplo, apoia-se na concepção de que a racionalidade instrumental é a racionalidade substantiva da ordem social burguesa. Ao aceitar o paradigma positivista, com sua racionali- dade instrumental e manipulatória como representando a única possibilidade de os homens relacionarem-se com a realidade, põe em questão as promessas de autonomia e liberação dos homens contidas no Projeto da Modernidade e, como consequência, as próprias formas sociais pelas quais o mundo moderno se plasmou: os modelos socialista e capitalista de produção. É este o ponto arquimédico do debate sobre a crise de paradigmas que se configura nos nossos dias: a oposição entre civilização e barbárie, que dialeticamente se confrontam nos sistemas sociais do mundo moderno (GUERRA, 2018, p. 03). Germano (2011) disserta sobre a crise da modernidade e dos referenciais teóricos que a definem, considerando que estes, já há muito tempo, não cor- respondem mais à dinâmica consequente da própria realidade. Os modelos construídos sobre os pilares do racionalismo cartesiano, mecanicismo newto- niano e iluminismo kantiano, tornaram-se insuficientes para dar conta de uma série de novos problemas gestados a partir de seus próprios fundamentos. Conforme escreve Cambi (1999), ao final do século XV e início do século XVI, fecha-se um longo ciclo histórico e prepara-se outro, igualmente longo e talvez ainda inconcluso. Ciclo histórico que tem características profundamente diferentes do anterior, em relação ao qual opera uma ruptura. Este novo período que, para alguns historiadores teria seu início na Renascença, atravessando a Revolução Francesa e culminando com a industrialização inglesa no século XIX, vai ser conhecido, mais tarde, como a modernidade. A modernidade inaugura uma crise que resultará no desaparecimento de uma sociedade de ordens, típica da Idade Média, governada pela autoridade política, religiosa e cultural representada pela figura do imperador e do papa. Sociedade que, negando as liberdades individuais, valorizava os grandes organismos coletivos: a Igreja e o Império, mas também a família e a comunidade. Esse modelo entra em crise no final dos anos quatrocentos, quando a Europa se laiciza economicamente (fortalecimento do comércio) e politicamente (nascimento dos estados nacionais), mas também ideologicamente (pela separação do mundano e do religioso e pela afirmação da centralidade no homem). Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 19906 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 6 16/07/2018 14:23:13 Alguns autores apontam isto como sendo uma crise de paradigmas. Esta crise estaria constituída de uma forma macro atingindo todas as constituintes da ciência moderna. Objetivamente falando, temos como exemplo as promessas da razão iluminista que não foram cumpridas e, também, o fato de que o modelo de ciência e modernidade buscado e tido como alternativa de rompimento com a barbárie da Idade Média acabou por produzir uma crise sem precedentes na história. Para Morin (2002, p.74): Os desenvolvimentos da tecnociência são ambivalentes. Encolheram a Terra e deram condição imediata de comunicação a todos os pontos do globo, proporcionaram meios para alimentar todo o planeta e para assegurar a seus habitantes um mínimo de bem-estar, mas, ao contrário, criaram também as piores condições de morte e de destruição [...] . Outros autores também discorrem sobre as problemáticas causadas pela crise dos referenciais teóricos na ciência moderna. Para Santos (2005 apud GERMANO, 2011), o que ocorre hoje é uma ambiguidade quanto ao cumpri- mento das promessas que nos foram referenciadas na modernidade. No que diz respeito às utopias de igualdade, os saldos são aterradores. Com apenas 21% da população mundial, os países capitalistas avançados controlam 78% da produção mundial de bens e serviços e consomem 75% de toda a energia produzida. Por conseguinte, os trabalhadores da indústria têxtil ou da eletrônica ganham 20 vezes menos no Terceiro Mundo do que os trabalhadores da Europa e da América do Norte na realização das mesmas tarefas e com a mesma produtividade. Com a explosão da dívida externa a partir da década de oitenta, os países devedores do Terceiro Mundo têm contribuído em termos líquidos para a riqueza dos países desenvolvidos pagando a estes em média Na visão de Cambi (1999), com o advento da modernidade, desloca-se o eixo da história do Mediterrâneo para o Atlântico, do Oriente para o Ocidente e através das viagens de descobrimento e colonização se estabelecem novos contatos com diferentes áreas do mundo, novas culturas e etnias e modelos antropológicos diferentes. O antigo modelo feudal, ligado a um sistema econômico fechado (baseado na agricultura), cede lugar a uma nova economia de intercâmbio, baseada na mercadoria e no dinheiro. Nasce o sistema capitalista que, livre de princípios éticos, de justiça e solidariedade, caracteriza-se pelo cálculo econômico e pela exploração de todo recurso: natural, humano e técnico. Fonte: Germano (2011). 7Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 1990 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 7 16/07/2018 14:23:13 30 bilhões de dólares por ano. No mesmo período, a alimentação disponível nos países do Terceiro Mundo foi reduzida em cerca de 30%; enquanto só a área de produção de soja, no Brasil, seria suficiente para alimentar 40 milhões de pessoas se fosse aproveitada para o plantio de milho e feijão (SANTOS, 2005, p.23 apud GERMANO, 2011, p. 114). O autor ainda traz dados relativos às ditas promessas de liberdade que não se consolidaram. Quinze milhões de crianças trabalham em regime de cativeiro na Índia; a violência policial assola países como o Brasil e a Venezuela; casos de racismo tiveram um aumento de 276% entre 1989 e 1996 na Inglaterra; a violência sexual contra mulheres, as vítimas de guerra, a prostituição infantil, a homofobia, as doenças sexualmente transmissíveis, as epidemias na África e a xenofobia contra imigrantes são alguns exemplos postos na chamada crise da modernidade. Enquanto no século XVIII, morreram 4,4 milhões de pessoas em 68 guerras, no século XX, morreram 99 milhões de pessoas em 237 guerras. Enquanto entre os séculos XVIII e XX, a população aumentou 3,6 vezes, o número de mortos nas guerras aumentou 22,4 vezes. Sobre a relação homem x natureza, nos últimos 50 anos o mundo perdeu cerca de 1/3 de sua cobertura florestal. Apesar de a floresta tropical fornecer 42% da biomassa vegetal e do oxigênio, 600.000 hectares de florestas mexicanas são destruídos anualmente e as empresas multinacionais controlam hoje o direito de abate de 12 milhões de hectares da floresta amazônica. Um quinto da humanidade já não tem hoje acesso à água potável (SANTOS, 2005, p. 24 apud GERMANO, 2011). Santos (2005 apud GERMANO, 2011) aponta que estas problemáticas são demandas que abalam os alicerces da modernidade. Saber se esta crise irá se dissolver mantendo este modelo vigente, ou se irá determinar um novo paradigma depensamento nas ciências modernas e no decurso da história da humanidade, é outra questão que não temos como prever nesse momento. No entanto, o que nos cabe diante da situação colocada é destacar que este fenômeno não se caracteriza como um fator isolado. A crise ocorre em todas as dimensões de nossa sociedade, da família ao Estado, da sociedade ao trabalho, das ciências naturais às ciências sociais, enfim, todos os pilares em que a modernidade se apoia, também se encontram em crise. Tendências teórico-metodológicas: construção de novos caminhos Nesse processo de crise e de renovação do pensamento e da materialidade fi losófi ca no que tange à produção de conteúdos científi cos que possam buscar Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 19908 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 8 16/07/2018 14:23:13 soluções teórico-metodológicas na busca de novos horizontes no ramo das ciências sociais, podemos destacar alguns autores que trazem contribuições pertinentes de análise diante do quadro de renovação do pensamento moderno, como apresentam-se a seguir. Anthony Giddens (1938) É um sociólogo, conferencista e professor britânico, reconhecido por sua Teoria da Estruturação e por sua visão holística das sociedades modernas. Foi um dos pioneiros do conceito de Terceira Via. É considerado um dos maiores colaboradores modernos no campo da sociologia. Reconhecido por sua Teoria da Estruturação, por sua visão holística das sociedades modernas, como também por sua intenção de renovar a social democracia através da Terceira Via. Realizou palestras sobre sociologia e teoria social como professor visitante de importantes universidades do mundo, entre elas, Harvard, Stan- ford, Sorbonne e Roma. É autor de mais de trinta livros que contribuem para os mais diversos campos da ciência social, e caracterizam três fases de sua vida acadêmica. Na primeira, ele redefi ne a nova visão sociológica apontando uma abordagem teórica e metodológica baseada em uma interpretação crítica dos clássicos da sociologia, entre eles, Marx, Weber e Durkheim. São dessa fase: O capitalismo e a moderna teoria social (1971) e As novas regras do método sociológico (1976). Na segunda fase, Giddens desenvolveu a Teoria da Especulação, que defi niu como a forma da dependência mútua entre o “agente humano” (capacidade de realizar coisas) e a estrutura social, que está intimamente implicada na produção da ação. Seus trabalhos desse período são: Problemas centrais da teoria social (1979) e Contribuição da sociedade (1984), obra que o tornou mundialmente conhecido. A terceira fase compreende os trabalhos mais recentes, em que destaca a modernidade, a globalização e a política, principalmente o impacto da modernidade sobre o social e a vida pessoal dos indivíduos. Defi ne os postulados da Terceira Via entre o capitalismo liberal e o socialismo, com o objetivo de estabelecer os melhores aspectos dos dois sistemas. Entre as obras destacam-se: Consequências da modernidade (1990), Modernidade e identidade (1991), A Terceira Via: a revolução da social democracia (1998) (FRAZÃO, 2016a). Pierre Bourdieu (1930-2002) Foi um importante sociólogo e pensador francês, autor de uma série de obras que contribuíram para renovar o entendimento da sociologia e da etnologia 9Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 1990 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 9 16/07/2018 14:23:13 no século XX. Durante as décadas de 1960 e 1970, Bourdieu se dedicou às pesquisas como etnólogo que revolucionaram a sociologia. As investigações sobre a vida cultural, sobre as práticas de lazer e de consumo dos povos eu- ropeus, principalmente dos franceses, resultaram na publicação de Anatomia do gosto (1976), e sua obra prima A distinção: crítica social do julgamento” (1979). Em suas obras, Bourdieu tenta explicar a diversidade do gosto entre os seguimentos sociais, analisando a variedade das práticas culturais entre os grupos, afi rmando que o gosto cultural e os estilos de vida da burguesia, das camadas médias e da classe operária, estavam profundamente marcados pela trajetória social vivida por cada um deles. A repercussão de suas refl exões o levou a lecionar em importantes universidades do mundo, entre elas, Harvard, Chicago e o Instituto Max Planck de Berlim. Em 1981 assumiu a cadeira de sociologia no Collège de France, onde em sua aula inaugural destacou-se por propor uma crítica sobre a formação do sociólogo, propondo o que fi cou identifi cado como “Sociologia da sociologia”. Foi considerado um dos mais importantes intelectuais de sua época. Tornou-se referência na antropologia e na sociologia, publicando trabalhos sobre educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística, comunicação e política (FRAZÃO, 2015a). Michel Foucault (1926-1984) Importante fi losofo francês que exerceu grande infl uência sobre os intelec- tuais contemporâneos. Ficou conhecido por sua posição contrária ao sistema prisional tradicional. Aos 28 anos, publicou o seu primeiro livro, Doença mental e personalidade (1954). Mas o seu grande clássico foi História da loucura na Idade Média (1961), escrito para a obtenção de seu doutorado na Sorbonne. Nessa obra, Foucault analisou o desprezo que as pessoas tinham no século 19 pelos doentes mentais. Publicou ainda: Nascimento da clínica (1966), As palavras e as coisas e Arqueologia do saber (1969). Ainda deixou inacabado o livro História da sexualidade. Nos anos 1960, Foucault estava incluso no rol dos pensadores estruturalistas, como Claude Lévi-Strauss, Roland Barthes e Jacques Derrida, embora alguns autores não o considerem parte dessa escola de pensamento. Michel Foucault acreditava que a prisão, mesmo que fosse exercida por meios legais, era uma forma de controle e dominação burguesa no intuito de fragilizar os meios de cooperação e a solidariedade do proletariado. O fi lósofo ainda criticava a psiquiatria e psicanálise tradicionais, no seu modo de ver, instrumentos de controle e dominação ideológica (FRAZÃO, 2015b). Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 199010 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 10 16/07/2018 14:23:14 Jürgen Habermas (1929) Filósofo alemão e um dos mais infl uentes sociólogos do pós-guerra, Habermas é conhecido por suas teorias sobre a razão comunicativa e considerado um dos mais importantes intelectuais contemporâneos. Durante sua juventude já se interessava por questões sociais. Estudou fi losofi a, literatura alemã e economia nas universidades de Göttingen, Zurique e Bonn. Em 1954, a preocupação com as questões políticas aparecem em sua tese de doutorado intitulada Estudante e política, quando realizou uma pesquisa empírica sobre a participação estudantil na política alemã. Passou a escrever como free lancer para jornais alemães e seus textos chamaram a atenção do fi lósofo Theodor W. Adorno, um dos fundadores da Escola de Frankfurt de Teoria Crítica, juntamente com Max Horkheimer. Em 1956 Habermas é convidado por Adorno para trabalhar como seu assistente no Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, e o infl uencia com sua análise crítica da sociedade. Devido à aversão de Max Horkheimer, então diretor do Instituto, ao jovem de orientação marxista e politicamente engajado, Jürgen muda-se para Marburg, onde obteve sua livre-docência com a tese intitulada Mudanças estruturais do espaço público. Em 1964 retorna a Frankfurt e assume a direção do Instituto de Pesquisas. Ainda na década de 1960 defende os violentos protestos estudantis ocorridos na Alemanha. É a favor da participação política por meio da desobediência civil, mas se distancia de grupos radicais e do líder estudantil e o acusa de fascista de esquerda em seu texto “A pseudo revolução e seus fi lhos”. Com essa atitude, é hostilizado por boa parte da esquerda alemã (FRAZÃO, 2016b). Edgar Morin (1921)Elaborou, em sua obra, profundas refl exões sobre a educação. O homo sapiens, como ele gosta de se referir ao ser humano, é um fruto da vida natural e da cultura; seguindo esta linha de raciocínio, ele encontra uma forma de construir a educação dos tempos futuros, embora ela pareça ainda estar tão vinculada ao passado, principalmente ao fragmentar o conhecimento. Morin defende o pensamento integral, pois ele permite ao homem concretizar uma meditação mais pontual; a pedagogia atua, porém, com seu radical fracionamento do saber, e leva o indivíduo a entender o universo em que vive de forma facciosa, sem conexão com o universal. Assim, rompe-se qualquer interação entre local e global, o que proporciona uma resolução das questões existenciais completamente desvinculada da contextura em que elas estão situadas. Estes 11Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 1990 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 11 16/07/2018 14:23:14 debates estão inseridos na teoria da complexidade desse educador, a qual preconiza que o pensamento complexo permite abarcar a uniformidade e a variedade contidas na totalidade, ao contrário da tendência do ser humano a simplifi car tudo. Ele afi rma a importância do ponto de vista integral, embora não descarte o valor das especialidades. Edgar Morin percebe a classe escolar como uma entidade complexa, que engloba uma variedade de disposições, estratos socioeconômicos, emoções e culturas, portanto, ele a vê como um local impregnado de heterogeneidade. Assim, ele considera ser este o espaço perfeito para se dar início a uma transformação dos paradigmas, da maneira convencional de se pensar o ambiente escolar. É preciso que este contexto tenha um profundo signifi cado para os alunos (SANTANA, 2018). Boaventura de Sousa Santos (1940) É um professor catedrático jubilado da Faculdade de Economia da Univer- sidade de Coimbra. Licenciou-se em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1963. No fi nal do curso, rumou a Berlim para estudar fi losofi a do direito. Fez uma pós-graduação e viveu a experiência dos dois mundos da guerra fria separados pelo Muro de Berlim. Dois anos depois, regressou a Coimbra e durante um breve período foi assistente da Faculdade de Direito. Em fi nais dos anos 1960, partiu para a Universidade de Yale com o objetivo de se doutorar. A sua tese de doutoramento, publicada pela primeira vez em português em 2015 (Direito dos oprimidos), é um marco fundamental na sociologia do direito, que resultou do trabalho de campo centrado em observação participante numa favela do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra em 1973, onde veio a criar o curso de sociologia. Em meados da década de 1980, começou a assumir estruturalmente o papel de um investigador para quem a compreensão do mundo é muito mais ampla que a compreensão ocidental do mundo. Fez investigação no Brasil, em Cabo Verde, Macau, Moçambique, África do Sul, Colômbia, Bolívia, Equador e Índia. Viaja por múltiplos lugares, dando aulas e palestras e alargando o seu leque de experiências de aprendi- zagem. Foi um dos principais impulsionadores do Fórum Social Mundial. O espírito que envolve o Fórum é fundamental nos seus estudos da globalização contra-hegemônica, mas também na promoção da luta pela justiça cognitiva global que subjaz ao seu conceito de Epistemologias do Sul (BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, 2018). Considerando estas questões relativas ao debate sobre a produção do conhecimento pós-moderno e o papel do Serviço Social neste meio, ficam Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 199012 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 12 16/07/2018 14:23:14 algumas reflexões acerca da busca ou, até mesmo, da existência ou não de uma metodologia própria que daria sustentação para o Serviço Social. Iamamoto (1995) sustenta que o Serviço Social se insere como profissão no momento em que sua intervenção atua junto ao processo social respaldada pela análise teórico-crítica da sociedade presente. Não se configura, portanto, como uma parte autônoma em meio às ciências sociais, mas sim como parte da ciência que se utiliza e transforma o tecido social criando assim novos pressupostos teórico metodológicos. Por fim, autora aponta que: [...] é necessário estimular a maturação da consciência teórico-crítica do assistente social, procurando conferir um estatuto culto à profissão, possi- bilitando-lhe partilhar da história do conhecimento socialmente acumulado. Essa é a condição para evitar que reapareçam hoje, no debate profissional, impasses já superados na história do pensamento social na modernidade (IAMAMOTO, 1995, p. 181). Para melhor compreender as possibilidades do pensamento moderno e a relação entre ciência e filosofia, leia o texto “O que são os Iluminismos?”, de Boaventura de Souza Santos, no link a seguir. https://goo.gl/pExYJ8 ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1999. EIRAS, A. A. L. T. et al. Transformações societárias e serviço social: análise das respostas profissionais na esfera da seguridade social expostas nos trabalhos apresentados no XIII CBAS. Libertas, v.14, n.1, p. 105-132, jan./jun. 2014. Disponível em: <https://libertas. ufjf.emnuvens.com.br/libertas/article/view/2863>. Acesso em: 27 jun. 2018. FRAZÃO, D. Anthony Giddens: sociólogo britânico. 2016a. Disponível em: <https:// www.ebiografia.com/anthony_giddens/>. Acesso em: 27 jun. 2018. FRAZÃO, D. Jürgen Habermas: filósofo alemão. 2016b. Disponível em:<https://www. ebiografia.com/jurgen_habermas/>. Acesso em: 27 jun. 2018. 13Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 1990 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 13 16/07/2018 14:23:14 FRAZÃO, D. Michel Foucault: filósofo francês. 2015b. Disponível em: <https://www. ebiografia.com/michel_foucault/>. Acesso em: 27 jun. 2018. FRAZÃO, D. Pierre Bourdieu: sociólogo francês. 2015a. Disponível em: <https://www. ebiografia.com/pierre_bourdieu/>. Acesso em: 27 jun. 2018. GERMANO, M. G. Uma nova ciência para um novo senso comum. Campina Grande: EDUEPB, 2011. GUERRA, Y. Modernidade: crise de “paradigmas” ou final do sonho? 2018. Disponível em: <http://www.ts.ucr.ac.cr/binarios/pela/pl-000421.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2018. IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação pro- fissional. São Paulo: Cortez, 2002. IAMAMOTO, M. V. Renovação e conservadorismo no Serviço Social: ensaios críticos. São Paulo: Cortez, 1995. MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Corte, 2002. MOTA, A. E. (Org.). A nova fábrica de consensos. São Paulo: Cortez, 1998. SANTANA, A. L. A educação segundo Edgar Morin. 2018. Disponível em: <https://www. infoescola.com/pedagogia/a-educacao-segundo-edgar-morin>. Acesso em: 27 jun. 2018. Leituras recomendadas BRASIL. Norma Operacional Básica NOB/SUAS: construindo as bases para a implanta- ção do Sistema Único de Assistência Social. Brasília, DF: SUAS, 2005. Disponível em: <http://www.assistenciasocial.al.gov.br/sala-de-imprensa/arquivos/NOB-SUAS.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Legislação e resoluções sobre o trabalho do/a Assistente Social. Brasília, DF: CFESS, 2011. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/ arquivos/LEGISLACAO_E_RESOLUCOES_AS.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2018. Tendências da produção de conhecimento e do exercício profissional da década de 199014 C13_FTMSSIIIIV_tendencias_prod_conhecimento.indd 14 16/07/2018 14:23:14 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR No período pós-Guerra, acontece reconhecida expansão do sistema capitalista, orquestradopelo avanço do capital industrial e apoiado nas estratégias de trabalho taylorista e fordista (IAMAM OTO, 1998). Nesse período, verifica-se também crescimento mundial da demanda pelo Serviço Social. Em al guns países da Europa, ocorre avanço maciço da indústria, aproximando-se do pleno emprego e abrindo espaço para o debate com relação a direitos sociais, como educação, saúde e previdência social. Em tal época, as políticas voltadas ao bem-estar da população denominam essa passagem de Welfare State ou Estado de bem-estar social. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. NA PRÁTICA Considerando a crise do Serviço Social e dos modelos analíticos que substanciam os referenciais teóricos das ciências sociais, presenciamos processo de renovação do pensamento e materialidad e filosófica no que tange à produção de conteúdos científicos que possam buscar soluções teóric o-metodológicas no ramo das ciências sociais. Para tal busca, a leitura e os estudos devem se tor nar parte do processo de atualização e aprendizagem dos profissionais dessas áreas. Neste Na Prática, você vai aprender a elaborar uma resenha, tendo como base exemplo elaborad o por um profissional da área. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/bd6a2d2847321c09dda53486f157b810 SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: As três economias políticas do Welfare State Neste artigo, informe-se acerca das três economias políticas do Welfare State. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Conferência com Boaventura de Sousa Santos Para saber mais, assista a esta palestra do sociólogo português Boaventura de Souza Santos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Michel Foucault e o nascimento da modernidade Leia este artigo a fim de buscar mais dados a respeito do pensamento de Foucault. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451991000200006 https://www.youtube.com/embed/tvZBoV4o86Y http://www.scielo.br/pdf/ts/v7n1-2/0103-2070-ts-07-02-0045.pdf