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Análise de Política Externa do Governo Bolsonaro: desafios e possibilidades 
 
Bolsonaro Government Foreign Policy Analysis: challenges and possibilities 
 
LEMOS, T.D.D¹; MORAIS, L.A.M²; SANTOS, E.P.A³ 
(1) Bacharel em Relações Internacionais – talitadiaslemos@gmail.com; 
(2) Bacharel em Relações Internacionais – lucas_abilmar@hotmail.com; 
(3) Bacharel em Relações Internacionais – ester.pereiraas@yahoo.com.br. 
 
 
RESUMO 
Este trabalho tem como objetivo fazer a análise da atual Política Externa Brasileira (PEB) em 
relação aos governos brasileiros anteriores, em sua maioria, dirigidos pela esquerda do Brasil. 
Se intenta, portanto, delimitar quais eram os traços da PEB desde o Governo Dilma (2011-2015 
e 2015-2016), passando pelo Governo Temer (2016-2019) até os primeiro semestre do Governo 
Bolsonaro que, após eleições controversas e cheias de polêmicas e reviravoltas, toma o Poder 
Executivo brasileiro em 1 de janeiro de 2019. Desde então, o então Presidente e o Ministro das 
Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Henrique Fraga Araújo, tem implementado um viés 
ideológico e até mesmo religioso para com as relações internacionais do Brasil com outros 
atores, sejam estes países ou organizações internacionais, como a Organização das Nações 
Unidas (ONU) ou Organização Mundial do Comércio (OMC). Desta forma, este trabalho tenta 
analisar o curto período de tempo que o Governo Bolsonaro se encontra no poder e quais as 
consequências, para o Brasil, das mudanças que o mesmo aprovou para a Política Externa 
Brasileira, apontando os desafios que esta nova PEB pode enfrentar e as possíveis 
consequências para o país. 
 
Palavras-chave: FERISP; Relações Internacionais; análise de política externa; governo 
Bolsonaro; desafios e possibilidades. 
 
 
ABSTRACT 
This article has as objective to make the analysis of the current Brazilian Foreign Policy (BFP) 
in relation to the previous Brazilian governments, mostly, directed by the left-wing party of 
Brazil. It is therefore intended to delimit which were the traits of the BFP since Dilma 
government (2011-2015 and 2015-2016) passing through Temer government (2016-2019 to the 
first semester of the Bolsonaro Government which, after controversial and controversial 
elections, takes the Brazilian Executive on 1 January 2019. Since then, the President and the 
Minister of Foreign Affairs of Brazil, Ernesto Henrique Fraga Araújo, has implemented an 
ideological bias and even religious towards Brazil's international relations with other actors and 
organizations such as the United Nations (UN) or World Trade Organization (WTO). Therefore, 
this article tries to analyze the short period of time that Bolsonaro government is in power and 
what are the consequences for Brazil, due to the changes that he has approved for the Brazilian 
Foreign Policy, pointing out the challenges that this new Brazilian Foreign Policy can face and 
the possible consequences for the country. 
 
Keywords: FERISP; International Relations; foreign policy analysis, Bolsonaro government; 
challenges and possibilities. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O campo de estudo das Relações Internacionais (RI) conhecido como a Análise de 
Política Externa (APE) engloba o que nós, da área das RIs e Política Internacional (PI) estamos 
acostumados a estudar no gigantesco tabuleiro do sistema internacional – a relação 
conflito/cooperação e as ações das unidades nacionais no sistema que abriga diversos atores, 
sendo países e organizações internacionais apenas dois dos quais podem ser explorados. Nesse 
sentido, a APE tem o intuito de estudar governos específicos, bem como seus objetivos como 
fatores que delimitam a tomada de decisão que influência diretamente na ação do governo 
(SALOMÓN; PINHEIRO, 2013). 
Sendo considerada como uma política pública, a política externa é diferenciada das 
demais políticas nacionais por ser destinada para limites extranacionais, o que distancia, muitas 
vezes, os objetivos dos resultados, podendo exprimir esse fenômeno na questão “por que é que 
o decisor X tomou a decisão Y?”. Aqui, a APE entra para elaborar respostas de acordo com as 
etapas adotadas pelo decisor até a opção mais racional de acordo com sua realidade, contudo 
esta visão “óptimo-racionalis” que se acreditava dominar as decisões tomadas em contextos 
organizacionais, principalmente, não correspondiam à realidade (MENDES, 2007). 
Tradicionalmente ligada aos Estados, com o desenvolvimento do papel de demais atores 
no sistema internacional, como a Organização das Nações Unidas (ONU)1, União Europeia 
(EU)2, BRICS3, IBAS4, entre outros grupos de integração regional como o Mercosul, 
ASEAN+3 e até mesmo grupos de empresas, a política externa passa por um período no qual 
 
1 Organização Internacional que passou a existir, oficialmente, no ano de 1945 trabalha para a paz e segurança 
internacionais, bem como intenta estabelecer relações amistosas entre os países do sistema internacional, ajudando 
na cooperação internacional, auxiliando em problemas econômicos, sociais, culturais e humanitários, possui 
diversos órgãos internos como a Assembleia Geral, Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça, 
Conselho Econômico e Social e o Secretariado (ONU, 20-?). 
2 Caracterizada pela união econômica e política entre 28 países europeus foi criada em 1958 com o nome de 
Comunidade Econômica Europeia (CEE), constituída por seis países, com o avanço da integração regional foram 
desenvolvidos o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu, tendo como objetivo garantir que os objetivos da 
integração (a saber, promover a paz, garantir a liberdade, segurança e justiça, promover o desenvolvimento 
sustentável e o crescimento econômico, lutar contra a exclusão social entre outros objetivos) sejam cumpridos. A 
relação da UE com o sistema internacional vem através da ajuda humanitária, desenvolvimento da diplomacia e 
segurança e comércio (UNIÃO EUROPEIA, 2019). 
3 Acrônimo para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, é um grupo político-econômico formado, 
informalmente por Jim O’Neill ao longo do artigo “Building Better Global Economic BRICs”, publicado pela 
Goldman Sachs Global Economics, paper nº 66 (2001). No ano de 2008 os quatro primeiros países do acrônimo 
(BRIC) formou-se oficialmente, adotando a África do Sul como membro em 2011. Instrumentos financeiros como 
o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e Arranjo Contingente de Reservas (ACR) foram desenvolvidos pelo 
grupo a fim de suprir o vácuo de cerca de US$ 1trilhão de dólares e investimentos destinados aos países em 
desenvolvimento (GRIFFTH-JONES, 2015). 
4 O Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul foi criado em 2003 através da Declaração de Brasília com o 
intuito de aprofundar a cooperação política, setorial e com terceiros países. O Fórum é responsável pelo Fundo 
IBAS para Alívio da Pobreza e da Fome, que financia, desde 2004, projetos de infraestrutura social em países que 
possuem menos capacidade de desenvolvimento relativo (BRASIL, 20-?). 
sofre com o caráter co-constituído da política doméstica e internacional (FREIRE; VINHA In 
FREIRE, 2011). Cabe aqui salientar, no entanto, que a política externa, propriamente dita, 
precisa de uma autoridade estatal para ser formulada e posta em prática, mesmo que pareça que 
tenha ocorrido uma pluralidade de atores que exercem a política externa (MILANI; PINHEIRO; 
2013). 
Hermann (1980) revela que seis traços de personalidade estão relacionados a 
comportamentos específicos de política externa. Essas características são: a 
necessidade de poder, a necessidade de filiação, o nível de complexidade cognitiva, o 
grau de confiança nos outros, o nacionalismo, e a crença de que a pessoa tem algum 
controle sobre eventos. Uma uma "crença na capacidade de controlar os 
acontecimentos, a necessidade de poder, preconceito endogrupo e, principalmente, a 
desconfiança podeser particularmente importantes indicadores da vontade de violar 
as normas internacionais (HEBLING, 2014, p.7). 
 
Tendo em mente que a política externa de um Estado pode ser atribuída à capacidade de 
adaptação deste ator a tomar decisões, de forma altiva ou imperativa, com o intuito de preservar 
os aspectos positivos do ambiente internacional, este trabalho tentará analisar os seis primeiros 
meses do Governo Bolsonaro em busca de compreender se o atual governo demonstra sinais de 
ruptura para com a tradição de política externa brasileira, delimitada ainda quando de Rio 
Branco5 e oficialmente formulada quando da delimitação da Política Externa Independente 
(PEI)6. 
Através da comparação com os últimos dois governos brasileiros, deve-se estabelecer 
quais serão as maiores mudanças adotas pelo atual governo da extrema-direita brasileira, bem 
como quais serão os principais desafios em estabelecer a política externa quando do contato 
com os demais atores do cenário internacional e as possibilidades abertas pelo Presidente Jair 
Messias Bolsonaro e o Ministro das Relações Exteriores Ernesto Henrique Fraga Araújo, ambos 
com a convicção de que o Brasil precisa se livrar do “estigma” de potência ideológica de 
esquerda. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
A fim de dar início ao trabalho de Análise de Política Externa (APE) do Governo 
Bolsonaro, se faz necessário compreender como esta análise será fundamentada, quais os 
 
5 José Maria da Silva Paranhos Júnior (20/04/1845 – 10/02/1912, tornou-se o Barão do Rio Branco em 1888, 
patrono da diplomacia brasileira como a conhecemos atualmente, sendo “um devotado pan-americanista, 
preparando o terreno para uma aproximação mais estreita com as repúblicas hispano-americanas e acentuando a 
tradição de amizade e cooperação com os Estados Unidos.” (ACADEMIA, 20-?). 
6 Formulada por Jânio Quadros, Presidente do Brasil entre janeiro e agosto de 1961, foi oficialmente implementada 
por seu sucessor, João Goulart (1961-1964). A PEI tinha como principal visão a independência comercial brasileira 
frente a Guerra Fria entre Estados Unidos (EUA) e União das Repúblicas Soviéticas (URSS), permitindo ao Brasil 
a ampliação de seus comércio internacional sem as amarras ideológicas empregadas à época pelo conflito bipolar 
(MANZUR, 2014, p.187). 
métodos de pesquisa serão utilizados, bem como o tipo de pesquisa a ser feito para que as 
informações sejam recolhidas e os resultados sejam apresentados da forma mais completa 
possível. Por ter discorrido apenas sete meses desde a posse de Bolsonaro, não há, ainda, 
referências impressas, como livros, que possam auxiliar no trabalho. 
É, por conta disso, que a pesquisa será realizada em caráter exploratório e de cunho 
comparativo, no esforço de trazer o maior número de informações publicadas dos antigos 
governos e as características que definiram a política externa dos mesmos a fim de comparar as 
decisões e posicionamentos anteriores com as determinações do atual Presidente e Ministro das 
Relações Exteriores nesse primeiro momento de governo. 
As fontes de pesquisa são variadas, sendo utilizados livros publicados sobre política 
externa e trabalhos científicos publicados em revistas de Análise de Política Externa e Relações 
Internacionais sobre os Governos brasileiros anteriores, de Dilma até Temer, bem como 
informações oficiais compartilhadas pelos órgãos oficiais da União, tais como o Ministério das 
Relações Exteriores, Câmara e Senado Federais e DIU (Diário Oficial da União). 
O tema foi escolhido por se fazer pertinente à conjuntura nacional e a visão internacional 
que o Brasil tem passado aos demais atores do sistema internacional, uma vez que há na mídia 
muitas notícias que contribuem para a visão de que a PEB, com o Governo Bolsonaro, tomou 
novos rumos e cabe aqui fazer uma análise dos desafios e possibilidades que este novo caminho 
trará para o Brasil. 
Antes de dar início à análise do Governo Bolsonaro, iniciado em primeiro de janeiro de 
2019, deve-se percorrer sobre a tradição da diplomacia brasileira que, de acordo com algumas 
linhas de APE é identificada como grotiana7. Segundo esta linha de observação da realidade 
internacional, o Brasil prima pela sociabilidade através da Diplomacia e do Direito 
Internacional, reduzindo os impactos do que conhecemos como a política de poder, utilizada 
em grande medida pelos Estados Unidos, por exemplo (LAFER, 2004). 
De acordo com Lafer (2004, p.47), a tradição grotiana é pautada através do realismo 
quando da observação das condicionantes de poder na comunidade internacional, sem apoiar-
se, contudo, em Maquiavel e Hobbes, tem nas soluções diplomáticas e jurídicas as maiores 
estratégias de ação. No caso do Brasil, a identificação grotiana pode ser demonstrada através 
da valorização do multilateralismo e do cumprimento das normas internacionais sendo 
 
7 Hugo Grotius foi um jurista holandês que, no ano de 1625, escreveu Prolegomena ao De iure belli ac pacis – Do 
direito da Guerra e da Paz – apresenta os princípios filosóficos do Direito Internacional, tendo influenciado o 
pensamento racionalista e iluminista em seu tempo, tem seus estudos embasados no entendimento do mesmo sobre 
o conceito da natureza humana social e racional. 
 
demonstrada, pela comitiva brasileira na “ênfase no comportamento em conformidade com o 
direito internacional.” (GOFFREDO JÚNIOR, 2005). 
A tradição da Política Externa Brasileira (PEB) oriunda do período no qual Barão de 
Rio Branco fora uma figura proeminente dentro do campo das negociações internacionais, bem 
como da criação de uma identidade internacional por parte do Brasil, uma vez que é neste 
período em que se decorre a Proclamação da República e quando há a conclusão dos litígios no 
que se referia às fronteiras nacionais, tendo grande influência no desenvolvimento da ação 
exterior brasileira até os dias atuais (GOFFREDO JÚNIOR, 2005). 
A Política Externa Independente (PEI) dos ex-Presidentes Jânio Quadro (1961) e João 
Goulart (1961-1964) também são de grande importância para o desenvolvimento das relações 
exteriores do Brasil do século XX e XXI, uma vez que estabeleceram a ideia de independência 
perante players internacionais de maior influência no tabuleiro das relações internacionais. 
Trazendo o nacional-desenvolvimentismo, a PEI possui um núcleo duro que diz respeito a visão 
brasileira de que o conflito entre leste oeste não era maior do que o conflito entre norte e sul – 
países desenvolvidos e os que se esforçam para atingir a linha do “em desenvolvimento”. Com 
isso a ampliação do mercado internacional brasileiro fora posta a frente da ideologia implícita 
à época (KHALIL; ALVES, 2014). 
A PEB ainda é formulada de acordo com os princípios do artigo 4º da Constituição 
Federal de 1988, que regem as relações internacionais do Brasil para com o sistema 
internacional através dos princípios de I) independência nacional; II) prevalência dos direitos 
humanos; III) autodeterminação dos povos; IV) não intervenção; V) igualdade entre os Estados; 
VI) defesa da paz; VII) solução pacífica dos conflitos; VIII) repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX) cooperação entre os povos; X) concessão de asilo político. Cabe aqui mencionar que “a 
integração econômica, política, social e cultural entre a América Latina” também é destacada 
na Constituição Federal 1988. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
1. Diferença entre discurso e ação na PEB 
Pinto (1999), discorre sobre a linguagem do poder do ex-Presidente José Sarney através 
da análise discursiva do ex-Presidente que procurava condicionar a opinião de seus 
interlocutores por meio da legitimação das posições adotadas pelo governo com o propósito de 
moldar o interesse nacional sobre as questões abordadas. Neste artigo tentaremos demonstrar 
como alguns dos discursos do atual Presidente do Brasil podemcondicionar parcela da 
população brasileira a legitimar suas ações, mesmo quando estas parecem não condizer com o 
histórico brasileiro em negociações internacionais. 
Segundo Milani e Pinheiro (2013, p.19), entre as décadas de 1980 e 1990 era possível 
referir-se à PEB como uma política de Estado – com poucas chances de ser submetida às 
intervenções de governantes nos assunto da alta política8, contudo esta autonomia fora perdida 
de instituições como o Itamaraty e outros ministérios. Com a maior interferência do poder 
Executivo na Política Externa, vista com mais ênfase nos Governos de Fernando Henrique 
Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, pode-se identificar um tipo de “discurso mais 
argumentativo por parte das autoridades governamentais, para reeditar os interesses nacionais.” 
(MALLMANN, 2011). 
2. Governo Dilma 
No ano de 2011, ainda nas mãos do Partido dos Trabalhadores, o Poder Executivo 
brasileiro foi concedido à Dilma Vana Rousseff após vitória contra José Serra (Partido da Social 
Democracia Brasileira - PSDB), tendo a vitória da primeira mulher eleita no Brasil com 55,43% 
dos votos válidos. O Ministro das Relações Exteriores escolhido no primeiro mandato de Dilma 
foi Antônio Patriota, que permaneceu no cargo até 26/07/2013 após o senador boliviado, Roger 
Pinto Molina, asilado em embaixada brasileira em La Paz ser trazido para o Brasil por um carro 
oficial do Governo. No lugar de Patriota, como Ministro interino, Luiz Alberto Figueiredo fora 
empossado em 28 do mesmo mês, permanecendo no cargo até o fim do primeiro mandato. 
Para dar continuidade à análise da Política Externa do Governo Dilma, de forma sucinta, 
deve-se mencionar a reeleição da Presidenta, no ano de 2015, quando a então chefe do 
Executivo colocou Mauro Vieira como Ministro das Relações Exteriores, este último 
permanecendo até o impeachment da Presidenta em 17/04/2016 após 12 meses de processo 
administrativo após petição aceita por Eduardo Cunha pelo crime de responsabilidade oferecido 
por Hélio Bicudo, ex-procurador de justiça. 
O consenso no âmbito da APE é que, para a PEB entre Lula e Dilma ter sido continuada, 
mesmo que durante o Governo Dilma as ações tomadas – ou não – pelo MRE em conjunto com 
o Poder Executivo tenha sido limitado. Numa primeira análise, as viagens internacionais 
realizadas por Lula, apenas em seu segundo mandato, giram em torno de 160, enquanto, no 
primeiro mandato da Presenta Dilma tenha ficado em apenas 63 viagens (SOUSA, 2016). 
O conceito de Política Externa ativa e altiva construído por Lula e Celso Amorim, fora 
deixado de lado pela Presidenta que chegou a questionar seus assessores da importância de 
 
8 Nascida na Europa, a distinção entre a baixa e alta política (low and high politics) discutem temas como economia 
e cultura (low) e diplomacia, poder e guerra (high), respectivamente (OLSEN, 2017). 
comparecer à reunião de cúpula do IBAS, bem como a política externa presidencial. A posição 
de Dilma levou à críticas, como a de Samuel Pinheiro Guimarães que desaprovou a falta de 
participação da chefe do Executivo no Itamaraty, pontuando que a então posição do Brasil no 
cenário internacional fora trabalho oriundo de um MRE trabalhando junto com a Presidência 
como o órgão de ação política que é (BARROCAL, 2015 In BASTOS; HIRATUKA, 2017). 
Em pesquisa por Cirino, Leite e Nogueira (2019) intitulada “Mídia e Política Externa 
Brasileira: a diplomacia midiática na crise do impeachment de Dilma (2016)”, os autores 
exploram como a mídia internacional utilizou seu papel durante a crise do Poder Executivo 
Brasileiro, no que a Presidente chamou, abertamente de golpe: 
[O]bserva-se e constata-se que a ex-presidente fez uso dos canais midiáticos a fim de 
conseguir apoio internacional para tentar manter-se no cargo de presidente. Ao 
recorrer aos veículos de imprensa internacional, Dilma atuou ora como porta-voz em 
defesa de seu governo, ora como diplomata em causa própria, reconhecendo na mídia 
internacional o soft power descrito por Nye (1990), mas também o protagonismo que 
faz a imprensa ser chamado do ‘quarto-poder’ (CIRINO, et al, 2019). 
Os discursos de Dilma em eventos oficiais também foram duramente criticados, tanta 
pela mídia quanto pela população brasileira, não permitindo que a ex-Presidenta estabelecesse 
a conexão que seu antecessor, Lula da Silva, conseguira com seus discursos vívidos, eloquentes 
e extremamente convincentes. Essa diferença particular entre Lula e Dilma não permitiu que a 
ex-líder do Poder Executivo conseguisse o que Mallmann (2011) chamou de reedição dos 
interesses nacionais, o que Lula conseguira com seus discursos argumentativos. 
3. Governo Temer 
Com o impeachment da Presidenta, o vice, Michel Miguel Elias Temer Lulia do 
Movimento Democrático Brasileiro (MDB – à época PMDB: Partido do Movimento 
Democrático Brasileiro), considerado centrista, tomou o Poder Executivo até as eleições 
ocorridas em outubro de 2018, que elegeram o hoje Presidente Jair Messias Bolsonaro do PSL 
(Partido Social Liberal, partido de extrema direita). Como Ministro das Relações Exteriores, 
temer empossou José Serra, que permaneceu no cargo até 7/03/2017 quando fora substituído 
por Marcos Bezerra Abbott Galvão, como Ministro interino do MRE. 
A própria nomeação de José Serra para tomar frente do Itamaraty foi uma quebra de 
tradição, uma vez que o mesmo não é diplomara de carreira, não tendo formação no Instituto 
Rio Branco, academia esta que forma todos os diplomatas brasileiros. De acordo com Nunez e 
Rodrigues (2017), apesar de diminuir o “insulamento” do Itamaraty, a nomeação de um político 
para o cargo de Ministro das Relações Exteriores faz com que o órgão brasileiro seja disputado 
por diferentes partidos, o que não é costumeiro, uma vez que o Itamaraty não fica em demasia 
nos holofotes da política brasileira e da opinião pública para sofrer com a “politicagem”. 
Em seu discurso de posse como Ministro, José Serra delimitou dez diretrizes que 
norteariam a PEB dali em diante, de acordo com o que o agora Presidente Michel Temer já 
havia delimitado para seu governo, de forma geral. O primeiro ponto destacado por Serra é a 
volta da Política Externa aos moldes dos “valores da sociedade brasileira e os interesses da sua 
economia” reforçando que o governo e o partido não seriam responsáveis por extraviar os 
interesses dos brasileiros de acordo com a ideologia do partido e de seus “aliados do exterior” 
(BRASIL, 2016). 
Segundo Razende (2016) ao longo das dez diretrizes apontadas por Serra, pode-se 
destacar a “desideologização da PEB e o redirecionamento das relações internacionais do eixo 
Sul-Sul para o Norte-Sul”, num retorno ao papel da Política Externa de FHC, quando da 
intenção de encaixar o Brasil no grupo de países “politicamente confiáveis à medida em que se 
associam às principais normas e regimes internacionais.” (LIMA, 2004 apud ALMEIDA 
FILHO, 2009, p. 72), retomando a tradição de orbitar a política externa brasileira em torno dos 
Estados Unidos. 
A Política Externa Brasileira da dupla Temer-Serra tomou novos rumos, ainda que 
mantendo alguns pontos do governo de Dilma Rousseff. A priorização do Acordo de 
Associação Mercosul-União Europeia, o isolamento diplomático da Venezuela e o 
baixo perfil nos fóruns multilaterais, aliado à busca de acordos bilaterais, foram a 
marca da Nova PEB. Assim, o binômio “retração política e pragmatismo econômico” 
parece refletir a orientação externa do novo governo brasileiro, em detrimento de um 
projeto de médio e longo prazo, voltado ao desenvolvimento, à inserção internacional 
autônoma do país e à elevação do Brasil à condição de grande potência (NUNEZ; 
RODRIGUEZ, 2017). 
Temer não teve grande protagonismo em eventos oficiais, não atraindo a população com 
seus discursos supostamente não ideológicos. Como Dilma, Temer teve grande dificuldade em 
se aproximarda população brasileira através de seus discursos argumentativos, não 
conseguindo influenciar o interesse nacional como um todo. Contudo, o vácuo de um poder 
carismático como de Lula abriu as portas para que o discurso inflamado de Bolsonaro o levasse 
até a o Poder Executivo brasileiro em janeiro de 2019. 
4. Análise dos discursos de posse 
Empossado em primeiro de janeiro de 2019, após eleições cheias das chamadas fake 
news9, ataques à minorias, discursos pró ditadura brasileira e muitas outras baixas, Jair Messias 
 
9 As fake news mais difundidas durante a campanha de Bolsonaro foram sobre a distribuição de mamadeiras com 
bicos em formato da genitália masculina para crianças das creches brasileiras, além disso houve o alvoroço criado 
Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL) nomeou como Ministro das Relações Exteriores do 
Brasil o chanceler Ernesto Henrique Fraga Araújo que ganhou notoriedade no meio 
diplomático, por intermédio de sua publicação nos cadernos semestrais de Política Exterior da 
Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), ao qual explanava seu ideário conservador frente 
o que ele denomina globalismo10, bem como demonstrando sua proximidade com o 
americanismo e com ideais do Presidente norte-americano Donald Trump. 
 No discurso de posse do Presidente Bolsonaro o mesmo afirmou “vamos retirar o viés 
ideológico de nossas relações internacionais. Vamos em busca de um novo tempo para o Brasil 
e para os brasileiros!”, sendo esta a única menção feita no tocante à PEB. O Ministro das 
Relações Exteriores, em seu discurso de posse, reforçou a fala do Presidente, se aprofunda na 
necessidade de “recuperar o papel do Itamaraty como guardião da verdade e memória 
brasileira”, adicionando que o Brasil não pedirá permissão à ordem global “o que quer que ela 
seja” para atingir os objetivos que o país deseja alcançar, que não será apenas atrair 
investimentos e fazer comércio, mas ter uma opinião e saber quem é a parte do universalismo 
empregado até então (BRASIL, 01/01/2019; BRASIL 03/01/2019). 
 É possível perceber que, por parte do Governo Bolsonaro, há um certo repúdio à ordem 
internacional e suas regras, bem como com os avanços conquistados por minorias populacionais 
em seus respectivos países. O emprego da ideologia anti-globalismo e de tudo o que vem com 
ela é defendido, tanto pelo Presidente, quanto pelo Ministro das Relações Exteriores, que 
acredita que uma nação deve lutar “pelo que acredita” e não se calar perante as imposições do 
sistema internacional. Nesse sentido, Ernesto Araújo elogia algumas nações que fogem ao 
padrão criticado, como os Estados Unidos, Itália, Hungria, Polônia e países latino-americanos 
que “se livraram do Foro de São Paulo11” (BRASIL, 03/01/2019). 
 Enquanto o discurso de Bolsonaro durou cerca de 08 minutos e 53 segundos, hábito a 
ser adotado pelo presidente em boa parte dos eventos em que compareceu até a formulação 
desse artigo, discursos curtos e muito rasos, mencionando sempre o antigo Brasil, governado 
por não-brasileiros, não-patriotas, esquerdistas, comunistas e alguns outros adjetivos utilizados 
 
sobre o que Bolsonaro chama ainda hoje de “ideologia de gênero”, teoria na qual pessoas da comunidade LGBTQ+ 
seriam admitidas a dar aulas sobre sexo e “escolha de gênero” para crianças em idade escolar a partir dos 6 ano de 
idade. Discussões sobre a validade dos votos também foram levantadas, mas após sua vitória a questão de fraude 
em urnas fora deixada de lado pelo político e seus eleitores. 
10 De acordo com Araújo, o globalismo “se constitui no ódio, através de várias ramificações ideológicas e seus 
instrumentos contrários à nação, contrários à natureza humana, e contrários ao próprio nascimento humano.” 
(BRASIL, 03/01/2019 
11 Oriundo de um seminário ocorrido entre os dias 02 e 04/06 de 1990, em São Paulo, capital, promovido pelo 
Partido dos Trabalhadores (PT) com o intento de discutir as estratégias da esquerda na América Latina e Caribe, 
quando de um momento histórico problemático para os ideais de esquerda no mundo (DUARTE; PEREIRA, 
2015). 
para distanciar seu Governo dos anteriores, que não o representaram de forma alguma, o 
discurso de Ernesto Araújo teve maior duração – 32 minutos e 03 segundos, nos quais o agora 
Ministro das Relações Exteriores demonstrou seu apreço pelo novo Presidente, fazendo muitas 
menções em grego e latim para dar força ao discurso e utilizando muitos termos técnicos, 
provocando distanciamento do ouvinte que não é do meio das Relações Internacionais e áreas 
correlatas, como Comércio Exterior e Direito Internacional. 
Apesar de inflamada e contra a esquerda de Lula e Dilma, o discurso de Bolsonaro 
conquistou boa parte da população brasileira, trazendo o que há quase década não víamos: a 
população entusiasmada com o líder do Poder Executivo. É inegável que Bolsonaro possui o 
apoio de seguidores fiéis aos ideais patrióticos e anticomunistas, o que deve-se prestar atenção 
agora é se os discursos do então Presidente serão capazes de alterar o interesse nacional a ponto 
de gerar uma ruptura com a PEB. 
5. Governo Bolsonaro no sistema internacional 
Aqui cabe relembrar algumas das características dos Governos anteriores para a análise 
das atuais ações do Governo possam ser comparadas e então delimitadas de acordo com o 
impacto – positivo ou negativo – para o Brasil nas relações internacionais. Aqui será avaliado 
o posicionamento do sistema internacional diante das tratativas do Governo Bolsonaro para as 
questões apontadas. 
Quadro 1 – Principais pontos das políticas externas de Dilma e Temer 
Fonte: ALMEIDA, 2004; AMORIM 2018; ALBUQUERQUE, 2005; ZAHLUTH; HIRATUKA, 2017; NUNES; 
RODRIGUEZ, 2017. 
Com o discurso alinhado aos Estados Unidos, o Presidente e o Ministro das Relações 
Exteriores, colocam o Brasil agora numa aproximação maior com os norte-americanos. O 
fortalecimento das relações com os EUA se mostrou mais evidente durante a visita do 
mandatário brasileiro à Washington em março deste ano em busca, principalmente, de apoio à 
candidatura brasileira à OCDE (Organização para Cooperação e o Desenvolvimento 
Econômico), ação bastante esperada pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, outro ator que 
tem se mostrado como voz norteadora da política externa nacional junto do Itamaraty. 
Espera-se que com a adesão do Brasil à OCDE aumente o volume de investimentos 
internacionais do Brasil, para o Embaixador Marcos Castrioto de Azambuja, em entrevista ao 
Estadão (20/03/2019), a possível adesão do Brasil à OCDE gera credibilidade, uma vez que se 
entende que o país segue algumas normas internacionais. Na mesma entrevista, Azambuja 
lembra que o acordo é uma via de mão dupla, uma vez que trará status a ambos os atores e trará 
à organização maior representatividade. 
Outro analista, Peter Hakim, Presidente do Diálogo Interamericano reforça que a entrada 
do Brasil é benéfica desde que o Brasil siga o exemplo da Coréia do Sul que entrou na 
DILMA (2011-2016)
•Manteve grande parte dos princípios 
que nortearam a política externa do 
governo de seu antecessor; 
•diplomacia presidencial menos ativa; 
•presença menos frequente nos fóruns 
internacionais;
•afastamento da diplomacia Sul-Sul;
•expansão do coletivo BRICS em 
2011;
•contribuiu para barrar a integração 
subordinada ao neoliberalismo 
global liderado pelos EUA;
• criou instituições novas na América 
do Sul que aumentaram a autonomia 
política de cada um destes países 
contra a intervenção dos americanos;
•defesa da paz, da diversidade 
cultural, da luta contra a 
discriminação e a desigualdade;
•diversificação de alianças e parcerias 
mais intensas com os países do 
entorno regional.
TEMER (2016-2019)
•“Autonomia pela integração”;
• relações Norte-Sul;
• preferência do bilateralismo em 
detrimento do multilateralismo;
• retorno à tradição americanistada 
política externa;
•prioridades em acordos de livre 
comércio;
• promoção das exportações em 
detrimento do projeto de 
desenvolvimento;
•no ambito regional : reuniões 
bilaterais e busca pela exclusão da 
Venezuela do Mercosul;
•no ambito extrarregional, o governo 
manteve um low profile nos fóruns 
multilaterais e interesse em fechar o 
acordo entre Mercosul e União 
Europeia .
organização sem nenhuma condicionalidade. Hakim refere-se à condição imposta pelos Estados 
Unidos sobre o Brasil abrir mão de “prerrogativas destinadas a países em desenvolvimento na 
Organização Mundial do Comércio (OMC)12.” (TURRER, 20/03/2019). Tal movimento, acena 
a intenção brasileira em ser um parceiro econômico de países desenvolvidos, sob o selo OCDE, 
divergindo por exemplo, quando o então chanceler Celso Amorim, em 2007, durante o governo 
Lula, tinha o Brasil como um parceiro-chave da entidade e ainda sim, não interessava o ingresso 
na mesma, ao passo que detinha liderança junto aos emergentes. 
Em abril, em visita à Israel, Bolsonaro fechou cinco acordos de cooperação diversos em 
áreas estratégicas – na segurança pública, firmou-se acordo de parceria no combate ao crime 
organizado; com relação à defesa, haverá cooperações do Ministério da Defesa e entidades 
ligadas à serviços aéreos entre os países. Outro acordo firmado, foi o acordo interinstitucional 
entre o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Autoridade Nacional de Cybersegurança 
de Israel (INCD) na área de cybersegurança, os ministérios da Saúde e o da Ciência, Tecnologia, 
Inovações e Comunicações também terão investimentos em pesquisas e intercambio de 
tecnologias. 
Outro assunto de grande relevância e que gerou certo desconforto internacional, foi a 
promessa realizada por Bolsonaro, ainda durante sua campanha, a troca da embaixada brasileira 
de Tel Aviv para Jerusalém. Segundo o professor Oliver Stuenkel, professor de Relações 
Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para a BBC News (03/04/2019), “não era 
uma demanda do governo israelense e ele poderia ter fortalecido as relações com Israel sem 
levantar esta questão” e completa que “no fim, foi um problema que ele criou para si mesmo”. 
A solução intermediaria então foi o plano da abertura de um escritório comercial em 
Jerusalém. Guilherme Casarões, também professor da Fundação Getúlio Vargas, para a BBC 
News (03/04/2019), diz que “o momento político não era oportuno para um movimento assim”, 
já que segundo ele “o governo estava fraturado entre vários grupos de interesses, como 
evangélicos e ruralistas, e o presidente começou a pesar com mais cautela o impacto da 
mudança”, que não agrada aos países árabes e muçulmanos. 
Com vistas de apaziguar os ânimos e contrabalancear a visita feita à Israel, a ministra 
da agricultura, Tereza Cristina, junto da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), 
organizaram um jantar em que foram convidados diplomatas de 41 países árabes e de maioria 
muçulmana em abril, que contou também, com a presença do presidente Bolsonaro, foi uma 
 
12 Prerrogativas estas que decorrem sobre o direito ao desenvolvimento e o comércio internacional de serviços, 
possibilitando a igualdade de participação dos atores internacionais, salvo quando da cláusula da nação favorecida 
(BRASIL, 13/02/1998). 
maneira de manifestar interesse em manter a boa relação, o embaixador da Palestina, Ibrahim 
Alzeben, disse que o conflito com Israel “não é um conflito do Brasil”, e que “as boas relações 
serão mantidas e vão muito além de somente carne e frango”, mas que “o Brasil deve ficar longe 
do conflito no Oriente Médio13.” 
Em junho, foi realizado o 14º Encontro do G-20 - encontro das 20 maiores economias 
mundiais – neste ano de 2019 em Osaka no Japão, foram abordados temas de economia e 
comércio mundial, investimentos, trabalho e emprego, empoderamento feminino, turismo, 
agricultura, meio ambiente e migração, entre outros relacionados. Bolsonaro levou ao evento 
pautas como defesa do livre comércio, reforma da previdência, combate à corrupção e defesa 
da redução do protecionismo de países ricos na agropecuária. Durante o evento, o que tomou a 
atenção internacional em relação ao Brasil, foram as preocupações de líderes europeus com a 
questão ambiental e acerca das mudanças climáticas no país, em que a Primeira-Ministra alemã, 
Angela Merkel e o Presidente francês, Emmanuel Macron, se pronunciaram publicamente. 
O mandatário francês ainda elevou o tom afirmando não ter interesse em assinar o 
acordo com o Mercosul, se a devida atenção do governo brasileiro não se voltar para a questão, 
principalmente, do aumento da devastação da Amazônia brasileira e a permanência do país do 
Acordo de Paris, assinado oficialmente no período 2015 até 2017, ratificado pelo Congresso 
Nacional em setembro de 2016. O governo alemão junto do governo norueguês, são principais 
contribuintes do Fundo Amazônia – aproximadamente 99% das doações totais do fundo – 
criado em 2008, responsável por investimentos e ações ambientais no país (VEJA, 03/07/2019). 
O governo federal brasileiro, junto do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, 
sugeriram mudanças que não são do acordo dos países europeus, como a retirada do Banco 
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da gestão do fundo – isto é, 
captação de recursos, contratação e monitoramento dos projetos e ações – alegando possíveis 
irregularidades nos contratos da gestão do montante e a criação de um repasse de recursos para 
a indenização de proprietários rurais desapropriados, cujas propriedades sejam situadas em 
áreas de conservação. 
No dia 28 de junho, foi selado o acordo final entre União Europeia e Mercosul, após 20 
anos de negociação entre os blocos. O período agora é para revisão jurídica e técnica por ambas 
as partes e conseguinte encaminhamento para votação no Congresso dos respectivos países do 
Mercosul e votação do Parlamento Europeu, mediante aprovação, segue-se para a assinatura 
 
13 Essa cobrança de Alzeben condiz com a Constituição brasileira que zela pelo princípio da autodeterminação dos 
povos, conferindo à população o direito de autogoverno e de livre decisão a sua situação política, bem como aos 
Estados o direito de defender a sua existência e condição de independência. 
oficial. Conforme informações do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da 
Agricultura, o acordo comercial cobre temas tarifários e regulatórios, incluindo serviços, 
investimentos, compras governamentais, barreiras, medidas sanitárias e propriedade intelectual. 
União Europeia é a segunda maior compradora de bens do Mercosul, atrás apenas da China 
(CIA, 2017). 
O Ministério da Economia estima que o acordo deve representar um incremento de US$ 
87,5 bilhões (R$ 336 bilhões) em 15 anos para o PIB brasileiro, podendo chegar a US$ 125 
bilhões (R$ 480 bilhões). O PIB brasileiro de 2018 somou R$ 6,8 trilhões – o incremento 
potencial em 15 anos representa, portanto, 7% do PIB atual, mesmo Paulo Guedes afirmando 
após sua indicação ao Ministério que o Mercosul não seria uma prioridade do governo, que 
agora espera que o acordo entre os dois blocos político-econômicos entre em vigor em até 3 
anos, cabe aqui salientar que este acordo envolve cerca de 780 milhões de pessoas da América 
do Sul e Europa (BRASIL, 16/07/2019). 
Ocorre em outubro deste ano, as eleições para os 47 assentos do Conselho de Direitos 
Humanos da ONU14, cada país formaliza sua candidatura com uma Carta de Compromissos e 
são eleitos por maioria em votação secreta pelos membros da Assembleia Geral. O Brasil se 
candidata para um mandato que se inicia em 2020 e vai até 2022, sob um posicionamento 
altamente ideológico, com alinhamentos conservadores de proteção da família tradicional, 
composta de homem e mulher, cerne prioritário do atual governo. Dificilmenteo país não será 
eleito em outubro, foi destinado à América Latina e Caribe duas vagas, ironicamente Venezuela 
se candidata para a segunda, regime tido pela ONU como violador de direitos humanos. 
Termos diretos ligados aos direitos de LGBTQ+ e outros grupos foram retirados e ações 
propostas de inclusão de minorias ou qualquer outra política voltada às causas não foram 
inseridas, apenas sendo mencionado os “grupos vulneráveis” quando do compromisso 
brasileiro em combater todas as formas de violência. Seções acerca de direitos reprodutivos 
femininos também sofreram remoções para que, segundo o Governo, não abrisse margem para 
uma possível discussão sobre discriminação do aborto. Outras seções sobre questões de gênero 
e educação sexual foram retiradas ou alteradas, bem como as questões indígenas não sendo 
citadas, confirmando a promessa de eleição feita por ao anunciar não haveria demarcação de 
terras indígenas em seu governo. 
Investigações sobre possíveis violações de direitos humanos no governo de Rodrigo 
Duterte, nas Filipinas, também não tiveram voto brasileiro para que acontecessem. Tal postura 
 
14 A estância mais alta do sistema das Nações Unidas em questões de Direitos Humanos, cada país é eleito para 
mandatos de 3 anos, podendo haver apenas uma reeleição. 
vai contra os votos de países europeus e de vizinhos latino-americanos, mas tem o apoio de 
regimes autoritários árabes e muçulmanos, assim que este posicionamento se tornou recorrente, 
ONGs e grupos de lobby anti-LGBTQ+ se aproximaram por sentirem-se mais próximos 
ideologicamente. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Bolsonaro tem demonstrado grande interesse em alinhar o Estado brasileiro com os 
interesses do presidente norte-americano Donald Trump e, para isso, a adesão do Brasil à 
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Com o interesse dos 
Estados Unidos e França para a adesão do Brasil à OCDE, a maior economia da América Latina 
tem grandes possibilidades de adentrar a organização – melhorando o poder de articulação 
internacional brasileira, bem como atraindo novos investimentos externos diretos (IED). 
No entanto, o Governo Bolsonaro precisa seguir regras sobre a transparência fiscal do 
país, por exemplo. No dia 16 de julho deste ano, o presidente do Supremo Tribunal Federal, 
José Antonio Dias Toffoli, suspendeu o compartilhamento de dados do Conselho de 
Administração de Atividades Financeiras (Coaf)15 com o Ministério Público Federal (MPF), 
atendendo ao pedido do senado Flávio Bolsonaro – um dos filhos do Presidente – que é alvo de 
investigação16 do MP baseada em relatório do antigo Coaf sob a alegação de que desde o início 
o Coaf “foi muito além do compartilhamento ou envio de movimentação consideradas atípicas” 
(CONJUR, 19/07/2019). 
De acordo com O Globo (17/07/2019), integrantes do MPF apontam que pode haver 
punição do Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do 
Terrorismo (Gafi/FATF), organização internacional presente no cenário internacional a cerca 
de três décadas criada por países membros da OCDE, a qual o Brasil aderiu de forma voluntária. 
Guilherme France, em entrevista ao jornal, informa que o Gafi faz pronunciamentos públicos 
informando que determinado país não cumpre com as regras impostas, o que o mercado 
financeiro toma como um sistema vulnerável, causando a fuga de investimentos neste país 
 
15 Tendo como missão a produção de inteligência financeira a fim de proteger os setores econômicos contra 
lavagem de dinheiro e evitar o financiamento do terrorismo, o Coaf é subordinado ao Ministério da Economia, 
antigo Ministério da Fazenda, desde sua criação, em 1998 (BRASIL, 2019). 
16 De acordo com o jornal Estadão (29/05/2019) Flávio Bolsonaro é apontado como operador no esquema 
conhecido como “rachadinha”, no qual o então Deputado Federal é suspeito de apontar funcionários fantasmas em 
seu gabinete, foi então ligado a Fabrício Queiroz, ex-motorista da família Bolsonaro que foi apontado como um 
dos integrantes da quadrilha de Bolsonaro quando descobriu-se um esquema de lavagem de dinheiro – 48 depósitos 
de R$ 2 mil na conta de Flávio Bolsonaro no período dos meses de junho e julho de 2017. De acordo com 
investigação, o esquema teria ocorrido entre os anos de 2007 e 2018 no gabinete de Flávio Bolsonaro na 
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro 
citado – se for o caso de o Brasil ser notificado publicamente o interesse dos EUA e França na 
presença do Brasil na OCDE pode minguar. 
Quanto ao acordo com a União Europeia, o principal desafio brasileiro será a 
reformulação sobre a questão mineral em reservas e expansão do garimpo em território 
indígena, uma vez que o próprio Presidente Jair Bolsonaro declarou a intenção de liberar ambas 
as ações, dado o pronunciamento presidencial de que as áreas demarcadas como território 
indígena são muito extensas, o que prejudica o agronegócio, este sendo o motivo da estagnação 
econômica do Brasil. Para além disso, o acordo pode trazer alguns impactos negativos para a 
economia brasileira, principalmente para a indústria nacional que, com a diminuição das tarifas 
de importação e exportação será diretamente afetada. Espera-se que o acordo entre 
Mercosul/União Europeia aumente as importações, gerando empregos e movimentando a 
economia. 
Na edição do mês de agosto, a The Economist discorre sobre como o atual Presidente 
Jair Bolsonaro acelera o processo de desmatamento da Amazônia, dizendo ainda que Bolsonaro 
é “o chefe de Estado mais perigoso em termo ambientais” (tradução nossa), uma vez que o 
Presidente considera que o desmatamento de uma parte da Amazônia em prol do Agronegócio 
brasileiro será um grande passo para o desenvolvimento econômico do país. Com o risco de o 
Funda da Amazônia ser extinto após as declarações do presidente sobre alterar o funcionamento 
do fundo, como mencionado anteriormente, Alemanha e Noruega, principais contribuidoras, 
criticaram publicamente o Brasil, reforçando a ideia de que o atual Governo deverá seguir as 
normas contra o desmatamento, principalmente porque nos últimos meses o desmatamento 
sofreu aumento astronômico. 
De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre o período de 
junho de 2018 e julho de 2019 houve um aumento de 88%, atingindo 920 mil quilômetros 
quadrados da Amazônia que é composta por cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados. Com 
a morosidade da Justiça brasileira para punir quem é pego desmatando em áreas irregulares, 
além das brechas em normas dos órgãos reguladores, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo 
Salles e o Presidente Bolsonaro afirmam que os dados apresentados pelo Inpe não são reais, 
uma vez que o Sistema Deter utilizado teria “acumulado ocorrências” (JORNAL NACIONAL, 
04/07/2019). 
Voltando nossos olhos para o Oriente Médio, a possível intervenção do Brasil no 
conflito Israel/Palestina cria um impacto econômico negativo para o Brasil, uma vez que a 
região foi responsável pela importação de cerca de US$ 14,3 bilhões na economia brasileira no 
ano de 2018 (Ministério da Economia), a declaração de Bolsonaro sobre a transferência da 
Embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém até o fim de seu mandato não foi bem recebida 
pelos países do Oriente Médio, que são os maiores compradores de carne bovina e de frango 
do Brasil. As possibilidades para esta transição não são favoráveis ao Brasil, considerando que 
os países árabes já declararam que passariam a comprar carne bovina e de frango de outros 
mercados caso o Brasil interviesse na questão regional entre Israel e Palestina, além de ferir a 
política de autodeterminação dos povos. 
No cenário internacional, o Brasil tem passado uma posição de imprevisibilidade 
perante as questões da comunidade internacional, considerando que os discursos dados pelo 
PresidenteBolsonaro e por seu Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, chocaram os 
países que tinham a imagem do Brasil como um país aberto, pragmático e que trabalha com 
muito respeito aos Direitos Humanos. A imprevisibilidade do atual Governo, que declara uma 
mudança e logo em seguida arrepende-se de acordo com a adesão dos demais atores nacionais 
e internacionais faz com que o maior desafio do Brasil na conjuntura atual seja o interesse dos 
demais países em estabelecer contatos que não sejam comerciais – e no caso do Oriente Médio 
até mesmo o contato comercial está sob ameaça. 
O maior parceiro comercial do Brasil, a China, é um dos poucos países que não realiza 
declarações sobre a atual gestão brasileira, levando ao pé da letra a posição pragmática do 
Governo de Xi Jiping. Mesmo assim, com a ideologia de extrema direita tomando conta do 
discurso nacional e internacional brasileiro, fez com que o presidente da Câmara de Comércio 
e Indústria Brasil-China (CCIBC), Charles Andrew Tang tenha afirmado que o Brasil deve 
tomar cuidado com suas declarações, uma vez que a China só investe em países nos quais é 
bem-vindo, lembrando ainda que o Brasil precisa do investimento chinês para que a economia 
continue funcionando (UOL, 19/01/2019). 
Na ONU, principalmente nas questões de Direitos Humanos, área na qual o Brasil era 
elogiado, foi uma surpresa quando no final de junho, o conjunto diplomático brasileiro na ONU, 
decidiu vetar palavras como igualdade de gênero, direitos sexuais e reprodutivos, deixando 
claro o posicionamento brasileiro com orientações religiosas e ultraconservadoras, deixando o 
Brasil longe dos então aliados América Latina e Europa, delimitando os direitos ao invés de 
expandi-los, tendo como proposta a proteção à família tradicional – homem e mulher – também 
não mencionando o interesse ao combate à tortura no mundo ou à garantia de direitos aos 
imigrantes, por exemplo. 
O discurso de Bolsonaro é aplaudido e reiterado agora por países como Arábia Saudita, 
Egito e Paquistão, Polônia e Hungria, que consideram que a nação brasileira agora faz parte de 
um seleto grupo de países hostis aos temas que abrangem os Direitos Humanos, a transparência 
internacional, a questão do grupo dos LGBTQ+, sobre violência doméstica e aborto seguro, 
uma diplomata europeia chega a declarar, em tom de deboche: “Tem horas que dá uma enorme 
vontade de votar pela Venezuela.” (EL PAÍS, 20/07/2019). 
Bolsonaro foi eleito de acordo com seu discurso antipetismo e, com ele, a exaltação da 
“família tradicional brasileira” e mais algumas expressões xenófobas, homofóbicas e contra o 
direito das mulheres. O maior desafio deste governo, contra o tal “globalismo” será manter-se 
nas organizações internacionais e seguir as regras que estas impõem para que o país seja 
considerado, no mínimo, seguro no âmbito social, cultural, financeira e economicamente. É, no 
mínimo interessante, a manutenção da posição brasileira em organizações internacionais que 
fazem o Brasil ser “um bom aluno na escola do globalismo”, como Ernesto Araújo proferiu em 
seu discurso de posse quando do discurso contra as mesmas entidades. 
As possibilidades para este governo, no sistema internacional, ficam abaladas uma vez 
que a maioria dos discursos proferidos pelo presidente Bolsonaro e seu MRE se diferem da 
política constitucionalista e acaba criando mudanças profundas na forma de como o Brasil se 
relaciona com o mundo, criando assim uma política externa que gera oportunidades, mas 
também riscos. O Brasil se coloca ao lado de países que lutam contra a “ingerência” da ONU 
sobre as questões internas, como a tortura, direitos fundamentais ao ser humano, sexualidade e 
muitos outros assuntos que, para um seleto grupo que ainda parece viver no século XV, não 
devem ser discutidos e sim evitados para que a manutenção do modelo da “família tradicional”. 
Portanto, a PEB fica à mercê dos discursos e promessas. 
 
 
 
 
 
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